Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Delegado de Polícia CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional Disciplina: Direito Penal Especial Professor: Victor Rios Gonçalves Aula: 09 | Data: 07/02/2018 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 1. Furto (continuação) CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 1. Furto (continuação) “TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO CAPÍTULO I DO FURTO Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) Furto de coisa comum Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2 Página 2 de 3 §4º, II, artigo 155, 2ª figura: Emprego de Fraude Fraude é qualquer artimanha empregada para viabilizar ou facilitar a subtração. Exemplos: Para distrair a vítima – quando 2 ladrões entram na loja, 1 distrai o vendedor para que o seu comparsa coloque objetos na sua bolsa Fraude para que o agente consiga ter acesso ao local do crime - quando finge que é da companhia de prestação de serviço básico e essencial (telefonia, água, luz) para entrar na casa e furtar algum objeto de valor (quadro, escultura). Fraude para afastar a vítima de seus pertences – caso em que a vítima conta para uma vizinha que vai viajar para o exterior e por isso comprou dólares e os mantém guardados em casa. O filho da vizinha liga para ela se fazendo passar pelo diretor da escola onde os filhos estudam e diz que ela precisa comparecer no colégio, porém a intenção é tão somente afastar a vítima de dentro da casa. A fraude ocorre quando o filho da vizinha se faz passar pelo diretor da escola para ela sair de dentro de casa e ele praticar o furto. Criar site falso de um banco na internet para descobrir o número da senha de um cartão e com isso efetuar saques não autorizados. Atenção! Diferença entre subtração e entrega: no furto mediante fraude ocorre a subtração enquanto no estelionato a vítima é quem entrega os bens ou os valores. Exemplos no mundo da internet: Quando alguém recebe um e-mail com um boleto com o código de barras adulterado é preciso que a vítima pague o boleto e por isso o crime é o de estelionato. Quando alguém compra, por exemplo, aparelho celular em um site e depois descobre que era um golpe (o aparelho nunca será entregue) o crime também é o de estelionato. Quando alguém com um cartão clonado saca dinheiro no caixa eletrônico o crime é o de furto (o dinheiro foi tirado da conta da vítima sem o conhecimento dela). Quando alguém falsifica um cheque e faz compras recebendo as mercadorias do vendedor o crime é o de estelionato. É pacífico o entendimento nos Tribunais Superiores de que comete furto mediante fraude o falso manobrista que recebe a chave de um veículo a pretexto de estacioná-lo, mas em seguida desaparece com o carro. Trata-se de furto mediante fraude porque a posse era vigiada. § 4º, II, artigo 155, 3ª figura: Escalada Ocorre quando o agente tem acesso ao local do crime por via anormal. Exemplos: pular o muro ou portão; entrar pela sacada; entrar pelo telhado ou chaminé; escavar um túnel. Página 3 de 3 O artigo 171 do Código de Processo Penal exige perícia no local para comprovar como ocorreu a escalada. Só se justifica a qualificadora quando o agente precisou fazer um esforço considerável ou precisou usar instrumento auxiliar, como cordas ou escadas. No concurso cai que se pular um muro alto é qualificado e o pular o baixo não é qualificado. § 4º, II, artigo 155,4ª figura: Destreza É a habilidade do agente que lhe permite subtrair objetos que a vítima traz consigo sem q ela perceba. A denominação punguista refere-se ao batedor de carteiras. O agente “punguista” pratica o crime de furto qualificado pela destreza. Se a vítima não percebe a subtração e o furtador é preso de imediato porque outra pessoa viu e alertou o segurança, por exemplo, o crime é qualificado. O agente que abre o cofre utilizando um estetoscópio não é qualificado pela destreza. O entendimento que a qualificadora pela destreza é o do batedor de carteiras. § 4º, III, artigo 155: Emprego de Chave Falsa Considera-se chave falsa: a) cópia da verdadeira feita clandestinamente; b) qualquer outro instrumento capaz de abrir fechadura. Abrange aqueles que têm outra finalidade específica, como por exemplo, chave de fenda, grampo de cabelo, clipe de papel, mas, principalmente, aqueles feitos para servir especificamente como chave falsa e que são conhecidos como mixas. Quando alguém emprega fraude para obter a chave verdadeira, responde por furto mediante fraude. § 4º, IV, artigo 155: Se o crime for praticado mediante concurso de duas ou mais pessoas Como o texto legal não faz restrição, a qualificadora se aplica tanto em casos de coautoria quanto de participação. O juiz pode condenar apenas 1 só pessoa e aplicar a qualificadora desde que exista prova do envolvimento de outra que por alguma razão não possa ser punida (exemplos: porque é menor de idade, porque fugiu sem ser identificado, etc.). As Cortes Superiores firmaram entendimento de que não há bis in idem na punição em concurso material pelos crimes de Associação Criminosa e Furto Qualificado pelo Concurso de Pessoas. § 5º, artigo 155: a pena será de 3 a 8 anos de reclusão se o furto for de veículo automotor que venha ser transportado para outro estado ou exterior (qualificadora). Essa qualificadora pressupõe que o agente cruze a divisa ou a fronteira em poder do veiculo. Se o agente furtou um veiculo há algum tempo, mas não conseguiu cruzar a divisa, o crime se considera consumado e sem a qualificadora do § 5º, artigo 155, Código Penal.
Compartilhar