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Finanças e Controle de Custos Nestor Alberto Rancich Filho FInanças e Controle de Custos Esta obra trata de uma área da gestão financeira denominada finanças e controle de custos. As finanças de curto prazo, que corresponde à gestão dos ativos circulantes e passivos circulantes, é uma das atividades mais importantes e mais intensas do administrador financeiro. O objetivo das finanças e controle de custos nas organizações consiste em gerenciar, adequadamente todos os gastos, custos ou despesas bem como , cada ativo circulante (caixa e aplicações financeiras, contas a rece- ber e estoques) , cada passivo circulante (dívidas com os fornecedores, com os bancos, tributos, impostos etc.) de maneira a obter lucro na operação e manter o equilíbrio financeiro da empresa na relação rentabilidade-risco, que contribua positivamente com o valor da empresa. A obra foi dividida em dez capítulos, desenvolvendo-se os temas em uma ordem lógica e ordenada. Os primeiros dois capítulos tratam da fun- ção financeira nas empresas e dos sistemas financeiros empresariais de decisões de investimento, decisões operacionais e decisões de financia- mento. Do capítulo três ao sete, apresenta-se a gestão do fluxo de caixa e o dimensionamento do capital de giro. Os últimos dois capítulos tratam de conteúdos sob o enfoque estratégico da gestão de custos nas organizações Ao final de cada capítulo, o aluno encontrará atividades para exercitar sua aprendizagem e, no final da obra, referências bibliográficas para leitu- ras complementares. Introdução Nestor Alberto Rancich Filho Nestor Alberto Rancich Filho é natural da cidade de Rio Grande, RS. Cursou a graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Fe- deral do Rio Grande do Sul – UFRGS (1971); o curso de pós-graduação em Pedagogia pela Universidade Luterana do Brasil – Ulbra (1983); e o doutorado em Administração e Ciências Empresariais pela Universidade de Leon, na Espanha (2002). Possui mais de 30 anos de experiência pro- fissional, cujo início deu-se na função de técnico, tornando-se, mais tarde, gerente, tendo alcançado a posição de diretor – nas áreas de materiais, de produção e financeira. Trabalhou nas empresas Varig (1969-1973), Grupo Gerdau (1974-1976) e Aeromot (1976-2005), todas localizadas na cidade de Porto Alegre, RS. É professor da Ulbra desde 1981, lecionando disciplinas dos cursos de Administração, Engenharias, Tecnológicos e Pós Graduação nas áreas de materiais, produção, logística, custos e finanças. Atualmente, além de exercer a docência, é consultor de pequenas e médias empresas nas áreas de seu conhecimento. Sobre o Autor 1 As Finanças nas Organizações ..............................................1 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais..................18 3 Fluxo de Caixa da Empresa .................................................32 4 Planejamento Financeiro ....................................................52 5 Análise das Relações Entre Custo, Volume e Lucro ...............................................................................77 6 Administração do Capital de Giro .......................................89 7 Ciclo das Atividades e Determinação do Saldo Mínimo de Caixa ..............................................................108 8 Concessão de Crédito .......................................................125 9 Gestão de Custos, Análise de Valor, Custo Meta e Custo Total de Posse ......................................................144 10 Teoria das Restrições Aplicada na Gestão de Custos .........................................................................165 Sumário As Finanças nas Organizações ÂÂNeste capítulo, vamos apresentar a importância das fi-nanças nas organizações, sua área de abrangência e seus principais objetivos. Veremos também a contabilida- de como instrumento de análise e acompanhamento para o administrador financeiro, bem como as possibilidades de controle estabelecidas a partir dos relatórios contábeis. Nestor Alberto Rancich Filho Capítulo 1 2 FInanças e controle de custos Quando uma empresa é constituída, o propósito de seus acionistas é a obtenção de lucros para a maximização de sua riqueza. Com esse objetivo, torna-se necessário o acompa- nhamento e o controle das atividades empresariais, permitindo garantir que as receitas obtidas com as operações sejam sufi- cientes para cobrir todos os custos e as despesas incorridas e gerar lucro. A área financeira responde pela gestão de todos os recur- sos financeiros movimentados na empresa, desde sua capta- ção para o financiamento das atividades empresariais até a formulação de uma estratégia voltada para garantir o melhor aproveitamento desses recursos. Desse modo, a administração financeira é dividida em duas partes:  administração financeira de curto prazo; e  administração financeira de longo prazo. A administração financeira de curto prazo se preocupa com a captação e a aplicação de fundos nas atividades correntes da empresa, ou seja, com a gestão do capital de giro, a po- lítica dos estoques, dos valores a receber, dos fornecedores e empréstimos de curto prazo. A administração financeira de longo prazo busca a capta- ção de recursos para o financiamento dos projetos de investi- mento da empresa, permitindo que ela possa crescer de forma consistente e de acordo com o objetivo maior do proprietário: a maximização de sua riqueza. Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 3 1.1 Importância da contabilidade para a administração financeira Os administradores financeiros se valem dos instrumentos contábeis para auxiliar em suas decisões. Dessa forma, temos como principais peças de análise o balanço patrimonial (BP), o demonstrativo de resultado do exercício (DRE), o demonstrativo das origens e aplicações de recursos (DOAR), o demonstrativo das mutações do patrimônio líquido (DMPL) e o demonstrativo dos fluxos de caixa (DFC). A análise dessas demonstrações permite uma série de infor- mações sobre a captação e a alocação dos recursos financei- ros nas empresas, sua rentabilidade, política de investimentos e de capital de giro, rentabilidade e lucratividade, além de permitir uma avaliação do possível comportamento da empre- sa nos próximos exercícios. A contabilidade também auxilia na separação entre a ad- ministração financeira de curto e de longo prazo. No curto prazo, temos as contas do ativo e do passivo circulante. Já a administração financeira de longo prazo trata do realizável e exigível a longo prazo, do permanente e do patrimônio líquido. Assim, o gestor financeiro será o responsável pela busca dos recursos financeiros necessários às atividades empresariais e sua correta alocação, de forma a garantir o retorno para os acionistas da empresa. 4 FInanças e controle de custos 1.2 Balanço Patrimonial (BP) É uma das principais demonstrações financeiras, refletindo a situação patrimonial da empresa no momento de apuração, ou seja, na data de fechamento do balanço. O BALANÇO PATRIMONIAL é composto por duas colu- nas: no lado direito temos o passivo, formado pelas dívidas e pelo PATRIMÔNIO LÍQUIDO; no lado esquerdo temos o ativo, formado pelos bens e direitos, conforme exemplificamos no Quadro 1.1. ATIVO PASSIVO CIRCULANTE Disponibilidades Direitos realizáveis no curso do exercício social Despesas do exercício seguinte REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Direitos realizáveis após término do exercício social corrente Direitos realizáveis com partes relacionadas NÃO CIRCULANTE Investimentos Imobilizado Diferido CIRCULANTE Obrigações com terceiros no curto prazo EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Obrigações com terceiros no longo prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital social Reservas de capital Reservas de reavaliação Reservas de lucro Lucros ou prejuízos acumulados Quadro 1.1 Estrutura do Balanço Patrimonial Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 5 Ativo É formado pelos bens e direitos da empresa, ou seja ondeestão aplicados os recursos financeiros, tendo como critério de disposição das contas o grau de liquidez em ordem decres- cente dos elementos nelas registrados nas mesmas, ou seja, a possibilidade de conversão em dinheiro desses elementos, dos itens de maior para os itens de menor liquidez. Exemplo: a conta Caixa, que representa o próprio dinheiro em tesouraria, é a primeira conta do ativo circulante e os estoques de menor liquidez, a ultim. O Ativo divide-se em: ativo circulante, ativo realizável a longo prazo e ativo não circulante ou permanente. O ATIVO CIRCULANTE é composto por três subgrupos:  Disponibilidades – Elementos do ativo que represen- tam fundos (dinheiro) ou que nele podem ser converti- dos imediatamente, podendo ser utilizáveis como meios de pagamento. Como exemplo temos as contas caixa, bancos, conta movimento e aplicações financeiras de liquidez imediata.  Direitos realizáveis no curso do exercício social (des- pesas pagas antecipadamente) – Refere-se ao exercício subsequente e às aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; são os direitos da empresa sobre determinados créditos ou bens, como, por exemplo: es- toques, clientes e impostos a recuperar.  Despesas do exercício seguinte – São as despesas pagas antecipadamente, referentes às obrigações do exercício seguinte. Como exemplo temos a conta de se- guros. O prêmio pago pela empresa para garantir inde- 6 FInanças e controle de custos nizações futuras, quando corresponder a períodos de exercício subsequente, será uma despesa antecipada, classificada dentro do ativo circulante. O ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO é composto por dois subgrupos:  direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, como aplicações financeiras de longo prazo;  direitos realizáveis provenientes de vendas, adiantamen- tos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controla- das, diretores (administradores em geral), acionistas ou participantes no lucro da empresa, que não constituírem negócios usuais na exploração da atividade da empre- sa. Como exemplo, podemos ter um empréstimo reali- zado a um diretor da empresa. O ATIVO NÃO CIRCULANTE também conhecido como Permanente é composto por três subgrupos:  Investimentos – São as participações com caráter per- manente em outras sociedades ou outros direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulan- te, e que não se destinem à manutenção da atividade da empresa. Como exemplo, podemos citar a participação da empresa no capital de uma controlada ou coligada.  Imobilizado – É representado pelos recursos aplicados em bens utilizados na atividade da empresa, mas cujos fins não se voltam à comercialização ou à incorporação Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 7 de produtos fabricados para a venda. Como exemplo temos as instalações da empresa, veículos, terrenos etc.  Diferido – É representado pelas aplicações de recursos em despesas que contribuam para a formação do resul- tado de mais de um exercício social, ou seja, despesas já incorridas, mas correspondentes a receitas ainda não realizadas. Um exemplo dessa situação ocorre nas des- pesas com pessoal para desenvolvimento de um softwa- re, que somente irá gerar receitas com as vendas após a sua conclusão. Passivo É formado pelas obrigações da empresa, com terceiros e com os acionistas, ou seja as fontes dos recursos finaneiros. Embora sem obrigatoriedade legal, por analogia ao ATIVO, o PASSIVO tem como critério de disposição das contas o grau de exigibilidade, em ordem decrescente, dos elementos regis- trados nas mesmas, ou seja, o vencimento da obrigação. Por esse critério, aparecem primeiramente as contas que tenham o vencimento mais próximo. O PASSIVO divide-se em:  passivo circulante;  passivo exigível a longo prazo;  resultados de exercícios futuros; e  patrimônio líquido. Nas obrigações com terceiros, formadas pelo PASSIVO CIRCULANTE e pelo PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO, a divisão ocorre em função do prazo de vencimento das dívi- 8 FInanças e controle de custos das, ou seja, as obrigações com vencimento no exercício sub- sequente ao encerramento do balanço classificam-se como de curto prazo, no PASSIVO CIRCULANTE. As demais obriga- ções com terceiros são classificadas no EXIGÍVEL A LONGO PRAZO. Nos RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS são classifi- cadas as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e das despesas a elas correspondentes. O critério mais utilizado pela doutrina contábil para a classificação dessa conta tem sido o de receitas antecipadas que afetarão exercícios futuros, sobre as quais não pese nenhuma obrigatoriedade futura de entrega de bens ou serviços ou de devolução do valor pela empresa. Como exemplo, podemos citar o recebimento ante- cipado de receita de aluguel, estabelecendo em contrato que em nenhuma hipótese haverá restituição do valor recebido. O PATRIMÔNIO LÍQUIDO é dividido em:  Capital social – Representa o capital da empresa.  Reservas de capital – Representam receitas que não transitam pelo resultado do exercício, como o ágio na emissão de ações e o prêmio recebido na emissão de debêntures.  Reservas de reavaliação – Classificam-se como reser- vas de reavaliação as contrapartidas de aumentos de valor que se atribuem a elementos do ativo, em virtude de novas avaliações, com base em parecer aprovado por uma assembleia geral. Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 9  Reservas de lucros – representam uma destinação do lucro e são calculadas com base no lucro líquido do exercício. São subdivididas em reserva legal, reser- vas estatutárias, reservas para contingências, reserva para retenção de lucros, reserva de lucros a realizar e reserva especial para dividendos obrigatórios não distribuídos.  Lucros ou prejuízos acumulados – Representam uma parcela dos lucros ou prejuízos da empresa acumulados ao longo de diversos exercícios. 1.3 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A DRE reflete os resultados obtidos pela empresa em um de- terminado período de tempo, ou seja, se está tendo lucro ou não em seus negócios. Podemos considerar a DRE como sendo a exposição ordenada das receitas realizadas e das despesas incorridas no exercício, registradas de acordo com o princípio da competência, ou seja, registradas no período em que ocorreram. Ao fim do exercício social, as contas de resultado têm os saldos encerrados, fazendo com que os saldos destas não se- jam afetados por receitas e despesas de períodos anteriores. Dessa forma, o resultado corresponde exclusivamente às re- ceitas e às despesas do exercício social encerrado. A seguir apresentamos uma estrutura-padrão de DRE. 10 FInanças e controle de custos RECEITA BRUTA DAS VENDAS E SERVIÇOS 100 (–) Deduções da receita bruta das vendas e serviços (devoluções de vendas, abatimentos, tributos incidentes sobre as vendas) 5 (=) Receita líquida das vendas e serviços 95 (–) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados 45 (=) LUCRO BRUTO 50 (–) Despesas operacionais (despesas com vendas, despesas financeiras, deduzidas das receitas financeiras, despesas gerais e administrativas, outras despesas operacionais) 20 (+) Outras receitas operacionais 5 (=) Lucro ou prejuízo operacional líquido 35 (+) ou (–) resultados não operacionais 5 (–) Despesa com provisão para a contribuição social sobre o lucro 3 (=) Resultado antes do Imposto de Renda 37 (–) Despesa com provisão para o Imposto de Renda 11 (–) Participações (de debenturistas, empregados, administradores, titulares de partes beneficiárias, contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados) 6 (=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 5 LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO POR AÇÃO. (1.000 AÇOES) 0,005 Quadro 1.2 Estrutura da demonstração do resultado do exercício – DRE Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 11 1.4 Demonstração das origens e aplicaçõesde recursos (DOAR) Outra importante demonstração financeira fornecida pela contabilidade é a DOAR, que nos permite ter conhecimento da situação de curto prazo da empresa, tornando possível ava- liar a capacidade de pagamento das obrigações circulantes da empresa, além de expor a política de financiamentos e in- vestimentos de recursos não circulantes. Essa demonstração evidencia as variações ocorridas no capital circulante líquido durante o exercício. Em capítulos posteriores, abordaremos mais especifica- mente o conceito de CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO. ORIGENS DE RECURSOS Lucro líquido do exercício + Despesas com depreciação, amortização e exaustão. + ou (–) Outras receitas e despesas que não afetam o Capital Circulante Líquido (CCL) + ou (–) Variações nos resultados de exercícios futuros + ou (–) Ajustes de exercícios anteriores que afetam o CCL = Total das origens geradas pelas operações da empresa + Realização do capital social + Contribuições para reservas de capital + Recursos de terceiros, originários: do aumento do passivo exigível a longo prazo da redução do ativo realizável a longo prazo da alienação de investimentos permanentes da alienação de direitos do ativo imobilizado = Total das origens de recursos 12 FInanças e controle de custos APLICAÇÕES DE RECURSOS Dividendos distribuídos + Aquisição de direitos do imobilizado + Aumento do ativo realizável a longo prazo + Aumento dos investimentos permanentes + Aumento do ativo diferido + Redução do passivo exigível a longo prazo = Total das aplicações de recursos Excesso ou insuficiência das origens sobre as aplicações Total das origens de recursos (Total das aplicações de recursos) Aumento ou redução do CCL Quadro 1.3 Estrutura da DOAR 1.5 Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) A DMPL expõe as variações ocorridas durante o exercício, em todas as contas do patrimônio líquido, inclusive na conta Lu- cros ou Prejuízos Acumulados, sendo mais abrangente que a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). Além disso, a DMPL deve indicar o montante do dividendo por ação do capital social, discriminando a parcela de dividendo das ações ordinárias e preferenciais, inclusive por classe de ações, se for o caso. O dividendo é a parcela do lucro a ser paga aos acionistas. No caso do lucro ou prejuízo líquido, é expresso na DRE. Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 13 Como exemplo, apresentamos no Quadro 1.4, a seguir, uma possível estrutura da DMPL. Ca pi ta l r ea liz ad o Re se rv a de ca pi ta l Re se rv a de re av al ia çã o Re se rv as d e luc ro s Lu cro s ac um ula do s Aç õe s t es ou ra ria To ta l - P at rim ôn io lí qu id o Saldos em 32/12/XXX0 Aumento de capital mediante novas subscrições com lucros e reservas Lucro líquido do Exercício Proposta de destinação dos lucros transferências para reservas legal estatutária para contingências para plano de expansão de lucros a realizar juros a pagar sem o capital próprio dividendos a pagar 14 FInanças e controle de custos Reversões de reservas para contingências de lucros a realizar Parcela realizada da res. reavaliação Ajustes de exercícios anteriores mudança de critério contábil retificação de erro de exercícios anteriores Saldos em 31/12/XXX1 Quadro 1.4 Estrutura da DMPL 1.6 Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) A DFC mostra as variações ocorridas nas disponibilidades da empresa, em um determinado exercício ou período, por meio da exposição dos fluxos de recebimentos e pagamentos. Além das variações ocorridas no saldo da conta caixa, a DFC deve apresentar as alterações sofridas pelas demais disponibilida- des, inclusive a conta banco, conta movimento e os investi- mentos de elevada liquidez. A DFC pode ser elaborada levando-se em conta a movi- mentação ocorrida nas disponibilidades, todas as contas que tenham tido pagamentos ou recebimentos durante o período de apuração da DFC. Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 15 A DFC é dividida em fluxos das atividades operacionais, atividades de financiamentos e atividades de investimentos, conforme é apresentado no Quadro 1.5. ATIVIDADES OPERACIONAIS Recebimentos Pagamentos Pagamentos de clientes De fornecedores Recebimentos de juros e dividendos De despesas operacionais e antecipadas Outros recebimentos De salários, encargos sociais e benefícios. De impostos e contribuições Outros pagamentos ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS Da realização de capital (novo sócio, subscrição de novas ações) De parcelas de empréstimos e financiamentos (principal mais juros) De empréstimos e financiamentos Outros pagamentos de financiamentos ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS De empréstimos e financiamentos concedidos De investimentos em bens imobilizados e do permanente Do resgate de investimentos temporários De bens do diferido Vendas de bens imobilizados e do permanente Saldo inicial menos saldo final das disponibilidades Quadro 1.5 Estrutura da DFC 16 FInanças e controle de custos Atividades 1) Descreva as principais funções e atribuições de um adminis- trador financeiro. 2) Qual a contribuição da contabilidade empresarial ao admi- nistrador financeiro? 3) Como são classificados os ativos e os passivos de uma em- presa e qual a diferença que pode existir entre seus valores relativos relacionados a uma indústria fabricante de pro- dutos e ao comércio? 4) Qual é o objetivo do administrador financeiro na avaliação e na análise da DRE de uma empresa em determinado período? 5) Qual é o objetivo do administrador financeiro na avaliação e análise da DFC de uma empresa em determinado período? GABARITO 1. O administrador financeiro responde pela gestão de todos os recursos financeiros, de curto e longo prazo, movimen- tados na empresa, desde sua captação para o financia- mento das atividades empresariais até a formulação de uma estratégia voltada para garantir o melhor aproveita- mento desses recursos. Capítulo 1 As Finanças nas Organizações 17 2. Os administradores financeiros valem-se dos instrumentos contábeis para auxiliar em suas decisões. Os principais instrumentos contábeis são: a) balanço patrimonial (BP); b) demonstrativo de resultado do exercício (DRE); c) demons- trativo das origens e aplicações de recursos (Doar); d) de- monstrativo das mutações do patrimônio líquido (DMPL); e) demonstrativo dos fluxos de caixa (DFC). 3. Basicamente, os ativos são classificados em circulante rea- lizável em longo prazo e permanente ou fixo e os passivos, em circulante exigível em longo prazo, resultados de exer- cícios futuros e patrimônio líquido. A diferença que pode existir entre indústria e comércio está relacionada à po- sição relativa dos ativos. Normalmente, a indústria apre- senta um ativo permanente maior que o ativo circulante, enquanto é comum que o comércio apresente um valor de ativo circulante superior ao ativo permanente. 4. O objetivo é verificar se os negócios da empresa estão gerando lucro ou não, bem como o percentual de partici- pação quanto à incidência de cada componente do DRE (CPV, despesas administrativas, despesas com vendas, des- pesas financeiras e outros) sobre o valor das vendas. 5. A DFC mostra as variações ocorridas nas disponibilidades da empresa, em um determinado exercício ou período, por meio da exposição dos fluxos de recebimentos e paga- mentos nas atividades operacionais, de financiamentos e de investimentos. Nestor Alberto Rancich Filho Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais 19 A área das finanças afeta, diretamente, a vida das pessoas e das organizações. Portanto, é ampla e dinâmica. Gitman1 define finanças como a arte e a ciência da gestão do dinheiro. Praticamente todos os indivíduos e as organizações recebem, gastam ou investem dinheiro. A administração financeira é a ciência de administrarre- cursos financeiros, considerados os mais diversos tipos de or- ganizações: indústria, comércio, serviços, empresas estatais, empresas privadas, governo, escolas, hospitais, clubes recrea- tivos, ONGs, igrejas, entre outras. A função financeira das empresas pode ser simples ou mui- to complexa. Nas pequenas empresas, é usual que um dos sócios proprietários cuide das finanças da empresa, inclusive acumulando, ou não, outras funções, tais como comercial, administrativa ou operacional. Sua atividade, basicamente, consiste na gestão do caixa do dia a dia da empresa, as co- branças, pagamentos e relação com os bancos para tomada ou aplicação de recursos. A contabilidade da empresa, nesse caso, é, na maioria das vezes, terceirizada, realizada por es- critórios contábeis. 20 FInanças e controle de custos Já nas grandes empresas, existe sempre uma estrutura bem maior, em nível de vice-presidência ou diretoria finan- ceira, e as funções são divididas em tesouraria e controla- doria. O Quadro 2.1, a seguir, detalha as principais ativi- dades. TESOURARIA CONTROLADORIA (Controller) Administração de caixa Administração de crédito e cobrança Administração de risco Administração de câmbio Decisão de financiamento Decisão de investimento Planejamento e controle financeiro Proteção dos ativos Relações com acionistas e investidores Relações com os bancos Administração de custos e preços Auditoria interna Contabilidade Controle do orçamento Controle do patrimônio Planejamento tributário Emissão dos relatórios gerenciais das finanças Desenvolvimento e acompanhamento de sistemas de informação financeira Quadro 2.1 Funções da administração financeira de tesouraria e controladoria. Fonte: Adaptado de Lemes Jr., Rigo, Cherobim, 2005, p. 5. As funções financeiras também são classificadas pelo pe- ríodo de tempo entre curto e longo prazo. A administração fi- nanceira de curto prazo é também chamada de administração do capital circulante. O Quadro 2.2, a seguir, apresenta as funções de curto e longo prazo. Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais 21 CURTO PRAZO LONGO PRAZO Administração do caixa Administração do crédito Administração das contas a receber e a pagar Administração dos estoques Administração dos financiamentos de curto prazo Elaboração do planejamento financeiro Elaboração do planejamento tributário Orçamento das fontes de capital Estrutura do capital Custo do capital Relacionamento com investidores Quadro 2.2 Funções da administração financeira de curto e longo prazo. Fonte: Adaptado de Lemes Jr., Rigo e Cherobim, 2005, p. 5. Independente do tamanho da empresa – pequena, mé- dia ou grande –, a administração financeira pode ser descrita como um sistema de relações financeiras e de movimentações de dinheiro acionado por decisões meramente administrativas. Uma empresa administrada com sucesso gerará sempre fluxos monetários positivos ou, nas palavras de Helfert2, “o sucesso da operação do desempenho e da viabilidade a longo prazo de qualquer negócio depende de uma sequência contínua de decisões individuais ou coletivas tomadas pela equipe geren- cial”. O autor observa também que o mundo empresarial apre- senta uma variedade infinita de atividades. Empreendimentos de todos os tamanhos ocupam-se de atividades como fabricar, comercializar, financiar e prestar uma variedade enorme de 22 FInanças e controle de custos serviços, usando estruturas legais e organizacionais muito di- ferentes e envolvendo, frequentemente, operações internacio- nais e investimentos de longo prazo. 2.1 Decisões de investimento Para Helfert3, “o investimento é a força motriz básica da ati- vidade empresarial”, consistindo na aplicação de capital em algum ativo tangível ou intangível. Também “é a fonte de cres- cimento que sustenta as estratégias competitivas explícitas da administração e, normalmente, está baseado em planos (orça- mento de capital) comprometidos com fundos NOVOS ou já existentes”, destinados a três áreas principais:  CAPITAL DE GIRO – Capital necessário para suportar o ciclo operacional da empresa.  ATIVOS FIXOS OU PERMANENTES – Terrenos, prédios, máquinas e equipamentos (de segurança e para reduzir impactos ambientais), móveis e utensílios, veículos, etc., necessários para as operações da empresa.  PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (P&D) – Despesas com desenvolvimento de novos produtos, conquista de novos mercados, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, etc. Lemes Jr., Rigo e Cherobim4 citam alguns dos principais investimentos realizados, de acordo com diferentes atividades econômicas. Para os autores, nas indústrias, a maioria dos in- Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais 23 vestimentos ocorre na tecnologia de processo e produto, atra- vés dos equipamentos de bens de capital, do desenvolvimento de produtos e melhorias, da adoção de novas tecnologias, etc. No setor de agronegócios, os investimentos ocorrem nas má- quinas e nos implementos agrícolas, na construção de silos e armazéns, no melhoramento genético do solo, no aumento da produtividade, na formação de cooperativas, na informatiza- ção do controle da produção e nos canais de comercialização. No setor de serviços, os investimentos ocorrem nas instala- ções, nos sistemas de informações gerenciais e de comunica- ções com o mercado. No comércio, os investimentos ocorrem nas instalações necessárias para o atendimento, nos sistemas computacionais de controle de estoques, na mercadoria de giro em estoque, entre outros. Para todo e qualquer investimento que se faça em qualquer organização, deve-se sempre questionar dois pontos: o que o investimento irá agregar de valor para a empresa perante seus clientes e mercado e o que o investimento irá reduzir de custos ou desperdícios para a organização? Se essas duas questões não tiverem respostas convincentes, certamente, o investimento torna-se desnecessário. Outras questões também devem ser respondidas, levando- -se em consideração a estrutura do ATIVO, o que, por sua vez, dependerá do tipo de negócio de cada empresa. Algumas em- presas necessitam mais investimentos nos ativos permanentes, como é o caso das indústrias, enquanto outras necessitarão mais de investimentos no circulante, como é o caso do varejo e comércio. 24 FInanças e controle de custos ATIVO QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS ATIVO CIRCULANTE • Caixas e bancos • Contas a receber • Estoques • Outros REALIZÁVEL A LONGO PRAZO • Contas a receber • Adiantamento a coligadas ATIVO NÃO CIRCULANTE • Imobilizado • Investimentos • Diferido • Onde estão aplicados os recursos financeiros? • Quanto foi aplicado no circulante? • Quanto foi aplicado no permanente? • Quais os riscos dos investimentos? • Qual o retorno dos investimentos? • Como maximizar a rentabilidade dos investimentos? • O que deve ser descartado, reduzido ou eliminado por não agregar valor no negócio da empresa? • Quais as novas alternativas de investimentos, para melhorar as vantagens competitivas da empresa? Quadro 2.3 Decisão de investimentos. Fonte: Lemes Jr., Rigo, Cherobim, 2005, p. 7. 2.2 Decisões operacionais As decisões operacionais consistem na utilização efetiva dos capitais investidos. Isso torna necessário, segundo Helfert5, “selecionar o mercado-alvo e fixar políticas adequadas de preços e serviços que sejam competitivos para atender as ne- cessidades dos clientes e que se baseiem nas competências essenciais da empresa”. Todas as operações de uma empresa ou de um negócio devem ser executadas a um custo eficiente e mantidas como tal, para obter sucesso sobre a concorrência. O lucro ope- racional do negócio será consequência do volume das ven- Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais 25 das, do preço e da relação dos custos fixos e variáveis. Os resultados operacionais dependem em parte de entender e de explorar a alavancagem operacional, ou seja, o efeito sobre a rentabilidadeda empresa causado pela relação dos custos fixos em relação aos custos variáveis resultantes da operação. Algumas das principais questões que devem ser respondidas nas decisões operacionais são apresentadas no Quadro 2.4. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS RECEITA OPERACIONAL BRUTA (–) Deduções de impostos (–) Devoluções (=) Receita operacional líquida (–) Custos operacionais (=) Lucro operacional bruto (–) Despesas administrativas (–) Despesas com vendas (–) Despesas financeiras (+) Resultado não operacional (=) Lucro antes do Imposto Renda (Lair) (–) Provisão para o Imposto de Renda (=) Lucro Líquido • Quais os resultados obtidos das operações? • Como melhorá-los? • Qual o crescimento das vendas? Dos custos? Das despesas? • Qual a participação dos custos e despesas em relação às receitas? • Qual a margem líquida? • Quais custos e despesas podem ser reduzidos? • As receitas estão compatíveis com os investimentos? • Lucro tem atingido as metas? • Como estão os lucros comparados com as melhores empresas do ramo? Quadro 2.4 Resultado das operações. Fonte: Lemes Jr., Rigo e Cherobim, 2005, p. 9. 2.3 Decisões de financiamento As decisões de financiamento envolvem a escolha da estrutura de capital e seus respectivos custos. Segundo Rosa Filho, tais 26 FInanças e controle de custos decisões implicam lidar com as “várias opções disponíveis de financiamento para a administração lastrear os investimentos e as operações do negócio a longo prazo”6. Os financiamentos são sustentados por fundos que podem ser representados por capital próprio, lucros retidos da empresa, recursos de órgãos financiadores de negócios, tais como BN- DES, Finame, Finep, Eximbank e outros. No Quadro 2.5 apre- sentamos algumas questões cujas respostas visam a sustentar a tomada de decisão em financiamento. De forma semelhante às decisões de investimento sobre os ATIVOS, as decisões de financiamento são levantadas sobre os PASSIVOS. As decisões de financiamento devem ser estruturadas de tal forma que per- mitam obter o menor custo do capital para a empresa. PASSIVO QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS PASSIVO CIRCULANTE • Fornecedores • Empréstimos e Financiamentos • Debêntures • Outros EXIGÍVEL DE LONGO PRAZO • Financiamentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO • Capital social • Reservas • Lucros ou prejuízos acumulados • Total do passivo • Qual a estrutura de capital? • Qual a origem dos recursos? • Qual a participação de capital próprio? • Qual o perfil do endividamento? • Qual o custo do capital? Como reduzi-lo? • Fontes dos financiamentos e respectivos custos? • Qual o risco financeiro? • Qual o sincronismo entre os vencimentos das dívidas e a geração dos meios de pagamentos? Quadro 2.5 Decisão de financiamento Fonte: Lemes Jr., Rigo e Cherobim, 2005, p. 7. Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais 27 A Figura 2.1 apresenta o contexto dos sistemas financeiros empresariais. Figura 2.1 Contexto dos sistemas financeiros empresariais. Fonte: Adaptado de Helfert, 2000, p. 22. Segundo Helfert7, a base para uma administração próspe- ra consiste em “desenvolver e manter um conjunto coerente de estratégias empresariais, de objetivos de investimento, de me- tas operacionais e de políticas financeiras que se reforcem uns aos outros, ao invés de gerar conflitos entre si. As estratégias devem ser escolhidas por análise consciente e cuidadosa das várias compensações econômicas envolvidas, individualmente e em conjunto”. As estratégias devem ser alvo de um desem- 28 FInanças e controle de custos penho-padrão de longo prazo, que estabelecerá e reforçará as expectativas positivas dos acionistas sobre os fluxos de caixa futuro provenientes de investimentos prósperos existentes e de novos investimentos sólidos ou advindos de desinvestimentos ou de desempenhos ruins das divisões da empresa. Figura 2.2 Demonstrativo geral do contexto e sistemas financeiros. Fonte: Adaptado de Helfert, 2000, p. 41. Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais 29 Para verificar os efeitos combinados das decisões de inves- timento, operacionais e de financiamento, a análise conjunta do demonstrativo de resultado operacional do período e dos balanços do início e do final do período proporciona mais informações do que a análise isolada de qualquer demonstra- tivo. As decisões administrativas não só afetam o lucro do pe- ríodo, mas também causam mudanças na maioria dos ativos e passivos, particularmente nas contas que compõem o capital de giro, como caixa, contas a receber, estoques e contas a pagar. O demonstrativo do fluxo de caixa concentra os resul- tados operacionais correntes e as conseqüentes mudanças no BALANÇO PATRIMONIAL. Na Figura 2.2 apresentamos o demonstrativo geral do contexto e sistemas financeiros, consi- derando a DRE, a DFC e as consequentes alterações no BA- LANÇO ao final do período, a partir do BALANÇO no início do período1. Atividades 1) Descreva a importância da administração financeira para a gestão da empresa. 2) Descreva as principais funções e aponte as diferenças entre a TESOURARIA e a CONTROLADORIA na administração financeira? 1 O capítulo 4 apresenta um exemplo de planejamento financeiro onde as cor- relações entre a DRE, a DFC e as consequentes alterações no balanço ao final do período, a partir do balanço no início do período, poderão ser melhor percebidas. 30 FInanças e controle de custos 3) Sob o enfoque das FINANÇAS, quais são os principais fato- res a serem considerados nas decisões de investimento? 4) Sob o enfoque das FINANÇAS, quais são os principais fato- res a serem considerados nas decisões das operações? 5) Sob o enfoque das FINANÇAS, quais são os principais fato- res a serem considerados nas decisões de financiamento? GABARITO 1. É a ciência de administrar recursos financeiros, incluin- do a gestão do caixa do dia a dia, as cobranças, os pagamentos e a relação com os bancos para tomada ou aplicação de recursos. Uma empresa administrada com sucesso gerará sempre fluxos monetários positivos. 2. As funções de tesouraria englobam administração do caixa, crédito e cobrança, riscos, operações de câmbio, decisões sobre investimentos e financiamentos, planeja- mento e controle financeiro, seguro dos ativos, relações com os acionistas, investidores e os bancos. As funções de controladoria envolvem administração de custos e preços, contabilidade, controle orçamentário, auditoria interna, controle do patrimônio, planejamento tributário, emissão dos relatórios gerenciais das finanças da em- presa e desenvolvimento e acompanhamento dos siste- mas de informações financeiras. 3. Devem ser considerados dois fatores: primeiro, ques- tionar o que o investimento irá agregar de valor para a Capítulo 2 Contexto dos Sistemas Financeiros Empresariais 31 empresa perante seus clientes e mercado; e, segundo, questionar o que o investimento poderá reduzir de cus- tos ou desperdícios para a organização. 4. A quantidade e o preço de vendas dos produtos e sua relação com os respectivos custos variáveis e o custo fixo. 5. Analisar as fontes disponíveis de financiamentos e seus respectivos custos. Nestor Alberto Rancich Filho Capítulo ? Fluxo de Caixa da Empresa ÂÂNeste capítulo, vamos ver como funciona o fluxo de caixa de uma empresa e, através de projeções, ve- rificar se as operações e decisões gerenciais da empresa irão gerar caixa ao longo do tempo ou déficit de caixa. No momento em que as projeções operacionais revelam déficit ou falta de caixa, tem-se à mão um instrumento de tomada de decisão. Na realidade, o saldo de caixa nun- ca pode ser negativo. Quando isso ocorre, existem duas possibilidades: alguma(s) conta(s) não é (são) paga(s) ou a empresa obtém recursos em operações de crédito junto ao mercado para suprir o déficit de caixa. Nestor Alberto Rancich Filho Capítulo 3 Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 33A Figura 3.1 ilustra os fluxos de caixa da empresa. As apli- cações financeiras (títulos negociáveis), nesse caso, são con- sideradas como disponibilidades de caixa. Mesmo que não tenham liquidez imediata, podem servir de garantia para ope- rações de crédito que suprirão o caixa. O fluxo de caixa é di- vidido em: fluxos operacionais, fluxos de investimentos e fluxos de financiamentos. Figura 3.1 Representação do fluxo de caixa da empresa. Fonte: Adaptado de Gitman, 2004, p. 87. 34 FInanças e controle de custos Os FLUXOS OPERACIONAIS são as entradas e saídas de dinheiro resultantes das operações da empresa (venda de pro- dutos fabricados, vendas de serviços ou revenda de merca- dorias). Os pagamentos dos clientes representam entradas de caixa e todos os pagamentos da mão de obra, matérias-pri- mas e custos indiretos de fabricação geram saídas de caixa. Os FLUXOS DE INVESTIMENTOS são aqueles associados à compra ou à venda de ativos imobilizados da empresa (ter- renos, prédios, máquinas e equipamentos, veículos etc.) e as participações na estrutura de capital em outras empresas. As operações de compra de ativos ou participações geram saídas de caixa enquanto a venda desses ativos gera entradas de caixa. Os FLUXOS DE FINANCIAMENTOS decorrem de opera- ções de captações de recursos de terceiros e de capital pró- prio. A empresa pode captar recursos de terceiros por meio de empréstimos em instituições financeiras ou pela venda de ações e essas operações geram entradas de caixa. A empresa, ao pagar empréstimos, juros e dividendos a acionistas, terá saídas de caixa. Uma vez combinados os três fluxos (operacionais, de in- vestimentos e de financiamentos) em um determinado perío- do de tempo, obtém-se o resultado do saldo final de caixa de cada dia do período. O fluxo de caixa de uma empresa é realizado diariamente partindo-se do saldo inicial de caixa mais todas as entradas de caixa, menos todas as saídas de caixa do dia, resultando no saldo final do dia que será o sal- do inicial do dia seguinte. Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 35 3.1 Fontes e aplicações de caixa Na realidade, a demonstração de fluxos de caixa sintetiza as entradas e as saídas de caixa em um determinado período de tempo. As entradas de caixa são consideradas fontes de caixa e as saídas de caixa resultam nas aplicações de caixa. Fontes de caixa são recursos financeiros que aumentam o caixa da empresa. Exemplos: venda de ativos, depreciações dos ativos permanentes, venda de ações da empresa, aumento na margem dos produtos, reduções nos custos operacionais. Aplicações de caixa são recursos financeiros que reduzem o caixa da empresa. Exemplos: compra de ativos, prejuízos ope- racionais, diminuição de um passivo exigível, pagamento de dividendos, recompra de ações, amortizações de empréstimos. Em resumo, qualquer redução das contas do ativo ou au- mento de qualquer conta do passivo resultará em entrada (fon- tes) de caixa. Por outro lado, qualquer aumento na conta dos ativos ou redução de qualquer conta do passivo resultará em saída (aplicações) de caixa. Elaboração da demonstração de fluxos de caixa A demonstração de fluxos de caixa para o período de um ano é elaborada a partir da demonstração de resultados jun- tamente com os balanços de início e final de período. Apresentamos, a seguir, um exemplo de demonstração de resultados de uma empresa no período de um ano e os balanços do início e final de ano (ano 1 e ano 2), para mos- 36 FInanças e controle de custos trar como as variações das contas dos ativos e passivos se correlacionam e fecham com os saldos de caixa e aplicações financeiras. A Tabela 3.1 apresenta as demonstrações de resultados do ano encerrado, referenciado como 2, para referenciar o ba- lanço inicial como sendo o ano 1. Os balanços corresponden- tes encerrados no final do ano 1 e ano 2 estão na tabela 3.2. Tabela 3.1 Demonstração de resultados (Ano 2) ANO 2 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 1.000 VENDAS LÍQUIDAS Custo dos produtos vendidos (CPV) 1.700 1.000 LUCRO BRUTO 700 Imposto de Renda (40%) Lucro líquido Dividendos 120 180 80 LUCRO ANTES DOS JUROS E DO IMPOSTO DE RENDA (LAJIR) 370 Despesas financeiras LUCRO TRIBUTÁVEL 70 300 Despesas de vendas Despesas administrativas Depreciação 70 160 100 LUCROS RETIDOS 100 Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 37 Tabela 3.2 Balanços encerrados em 31 dez. do Ano 2 e do Ano 1 Ano 2 Ano 1 Ano 2 Ano 1 ATIVO CIRCULANTE 2.000 1.900 PASSIVO CIRCULANTE 1.400 1.400 Caixa 400 300 Contas a pagar 700 500 Aplicações Financeiras 600 200 Empréstimos Bancos 600 700 Contas a receber 400 500 Despesas a pagar 100 200 Estoques 600 900 ATIVO FIXO 1.200 1.000 EMPRÉSTIMOS LONGO PRAZO 600 400 Terrenos e prédios 1.200 1.050 Máquinas e equipamentos 850 800 Patrimônio líquido Moveis e utensílios 300 220 CAPITAL SOCIAL 700 700 Veículos, outros 150 130 LUCROS RETIDOS 600 500 Depreciação 1.300 1.200 PARTICIPAÇÕES 100 100 Total ativos 3.300 3.000 TOTAL PASSIVOS 3.300 3.000 38 FInanças e controle de custos A demonstração do fluxo de caixa encerrado no ano 2 é apresentada na Tabela 3.3. O fluxo de caixa das operações (Tabela 3.3), igual a 780, resulta do lucro líquido (180) da DRE, mais a depreciação (100), pois ela não é uma saída de caixa, mas sim uma reserva contábil para a empresa renovar seus ativos, depois de depreciados, mais a redução dos esto- ques no período (300 = 900 – 600), mais a redução das con- tas a receber no período (100 = 500 – 400), mais o aumento das contas a pagar no período (200 = 700 – 500), mais a re- dução das despesas a pagar no período (– 100 = 100 – 200). Assim, o aumento do caixa pelas operações foi dado por: 780 = 180+100+300+100+200-100. O fluxo dos investimentos (Tabela 3.3), igual a – 300 re- sulta do aumento que houve nos ativos no período de 300 sem considerar a depreciação já incluída no fluxo das operações. A variação dos ativos é obtida pela variação de 150 (1200 – 1050 de terrenos e prédios), mais a variação de 50 (850 – 800 de máquinas e equipamentos) mais a variação de 80 (300 – 220 de móveis e utensílios), mais a variação de 20 (150 – 130 de veículos e outros). Desse modo, a redução do caixa pelo in- vestimento em ativos imobilizados foi dada por: 300 = 150 + 50 + 80 + 20. O fluxo de financiamentos (Tabela 3.3 inferior direita) igual a 20 resulta da redução do valor de empréstimos de bancos (– 100 = 600 – 700) mais o aumento de 200 (600 – 400) do exigível de longo prazo (ELP), mais os dividendos pagos aos acionistas de 80. Assim, o aumento do caixa pelo fluxo de financiamento foi dado por: 20 = – 100 + 200 – 80. A variação no saldo de caixa e aplicações financeiras do balanço igual a 500 (400 + 600 – 300 – 200) fecha com os Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 39 valores das entradas e saídas de caixa pelo fluxo das operações, dos investimentos e financiamentos (780 – 300 + 20 = 500). Tabela 3.3 Demonstração do saldo final de caixa e aplicações financeiras FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES 780 FLUXO DOS INVESTIMENTOS –300 Lucro líquido 180 Variação no ativo fixo 300 Depreciação 100 Variação participações 0 Variação nos estoques 300 Variação das contas a receber 100 Fluxo dos financiamentos 20 Variação das contas a pagar 200 Variação empréstimos Bancos –100 Variação das despesas a pagar –100 Variação ELP 200 Variação capital social 0 VARIAÇÃO NO SALDO DE CAIXA E APLICAÇÕES FINANCEIRAS 500 Dividendos pagos -80 3.2 Orçamento empresarial O orçamento de qualquer organização é um dos enfoques mais importantes no processo de administração e gestão, compreendendo os conceitos e as técnicas de planejamento e controle de resultados. O orçamento empresarial deve, segun- do Moraes1, incluir 40 FInanças e controle de custos um enfoque sistemático e formal à execução das responsabi- lidades de planejamento, coordenação e controle da admi- nistração. Especificamente, envolvea preparação e utiliza- ção de: (1) objetivos globais e de longo prazo da empresa; (2) um plano de resultados em longo prazo, desenvolvido em termos gerais; (3) um plano de resultados em curto pra- zo detalhado de acordo com diferentes níveis relevantes de responsabilidade (divisões, produtos, projetos, etc.); e (4) um sistema de relatórios periódicos de desempenho, mais uma vez para os vários níveis de responsabilidade. Cabe apresentarmos o significado de alguns termos e ex- pressões usualmente adotados na elaboração de um orça- mento empresarial: • Período Orçamentário – normalmente de 12 me- ses, podendo ser inferior ou superior sem ser obriga- toriamente múltiplo de 12 meses; • Unidade Temporal – dia para período semanal, se- mana para período mensal e mês para período anual; • Acompanhamento Orçamentário – diário, se- manal ou mensal, com análise das causas e efeitos das variações; • Revisões Orçamentárias – geralmente mensais, bimensais, trimestrais (nem sempre coincidem com o acompanhamento); • Simulações Orçamentárias – processo de ava- liação dos efeitos nos principais indicadores eco- nômico-financeiros em função das mudanças de Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 41 premissas das variáveis externas (cenários, ambiente dos negócios) e internas da empresa (redução de custos, melhoria de produtividade etc.). Recomen- da-se trabalhar no mínimo com três simulações: oti- mista, mais provável e pessimista. Também devemos considerar as etapas previstas para o planejamento financeiro e orçamento empresarial: • Projeções das Vendas – É prevista em função da análise da concorrência, do cenário (ameaças e oportunidades) e tendências macroeconômicas. Possibilita que seja planejado o volume de produção dos produtos e serviços e respectivos preços. • Projeções dos Custos – Custos da matéria-prima da mão de obra direta e dos custos indiretos de fa- bricação, em função das previsões de vendas e da política de estoques adotada. • Projeções das Despesas de Administração e Vendas – Projeções das despesas administrativas (RH, suprimentos, contabilidade, comercial, vendas). • Resultado (orçamento de caixa) – Elabora-se o orçamento de caixa e se determina a necessidade de capital de giro, plano de imobilizações, plano de P&D e as fontes dos recursos. • Resultado (contábil e patrimonial) – Elabora-se a DRE e o balanço patrimonial e calcula-se os índi- ces de liquidez, rentabilidade, endividamento, taxas de retorno sobre ativos e patrimônio líquido. 42 FInanças e controle de custos Para se elaborar um orçamento empresarial, recomenda- mos, ainda, detalhar todas as despesas e custos em todos os setores da empresa, tanto os produtivos, como os indiretos e os administrativos. No Quadro 3.1, apresentamos um plano que contém as principais contas para um orçamento. Quadro 3.1 Plano de contas para setores produtivos, indiretos e administrativos. PESSOAL Nº de pessoas no setor Salários Encargos sociais Provisão 13º salário Provisão férias Material de segurança FUNCIONAMENTO Manutenção Depreciação Energia elétrica Telefone Despesa com veículos Viagens e estadias Material de expediente SERVIÇOS TERCEIROS Vigilância Refeitório Vale transporte Auditoria Serviços jurídicos Aluguel Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 43 3.3 Planejamento de caixa (orçamento de caixa) O planejamento de caixa, ou previsão de caixa, é uma de- monstração que apresenta as entradas e as saídas de caixa planejadas pela empresa, com a finalidade de identificar as necessidades de caixa no curto prazo. A seguir, apresentamos um exemplo para elaborar o orçamento de caixa de uma empresa. Orçamento de caixa – exemplo A empresa ABC está desenvolvendo um orçamento de caixa para os meses de março, abril e maio. O saldo inicial de caixa no início do mês de março da empresa totaliza R$ 30.000 e, como segurança, para imprevistos, a empresa deseja ter to- dos os meses um saldo mínimo de caixa de R$ 5.000,00. As vendas dos dois meses anteriores (janeiro e fevereiro) foram, respectivamente, de R$ 100.000 e R$ 200.000 e as suas con- dições de recebimento foram: 20% a vista, 50% com prazo de 30 dias e 30% das vendas com prazo de 60 dias. A empresa possui uma aplicação financeira em um banco que poderá ser resgatada no segundo mês (abril) no valor de R$ 30.000, in- cluindo principal e juros. As previsões de vendas dos próximos três meses são respectivamente de R$ 400.000, R$ 300.000 e R$ 200.000 e as condições de pagamento são consideradas idênticas às dos dois meses anteriores. 44 FInanças e controle de custos As programações de pagamentos ocorrem segundo as se- guintes informações: • Compras de materiais – representam 60% das vendas do mês anterior; e os pagamentos aos forne- cedores nas seguintes condições: 10% à vista, 70% em 30 dias e 20% em 60 dias. • Salários e encargos – são calculados sobre a base de 15% das vendas mensais mais o custo fixo de R$ 20.000. • Aluguel, energia, telefone – R$ 12.000 pagos mensalmente. • Impostos – 26% das vendas pagos no mês se- guinte. • Aquisição de equipamento – um novo software integrado está sendo implantado na empresa e há um saldo a pagar ao fornecedor de R$ 30.000 para o mês de abril. Consideradas essas informações, desejamos saber: • O orçamento de caixa no período de março a maio. • Haverá saldo excedente de caixa no período? Para solucionar o problema proposto, elaboram-se três ta- belas, conforme mostramos a seguir. A primeira (Tabela 3.4), dos recebimentos, representa as entradas de caixa da empresa no momento (mês) que efe- Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 45 tivamente ocorrem. Por exemplo, quando se prevê que 20% das vendas de março ocorrerão à vista, significa dizer que o dinheiro entra no caixa da empresa no próprio mês de março (20% de R$ 400.000,00 = R$ 80.000,00). Já os 50% das vendas do mês de março ocorrem em 30 dias significam que o dinheiro entrará no caixa da empresa no mês de abril (50% de R$ 400.000,00 = R$ 200.000,00), e assim sucessivamente para todos os meses do período analisado. Tabela 3.4 Recebimentos Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Vendas do mês 100.000 200.000 400.000 300.000 200.000 À vista 80.000 60.000 40.000 30 dias 100.000 200.000 150.000 60 dias 30.000 60.000 120.000 Outros 30.000 Total 210.000 350.000 310.000 O mesmo raciocínio aplica-se à Tabela 3.5, dos pagamen- tos, na qual devemos lançar os valores de cada categoria de despesa no momento (mês) em que efetivamente ocorrem. As compras representam 60% das vendas do mês anterior, e o pagamento a fornecedores, 10% a vista, 70% no mês seguinte e 20% dois meses depois. 46 FInanças e controle de custos Tabela 3.5 Pagamentos Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Compras de materiais 45.273 60.000 120.000 240.000 180.000 À vista 12.000 24.000 18.000 30 dias 42.000 84.000 168.000 60 dias 9.055 12.000 24.000 Salários e encargos 50.000 80.000 65.000 Aluguel, energia, telefone etc. 12.000 12.000 12.000 Impostos 52.000 104.000 78.000 Aquisição de equipamentos 30.000 Outros Total 177.055 346.000 365.000 A Tabela 3.6, terceira e última, apresenta o orçamento de caixa, o qual consiste na obtenção da diferença entre os TOTAIS DOS RECEBIMENTOS e dos PAGAMENTOS mês a mês. Esse cálculo permite obter o fluxo líquido de caixa de cada mês que, somado ao saldo inicial de caixa, permite que se chegue ao saldo final de caixa mês a mês. No saldo final de caixa de cada mês, verifica-se se a empresa terá excedente ou não de caixa. Quando o saldo final de caixa resultar negativo, a empresa será obrigada a deixar de pa- gar alguma conta ou deverá buscar recursos para suprir seu déficit de caixa. Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 47 Tabela 3.6 Orçamento de caixa Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Recebimentos (+) 210.000 350.000 310.000 Pagamentos (–) 177.055 346.000 365.000 Fluxo líquido de caixa (=) 32.945 4.000 (55.000) Saldo inicial de caixa (+) 10.000 42.945 46.945 Saldo final decaixa (=) 42.945 46.945 (8.055) Saldo mínimo de caixa 5.000 5.000 5.000 Saldo ou suprimento de caixa 37.945 41.945 (13.055) Note-se que, nos meses de março e abril, a empresa terá excedente de caixa e, no último mês, de maio, um déficit de R$ 13.055,00 (8.055 das operações mais 5.000 de saldo míni- mo de caixa), e terá de levantar esses recursos por operações de crédito junto ao mercado ou terá de postergar o pagamen- to de alguma das contas desse mês. 3.4 Linhas de crédito Quando uma empresa apresentar déficit de caixa no seu or- çamento de caixa, poderá buscar fontes de recursos junto a instituições financeiras para supri-lo ou a necessidade de ca- pital de giro, em função do ciclo do seu negócio. A seguir, apresentamos as principais linhas de crédito disponibilizadas pelas instituições financeiras. 48 FInanças e controle de custos • ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE CÂMBIO (ACC) – Crédito utilizado para financiar o capital de giro de empresas exportadoras, sendo liberado antes do embarque efetivo da mercadoria para o exterior, com um prazo de até 360 dias antes do embarque. Essa linha de recursos somente poderá ser obtida por empresas exportadoras. • ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE EXPOR- TAÇÃO (ACE) – Operação semelhante ao ACC, sendo os recursos liberados após a comprovação do embarque da mercadoria para o exterior, com um prazo de até 180 dias após a data de embarque. Esta linha de recursos somente poderá ser obtida por empresas exportadoras. • EXPORT NOTES – É uma operação com direitos creditórios de exportação, na qual são comprados e vendidos direitos a recebimentos em moeda es- trangeira provenientes de exportações já realizadas ou futuras exportações a realizar, cujo pagamento ainda não foi recebido. • FINANCIAMENTO À IMPORTAÇÃO (FINIMP) – É um empréstimo destinado a financiar materiais e equipamentos importados. Apresenta o risco da variação cambial, por serem recursos de funding ex- terno. Essa linha de recursos somente poderá ser obtida por empresas importadoras. • DESCONTO DE DUPLICATAS – Linha de cré- dito muito utilizada pelas empresas para capital de Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 49 giro, fornecendo como garantia valores recebíveis de vendas realizadas. Os bancos antecipam o valor ao emitente, descontando juros antecipados e, na falta de pagamento do cliente, exercem o direito de regresso contra a empresa. • VENDOR – Crédito que financia o comprador, mas o aval da operação é dado pelo emitente (ven- dedor). • COMPROR – Trata-se de financiamento ao capital de giro, em que o financiado é o vendedor e o emi- tente (comprador) é o avalista da operação. • CAPITAL DE GIRO – É um empréstimo para capi- tal de giro sem vinculação a vendas. Exige garantias que pode ser hipoteca, recebíveis, como duplicatas a receber entregues em caução. • HOT MONEY – Crédito para atender suprimento de caixa de curtíssimo prazo ou para cobrir emer- gências. • CONTA GARANTIA – É uma linha de crédito que também visa cobrir emergências. É realizada por um contrato onde o banco assegura um limite de crédito disponível, no prazo do contrato. • FACTORING – Operação adotada por pequenas e médias empresas que possuem dificuldades de obter créditos junto aos bancos. É oferecido por em- presas de fomento mercantil, que compram a cartei- ra de cobrança de outras empresas que, nesse caso, 50 FInanças e controle de custos estão terceirizando sua cobrança. Por outro lado, a empresa de fomento assume os riscos, com o direito de regresso. Atividades 1) O que são fontes de caixa? Dê três exemplos. 2) O que são aplicações de caixa? Dê três exemplos. 3) O que ocorre no saldo de caixa se as fontes de caixa forem inferiores às aplicações de caixa? 4) Como os fluxos de investimentos podem aumentar ou dimi- nuir o saldo de caixa? 5) Uma empresa apresentou a seguinte movimentação de cai- xa, iniciando o período com um saldo de 2.000,00: Total Mês 1 Mês 2 Mês 3 Entradas 125.000 110.000 120.000 Saídas 118.000 120.000 115.000 Assinale a alternativa correta: a) O déficit máximo de caixa no período foi de R$ 10.000,00 Capítulo 3 Fluxo de Caixa da Empresa 51 b) O déficit máximo de caixa no período foi de R$ 1.000,00 c) O excedente máximo de caixa no período foi de R$ 1.000,00 d) O excedente máximo de caixa no período foi de R$ 7.000,00 GABARITO 1. Fontes de caixa são recursos financeiros que aumentam o caixa da empresa. Por exemplo: venda de ativos, au- mento na margem dos produtos, reduções nos custos operacionais. 2. Aplicações de caixa são recursos financeiros que reduzem o caixa da empresa. Exemplos: compra de equipamen- tos, prejuízos operacionais, pagamento de dividendos. 3. Ocorrerá déficit de caixa. 4. Investimentos classificados como conta do passivo re- sultarão em entrada (fontes) de caixa; e investimentos classificados como conta do ativo resultarão em saída (aplicação) de caixa. 5. b Nestor Alberto Rancich Filho Capítulo ? Planejamento Financeiro Nestor Alberto Rancich Filho Capítulo 4 Capítulo 4 Planejamento Financeiro 53 O desempenho financeiro futuro provável de uma empresa pode ser obtido a partir do desenvolvimento do seu planeja- mento financeiro através de três conjuntos de projeções. O primeiro é o DEMONSTRATIVO DE RESULTADO (DR), que re- presenta um plano e análise operacional da empresa e permi- te verificar qual foi o seu lucro. O DR consiste em lançar os valores das vendas e de todos os custos e despesas ocorridas no período e alocadas nos produtos e ou serviços vendidos, inclusive os impostos. A segunda projeção trata do FLUXO DE CAIXA (FC), o qual apresenta e expõe os movimentos espera- dos por categoria de conta do caixa da empresa nas previsões futuras, fornecendo uma visão mais dinâmica das mudanças esperadas no cenário e dos recursos da empresa. A terceira projeção trata do BALANÇO PATRIMONIAL (BP), o qual reflete o impacto cumulativo antecipado das decisões futuras presu- midas conforme sua condição financeira. Todos os três demonstrativos são preparados tomando-se como base as estimativas ou premissas consideradas nas ativi- dades futuras do mercado e/ou da empresa e projetando-se, conta por conta, os resultados e as condições pressupostas. A abordagem não está baseada em transações contábeis deta- lhadas, mas principalmente no uso criativo do conjunto das receitas e contas como uma estrutura pela qual se organizam e desempenham as expectativas futuras. O planejamento do lucro envolve a elaboração da de- monstração do resultado e do balanço patrimonial projetados. Para preparar corretamente as projeções do demonstrativo de resultados e do balanço, é necessário definir todas as pre- missas preliminares desejadas às previsões futuras. Sua ela- boração exige uma integração cuidadosa de inúmeros pro- 54 FInanças e controle de custos cedimentos que levem em conta os cenários, as previsões das vendas, os custos e as despesas, as obrigações, os ativos e as participações acionárias, resultantes do nível de operações an- tecipadas. Os passos fundamentais nesse processo são apre- sentados na Figura 4.1. 4.1 Método das demonstrações projetadas O método para elaborar as demonstrações projetadas inicia com um plano das previsões de vendas, do qual se desenvolve um plano de produção que leva em conta o tempo necessário para se converter a matéria-prima em produto pronto. Com base nessas estimativas, programa-se quando e quanto com- prar de matéria-prima, bem como são definidas as necessida- des de mão de obra (custos diretos de produção). Os custos indiretos de produção podem ser estimados pelo comportamento histórico operacional da empresa, cujas despe- sas operacionais (vendas e administrativas) são estimadas com base no nível de operações necessário para sustentar as vendas previstas. Depois de ter definidos esses pontos, pode-se elaborar o orçamento de caixa (trimestral, mensal e diário de pagamentos e recebimentos). Conhecendo-seo orçamento de caixa, o plano de investimentos de capital e o balanço do período corrente, po- de-se desenvolver o balanço projetado da empresa. A demons- tração de resultados fornecerá a variação dos lucros retidos, de- preciação e Imposto de Renda. O orçamento de caixa fornecerá o saldo de caixa, títulos a pagar, duplicatas a receber e a pagar, empréstimos de curto e longo prazo. O plano de investimentos de capital indica as variações esperadas nos ativos fixos. Capítulo 4 Planejamento Financeiro 55 A Figura 4.1 apresenta o fluxograma das etapas a serem elaboradas para projetar os resultados futuros de uma empre- sa com base em premissas preestabelecidas. Figura 4.1 Etapas do planejamento financeiro. Fonte: Adaptado de Gitman, 2004, p. 93. 56 FInanças e controle de custos Exemplo de aplicação: demonstrações projetadas A empresa Mano Móveis (MM) produz e vende dois mode- los básicos de móveis para escritórios (X e Y). As informações relativas ao ano anterior (últimos 12 meses), tais como peças vendidas, preços de vendas, custos e despesas são as seguintes: VENDAS X Y Preço unitário de venda R$ 200,00 270,00 Unidades vendidas 1.000 3.000 Tabela 4.1 Preço unitário e quantidade vendida MÃO DE OBRA DIRETA – (MOD) X Y MOD (homens hora)/produto 2 hh 2,5 hh Custo R$ MOD/hora R$ 30,00/hh R$ 30,00/hh Custo total da MOD/produto R$ 60,00 R$ 75,00 Unidades vendidas 1.000 3.000 Custo total MOD no ano R$ 60.000,00 R$ 225.000,00 Tabela 4.2 Custo da mão de obra direta por produto Capítulo 4 Planejamento Financeiro 57 X Y Matéria-prima A 1 unidade 1 unidade Matéria-prima B 2 unidades 3 unidades Custo matéria-prima A R$ 20,00 R$ 20,00 Custo matéria-prima B R$ 5,00 R$ 5,00 Custo total MP/produto R$ 30,00 R$ 35,00 Unidades vendidas 1.000 3.000 Custo total MP no ano R$ 30.000,00 R$ 105.000,00 Tabela 4.3 Custo da matéria-prima por produto CUSTOS DE FABRICAÇÃO R$ / ANO MO indireta 60.000,00 Compras/almoxarifado 52.000,00 Energia e material de consumo 20.000,00 Supervisão 80.000,00 Manutenção 35.000,00 Engenharia 55.000,00 Impostos e seguros 28.000,00 Depreciação 50.000,00 Total 380.000,00 Tabela 4.4 Custos indiretos de fabricação 58 FInanças e controle de custos DESPESAS ADMINISTRATIVAS R$ / ANO Salários e encargos 31.000,00 Materiais de escritório 7.000,00 Telefone 3.000,00 Serviços jurídicos 9.000,00 Total 50.000,00 Tabela 4.5 Despesas administrativas DESPESAS COM VENDAS R$ / ANO Salários e encargos – vendedores 30.000,00 Propaganda 12.000,00 Despesas viagem 8.000,00 Total 50.000,00 Tabela 4.6 Despesas com vendas As demonstrações dos resultados e o balanço do exercício em questão são apresentados a seguir: Capítulo 4 Planejamento Financeiro 59 VENDAS R$ ORIGEM DOS DADOS Modelo X 200.000,00 Tabela 4.1 R$ 200 x 1000 un Modelo Y 810.000,00 Tabela 4.1 R$ 270,00 x 3000 un Totais 1.010.000,00 CPV MOD 285.000,00 Tabela 4.2 (60.000 + 225.000) MP 135.000,00 Tabela 4.3 (30.000 + 105.000) Custo indireto 380.000,00 Tabela 4.4 Total 800.000,00 Lucro bruto 210.000,00 R$ 1.010.000,00 – R$ 800.000,00 Despesas operacionais Vendas 50.000,00 Tabela 4.5 Administrativas 50.000,00 Tabela 4.6 Total 100.000,00 Lucro líquido operacional 110.000,00 Despesas financeiras 10.000,00 Lucro antes do Imposto de Renda (LAJIR) 100.000,00 Provisão Imposto de Renda 22.000,00 LUCRO LÍQUIDO 78.000,00 Distribuição de lucros 40.000,00 Lucro retido 38.000,00 Tabela 4.7 Demonstração de Resultados 60 FInanças e controle de custos ATIVO R$ ORIGEM DOS DADOS Circulante 390.000,00 Ver tabela 3-9 Caixa 60.000,00 Títulos negociáveis 40.164,00 Duplicatas a receber 130.000,00 Estoques 159.836,00 Fixo 510.000,00 Ativo Total 900.000,00 Tabela 4.8 Ativo PASSIVO R$ Circulante 220.000,00 Duplicatas a pagar 120.000,00 Impostos a pagar 37.400,00 Outros exigíveis 62.600,00 Exigível de longo prazo 150.000,00 Patrimônio líquido 530.000,00 Cotas 300.000,00 Lucros retidos 230.000,00 Passivo Total 900.000,00 Tabela 4.9 Passivo O estoque apresentado no balanço consiste basicamente em matérias-primas e produtos acabados, não havendo, por- tanto, estoque de produtos em processamento no fim do ano. Capítulo 4 Planejamento Financeiro 61 A tabela 4.10, a seguir, demonstra como os estoques estão formados no fim do ano. QUANTIDADES R$ Matéria-prima A (1 un. X e 1 un. Y) 600 1 2.000,00 Matéria-prima B (2 para X e 3 para Y) 4.000 20.000,00 Produto X 320 54.336,00 Produto Y 350 73.500,00 Estoque Total 159.836,00 Tabela 4.10 Valores dos estoques Conhecidas todas essas informações da empresa do exer- cício anterior (últimos 12 meses), vamos elaborar agora as projeções de resultados e balanço para o exercício seguinte (próximos 12 meses), considerando as seguintes premissas: 1) Vendas e preços dos produtos X Y X Y Preço de venda 250,00 330,00 Unidades vendidas 1.500 2.800 2) Estoque desejado no fim do exercício (política da empresa): produto pronto de X = 120 unidades; produto pronto de Y 62 FInanças e controle de custos = 150 unidades; estoque da matéria-prima A = 500 uni- dades e estoque da matéria-prima B = 3.000 unidades. 3) O custo da mão de obra direta será de R$ 35,00 por ho- mem-hora. 4) Custo indireto de fabricação anual previsto totaliza R$ 500.000,00 e inclui R$ 70.000 de depreciação. 5) Despesas com vendas no ano: R$ 80.000,00. 6) Despesas administrativas previstas: R$ 60.000,00. 7) A empresa programa a compra de uma nova máquina que custa R$ 200.000,00. A máquina será depreciada linear- mente em 10 anos e será paga em duas prestações iguais, uma em março e a outra em setembro; 8 ) Considerar as despesas financeiras 50% superior ao valor do ano anterior e pagos integralmente em dezembro. 9) Estima-se 35% do lucro para provisão do Imposto de Renda. 10) Estima-se que as vendas projetadas da empresa (todas a crédito) estejam assim distribuídas durante o ano: 20% no 1º trimestre; 40% no 2º trimestre; 25% no 3º trimestre e 15% no 4º trimestre. Capítulo 4 Planejamento Financeiro 63 11) 75% das duplicatas a receber serão recebidas durante o trimestre da venda; os restantes 25% serão recebidas no trimestre seguinte. 12) 60% das compras de matéria-prima serão pagas no tri- mestre corrente; os restantes 40% serão pagos no trimes- tre seguinte. 13) Os pagamentos da mão de obra direta, custos indiretos de fabricação e despesas operacionais, serão divididos igual- mente entre todos os trimestres. 14) Os impostos a pagar do exercício anterior serão pagos em parcelas trimestrais idênticas no exercício seguinte. 15) A empresa deseja manter um saldo final de caixa de pelo menos R$ 40.000,00. 16) Se possível, prever distribuição de lucros aos cotistas no montante de R$ 50.000,00. Etapas para elaboração das projeções de resultados e ba- lanço para o exercício seguinte (próximos 12 meses):  ETAPA 1 – O primeiro passo é determinar o PLANO DE PRODUÇÃO DO EXERCÍCIO, considerando os esto- ques iniciais existentes, os estoques finais projetados e as previsões de vendas do exercício: 64 FInanças e controle de custos X Y Estoque inicial dos produtos 320 350 Vendas previstas (premissa 1) 1.500 2.800 Estoque final dos produtos (premissa 2) 120 150 Plano de produção do exercício 1.300 2.600  ETAPA 2 – A seguir calcula-se as necessidades de ma- térias primas para o plano de produção do exercício, considerando-se os estoques iniciais, os estoques finais projetados e as necessidades para atender o plano de produção do exercício. X (1.300) Y (2.600) Total Matéria-prima A (1 para X e Y) 1.300 2.600 3.900 Matéria-prima B (2 para X e 3 para Y) 2.600 7.800 10.400 A B Total Estoque inicial da MP 600 4.000 Consumo previsto 3.900 10.400 Estoque final desejado (premissa 2) 500 3.000 Quantidade necessária de MP 3.800 9.400 Custo unitário das MP (R$) 20,00 5,00 Total das compras de MP 76.000,00 47.000,00 123.000,00 Valores das compras trimestrais 19.000,0011.750,00 30.750,00 Capítulo 4 Planejamento Financeiro 65  ETAPA 3 – Calcula-se os valores de custos da mão de obra direta (MOD), sabendo-se que a taxa hora passa a ser de R$ 35,00 por hh: MOD X Y Total MOD (homens hora)/ produto 2 hh 2,5 hh Custo R$ MOD/hora (premissa 3) 35,00 35,00 Plano de produção 1.300 2.600 Custo anual da MOD R$ 91.000,00 227.500,00 318.500,00 Custo trimestral da MOD 22.750,00 56.875,00 79.625,00 % da MOD sobre o produto 28,57% 71,43%  ETAPA 4 – Calcula-se os custos indiretos de fabricação apropriando-os sobre os dois produtos na mesma pro- porção de incidência do custo da MOD. Os custos indire- tos de fabricação (CIF) totalizam R$ 500.000,00, o qual é desdobrado no mesmo percentual da MOD incidentes sobre os produtos X e Y. Portanto, a parcela do CIF des- tinado ao produto X é 28,57% de R$ 500.000,00, que resulta em R$ 142.857,00. O valor do CIF destinado ao produto Y será o complemento de R$ 357.143,00. Esses valores, quando divididos respectivamente pelas quantidades do produto X e Y (a serem produzidos no ano) resultam na parcela do CIF por unidade de produto X e Y. O CIF por unidade de X é R$ 142.857,00, ao ser dividido por 1.300 unidades de X por ano R$ 109,89. Para o produto Y tem-se R$ 357.143,00 que dividido 66 FInanças e controle de custos por resulta em 2.600 unidades de Y por ano, resulta em R$ 137,36. CIF X Y Total Custo anual da MOD 91.000,00 227.500,00 318.500,00 Apropriação CIFs/produto/ ano 142.857,00 357.143,00 500.000,00 Premissa 4 Apropriação CIFs/produto/ unidade 109,89 137,36  ETAPA 5 – Conciliam-se os custos com matéria-prima, MOD e CIF para determinar o Custo dos Produtos Ven- didos (CPV) anual da empresa. CPV X Y Total Custo MP/unidade 30,00 35,00 MOD p/unidade 70,00 87,50 CIF p/unidade 109,89 137,36 Custo total p/unidade 209,89 259,86 Produção vendida no ano 1.180 2.450 CPV do ano 247.670,33 636.663,46 884.333,79 ⇓ Quantidades de X e Y para o cálculo do CPV Produto X = 1500 – 320 = 1.180 Produto Y = 2.800 – 350 un. = 2.450 Capítulo 4 Planejamento Financeiro 67  ETAPA 6 – Elaborar a demonstração de resultados do exercício: VENDAS R$ Modelo X Modelo Y Total das vendas CPV Estoque inicial de produtos MOD MP Custo indireto Total Lucro bruto Despesas operacionais Vendas (premissa 5) Administrativas (premissa 6) Total Lucro líquido operacional Despesas financeiras (premissa 8) Lucro antes do IR Provisão Imposto de Renda (premissa 9) Lucro líquido Distribuição de lucros Lucro retido 375.000,00 924.000,00 1.299.000,00 127.836,00 296.975,00 121.150,00 466.208,79 1.012.169,79 286.830,21 80.000,00 60.000,00 140.000,00 146.830,21 15.000,00 131.830,21 46.140,57 85.689,64 50.000,00 35.689,64  ETAPA 7 – Elaborar o ORÇAMENTO DE CAIXA: 68 FInanças e controle de custos 1º Trim 2º Trim 3º Trim 4º Trim Vendas – total ano: R$ 1.299.000,00 259.800,00 519.600,00 324.750,00 194.850,00 Recebimentos (premissa 10) 0,2 0,4 0,25 0,15 75% das vendas correntes (premissa 11) 194.850,00 389.700,00 243.562,50 146.137,50 25% das vendas do trimestre anterior 130.000,00 4.950,00 129.900,00 81.187,50 Total 324.850,00 454.650,00 373.462,50 227.325,00 Compras (ver etapa 2) 30.750,00 30.750,00 30.750,00 30.750,00 Pagamentos 60% das compras corrente (premissa 12) 18.450,00 18.450,00 18.450,00 18.450,00 40% das compras do trimestre anterior 120.000,00 12.300,00 12.300,00 12.300,00 Mão de obra direta (ver etapa 3) 79.625,00 79.625,00 79.625,00 79.625,00 CIF (500.000– 70.000)/4 107.500,00 107.500,00 107.500,00 107.500,00 Despesas operacionais Aquisição de máquina 35.000,00 35.000,00 35.000,00 35.000,00 Juros 100.000,00 100.000,00 Distribuição de lucros (premissa 16) 15.000,00 Impostos (Conta passivo/4) premissa 14 50.000,00 Capítulo 4 Planejamento Financeiro 69 Total 9.350,00 9.350,00 9.350,00 9.350,00 469.925,00 262.225,00 362.225,00 327.225,00 Fluxo líquido de caixa (145.075,00) 192.425,00 11.237,50 (99.900,00) Saldo inicial de caixa 60.000,00 (85.075,00) 107.350,00 118.588,00 Saldo final de caixa (85.075,00) 107.350,00 118.588,00 18.687,50 Empréstimo 125.075,00 21.312,50 Saldo final de caixa Premissa 15 40.000,00 107.350,00 118.588,00 40.000,00  ETAPA 8 – Elaborar o balanço projetado. A etapa 7 (or- çamento de caixa) fornece algumas informações para a projeção do balanço. São elas: • Saldo final de caixa: R$ 40.000,00. • Títulos a pagar: o empréstimo a curto prazo no fim do ano para suprir o caixa é igual a R$ 21.312,50. • Duplicatas a receber: as duplicatas a receber no fim do período correspondem a 25% das vendas do 4º trimestre amontam em R$ 48.712,50. • Duplicatas a pagar: correspondem a 40% das com- pras do 4º trimestre e montam em R$ 12.300,00. 70 FInanças e controle de custos Capítulo 4 Planejamento Financeiro 71 Atividades Elabore o planejamento financeiro da empresa Mano Móveis, preenchendo os quadros das oito etapas (conforme apresenta- do neste capítulo), obtendo a nova DR, o novo ORÇAMENTO DE CAIXA e o novo BALANÇO PATRIMONIAL, considerando as seguintes alterações nas premissas: • Redução de 5% no preço de venda dos produtos. • Estoque dos produtos e das matérias primas ao final de 12 meses igual a zero, preenchendo as tabelas a seguir. • Redução de R$ 100.000,00 nos custos indiretos de fa- bricação. Responda às seguintes questões: 1) Qual será o novo LUCRO BRUTO e o novo LUCRO LÍQUI- DO operacional da empresa? 2) Qual será o déficit máximo de caixa da empresa no perío- do? 3) Qual será o valor excedente máximo de caixa da empresa no período? 4) Qual será o valor total dos ATIVOS e PASSIVOS? 5) Qual será o valor do PATRIMÔNIO LÍQUIDO da empresa? 72 FInanças e controle de custos 6) Etapas/tabelas para preenchimento: Etapa 1 X Y Estoque inicial dos produtos Vendas previstas Estoque final dos produtos Plano de produção do exercício Etapa 2 X ( ) Y ( ) Total Matéria-prima A (1 para X e Y) Matéria-prima B (2 para X e 3 paraY) A B Total Estoque inicial de MP Consumo previsto Estoque final desejado Quantidade necessária de MP Custo unitário das MP-R$ Total das compras de MP Valores das compras trimestrais Capítulo 4 Planejamento Financeiro 73 Etapa 3 MOD X Y Total MOD (homens hora)/produto Custo R$ MOD/hora Plano de produção Custo anual da MOD R$ Custo trimestral da MOD % da MOD sobre o produto Etapa 4 CIF X Y Total Custo anual da MOD Apropriação CIFs/produto/ano Apropriação CIFs/produto/unidade Etapa 5 CPV X Y Total Custo MP/unidade MOD p/unidade CIF p/unidade Custo total p/unidade Plano de produção CPV do ano 74 FInanças e controle de custos Etapa 6 VENDAS R$ Modelos Modelo Y Totais CPV Estoque inicial de produtos MOD MP Custo indireto Total Lucro bruto Despesas operacionais Vendas Administrativas Total Lucro líquido operacional Despesas financeiras Lucro antes do IR Provisão IR Lucro líquido Distribuição de lucros Lucro retido Capítulo 4 Planejamento Financeiro 75 Etapa 7 1º Trim 2º Trim 3º Trim 4º Trim Vendas – Total Ano R$ Recebimentos 75% das vendas correntes 25% das vendas do trimestre anterior Total Compras (ver etapa 2) Pagamentos 60% das compras corrente 40% das compras do trimestre anterior Mão de obra direta (ver etapa 3) CIF (500.000–70.000)/4 Despesas operacionais Aquisição de máquina Juros Distribuição de lucros Impostos (conta passivo/4) Total Fluxo líquido de caixa Saldo inicial de caixa Saldo final de caixa Empréstimo Saldo final de caixa c/empréstimo 76 FInanças e controle de custos Etapa 8 ATIVO PASSIVO Circulante Caixa Títulos negociáveis (inalterado) Duplicatas a receber Estoques MPs Produtos prontos Fixo Ativo total Circulante Duplicatas a pagar Impostos a pagar Títulos a pagar Outros exigíveis (inalterado) Exigível de longo prazo Patrimônio
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