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ADMINISTRAÇAO INTERDICIPLINAR

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Administração 
Interdisciplinar
ADMINISTRAÇÃO
U413.08
 
Autor: Prof. Manuel Meireles 
Colaboradores: Prof. Flávio Celso Müller Martin
Prof. Fábio Gomes da Silva 
Administração 
Interdisciplinar
Professor conteudista: Manuel Meireles
Manuel Meireles atua como administrador e consultor de empresas nos seguintes campos: competitividade, 
estratégia competitiva, instrumentos de gestão e indicadores. É graduado em Administração com ênfase em Análise 
de Sistemas pela Faculdade de Administração de São Paulo – FASP (1982), mestre em Administração de Empresas pela 
Universidade Paulista – UNIP (2000), doutor em Ciências na área de Gestão em Saúde pela Universidade Federal de 
São Paulo/Escola Paulista de Medicina – Unifesp/EPM (2005) e doutor em Engenharia de Produção pela Universidade 
de São Paulo – USP (2006). Como presidente de empresas e responsável pelo planejamento estratégico, percebeu a 
importância da interdisciplinaridade para as organizações, pois o fato de manejar um aspecto do empreendimento 
implica necessariamente mudanças em outras partes conexas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M515a Meireles, Manuel
Administração interdisciplinar / Manuel Meireles. – São Paulo: 
Editora Sol, 2012
 
p. 188, il.
1.Administração. 2. Administração interdisciplinar. 3. Mercado 
de capitais. I. Título.
CDU 658.01
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Juliana Maria Mendes
 Andréia Andrade
Sumário
Administração Interdisciplinar
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 RACIONALISMO TÉCNICO ...............................................................................................................................9
1.1 Estudo de caso: equipe de vendas ................................................................................................ 14
1.2 Interdisciplinaridade ........................................................................................................................... 15
2 CUSTOS E LOGÍSTICA ..................................................................................................................................... 16
2.1 Redução de custos ............................................................................................................................... 16
2.2 Custos logísticos ................................................................................................................................... 21
2.3 Interdisciplinaridade ........................................................................................................................... 23
3 ACIDENTES DE TRABALHO ........................................................................................................................... 24
3.1 Entendimento jurisprudencial ........................................................................................................ 25
3.2 Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ........................................................... 27
3.3 EPI – Equipamento de Proteção Individual ............................................................................... 30
3.4 Análise de Acidente de Trabalho .................................................................................................... 33
3.4.1 O Método Árvore de Causas (ADC) .................................................................................................. 33
3.5 Estudo de caso: acidente na empresa .......................................................................................... 36
3.6 Interdisciplinaridade ........................................................................................................................... 40
4 CUSTOS AMBIENTAIS ..................................................................................................................................... 40
4.1 Conceitos de custos e custos ambientais ................................................................................... 41
4.2 Identificação de custos ambientais .............................................................................................. 43
4.2.1 Despesas e perdas ambientais ........................................................................................................... 44
4.2.2 Ativos ambientais ................................................................................................................................... 44
4.2.3 Passivos ambientais ............................................................................................................................... 45
4.3 Prática de gestão da responsabilidade socioambiental ........................................................ 45
4.3.1 Gestão da responsabilidade socioambiental ............................................................................... 49
4.3.2 Planejamento das ações....................................................................................................................... 50
4.3.3 Execução das ações ................................................................................................................................ 51
4.3.4 Controle das ações ................................................................................................................................. 52
4.3.5 Ações corretivas ...................................................................................................................................... 53
4.4 Estudo de caso: gestão socioambiental ...................................................................................... 53
4.5 interdisciplinaridade ............................................................................................................................ 56
Unidade II
5 DECISãO MULTICRITÉRIO ............................................................................................................................. 68
5.1 T-ODA – Trade-Off Decision Analysis ........................................................................................... 68
5.2 Tomada de decisão .............................................................................................................................. 69
5.2.1 Tomada de decisão ................................................................................................................................. 70
5.2.2 Etapas do Modelo Racional de Tomada de Decisão ................................................................. 70
5.2.3Estabelecer os pesos .............................................................................................................................. 74
5.3 Estudo de caso: escolha de um carro ........................................................................................... 81
5.4 Interdisciplinaridade ........................................................................................................................... 87
6 LóGICA PARACONSISTENTE ........................................................................................................................ 87
6.1 Operações da inteligência ................................................................................................................. 87
6.2 Tipos de lógica ....................................................................................................................................... 89
6.3 Lógica formal ......................................................................................................................................... 90
6.4 Lógica paraconsistente ...................................................................................................................... 91
6.4.1 Plano cartesiano ...................................................................................................................................... 92
6.4.2 Redes lógicas ............................................................................................................................................ 97
6.4.3 Sensores para crença e descrença.................................................................................................... 98
6.5 Estudo de caso: processo criativo .................................................................................................. 99
6.6 Interdisciplinaridade .........................................................................................................................104
7 MERCADO DE CAPITAIS ..............................................................................................................................105
7.1 Investimentos no mercado de capitais ......................................................................................106
7.2 Como o mercado funciona .............................................................................................................107
7.3 Escolas de investidores .....................................................................................................................112
7.3.1 A escola fundamentalista ..................................................................................................................112
7.3.2 A escola técnica .....................................................................................................................................117
7.4 Premissas das escolas .......................................................................................................................122
7.5 Técnicas para seleção de ações .....................................................................................................125
7.6 Filosofia orientativa de atuação na Bolsa ................................................................................126
7.7 Quase todo especulador toma decisões irracionais .............................................................128
7.8 Estudo de caso: a filosofia do dançarino ..................................................................................130
7.9 Interdisciplinaridade .........................................................................................................................131
8 INFORMAçãO E MERCADO DE CAPITAIS .............................................................................................132
8.1 Regras para seguir .............................................................................................................................132
8.2 Necessidade de informação ...........................................................................................................134
8.3 Bolsas & Bolsas ...................................................................................................................................135
8.4 BDI ............................................................................................................................................................136
8.4.1 Índices de ações ................................................................................................................................... 137
8.4.2 Assembleias ............................................................................................................................................ 140
8.4.3 Demonstrações financeiras .............................................................................................................. 143
8.4.4 Cotações .................................................................................................................................................. 144
8.4.5 Empresas concordatárias e em recuperação judicial ............................................................ 146
8.4.6 Direitos e Recibos ................................................................................................................................ 147
8.4.7 Segmento de BM&F ........................................................................................................................... 147
8.5 Estudo de caso: é possível viver de dividendos? ...................................................................148
8.6 Interdisciplinaridade .........................................................................................................................150
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APresentAção
A interdisciplinaridade é a grane mola para a preparação da era pós-industrial, 
eliminando compartimentos estanques, limitadores do ato de educar. 
Estamos diante da complexidade a qual exige novas maneiras de perceber, 
nova postura e novo parâmetro de pensar. O complexo nos convida a um 
novo modo de pensar e a uma ordem nova, de grande beleza, profunda, 
irreversível (WERNECK, 1998, p. 20).
Esta disciplina tem como objetivo geral percorrer o conceito de aprendizado multidisciplinar e 
chama a atenção para as diferenças dos aspectos e das teorias e processos da Administração, entre 
outros assuntos. A diversidade de tópicos mostra o caráter da presente disciplina, que objetiva um 
diálogo interdisciplinar, verificando áreas de intersecção, de complementação e de transferência de 
conhecimento no campo da Administração.
A presente disciplina é útil para o estudante das áreas de Administração e Contabilidade na medida 
em que explora conceitos do cotidiano do profissional, chamando a atenção para o fato de que 
“interdisciplinaridade não se ensina nem se aprende, apenas vive-se e exerce-se” no dizer de Fazenda 
(1996). Acreditando que a prática é fundamental, o presente curso contém inúmeros desafios que devem 
ser enfrentados pelo aluno.
Introdução
A Unidade I começa abordando o racionalismo técnico, chamando a atenção para os aspectos da 
eficácia e da eficiência que se baseiam na redução de custos (Tópico 2) hoje fundamentalmente buscada 
na Logística. O terceiro tópico chama a atenção para aspectos relacionados a acidentes de trabalho e 
discorre sobre a análise de acidente de trabalho por meio do Método Árvore de Causas. Por fim, são 
abordados os custos ambientais e destaca-se a prática de gestão da responsabilidade socioambiental.
A Unidade II inicia-se tratando da decisão multicritério por meio do software T-ODA e segue 
discorrendo sobre outro tipo de tomada de decisão, desta vez por meio da Lógica Paraconsistente. Uma 
aplicação desse tipo de decisão é exibida no tópico “Mercado de capitais”, que mostra como o mercado 
funciona e também apresenta técnicas para seleção de ações, além de discorrer sobre a racionalidade 
do investidor.Por fim, complementando esse tópico, mostra-se como o aluno pode obter informações 
completas sobre o mercado de capitais (por meio do BDI).
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Unidade I
Nesta unidade convido-o a discutir alguns tópicos e conceitos referentes à disciplina Administração 
Interdisciplinar, que busca desenvolver a reflexão sobre a comunicação entre disciplinas e possibilitar aos alunos 
atividades práticas nas quais possam vivenciar os conteúdos abordados. Essa disciplina trata também de provocar 
a reflexão sobre a diversidade de tópicos na área da Administração e da forma como estes se inter-relacionam.
Os tópicos que a disciplina aborda, portanto, são multifacetados, mostrando o cariz (aspecto) da 
Administração como interdisciplinar. A disciplina percorre o conceito de aprendizado multidisciplinar 
abordado por Tarapanoff (2010), chama a atenção para as diferenças (BIANCHETTI e FREIRE, 2010), 
considera os aspectos das teorias e processos da Administração (CARAVANTES, PANNO e KLOECKNER, 
2010), aborda reflexões e racionalidade (ALARCãO, 2001), entre outros assuntos. A diversidade de tópicos 
mostra o caráter da presente disciplina, que, de fato, objetiva um diálogo interdisciplinar, verificando áreas 
de interseção, de complementação e de transferência de conhecimento no campo da Administração.
Cabe observar que não existe um conceito único para interdisciplinaridade. Lück (2002)1 afirma 
que a interdisciplinaridade não é a superação apenas de uma visão fragmentada das disciplinas, mas 
também da realidade, e atribui como causa dessa visão fragmentada o racionalismo técnico.
 observação
Racionalismo é uma forma de pensamento que se preocupa em 
procurar, estabelecer e propor caminhos fundamentados na lógica, na 
razão para alcançar determinados fins.
1 rACIonALIsMo tÉCnICo
Pode-se afirmar que a Administração de Empresas orienta-se pela busca de eficácia e eficiência. 
Processos e projetos são pensados e repensados de forma que alcancem seus objetivos (eficácia) com 
o menor uso possível de recursos (eficiência), sejam estes humanos, patrimoniais, tecnológicos ou 
informacionais. Ser eficaz e eficiente é ser racional, orientar-se pela razão.
O racionalismo técnico é uma proposta econômico-administrativa que busca prover a eficiência com 
a concomitante redução de custos. Daí a visão anatômica da organização em termos formais, isto é, a 
síntese dos diferentes órgãos que compõem a estrutura organizacional, suas relações formais (que podem 
ser vistas no organograma) e suas funções (atividades) dentro do todo, que assegurem a máxima eficiência.
1 “Lück (2002)” é uma forma de exprimir que esse autor (Lück), em um trabalho publicado em 2002, o qual está 
mencionado nas Referências, afirmou algo.
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Uma visão anatômica da organização considera apenas os seus órgãos, seus departamentos. Um 
órgão é um conjunto de pessoas que tem um chefe e cumpre uma dada função. Qualquer divisão da 
empresa, por menor que seja, é um departamento. É o que afirma a teoria da departamentalização, que 
é mais uma forma de especialização: as pessoas são agrupadas em departamentos.
 observação
Estrutura é a forma como as pessoas se ligam umas às outras na organização. 
A estrutura empresarial é expressa pelo organograma. À parte física da empresa, 
isto é, às instalações e máquinas, pode-se dar o nome de infraestrutura.
A divisão do trabalho como forma de obter mais eficiência está descrita por Smith no primeiro capítulo 
de A Riqueza das Nações que aborda a descrição do funcionamento de uma manufatura de alfinetes.
Princípios 
gerais de 
administração
Organização 
formal
Máxima 
eficiência
Divisão do 
trabalho
Especialização
Unidade de 
comando
Amplitude 
de controle
Figura 1 – Abordagem prescritiva e normativa da teoria clássica
Em nome de uma maior eficiência, a Administração cria funções (por exemplo: Marketing, Produção, 
Vendas, RH, Logística, entre outras). Henri Fayol (1841-1925) expôs sua Teoria de Administração no livro 
Administration lndustrielle et Générale, publicado em 1916, que o elevou à condição de um dos maiores 
colaboradores da Teoria Administrativa. Fayol (1975) apontava as seguintes funções na Administração:
•	 técnicas	(produção,	fabricação	ou	transformação);
•	 comerciais	(compra	e	venda,	mercadologia);
•	 financeiras	(procura	e	gerência	de	capitais);
•	 de	segurança	(proteção	e	preservação	dos	bens	e	das	pessoas);
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•	 contábeis	(inventários,	balanços,	custos	e	estatísticas);
•	 administrativas	(previsão,	organização,	comando,	coordenação	e	controle).
A evolução da Teoria da Administração, sempre em busca da maior eficiência, culminou naturalmente em 
apresentar um conjunto de disciplinas, já que a especialização contribui para a eficiência. Segundo Alarcão (2001), a 
educação está fortemente marcada pela disciplinaridade (divisão em disciplinas), o que dificulta a preparação para 
viver a complexidade contemporânea, não potencializando o desenvolvimento global do ser humano.
Uma abordagem prescritiva e normativa significa uma forma de descrever a organização como 
esta deveria funcionar, uma espécie de “receituário”, sem explicações sobre o seu funcionamento. A 
abordagem normativa e prescritiva da Teoria Clássica2, basicamente a de Taylor e Fayol, fundamenta-se 
em princípios gerais de Administração, uma espécie de descrição de como o administrador deve proceder 
em todas as situações organizacionais.
•	 Princípios Gerais da Administração: basicamente expressam o pensamento de Taylor em 
Administração Científica. Esses princípios básicos são:
—	cada	trabalhador	faria,	de	acordo	com	suas	aptidões,	a	tarefa	mais	elevada	possível;
— cada trabalhador deveria produzir em quantidade igual ou superior a um padrão estabelecido 
(com base na produção de um trabalhador hábil, não excepcional, da sua classe e no horário 
normal	de	trabalho);
— remuneração por unidade produzida.
Esses princípios gerais continham implicitamente os seguintes pressupostos:
—	planejamento,	o	que	implicava	substituir	a	improvisação	pela	ciência;
— decisão para selecionar os trabalhadores (além de máquinas, equipamentos e ambiente), 
treinando‑os	para	produzir	mais	e	melhor;
—	controlar	cientificamente	a	produção,	de	acordo	com	as	normais	estabelecidas;
— na execução, dividir atribuições e responsabilidades.
2 A Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. 
Partia da organização e da estrutura como um todo, para garantir a eficiência de todas as partes envolvidas, fossem elas 
departamentos, seções ou pessoas como executores de tarefas e ocupantes de cargos. A Teoria Clássica teve o seu início na 
França e 1916, tendo como fundador o francês Henri Fayol, engenheiro que se baseava em princípios e técnicas para o seu 
trabalho. Nos Estados Unidos, Taylor desenvolvia a Administração Científica, com ênfase nas tarefas, no operário em si. O 
objetivo principal das duas teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. (Fonte: <http://professorwellington.
adm.br/tga16.html>. Acesso em: 15 out. 2012). 
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•	 Divisão do trabalho: para Adam Smith (1983), o sistema econômico é, na sua essência, uma vasta 
rede de inter-relações de produtores especializados, fundamentada napropensão (tendência) à 
troca, ao intercâmbio e à transação. O trabalho é dividido em várias etapas, buscando-se, por meio 
da simplicidade de cada tarefa, aumento de produtividade e remuneração proporcional ao volume 
produzido. A divisão do trabalho leva ao aumento da produtividade, e, portanto, ao aumento do 
volume da produção.
 observação
Enquanto produção é a medida do que foi produzido num 
certo tempo (exemplo: uma fábrica produz oitenta camisas ao dia), 
produtividade considera os fatores (causas) da produção. Fatores 
típicos são máquinas e homens. Uma fábrica com quatro máquinas 
e dez homens tem produtividade de vinte camisas/máquina-dia e 
oito camisas/homem-dia. A produtividade também se expressa em 
hora-máquina ou homem-hora. Elevá-la quer dizer aumentar a 
produção do fator no mesmo período.
•	 Especialização: para Taylor, a especialização elimina todos os elementos estranhos, a fim de 
que a atenção esteja concentrada na tarefa essencial. A divisão do trabalho consiste em uma 
especialização para aumentar a eficiência.
•	 Unidade de comando: o agente deve receber ordens de um único chefe e, para tal, deve estar 
vinculado a um determinado departamento.
 observação
Para elevar a eficiência da empresa, procede-se à departamentalização, 
reunindo-se as pessoas em grupos com funções específicas. Esses 
grupos são denominados de: departamentos, unidades, plantas, fábricas, 
divisões, seções, setores, chefias, diretorias etc. Lamentavelmente, não há 
uniformidade nessa nomenclatura.
•	 Amplitude de controle: ou amplitude administrativa ou ainda amplitude de supervisão refere-se 
ao número de subordinados que um chefe pode supervisionar pessoalmente, de maneira efetiva 
e adequada. Gerenciar de maneira efetiva significa ter um modo de agir que é, ao mesmo tempo, 
eficaz	e	eficiente.	Ser	eficaz	quer	dizer	atingir	o	objetivo;	ser	eficiente	quer	dizer	usar	o	menor	
número possível de recursos.
De acordo com Graicunas (1933), há três tipos de combinações de relações entre superiores e 
subordinados (considerando n = número de subordinados):
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•	 relações simples diretas (superior com subordinado):
a = n
•	 relações cruzadas (subordinado com subordinado):
b = n(n – 1)
•	 relações grupais diretas (superior com qualquer combinação de subordinados):
c n n
n
= + −.[ ]
2
2
1
•	 Organização formal: estruturada de acordo com normas e regulamentos escritos, rígidos, 
nos quais se estabelece uma hierarquia de autoridade e as responsabilidades são claramente 
definidas. Todas as organizações, públicas e privadas, com fins lucrativos ou não, constituem 
exemplos de organizações formais. A organização informal, geralmente, é formada por poucas 
pessoas, e seus objetivos não estão definidos de forma rígida nem são expressos por meio de 
algum documento. Também não possui um conjunto de regras e procedimentos escritos que 
determinam sua ação.
 observação
Uma organização é um conjunto de pessoas que, balizado por crenças 
e valores, fazendo uso de recursos materiais e patrimoniais, busca um 
resultado. Às organizações cujo objetivo é o lucro, dá-se o nome de empresa.
•	 Eficiência: podemos definir eficiência como a relação existente entre o resultado obtido e os 
recursos consumidos para consegui-lo. Trata de como fazer, não do que fazer. Outro conceito é 
o de eficácia: ser eficaz é atingir os objetivos propostos. A eficácia está ligada ao objetivo em si. 
Quando ao mesmo tempo se é eficaz (atinge-se a meta) e eficiente (faz-se uma boa utilização dos 
recursos), dizemos que se é efetivo.
 saiba mais
A obra Iniciação à Teoria das Organizações, de Chiavenato (2010), mostra 
a necessidade de se conhecer a natureza das organizações, especialmente 
para quem pretende trabalhar nelas.
Esse título está disponível na Biblioteca Virtual.
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1.1 estudo de caso: equipe de vendas
Neste estudo de caso, abordamos o conceito de amplitude de controle. Boussy (2011) afirma que é 
um eterno debate o tamanho certo de uma equipe comercial dirigida por um único chefe de vendas. 
Quando se justifica o tamanho, costuma-se fazer isso com base em experiências prévias, pouco ou 
maldefendidas ante os superiores.
A pergunta é: Qual é o número certo?
É nesse ponto que se pode recorrer a uma teoria matemática, o Teorema de Graicunas (francês), 
que demonstrou e quantificou o seguinte: conforme aumenta o número de subordinados, amplia-se 
geometricamente a complexidade das relações.
 observação
Progressão geométrica é uma sucessão de números obtida, com exceção 
do primeiro, multiplicando-se o número anterior por uma quantidade fixa 
q, chamada razão. Admita-se o número inicial 3, com q = 2. A progressão 
geométrica seria: 3, 6, 12, 24... Difere da progressão aritmética, uma 
sequência numérica em que cada termo, a partir do segundo, é igual à 
soma do termo anterior com uma constante r. Admitindo-se o número 
inicial 3, com r = 2, a progressão aritmética seria: 3, 5, 7, 9, 11...
Esse teorema identifica três tipos de relações, como visto anteriormente:
•	 relações simples diretas: se o chefe de vendas A tiver três vendedores (B, C e D), existirão 
três relações simples diretas (chamaremos de n o número de vendedores e de r o número 
de	relações);
•	 relações grupais diretas: existirão entre o chefe de vendas A e cada uma das combinações de 
subordinados, as quais serão, nesse caso, nove, a saber:
— A relaciona-se com:
‑	 B	em	presença	de	C;
‑	 B	em	presença	de	D;
‑	 C	em	presença	de	B;
‑	 C	em	presença	de	D;
‑	 D	em	presença	de	B;
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‑	 D	em	presença	de	C;
‑	 B	em	presença	de	C	e	D;
‑	 C	em	presença	de	B	e	D;
- D em presença de B e C.
•	 relações cruzadas:	 produzem‑se	 entre	 os	 vendedores	 que	 possuem	um	 chefe	 comum;	 nessa	
hipótese, abaixo do chefe de vendas A, podem existir seis relações desse tipo entre os vendedores 
B, C e D, que seriam:
—	B	com	C;
—	B	com	D;
—	C	com	B;
—	C	com	D;
—	D	com	B;
— D com C.
Para calcular o número de relações que se estabelecem em função do tamanho da equipe de vendas, 
Graicunas (1933) estabeleceu a seguinte fórmula:
c n n
n
= + −.[ ]
2
2
1
Assim,	para	uma	equipe	de	um	chefe	de	vendas	e	um	vendedor,	o	número	de	relações	é	1;	para	uma	equipe	
de	dois	vendedores,	o	número	de	relações	é	de	6;	e	para	três	vendedores,	o	número	de	relações	corresponde	a	18.
O que se conclui é que, a partir de oito, o número de relações é tão elevado (1.080) que se desaconselha, 
costumando-se recomendar seis como um número bastante adequado e sete como máximo. Com 18 
vendedores a cargo de um chefe, o número de relações seria muito grande.
1.2 Interdisciplinaridade
Que disciplinas estão envolvidas nos assuntos apresentados?
Foram diversos os assuntos abordados neste tópico, a começar pela Escola Clássica da Administração, 
incluindo Princípios Gerais da Administração, divisão do trabalho, especialização, unidade de comando, 
amplitude de controle, organização formal e máxima eficiência.
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Esses assuntos remetem à Teoria da Administração, à Economia e à Gestão de Recursos Humanos. 
Cabe a esta gerir assuntos referentes a desenvolvimento de competências, remuneração, planejamento, 
recrutamento, seleção, treinamento, avaliação de desempenho, benefícios erelações trabalhistas, entre 
outros.
O caso apresentado ocupa-se do dimensionamento de uma equipe comercial dirigida por um chefe 
de vendas. Trata-se, objetivamente, de definir o número ideal de subordinados. Para se dar a resposta, 
recorreu-se ao Teorema de Graicunas, que quantifica a complexidade das relações. Nesse caso, temos, 
pelo menos, as seguintes disciplinas envolvidas:
•	 Vendas ou Comercial:	aplicação	específica;
•	 Recursos Humanos:	dimensionamento	de	subordinados;
•	 Sociologia e Psicologia:	complexidade	das	relações;
•	 Matemática:	análise	combinatória	e	permutações;
•	 Decisão:	critério	para	definir;
•	 Teoria da Administração:	divisão	do	trabalho;	especialização;	unidade	de	comando;	amplitude	
de controle.
2 Custos e LoGÍstICA
O presente tópico destaca a importância do porte da empresa na redução de custos e como a 
Logística pode contribuir também para isso.
2.1 redução de custos
De acordo com Porter (1986), a competição entre empresas intensificou-se de forma drástica ao longo 
das últimas décadas, em praticamente todas as partes do mundo. Poucos são os setores remanescentes 
em que a competição ainda não interferiu na estabilidade e na dominação dos mercados. Por razões de 
sobrevivência, as empresas tornam-se maiores.
 saiba mais
Para conhecer mais sobre Michael Porter, leia o artigo de Andrei Lima, 
intitulado Michael Porter: o estrategista da academia. Disponível em: <http://
www.administradores.com.br/informe-se/artigos/michael-porter-o- 
estrategista-da-academia/20297/>. Acesso em: 24 set. 2012.
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Há algumas economias originadas pelo crescimento das empresas:
•	 Economia de escala: por produzirem em maior quantidade, as empresas maiores conseguem ter 
um custo menor por unidade produzida.
Diz-se que há economias de escala quando o aumento do volume da 
produção de um bem por período reduz os seus custos. Esta redução 
pode se dar pela possibilidade de utilização de métodos produtivos mais 
automatizados ou mais avançados, mas também pode estar relacionada a 
ganhos em propaganda, marketing, P&D, financiamento, enfim, qualquer 
etapa da produção e comercialização. Até recentemente a ocorrência de 
economias de escala de grande porte era em geral associada à produção, por 
meio de processos contínuos, de insumos de uso generalizado, para os quais 
não cabe diferenciação de produto (POSSAS, 1993, p. 70-1).
 observação
O Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) tem por 
objetivo criar e desenvolver novos produtos ou serviços.
•	 Economia de escopo: nesse contexto, a palavra escopo tem o sentido de conteúdo, variedade. 
Segundo Pindyck e Rubinfeld (1992, p. 222), “economias de escopo estão presentes quando a 
produção conjunta de uma única firma é maior do que a produção que poderia ser obtida por 
duas firmas diferentes, cada uma produzindo um único produto”. A economia de escopo é também 
conhecida como economia de gama. Para Kupfer e Hasenclever (2002), a economia de gama 
ocorre, por exemplo, pela presença de matérias-primas comuns na fabricação de dois ou mais 
produtos, assim como de outras complementaridades na sua produção.
Suportar objetivos a longo prazo é uma vantagem destacada por Ansoff (1990),3 além da 
rentabilidade a curto prazo. Os objetivos a longo prazo que uma empresa poderia buscar, quando se 
torna maior, seriam:
•	 flexibilidade: refere-se à capacidade de ajustar-se às necessidades dos clientes. Por exemplo: uma 
empresa	não	flexível	em	horário	 faz	entregas	apenas	de	 segunda	a	 sexta;	uma	mais	flexível	pode	
entregar	seus	produtos	aos	sábados	e	domingos;	uma	empresa	pouco	flexível	só	vende	peças	em	lotes	
mínimos	de	cem	unidades;	uma	mais	flexível	vende	de	cinco	em	cinco	unidades,	e	assim	por	diante.
3 Igor Ansoff é um autor clássico da literatura sobre estratégia. Nunes (2011) afirma que é o principal responsável 
pela formulação do conceito de gestão estratégica, com base no trabalho desenvolvido por Alfred Chandler. O seu principal 
contributo para a gestão foi a criação do modelo ou Matriz Ansoff de planejamento estratégico, baseado na expansão 
e diversificação empresariais através de uma sequência de decisões. Na base do modelo estão os conceitos de análise de 
desvios – diferença entre o previsto e o realizado – e de sinergia – aproveitamento das competências combinadas de dois 
departamentos ou empresas. 
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•	 diversificação de riscos: uma empresa diversifica riscos quando amplia seus tipos de negócio: 
em	linguagem	coloquial,	diz‑se	que	“não	coloca	todos	os	ovos	na	mesma	cesta”;
•	 estabilidade geral;
•	 reputação: é a opinião do público em relação à empresa.
Essas oportunidades não são encontradas em pequenas empresas, que precisam concentrar seus 
recursos em objetivos mais imediatos.
Uma das formas de uma organização obter economia tanto de escala quanto de escopo e ter 
flexibilidade é por meio da logística.
É comum a ideia de que logística é o mesmo que transporte, mas esses termos têm significados 
diversos. Felizmente, a diferença está bem-traçada pela Fiesp (2011):
Logística é o processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo 
correto, o fluxo e armazenagem de matérias-primas e estoque durante a fabricação 
de produtos acabados, e as informações relativas a essas atividades, desde o ponto de 
origem até o local de consumo, visando atender aos requisitos do cliente.
Transporte é o deslocamento de bens de um ponto a outro da rede logística, 
respeitando as restrições de integridade da carga e de confiabilidade de prazos. Não 
agrega valor aos produtos, mas é fundamental para que os mesmos cheguem ao seu 
ponto de aplicação, de forma a garantir o melhor desempenho dos investimentos 
dos diversos agentes econômicos envolvidos no processo (FIESP, 2011).
De acordo com Kotler e Armstrong (1999, p. 285), as empresas estão valorizando cada vez mais a 
logística, por várias razões, tais como: ser um elemento essencial no que se refere aos serviços prestados 
aos	clientes;	produzir	consideráveis	reduções	de	custos	para	a	empresa	e	para	os	consumidores;	a	imensa	
variedade	de	produtos,	criando	a	necessidade	de	um	aprimorado	gerenciamento	de	logística;	e,	por	fim,	o	
aprimoramento da Tecnologia da Informação, criando a oportunidade de maior eficiência na distribuição.
Para Fleury (2000), a relação entre as várias áreas funcionais de logística com um contexto de 
integração pode ser representada por meio de um conjunto de trade-offs (“escolhas forçadas”) entre as 
atividades que compõem todo o contexto de logística. Na Figura 2, essas relações estão representadas 
por um conjunto de setas relacionando tais atividades.
 observação
Área funcional corresponde a departamento na organização. As áreas 
funcionais mais comuns são: Produção, Finanças, RH, Marketing, Comercial, 
Jurídica, Contábil etc.
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Produto
Praça 
serviço ao cliente
Custo 
tecnologia da 
informação
Preço
Custo 
estoque
Custo 
compras
Custo 
transporte
Custo 
armazenagem
Promoção
Marketing
Logística
Figura 2 – Representação da relação entre as áreas funcionais com o conceito de Logística Integrada
 Lembrete
Trade-off tem, entre outros sentidos, o de “escolha forçada”. Por 
exemplo: um restaurante tem de optar por uma clientela de luxo ou por 
uma popular, pois não pode ter as duas.
A logística de suprimentos ocupa-se da matéria-prima e dos insumos. Considera o 
desenvolvimento,a especificação e o projeto do produto, a previsão de demanda (quanto os 
clientes devem comprar), o planejamento das necessidades de novas fontes de fornecimento, 
as compras, o recebimento, a estocagem de matérias-primas e componentes e seus respectivos 
controles (FLEURY 2000).
 observação
Matéria-prima é o material processado para fabricar o produto, 
enquanto insumo é o bem ou serviço utilizado no processo de transformação 
(mão de obra, máquinas, instalações e outros).
A logística de produção é observada na etapa de transformação dos insumos em produto final. 
Inclui o planejamento, a programação e o controle da produção, e, em alguns casos, o planejamento dos 
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recursos da distribuição, além de ocupar-se da estocagem: providencia estoque de produtos acabados, 
embalagem (unitização) e processo de pedidos (FLEURY, 2000).
 saiba mais
Para saber mais sobre unitização, leia o artigo Unitização de carga, 
de Alan Simões. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/
informe-se/artigos/unitizacao-de-carga/32333/>. Acesso em: 24 set. 2012.
A cadeia de abastecimento, que vai até o consumidor final, inclui três grandes tipos de logística, 
como mostra a Figura 3.
Cadeia de abastecimento
Logística da produção
Logística de suprimentos
Administração 
de materiais
Movimentação 
de materiais
Distribuição 
física
Logística de distribuição
Armazém 
Central
Distribuidor 
atacadista
•	Suprimentos
•	Transportes
•	Armazenagem	
matéria-prima
•	Planejamento,	
programação e controle 
da produção
•	Estocagem	em	processo
•	Embalagem
•	Armazenagem	produto	
acabado
•	Transportes
•	Processamento	de	pedido
Planejamento 
e controle de 
estoques
Planejamento 
dos recursos 
da distribuição
Consumidor
Montadora
Varejo
Centro de 
distribuição
Recebimento Fabricação Montagem Expedição
Almoxarifado 
de matérias-
primas
Armazenagem de 
produtos acabadosEstocagem 
em processo
Logística
Fornecedores
Terceiros
Figura 3 – Tipos de logística
A logística de distribuição e transporte ocupa-se do que foi produzido: efetua o planejamento da 
distribuição por meio de centros de distribuição, depósitos, atacadistas, varejistas, revendedores, lojas e 
representantes. Define as modalidades de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e fluvial) 
e rotas (com utilização de roteirizadores) de transporte (próprio ou de terceiros), sendo responsável 
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por todo o processo, desde a expedição, a partir da retirada dos estoques, até a entrega ao cliente final 
(consumidor) (FLEURY 2000).
 observação
Roteirizadores ou Sistemas de Roteirização e Programação de 
Veículos são sistemas computacionais capazes de dar soluções para 
problemas de rotas e programação de veículos.
 Lembrete
O termo cadeia de abastecimento (do inglês supply chain – que se 
pronuncia /suplai cheinn/) abrange todas as organizações do início ao fim 
da cadeia logística.
2.2 Custos logísticos
Machado e Rodrigues (2006) apresentaram um trabalho que discute os custos totais com logística 
sob a ótica da Teoria de Custos. Desenvolveram uma pesquisa em uma empresa de médio porte, em Goiás, 
com três unidades fabris e mais seis lojas. Foi um estudo de caso, com o objetivo de verificar como a 
contabilidade participa no processo de identificação e mensuração dos custos logísticos. Como resultado, 
observaram que a contabilidade pouco contribuía, naquela empresa, para a identificação, a mensuração e 
a comunicação dos custos logísticos, para fins de tomada de decisão. Além disso, perceberam que um dos 
principais entraves era a falta de integração entre os demais departamentos e a área contábil, fazendo que 
as informações fossem geradas tardiamente, prejudicando, assim, a gestão da empresa. Como provável 
solução para um maior e melhor tratamento dos custos logísticos, os autores sugeriram a formatação 
de um dos demonstrativos contábeis, a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), na qual o gestor 
identificará de forma clara os custos logísticos, contribuindo para a formação da tomada de decisão.
A DRE refere-se a um dado período (por exemplo, um ano) e apresenta basicamente as seguintes contas:
Receitas com Vendas
– Custo das mercadorias vendidas (ou dos produtos vendidos)
= Lucro bruto
– Despesas (gerais, administrativas, financeiras, com vendas)
= Lucro Líquido antes do Imposto de Renda (LAIR)
– Provisão para o Imposto de Renda (reserva do que deve ser pago como imposto)
= Lucro líquido à disposição dos proprietários
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A Teoria dos Custos determina a forma de se produzir com custo 
mínimo. Aborda conceitos como: custo econômico, custo total, custo 
marginal e custo médio.
Machado e Rodrigues (2006) propuseram ainda que os custos associados à logística fossem 
criteriosamente apurados, como mostra o Quadro 1. Para os autores, a demonstração de 
resultados gerencial resultará em uma importante ferramenta para o gestor, na qual este verá 
com clareza as áreas logísticas que demandam maior custo, podendo analisar os dados e tomar 
medidas cabíveis à redução de custos, bem como providências para alcançar melhores resultados 
empresariais.
Quadro 1 – Custos logísticos nos processos
Custos de logística de abastecimento
Materiais nacionais:
- Fretes
- Outros
Materiais importados:
- Fretes
Custos de logística de planta (fábrica)
Custos dos produtos fabricados
Custos de manutenção de inventário
Custos financeiros
Custos de propriedade
Custos de riscos
Perdas com obsolescência
Produtos defeituosos
Perdas no processo de logística
Outros
Custo de TI e processamento de pedidos
Custo de logística de distribuição
Custos decorrentes da movimentação de estoques
Custos decorrentes da entrega de mercadorias a clientes
Despesas com embalagem (vendas)
Transporte
Fonte: Machado e Rodrigues (2006, p. 21).
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 observação
Custo de propriedade ou Custo Total de Propriedade (Total Cost 
of Owership) é o gasto total com planejamento, aquisição, operação e 
manutenção do produto.
Risco é a possibilidade de perda. Uma forma de evitar os custos de 
perdas é contratar seguros.
Obsolescência é a perda quando algo se torna obsoleto, ou seja, 
ultrapassado ou desatualizado.
 saiba mais
O termo global sourcing significa fornecimento global e corresponde 
à adoção, pela empresa, de fornecedores de todo o mundo, especialmente 
para contratos de grande porte, o que tende a reduzir os preços e a aumentar 
a concorrência.
A obra Logística Empresarial no Brasil: tópicos especiais, de Razzollini 
Filho (2007), aborda temas como logística de resposta rápida, plataformas 
logísticas e práticas de global sourcing, que podem complementar o assunto 
do presente tópico. Essa obra está disponível na Biblioteca Virtual.
2.3 Interdisciplinaridade
As disciplinas envolvidas nos assuntos apresentados estão expostas a seguir:
•	 Planejamento e Estratégia, Economia, Produção, Custos, Pesquisa de Mercado, Marketing 
e Vendas:	referentes	às	economias	de	escala	e	de	escopo;
•	 Produção, Logística, Propaganda e Marketing, Relações Públicas, Segurança e Gestão do 
Relacionamento com o Cliente: referentes a flexibilidade, diversificação de riscos,estabilidade 
geral	e	reputação;
•	 Logística, Custos, Gestão do Relacionamento com o Cliente, Tecnologia de Informação e 
Gestão de RH:	para	assuntos	referentes	ao	nível	do	serviço;	ao	atendimento	a	clientes	em	relação	
a	serviços	prestados;	a	reduções	de	custos	para	a	empresa	e	para	os	consumidores;	à	variedade	
de	produtos;	ao	gerenciamento	aprimorado	de	logística;	e	ao	aprimoramento	da	Tecnologia	da	
Informação;
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•	 Gestão de Custos, Contabilidade, Logística e Tomada de Decisão: referentes a redução de 
custos, DRE, demonstrações contábeis e custos logísticos.
3 ACIdentes de trABALHo
Fundada em 1919 com o objetivo de promover a justiça social, a Organização Internacional do 
Trabalho (OIT) é a única das agências do Sistema das Nações Unidas que tem estrutura tripartite, na qual 
os representantes dos empregadores e dos trabalhadores têm os mesmos direitos que o governo. Uma das 
funções mais importantes da OIT é estabelecer e adotar normas internacionais de trabalho sob a forma de 
convenções ou recomendações. Esses instrumentos são adotados pela Conferência Internacional do Trabalho, 
com a participação de representantes dos trabalhadores, dos empregadores e dos governos (OIT, 2012).
Segundo dados da OIT, que, desde 2003, adotou 28 de abril como Dia Mundial da Segurança e 
Saúde no Trabalho, ocorrem anualmente 270 milhões de acidentes de trabalho em todo o mundo. 
Aproximadamente 2,2 milhões deles resultam em mortes. No Brasil, são 1,3 milhão de casos, que têm 
como principais causas o descumprimento de normas básicas de proteção aos trabalhadores e más 
condições nos ambientes e processos de trabalho. De acordo com estudo da OIT, o Brasil ocupa o quarto 
lugar em relação ao número de mortes, com 2.503 óbitos. O país perde apenas para a China (14.924), os 
Estados Unidos (5.764) e a Rússia (3.090) (CAUSA OPERÁRIA ON-LINE, 2009).
De acordo com Pantaleão (2011a),
Acidente do trabalho é aquele que ocorre no exercício de atividade a 
serviço da empresa e provoca lesão corporal ou perturbação funcional, que 
pode causar a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da 
capacidade para o trabalho (PANTALEãO, 2011a).
Ainda de acordo com esse autor:
Consideram-se, também, como acidente do trabalho:
•	 A	 doença	 profissional	 ou	 do	 trabalho,	 produzida	 ou	 desencadeada	
pelo	exercício	do	trabalho	peculiar	a	determinada	atividade;
•	 Acidente	típico,	que	é	aquele	que	ocorre	pelo	exercício	do	trabalho	a	
serviço	da	empresa;
•	 Acidente	de	trajeto,	que	é	aquele	que	ocorre	no	percurso	do	local	de	
residência para o de trabalho ou desse para aquele, considerando a 
distância e o tempo de deslocamento compatíveis com o percurso do 
referido trajeto (PANTALEãO, 2011a).
Um exemplo de trabalho peculiar é a atividade de digitador, cuja prática constante causa a Lesão 
por Esforço Repetitivo (LER).
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Para Pantaleão (2011a), “o prejuízo material decorrente do acidente de trabalho se caracteriza pela 
diminuição das possibilidades em obter os mesmos rendimentos por meio da força de trabalho de que 
dispunha o empregado antes do fato ocorrido”. Anota-se que “essa redução diz respeito à profissão ou 
ofício então desenvolvidos”, não a qualquer atividade remunerada (art. 950, Código Civil de 2002).
O autor prossegue:
O dever de indenizar surgiu da teoria do risco gerado, ou seja, se é o empregador quem 
cria o risco através de sua atividade econômica (empresa), a ele caberá responder pelos 
danos causados, independente de dolo ou culpa. A este contexto atribuímos a teoria da 
responsabilidade objetiva.
Assim dispõe o art. 927 do Código Civil ao determinar que haverá obrigação de reparar 
o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano (empregador) implicar, por sua natureza, 
risco para os direitos de outrem.
Se o empresário se propõe a estabelecer uma empresa que pode oferecer riscos na 
execução das atividades, se contrata pessoas para executar estas atividades e se os benefícios 
(lucros) gerados a este (empregador) devem ser atribuídos, logo, o risco do negócio, assim 
como os resultantes dos acidentes, também deverão ser por ele suportados.
Por outro lado, há entendimento de que se deveria aplicar, nestes casos, a teoria da responsabilidade 
subjetiva, ou seja, somente após comprovar que houve dolo ou culpa do empregador é que lhe 
imputaria a responsabilidade pelo acidente e, consequentemente, o dever de indenizar.
[...]
Como se pode observar, há uma norma constitucional direcionando para a responsabilidade 
subjetiva e uma norma infraconstitucional direcionando para a responsabilidade objetiva.
Fonte: Pantaleão (2011a).
 observação
Dolo é uma ação feita com a intenção de prejudicar ou fraudar outro 
propositadamente.
3.1 entendimento jurisprudencial
Pantaleão (2011a) afirma que tal como em diversos outros assuntos trabalhistas, “a questão fica para 
ser solucionada pelo entendimento jurisprudencial”, em que os juízes tomam as decisões diante dos 
fatos probatórios apresentados no processo.
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Entendimento jurisprudencial é a forma como os juízes entendem 
certas partes da lei, geralmente não muito claras, bem como as decisões 
que tomam em função disso.
Continua o autor:
Ora pode-se comprovar que houve culpa do empregado no acidente de 
trabalho pela falta de cuidado ao manusear o equipamento ou executar 
a tarefa, mesmo com todas as orientações e treinamentos necessários, 
ora pode-se comprovar que houve culpa do empregador que, por não 
observar as normas de segurança ou por obrigar o empregado a laborar 
frequentemente em horas extras, causando-lhe desgaste físico e mental, 
proporcionou o acidente (PANTALEãO, 2011a).
Portanto, acidentes podem ser causados pela falta de manutenção nos equipamentos ou até pelas 
condições físicas do empregado, por exaustão decorrente de jornadas de trabalho muito longas e 
distração ocasionada pela monotonia da atividade.
Pantaleão (2011a) também afirma:
Assim, o acidente do trabalho, por si só, é insuficiente para gerar a obrigação 
indenizatória por parte do empregador, pois, somente se verificará a obrigação 
de ressarcir os danos quando na investigação da causa, ficar comprovado 
que este dano é consequência direta e imediata (nexo de causalidade) de 
uma atuação dolosa ou culposa do empregador (PANTALEãO, 2011a).
Esse autor destaca também que “a Constituição Federal dispõe em seu artigo 7º, inciso XXVIII, que é 
direito dos trabalhadores o seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a 
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa” (PANTALEãO, 2011a).
Pantaleão (2011a) explica ainda que “o dolo é a intenção de agir contra a lei ou contrariamente às 
obrigações	assumidas;	agir	de	má‑fé,	é	enganar	mesmo	com	pleno	conhecimento	do	caráter	ilícito	do	
próprio comportamento”, enquanto “a culpa é a negligência, a falta de diligência (cuidado) necessária 
na observância de norma de conduta, isto é, não prever o que é previsível, porém sem intenção de agir 
ilicitamente e sem conhecimento do caráter ilícito da própria ação”.
Quando ocorre um acidente de trabalho, este deve ser comunicado.
A Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991) determina, no seu artigo 22, que todo acidente do trabalho ou doença 
profissional deverá ser comunicado pela empresa ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS),sob 
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pena de multa em caso de omissão. Cabe ressaltar a importância da comunicação, principalmente o 
completo e exato preenchimento do formulário, tendo em vista as informações nele contidas, não 
apenas dos pontos de vista previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também do trabalhista e 
do social.
3.2 Cipa – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
A legislação sobre segurança, higiene e saúde do trabalhador no Brasil é relativamente nova. Após 
a edição do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que criou a Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT), são fatos marcantes:
•	 criação	da	Comissão	Interna	de	Prevenção	de	Acidentes	(Cipa),	por	meio	do	Decreto‑Lei	nº	7.036,	
de	10	de	novembro	de	1944;
•	 criação	 da	 Fundação	 Centro	 Nacional	 de	 Segurança,	 Higiene	 e	 Medicina	 do	 Trabalho,	 hoje	
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), instituída 
pela	Lei	nº	5.161,	de	21	de	outubro	de	1966	(BRASIL,	1966);
•	 integração	do	seguro	de	acidentes	do	trabalho	à	previdência	social,	por	meio	da	Lei	nº	5.316,	de	
14	de	setembro	de	1967;
•	 criação	obrigatória	dos	Serviços	Especializados	em	Engenharia	de	Segurança	e	em	Medicina	do	
Trabalho	pelas	empresas,	por	meio	da	edição	da	Portaria	nº	3.237,	de	17	de	julho	de	1972;
•	 aprovação	das	Normas	Regulamentadoras	(NR)	do	Capítulo	V,	título	II	da	CLT,	por	meio	da	Portaria	
nº	3.214,	de	8	de	junho	de	1978	(MTE,	1978);
•	 edição	 da	 Portaria	 nº	 8,	 de	 23	 de	 fevereiro	 de	 1999	 (MTE,	 1999),	 que	 alterou	 a	 Norma	
Regulamentadora nº 5 (NR 5) – Cipa.
De acordo com a NR 5, conforme texto dado pela Portaria SSST nº 8, de 23 de fevereiro de 1999 
(MTE, 1999), a Cipa “tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, 
de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da 
saúde do trabalhador”.
Diniz (2010) afirma que
muitas pessoas acham que a Cipa é invenção brasileira, mas não é: ela 
surgiu de uma recomendação da OIT (Organização Internacional do 
Trabalho), em 1921 e transformou-se em determinação legal no Brasil 
no ano de 1944. E só depois de vinte e três anos surgiu um decreto-lei 
7.036, artigo 82 com caráter obrigatório nas empresas com mais de 100 
funcionários (DINIZ, 2010).
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A NR 5 (MTE, 1999), alterada por algumas portarias, determina que
a Cipa será composta de representantes do empregador e dos empregados 
[...]. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles 
designados. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão 
eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de 
filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados [...]. O mandato 
dos membros eleitos da Cipa terá a duração de um ano, permitida uma 
reeleição (MTE, 1999, p. 1).
Os membros da Cipa adquirem uma determinada estabilidade, já que a NR 5 (MTE, 1999) dispõe que:
É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para 
cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes desde o 
registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.
Serão garantidas aos membros da Cipa condições que não descaracterizem 
suas atividades normais na empresa, sendo vedada a transferência para outro 
estabelecimento sem a sua anuência, ressalvado o disposto nos parágrafos 
primeiro e segundo do artigo 469, da CLT (MTE, 1999, p. 2).
A CLT é a legislação que rege as relações de trabalho, individuais ou coletivas, e foi instituída pelo 
governo de Getúlio Vargas por meio do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
O artigo 469 da CLT determina que “ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua 
anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que 
não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio” (BRASIL, 1943). Os parágrafos aos quais a 
NR 5 se refere determinam:
§ 1º – Não estão compreendidos na proibição deste artigo os empregados 
que exerçam cargos de confiança e aqueles cujos contratos tenham como 
condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real 
necessidade	de	serviço;
§ 2º – É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento 
em que trabalhar o empregado (BRASIL, 1943).
A Cipa, de acordo com a NR 5 (MTE, 1999), tem por atribuição:
a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa 
de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, 
com assessoria do SESMT [Serviço Especializado em Engenharia de 
Segurança	e	em	Medicina	do	Trabalho],	onde	houver;
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b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na 
solução	de	problemas	de	segurança	e	saúde	no	trabalho;
c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas 
de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de 
ação	nos	locais	de	trabalho;
d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de 
trabalho visando à identificação de situações que venham a trazer 
riscos	para	a	segurança	e	saúde	dos	trabalhadores;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas 
em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram 
identificadas;
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde 
no	trabalho;
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo 
empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e 
processo	de	trabalho	relacionados	à	segurança	e	saúde	dos	trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação 
de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à 
segurança	e	saúde	dos	trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO [Programa 
de Controle Médico de Saúde Ocupacional] e PPRA [Programa de 
Prevenção dos Riscos Ambientais] e de outros programas relacionados 
à	segurança	e	saúde	no	trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, 
bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, 
relativas	à	segurança	e	saúde	no	trabalho;
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, 
da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor 
medidas de solução dos problemas identificados (MTE, 1999, p. 2).
O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) está 
estabelecido no artigo 162 da CLT e é regulamentado pela NR 4, de 1983. Dependendo da quantidade 
de empregados e da natureza das atividades, o serviço pode incluir os seguintes profissionais: médico 
do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de enfermagem do trabalho, engenheiro de segurança do 
trabalho e técnico de segurança do trabalho.
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3.3 ePI – equipamento de Proteção Individual
Vejamos o que diz Pantaleão (2011b) a respeito do Equipamento de Proteção Individual (EPI).
O Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo ou produto, de uso 
individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar 
sua segurança e sua saúde.
O uso deste tipo de equipamento só deverá ser feito quando não for possível tomar 
medidasque permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade, ou 
seja, quando as medidas de proteção coletiva não forem viáveis, eficientes e suficientes para 
a atenuação dos riscos e não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes 
do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho.
Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são dispositivos utilizados no ambiente de 
trabalho com o objetivo de proteger os trabalhadores dos riscos inerentes aos processos, tais 
como o enclausuramento acústico de fontes de ruído4, a ventilação dos locais de trabalho, a 
proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, a sinalização de segurança, dentre 
outros.
Como o EPC não depende da vontade do trabalhador para atender suas finalidades, 
este tem maior preferência pela utilização do EPI, já que colabora no processo 
minimizando os efeitos negativos de um ambiente de trabalho que apresenta diversos 
riscos ao trabalhador.
Portanto, o EPI será obrigatório somente se o EPC não atenuar os riscos completamente 
ou se oferecer proteção parcialmente.
Conforme dispõe a Norma Regulamentadora 6, a empresa é obrigada a fornecer aos 
empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e 
funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os 
riscos	de	acidentes	do	trabalho	ou	de	doenças	profissionais	e	do	trabalho;
b)	 enquanto	as	medidas	de	proteção	coletiva	estiverem	sendo	implantadas;	e
c) para atender a situações de emergência.
4 Enclausuramento acústico significa isolar a fonte de ruído. Nas indústrias observa-se a aplicação de softwares 
e ferramentas especial para controle dos ruídos. O Cadna-Sak é uma ferramenta poderosa para calcular o ruído interno 
de plantas industriais. O ruído é calculado em função da potência sonora emitida pelas máquinas no chão de fábrica, e 
considerando a geometria do local.
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Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do 
Trabalho (SESMT), ou à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), nas empresas 
desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco 
existente em determinada atividade.
Os tipos de EPIs utilizados podem variar dependendo do tipo de atividade ou de riscos 
que poderão ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador e da parte do corpo que se 
pretende proteger, tais como:
•	 Proteção	auditiva:	abafadores	de	ruídos	ou	protetores	auriculares;
•	 Proteção	respiratória:	máscaras	e	filtro;
•	 Proteção	visual	e	facial:	óculos	e	viseiras;
•	 Proteção	da	cabeça:	capacetes;
•	 Proteção	de	mãos	e	braços:	luvas	e	mangotes;
•	 Proteção	de	pernas	e	pés:	sapatos,	botas	e	botinas;
•	 Proteção	contra	quedas:	cintos	de	segurança	e	cinturões.
O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá 
ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação (CA), expedido 
pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério 
do Trabalho e Emprego.
Dentre as atribuições exigidas pela NR 6, cabem ao empregador as seguintes obrigações:
•	 adquirir	o	EPI	adequado	ao	risco	de	cada	atividade;
•	 exigir	seu	uso;
•	 fornecer	 ao	 trabalhador	 somente	 o	 equipamento	 aprovado	 pelo	 órgão	 nacional	
competente	em	matéria	de	segurança	e	saúde	no	trabalho;
•	 orientar	e	treinar	o	trabalhador	sobre	o	uso	adequado,	guarda	e	conservação;
•	 substituir	imediatamente	o	EPI,	quando	danificado	ou	extraviado;
•	 responsabilizar‑se	pela	higienização	e	manutenção	periódica;	e
•	 comunicar	o	MTE	qualquer	irregularidade	observada.
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O empregado também terá de observar as seguintes obrigações:
•	 utilizar	o	EPI	apenas	para	a	finalidade	a	que	se	destina;
•	 responsabilizar‑se	pela	guarda	e	conservação;
•	 comunicar	ao	empregador	qualquer	alteração	que	o	torne	impróprio	ao	uso;	e
•	 cumprir	as	determinações	do	empregador	sobre	o	uso	pessoal;
Os Equipamentos de Proteção Individual, além de essenciais à proteção do trabalhador, 
visando à manutenção de sua saúde física e proteção contra os riscos de acidentes do 
trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho, podem também proporcionar a 
redução de custos ao empregador.
É o caso de empresas que desenvolvem atividades insalubres em que o nível de ruído, 
por exemplo, está acima dos limites de tolerância previstos na NR 15. Neste caso, a empresa 
deveria pagar o adicional de insalubridade de acordo com o grau de enquadramento, 
podendo ser de 10%, 20% ou 40%.
Com a utilização do EPI a empresa poderá eliminar ou neutralizar o nível do ruído, já 
que, com a utilização adequada do equipamento, o dano que o ruído poderia causar à 
audição do empregado5 será eliminado.
A eliminação do ruído ou a neutralização em nível abaixo do limite de tolerância isenta 
a empresa do pagamento do adicional, além de evitar quaisquer possibilidades futuras de 
pagamento de indenização de danos morais ou materiais em função da falta de utilização 
do EPI.
Entretanto, é importante ressaltar que não basta o fornecimento do EPI ao empregado 
por parte do empregador, pois é obrigação deste fiscalizar o empregado de modo a garantir 
que o equipamento esteja sendo utilizado.
São muitos os casos de empregados que, com desculpas de que não se acostumam ou 
que o EPI os incomoda no exercício da função, deixam de utilizá-lo e [...] passam a sofrer as 
consequências de um ambiente de trabalho insalubre.
Nestes casos o empregador deve utilizar-se de seu poder diretivo e obrigar o empregado 
a utilizar o equipamento, sob pena de advertência e suspensão num primeiro momento e, 
havendo reincidências, sofrer punições mais severas como a demissão por justa causa.
5 São inúmeros os danos que as pessoas sofrem quando submetidas a fontes de ruídos muito fortes. Os principais 
efeitos	 negativos	 são:	 distúrbios	 do	 sono;	 estresse;	 perda	 da	 capacidade	 auditiva,	 surdez;	 dores	 de	 cabeça;	 alergias;	
distúrbios	digestivos;	falta	de	concentração	e	aumento	do	batimento	cardíaco	(MMA/IBAMA,	2010).
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Para a Justiça do Trabalho, o fato de comprovar que o empregado recebeu o equipamento 
(por meio de ficha de entrega de EPI), por exemplo, não exime o empregador do pagamento 
de uma eventual indenização, pois a norma estabelece que o empregador deva garantir o 
seu uso, o que se faz através de fiscalização e de medidas coercitivas, se for o caso.
Fonte: Pantaleão (2011b).
 observação
No Brasil, em 2011, as principais causas de morte durante o trabalho foram: 
acidentes de trânsito, quedas de edifícios, exposição à corrente elétrica e o 
impacto causado por objetos lançados, projetados ou em queda (MELLO, 2012).
3.4 Análise de Acidente de trabalho
Binder e Almeida (1997, p. 750) afirmam que “os acidentes do trabalho ainda constituem importante 
problema de saúde pública em nosso país”.
Os autores afirmam ainda que:
Dada a gravidade do problema, assume grande importância a detecção a 
priori de riscos, isto é, antes que os acidentes aconteçam. Há vários métodos 
desenvolvidos com esta finalidade, cabendo destacar que, para sistemas de 
menor complexidade, o método de escolha é constituído pelas inspeções 
de	 ambientes	 e	 de	 condições	 de	 trabalho	 (MONTEAU	 e	 FAVARO,	 1990b;	
MONTEAU, 1992), capazes de identificar perigos decorrentes, entreoutros, 
de problemas de segurança de máquinas, postos de trabalho, layout,6 
limpeza, ambiente físico, presentes – e visíveis – de maneira permanente 
nos ambientes de trabalho (BINDER e ALMEIDA, 1997, p. 750).
3.4.1 O Método Árvore de Causas (ADC)
Binder e Almeida (1997) com base em Cuny e Krawsky (1970) e Monteau (1980, 1983), afirmam:
Sua aplicação exige reconstrução detalhada e com a maior precisão 
possível da história do acidente, registrando-se apenas fatos, também 
denominados fatores de acidente, sem emissão de juízos de valor e sem 
interpretações, para, retrospectivamente, a partir da lesão sofrida pelo 
acidentado, identificar a rede de fatores que culminou no acidente de 
trabalho	 (AT)	 (CUNY	 e	 KRAWSKY,	 1970;	 MONTEAU,	 1980,	 1983	 apud 
BINDER e ALMEIDA, 1997).
6 Layout é um desenho que mostra a localização física de máquinas, equipamentos e instalações.
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De acordo com Binder e Almeida (1997):
O método utiliza o conceito de variação, entendida como mudança ocorrida 
em relação ao funcionamento habitual do sistema (indústria, oficina etc.), 
considerada indispensável à ocorrência do acidente. Utiliza também o 
conceito de atividade, constituída de quatro componentes: indivíduo (I), 
considerado	em	seus	aspectos	físicos	e	psicofisiológicos;	tarefa	(T),	entendida	
como a sequência de operações executadas pelo indivíduo e passível 
de	 observação;	 material	 (M),	 representado	 por	 máquinas,	 instrumentos,	
ferramentas, matérias-primas e insumos necessários ao desenvolvimento 
do	trabalho;	meio	de	trabalho	(MT),	entendido	em	seus	aspectos	físicos	e	em	
suas relações sociais (BINDER e ALMEIDA, 1997, p. 751).
Massoco (2008) afirma:
No Brasil foi adotado o Método Árvore de Causas de origem francesa que 
é utilizado para investigar as causas dos acidentes sem buscar os culpados, 
mas sim encontrar os fatores que provocaram o mesmo, sendo muito 
utilizado na investigação de acidentes ocorridos nos setores secundários e 
terciários (MASSOCO, 2008, p. 7).
 saiba mais
Para conhecer melhor os setores primário, secundário e terciário, leia o 
artigo Setores da Economia, disponível em: <http://www.suapesquisa.com/
geografia/setores_economia.htm>. Acesso em: 2 out. 2012.
Leia, a seguir, o que diz Massoco (2008) a respeito do Método Árvore de Causas.
O Método Árvore de Causas foi criado no início dos anos 1970, pelo Institut National 
de Recherche et de Sécurité (INRS) na França. Ele surgiu através de pesquisas patrocinadas 
pela Comunidade Europeia do Carvão e Aço (Ceca) onde começaram os estudos buscando 
conhecimentos sobre fatores causais envolvidos na gênese dos acidentes de trabalho. 
Seus primeiros fundamentos foram apresentados no texto de Cuny e Krawsky de 1970 
intitulado Pratique de l’analyse d’accidents du travail dans la perspective sócio-technique 
de l’ergonomie dês systémes (Prática de análise de acidentes de trabalho na perspectiva 
sociotécnica da ergonomia de sistemas). Em 1983 a publicação dos fundamentos do 
método foi difundida internacionalmente pela Encyclopaedia of Occupational Health and 
Safety e, em meados dos anos 1980, torna-se de domínio público (BINDER, ALMEIDA e 
MONTEAU, 2000).
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No ano de 1994, texto publicado pelo Diário Oficial da União em 2 de janeiro torna 
obrigatório o uso do Método Árvore de Causas para investigação de acidente do trabalho 
pelos membros das Cipas (BRASIL, 1994). A nova redação propõe a mudança dos termos ato 
inseguro e condição insegura e a substituição da busca por culpados por identificação de 
fatores causais de acidentes.
A nova redação também propõe a concepção de que o acidente de trabalho não é um 
acontecimento de natureza monocausal, e sim, pluricausal, demonstrando um avanço em 
relação à investigação de acidentes.
[...]
Organização e análise dos dados
[...]
Os fatos habituais (o) são aqueles característicos da atividade efetuada pelo acidentando, 
configurando como rotineiros. Os fatos Variações (¡) são os que de alguma forma interferiram 
na rotina da atividade causando mudanças imprevistas que alteram o compasso de trabalho.
[...]
Construção da árvore
A representação do acidente [é] demonstrada através da construção da Árvore de Causas 
(ADC). A mesma [representa] a sequência gráfica e lógica do acidente. Sendo assim, para que 
ocorra a elaboração correta da árvore é necessário que as informações obtidas e a descrição 
do acidente sejam precisas, permitindo com isso sua reconstituição efetivamente real.
Para não ocorrerem erros de construção da árvore algumas configurações da mesma 
que podem ocorrer [...] são apresentados na Figura 4.
?
Figura 4 – Possibilidades de configuração da árvore
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No entanto, não devem existir configurações onde variações originem fatos habituais e 
formas habituais promovam variações. Para melhor exemplificar, observe a Figura 5.
Variação dando origem a uma 
foto habitual
Tudo ocorreu de forma habitual, não 
sugere variação
Dificilmente uma antecedente variação 
da origem a um fato habitual
Figura 5 – Configurações que não podem acontecer
Fonte:	Massoco	(2008,	p.	42;	44;	50‑2).
 saiba mais
Segurança, saúde e ergonomia é uma obra de Marta Wachowicz que 
aborda questões pertinentes à segurança e à saúde no trabalho.
O título está disponível na Biblioteca Virtual.
3.5 estudo de caso: acidente na empresa
Binder e Almeida (1997) apresentam o seguinte caso:
Sr. F., 40 anos, ajudante de limpeza da empresa há um ano e meio. Sua tarefa, 
realizada com o auxílio de um colega, consiste na retirada de tambores com resíduos e 
sucata em diversos setores da fábrica, habitualmente executada utilizando-se carreta 
tracionada por veículo motorizado (jipinho). Quando da ocorrência do acidente, o 
veículo estava em pane, aguardando conserto, há um mês. Por esta razão, vinha sendo 
utilizada	uma	carreta	reserva	com	as	seguintes	características:	2,40	m	de	comprimento;	
1,20	m	de	 largura;	0,91	m	de	altura;	quatro	rodas	com	0,20	m	de	diâmetro;	peso	de	
cerca de 100 kg (vazia) e tração manual. Deixada no pátio, sujeita a intempéries, tal 
carreta apresentava mau estado de conservação, com diversas equipes fazendo uso 
dela, sem designação de responsável e com manutenção genericamente atribuída aos 
ajudantes de limpeza.
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Utilizando diariamente a carreta reserva há um mês, o Sr. F. e seu colega (Sr. Y), na 
manhã do acidente, iniciaram sua reparação pela troca das laterais. Prevendo que, pela 
ação da chuva, a carreta poderia deteriorar rapidamente, Sr. F. havia decidido fixar tiras de 
plástico rígido na face superior das laterais, material esse previamente obtido por ele em 
tambores de lixo e cortado nas dimensões das partes a proteger. Não há prescrição sobre 
como executar esse tipo de conserto e tampouco provisão de materiais necessários. Não 
possuindo caixa de ferramentas, o Sr. F. apanha um martelo que encontra no lixo na manhã 
do dia do acidente.
Durante a jornada, iniciada às 7h, o Sr. F. e seu colega retiram o lixo até por volta de 16h, 
quando essa tarefa, realizada em duplas, é interrompida em virtude da ausência não suprida 
do Sr. Y., que vai ao dentista.
Alegando não gostar de parecer desocupado, Sr. F. retoma sozinho a reparação da carreta 
pela colocação das tiras de plástico na

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