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Criação e Recriação do Universo Pela Luz da Geometria Sagrada - Roberto Santos Penides

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CRIAÇÃO E RECRIAÇÃO DO UNIVERSO SOB A LUZ DA 
GEOMETRIA SAGRADA 
Roberto Santos Penides 
UFPE - CAC - Dptº de Expressão Gráfica Curso de Lic. em Expressão Gráfica 
penides@yahoo.com.br 
 
Resumo 
As ideias e modelos abordados neste artigo são o confrontamento entre o 
modo pelo qual se concebe os conceitos de Geometria ao longo da história 
e nos dias de hoje, com o seu poder sagrado conceitual, sendo a ponte e 
mediadora para a conexão do conhecimento em que a necessidade de 
uma linguagem universal fosse capaz de ser independente e interpretada 
acima de dialetos e línguas num pensamento lógico e auto-dedutível. Ao 
nos depararmos com o papel do geômetra da antiguidade que era o 
formador e sujeito capaz de intervir nas questões práticas do cotidiano das 
esferas políticas, sociais e religiosas agindo como agente transformador de 
seu meio e, o papel hoje deste profissional, deparamo-nos com a 
necessidade de uma formação mais humanística. E para tal 
confrontamento a pesquisa bibliográfica aborda as questões da Geometria 
Sagrada em vários contextos filosóficos e metafísicos como resgate da 
linguagem transformadora e universalista que sempre lhe foi conferida. 
Palavras-Chave: geometria sagrada, representação, simbolismo 
geométrico, educação geométrica. 
 
 
Abstract 
The ideas and models discussed in this article are the confrontation 
between the way one conceives the concepts of geometry throughout 
history and today, with its sacred power concept, being the bridge and 
mediator for the connection of knowledge in which the need for a universal 
language could be interpreted to be independent and above dialects and 
languages in logical thinking and self-deductible. When we encounter the 
role of ancient geometer who was the trainer and subject capable of 
intervening in the daily practicalities of the political, social and religious 
acting as an agent of change in their environment, and the role of these 
professionals today, we find the need for a more humanistic education. And 
for such a confrontation, the literature addresses the issues of Sacred 
Geometry in various philosophical and metaphysical as ransom 
transformative and universal language that had always been given. 
Keywords: sacred geometry, representation, geometric symbolism, 
geometric education.
mailto:penides@yahoo.com.br
 
 
1 Introdução 
A geometria tem sido usada desde tempos imemoriais pela humanidade como 
linguagem universal e auto-interpretativa acima de qualquer conjuntura social, política 
e social. Podemos nos deter no período das primeiras descobertas geométricas na 
pré-história, encaixando os primeiros hominídeos a partir da sua entrada na posição 
ereta (vertical), expandindo assim sua observação e compreensão do espaço além da 
sua ascensão cerebral e a conformação de seu instrumento de manipulação: a mão. 
A linguagem desenvolvida a princípio não passou de riscos poucos elaborados, 
mas dotados e investidos de poder de persuasão ora mágicos e psicológicos, ora 
práticos e usuais, onde uma forma natural era objeto não apenas de contemplação, 
mas de aprendizagem simbólica, psicológica e ritualística formando o conhecimento. 
O início “pré e histórico” de uma “educação formal” (educação pela forma), concebe-
se em sua grandeza entre 4.000 e 200 A.C, neste instante é que se dá um grande 
salto na elaboração e na didática do repasse e construção do conhecimento com a 
elaboração de grandes templos e de grandes cidades planejadas em pontos 
geográficos específicos e estratégicos para a vida e subsistência humana. 
Neste ponto encontramos o profissional que outrora era apenas o “riscador” e 
passa a ser a figura dotada de grande poder social, o geômetra, interage de forma 
mística e prática na medicina, na agricultura, na arquitetura, nas artes e religiões. As 
formas geométricas são interpretadas com a transmissão do poder divino e passam a 
ser conferidas pela simples reprodução e representação nos templos e nas cidades, 
como também identificadas na natureza pela razão de ser a mímese do mundo ideal. 
O modo pelo qual a pesquisa foi desenvolvida baseou-se no confrontamento de 
ideias e conceitos não usuais na atualidade, sendo o tema Geometria Sagrada 
distante dos meios acadêmicos e colocada a marginalidade como subtema, não 
sendo estuda ou visitada sequer pelo seu fator histórico. 
Durante o desenvolvimento da pesquisa bibliográfica a falta de material norteador 
foi um atropelo inicial e é claro da falta mesmo na língua vernácula de materiais 
coerentes que tratassem do assunto, mas vencido pela coletânea de trechos de 
literaturas clássicas que tratavam do tema mais diretamente e de pequenos enxertos 
encontrados na internet, exatamente por se tratar de tema pouco trabalhado. Para 
direcionar o tema abordado os textos consultados nos livros: a Escalada do homem 
de autoria de J. Bronowski, Traduzido por Núbio Negrão; Mitos, deuses, mistérios 
geometria sagrada: filosofia e prática de autoria de Robert Lawlor; Geometria 
Sagrada: simbolismo e intenção nas estruturas religiosas de autoria de Nigel Pennick 
e O Homem e seus símbolos de Carl G. Jung foram os norteadores e estruturam a 
 
 
pesquisa tornando-a acessível, contribuindo com um apanhado histórico interessante 
e bastante relevante e, por fim a busca pessoal para tornar este tema atrativo quer 
seja na academia, quer seja nas escolas, contribuindo para que no futuro o tema 
abordado seja tratado com o eventual respeito como uma disciplina ou tema em 
Geometria e as suas inter-relações com as diversas ciências. 
2 Confrontamentos 
A criatura humana como a conhecemos sempre foi capaz de dar significados e 
poderes a animais e objetos inanimados, quer tenha sidos encontrados na natureza 
ou manufaturados por suas mãos. O fato é que a observação direta dos elementos da 
natureza formou esta associação mágica e psicológica, dados pela experimentação 
ou da semelhança de formas ou de poderes curativos e nutritivos ou que estavam 
ligados a um padrão não causador de distúrbios orgânicos e é claro a associação ao 
poder místico de afastar perturbações pessoais ou coletivas. 
A observação do ambiente natural provocou esta mudança e adaptação no modo 
como as formas geométricas naturais (não concebidas pelas mãos humanas) são 
utilizadas na vida prática, conferindo-lhe poderes peculiares. Algumas desta formas 
são tratadas como especiais e particularmente investida de conceitos psicológicos 
arrojados que perduram até os nossos dias, estando carregada de valores 
psicológicos ancestrais como linguagem não-verbal e conhecidas em todas as 
culturas e povos conhecidos em nossos dias. 
Em alguns períodos históricos, encontramos estes conceitos razoavelmente 
escancarados e aceitos de modo simples e natural, mas em outros períodos são 
altamente condenados e perseguidos como heresias científicas e/ou religiosas e, 
portanto tornando-se secreto nas construções, nas literaturas e no campo científico de 
sua época. É certo que alguns conceitos saiam do mundo imaginário e místico para a 
praticidade formal e didática, mas também é necessário abordar que em outros 
momentos como no caso de Galileu Galilei as questões político/religiosas são maiores 
do que a própria razão cientifica, pelo simples fato e argumento de um absolutismo 
vigente e regido a “mão de ferro”. O modo pelo qual no mundo ocidental moderno 
aconteceu o rompimento de ciência e religião é um fato pré-determinado pelo controle 
excessivo da Igreja e de sua intransigência em ser a última palavra, o que não 
acontecia no mundo oriental, onde as religiões proclamavam a liberdade do “livre 
pensar”, aceitando ideias novas como a manifestação do divino e não uma afronta ao 
mesmo. 
No fim da Idade Média – no ponto de ebulição das descobertas de novas terras e 
das revoltas do pensamento, alguns conceitos são trazidos do mundo clássico antigo 
 
 
e são revisitados ou redescobertos, caracterizandouma inovação no pensamento e 
práticas científicas. O pensar “científico contemporâneo é inaugurado” por Galileu 
Galilei, pelo menos em seus ritos e arranjos conceituais e metodológicos. Na ebulição 
em que o mundo ocidental encontrava-se, havia a necessidade da revisita, 
aprendizagem e incorporação de palavras novas para corroborar as descobertas e 
sair da casa eclesiástica. 
É possível nos dias de hoje a afirmação das ciências contemporâneas dos 
conceitos admitidos, propagados e professados por Pitágoras e seus discípulos, onde 
o universo tátil conhecido é uma imensa vibração de sons e suas ondas de 
propagação e que estes campos vibracionais formam (no sentido construir) a matéria 
tátil conhecida pelos nossos sentidos e instrumentos. 
Os gregos na antiguidade foram os primeiros a reunir, ou melhor, a codificar e, 
portanto de patentear muitos dos conceitos de Geometria. É salutar lembrar que o 
Geômetra era nada mais nada menos do que o grande pesquisador nos campos do 
mundo natural e do espiritual e que era imbuído de grande autoridade em todas as 
civilizações, exatamente por deter o conhecimento de replicar perfeitamente as formas 
divinas com compasso e esquadro formalizando assim conceitos de beleza, de 
estética, de comportamento e psicológico. 
As forças e formas naturais não observáveis e não-indutivas foram cedendo lugar 
a convenções aceitáveis quer seja pela praticidade, quer seja pela falta de 
instrumento capaz de aferir o mundo do micro e macrocosmos, adquirindo conceitos 
universais em todas as culturas e civilizações mesmo distantes umas das outras. 
Essas forças e formas naturais ganharam nomes e correlacionamento com poderes 
naturais, místicos, arquétipos e psicológico complexos que perduram até a atualidade, 
portanto sendo o objeto do presente estudo. 
3 Zero, um, dois, três... Invenção e reinvenção do mundo 
O pensamento constante do mundo antigo é que o universo havia sido criado numa 
grande efusão de som e imagem (vibrações e ondas), o que não é muito diferente dos 
dias de hoje. As civilizações e seus pensadores mais ilustres (geômetras), percorrem 
esta linha de tempo e ideia fixa em que a Criação do universo e do homem são 
ajustadas neste modo. 
A primeira, e talvez, mesmo nos dias de hoje, a mais controversa, não 
conceitualização seja a do ponto, que de forma intuitiva e natural tendemos a associar 
no presente ao átomo e suas partículas. A segunda trata-se do deslocamento desta 
entidade não existente (não material) que é definida por dois destes em infinito 
deslocamento. A terceira e não menos controversa é o plano que existe ou se define 
 
 
por três deste, formalizando uma dimensão existencial. Por si só o plano é formador 
da primeira figura geométrica conhecida: o triângulo. A partir deste todas as figuras e 
sólidos são construídos e sustentados, logo o pensamento da substância do Demiurgo 
como sustentáculo do universo conhecido estabelece a nova ordem de organização 
das partículas e não-entidades onde o mundo da forma ao expandir-se traz a primeira 
coisa nascida o quadrado. Este que representa a Terra e a natureza (significando o 
nascido). 
Ideia e forma são pensamentos extremamente interligados no mundo antigo e no 
modo como as coisas poderiam e deveriam ser realizadas por aqueles que 
buscassem a Geometria, assim a forma e a ideia são a única diretriz de conceito e 
realização das construções das cidades, templos, das colheitas e seus plantios pelo 
simples fato de ser a réplica do mundo divino. Os números são dotados de força 
mágica, psicológica e conceitual diferentes dos adotados e admitidos na atualidade. 
Sendo na maioria das vezes interpretados como deuses ou arcanos de suas vontades 
divinas. 
3.1 Os números da criação 
As formas geométricas ao longo dos séculos foram associadas aos números, 
emprestando e intuindo um poder de abstração conceitual em detrimento da forma 
racional. É extremamente comum associarmos o nascimento da Geometria na 
Matemática, porém o caso é o inverso, em que a matemática torna-se uma ciência 
dissociada de seu corpo materno: a Geometria. O espaço visual e volumétrico é 
anterior a compreensão de quantificação e valorização numérica, ele é primordial e 
auto-dedutível sem a necessidade de explicações ou quantificações apenas pela sua 
qualidade volumétrica ou formal (sentido de forma). 
Essencialmente os números são colocados e racionalizados de maneira 
particularizada no pensamento antigo e associado às imagens ou volumes 
geométricos e, o ponto de partida onde forma e ideia se associam é num inter-
relacionamento continuum, vejamos: 
 O número um: está intimamente ligado ao pensamento da unicidade universal do 
Incriado. É a relação com a imagem natural do círculo perfeito e o ponto 
propriamente dito, sendo amorfo; 
 O número dois: sua existência parte do princípio da não soma de „dois Uns‟, mas 
da divisão do Um por si mesmo e está relacionado no modo com uma única célula 
divide-se em duas, tirando de si o material necessário para a existência do próximo 
individuo sendo distinto deste. Mesmo aqui permanece o conceito amorfo, do sem 
forma, sendo associado à reta ou linha. 
 
 
 O número três: sua condição existencial é a soma dos dois outros números que o 
antecede, porém com um significado de principiador e planejador, que é o lugar de 
existência da primeira figura geométrica: o triângulo. Este é a associação da 
Trindade mística ou divina em todas as culturas e o que ela representa enquanto 
Criador/Mantenedor/Destruidor da forma, ou seja, o plano. 
 O número quatro: é a condição existencial da primeira multiplicação, o estado de 
encontro entre o plano horizontal e o vertical, formando assim uma cruz no ponto 
de interseção entre dois planos existenciais e o encontro e formação do ângulo 
reto; 
 O número zero: a condição existencial do zero é totalmente abstrata e amórfica, ou 
seja, não existe na natureza e nem no espaço volumétrico. É uma invenção 
puramente humana, uma condição de não-existência, um período em que existe a 
ausência ou a desnecessidade da condição volumétrica ou quantitativa de si no 
plano existencial (material). A concepção e realização da ideia do zero são 
relatadas no mundo hindu como a negação de si, ou o espaço vazio existencial, 
diferentemente da concepção contemporânea do nada existencial e, é aqui que 
existe o divisor de águas entre o pensamento oriental e o ocidental. 
 
3.2 A palavra e as ondas 
O modelo utilizado para descrever o momento da criação tanto na visão antiga como 
contemporânea das ciências compreende-se numa grande conformação de som e 
imagem unânimes “O universo surge assim da palavra. Esta palavra transcendental 
não é senão uma vibração (uma materialização) do pensamento divino que dá lugar 
ao fracionamento da unidade que é criação sua.” (LAWLOR, 1996, p.22) 
Esta perpetuação da concepção de som e imagem no momento da criação é um 
estado de ideias e de modelos aceitáveis e concebíveis pela aferição e análise de 
nossos instrumentos que captam e registram momentos quânticos da matéria no 
momento da concepção de formas geométricas básicas pela movimentação destas 
ondas sônicas que em suas configurações nodais vão se reunindo e formando átomos 
e moléculas inorgânicas e orgânicas, arranjando o modo pelo qual conhecemos as 
formas e figuras geométricas tanto no mundo subatômico quanto no mundo visual e 
tátil, obedecendo a leis fixas regulares. Estas “leis” quando repetidas em laboratório 
são capazes de consubstanciar uma substância em outra (transformação), 
dependendo exatamente do modo pelo qual reage a presença da pressão, do calor, do 
frio ou das radiações atômicas, elétricas ou iônicas. Como no caso da transformação 
do grafite em diamante, sendo estes dados obtidos pela experimentação excessiva e 
 
 
precisa destes arranjos, ou seja, o quando, o como, o onde e o sobre quê condições 
podem e acontecem.4 Planificação e formação do mundo 
O objeto de abordagem para o estudo de formas além é claro das questões de 
substância é o modo como os átomos e suas partículas se comportam em 
determinados campos vibracionais ou “certas atmosferas” e campos elétricos, onde o 
modelo mais antigo de concepção da criação do universo se remete em palavra divina 
e, portanto na coagulação de energias o que dá a existência de algumas imagens em 
algumas figuras geométricas básicas e altamente reproduzidas na natureza. As 
formas básicas que se destacam pelo grande número de repetições e de fácil 
localização na natureza são: o círculo, o vesica piscis, o quadrado, o hexágono e o 
triângulo, este último será tratado em um capítulo especifico a parte pela sua 
importância. 
A observação que temos do espaço é a visão plana como a do papel sem 
profundidade, sendo o nosso cérebro responsável por interpretar e codificar estas 
imagens captadas por nossos olhos como figuras e objetos tridimensionais e 
volumétricos distantes ou pertos (grandes ou pequenos), neste ponto é que habita a 
grande configuração sofrida pela adaptação ao longo dos milênios que a criatura 
humana recebeu toda uma indicação e percepção da conformação espacial e a sua 
distinção do mundo animal, de si e dos outros indivíduos, sendo essencialmente 
associável por necessidade e extremamente manipulador de objetos para encontrar o 
conforto necessário para a manutenção da espécie e perpetuar os conhecimentos 
adquiridos ao longo dos séculos de maneira não mecânica, mas contemplativa, 
motivadoramente permanente e puramente intencional e, este é o ponto que nos 
separa dos outros animais: a intencionalidade das coisas na reprodução psicológica, 
simbólica, na construção de formas geométricas ou prédios de vidro e aço. Pois a 
singularidade do pensar e agir humanos confere “poderes” às formas, e estas 
exercem na criatura humana um encantamento além das concepções conscientes e 
inconscientes de interpretação, reprodução e manutenção da espécie, exercendo 
poder de fascínio intrigante e às vezes excêntrico. 
4.1 O círculo 
A figura mais reproduzida e encontrada pelo homem é o círculo, sendo a mesma a 
base para a formação de todas as outras formas geométricas conhecidas e 
trabalhadas. É através dela que o homem entra em contato com o conceito psicológico 
da unicidade da mãe ou pai divino em todos os tempos e civilizações e que a 
 
 
concepção (a criação) é visualizada o mais naturalmente possível pelo simples 
encontro de duas linhas ortogonais em seu centro e pelo dinamismo de sua forma. 
Pela sua particularidade e universalidade em construir todas as outras formas, ela 
obtém poderes místicos naturais, sendo a representação do micro e macrocosmos. 
4.2 O vesica piscis 
O vesica é uma das figuras mais encontradas na natureza depois do círculo, como nas 
formas da maioria das folhas das plantas, é também a ordenadora do conceito do 
caminho do meio ou o encontro entre dois mundos formais (planos) distintos entre o 
imutável e o mutável, conformados pela repetição e aglutinação de círculos ou esferas 
no espaço geométrico são os próprios “nós de energia concentrada” (LAWLOR, 1996, 
p.22) e conferem uma medida exata entre os “núcleos” de duas esferas ou círculos 
passando a concretizar as figuras geométricas, e é ao mesmo tempo a fôrma 
psicofísica da alma e o seu corpo. No mundo cristão, o vesica piscis, foi associado 
diretamente ao Cristo, ao ícone existencial de ser deus e homem num único corpo 
expiando os pecados do mundo. A figura do vesica piscis pode ser encontrada em 
quase todas as igrejas antigas e no principio da propagação do Cristianismo era o 
símbolo dos cristãos desenhados no chão para que não fossem pegos por seus 
perseguidores. 
4.3 O hexágono 
A particularidade deste é que é o raio da circunferência que o contém, também é o 
modo como este representa ao mesmo tempo a essência feminina e masculina 
humana e divina, ou seja, a dualidade existencial encontradas no corpo humano ou a 
existência em dois planos distintos que se interpolam e se concretizam. Esta forma é 
encontrada nos favos de mel das abelhas e de algumas vespas. O hexágono contém 
em si (inscrito), o selo de Salomão, o signo da sabedoria divina e humana. É atribuído 
também a este signo a criação das formas volumétricas básicas como os sólidos 
platônicos, e também é o signo dos ”pedreiros”(geômetras) na antiguidade que foram 
buscados e pagos por Salomão para a construção do templo dedicado a Javé, assim 
como representa o estado de Israel e a religião judia no mundo. 
4.4 O quadrado e suas raízes 
O quadrado é o símbolo dos pilares do mundo, sendo a representação simbólica da 
terra, ou melhor, do plano terrestre da primeira coisa nascida e é antes de tudo a 
figura que contém em si todos os lados e ângulos iguais, sendo algumas vezes 
atribuído o sinal de perfeição. O quadrado diferentemente do círculo é uma figura 
 
 
estática, ou melhor, inerte e que não possuí qualquer tipo de estabilidade formal e 
para tal comprovação peguemos alguns arames ou palitos contanto que estejam em 
tamanhos iguais, os amarremos com linhas nas extremidades ao terminarmos o 
processo, peguemos este quadrado e comecemos a movimentá-lo, o que irá 
acontecer? Irá deformar-se. Quando o quadrado e o cubo não estão presos a 
triângulos em suas diagonais, estes se deformam provando assim sua instabilidade 
formal, porém o quadrado orienta o modo pelo qual visualizamos e nos localizamos no 
mundo. “Geometricamente, o quadrado é uma figura única... partindo do centro, 
formam os eixos que indicam as quatro direções cardeais e os "quatro cantos" do 
mundo - a divisão óctupla do espaço. (PENNICK, 1980, p.16). 
A concepção do quadrado como forma instável e estática, remete-nos a ideia e a 
concepção que temos do espaço geométrico volumétrico que nos rodeia como grande 
e plano, mas ao afirmar isto, tanto Pennick quanto Lawlor são categóricos em que a 
existência formal propriamente dita, é o resultado dos estudos e relações existentes 
dentre as diversas experimentações que podem ser obtidas no quadrado. Lawlor inter-
relaciona as relações existentes entre as raízes de uma planta e as raízes de um 
quadrado, remetendo-nos as relações existenciais da capacidade dos indivíduos de 
quebrar paradigmas, conseguindo uma ruptura de conceitos e modelos psíquicos que 
o prendam a um estado mental inferior. 
Assim a ideia central é que o homem ao ser jogado e forçado a experimentar 
estes estágios psíquicos no quadrado (plano físico), constroem em si os modelos 
mentais necessários para adaptar-se e mudar de forma intencional a maneira como 
encara o espaço volumétrico a sua volta. E ainda neste “sentido vital, a raiz 
geométrica é uma expressão arquetípica da função assimilativa, geradora e 
transformadora que é a raiz. (LAWLOR, 1996, p.29) 
5 Triangulação universal e os sólidos platônicos como fôrma do mundo 
dimensional 
Os modelos mentais de matéria sempre foram objetos de estudo em todos os tempos 
e são definidos atualmente como o deslocamento do átomo e suas partículas, mas no 
modelo geométrico (modelo da forma), são definidos pela junção de uma série de 
triângulos que interceptam-se em vários níveis, ou seja, são a reunião de vários 
planos causais (triângulos). Segundo Pennick, “No sistema de Platão, o simbolismo 
geométrico encarrega-se de registrar todos os estados conhecidos da matéria. 
Especialmente importante era a série de figuras sólidas que era a essência da sua 
filosofia.” (PENNICK, 1980, p.22). 
 
 
O sigilo de Salomão (figura 01) é o modo pelo qual as formas são estudas e 
associadas aos elementos da natureza (fogo, ar, terra, água e o éter) de acordo com o 
número de triângulos equiláteros constituindo o sólido, pelo menos no pensamento 
dos antigos geômetras, vejamos a seguinte afirmação: “O triângulo equilátero 
determinado dentro do tetraedro é igual emvalor geométrico aos oito ângulos retos - o 
número de graus em quatro triângulos equiláteros”. (PENNICK, 1980, p.22) 
 
 
Figura 1: Sigilo de Salomão 
O estudo do sigilo de Salomão era perseguido pelos pitagóricos e outros 
geômetras como a matriz geradora das formas volumétricas. Isto é claro nos 
apontamentos e afirmações que o autor supracitado faz com as relações dos quatro 
elementos, mas Platão associa um outro elemento o éter e um outro sólido o 
dodecaedro: “o dodecaedro viria a estar associado a este quinto elemento, o éter 
(prana). O Criador do universo criou a ordem a partir do caos primordial destes 
elementos por meio das formas e números essenciais”. (LAWLOR, 1996, p.98) 
Lawlor afirma ainda que: “Estes volumes-forma simbólicos reconstituem 
simbolicamente nossa história cósmica, e representam perfeitamente os grandes 
movimentos cujos significados transmitem”. (Ibid., p.106). Afirmando a relação da 
proporção áurea e encontrando φ (phi), o autor do universo (o Grande Geômetra, o 
Arquiteto) transforma o homem no centro de todas as coisas nascidas na natureza, 
pelo menos na crença antropocósmica, onde tudo foi criado a partir e para o homem, 
sendo este o “senhor de todas as criaturas” e também o “único” a participar de dois 
reinos distintos de vida: corpo e alma, forma e volume. A ideia de forma que 
concebemos atualmente não é a mesma dos pensadores (geômetras) do passado, 
esta concepção é dada no mundo das ideias ou ideal segundo Platão. 
O estudo e aplicação destes volumes geométricos conhecidos desde tempos 
imemoriais são a base do conhecimento prático em geometria na atualidade, mas 
totalmente dissociados destes conceitos filosóficos e metafísicos. 
 
 
 
6 Conclusão 
Ao chegarmos ao final destas exposições de fatos e conceitos filosóficos e metafísicos 
em Geometria e ainda sobre os métodos de repetição buscados pelos geômetras do 
passado e da busca de uma resposta conclusiva sobre a Criação Universal, o modelo 
adotado em todos os tempos tem sido o modelo gráfico (o modelo geométrico), quer 
seja pela sua facilidade de assimilação quer seja por ser uma linguagem universal e 
atemporal que mais se aproxima do real (concreto). O certo é que os estudos destes 
modelos mentais são a execução do modo como o homem pensa mesmo na 
atualidade o espaço geométrico natural, descobrindo ao longo dos séculos as relações 
existentes entre seu corpo e as formas das plantas e minerais. 
O conhecimento é dinâmico em todos os tempos e, uma teoria num determinado 
momento histórico pode ser rejeitada como heresia ou misticismo e numa outra época 
não muito distante ser aceita e comprovada por cálculos matemáticos ou pela simples 
reprodução no papel, tornando-se aceitável e usual. 
O estudo destas filosofias e metafísicas geométricas são importantes e relevantes, 
para direcionar a condução da construção do conhecimento Geométrico atual, através 
das questões históricas, políticas e religiosas nos períodos em que estes conceitos 
foram desenvolvidos, sendo retomadas devido à necessidade da formação de 
profissionais e cidadãos altamente capazes em lhe dar com questões cada vez mais 
amplas e complexas para além de sua formação acadêmica/profissional/pessoal nas 
metas que nossa sociedade contemporânea buscam, para tal a Geometria Sagrada é 
um estudo prático capaz de revelar talentos e despertar uma consciência dinâmica do 
homem com a natureza e os espaços sociais e urbanos numa formação mais 
humanísticas. 
Referências 
BRONOWSKI, J. A Escalada do homem. Tradução de Núbio Negrão. São Paulo: 
Martins Fontes, 1979. 448p. 
JUNG, Carl G. et al. O Homem e seus símbolos. Tradução de Maria Lúcia Pinho. Rio 
de Janeiro: Nova Fronteira, 1964. 316p. 
LAWLOR, Robert. Mitos, deuses, mistérios geometria sagrada: filosofia e prática. 
Rio de Janeiro: DelPrado. 112p. 
 
PENNICK, Nigel. Geometria Sagrada: simbolismo e intenção nas estruturas 
religiosas. Tradução de Alberto Feltre. São Paulo: Pensamento, 1980. 184p.

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