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Ação Declaratória de Inexistência de Relação Tributária


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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA VARA _ DA COMARCA DE MURIAÉ-MG
CLUBE NACIONAL DE MURIAÉ-MG, pessoa jurídica de direito privado, com sede na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), (Estado), inscrita no CNPJ/MF sob o n.º xxxxxxx, e com inscrição Estadual nº xxxxxxx, representada por (Nome), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), residente e domiciliado na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), (Estado), por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, instrumento de mandato incluso (Doc), com escritório profissional localizado na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), (Estado), onde de acordo com o artigo 39, inciso I, do Código de Processo Civil receberá as intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos termos dos artigos 4.º, I c/c os artigos 273 e 282 do Código de Processo Civil, propor a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICO TRIBUTÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA 
em face do ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº de xxxxxx, com sede na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), de acordo com as razões de fato e direito a seguir dispostas.
1. Dos Fatos: 
	
Em 04 de junho de 2008, a ré editou a Lei n.º 123, de 4 de junho de 2008, estabelecendo o pagamento de taxa pela prestação do serviço de segurança pública em estádios de futebol (eventos esportivos). Tendo a lei entrado em vigor 90 dias após sua publicação, os dirigentes do Nacional de Muriaé - MG, clube de futebol sediado no Estado de Minas Gerais, consideram ilegal a cobrança dessa taxa, cujo valor corresponde a 30% do valor do bilhete de entrada.
2. Dos Fundamentos: 
2.1. Da inconstitucionalidade da taxa de serviço público de segurança:
A Constituição Federal, em seu artigo 144, dispõem que o serviço público de segurança pública, é dever do Estado, devendo ser prestado em favor de toda a sociedade, de modo indistinto, não havendo meios de se individualizar àqueles que se beneficiarão ou utilizarão do serviço em questão.
No que concerne ao Código Tributário Nacional, este torna inviável a cobrança de taxas referentes ao serviço público, quando não se preencher os requisitos delimitados em seu artigo 79, quais sejam: 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
Ademais, urge ressaltar que em consonância com o disposto em lei e na jurisprudência, não é cabível a cobrança de taxa pela prestação do serviço de segurança pública, prestado em eventos esportivos:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO CAUTELAR. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. TAXA PARA REALIZAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE SEGURANÇA PÚBLICA EM ESTÁDIOS DE FUTEBOL (EVENTOS ESPORTIVOS). LEI ESTADUAL Nº 8.109/85. ILEGALIDADE. 2. RECURSO ADESIVO. AUSÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. NÃO-CONHECIMENTO. ARTIGO 500, DO CPC. O serviço de segurança pública, prestado em eventos esportivos, não constitui serviço público específico e divisível que possibilite a cobrança de taxa. O recurso adesivo pode ser conhecido somente nas hipóteses de sucumbência recíproca. Artigo 500 do CPC. APELO PROVIDO E NÃOCONHECIDO O RECURSO ADESIVO, POR MAIORIA”. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70024565590, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Arno Werlang, Julgado em 12/11/2008). (grifo nosso)
O STF, por sua vez, no julgamento da ADI 2424/8 considerou a taxa de segurança pública inconstitucional, delimitando que a segurança pública deveria ser custeada pela receita dos impostos e não por meio de taxas, visto que ela não poderia ser fracionada, característica constitucional para o recolhimento de taxas. 
Por fim, urge esclarecer que a Lei nº 123 de 04/06/2008, está contrariando preceito constitucional da anterioridade no que tange ao exercício financeiro. Desta feita, só poderia ser cobrada, caso entendesse o juízo ser legal a cobrança da taxa de segurança pública, a partir do ano de 2009 e não 90 dias após a publicação da referida norma. 
2.2. Da tutela antecipada: 
Segundo o Código de Processo Civil, em seu artigo 300, a tutela de urgência será proferida quando preenchidos os requisitos da probabilidade do direito; perigo de dano ao resultado do processo e a ausência de risco de irreversibilidade da decisão. 
A probabilidade do direito resta demonstrada através da inconstitucionalidade da cobrança da taxa de serviço público de segurança. 
Em relação ao perigo de dano irreparável, este advém da obrigação do pagamento do tributo indevido por parte do Autor, sob pena de inscrição da dívida ativa e possível penhora dos bens
Sobre o perigo de irreversibilidade da tutela, a revogação da medida é amplamente cabível sem qualquer prejuízo, assim não há de se falar em prejuízos, caso o juízo se convença do contrário no curso da ação.
Assim, constatada a plausibilidade do direito e o risco de lesão grave ou difícil reparação, o Autor faz jus ao deferimento da tutela de urgência. 
Diante de todo o exposto, requer a suspensão da contribuição de tal taxa, não podendo o ente público fazer qualquer tipo de cobrança ou inseri-lo em dívida ativa. 
3. Dos Pedidos:
Diante de todo o exposto, o Autor requer:
a) Deferimento da tutela provisória de urgência para suspender a exigibilidade da taxa de segurança pública;
b) Intimação pessoal do representante da Fazenda Pública Estadual para, se quiser, contestar a presente demanda;
c) Designação de audiência de conciliação; 
d) Procedência da ação, confirmando a tutela provisória e declarando inexistência da obrigação tributária;
e) Condenação da parte ré ao pagamento advocatícios e custas processuais, de acordo com o artigo 85 do CPC;
f) Produção de prova por todos os meios de direito admitidos, com os quais o autor pretende demonstrar a veracidade dos fatos alegados, de acordo com o artigo 319, inc. VI do CPC.
Valor da causa R$___________.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
Muriaé, ___ de _____ de _______.
Advogado 
OAB nº