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Trabalho Margareth

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PAGE 
19
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA
CURSO DE DIREITO
ELIN CUNHA LUIZ CARDOSO
et. all.
DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS
GOIÂNIA
2009
Adriana Alves Magalhães Silva
Ariana Raquel Teixeira
Cláudia de Castro Silva
Elin Cunha Luiz Cardoso 
Rosemara Froes
Victor Augusto Santos Valentin
DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS
Trabalho apresentado ao curso de Direito da Universidade Salgado de Oliveira em cumprimento parcial das exigências para obtenção do grau de Bacharel em Direito sob a orientação da Profª. Margareth Estrela.
GOIÂNIA
2009
DISCURSO SOBRE A ORIGEM E OS FUNDAMENTOS DA DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS
Ariana Raquel Teixeira
Elin Cunha Luiz Cardoso
Rosemara Froes
et.all.
Trabalho apresentado, ao curso de graduação em Direito, como registro parcial para obtenção de nota de (VT) da disciplina Introdução ao Estudo de Direito.
Aprovado em ______ de ______________ de 2009
Nota obtida:__________
Orientações da Professora
Margareth Estrela 
GOIÂNIA 
Junho de 2009
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4
1. BIOGRAFIA DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU ......................................... 5
1.1 Fases de sua vida ................................................................................ 5
1.1.1 Infância ....................................................................................... 5
1.1.2 Juventude ................................................................................... 6
1.2 Pensamentos mais citados de Rousseau ......................................... 8
1.3 Cronologia ........................................................................................... 9
2. BREVE SÍNTESE DA OBRA ..................................................................... 10
2.1 Dedicatória ..........................................................................................10 
2.2 Prefácio ............................................................................................... 10
2.3 O Discurso – 1ª Parte ......................................................................... 11
2.4 O Discurso – 2ª Parte ......................................................................... 12
3. MORAL E ÉTICA NO DISCURSO ............................................................. 14
3.1 Rousseau e o jusnaturalismo ............................................................ 15
CONCLUSÃO .................................................................................................. 17
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 19
INTRODUÇÃO
O presente tem por objetivo realizar reflexões sobre o texto Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens à luz dos conhecimentos obtidos desta obra de Jean-Jacques Rousseau durante os nossos estudos acerca do assunto em epígrafe.  
Rousseau tem a convicção de que o homem é bom por natureza, e em seu primeiro discurso afirma que os costumes degeneram à medida que os povos desenvolvem o gosto pelos estudos e pelas letras, neste trabalho procurará mostrar as causas desta degeneração. Segundo Rousseau o homem natural é bom, e no isolamento é igual a todo homem. É a partir do momento que resolve viver em sociedade que as desigualdades aparecem. 
Na obra em estudo, Rousseau concebeu, na espécie humana, dois tipos de desigualdade: uma física e a outra moral e política. Examinada através do mundo cultural, fica evidente a amplificação da desigualdade no aspecto da moral e política, chegando a sobrepujar o outro tipo de diferença.
Essa desigualdade sempre vai existir entre os homens, pois é vão buscarmos trabalhar com a idéia de igualdade absoluta. Mas devemos nos empenhar para reduzir ao mínimo as diferenças, e buscar um tratamento igualitário entre os homens, sem qualquer espécie de discriminação. Há que fazer prevalecer pelo menos uma tendência à igualdade entre os homens. Daí a necessidade de trabalharmos com ações distintas, em vista das sempre variadas situações que nos são apresentadas.
CAPÍTULO I
BIOGRAFIA DE JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Jean Jacques Rousseau, nasceu em Genebra ao dia 28 de junho de 1712 e morreu, com 66 anos, ao dia 02 de julho de 1778 em Ermenonville, ao nordeste de Paris. Foi um filósofo suíço, escritor, teórico político e um compositor musical autodidata, um dos mais considerados pensadores do século XVIII. Foi uma das figuras mais marcantes do Iluminismo e sua obra inspirou reformas políticas e educacionais, e tornou-se, mais tarde, a base do chamado Romantismo. Formou, com Montesquieu e os liberais ingleses, o grupo de pensadores da ciência política moderna. Em filosofia da educação, enalteceu a "educação natural" conforme um acordo livre entre o mestre e o aluno, levando assim o pensamento de Montaigne a uma reformulação que se tornou a diretriz das correntes pedagógicas nos séculos seguintes. Foi um dos filósofos da doutrina que ele mesmo chamou "materialismo dos sensatos", ou "teísmo", ou "religião civil". Lançou sua filosofia não somente através de escritos filosóficos formais, mas também em romances, cartas e na sua autobiografia.
1.1 Fases de sua vida
1.1.1 Infância
 
Foi filho de Isaac Rousseau, relojoeiro de profissão. A herança deixada pelo avô paterno de Rousseau foi de pouca valia para seu pai, porque teve que ser dividida entre 15 irmãos. O pai sempre dependeu do que ganhava com o próprio trabalho para o sustento da família. Sua mãe foi Suzanne Bernard, filha de um pastor de Genebra, faleceu poucos dias depois de seu nascimento, não a conhecendo. Rousseau tinha um irmão, François, mais velho que com sete anos, abandonou a família. Considera-se que o fato de sua mãe ter morrido poucos dias depois de seu nascimento, em conseqüência do parto, tenha marcado Rousseau desde criança. Foi criado, na infância, por uma irmã de seu pai e por uma ama. 
Rousseau não teve educação regular senão por curtos períodos e não frequentou nenhuma universidade. Ainda na casa paterna, leu muito: lia para o pai, enquanto este trabalhava em casa nos misteres de relojoeiro, os livros deixados por sua mãe e pelo pastor seu avô materno. Seu tio logo o enviou, junto com seu próprio filho, para serem educados no campo, na residência de um pastor protestante em Bossey, lugarejo próximo a Genebra onde ambos estudam latim e outras disciplinas. Aos 12 anos volta com o primo a Genebra para começar a trabalhar. O primo iria se preparar para engenheiro, como o pai, e Rousseau passa algum tempo na ociosidade, até que o encaminham para um emprego no cartório, onde inicia aprendizado de questões legais com vistas à profissão de advogado. Rousseau não gostou do emprego, e decepcionou o tabelião, que terminou por despedi-lo. A partir de abril de 1725 trabalha em uma oficina de gravação onde a rudeza do patrão termina por desinteressá-lo do serviço. Acostumou-se aos maus tratos e a vingar-se deles por vários expedientes. É apanhado praticando pequenos furtos e cunhando medalhas com que presenteava os amigos. O que ganha então emprega em alugar livros a uma senhora que mantinha esse negócio. Precisou trabalhar desde cedo e já sentia o que significava ser maltratado. 
1.1.2 Juventude
Aos dezesseis anos, habituado a perambular com amigos pelos arredores de Genebra, por uma terceira vez perdeu o toque de recolher e passou a noite do lado de fora das portas trancadas da cidade. Não quis submeter-se aos castigos que o esperavam e fugiu. Em Contignon, na Saboia (França) a duas léguas de Genebra, solicitou ajuda ao pároco católico que o encaminha a uma jovem senhora comprometida a ajudar peregrinos com a pensão que recebia do rei. Acaba tendo como amante uma rica senhora e, sob seus cuidados, estuda música e filosofia. Longe de sua protetora, que estava numa situação financeira ruim, parte para Paris. Havia inovado muitas coisas no campo da música, o que lhe rendeu um convite de Diderot para queescrevesse sobre isso na famosa Enciclopédia. Além disso, obteve sucesso com uma de suas óperas, intitulada O Adivinho da Vila. Aos 37 anos, participando de um concurso da academia de Dijon cujo o tema era: "O restabelecimento das ciências e das artes terá contribuído para aprimorar os costumes?", torna-se famoso ao escrever respondendo de forma negativa o Discurso Sobre as Ciências e as Artes, ganhando o prêmio em 1750. Após isso, Rousseau, então famoso na elite parisiense, é convidado para participar de discussões e jantares para expôr suas idéias. Entretanto, aquele ambiente não o agradava. Ao contrário de seu grande rival Voltaire, que também não tinha o sangue azul, não gostava de tal ambiente.
Rousseau tem 5 filhos com sua amante de Paris, porém, acaba por colocá-los todos em um orfanato. Uma ironia, já que anos depois escreve o livro Emílio, ou Da Educação que ensina sobre como deve-se educar as crianças. O que escreve como peça mestra do Emílio, a "Profissão de Fé do Vigário Saboiano", acarretar-lhe-á perseguições e retaliações tanto em Paris como em Genebra. Chega a ter obras queimadas. Rousseau rejeita a religião revelada e é fortemente censurado. Era adepto de uma religião natural, em que o ser humano poderia encontrar Deus em seu próprio coração. Entretanto, seu romance A Nova Heloísa mostra-o como defensor da moral e da justiça divina. Apesar de tudo, o filósofo era um espiritualista e terá, por isso e entre outras coisas, como principal inimigo Voltaire, outro grande iluminista. Em sua obra Confissões, responde a muitas acusações de François-Marie Arouet (Voltaire). No fundo, Jean-Jacques Rousseau revela-se um cristão rebelado, desconfiado das interpretações eclesiásticas sobre os Evangelhos. Sempre proferia uma frase: "Quantos homens entre mim e Deus!", o que atraía a ira tanto de católicos como de protestantes. Politicamente, expõe suas idéias no Contrato Social. Procura um Estado social legítimo, próximo da vontade geral e distante da corrupção. A soberania do poder, para ele, deve estar nas mãos do povo, através do corpo político dos cidadãos. Segundo suas idéias, a população tem que tomar cuidado ao transformar seus direitos naturais em direitos civis, afinal "o homem nasce bom e a sociedade o corrompe". Depois de toda uma produção intelectual, suas fugas às perseguições e uma vida de aventuras e de errância, Rousseau passa a levar uma vida retirada e solitária. Por opção, ele foge dos outros homens e vive uma vida de certa misantropia. Nesta época, ele dedica-se à natureza, que sempre foi uma de suas paixões. Seu grande interesse por botânica, o leva a recolher espécie e montar um herbário. Seus relatos desta época estão no livro "Devaneios de Caminhante Solitário".
1.2 Pensamentos mais citados de Rousseau
· "O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles." 
· "A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza" 
· "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém'" 
· "E quais poderiam ser as correntes da dependência entre homens que nada possuem? Se me expulsam de uma árvore, sou livre para ir a uma outra" 
· "A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente" 
· "A única instituição que ainda se constitui natural é a Família " 
· "O escravo não é propriedade do outro, mas não deixa de ser homem ". 
· "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe." 
1.3 Cronologia
· 1712: Nasce em Genebra a 28 de junho Jean-Jacques Rousseau. Suzanne Bernard, mãe de Rousseau, morre em 7 de julho. 
· 1719: Daniel Defoe publica Robinson Crusoé, uma das principais influências literárias de Rousseau. 
· 1745: Une-se a Thérèse Levasseur, com quem tem cinco filhos, que são abandonados. 
· 1749: Escreve o "Discurso sobre as Ciências e as Artes" 
· 1755: Publica o "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens" e o "Discurso sobre a economia política". 
· 1762: Publica O Contrato Social em abril e o Emílio, ou Da Educação em maio. 
· 1776: Escreve os Devaneios de um Caminhante Solitário. Declaração da Independência das colônias inglesas na América. 
· 1778: Rousseau termina de escrever os Devaneios. Morre em 2 de julho e é enterrado em Ermenonville. Seus restos mortais foram traslados para o Panteão em 1794. Morte de Voltaire. 
CAPÍTULO II
BREVE SÍNTESE DA OBRA
O Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens é dividido em três partes, sobre as quais apresentaremos uma síntese a seguir: a primeira é a Dedicatória, seguida do Prefácio e por último o próprio Discurso.
2.1 Dedicatória 
O Discurso foi publicado em 1750, período em que Rousseau ainda contava com grande prestígio na sociedade - pois é a partir da publicação desta obra que começa a formar-se "o grande complô" do qual Rousseau sentia-se vítima – portanto sua dedicatória aos cidadãos de Genebra e aos representantes do Estado é natural e aparentemente sincera, pois para ele sua pátria era "...a imagem mais aproximada do que pode ser um Estado virtuoso e feliz, democrático e solidamente estabelecido..." (pág. 21).  
A louvação a seu pai e uma exaltação do papel das mulheres dentro da sociedade completam o contido na dedicatória. 
2.2 Prefácio 
Neste item Rousseau nos apresenta o método que irá utilizar para desenvolver o pensamento que servirá de resposta à pergunta da Academia: a priori tem-se que descobrir o que é o homem; "Como conhecer, pois, a origem da desigualdade entre os homens, a não ser começando por conhecer o próprio homem?" (pág. 40). Para realizar tal empreitada é necessário se chegar ao homem natural, e neste ponto surge um paradoxo, pois para se alcançar o homem natural é necessário despir-se do conhecimento do homem civilizado, ou seja, quanto mais utilizamos a razão para entender o homem natural mais distante nos colocamos dele. Para resolver este problema, Rousseau propõe uma meditação "...sobre as mais simples realizações da alma humana," (pág. 44). Através desta meditação Rousseau chega à conclusão de que mesmo antes da razão, dois princípios básicos regem a alma humana: um é o sentimento de autopreservação e o outro é o sentimento de comiseração.  
2.3 O Discurso – 1a parte
Rousseau inicia o discurso fazendo uma distinção das duas desigualdades existentes: a desigualdade natural ou física e a desigualdade moral ou política. A desigualdade natural (sexo, idade, força, etc.) não é o objetivo dos estudos de Rousseau, pois como o próprio nome já afirma, esta desigualdade tem uma origem natural e não foi ela que submeteu um homem a outro. A origem da desigualdade moral ou política é o que interessa para Rousseau.  
Jean-Jacques trata em toda a primeira parte do Discurso sobre o homem natural rebatendo as teses de Hobbes, Buffon e outros que tratam do mesmo assunto, mas que enxergavam o homem natural a partir da visão do homem social (o homem do homem). Partindo de sua teoria dos dois princípios básicos que regem a alma humana, Rousseau descreve o homem natural como um ser solitário, possuidor de um instinto de autopreservação, dotado de sentimento de compaixão por outros de sua espécie, e possuindo a razão apenas potencialmente. O sentimento de comiseração pode ser visto também como instinto ou um mecanismo de autopreservação da espécie.  
Rousseau não vê na vida do homem natural,motivos que o levem à vida em sociedade. O homem natural vive o presente, é robusto e bem organizado, apesar de não possuir habilidades específicas, pode aprendê-las todas, é inocente não possuindo noções do bem e do mal e possui duas características que o distingue dos outros animais que são a liberdade e a perfectibilidade. A perfectibilidade é um neologismo criado por Rousseau para exprimir a capacidade que o homem possui de aperfeiçoar-se. 
Utilizando como exemplo o estudo sobre a origem da linguagem, Rousseau tenta demonstrar a falta de ligação entre o homem natural e o homem social. Termina esta parte afirmando que a passagem do homem natural ao homem social, que é a origem das desigualdades, não pode ser obra do próprio homem, mas sim de algum fator externo. 
2.4 O Discurso – 2a parte 
Após descrever o homem natural, Rousseau utiliza uma história hipotética para descrever como se deu à passagem do estado natural para o estado social, mostrando desta forma como surgiu a desigualdade entre os homens. A idéia de perfectibilidade está na base de toda esta transformação. 
O homem natural tinha como única preocupação sua subsistência, contudo à medida que as dificuldades do meio se apresentavam ele era obrigado a superá-las adquirindo, portanto novos conhecimentos. O homem natural aprendeu a pescar, caçar e por vezes a associar-se a outros homens, tanto para defender-se como para caçar, mas estas associações eram sempre aleatórias. Neste ponto é que surge a primeira "revolução": a construção de abrigos. O surgimento das casas faz com que o homem natural permaneça mais tempo em um mesmo lugar e na companhia de seus companheiros, nascendo assim as famílias e com elas os "...sentimentos mais ternos que são conhecidos dos homens, o amor conjugal e o amor paterno."(pág. 88)*. Ao passo que as pessoas passam a viver por mais tempo juntas começa a surgir formas de linguagem. Uma noção precária de propriedade passa a fazer parte deste novo universo. Por motivos de segurança, hábitos alimentares e influência do clima, as famílias passam a conviver próximas surgindo as primeiras comunidades. 
Para Rousseau este era o estágio no qual o homem deveria ter parado. Vivendo em sociedade, com poucas necessidades e com condições de atendê-las o homem teria tudo para ser feliz. Mas a perfectibilidade não o permitiu. A pequena comunidade sentada a volta da fogueira cantando e dançando começa a se enxergar. Os homens passam a se compararem: o melhor caçador, o mais forte, o mais bonito, o mais hábil começa a se destacar, e o ser e o parecer tornam-se diferentes. Os homens agrupados ainda sem nenhuma lei ou líder têm como único juiz a sua própria consciência. E cada qual sendo juiz a sua maneira tem inicio o estado de guerra de todos contra todos. Paralelamente surge a agricultura e a metalurgia, evento ao qual Rousseau nomeia de "a grande Revolução". Com estes eventos surge a divisão do trabalho, a noção de propriedade se enraíza e passa a existir homens ricos e homens pobres, que dependeram doravante uns dos outros. É dentro desta situação caótica que os homens resolveram estabelecer leis para se protegerem; uns para protegerem suas propriedades e outros para se protegerem das arbitrariedades dos mais poderosos. 
Rousseau passa a indagar que tipos de governos podem ter surgido. De antemão descarta a possibilidade de um governo despótico ter sido o iniciador do processo, pois o sentimento de liberdade do homem não o permitiria. Jean-Jacques diz que os governantes devem ter surgido de forma eletiva, isto é, se em uma comunidade uma única pessoa era considerada digna e capacitada para governá-la surgiria um estado monárquico; se várias pessoas gozavam ao mesmo tempo de condições para tal surgiria um estado aristocrático, porém se todas as pessoas possuíam qualidades homogêneas e resolvessem administrar conjuntamente surgiria uma democracia. O desvirtuamento dessas formas de governo pela ambição de alguns é que deram origem a estados autoritários e despóticos. 
Rousseau conclui mostrando como os acontecimentos citados deram origem às desigualdades entre os homens. O surgimento da propriedade divide os homens entre ricos e pobres, o surgimento de governos divide entre governantes (poderosos) e governados (fracos) e o surgimento de estados despóticos divide os homens entre senhores e escravos.  
CAPÍTULO III
MORAL E ÉTICA NO DISCURSO
Direito – busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. Temos leis que abrangem todo o país e as que só limitam determinado território.
Para garantir esses direitos ameaçados pelo estado de guerra ou pelos apetites humanos devido à fragilidade do estado de natureza, foi necessário aos homens, por meio de uma espécie de contrato, ingressarem em uma ordem civil na qual esses direitos seriam invioláveis. 
 No tocante ao estado de natureza, Rousseau explica que não há propriedade, tudo é de todos, podendo um homem usufruir uma terra apenas para plantar o necessário para subsistência. Refere-se a uma época primitiva em que o homem vivia feliz. Foi a sociedade que o tornou escravo e mau. A época do estado de natureza terminou devido o progresso da civilização, a divisão do trabalho, a propriedade privada, criando diferenças irremediáveis entre os ricos e os pobres, poderosos e fracos. Portanto, para manter a ordem e evitar maiores desigualdades, os homens criaram a sociedade política, a autoridade e o Estado mediante um contrato. Esse contrato cede ao Estado parte de seus direitos naturais, nos quais podem ser exemplificados como: o direito à vida, à expressão do pensamento, à locomoção, etc., que são direitos essenciais, criando uma organização política com vontade própria, que é a vontade geral.
O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade e ao governo caberia garantir direitos naturais tais como: a liberdade individual e a livre posse de bens, a tolerância para a expressão de idéias, igualdade perante a lei e a justiça com base na punição dos delitos. Consideravam os homens todos bons e iguais e as desigualdades seriam provocadas pelos próprios homens, pela própria sociedade. Achava-se necessário mudar a sociedade, dando a todos liberdade de expressão e culto, proteção contra a escravidão, injustiça, opressão e as guerras.
3.1 Rousseau e o jusnaturalismo 
Os ventos da modernidade trouxeram consigo o jusnaturalismo e as idéias liberais. O jusnaturalismo moderno é caracterizado pela idéia racional de um Direito original fundamental e universal conhecido como Direito de Natureza. Esse Direito pressupõe a existência originária de homens que vivem em um estado pré-social conhecido como estado de natureza, no qual os homens gozam de direitos inalienáveis. 
Ética – é o estudo geral do que é bom ou mau. É a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito.
Moral – estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de garantir o seu bem-viver. Garante uma identidade entre as pessoas que sequer se conhecem. Costume Regional.
Tanto a Ética como o Direito, baseiam-se em regras que visam estabelecer certas previsibilidades para as ações humanas.
Na espécie humana há duas espécies de desigualdades:
· Natural ou Física – é estabelecida pela natureza, e que consiste na diferença das idades, saúde, das forças do corpo e das qualidades do espírito, ou da alma;
· Desigualdade Moral ou Política – porque depende de uma espécie de convenção, e que é estabelecida pelo consentimento dos homens.
O homem adquire um temperamento robusto e quase inalterável, os filhos trazem ao mundo a excelente constituição dos pais e fortificam os mesmos exercícios que produziram, dando vigor a espécie, garantem uma identidade, criam regras para viver em sociedade e em bem comum, criando um costume. (Moral)
Em uma sociedade nota-se as relações já estabelecidas entre os homens, qualidades diferentes das que tinham em sua constituição primitiva, a moralidade, começa a se introduzir nas ações humanas,e cada um, antes das leis, sendo único juiz e vingador das ofensas recebidas, era preciso então tomar punições mais severas á medida que as ocasiões de ofender eram freqüentes, formalizando regras e leis sobre a Moral e a Ética, estabelecendo um regramento na sociedade com base no que era bem ou mau entre os homens. (Ética, Moral e Direito)
CONCLUSÃO
Como homem de seu tempo (século XVIII), Rousseau procura realizar uma análise científica da sociedade, e a exemplo dos físicos que criaram a teoria dos gases perfeitos, que em natureza não existe, mas servem para o estudo de todos os outros gases através do método de comparação, Rousseau utiliza a "noção de estado de natureza", que nunca existiu efetivamente, mas que serve de patamar de comparação para verificarmos o quão distante uma sociedade está do estado natural.  
Rousseau tem uma preocupação lateral no Discurso que esta ligada a sua religiosidade. Em alguns pontos lembra que o homem natural é uma ficção criada por ele para explicar sua teoria, que tal homem não existiu em época alguma da história, portanto seu texto não estaria desta forma contrariando as escrituras sagradas. 
Diante de todas informações que nos foram apresentadas acerca do tema ora tratado, temos um Rousseau controverso, polêmico, uma pessoa que nasceu protestante, converteu-se ao catolicismo e mais tarde retorna ao protestantismo; um autor de peças teatrais que combate o teatro; um crítico dos romances. Contudo ao avaliar sua obra e teoria, o que se vê é muita coerência. No Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens Rousseau nos mostra um problema – a degeneração social provocada pelo distanciamento que o homem social está do homem natural. 
É importante apontar que as idéias de Rousseau são fundamentais para compreensão do Estado moderno. A forte crítica ao Estado representativo permite interpretar que ele era um crítico do liberalismo. Rousseau jamais foi um liberal. Ele não acreditava na possibilidade de qualquer rígida separação entre indivíduo e o Estado, como queriam os teóricos liberais, pois acha inconcebível o desenvolvimento da plena vida moral sem ativa participação do indivíduo no corpo inteiro da sociedade. Defende que a unidade e permanência do Estado dependem da integridade moral e da lealdade indivisível de cada cidadão.
É bem verdade afirmar que poucos autores transformaram tão expressivamente a realidade social pelas suas idéias. O pensamento de Rousseau exerceu decisiva influência na história moderna, primeiro no Ocidente e depois em todo mundo, no que se refere à reforma do Estado.
BIBLIOGRAFIA
CASSIRER, E. A questão Jean-Jacques Rousseau. São Paulo, SP: Editora Unesp, 1999.
DENT, N.J.H. Dicionário Rousseau. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Editor, 1996.
NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia: das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Editora Universidade de Brasília – Brasília/DF; Editora Ática – São Paulo/SP – 1989.

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