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Disciplina: História Antiga do Ocidente
Cronologia
MINÓICA E MICÊNICA (Creta e realezas palacianas na Península Balcânica).
* No Neolítico (4500-2600) – ocupação de populações vindas da Anatólia (Ásia Menor) (2700-2600, tanto em Creta quanto na Grécia Balcânica – Início da Idade do Bronze)
*Após as invasões indo-européias (1950-1580 – Período Heládico Médio), por volta de 2000 aparecem os primeiros palácios em Creta (Cnossos, Phaistos e Malia)
* Incursões de gregos em Creta + terremotos – época dos segundos palácios (1700)
* “Apogeu” de Cnossos (XV séc. a. C.)
* Desagregação das realezas em Creta (1400, século XIII a. C.)
* Realezas palacianas micênicas (XVII-XII séculos a. C.); Século XV – escrita Linear B
* “Apogeu” de Micenas (XIV)
* Século XIII – migração dos Dórios
* Período de desagregação do sistema palaciano micênico (séc. XII, terremotos e incêndios)
* Século XI - Início da Idade do Ferro, período geométrico
Cronologia, ver quadro cronológico de LÉVÊQUE, P. L’Aventure Grecque. Paris: Armanda Colin, 1964 (há uma edição em português: A Aventura Grega).
ESCRITA LINEAR A e B:
	A Escrita Linear A, encontrada nos palácios Creta, pelo arqueólogo A. Evans foi parcialmente ‘decifrada’. Já a Linear B foi decifrada em 1952 pelos especialistas Michael Ventris e John Chadwick. O sistema gráfico desta escrita era idêntico ao utilizado em Creta no século XIV e ocultava uma forma arcaica da língua grega. Poderemos verificar muitos termos que permaneceram para a escrita grega políade (nomes de divindades, de atividades, de cargos administrativos, contudo poderiam mudar de significado). (CHADWICK, J. El Mundo Micénico.Madrid: Alianza Editorial, 1993 [1976]). 
	Os tabletes Linear B possuem abreviaturas para a sua indicação, tais como: KN = Knossos; MY = Micenas; PY = Pilos; TH = Tebas.
	Objetivo desta escrita – existiam arquivos contendo vários destes tabletes que sobreviveram graças ao seu cozimento nos incêndios sofridos pelos palácios – era o gerenciamento dos bens do palácio, bem como para gravar dedicatórias nos santuários.
	Os documentos escritos da Grécia Micênica são escassos, só foram encontradas tabletes em grande quantidade em Cnossos e em Pilos, em menor escala nos sítios de Micenas, Tebas e Tirinto. Sobre as cifras, é mais seguro falarmos em torno de três mil tabletes em Cnossos e por volta de mil e duzentos em Pilos.
	Estes tabletes nos informam sobre a administração e a economia dos palácios. Não nos informam nada sobre a história ou o pensamento de seus habitantes. Há inscrições tb. em Linear B em vasos que podem indicar o proprietário ou o ‘fabricante’ do vasilhame. 
	Os tabletes nos informam o alto grau de especialização das atividades do palácio, principalmente dos escribas e práticas artesanais: além disso, os escribas poderiam tb ter suas atividades direcionadas para certos tipos de ‘contabilidade’ – em Pilos, por exemplo, parece ter havido um funcionário (escriba) que escrevia somente tabletes sobre rodas de carro (Sa). Em Cnossos, encontramos um mesmo funcionário encarregado da lã, panos e mulheres ‘trabalhadoras’ – é evidente que estava envolvido com a produção têxtil. Sobre a questão do arquivamento destas informações, o escriba poderia escrever em tabletes pequenos e depois copiá-las para tabletes maiores. (CHADWICK, J. p. 49).
	“A ausência de um termo para escriba nos tabletes apóia a dedução de que os escribas e funcionários sabiam ler e escrever e o indivíduo que sabia escrever não tinha um nome especial.” (p. 52)
	A escrita: os outros elementos do sistema são os numerais e os ideogramas. Ideograma é o nome que se dá aos signos que estão diante dos numerais e que indicam o gênero que se está inventariando. Estes são muitas vezes pictóricos e é fácil reconhecer homens, mulheres, cavalos, carros, rodas, espadas, taças e vasos de distintos tipos representados. 
	Sobre o posicionamento dos palácios – os micênicos procuraram regiões estratégicas para construir os seus palácios, em colinas, por exemplo. Contudo, os palácios minóicos não usufruíram destas preocupações estratégicas, o palácio de Cnossos encontrava-se situado em um vale. Sobre a questão de controle de palácios, o autor (Chadwick) aponta que o palácio de Festos (grande produtor de trigo) era controlado por Cnossos em Creta.
	Exportação de cerâmica e circulação da escrita Linear B: vasos cretenses com inscrições em Linear B foram exportados para o continente – Tebas, sabe-se que era de Creta pelos resíduos encontrados da argila (cretense). 
	Sobre a questão de quem eram os representados nos tabletes? Chadwick afirma com segurança que eram pessoas que falavam o grego, o autor analisa os nomes encontrados nos tabletes micênicos: homens e mulheres com nomes gregos. Por exemplo, o nome Alexandra/Alexandros já aparece em tabletes do XIII século a. C. O número de nomes que aparecem nos tabletes de Pilos chega à cifra de 200. Podemos por meio destes documentos estabelecer o tamanho da população? É difícil, em Pilos foi encontrada a seguinte informação: a cifra de aproximadamente 750 escravas controladas pelo palácio, junto com um numero similar de crianças. É provável que a cidade tivesse pelo menos 2500 escravos. Talvez a população do reino chegasse a 50 mil – 250 pessoas por assentamento. (p. 95)
	Os termos que indicam a estrutura social destas realezas palacianas: 
	1 – Wanax, em Homero ânax – significa o rei do palácio
2 – Guasileus, em Homero basileus (rei nos poemas homéricos), mas nos tabletes não passava de chefe de qualquer tipo de grupo, inclusive capataz de um grupo de ferreiros.
3 – Lawagetas, significa “o condutor do povo”, alguns acreditam que esta categoria estivesse relacionada à chefia das tropas, mas Chadwick diz que nenhum indício prova esta hipótese, a partira das informações dos tabletes.
4 – Hequetai, “Seguidores”. 
	“Em sociedades deste tipo, o rei necessita de um grupo de nobres/aristocratas que atuem como seus delegados e permitam impor um controle em todo o reino. No geral, esta necessidade se satisfaz graças a uma classe de aristocratas, muitas vezes parentes da Casa Real, por meio da qual proporciona os oficiais de categoria superior da administração, formam também as tropas de elite do exército e estão comandando as tropas de infantaria.” (p. 100) Os tabletes confirmam que os Seguidores poderiam ter escravos e carros.
	A administração do reino de Pilos – o reino estava dividido em 16 distritos administrativos, cada um controlado por um governador chamado de koreter e um sub-governador, denominado prokoreter. As pessoas que possuem parcelas de terras eram chamadas de ktoinookhos – “possuidor de um terreno”. O termo que designa pessoas de um coletividade – “povo” era dâmos, o grego posterior será dêmos. 
	Sobre as camadas inferiores, é difícil traçar um panorama de como viviam e quem eram estas pessoas. Será que havia algum tipo de ‘corvéia’, ou seja, trabalho compulsório temporário para obras públicas? Os documentos nada dizem. Os maiores grupos de homens catalogados nos tabletes de Pilos são os 800 que formam a patrulha da costa e os 500-600 que aparentemente estão servindo como remadores da frota (An 610). 
	Escravos – temos o conhecimento das escravas de Creta e de Pilos de condição muito baixa para a atividade de tecelagem. Uma grande série de documentos procedente de Pilos mostra que a razão para este censo é a distribuição de rações, em ambos os casos (Creta e Pilos) as mulheres aparecem acompanhadas por crianças, mas não por maridos. Sabemos também que os escravos de propriedade privada mais numerosos que temos conhecimento são aos que pertencem aos ferreiros de Pilos, que trabalhavam como artesãos junto com seus donos. 
	Calendário religioso aparece em um tablete de Pilos o nome do mês porowitojo – “o mês da navegação”, provavelmente fins de março. 
	Os tabletes indicam oferendas de cultuadores para suas divindades – em um documento, foram identificados 13 vasos de ouro e 10 seres humanos destinados a três divindades: Zeus, Hera e Hermes. A principal divindade de Pilos era Poseidon.(p. 129)
	Dionisos não é uma divindade nova ou estrangeira como alguns autores pensavam. A divindade aparece duas vezes nos tabletes de Pilos como Diwonusos. (p. 134; cf. Trabulsi, J.A.D. Dionysisme: Pouvoir et Société. Paris: Les Belles Lettres, 1990, p. 25). Outras divindades identificadas: Ares, Hephaistos. É difícil identificar Apolo e não há menção sobre Aphrodite.
	O que temos de informações sobre a agricultura destas sociedades são as dos arquivos palacianos, ou seja, as culturas das terras reais. Dois cereais cultivados: trigo e cevada. (p. 145)
	Dois tipos de propriedades: privada e do dâmos = kotona kitimena (propriedade privada); kotona kekemena (do dâmos). (pp. 147-148)
	O que eles produziam? Azeitonas (Creta), figo (Pilos), em Cnossos, por exemplo, pequenas quantidades de figos junto com cevada azeite de oliva e vinho poderiam configura-se em oferendas às divindades. Vinho nos tabletes = woinos (p. 161).
	Os tabletes de Pilos indicam 1.100 videiras e os de Creta indicam 1.700 figueiras em Creta. Havia a prática da apicultura em Pilos, grandes vasos contendo mel foram ofertados às divindades (Poseidon) em Pilos. (pp. 162-163)
	Os tabletes tb indicam cabeças de gado, principalmente utilizados como animais de tração. Em Creta há um conjunto de tabletes que tratam da criação de ovelhas, em Cnossos, foram inventariadas 100 mil cabeças, esta atividade era uma das mais importantes do reino micênico de Creta (p.165). Havia em Creta tb rebanho de cabras, em menor quantidade se comparada à criação de ovelhas. 
	As cidades micênicas eram protegidas por muralhas: Pilos, Tirinto, Micenas e foram encontrados vestígios de muralhas na Acrópolis de Atenas e no Istmo de Corinto. Os palácios de Creta não eram fortificados (176). 
	Os micênicos trabalharam com cinco metais: ouro, prata, chumbo, cobre e estanho (estes dois últimos para produzir o bronze). Não se desconhecia o ferro, mas é sabida a incapacidade técnica de trabalhar com as minas de ferro na Grécia. O cobre era obtido facilmente em Chipre. E o estanho, de onde vinha? Ferreiros em Pilos: “É evidente que o palácio se preocupava em manter um estreito controle sobre as provisões de metais (...) Cada tablete desta série (Jn) apresenta um topônimo, uma lista de ferreiros e a quantidade de bronze trabalhada por cada um deles.” Isso quer dizer que o palácio cuidava com zelo – controlava bem – os metais usados pelos artesãos. (p. 180)
	Importante: os micênicos não construíram grandes templos, os ritos eram praticados em partes especiais dos palácios. Melhor chamar de ‘santuários’. (p. 182)
	Comércio: Pilos por meio de seus excedentes (metalurgia do bronze e lã) realizava trocas, Creta produzia seus vasos destinados às trocas comerciais. “Durante a época micênica, recipientes produzidos na Grécia viajaram até a Itália meridional, o Levante e Egito. Desta forma, mesmo incapazes de quantificar os dados, podemos deduzir que os reinos produziam um excedente para exportação.” (p. 198)
	Produtos importados: marfim, ouro, prata. OBS: não existe menção nos tabletes para o ofício do comerciante. 
	As armas dos guerreiros micênicos: couraça com couro ou linho grosso + chapas de metal. Escudos feitos de pele de bois. Os escudos em forma de oito não aparecem nos tabletes.
	Uso do carro de guerra: prestígio. O autor não acredita no uso destes carros em combate, em virtude dos terrenos serem bastante acidentados. Seu uso deveria ser de meio de transporte e signo de prestígio social (pp. 208-209).
	Nos tabletes aparecem espadas, arco-e-flecha, além de remadores e de vigias que guardavam as regiões costeiras (p. 221).
	Desagregação destas sociedades palacianas = conflitos e incêndios. Chadwick não acredita na ‘tese’ de que os Dórios foram os responsáveis pela desagregação do ‘mundo micênico’ (p. 242).
	
	Creta: aparecimento dos primeiros palácios – por volta de 2000 a. C. em Cnossos, Festos e Malia e por volta de 1700 a. C. estes palácios são destruídos por um cataclisma, talvez incêndios (LÉVÊQUE, P. L’Aventure Grecque. Paris: Armand Colin, 1964, p. 41). A época dos segundos palácios (c. 1700-1400 a. C.), reconstrução dos palácios e uma hegemonia por parte de Cnossos. Há a hipótese de Cnossos/Creta ter empreendido uma thalassocracia – domínio do Egeu, por parte dos minóicos. Império marítimo, estabelecido principalmente sobre as ilhas do Mar Egeu. Os minóicos se fixaram em vários sítios pequenos onde fundaram cidades que guardaram o nome de Minoa: pequenos postos munidos de guarnição onde eles comerciavam e cobravam um tributo. Os cretenses possuíam uma frota potente, puderam assim explorar o Mar Egeu, onde impuseram tributos/ contribuições, daí o mito de Teseu. Entretanto, a arqueologia não permite verificar esta hegemonia minóica no Egeu, o que podemos verificar são laços comerciais entre Creta e as ilhas das Cíclades: “A Arqueologia não confirma a idéia de um império.” (ÉTIENNE, R. et al. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris: Ellipses, 2000, pp. 38-39)
	Economia – agricultura: produz cevada e trigo, bem como legumes secos (ervilhas, lentilhas), oliveira, figos, vinha. Havia tb prática da pesca.
	Comércio ativo com as Cíclades, Chipre, Grécia, Ásia Menor, Egito e Síria. (p. 44)
	PALÁCIOS – os palácios de Creta não são fortificados. São conjuntos não fortificados construídos em torno de um pátio central Os telhados em terraço são sustentados por colunatas medianas, o que impõe a porta lateral. A iluminação é assegurada pelas várias janelas. Os minóicos conheciam a hidráulica, eles captavam as águas das chuvas torrenciais e escoavam por meio de canos/calhas e eram conduzidas para diversas salas de banho. 
	O Palácio de Cnossos: o arquiteto o declive do terreno e ordenou o conjunto sobre dois planos – a ala oriental está em um nível inferior ao pátio central e ao resto do edifício. À oeste do vasto pátio (60 X 29 m aproximadamente) encontram-se os santuários e as salas de recepção, notadamente a sala do trono, precedida de uma bacia/ banheira de purificação, em seguida, separados por um longo corredor N-S, os depósitos, onde enormes píthoi, acumulavam as riquezas dos minóicos. À leste encontram-se as oficinas e os apartamentos privados. Ao sul as partes comuns/ ordinárias, ao norte os depósitos (zonas de estocagem) e o teatro (segundo Homero destinado às danças). As paredes estavam ornadas com pinturas (peixes, golfinhos, touros, procissões). Os personagens masculinos possuem cores diferentes dos femininos, olhar frontal em face de perfil. (p.47) Não há grandes estátuas ou mesmo estátuas de culto, só estatuetas. Os minóicos deram bastante atenção às jóias (metais e pedras preciosas). 
	Tumbas: as práticas funerárias confirmam a imagem de uma sociedade hierarquizada, ao lado das ricas tumbas da necrópole de Chryssolakos (Malia) observa-se nas grandes tumbas de Messara (Grécia meridional) um material importante, como armas, sinetes, vasos de pedra ou de cerâmica. Ao lado das sepulturas familiares, dotadas de um abundante material cerâmico, apareceram tumbas individuais, em vasos ou sarcófagos. (ÉTIENNE, R. et al. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris: Ellipses, 2000, p. 35) 
	Os Pequenos Palácios: ao lado deste conjunto palaciano, os arqueólogos observam o aparecimento de ‘pequenos palácios’. Estes acham-se nas proximidades, como é o caso em Cnossos (‘villa real’), em Malia (casa Epsilon), em Zakros (casa A) ou em Phaistos (‘villa’ d’Haghia Triada). Fala-se em ‘villas’ ou de ‘grandes residências’, que se interpreta como uma sede de um governo local, de um alto funcionário encarregado pelo palácio de assegurar a produção agrícola ou artesanal de uma zona precisa. Estas ‘grandes residências’ poderiam representar também a emergência de uma ‘nobreza’ oriunda das cidades, de uma organização palaciana cada vez mais hierarquizada. (p. 37)
	Religião: as deusas possuem um grande destaque na vida religiosa dos minóicos, bem como os seres híbridos: homens com cabeça de cabra e mulheres com cabeças de pássaros. Os santuários encontravam-se em grutas nailha e em partes especiais do palácio. (p. 52)
	Micenas = A arqueologia dos sítios micênicos se deve às empreitadas do alemão Schliemann que escavou Tróia e depois os sítios do Peloponeso.
	Palácio de Micenas = acrópolis fortificada com muralhas, no interior temos depósitos, algumas casas/ edifícios e principalmente o palácio. Este palácio é composto por uma sala do trono, um santuário e um mégaron (ou uma grande sala) composta por três elementos: um vestíbulo/ átrio exterior, pavimentado de pedras de gipso (sulfato de cal), um vestíbulo interior, e a peça principal (o mégaron propriamente dito), com o fogo central envolvido por quatro colunatas sustentando uma clarabóia por onde a fumaça escapava (pp. 64-65).
	A administração do palácio ocupa-se com as oferendas às divindades: tanto oferendas materiais (animais, vinho, trigo, óleo, lã, vasos preciosos) como humanas (para servir à divindade ou ser sacrificada ?). O palácio também é responsável pelo abastecimento e pela organização das grandes cerimônias religiosas. (ÉTIENNE, R. et al. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris: Ellipses, 2000, p. 46) 
	A Acrópolis estava destinada ao rei e aos seus senhores próximos, a cidade estava embaixo à sudoeste da fortaleza. Nesta parte encontramos sítios interessantes, como a “Casa do Mercador de Vinho”, onde foram encontrados muitos vasos e a “Casa do Mercador de Óleo”, com píthoi contendo óleo. 
	Tumbas – três tipos: as de covas dos dois círculos, o da planície, recentemente escavado ao lado da “Tumba de Clitemnestra” (Círculo B), e o da Acrópolis (Círculo A). O segundo círculo foi envolvido por uma muralha de pedras, vários séculos após a feitura das tumbas, quando se quis separar na cidade o domínio dos vivos e dos mortos; no primeiro círculo, contudo, a muralha é contemporânea às tumbas. Os mortos estavam acompanhados por um mobiliário funerário (máscaras, armas, vasos e jóias). Há outro tipo de tumba – tumba de câmara – tumbas com corredor (dromos) que dá acesso a um quarto talhado na rocha. E, por fim, a tumba de cúpula (tholos) onde o dromos conduz a uma câmara circular abobadada com saliências na parede. Há nove tholoi em Micenas, cujos nomes são Tumbas de Clitemnestra, de Egisto, a mais célebre é a do “Tesouro de Atreu” (pp. 66-67). OBS: os mortos são inumados e não incinerados, como fala Homero.
	Artes: pinturas parietais (procissões) nos palácios. Produção de vasos – rhyton e taças de ouro e prata.
	Sobre os dois “mundos” – minóico e micênico: “existe uma continuidade entre os dois mundos, continuidade justamente assegurada por uma organização comum econômica e socialmente centrada em torno do palácio.” (ÉTIENNE, R. et al. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris: Ellipses, 2000, p. 33)
	Sobre a difusão das mesmas características do mundo micênico: a extensão geográfica da civilização micênica é tal que a partir de 1400 a. C. ela forma uma unidade – koiné – que os arqueólogos irão medir não somente por meio de certos traços de civilização, como as práticas funerárias, mas a área de difusão da cerâmica micênica. Étienne salienta o raio de penetração das tumbas e objetos encontrados junto aos mortos. (ÉTIENNE, R. et al. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris: Ellipses, 2000, pp. 42-43)
	Homero e o Mundo Micênico: As armas dos heróis homéricos são de bronze é uma preocupação arcaizante do poeta, pois no período de Homero já havia o uso de armas de ferro (VIII século a. C.) (Scheid-Tissinier, Évelyne. L’Homme Grec aux Origines de la Cité Paris: Armand Colin, 1999, p. 37). Os documentos em Linear B provam como a escrita atua um papel essencial na organização dos palácios: em Homero parece quase ignorada. De maneira geral, a organização palaciana micênica é bem mais sofisticada que os reinos de Ulisses e seus companheiros. O mundo homérico conservou na memória (o mundo micênico), porque sem dúvida eles eram dotados de um valor ‘heróico’ que agradava à aristocracia da época geométrica, sócia dos rapsodos. O mundo dos poemas homéricos aplica-se (reaparece/ mostra-se novamente) à época micênica, bem como à época das idades obscuras e à época geométrica.
	RESUMO – ESCRITA LINEAR B (MICÊNICA):
	A Escrita Linear A (período minóico), encontrada nos palácios Creta, pelo arqueólogo A. Evans foi parcialmente ‘decifrada’. Já a Linear B foi decifrada em 1952 pelos especialistas Michael Ventris e John Chadwick. O sistema gráfico desta escrita era idêntico ao utilizado em Creta no século XIV a. C. e ocultava uma forma arcaica da língua grega. Poderemos verificar muitos termos que permaneceram para a escrita grega políade (nomes de divindades, de atividades, de cargos administrativos, contudo poderiam mudar de significado). (CHADWICK, J. El Mundo Micénico.Madrid: Alianza Editorial, 1993 [1976]). 
	Os tabletes Linear B possuem abreviaturas para a sua indicação, tais como: KN = Knossos; MY = Micenas; PY = Pilos; TH = Tebas.
	Objetivo desta escrita – (existiam arquivos contendo vários destes tabletes que sobreviveram graças ao seu cozimento nos incêndios sofridos pelos palácios) – era o gerenciamento dos bens do palácio, bem como para gravar dedicatórias nos santuários.
	Os documentos escritos da Grécia Micênica são escassos, só foram encontradas tabletes em grande quantidade em Cnossos e em Pilos, em menor escala nos sítios de Micenas, Tebas e Tirinto. Sobre a questão das cifras, é mais seguro falarmos em torno de três mil tabletes em Cnossos e por volta de mil e duzentos em Pilos.
	Estes tabletes nos informam sobre a administração e a economia dos palácios. Não nos informam nada sobre a história ou o pensamento de seus habitantes. Há inscrições também em Linear B em vasos que podem indicar o proprietário ou o ‘fabricante’ do vasilhame. 
	Os tabletes nos informam o alto grau de especialização das atividades do palácio, principalmente dos escribas e dos artesãos: além disso, os escribas também ter suas atividades direcionadas para certos tipos de ‘contabilidade’ – em Pilos, por exemplo, parecer ter havido um funcionário (escriba) que escrevia somente tabletes sobre rodas de carro.
		A escrita: os outros elementos do sistema são os numerais e os ideogramas. Ideograma é o nome que se dá aos signos que estão diante dos numerais e que indicam o gênero que se está inventariando. Estes são muitas vezes pictóricos e é fácil reconhecer homens, mulheres, cavalos, carros, rodas, espadas, taças e vasos de distintos tipos representados.
	Os termos que indicam a estrutura social destas realezas palacianas: 
	1 – Wanax, em Homero ânax – significa o rei do palácio
2 – Guasileus, em Homero basileus (rei nos poemas homéricos), mas nos tabletes não passava de chefe de qualquer tipo de grupo, inclusive capataz de um grupo de artesãos. 
3 – Lawagetas, significa “o condutor do povo”, alguns acreditam que esta categoria estivesse relacionada à chefia das tropas, mas Chadwick diz que nenhum indício prova esta hipótese, a partir das informações dos tabletes.
4 – Hequetai, “Seguidores”. 
	“Em sociedades deste tipo, o rei necessita de um grupo de nobres/aristocratas que atuem como seus delegados e permitam impor um controle em todo o reino. No geral, esta necessidade se satisfaz graças a uma classe de aristocratas, muitas vezes parentes da Casa Real, por meio da qual proporciona os oficiais de categoria superior da administração, formam também as tropas de elite do exército e comandam as tropas de infantaria.” (p. 100) Os tabletes confirmam que os Seguidores poderiam ter escravos e carros.
	A administração do reino de Pilos – o reino estava dividido em 16 distritos administrativos, cada um controlado por um governador chamado de koreter e um sub-governador, denominado prokoreter. As pessoas que possuem parcelas de terras eram chamadas de ktoinookhos – “possuidor de um terreno”. O termo que designa pessoas de um coletividade – “povo” era dâmos, o grego posterior será dêmos.
	Dois tipos de propriedades: privada e do dâmos = kotona kitimena (propriedade privada); kotona kekemena (do dâmos). (pp. 147-148)
	O queeles produziam? Azeitonas (Creta), figo (Pilos), em Cnossos, por exemplo, pequenas quantidades de figos junto com cevada azeite de oliva e vinho poderiam configura-se em oferendas às divindades. Inscrição do termo vinho nos tabletes = woinos (p. 161).
	Os tabletes de Pilos indicam 1.100 videiras e os de Creta indicam 1.700 figueiras. Havia a prática da apicultura em Pilos, grandes vasos contendo mel foram ofertados às divindades (Poseidon) em Pilos. (pp. 162-163)
	Os tabletes também indicam cabeças de gado, principalmente utilizados como animais de tração. Em Creta há um conjunto de tabletes que tratam da criação de ovelhas, em Cnossos, foram inventariadas 100 mil cabeças, esta atividade era uma das mais importantes do reino de micênico de Creta (p.165). Havia em Creta também rebanho de cabras, em menor quantidade se comparada à criação de ovelhas.
	Comércio: Pilos por meio de seus excedentes (metalurgia do bronze e lã) realizava trocas, Creta produzia seus vasos destinados às trocas comerciais. “Durante a época micênica, recipientes produzidos na Grécia viajaram até a Itália meridional, o Levante e Egito. Desta forma, mesmo incapazes de quantificar os dados, podemos deduzir que os reinos produziam um excedente para exportação.” (p. 198)
	Produtos importados: marfim, ouro, prata. OBS: não existe menção nos tabletes para o ofício do comerciante.
	Sobre os dois “mundos” – minóico e micênico: “existe uma continuidade entre os dois mundos, continuidade justamente assegurada por uma organização comum, econômica e socialmente centrada em torno do palácio.” (ÉTIENNE, R. et al. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris: Ellipses, 2000, p. 33)
	Sobre a difusão das mesmas características do mundo micênico: a extensão geográfica da civilização micênica é tal que a partir de 1400 a. C. ela forma uma unidade – koiné – que os arqueólogos irão medir não somente por meio de certos traços de civilização, como as práticas funerárias, mas também a área de difusão da cerâmica micênica. (ÉTIENNE, R. et al. Archéologie Historique de la Grèce Antique. Paris: Ellipses, 2000, pp. 42-43)
	Homero e o Mundo Micênico: As armas dos heróis homéricos são de bronze é uma preocupação arcaizante do poeta, pois no período de Homero já havia o uso de armas de ferro (VIII século a. C.). Os documentos em Linear B provam como a escrita atua um papel essencial na organização dos palácios: em Homero parece quase ignorada. De maneira geral, a organização palaciana micênica é bem mais sofisticada que os reinos de Ulisses e seus companheiros. O mundo homérico conservou na memória (o mundo micênico), porque sem dúvida eles eram dotados de um valor ‘heróico’ que agradava à aristocracia da época geométrica, sócia dos rapsodos. O mundo dos poemas homéricos aplica-se (reaparece/ mostra-se novamente) à época micênica, bem como à época das idades obscuras e à época geométrica.
Expansão Romana
Guarinello, Norberto Luiz. Imperialismo Greco-Romano. São Paulo: Ática, 1987.
	1 – Imperialismo Antigo e Moderno.
	Imperialismo: o imperialismo é, em geral, encarado como uma fase específica do desenvolvimento do capitalismo. Seria, assim, uma forma de incentivar os investimentos (para os keynesianos) ou um mecanismo acumulador de capitais, seja pela troca desigual entre metrópole e periferia, seja pela exportação de capitais, que se aproveitariam da mão-de-obra barata e das matérias-primas das nações subdesenvolvidas.
	Imperialismo, guerra e expansão: definição de Moses Finley: “um Estado pode ser denominado imperialista se, em qualquer momento, exerceu autoridade sobre outros Estados (ou comunidades ou povos), visando a seus próprios fins e vantagens, quaisquer que tenham sido estas últimas.” (FINLEY, M.I. Empire in the Greco-Roman World) “A esfera política aparece aí como claramente determinante, mas abre-se a possibilidade para motivações econômicas, que o próprio Finley localizará, essencialmente, na necessidade de prover a cidade expansionista dos meios básicos de subsistência, acentuando assim o caráter importador do imperialismo antigo em contraposição ao moderno.” (p. 9)
	Especificidade do imperialismo greco-romano e seu desenvolvimento: “Em primeiro lugar deve-se ressaltar que toda expansão político-militar de uma cidade-Estado antiga é um empreendimento coletivo, visando à resolução de suas contradições internas e à obtenção de benefícios e vantagens para a comunidade que permitam amenizar os conflitos de classes no seio da cidadania.” (p. 10)
	“Embora a guerra seja uma atividade fundamental na cidade-Estado antiga e esteja intimamente relacionada com qualquer fenômeno de expansão imperialista, não se confunde com esta. Tanto em Atenas como em Roma a guerra é uma atividade da qual participam todos os cidadãos adultos capazes, cujas obrigações militares são distribuídas segundo os recursos materiais das diferentes classes de cidadãos.” (p. 10)
	4 - O imperialismo romano: natureza, fases.
	Imperialismo Defensivo?
	“Parte ponderável da bibliografia a respeito considera que a expansão romana foi o resultado natural e inesperado de guerras defensivas, nas quais Roma se envolveu contra a vontade, entrando na posse de territórios que não queria dominar. Não é fácil efetuar um balanço crítico dessas posições, tendo em vista que se referem, em geral, a momentos específicos da expansão romana, como as guerras púnicas ou a conquista do Oriente”. (p. 39)
	“Alguns autores, como P. Veyne, descarta o uso do conceito de imperialismo no caso romano, afirmando que a expansão foi imotivada e quase involuntária, na medida em que o senado romano nunca buscou conscientemente a hegemonia (com exceção da segunda guerra Macedônia, em 200 a. C.). A prova estaria na recusa romana em anexar os territórios conquistados, contentando-se em estabelecer protetorados ou em ‘finlandizar’ os povos submetidos. Já no século passado, T. Mommsen defendia a idéia de uma expansão involuntária e defensiva de Roma, que se teria limitado a responder às agressões externas e a preveni-las.” (pp. 39-40)
	Muitos dos autores que apóiam esta tese utilizam o exemplo do caso da guerra contra os gregos: liberta-los do jugo macedônio. Da fase ‘defensiva’ para a ‘ofensiva’ ou ‘expansionista’. Alguns autores acreditam que a 1a. guerra contra Cartago foi um marco para esta mudança, outros (entre eles J. Carcopino) acreditam que foi a segunda guerra púnica. Os autores que apóiam a tese do imperialismo defensivo dizem que não havia qualquer fator econômico para a expansão. (p. 40)
	“A noção de ‘guerra defensiva’, por outro lado, deriva em parte de uma leitura acrítica de determinadas fontes (em especial Tito Lívio) e da aceitação como realidade de fato, da auto-representação ideológica, de cunho religioso, que os romanos elaboraram nas etapas iniciais da expansão. (...) a guerra em Roma revestia-se de um profundo caráter religioso. A declaração de guerra envolvia um complexo ritual, executado por um colégio de sacerdotes, denominados feciais, e implicava sempre a noção de guerra justa, ou seja, a guerra como reparação de uma injustiça ou dano cometido contra o povo romano.” (p. 41)
	Imperialismo e economia
	O autor não aceita as interpretações que atribuem ao expansionismo fatores econômicas, um caráter moderno, semelhante ao imperialismo contemporâneo. Aspectos comerciais atuaram também, principalmente a parti do II século, mas não como acontece atualmente. “(...) os fatores políticos e econômicos são inextrincáveis no estudo do imperialismo antigo. Se a expansão militar ocasiona um diferencial de poder entre Estados ou povos, esse poder não é uma categoria abstrata (como uma ‘vontade de poder’, visto como poder em si), mas se define sempre para alguma coisa, ou seja, tendo em vista objetivos delimitados. Além disso, implica uma dupla relação de poder. Uma primeira, que define um centro (expansionista) e uma periferia (submetida) e que permite um fluxo centrípeto de bens, materiais ou não, necessários à metrópole. E uma segunda, igualmente fundamental, que se estabelece internamente, a partirda própria estrutura de poder da cidade imperialista, tendo em vista a delimitação dos objetivos da expansão (o que se visa obter) e de sua distribuição (como distribuir seus frutos). Essa estrutura de poder, por sua parte, remete à estrutura econômica da cidade-Estado, às diferenças de acesso à terra entre ricos e pobres e, portanto, está ligada ao equilíbrio político resultante da luta de classes em seu interior.” (pp. 43-44)
	A destruição de Corinto e de Cartago (ambas em 146 a. C.) marca bem a mudança de atitude romana, para com os vencidos, e uma fase nova – expansionista (Diodoro da Sicília. Biblioteca de História, XXXII, 4; cf. Salústio. Guerra de Jugurta, XLI, 1-2). Fases do expansionismo romano: “Como marcos importantes são mencionados, com freqüência, acontecimentos como a primeira guerra púnica, em 264 a. C., quando a expansão ultrapassa os limites da Itália, rompendo com o antigo sistema de alianças no tratamento dos territórios conquistados (Sicília e Sardenha); a segunda guerra púnica, que transformou Roma em uma grande potência mediterrânea, pondo-a em contato com os reinos helenísticos; diversos episódios da expansão romana no século II a. C., tanto no Ocidente como no Oriente, considerados indicativos de alterações significativas na condução do imperialismo romano (por exemplo, a segunda e terceira guerras macedônicas, as campanhas na Espanha, a destruição de Cartago e Corinto).” (p. 45)
	5 – Os inícios do imperialismo romano.
	Terra e Expansão
	“Um dos elementos determinantes dessa expansão parece ter sido a busca de terras cultiváveis, observável nas lutas internas em Roma e nos recursos obtidos com as conquistas.” (pp. 49-50)
	Ager Publicus: “(...) Roma expropriava parte das terras nas regiões conquistadas pela força ou que se haviam rebelado, apropriando-se de uma extensão variável de seu território (entre 1/3 e 2/3). Tais terras constituíam, provavelmente, o principal aporte material da conquista e eram integradas à propriedade pública do Estado romano como ager publicus (terras públicas). A ampliação do ager publicus tornou-se, assim, um dos principais resultados da expansão romana e o foco das lutas políticas travadas em torno da distribuição de seus benefícios em Roma.” (p. 50)
	As terras anexadas poderiam ser distribuídas para alguns cidadãos romanos ou eram destinadas para fundação de colônias: “que funcionavam como postos avançados do domínio romano, controlando regiões hostis e agindo como válvula de escape para as pressões pela terra em Roma e nas cidades aliadas.” Até por volta de 340 a. C., a Liga Latina (cidades do Lácio) era a responsável pela expansão. “Após a dissolução da Liga Latina, por volta de 340 a. C., prosseguiu a fundação de colônias, diferenciadas em dois tipos: umas, de caráter essencialmente militar, eram colônias de cidadãos romanos, cujos colonos preservaram a cidadania romana. Eram formadas por grupos pequenos, de trezentos soldados, que recebiam lotes de terra de extensão reduzida e em território hostil. Outras eram instaladas na costa (Antium, Terracina), um indício de que a política expansionista romana, já nessa época, não se limitava à conquista territorial, mas possuía interesses marítimos. Por outro lado, Roma continuou a fundação de colônias latinas, com contingentes mistos (romanos e latinos) que podiam atingir seis mil colonos. Estes recebiam lotes de terras variáveis, em geral muito pequenos. Além de atenderem a objetivos defensivos, essas fundações tinham um claro escopo colonizador, distribuindo a terra conquistada entre a população camponesa de Roma e de seus aliados e reproduzindo, nas colônias a economia de subsistência, centrada na pequena propriedade camponesa, que era característica de Roma nesse período.” (pp. 51-52)
	Ager publicus: “A maior parte do ager publicus, contudo, permanecia indivisa e era ocupada por aqueles que possuíam os meios para cultivá-lo, mediante o pagamento de uma taxa para o Estado. Tais terras eram, por vezes, deixadas aos habitantes originais, dos quais se obtinha assim uma renda, mas, em geral, acabavam nas mãos da aristocracia fundiária romana (até o séc. IV a. C., o patriciado), que aí encontrava uma forma de estender suas propriedades e de aumentar sua riqueza.” (p. 52)
	Período de tensões sociais, de conflitos devido à escassez de terras e contendas internas. “Para responder a tais questões é necessário admitir que a resolução das tensões sociais não era um dos objetos explícitos da expansão, mas o resultado, seja da maior disponibilidade de terras, seja das lutas internas na própria Roma. Os benefícios da conquista, portanto, podiam levar, num primeiro momento, à agudização dos conflitos e, não, à sua solução. A aristocracia fundiária tinha na expansão uma forma de ampliar seu próprio poder, adquirindo glória e prestígio militar, estabelecendo alianças com as aristocracias dos Estados aliados, fortalecendo o exército com os contingentes provindos destes últimos. No tocante às terras conquistadas, sua principal preocupação residia no aumento de suas propriedades através da ocupação do ager publicus. Já para a massa camponesa plebéia, que possuía pequenos lotes de terra cultivados pela própria família, tais terras representavam a possibilidade de aliviar os efeitos de pressões demográficas, evitando a excessiva fragmentação de suas propriedades por herança ou dote. Não se tratava, portanto, da multiplicação de lotes de uma mesma família, como no caso da aristocracia, mas a multiplicação das unidades familiares.” (pp. 56-57)
	Imperialismo e romanização: “(...) o imperialismo romano implicava uma integração progressiva das áreas conquistadas à sua estrutura política, baseando-se numa aliança entre grupos aristocráticos com objetivos comuns. Se a conquista romana representava a perda de bens materiais e da autonomia política dos vencidos, possibilitava que as camadas dominantes destes últimos preservassem sua autonomia frente à plebe, baseando-se no imenso poderio militar de Roma. Esta, por sua vez, integrava a seus interesses expansionistas aqueles dos aliados, fossem comerciais – como na defesa dos comerciantes itálicos, em particular após a conquista da Magna Grécia -, políticos ou sociais (na distribuição de terras).” (p. 57)
	6 – Os últimos séculos da república.
	“No curso do século III a. C. completa-se a conquista da Itália apenínica. (...) As conquistas ultramarinas, que se iniciam em 264 a. C., com a primeira guerra púnica, e que estenderão o domínio romano por toda a bacia mediterrânea, serão organizadas de forma diferente. Os territórios anexados são, agora, agrupados em províncias – delimitados geograficamente – e integrados em um sistema regular de exploração. (...) O tipo de tributo exigido (em espécie ou moeda) e seu montante total eram estabelecidos quando da organização da província, sendo específicos para cada caso.” (p. 63)
	“Após a conquista, Roma determinou, às regiões que tomara dos púnicos, o pagamento de um tributo em espécie, arrecadando, anualmente, um décimo da produção de trigo – o principal produto da ilha.” (p. 64)
	“Outras fontes de arrecadação eram o imposto alfandegário, cobrado nos portos, e os rendimentos provenientes das minas, confiscadas e tornadas propriedade estatal. Tais minas eram particularmente importantes na Espanha.” (p. 65)
	“Os governadores, por sua vez, participavam do processo espoliatório através do controle que exerciam da justiça e do poder militar. O cargo de governador representava assim, para a aristocracia senatorial, a possibilidade de aumentar extraordinariamente suas riquezas. (...) Para fazer frente a essas exigências, as cidades submetidas eram obrigadas a tomar dinheiro emprestado da própria aristocracia romana, o que aumentava o fluxo de riquezas para esta, graças aos juros exorbitantes que cobrava. Sila, por exemplo, durante suas campanhas orientais, impôs uma contribuição de vinte mil talentos às cidades da Ásia. Com os juros sobre os empréstimos que estas fizeram para pagá-la, a quantia devida sextuplicou, atingindo 120 mil talentos (cf.Plutarco, Vida de Sila, 25).” (p. 66)
	Crescimento da mão-de-obra escrava e ‘o surgimento do modo de produção escravista em Roma’: “(...) uma vasta disponibilidade de terras, em particular públicas, acessíveis à ocupação pela aristocracia romana. As riquezas adquiridas com as conquistas, que se concentravam nas mãos da classe dominante, possibilitavam sua inversão no campo, criando, ao mesmo tempo, um mercado urbano em constante expansão para determinados produtos agrícolas de luxo. Além disso, a expansão assegurava um suprimento abundante de mão-de-obra barata, sem qualquer expressão política e, portanto, totalmente submetida a seus senhores.” (p. 69)
	Propriedades fundiárias da aristocracia romana representada nos seguintes textos: Catão, Varrão e Columela. Tais propriedades se distanciam do modelo de latifúndio trabalhado por um número grande de escravos. “Ao contrário, as fazendas da aristocracia romana eram constituídas por lotes de média extensão, cujos terrenos estendiam-se em torno de um edifício central, onde se localizavam as instalações para beneficiamento das matérias-primas, bem como os alojamentos para a mão-de-obra e aposentos luxuosos para o dono. Este possuía várias fazendas, organizadas da mesma forma e espalhadas por um vasto território. Habitando na cidade, centro de consumo e da vida política, o proprietário deixava a administração de suas fazendas nas mãos de capatazes (villici), em geral escravos. A mão-de-obra permanente era suprida por um contingente reduzido de escravos – Catão menciona dezesseis escravos para uma fazenda viticultora de 25 ha (cf. Sobre a Agricultura, X, 1) –, fazendo uso de mão-de-obra livre nos períodos de trabalho agrícola mais intenso (como na colheita).” (pp. 69-70)
	Transformações sociais, tensões e conflitos. 
	“O enorme afluxo de riquezas provenientes das conquistas provocou grandes transformações sociais em Roma, intensificando os conflitos internos pelo controle e distribuição dos benefícios do império. Com o desenvolvimento da economia de mercado em determinados setores, grupos sociais, como os comerciantes e publicanos, adquiriram expressão política e passaram a interferir na condução do processo expansionista.” (p. 74)
	Em Roma ocorreu a acumulação de riquezas nas mãos de poucos, dos mais ricos, estes monopolizaram o poder político na metrópole até o final do século II a. C. (cf. Salústio, sobre a questão do fosso entre ricos e pobre em Roma – Guerra de Jugurta, XLI). “Uma série de fatores interligados contribuiu para essas transformações. As guerras contínuas e por longos períodos levavam à ruína os pequenos camponeses, obrigando-os a deixar seus campos incultos, que eram ocupados pelos grandes proprietários de terras. Migrando em massa para os centros urbanos, tornavam-se uma população subocupada, sem meios fixos de subsistência. Os ricos estendiam suas propriedades pelos terrenos abandonados ou apossavam-se do ager publicus, onde investiam os lucros do império nas fazendas escravistas.” (p. 75)
	Reformas dos Graco: “O ponto essencial da reforma, e que gerou violenta oposição por parte dos ricos, dispunha sobre a limitação dos terrenos públicos ocupados pelas fazendas escravistas da aristocracia e sua distribuição, em lotes individuais, aos cidadãos sem terra. Em particular no tribunato de Caio, essa proposta foi ampliada, envolvendo a colonização do território da antiga Cartago, um programa de obras públicas – para dar ocupação à plebe urbana – e reformas judiciárias que favoreciam as camadas intermediárias, mais ligadas ao comércio e à arrecadação de impostos, em prejuízo da oligarquia senatorial.” (p. 77)
	“Os choques entre população e conservadores assumiram, então, um caráter nitidamente militar, com a intervenção direta de soldados e seus generais – entre os quais construíram-se os laços de interesse comum – nos embates políticos. Com resultado desses conflitos, mais de 250 mil soldados receberam lotes de terra na Itália – no período entre Sila e Augusto – por meio de legislação agrária ou apossando-se das propriedades confiscadas de setores aristocráticos que se viam momentaneamente derrotados. Estima-se que, entre 80 e 8 a. C., metade dos camponeses italianos abandonou seus lotes de terra, seja assentado-se em outras regiões da Itália, seja migrando para as províncias. Essa grande redistribuição e reorganização das propriedades agrárias, durante as guerras civis, não foi, contudo, capaz de restaurar a pequena propriedade camponesa.” (p. 78)
	Conclusão
	“O imperialismo antigo não foi um imperialismo industrial e capitalista, mas um processo de expansão de sociedades camponesas, de pequenos e grandes proprietários, movidos pelas insuficiências de sua economia e pelos conflitos internos resultantes de uma distribuição desigual do meio de produção essencial: a terra.” (p. 81)
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Expansão Romana/ Imperialismo
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BALANÇO HISTORIOGRÁFICO: TRÊS VERTENTES SOBRE A EXPANSÃO/ IMPERIALISMO.
1 – Roma praticou o imperialismo: M. Rostovzeff; J. Schumpeter (motivações econômicas); E. Badan (não são motivações econômicas, e sim políticas); W.V. Harris (critica a segunda vertente, especialmente Paul Veyne).
2 – Roma não possuía uma intenção imperialista: Tenney Frank; Maurice Holleaux e Paul Veyne (o imperialismo é um acidente na política romana).
3 – Posição mais moderada: Ed. Frézouls – critica tanto Harris quanto Veyne, ele acha que é possível verificar fórmulas menos elaboradas da economia (botim, pilhagem, etc.) como estímulo à conquista; G. Alfold (História Social de Roma) – em um primeiro momento a expansão foi defensiva, para depois tornar-se agressiva (a vitória significava a obtenção de ganhos materiais, prestígio e poder político).
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Roma e os romanos enriqueceram muito com a expansão imperialista. A.H.M.Jones. The ancient empires and The Economy. Oxford: Blackwell,1974 – sob a forma de indenização de guerra, botim, pagamento pela venda de prisioneiros, lucros com a exploração das moedas e metal. Tito Lívio, História, XXVI, 36 atesta que em 204 a. C. foram restituídos aos cidadãos romanos partes dos impostos pagos para a guerra; Plínio, XXXIX, 56 foi suspenso, aos romanos, o pagamento de tributum - imposto de guerra /extraordinário
Finley atesta que a partir do III a. C. houve o acúmulo de vastas fortunas pessoais devido ao comando da guerra; Sula, Pompeu, Cesar e Augusto.
A ocupação e exploração do ager publicus, as terras confiscadas promoveu a proletarização de uma grande quantidade de camponeses itálicos que migraram para Roma; a fixação de um grande número de veteranos e outros cidadãos pobres na Itália.
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Para HOPKINS, K. Conquistadores y Esclavos. Madrid: Península, 1981.Depois dos generais, os soldados foram os primeiros a serem beneficiados com os soldos, botim e pilhagem. Em 123 a. C. um tribuno da plebe fez aprovar uma lei pela qual o cidadão pobre recebia o trigo a preço subsidiado; A partir de 58 a. C, o trigo foi distribuído gratuitamente; o autor acrescenta que uma minoria dos cidadãos pobres receberia os benefícios diretos do Império. O trigo era uma ajuda para o pobre porém não o eximia de trabalhar. 
Todo o benefício proveniente do Império ficava nas mãos dos privilegiados conferindo patrimônio, prestígio, honra e poder são valores simbólicos e importantes nesta organização social porque define o lugar social do indivíduo e do grupo e as suas áreas de influência.
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Romanização: os marcos arquitetônicos e a dominação romana.
Whittacker, C.R. Imperialism and the Culture: the Roman Iniciative; in: Mattingly, D.J. Dialogues in Roman Imperialism. Journal of Roman Archaeology, 23. Potsmouth: Oxbow Book, 1997.
Os instrumentos de poder da dominação romana: o instrumento de poder para impor a ideologia imperial era o exército e a cidade, ou seja, seus marcos arquitetônicos; as cidades eram o símbolo do poder romano; a cidade é compreendida como transmissão e construção cultural.
A cidade e o imperialismo cultural: o Fórum representavaa exibição da ordem imperial; o local das estátuas era regulado de acordo com o status social – estátuas de imperadores e de patronos da cidade. A cidade tinha como capacidade integrar as ordens inferiores. As estátuas colossais dos imperadores apareciam como super-protetoras do povo.
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Terrenato, N. Tam Firmum Municipium: The Romanization of Volaterrae and its Cultural Implications. The Journal of Roman Studies. Vol. LXXXVIII, 	1998, pp. 94-114.
O autor fez um estudo de caso de romanização: o da cidade-Estado etrusca de Volaterrae.
Em relação à romanização do centro urbano - Volaterrae - Terrenato enumera os objetos (e construções) encontrados nas esferas pública e privada. As inscrições funerárias estavam quase todas em latim. Na época de Augusto foi construído um grande teatro, bem como reservatórios d’água. Na esfera privada as elites incorporaram a domus como forma de habitação. Mas continuaram a praticar, em seus rituais funerários, a cremação e a utilização de elaboradas urnas de alabastros esculpidos e depositados no subsolo de câmaras rock-cut. (p. 105)
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Mendes, Norma Musco. Cultura e Sociedade: Conceito e Prática da Romanização na Lusitânia. Hélade, (1), 1, 2000 (http://www.heladeweb.net)
A cidade é considerada como uma construção cultural e um instrumento de poder. (idéia de Whittacker, 1997) Desta forma, a entendemos como um discurso. Os marcos espaciais urbanos e rurais (fórum, basílicas, teatros, anfiteatros, mosaicos, pórticos, ruas, termas, vilas, estradas, sítios mineiros) reproduzem o ideário moral da cidade em formas simbólicas. O espaço urbano é o espaço por excelência das relações sócio-culturais, integrando a elite cêntrica e local e as camadas inferiores da sociedade. A pertinência dos estudos regionais está no fato de que é impossível generalizar sobre o significado cultural do ideário moral da cidade sobre os indivíduos localizados em distintas partes do Império. 
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Economia Greco-Romana
Conceitos e Especificidades:
	A palavra ECONOMIA = oikos " casa ou unidade doméstica" + nem " regulamentar, administrar, organizar" . O livro Oikonomikos de Xenofonte (IV século a.C.), este tratado é um guia para o proprietário rural. Trata da direção exercida pelo senhor, educação e governo dos escravos, virtude e educação das mulheres e agronomia [FINLEY, M.I. Economia Antiga, p. 20].
	" Em Xenofonte, contudo, não há uma única frase que exprima um princípio econômico ou proponha uma análise econômica, nada sobre eficiência de produção, escolha racional, ou comercialização das colheitas." [FINLEY, p. 22]. A palavra teve seu sentido ampliado, podendo significar qualquer espécie de organização ou gestão [FINLEY, p. 23].
	Finley nos adverte que nenhum modelo de investimento moderno pode ser aplicado à antiguidade. Ciro Flamarion e Héctor P. Brignoli [Os Métodos da História] enfatizam que análises de economia moderna não podem ser aplicadas em épocas passadas (as análises capitalistas).
	A RIQUEZA para os Antigos: " A riqueza era uma necessidade e era boa; ela era absolutamente indispensável para uma vida boa (...)" Homero valorizava a riqueza na figura de Ulisses [FINLEY, p. 46]. A riqueza em Platão: " Sócrates chegou ao ponto de sugerir, pela sua própria maneira de viver, que a riqueza não era essencial nem sequer de grande ajuda para uma vida boa e nobre. Platão foi mais longe, pelo menos na República, em que negava aos seus governantes-filósofos toda e qualquer propriedade (junto com outros bens moralmente aceitáveis)" [FINLEY, p. 47].
	Finley explica o significado das palavras Ploutos e Penia. Um plousios era um homem suficientemente rico para viver decentemente dos seus rendimentos. Um penia não era necessariamente um pobre, podia possuir uma quinta e escravos, mas precisava trabalhar para ganhar a vida. Já o homem totalmente desprovido de bens e recursos era chamado de ptochos (pedinte) [FINLEY, p. 53].
	A OCIOSIDADE: Havia em Atenas uma lei contra a ociosidade, forçando os cidadãos a ensinar um ofício aos seus filhos. A ociosidade atacada pelo Estado estava relacionada com os pobres. Pois nada fazendo se entregavam à mendicância: a ociosidade das camadas mais abastadas permanecia invejável e digna de consideração [VIDAL-NAQUET, P. e AUSTIN, M.Economia e Sociedade na Grécia Antiga, p.110].
	J.-P. Vernant e P. Vidal-Naquet estudaram os termos que expressam as noções de ‘trabalho’, de ‘esforço’ e de ‘artesão’. Os autores enfatizam a especificidade dos significados destes vocábulos, muitas vezes bastante distintos de nosso campo semântico. Érga, por exemplo, pode ser traduzido por ‘esforço’ e atividades relacionadas ao campo e financeiras.[footnoteRef:2] O termo demiourgós pode significar, em Homero, magistrados supremos de certas cidades e por outro lado o conjunto de artesãos. Vidal-Naquet ressalta que o adjetivo baunasós era empregado pelos Antigos (Platão e Xenofonte, por exemplo) com valor pejorativo, uma das formas para desqualificar a atividade dos artesãos.[footnoteRef:3] [2: Vernant, J.-P. Travail et Nature dans la Grèce Ancienne; in: Vernant, J.-P. et Vidal-Naquet, P. Travail & Esclavage en Grèce Ancienne. Bruxelles: Complexe, 1988 (1985), p. 4. ] [3: Vidal-Naquet, P. Étude d’une Ambiguïté: les Artisans dans la Cité Platocienne; in: Vernant, J.-P. et Vidal-Naquet, P. Travail & Esclavage en Grèce Ancienne. Bruxelles: Complexe, 1988 (1985), pp. 156-157.] 
	J.-P. Vernant e M. Detienne em uma obra inovadora trataram dos múltiplos sentidos do termo métis – astúcia, inteligência prática – encontrados na literatura grega. Segundo os autores, “a capacidade de inteligência que designa métis é exercida em planos bem diversos, mas onde sempre o acento é colocado sobre a eficácia prática, a procura do sucesso em um domínio de ação: múltiplos ‘savoir-faire’ úteis à vida, domínio do artesão em sua atividade, habilidades mágicas, uso dos filtros e das ervas, astúcias de guerra (...)” [footnoteRef:4] Os estudos de F. Frontisi-Ducroux mostram que a tradição ateniense associou o termo métis às atividades artesanais.[footnoteRef:5] [4: Detienne, M. et Vernant, J.-P. Les Ruses de l’Intelligence: la Mètis des Grecs. Paris: Flamarion, 1974, p. ] [5: Frontisi-Ducroux, F. Dédale: Mythologie de l’Artisan em Grèce Ancienne. Paris: La Découverte, 2000 (1975), p. 90.] 
	Ainda sobre os termos que designam a prática do artesão, E. Lévy encontrou três deles usados na época clássica, são os seguintes: demiourgós, technítes e bánausos. O termo demiourgós é o mais nobre e o mais antigo.[footnoteRef:6] Technítes aparece no V século a. C. indicando aqueles que sabem fazer. Já bánausos aparece como depreciativo em Platão. Baunasía implica em uma certa habilidade, enquanto demiourgós significa criação útil à comunidade. Claude Mossé lembra ainda outra designação para os artesãos: chernétes, “aquele que vive do trabalho de suas mãos”.[footnoteRef:7] [6: Lévy, E. La Dénomination de l’Artisan chez Platon et Aristote. Ktèma, No. 16, 1991, p. 8.] [7: Mossé, Cl. La Fin de la Démocratie Athénienne. Paris: PUF, 1962, p. 72.] 
	IMPOSTOS: A maior fonte de renda dos Estados gregos eram os impostos. O metoikion pago pelos metecos. Era inaceitável a idéia de um imposto sobre os cidadãos, mas os cidadãos ricos tinham uma obrigação moral de gastar sua riqueza para o bem público. Em Atenas, os cidadãos (e os metecos) eram obrigados, de acordo com a sua fortuna, a assumir liturgias (serviços para a comunidade), tais como a trierarquia, em que o Estado fornecia trieras, e os trierarcas deviam encarregar-se da sua manutenção e direção, ou a coregia, em que os coregos deviam recrutar, treinar e pagar um coro para os grandes concursos dramáticos.
	OBS.: Perante os tribunais, os acusados nunca deixarão de tentar influenciar o veredicto dos juizes fazendo valer todos os serviços por si prestados através de suas liturgias [AUSTIN, p. 123]. Em Lísias [21. 1-5] um homem acusado se defende dizendo que contribuiu para as Dionisíacas e Panatenéias[FINLEY, p. 217].
	Historiografia: ‘Primitivistas’ X ‘Modernistas’
	Para M. Rostovtzeff, durante os séculos VII e VI a. C. ocorreu uma “revolução econômica”: nas cidades de Corinto e de Atenas, as atividades comerciais e ‘industriais’ cresceram. “Cada cidade tentava produzir para o mercado algum tipo de mercadoria características e desconhecidas das outras; aperfeiçoaram seus métodos de produção e a qualidade das suas mercadorias.” [footnoteRef:8] [8: Rostovtzeff, M. História da Grécia. Rio de Janeiro: Zahar, 1973 (1963), pp. 80-82.] 
	Ciro Flamarion S. Cardoso aponta que nos anos 60 do século XX houve uma reação à abordagem marxista dogmática de M. Rostovtzeff. Autores como M.I. Finley, M. Austin, J.-P. Vernant e P. Vidal-Naquet se basearam nas interpretações da sociologia de Max Weber e da Antropologia Econômica de K. Polányi[footnoteRef:9] e seus discípulos sobre a cidade antiga. [footnoteRef:10] Austin e Vidal-Naquet mostraram a “impossibilidade de estudar a economia grega isoladamente e com abstração dos quadros social e institucional da história grega.” [footnoteRef:11] Tanto estes autores quanto Finley salientam sobre a especificidade da economia helena, até mesmo o termo oikonomia possui um significado distinto do nosso. Oikonomia quer dizer a gestão do oîkos (domínio familiar).[footnoteRef:12] Finley pode ser considerado como um autor ‘primitivista’, pois adota o modelo de ‘cidade-consumidora’ de Weber: de acordo com este modelo teórico, a pólis era “um centro de consumo que vivia numa relação até certo ponto parasitária para com o campo circundante e comunidades estrangeiras exploradas.”[footnoteRef:13] Finley afirmava que desde o período arcaico heleno até o imperial romano a atividade agrícola era a base da economia. [9: Polányi, K. Comercio y Mercado en los Imperios Antiguos. Barcelona: Labor Universidad, 1976.] [10: Cardoso, C.F.S. Economia e Sociedades Antigas: Conceitos e Debates. Clássica, 1, 1988, p. 11.] [11: Austin, M. e Vidal-Naquet, P. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. Lisboa: Ed. 70, 1986 (1972), p. 21.] [12: Finley, M.I. A Economia Antiga. Porto: Afrontamento, 1986 (1973), pp. 19-20.] [13: Cardoso, C.F.S. Economia e Sociedades Antigas: Conceitos e Debates. Op. cit., p. 12.] 
	Perry Anderson em sua obra Passagens da Antigüidade ao Feudalismo, seguindo uma abordagem marxista, acredita que as sociedades gregas passaram pelo estágio do modo de produção escravo. Entretanto, ele não aceita uma interpretação modernista da economia das póleis. O autor defende o fraco peso de uma economia urbana. “O mundo clássico era inalterável e maciçamente rural em suas proporções quantitativas básicas.” [footnoteRef:14] Outro autor marxista que também refuta a idéia de uma pólis estar voltada essencialmente para o comércio ou o artesanato é G.E.M. de Ste. Croix. A maior riqueza do mundo antigo vinha da terra e acreditar que “as classes governantes” de póleis como Egina ou Corinto eram de mercadores é uma invenção dos pesquisadores modernos.[footnoteRef:15] [14: Anderson, P. Passagens da Antigüidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 2000 (1974), p. 19.] [15: De Ste. Croix, G.E.M. The Class Struggle in the Ancient Greek World from de Archaic Age to the Arab Conquests. London: Duckworth, 1981, p. 120.] 
Disciplina: História Antiga do Oriente
Questões: 1) Comente a seguinte passagem do texto Baixa Mesopotâmia e Egito de Ciro Cardoso: “O Estado egípcio representa o caso histórico mais claro de uma teofania, isto é, da manifestação tangível da divindade, cristalizada na pessoa do faraó, deus encarnado e não simplesmente representante dos deuses.” (p. 48) (5 pontos)
2) Aponte os tipos de documentos (ou fontes primárias) que os historiadores de Antigüidade Oriental analisam em suas pesquisas. Além disso, quais são as disciplinas que os historiadores de sociedades antigas dialogam? (5 pontos)
Disciplina: Metodologia e Técnica de Pesquisa
Questões: 1) Analise as seguintes passagens do texto de Marc Bloch: “o objeto da história é por natureza o homem. Melhor: os homens. Mais do que o singular, favorável à abstração convém a uma ciência da diversidade o plural (...) O bom historiador, esse, assemelha-se ao monstro da lenda. Onde farejar carne humana é que está a sua caça” (p. 28) (5 pontos) 
2) De acordo com o raciocínio de Marc Bloch, como o historiador deve proceder em sua pesquisa? O historiador deve investigar as ‘origens’ de um fenômeno ou procurar estabelecer recortes para compreender o seu objeto? Ele deve procurar dialogar com outras disciplinas? Comente estas questões. (5 pontos)
Disciplina: História Antiga do Ocidente
Questões: 1) “O quadro resultante dessa análise dos tabletes e da arqueologia mostra uma divisão da Grécia micênica em vários pequenos estados burocráticos, com uma aristocracia guerreira, um artesanato de alto nível, um intenso comércio exterior de produtos necessários (metais) e artigos de luxo (...)” A partir da leitura desta passagem do texto Moses I. Finley explique a dinâmica das sociedades micênicas (Grécia Primitiva: Idade do Bronze e Idade Arcaica, p. 61). (5 pontos)
2) Quais são os documentos estudados por historiadores e arqueólogos interessados nas sociedades palacianas da Idade do Bronze na Grécia? Aponte a natureza das informações extraídas pelos pesquisadores neste tipo de documentação. (5 pontos) 
História Antiga do Ocidente: turmas 41021 e 41022
Das quatro questões abaixo escolha duas, cada questão escolhida valerá cinco (5) pontos:
1) Aponte e comente a hipótese defendida por Moses Finley em sua obra ‘Mundo de Ulisses’ sobre a periodização da sociedade descrita no poema épico ‘Odisséia’. 
2) Explique a crítica feita por Teodoro Assunção à concepção de ‘bela morte’ de Jean-Pierre Vernant. Além disso, explique a diferença entre o comportamento do guerreiro homérico e o do guerreiro hoplítico (já do período políade).
3) Explique a seguinte passagem extraída da obra de Pierre Vidal-Naquet ‘O Mundo de Homero’: “Mas o fato de Homero ter desejado evocar a Grécia micênica não significa que ele a tenha efetivamente descrito. Para começar está faltando, entre outras coisas, a escrita dos escribas e toda a sociedade que ela implica: sociedade dominada pelo palácio do rei.” (p. 29)
4) Quais são os documentos estudados por historiadores e arqueólogos interessados nas sociedades palacianas da Idade do Bronze na Grécia? Aponte a natureza das informações extraídas pelos pesquisadores neste tipo de documentação.
Primeira Verificação de Antiga do Oriente – Primeiro Semestre de 2004 (41011)
Responda as duas questões abaixo, cada questão valerá cinco (5) pontos:
Questões: 1) Comente a seguinte passagem do texto Baixa Mesopotâmia e Egito de Ciro Cardoso: “O Estado egípcio representa o caso histórico mais claro de uma teofania, isto é, da manifestação tangível da divindade, cristalizada na pessoa do faraó, deus encarnado e não simplesmente representante dos deuses.” (p. 48) (5 pontos)
2) Aponte os tipos de documentos (ou fontes primárias) que os historiadores de Antigüidade Oriental analisam em suas pesquisas. Além disso, quais são as disciplinas que os historiadores de sociedades antigas dialogam? (5 pontos)
Primeira Verificação de Antiga do Ocidente – Primeiro Semestre de 2004 (41021)
Das três questões abaixo escolha duas, cada questão escolhida valerá cinco (5) pontos:
1) Aponte e comente a hipótese defendida por Moses Finley em sua obra ‘Mundo de Ulisses’ sobre a periodização da sociedade descrita no poema épico ‘Odisséia’. 
2) Analise a seguinte passagem extraída da obra de Pierre Vidal-Naquet ‘O Mundo de Homero’: “Mas o fato de Homero ter desejado evocar a Grécia micênica não significa que ele a tenha efetivamente descrito. Para começar está faltando, entre outras coisas, a escrita dos escribas e toda a sociedade que ela implica: sociedade dominada pelo palácio do rei.” (p. 29)
3) Quais são os documentos estudados por historiadores e arqueólogos interessados nas sociedades palacianas da Idade do Bronze na Grécia? Aponte anatureza das informações extraídas pelos pesquisadores neste tipo de documentação.
Primeira Verificação de Literatura Grega e Romana – Primeiro Semestre de 2004 (13051)
Das três questões abaixo escolha duas, cada questão escolhida valerá cinco (5) pontos:
1) Aponte e comente a hipótese defendida por Moses Finley em sua obra ‘Mundo de Ulisses’ sobre a periodização da sociedade descrita no poema épico ‘Odisséia’. 
2) Analise a seguinte passagem extraída da obra de Pierre Vidal-Naquet ‘O Mundo de Homero’: “Mas o fato de Homero ter desejado evocar a Grécia micênica não significa que ele a tenha efetivamente descrito. Para começar está faltando, entre outras coisas, a escrita dos escribas e toda a sociedade que ela implica: sociedade dominada pelo palácio do rei.” (p. 29)
3) Quais são os documentos estudados por historiadores e arqueólogos interessados nas sociedades palacianas da Idade do Bronze na Grécia? Aponte a natureza das informações extraídas pelos pesquisadores neste tipo de documentação.

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