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Obesidade Professora Camila Costa Universidade Estácio de Sá Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia I Definição Doença crônica não-transmissível caracterizada pelo excesso de gordura corpórea. Trata-se de um transtorno complexo que envolve desordens na regulação do apetite, inatividade física e múltiplos fatores endógenos (genéticos, endócrinos, psicogênicos, medicamentos, neurológicos, metabólicos). A obesidade pode ser identificada e classificada pelo IMC, sendo considerado obeso o sujeito com IMC ≥ a 30 kg/m2. Prevalência Prevalência Prevalência Em 2015, a população mundial com obesidade foi de 108 milhões de crianças e 604 milhões de adultos; a prevalência de obesidade foi de 5% entre as crianças e de 12% entre os adultos (< em mulheres que nos homens). Em 2015, o alto IMC foi associado com 4 milhões de mortes, o que representa 7% das causas de morte no mundo. Prevalência A Organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. http://www.abeso.org.br/atitude-saudavel/mapa-obesidade Etiologia Multifatorial – fatores ambientais + GENÉTICA “A genética carrega a arma e o ambiente aperta o gatilho” George Bray Etiologia Balanço energético positivo crônico – balanço energético pode ser alterado por aumento do consumo calórico, pela diminuição do gasto energético ou por ambos. CONSUMO ENERGÉTICO GASTO ENERGÉTICO GANHO DE PESO A diminuição dos níveis de atividade física e o aumento da ingestão calórica são os fatores determinantes ambientais mais fortes. Etiologia Fatores ambientais – mudanças nos hábitos alimentares e redução da atividade física. ALIMENTOS RICOS EM CALORIAS QUALIDADE E QUANTIDADE DOS ALIMENTOS DIETA COM ELEVADA CARGA GLICÊMICA DIETA HIPERLIPÍDICA SEDENTARISMO Etiologia Regulação do apetite Leptina – promove sensação de saciedade Grelina – aumenta o apetite INGESTÃO ALIMENTAR GANHO DE PESO PRIVAÇÃO DE SONO: Tecido adiposo não é um tecido inerte. Além de estocar gordura, apresenta função endócrina. SECREÇÃO DE ADIPOCITOCINAS ADIPONECTINA LEPTINA RESISTINA VISFATINA OMENTINA (única anti-inflamatória) Tecido adiposo – função endócrina Adiponectina: produzida pelos adipócitos subcutâneos. Possui papel anti-inflamatório e aumenta a sensibilidade à insulina. Encontra-se diminuída na obesidade, principalmente obesidade visceral. Leptina: produzida pelos adipócitos. Quanto > tecido adiposo, > leptina. Porém, apesar de estar aumentada na obesidade, ocorre resistência à leptina. Possui papel pro-inflamatório na obesidade. Resistina: produzida pelos adipócitos, principalmente no tecido adiposo visceral. Possui papel pro-inflamatório e ↑ a RI. Omentina: regula metabolismo glicídico e lipídico. Visfatina: possui ação mimética à insulina adipogênese Adipocitocinas AÇÃO ANABÓLICA Insulina e homeostase lipídica Lipases Lipase lipoproteica (LPL): Quebra os triglicerídeos presentes nas lipoproteínas (quilomicrons, VLDL) – síntese de lipídios. Atividade estimulada pela insulina (ação anabólica) e, portanto, atividade diminuída na RI. Atividade inibida pelo TNF-α. Lipase hormônio sensível (LHS): Quebra os triglicerídeos presentes no tecido adiposo e AGLs vão para a circulação sanguínea – lipólise (quebra de lipídios). Atividade inibida pela insulina (papel anti-lipolítico), e, portanto, atividade aumentada na RI (por ausência de inibição). Atividade aumentada pelo TNF-α. Na RI, ocorre inibição da LPL e não ocorre inibição da LHS → ↑ AGL TNF-α: inibe a LPL e ativa a LHS ↑ AGL Resistência a insulina Hipertrigliceridemia: ↓ atividade da lipase lipoproteica (LPL). Hiperglicemia: ↓ translocação de GLUT-4 para membrana celular. Inicialmente ocorre apenas hiperinsulinemia, compensando a glicose. Mais tardiamente, as céls β pancreáticas se exaurem e a produção de insulina ↓ → HIPERGLICEMIA (se o quadro não é revertido, ocorre DM tipo 2). ↑ pressão arterial: Hiperinsulinemia dificulta a vasodilatação e promove reabsorção de sódio e água nos túbulos renais (aumentando a volemia e a PA). CONSEQUÊNCIAS METABÓLICAS: Resistência a insulina Associação entre comorbidades relacionadas a risco cardiovascular. Síndrome metabólica Critérios diagnóstico, segundo AHA, 2005: AHA – American Heart Association Síndrome metabólica Distribuição anatômica do tecido adiposo Obesidade androide: formato parecido com uma maçã, resultado do maior acúmulo de adipócitos na região torácica e abdominal. Este tipo de obesidade é mais evidente nos homens e apresenta maior risco de complicação metabólica – aumento do risco de doenças cardiovasculares e morte prematura. Obesidade ginecoide: o indivíduo adere ao formato de pera. O maior acúmulo de gordura encontra-se nas coxas e nos quadris. Formato de maior predominância nas mulheres. Androide Ginecoide Risco de complicação metabólica Circunferência da cintura (CC) – passar uma fita métrica em torno do abdômen, na altura do umbigo. Risco de complicação metabólica Circunferência da cintura (CC) – passar uma fita métrica em torno do abdômen, na altura do umbigo. Tratamento da obesidade Conduta nutricional Anamnese: avaliar a história do peso e do estilo de vida e identificar potenciais fatores contribuintes para o ganho de peso. Avaliação da ingestão e hábito alimentar: história alimentar, QFA, R24h, diário alimentar. Antropometria: Aferir na primeira consulta e periodicamente: o peso e a estatura do paciente e calcular o índice de massa corporal (IMC); IMC ≥ 30Kg/m2 em adultos é indicativo de obesidade; Quanto maior o IMC ou quanto maior a medida da CC, maior o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e mortalidade por todas as causas; Medir a CC; Conduta nutricional Circunferência de cintura: Correlaciona-se fortemente com o IMC e parece predizer melhor o tecido visceral. É considerado melhor preditor de gordura visceral total, do que a razão cintura-quadril (Diretrizes Brasileiras de Obesidade, 2016). Porém, não diferencia gordura subcutânea de gordura visceral, apenas prediz. Técnica de aferição deve ser padronizada. Conduta nutricional Razão cintura-quadril: utilizada como indicador da distribuição da gordura corporal, devido a sua associação direta entre gordura abdominal elevada e risco de hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemia (Bray et al., 1998). RCQ = CC/CQ Segundo o SISVAN, 2005, a RCQ superior a 0,95 para homens e 0,80 para mulheres é indicativa de obesidade androide e risco aumentado de doenças cardiovasculares. Conduta nutricional Dobras cutâneas em obesos: LIMITAÇÕES: Dificuldade na marcação dos pontos anatômicos; A espessura da dobra pode ser maior que a abertura das hastes do adipômetro; Dificuldade em pinçar somente o tecido adiposo. Opções de tratamento Objetivo – redução de peso e do risco de comorbidades associadas a obesidade. Opções terapêuticas mais utilizadas: Dieta hipocalórica; Prática de exercício físico; Tratamento farmacológico; Tratamento cirúrgico. Dieta hipocalórica Redução de 500 – 1000 Kcal/dia do gasto energético total diário previsto (peso atual) – vai promover perda de 0,5 a 1,0 kg/semana = METAS REALISTAS. Método VENTA: Dieta BALANCEADA: Normo a hiperproteica (15 a 25%) / Normolipídica (até 30%); Normoglicídica (50 a 60% do VET) / adoçantes naturais/ adequada em fibras (25 a 30 gramas ao dia– saciedade e intestino); Suplementos vitamínicos e de minerais (DRI – VET reduzido < 1200 kcal); Volume e fracionamento – 5 a 6 refeições/dia. Dieta convencional – restringir a ingestão calórica em 500 kcal/ dia (consumir < 30 % de lipídio na dieta). Dieta low-carb – restringir a ingestão de carboidratos (consumo < 30 g/ dia). Dieta convencional – restringir a ingestão calórica em 500 kcal/ dia (consumir < 30 % de lipídio na dieta). Dieta low-carb – restringir a ingestão de carboidratos (consumo < 30 g/ dia). Variáveis Dieta rica em gordura (low-carb) Dieta pobre em gordura (low-fat) Dieta índice glicêmico Taxa metabólica basal (kcal/dia) 1643a 1576b 1614a,b Leptina (ng/ml) 11,2a 14,9b 12,7a Cortisol urinário (µg/24 horas) 71a 50b 60a,b Efeitos metabólicos positivos sem o estresse metabólico. Considerações finais O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar, não existindo nenhuma intervenção em longo prazo que não envolva mudanças de estilo de vida; A perda de peso, embora importante, não se deve ser o foco do tratamento; Atividade física e modificação comportamental devem ser incluídas em todo tratamento da obesidade (30 min, 5x/sem ou 150 min/sem. (aeróbico + anaeróbico).
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