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PLANO DE AULA 12


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE 
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Y 
 
 
 
 
Processo n° XXX 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ, já qualificado nos autos da ação popular movida em face de 
PRESIDENTE DO BANCO X e EMPRESA W, por seu advogado que esta 
subscreve, com endereço profissional na Rua XXX, Bairro XXX, Cidade XXX 
EstadoXXX, local indicado para receber as devidas intimações conforme artigo 
106, do Código de Processo Civil de 2015, vem, inconformado com acórdão de 
folhas nº XXX, proferido por esse Tribunal de Justiça, perante Vossa Excelência, 
com fulcro no artigo 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal de 88 e 
artigo 1.029 da Lei nº 13.105/15, interpor: 
 RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Para o Supremo Tribunal Federal, cujas razões seguem anexas, deixando o 
recorrente de preparar o recurso, considerando que é beneficiário da Gratuidade 
de Justiça, conforme se verifica nos autos à fl XXX, requerendo, seja estendida 
a gratuidade ao presente recurso, portanto não tem condições financeiras de 
arcar com o pagamento das custas e dos honorários advocatícios, sem prejuízo 
do próprio sustento e de sua família. 
Requer, que se digne Vossa Excelência a determinar a intimação da parte 
recorrida, facultando-lhe a apresentação de contrarrazões no prazo legal, sob 
pena de preclusão, consoante o artigo 1.030 do novo CPC. 
Por fim, requer após as formalidades legais que seja deferido o processamento, 
com consequente remessa do presente recurso ao Supremo Tribunal Federal. 
 Nestes termos, pede deferimento. 
 Local / data 
 Assinatura do Advogado 
 OAB/UF 
 
 RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO STF 
 
 
 
 
Processo n° XXX 
 
 
 
 
 
RECORRENTE: JOSÉ, já qualificado nos autos... 
RECORRIDO: Presidente do Banco x e Empresa W 
AÇÃO: Ação Popular 
JUIZO:... 
Egrégio tribunal; 
Nobres julgadores: 
Não merece prosperar o venerando acórdão que negou provimento ao recurso 
de apelação, uma vez que a decisão viola princípios constitucionais. 
 I - DA TEMPESTIVIDADE 
Facilmente se depreende do quadro abaixo a tempestividade na interposição do 
presente recurso extraordinário, uma vez que foi protocolizado dentro do prazo 
de 15 (quinze) dias definido no Código de Processo Civil. 
O acórdão ora guerreado foi publicado no dia XXX, tendo, todavia sido opostos 
pela parte autora, ora recorrente, embargos de declaração no dia XXX, sendo 
certo que o prazo para os embargos expiraria em XXX, portanto, tempestivos os 
embargos. 
Imprescindível trazer à baila a norma contida no artigo 1.026 da Lei 13.105/2015 
(novo CPC), o qual determina expressamente que: “Os embargos de declaração 
não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de 
recurso.” 
Assim, considerando a interrupção do prazo mediante a oposição dos embargos 
de declaração, não há dúvidas de que a contagem para o presente recurso teve 
seu início da publicação do acórdão que julgou os embargos de declaração. 
 
 II - DA REPERCUSSÃO GERAL 
Atendendo aos preceitos legais instituídos pelo artigo 102, § 3º da CRFB/88, o 
recorrente vem demonstrar que a questão discutida nos autos possui 
repercussão geral apta a ensejar admissibilidade do apelo extraordinário por 
essa Corte. 
No caso em apreço, é nítida a repercussão geral diante do interesse econômico 
e jurídico que ultrapassam questões subjetivas da causa, tendo em vista o 
prejuízo ao erário e a violação à moralidade administrativa, pois a manutenção 
da lei 1.234 gera violação aos princípios constitucionais e à lei infraconstitucional, 
atingindo a coletividade. 
 III - DO PREQUESTIONAMENTO 
Verifica-se que o venerando acórdão se manifestou expressamente sobre a 
questão constitucional debatida no recurso de apelação, diante do que se conclui 
que se encontra preenchido o requisito legal do prequestionamento. 
 IV - DO CABIMENTO 
É cabível o presente recurso nos termos da Constituição Federal, artigo 102, III, 
a 
CRFB /88. Verifica-se que o Egrégio Tribunal de Justiça ao manter em última 
instância a decisão proferida pelo d. magistrado de primeiro grau em 
descompasso com a Constituição, abriu precedente que autoriza a interposição 
do presente Recurso Extraordinário na forma da Lei. No caso em questão é nítida 
violação aos artigos 37, caput, da CRFB/88, bem como ao artigo 22, inciso XXVII, 
estabelece competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de 
licitação. A referida lei estadual, ao dispor sobre dispensa de licitação acabou 
por ferir a competência exclusiva da União, com usurpação da competência. 
 V - DO MÉRITO 
Trata- se de ação popular ajuizada por JOSÉ em face do PRESIDENTE DO 
BANCO X E DA EMPESA W perante o Juízo de 1ª instância da capital do Estado 
Y. 
Com fundamento na recente Lei n° 1.234, do Estado Y, que exclui as entidades 
de direito privado da Administração Pública do dever de licitar, o banco X 
(empresa pública daquele Estado) realizou a contratação direta de uma empresa 
de informática - a Empresa W - para atualizar os sistemas do banco. O caso veio 
a público após a revelação de que a empresa contratada pertence ao filho do 
presidente do banco e que esta nunca prestou tal serviço antes. Além disso, o 
valor pago (milhões de reais) estava muito acima do preço de mercado, do que 
vem sendo praticado por outras empresas. 
O recorrente pleiteou em primeira instância a declaração de invalidade do ato de 
contratação e o pagamento das perdas e danos, ao fundamento de violação ao 
art. 1º, parágrafo único da Lei n. 8.666/1993 (norma geral sobre licitação e 
contratos) e a diversos princípios constitucionais. 
A sentença, entretanto, julgou improcedente o pedido formulado na petição 
inicial, afirmando ser válida a lei estadual que autoriza a contratação direta, sem 
licitação, pelas entidades de direito privado da Administração Pública, analisada 
em face da lei federal, não considerando violados os princípios constitucionais 
invocados. 
Pelo, ora recorrente, foi interposto recurso de apelação, ao qual foi negado 
provimento, por unanimidade, pelo mesmo fundamento levantado na sentença. 
Após interpostos os embargos declaratórios que foram rejeitados, o recorrente 
não viu outra saída senão a interposição do presente recurso. 
Diante dos fatos, resta cristalino que o v. acórdão não julgou consoante o 
entendimento dos Tribunais Superiores, pois de acordo com o demonstrado no 
curso da ação, a Lei nº 1.234, editada pelo Estado Y viola frontalmente o texto 
constitucional no que se refere aos princípios basilares da administração pública, 
bem como ultrapassou os limites da competência do estado. 
A doutrina esclarece quanto à matéria: 
“...caberá recurso extraordinário contra acórdão que julgar válida lei local 
contestada em face de lei federal. É que, nesse caso, a controvérsia que se põe 
não concerne meramente à legislação infraconstitucional. Em verdade, a disputa 
diz respeito à distribuição constitucional de competência para legislar: se alei 
local está sendo contestada em face de lei federal, é porque se sustenta que ela 
tratou de matéria que, por determinação constitucional, haveria de ser 
disciplinada pelo legislador federal” (RECURSOS - AÇÕES AUTÔNOMAS DE 
IMPUGNAÇÃO José Miguel Garcia Medina- Tereza Arruda Alvim 
Wambiereditora Revista dos Tribunais-2008- pág.214.). 
É, pois, flagrante a violação ao princípio da legalidade previsto no art. 37, caput, 
da CRF/88, pois a lei 8.666/93, lei de Licitações, é a competente para dispor 
sobre licitaçãoe contratos, bem como suas dispensas no âmbito da 
administração. 
Foram vilipendiados também os princípios da moralidade e impessoalidade 
constantes do artigo 37, caput da Carta Magna, pois com a contratação da 
empresa W, sem experiência técnica no setor, de propriedade do filho do 
presidente do Banco, com dispensa de licitação tornou evidente a gravidade dos 
atos praticados. Acrescenta- se que o custo do serviço contratado foi bem 
superior ao valor de mercado. 
A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro é majoritária no mesmo 
sentido de condenar violações aos princípios da administração pública: 
Improbidade administrativa. hipótese de violação dos princípios da 
economicidade, moralidade e legalidade. sobrepreço praticado em licitação. 
Dano ao erário demonstrado através do relatório do terceiro que considerou 
ilegal o contrato celebrado entre o apelante na qualidade de prefeito do município 
de Maricá e a empresa rsi de Maricá comércio de produtos alimentícios 
ltda.constatação do sobrepreço praticado em licitação, cujo objeto era a 
aquisição de gêneros alimentícios para o 1º semestre de 2008, em atendimento 
ao programa municipal de ensino incluindo-se jovens e adultos e projeto guarda-
mirins, para atendimento de 100 dias letivos, em que foi verificado, através do 
voto prolatado no processo nº 242.928-0/08, pelo tce/rj, a ocorrência do dano ao 
erário público. Recurso de apelação a que se nega provimento. (0010138-
11.2012.8.19.0031 APELACAO Des. Marcia alvarenga - julgamento: 06/08/2014 
– decima sétima câmara cível. Apelação cível. ação civil pública). 
Ademais, a Lei nº. 1.234 ao ser editada contrariou dispositivo constitucional. O 
art. 22, inciso XXVII estabelece competência privativa da União para legislar 
sobre normas gerais de licitação. A referida lei estadual, ao dispor sobre 
dispensa de licitação acabou por ferir a competência exclusiva da União, com 
usurpação da competência. 
Assim, na esteira dos fundamentos acima expostos, aguarda o recorrente o 
provimento do presente recurso. 
 VI - DOS PEDIDOS 
Diante do exposto requer aos Nobres Julgadores que o presente recurso 
extraordinário seja CONHECIDO e PROVIDO, a fim de que seja reformado o 
Venerando Acórdão no sentido de invalidar o ato de contratação entre os 
recorridos, condenando-os ao pagamento de perdas e danos ao erário, pelos 
prejuízos causados. 
 
 
 Nestes termos, pede deferimento. 
 Local / data 
 Advogado... 
 OAB/UF n.º...