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MEDIAÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA NA 
FAMÍLIA E INSTITUIÇÕES 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Arthur Silva Araújo 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, discutiremos os principais conceitos de desenvolvimento 
humano, principalmente os de Gardner sobre as inteligências múltiplas, e 
estratégias de intervenção. Para tanto, os nossos objetivos são: 
• Entender os principais conceitos e contribuições do humanismo a respeito 
do desenvolvimento de potenciais; 
• Entender os principais conceitos de Gardner sobre as inteligências 
múltiplas: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-
cinestésica, intrapessoal, interpessoal e naturalista; 
• Entender os principais conceitos e contribuições da teoria histórico-
cultural a respeito do desenvolvimento de potenciais; 
• Entender a importância e as estratégias para reconhecer e avaliar os seus 
próprios sentimentos e os do outro, assim como a capacidade de lidar com 
as emoções; 
• Entender os principais conceitos de coaching, que podem ser utilizados 
pelo professor no processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. 
Assim, nesta aula estudaremos sobre o desenvolvimento humano e suas 
inteligências múltiplas como conceito de potencialidades da prática na educação 
e estratégias de intervenção. 
TEMA 1 – CONTRIBUIÇÕES DO HUMANISMO 
O desenvolvimento humano tem usado terapias humanísticas para 
estimular a aprendizagem integrada ao desenvolvimento, com o intuito de evitar 
enfermidades e distúrbios psíquicos. 
O homem “surge então como um questionamento, uma procura pelo 
sentido de ser deste homem. É um esforço contínuo pela compreensão de sua 
totalidade, pela sua consideração integral" (Holanda, 1998, p. 21). 
Conforme o conceito humanístico, o indivíduo é mirado como um ser que 
busca diretamente o entendimento para os fenômenos de forma integral. O ser 
humano é completo e possui sua mente, corpo, espírito e emoções, que tornam 
a psique do homem saudável em um ser adaptável e bom. Tendo em vista a 
autorrealização, ele tem a capacidade de 
 
 
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"atuar seguindo convicções e princípios pessoais, que em si mesmo, 
são geradores de subjetivação, e não expressão de forças ocultas". 
(González Rey, 2003, p. 59) 
 O indivíduo como um todo possui a força de vontade de seguir e se 
autorrealizar conforme a sua desenvoltura. Assim, a abordagem terapêutica 
intenta uma formação na qual o indivíduo possua suprema responsabilidade 
para com o seu tratamento e conduta social. 
TEMA 2 – CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 
As inteligências são conceitos e capacidades que o sujeito possui em suas 
determinadas habilidades profissionais. Antunes (2000, p. 15) afirma “que a 
inteligência de um indivíduo é produto de uma carga genética que vai muito além 
da de seus avós, mas que pode ser alterada com estímulos ao desenvolvimento 
humano”. Estudaremos a seguir as inteligências múltiplas, divididas entre: 
Figura 1 – Inteligências múltiplas 
 
Fonte: <https://cesvale.edu.br/wp-content/uploads/2017/01/8_Inteligencias.png>. 
 
 
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2.1 Inteligência linguística 
A capacidade de utilizar as palavras como símbolos e códigos linguísticos 
pode ser efetivada oralmente ou por escrito. É a capacidade do sujeito de 
interpretar, guardar e aplicá-los de forma criativa. 
Pelo uso da palavra é possível que, com esta inteligência, indivíduos 
sejam comunicadores positivos e que tenham facilidade em aprender outros 
idiomas, como a língua inglesa, espanhola, entre outras. 
Seguem alguns profissionais que, ao comunicarem, trabalham a 
inteligência linguística no dia a dia: 
• Advogados (interpretação jurídica); 
• Jornalistas (informação noticiada); 
• Professores (transmissão de informação); 
• Poetas, escritores, oradores e demais profissionais que têm facilidade de 
aprender e expressar significados complexos. 
2.2 Inteligência lógico-matemática 
Conforme Armstrong (2001, p. 16), a inteligência lógico-matemática está 
relacionada com a “capacidade de discernir padrões lógicos ou numéricos, 
capacidade de lidar com longas cadeias de raciocínio”. 
Profissionais e estudantes que possuem tal inteligência são hábeis em 
enxergar problemas matemáticos e entender raciocínios computacionais. As 
ciências exatas costumam envolver pensamentos metódicos, dedutivos e lógicos 
para resolver problemas. 
Algumas competências são detectáveis nesta inteligência: 
• Ter facilidade em realizar cálculos dos mais diversos tipos e conceitos; 
• Utilizar a lógica para resolver problemas do dia a dia ou apresentados; 
• Detectar, compreender e utilizar padrões matemáticos e deduções 
lógicas; 
• Ter agilidade, inclinação e capacidade de realizar equações. 
Algumas atividades podem ser resolvidas com facilidade com o 
pensamento lógico abstrato, tais como: 
 
 
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• Sudoku e xadrez (praticar pensamento lógico-matemático para conseguir 
chegar a um resultado eficaz); 
• Quebra-cabeças (desenvolver agilidade na forma do pensar e raciocinar 
sobre a possível imagem); 
• Entre outras, como analogias, pesquisas, classificações de informações e 
atividades que levem ao aprendizado do pensamento lógico e à 
construção de um modo de pensar mediante a avaliação linguística e 
interpretação de enunciados de problemas propostos nas atividades. 
2.3 Inteligência espacial 
Esta inteligência tem a ver com o uso no dia a dia de mapas, gráficos, 
gráficos estatísticos, desenhos, entre outros, que exigem a habilidade de 
imaginação e interpretação da tridimensionalidade. 
De acordo com Campbell et al.; (2000. p. 102), a inteligência espacial 
“inclui uma série de habilidades relacionadas, como discriminação 
visual, reconhecimento, projeção, imagens mentais [...] Embora a 
visualização seja fundamental para a inteligência espacial, não está 
diretamente relacionada à visão e, na verdade, pode ser extremamente 
desenvolvida nos cegos”. 
Nesse contexto, profissionais que se destacam são os artistas, arquitetos, 
caçadores, jogadores, navegadores e todos aqueles que usam o mundo visual 
para manipular as imagens, como um processo e forma de habilidades com a 
área gráfica e seus adereços. 
2.4 Inteligência musical 
Para Armstrong (2001, p. 14), a inteligência musical é a “capacidade de 
produzir e apreciar ritmos, tom, timbre, apreciação das formas de expressividade 
musical”. 
Poucos são os indivíduos que possuem prática, inteligência e construção 
mental para atuar e distinguir sons e formas musicais, assim como talento para 
ler partituras, tocar instrumentos musicais, facilidades em encontrar o tom de 
voz, entre outros. 
 
 
 
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2.5 Inteligência corporal-cinestésica 
A inteligência corporal-cinestésica é notável em sujeitos que possuem 
habilidades integradas ao corpo e à mente, precisão ao utilizar objetos, seja com 
o corpo inteiro ou parte dele. Por meio de técnicas, movimentos corporais, 
integração entre corpo e mente, é possível expressar o que se sente. 
As habilidades da inteligência corporal-cinestésica são a flexibilidade, o 
equilíbrio, a coordenação, a velocidade, a força, a destreza, além de 
capacidades próprias como a técnica. (Armstrong, 2001, p. 14) 
Outros profissionais que utilizam o corpo, a mente, as técnicas, os 
movimentos são jogadores, médicos, cirurgiões, atletas, artistas, mecânicos, 
atores, entre outros. 
2.6 Inteligência intrapessoal 
A inteligência intrapessoal pode ser desenvolvida “a partir de uma 
combinação de hereditariedade, ambiente e experiência” (Campbell et al, 2000, 
p. 178). É pela autoestima, do próprio respeito, e da aceitação que o sujeito 
sente e vê seus limites e potencialidade. Ser otimista é crucial nesta inteligência, 
respeitando, assim, morais e valores. 
Profissionais que possuem essa inteligência são os filósofos, psicólogos, 
religiosos, coaches e demais profissionais que possuem qualidades, defeitos, 
vontades e utilizam conhecimentos próprios para direcionara própria vida diante 
de sua condição humana e crenças instruídas. 
2.7 Inteligência interpessoal 
Esta inteligência é representada pelo acesso, a habilidade, a facilidade o 
sentimento de pessoas que possuem sociabilidade com todos, que ajudam a 
quem precisa e fazem novas amizades com facilidade e possuem comunicação 
atraente em suas formas de transmitir informações por meio da linguagem. 
Profissionais que possuem a inteligência interpessoal são professores, 
religiosos, vendedores, gerentes e todos aqueles que usam a linguagem para 
aproximar os sujeitos. 
 
 
 
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2.8 Inteligência naturalista 
Esta inteligência está presente naqueles que gostam da natureza e 
apreciam a conexão com o mundo animal e vegetal. São pessoas que possuem 
habilidades de falar com plantas e animais no geral, que compreendem a relação 
entre elementos e fenômenos da natureza. É possível identificar tal inteligência 
entre profissionais como agrônomos, biólogos, chefes de cozinha, botânicos, 
paisagistas, fazendeiros, entre outros. 
TEMA 3 – CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL 
Vigotski busca 
“caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e 
elaborar hipóteses de como essas características se formaram ao 
longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida 
de um indivíduo”. (2002, p. 25) 
Na visão de Vigotski (2001), o desenvolver do pensamento tem uma 
relação de integridade com os conhecimentos. Abrantes e Martins (2006, p. 73) 
completam que a psicologia histórico-cultural trabalha diretamente na promoção 
do desenvolvimento intelectual do sujeito: “não pode partir da perspectiva de que 
primeiro se deve desenvolver capacidades do pensamento esvaziado de 
conteúdos para que em seguida, com o pensamento desenvolvido até um 
determinado nível, se efetivar aprendizagens”. 
Nesta linha de raciocínio sobre a teoria histórico-cultural, conforme 
Pimentel (2007, p. 228) informa, 
“o jogo é a atividade principal da criança pré-escolar, ou seja, é o 
mediador por excelência das principais transformações que definem 
seu desenvolvimento”. 
TEMA 4 – A IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 
A inteligência emocional é um conceito que descreve a capacidade de 
reconhecer uma pessoa, controlar e avaliar os sentimentos pessoais. Assim 
como o trabalho em uma área da psicologia em que se trabalha o emocional 
como uma capacidade do indivíduo em compreender e administrar suas próprias 
emoções e filosofias, também é preciso aprender a controlar os sentimentos e 
emoções das pessoas ao seu redor. 
 
 
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Quadro 1 – Modelo das quatro componentes da inteligência emocional 
 
Fonte: Adaptado de Mayer e Salovey (1997, citado por Bueno e Primi, 2003) 
Para Bar-On (1997, p. 14), a inteligência emocional é “uma gama de 
aptidões, competências e habilidades não-cognitivas que influenciam a 
capacidade do indivíduo de lidar com as demandas e pressões do ambiente”. 
Assim, a inteligência emocional, presente em níveis mais elevados em 
algumas pessoas, atua de forma flexível e pode ser aprimorada com a prática e 
treinamentos comportamentais. Ela também ajuda a desenvolver autoestima e 
criar autoconfiança tendo em vista melhorar a comunicação e o desempenho no 
dia a dia. A autoconsciência é um fator importante e pode ser trabalhada a 
qualquer momento ao saber lidar com as emoções profissionais e diferentes 
tipos de personalidades. “A capacidade de se relacionar, de falar e ser ouvido, 
de sentir-se à vontade consigo mesmo são características cruciais” (citado por 
Goleman, 1998). 
 
 
 
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Quadro 2 – Habilidades da inteligência emocional 
 
Fonte: Goleman, 1995. 
O quadro acima mostra as habilidades da inteligência emocional, com 
suas práticas direcionadas e organizadas no dia a dia. 
Autocontroles podem sinalizar 
“a habilidade para controlar os sentimentos e emoções em si mesmo e 
nos demais, discriminar entre elas e usar essa informação para guiar 
as ações e os pensamentos”. (Mayer; DiPaolo; Salovey, 1990, p. 189) 
TEMA 5 – CONCEITOS DE COACHING APLICADOS AO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO 
O coaching é dividido entre dois sujeitos: o coach, profissional que está à 
frente do método e da técnica, e o coachee, sujeito que passa pelo processo do 
método. Ambos reorganizam os objetivos, pontos positivos e as metas para 
chegarem ao sucesso sonhado. 
Alguns profissionais do coaching relatam que 
 
 
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“enquanto as empresas querem usar coaching para desenvolver 
líderes, os líderes também veem o coaching como uma ferramenta 
para ressaltar suas carreiras individuais”. (Underhill; Mc Anally; Koriath, 
2010, p. 42) 
Contudo, o coaching e os seus processos tornam-se uma prática do 
desenvolvimento humano (Sinclair, 1994; Underhill et al., 2010). 
NA PRÁTICA 
Para a prática desta aula, reveja e pesquise sobre o desenvolvimento 
humano e suas inteligências. 
Como um profissional em formação, reflita sobre suas inteligências 
múltiplas. Qual a sua inteligência? Qual seu nível de inteligência emocional? 
Você se considera um(a) coach? 
FINALIZANDO 
Nesta aula, levando em conta contribuições humanísticas, conversamos 
sobre o desenvolvimento do potencial humano e suas inteligências múltiplas. 
Vimos quais são as inteligências, seus processos, funções e profissionais de 
cada uma delas. 
Abordamos a teoria histórico-cultural como um processo de respeito ao 
desenvolvimento e as estratégias que uma pessoa usa para reconhecer e avaliar 
seus próprios sentimentos, como informa a teoria da inteligência emocional. 
Por fim, falamos sobre o conceito de coaching aplicado ao 
desenvolvimento humano e o questionamento sobre quem você é: coach ou 
coachee. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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