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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA AMAZÔNIA – UNAMA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO THARLES ALMEIDA DA SILVA EVANILSON DA SILVA VASCONCELOS OS ASPECTOS JURÍDICOS DA ENTRADA POLICIAL EM DOMICÍLIO À LUZ DOS TRIBUNAIS SUPERIORES SANTARÉM-PA 2020 THARLES ALMEIDA DA SILVA EVANILSON DA SILVA VASCONCELOS OS ASPECTOS JURÍDICOS DA ENTRADA POLICIAL EM DOMICÍLIO À LUZ DOS TRIBUNAIS SUPERIORES Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo Científico –, apresentado à Coordenação do Curso de Direito da Unama – Centro Universitário da Amazônia, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientadora: Professora Especialista: Fabiana Perez Carvalho Barbosa. SANTARÉM-PA 2020 THARLES ALMEIDA DA SILVA EVANILSON DA SILVA VASCONCELOS OS ASPECTOS JURÍDICOS DA ENTRADA POLICIAL EM DOMICÍLIO À LUZ DOS TRIBUNAIS SUPERIORES Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo Científico –, apresentado à Coordenação do Curso de Direito da Unama – Centro Universitário da Amazônia, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito. Aprovada em ____/____/____. _________________________________________________________________ Professor Orientador _________________________________________________________________ Professor(a) Examinador(a) _________________________________________________________________ Professor(a) Examinador(a) SANTARÉM-PA 2020 AGRADECIMENTOS Tharles Almeida da Silva Agradeço a Deus por ter me dado forças para chegar até aqui e ter a oportunidade de realizar esse trabalho para a conclusão de um sonho. Não foi fácil, muitas vezes pensei em desisti, mas ele segurou em minha mão e caminhou comigo. À minha esposa Dayane Iara Weirich da Silva, pela compreensão e palavras de apoio nas horas mais difíceis, pois ela acompanhou minha luta diária na realização dos trabalhos, uma parte desse curso também é dela. Quero agradecer também ao meu pai Agimiro Barbosa da Silva, que sempre foi a minha maior força motriz nos estudos, uma vez que ele não teve a oportunidade de estudar e sempre sonhou em ver os filhos se formarem e conseguirem seu lugar ao sol. À minha querida e amada mãe Jucenira Almeida Da Silva, que sempre me dizia que estava ali para me apoiar e jamais iria deixa eu parar. Ela me colocou para estudar desde cedo e mesmo sem condições dava um jeito para conseguir vagas em cursos nos melhores lugares. À minha orientadora, Fabiana Perez Carvalho Barbosa, por toda paciência, motivação e compreensão na elaboração desse trabalho. AGRADECIMENTOS Evanilson da Silva Vasconcelos Agradeço, primeiramente a Deus, que me deu energia e benefícios para concluir todo esse trabalho. Agradeço a minha família, em especial a minha esposa Maria de Jesus Mendonça de Vasconcelos e meu Filho Evanilson Matheus Mendonça de Vasconcelos. Aos meus colegas de classe, em especial Tharles Almeida, meu parceiro neste trabalho. Enfim, agradeço a todos as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida. O homem mais pobre desafia em sua casa todas as foças da Coroa. Sua cabana pode ser muito frágil, seu teto pode tremer, o vento pode soprar entre as portas mal ajustada, a tormenta pode nela penetrar, mas o Rei da Inglaterra não pode nela entrar” (LORD CHATAN). OS ASPECTOS JURÍDICOS DA ENTRADA POLICIAL EM DOMICÍLIO À LUZ DOS TRIBUNAIS SUPERIORES Evanilson Da Silva Vasconcelos1 Tharles Almeida Da Silva2 RESUMO: O domicílio é algo inviolável, ninguém tem o poder de adentrar a casa de qualquer pessoa sem o seu consentimento. A constituição federal traz em seu artigo 5° inciso XI direitos e garantias fundamentais a inviolabilidade domiciliar, no entanto isto não pode ser utilizado como um escudo para o cometimento de crimes. O drama começou quando o plenário do supremo tribunal federal (STF) decidiu o Recurso Extraordinário (RE) 603613, de repercussão geral, com maioria dos votos de que “ a entrada forçada em domicilio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificada a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados”. O presente estudo tem a finalidade de descrever a entrada policial em domicilio na busca domiciliar enfatizando sua aplicabilidade e legalidade. A metodologia utilizada para a concretização do mesmo efetivou-se através de uma pesquisa bibliográfica e descritiva, tendo como base trabalhos voltados ao tema em análise. PALAVRAS-CHAVE: Entrada policial em domicílio. Fundadas razões. Mandado judicial. Flagrante delito. ABSTRACT: The home is something inviolable, no one has the power to enter anyone's home without their consent. The federal constitution has in its article 5 item XI fundamental rights and guarantees, this commandment , however this cannot be used as a shield for the commission of crimes. The drama began when the plenary of the supreme federal court (STF) decided on Extraordinary Appeal (RE) 603613, of general repercussion, with the majority of votes that “forced entry into the home without a warrant is only lawful, even at night, when supported by well-founded reasons, duly justified a posteriori, which indicate that inside the house there is a situation of flagrant delicto, under penalty of disciplinary, civil and criminal liability of the agent or authority and nullity of the acts performed ”. This study aims to describe police entry into the home in the home search, emphasizing its applicability and legality. The methodology used to implement it was carried out through a bibliographic and descriptive research, based on works focused on the subject under analysis. KEYWORDS: Police entry at home. Well-founded reasons. Court order. Flagrant offens. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo visa analisar os aspectos jurídicos da entrada policial em domicílio à luz dos tribunais superiores. Referente ao liame entre os direitos fundamentais, a inviolabilidade domiciliar e a utilização do domicílio como escudo para o cometimento de crimes, o direito de todos os cidadãos está resguardado, principalmente, na Constituição Federal em especial o que será analisado por este trabalho. Referimo-nos ao Art. 5º XI, que versa sobre a inviolabilidade domiciliar, cabendo ao Estado o dever de assegura-lo. O interesse por essa temática surgiu com o fato de observarmos que a polícia militar adentra residências, a fim de cessar crimes em andamento prendendo criminosos e 1Acadêmico do Curso de Direito do Centro Universitário da Amazônia – UNAMA. Turma 9ºDIN. E-mail: evanilsonstm@hotmail.com. 2Acadêmico do Curso de Direito do Centro Universitário da Amazônia – UNAMA. Turma 9ºDIN. E-mail: tharlesilva@gmail.com. apreendendo objetos do crime, sem o mandado judicial e com isso surgiu o interesse de realizar um estudo mais aprofundado sobre esse tema. O item dois traz uma análise sobre a vinda cumulativa da dimensão ou geração dos direitos, cumpre salientar que os direitos de primeira dimensão são as liberdades negativas do Estado, uma abstenção por parte do Estado. No entanto, isso não garante de fato a liberdade de ninguém, apenas uma falsa liberdade, porque somente quem for “mais forte” irá alcançá- la-á. Para ter a efetiva liberdade, o poder estatal tem que garantir este direito, o qual começa a partir da segunda dimensão de direitos. O item três abordaráo tema domicílio, como um lugar de gravitação do ser humano, local onde é escolhido para sua moradia permanente, construção de laços familiares, criação de filhos, lazer, descanso, privacidade e intimidade. Também traremos a visão no aspecto civil, mais restrito, conforme o Art. 70 do código civil e uma visão mais ampla trazida pelo Art. 72 do código de processo penal. No item quatro são analisados os aspectos históricos da busca e apreensão que teve início na Roma antiga com a edição da Lei Das XII Tábuas, uma exigência dos plebeus, a fim de terem mais liberdade e conhecerem a lei a qual estavam submetidos. E, por conseguinte, será feita a análise dos dias contemporâneos sobre a legislação em vigor que se materializa nos artigos 240 a 250 do CPP. O item cinco versa sobre os fundamentos para a busca domiciliar realizada pela polícia segundo os tribunais superiores, trazendo diversos doutrinadores e julgados do Supremo Tribunal de Justiça referentes a temática, demonstrando qual seu posicionamento e um julgado em especial do Supremo Tribunal Federal que põe fim a quaisquer dúvidas sobre o tema. Segundo o julgamento do Recurso Extraordinário – RE nº 603.616, “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados”. O item seis, consta as considerações finais, expondo o substrato essencial no entendimento da licitude da entrada policial em domicilio à luz dos tribunais superiores, entende-se que é plenamente possível a entrada forçada em domicílio, no entanto deve ser amparada por fundadas razões e devidamente justificada após o termino da ação. 2 DOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE PROTEÇÃO À INDIVIDUALIDADE As garantias e os direitos fundamentais foram conquistados gradativamente em diversos períodos como conta a história, estes ficaram conhecidos como gerações ou dimensões de direitos. O início dos direitos fundamentais ficou tradicionalmente conhecido como de primeira geração, fala das liberdades negativas do Estado, buscando restringir as ações estatais sobre o indivíduo, impedido que este se intrometa de forma abusiva na vida particular das pessoas, são os direitos que valorizam o homem em primeiro lugar, garante ao cidadão direito à liberdade e impõe ao Estado o dever de abstenção, como afirma Flavia Bahia (2012): A primeira dimensão é conhecida por inaugurar o movimento constitucionalista, fruto dos ideários iluministas do século XVIII. Os direitos defendidos nessa dimensão cuidam da proteção das liberdades públicas e dos direitos políticos. Atualmente, quase todas as Constituições existentes os consagram, mesmo aquelas de Estados onde impera a sua escancarada violação como, por exemplo, os ditatoriais. Os titulares são os indivíduos, que os exercem contra os poderes constituídos dos Estados. Nessa fase, o Estado teria um dever de prestação negativa, isto é, um dever de nada fazer, a não ser respeitar as liberdades do homem. Seriam exemplos desses direitos: o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, ao devido processo legal (BAHIA, 2017, p. 108). Os direitos de primeira geração garantem ao cidadão o direito de viver a vida em liberdade sem ter sua liberdade individual violada pelo Estado, podendo ser livre em seus direitos civis e políticos ofuscando as restrições do Estado. E tal direito de liberdade estava positivado em constituições escritas, garantindo assim ainda mais a seguridade desses direitos, sendo um avanço notável nos direitos naturais com um texto normativo descriminando a abstenção Estatal, como comenta o professor Pedro Lenza: Essa perspectiva de codificação do direito civil como regulador das relações privadas é fortalecida pela principiologia do liberalismo clássico, que enalteceu a ideia de liberdade meramente formal perante a lei e de não intervenção do Estado (direitos de primeira “geração, ou, mais tecnicamente, de primeira “dimensão”) (absenteísmo estatal), tema que será retomado no estudo dos direitos fundamentais (LENZA, 2018, p. 88). Em ordem cumulativa aos direitos da primeira geração, veio a segunda geração/dimensão de direitos fundamentais, este requer um Estado mais atuante, pois com os governantes distantes de intervenções sociais, não havia a garantia de liberdade material, assim só poderia se concretizar com as afirmações positivas do Estado, devendo agir, a fim de garantir direitos sociais, econômicos e culturais defesa da lei e da ordem social devendo garantir ao cidadão a tão sonhada igualdade. Dessa maneira assevera Gilmar Mendes (2018): O princípio da igualdade de fato ganha realce nessa segunda geração dos direitos fundamentais, a ser atendido por direitos a prestação e pelo reconhecimento de liberdades sociais – como a de sindicalização e o direito de greve. Os direitos de segunda geração são chamados de direitos sociais, não porque sejam direitos de coletividades, mas por se ligarem a reivindicações de justiça social – na maior parte dos casos, esses direitos têm por titulares indivíduos singularizados (MENDES & BRANCO, 2018, p. 201). Para melhor entender o nascimento dos direitos de segunda dimensão, foi para assegurar a liberdade de fato já garantida nos direitos de primeira dimensão, pois não faria sentindo possuir um direito formalmente garantido, se o que se quer realmente é a sua materialização. Com a constante evolução social fez-se necessária a adaptação do que está positivado, devendo o legislador constantemente atualizar a norma. Com isso, os direitos de primeira dimensão se materializaram com a segunda dimensão de direitos, trazendo um Estado mais presente e intervindo nas liberdades individuais, a fim de garantir a liberdade social e a igualdade. Segundo atesta Ingo Sarlet (2018): O impacto da industrialização e os graves problemas sociais e econômicos que a acompanharam, as doutrinas socialistas e a constatação de que a consagração formal de liberdade e igualdade não gerava garantia do seu efeito gozo acabaram, já no decorrer do século XIX, gerando amplos movimentos reivindicatório e o reconhecimento progressivo de direitos, atribuindo ao Estado comportamento ativo na realização da justiça social. A nota distintiva destes direitos e a sua dimensão positiva, uma vez que se cuida não mais de evitar a intervenção do Estado na esfera da liberdade individual, mas, sim, na lapidar formulação de Celso Lafer, de propicia um direito de participar do bem-estar social (SARLET & MITIDIERO, 2018, p. 332). Nesse contexto, surgiu o dever do Estado de preservar e manutenção da ordem pública e a segurança dos que vivem em sociedade. Não existe qualquer contradição entre os direitos de primeira dimensão ou geração em contraste com os de segunda dimensão ou geração, mas sim um complemento, porque com a garantia dos direitos individuais surgem automaticamente os limites, por isso é importante destacar que o direito de um cidadão é o limite do outro, nessa direção Maria Sylvia Zanella Di Pietro discorre (2018): O tema relativo ao poder de polícia e um daqueles em que se coloca em confronto esses dois aspectos: de um lado, o cidadão quer exercer plenamente os seus direitos; de outro, a Administração tem por incumbência condicionar o exercício daqueles direitos as bem-estar coletivo, e ela faz usando o poder de polícia. Não existe qualquer incompatibilidade entre os direitos individuais e os limites a eles opostos pelo poder de polícia do Estado (DI PIETRO, 2018, p. 192). Dando sequência a esse entendimento, Maria Helena Di Pietro observa que as liberdades negativas do Estado foram um avançomuito importante, no entanto, com a evolução desse direito fundamental surgiram as liberdades positivas do estado, as quais fizeram a materialização concreta desses direitos. Dessa forma, o poder de polícia vem ganhando mais força a cada dia, pois com essa evolução surgiu os interesses coletivos se sobrepondo aos interesses individuais. A sociedade já não pensa mais apenas no individual, mais em toda uma coletividade que pode ser atingida com a atitude de um único indivíduo, por isso e importante destacar que o direito de um cidadão e o limite do outro. Nessa toada ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2018): Em nome do primado do interesse público, inúmeras transformações ocorreram: houve uma ampliação do próprio conceito de serviço público. O mesmo ocorreu com o poder de polícia do Estado, que deixou de impor obrigações apenas negativas (não fazer) visando resguardar a ordem pública, e passou a impor obrigações positivas, além de ampliar o seu campo de atuação, que passou a abranger, além da ordem pública, e passou a impor obrigações positivas, além de ampliar o seu campo de atuação, que passou a abranger, além da ordem pública, também a ordem econômica e social (DI PIETRO, 2018, p. 134). Com advento do dever de prestações positivas do Estado nasce o poder de polícia, para disciplinar o interesse público sobre o privado, garantindo ao interesse social o direito de sobrepor ao individual, por isso, temos hoje em dia as limitações de particulares em virtude do bem-estar coletivo. O interesse público diz respeito aos mais variados setores da sociedade como segurança, propriedade, saúde, educação, sossego, paz social entre outros. Encontra-se o conceito legal do poder de polícia no Art. 78 do código tributário nacional: Art. 78 - Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos (...). O Estado fazendo seu papel administrativo lança mão do poder de polícia em benefício da coletividade, limitando os direitos individuais. Como já visto anteriormente, não faz sentido ter uma norma positivada, caso ela não seja materialmente garantida, de nada adiantaria leis apenas declaratórias. O que de fato a sociedade reivindica são atitudes Estatais, capazes de garantir seus direitos individuais e coletivos, aceitando a limitação deste primeiro em beneficio deste segundo, por isso o Estado adotou o poder de polícia “[...] representa uma atividade estatal restritiva dos interesses privados, limitando a liberdade e a propriedade e a propriedade individua em favor do interesse público”(MAZZA, 2012, p. 266). Dessa maneira, assevera Derlisson de Araújo Gonçalves: Sabe-se que é dever do Estado prever e manter a ordem e a segurança dos cidadãos em sociedade. É, por meio de seus agentes, que o mesmo procura consolidar métodos coercitivos e sancionadoras, capazes de reduzir condutas particulares que de alguma forma afetam negativamente ao próprio Estado ou a coletividade (GONÇALVES, 2019, p. 9). Observa-se que os Estados veem criando normas positiva para a sociedade, garantindo as pessoas liberdades materiais concretas, a fim de que as normas reproduzidas pelo legislativo sejam de fato o desejo da sociedade. A doutrina vê essas conquistas de forma gradativa, que são positivadas com a evolução da sociedade, podemos observar na Constituição Federal Brasileira no capítulo – I “dos direitos e deveres individuais e coletivos”, já assegurados pelo constituinte originário. Como afirma o professor Ingo Sarlet: Tais direitos fundamentais, que embrionária e isoladamente já haviam sido contemplados nas Constituições francesas de 1793 e 1848, na Constituição brasileira de 1824 e na Constituição alemã de 1849 (que não chegou a entrar efetivamente em vigor), caracterizam-se, ainda hoje, por assegurarem ao indivíduo direitos a prestações sociais por parte do Estado, tais como prestações de assistência social, saúde, educação, trabalho etc., revelando uma transição das liberdades formais abstratas para as liberdades materiais concretas, utilizando-se a formulação preferida na doutrina francesa (SARLET & MITIDIERO, 2018, p. 332). O Estado tem dever de garantir a população a tão sonhada paz social, e para ver esse mandamento constitucional sendo concretizado em sua plenitude e satisfatoriamente é obrigado a lançar mão de mecanismos de prevenção e repressão aos indivíduos que desobedecem a legislação pátria, mitigando alguns de seus direitos e garantias fundamentais em prol da sociedade. Como no caso em análise deste artigo, o direito a inviolabilidade do domicílio, pois não é razoável fazer uma comunidade inteira sofrer com danos irreparáveis, em detrimento de alguns que escolhem viver a margem da lei, essa tem sido a foça motriz dos órgãos de segurança pública, a fim de reprimir ações criminosas, como se posiciona Odete Mendauar: Em essência, a polícia administrativa, ou poder de polícia, restringe o exercício de atividade lícitas, reconhecidas pelo ordenamento como direitos dos particulares, isolados ou em grupo. Diversamente, a polícia judiciária visa a impedir o exercício de atividade ilícitas, vedadas pelo ordenamento; a polícia judiciária auxilia o judiciário no cumprimento de suas sentenças (V. CF, Art. 144, incisos e parágrafos; MENDAUAR, 2018, p. 336). O drama começou quando plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, o Recurso Extraordinário (RE) 603613, de repercussão geral, com maioria dos votos, editando uma súmula vinculante dizendo que os agentes do Estado só podem penetrar as casas dos indivíduos, nos casos de cometimento de crimes estando em flagrante delito cobertos pelo manto das fundadas razões, devendo ser justificadas posteriormente. Com isso surgiu uma dúvida, causando uma zona de penumbra sobre o que se entende por funda razão capaz de autorizar o ingresso forçado em domicílio, afim de realizar busca e apreensão, não lesando os direitos e garantias fundamentais consagrados pela Constituição Federal de 1988. 3 DO DOMICÍLIO É natural do ser humano ter um lugar onde a possa se estabilizar, fixar suas raízes, construir uma família, um local em que a pessoa viva e possa ser encontrada, ali é seu domicílio. É de muita valia, a fixação deste espaço para o direito, pois é a partir daí que os indivíduos serão encontrados para responderem por seus atos jurídicos, com a ausência deste conhecimento não podemos falar em estabilidade jurídica, como podemos ver nas lições do professor Carlos Roberto: A noção de domicílio é de grande importância no direito. Como as relações jurídicas se formam entre pessoas, é necessário que estas tenham um local, livremente escolhido ou determinado pela lei, onde possam ser encontradas para responder por suas obrigações. Todos os sujeitos de direito devem ter, pois, um lugar certo, no espaço, de onde irradiem sua atividade jurídica. Esse ponto de referência é o seu domicílio (do latim domus, casa ou morada) (GONÇALVES, 2017, p. 184). Para ver satisfeita uma obrigação legal é necessária que, o indivíduo alvo do ato da constrição jurídica, seja encontrado em algum lugar, por isso é tão importante delimitar um local onde possivelmente possa ser localizado. Preferencialmente seu domicilio ou residência, local no qual o indivíduo elege como seu lugar de descanso, repouso, lazer e vida familiar, tornando assim mais fácil encontrá-lo, a fim de responder por seus atos, deveres e obrigações,como ensina Venosa: Desde os primórdios da História, quando o homem passou a ligar se a um ponto geográfico, a noção de domicílio passou a ter relevância jurídica, mormente no campo do Direito Processual. A pessoa precisa ter um local onde possa ser costumeiramente encontrada para a própria garantia da estabilidade das relações jurídicas. Quem, por exceção, não tem domicílio certo terá sua vida jurídica e familiar incerta, pois são as raízes do local onde o homem planta sua personalidade que fazem florescer sua vida no campo sociológico, profissional, moral, familiar e jurídico (VENOSA, 2017, p. 2018). Na Roma antiga, domicílio tinha a ideia de residência familiar das pessoas, por exemplo, poderia ser um lugar muito simples como a casa de um plebeu ou até mesmo uma mansão grande e luxuosa de propriedade de um patrício. Conforme explica Roberto de Ruggiero “lugar livremente escolhido por um indivíduo para sua residência estável e, portanto, também para centro das suas relações jurídicas e dos seus negócios”, torna-se então um conceito simples e positivo. Entretanto, Caio Mário apresenta um entendimento mais contemporâneo sobre isso: A simplicidade do conceito é absoluta. Não imagina nenhuma relação ou vinculação entre o local e o indivíduo. Formula, tão-somente, uma noção elementar, aliando a ideia de lar ou residência à de interesse ou fortuna. Como definição, é incompleta, por abranger tão-somente o domicílio voluntário, deixando de lado o domicílio decorrente de determinação legal (PEREIRA, 2007, p. 376). Todo ser humano tem o direito natural ter seu lugar para viver livre e salvo de intromissões externas, onde mantém privacidade, aconchego familiar que comumente chama- se de casa ou domicílio. O cidadão estabelece seu domicílio com objetivo de ali permanecer definitivamente com ânimo de ao final de suas atividades diárias procurar seu domicílio, a fim de ter ali o conforto que ele mesmo promoveu para seu descanso, refeições, segurança, lazer entre outras atividades, como Carlos Roberto explica o conceito civil: O domicílio, em última análise, é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito e onde pratica habitualmente seus atos e negócios jurídicos. Nas definições apontadas sobressaem-se duas ideias: a de morada e a de centro de atividade; a primeira, pertinente à família, ao lar, ao ponto onde o homem se recolhe para a vida íntima e o repouso; a segunda, relativa à vida externa, às elações sociais, ao desenvolvimento das faculdades de trabalho, que todo homem possui (GONÇALVES, 2017, p. 186). O domicílio com animo definitivo classificado pela lei Civil, traz uma roupagem mais restrita que no âmbito penal, nesse último a análise observada é o ânimo estabelecido de forma efetiva, ou seja, o indivíduo deve estar usufruindo do domicílio, mesmo que momentaneamente. Podemos concluir que, domicílio é o lugar onde o indivíduo é encontrado, a fim de lhe garantir a inviolabilidade do local ou para eleger seu distrito da culpa, que é a localidade onde o indivíduo é encontrado cometendo delito. Nesse sentido, esclarece professor Guilherme de Souza Nucci: O termo deve ser interpretado com a maior amplitude possível e não como se faz, restritivamente, no Código Civil (art. 70, referindo-se à residência com ânimo definitivo). Equipara-se, pois, domicílio a casa ou habitação, isto é, o local onde a pessoa vive, ocupando-se de assuntos particulares ou profissionais. Serve para os cômodos de um prédio, abrangendo o quintal, bem como envolve o quarto de hotel, regularmente ocupado, o escritório do advogado ou de outro profissional, o consultório do médico, o quarto de pensão, entre outros lugares fechados destinados à morada de alguém (NUCCI, 2016, p. 371). A Constituição federal traz no seu Art. 5, XI o termo “casa”, apenas, fazendo menção ao domicílio, porém devemos compreender de maneira extensiva uma vez que se visa resguardar a intimidade da pessoa, devendo ser violado apenas em casos extremos. O domicílio deve ser entendido como um local restrito a determinada pessoa, ou seja, não aberto ao público em geral, podendo ser até mesmo de maneira transitória como uma noite no quarto de um hotel. Vejamos as lições do professor Norberto Avena: Aspecto importante refere-se à extensão do conceito normativo de “casa”. Para efeitos da busca e apreensão, compreendemos que o alcance dessa expressão deve ser o mais amplo possível, superando-se o conceito de domicílio previsto no Código Civil segundo o qual se considera como tal o local em que a pessoa se estabelece com ânimo definitivo de moradia (art. 70) ou onde exerce a sua profissão (art. 72). Correto, enfim, utilizar a definição incorporada ao Art. 150, § 4º do CP e o Art. 246 do CPP, inserindo-se no conceito de casa qualquer compartimento habitado, aposento ocupado de habitação coletiva ou qualquer compartimento não aberto ao público no qual exercida profissão ou atividade. Assim, a gerência de um supermercado, não sendo um local aberto ao público em geral, deve ser inserida, para efeitos da medida, na abrangência das regras que disciplinam a busca domiciliar, diferentemente do que ocorre com os corredores do mesmo estabelecimento, passíveis de busca independentemente das formalidades que regem esse meio de prova (AVENA, 2018, p. 714). O código penal buscou no seu art. 150 resguardar a proteção a violação do domicílio, trazendo a seguinte redação “entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: pena - detenção, de um a três meses, ou multa”. Ao criminalizar tal conduta, o legislador demonstra cuidado e importância do domicílio calmo e tranquilo, sem intromissões externas como ensina o professor Rogério Sanches: Procura o código penal, com a presente incriminação, não proteger a posse ou propriedade, mas sim a liberdade privada e doméstica do indivíduo, punindo a sua ilegal perturbação. A casa é (ou deveria ser) para o homem o local certo para o encontro do sossego. A violação do lar configura, assim, um ataque ilegítimo a essa tranquilidade (CUNHA, 2016, p. 219). As condutas criminalizadas pelo art. 150 do código penal, devem ser praticadas sem o consentimento do morador, visando garantir aos cidadãos a liberdade de uma vida digna com seu lar protegido juridicamente, podendo o morador opinar sob a entrada autorizada de um indivíduo na sua residência de forma pacífica não configura violação do domicílio. No entanto, quando o morador passa a rejeitar a permanência daquela pessoa em sua residência, violando a sua intimidade, liberdade e sossego, caracteriza-se o tipo penal, pois a casa e asilo inviolável. Conforme as lições do professor Fernando Capez: Sob a epígrafe “Violação de domicílio” contempla o Código Penal mais uma espécie do gênero “crimes contra a liberdade individual”. Tutela agora a lei penal a inviolabilidade da casa da pessoa. Segundo preceito constitucional: “a casa é o asilo inviolável do indivíduo...” (art. 5º, XI). A Constituição Federal tem em vista a proteção da tranquilidade e segurança da pessoa em sua vida privada, no reduto de seu lar, impedindo, com a repressão penal, que terceiros se arvorem no direito de perturbar, invadir a vida íntima alheia delimitada no âmbito de sua morada. O que se tutela é a tranquilidade do indivíduo em determinado espaço privado, e não a sua posse ou propriedade, ao contrário dos crimes patrimoniais (CAPEZ, 2018, p. 295). Verifica-se que, a Constituição Federal buscou resguardar o domicílio utilizando o termo casa, no entanto, este termo deve ser interpretado de forma extensiva. Qualquer compartimento habitado pode ser considerado como uma casa (pátio, jardim, área de serviço, piscina, quintal), pois independentementeda estrutura habitada deve ser resguardado o bem jurídico dos indevidos que ali estão, o que se quer preservar e o mandamento constitucional da inviolabilidade do domicilio. 4 DA BUSCA DOMICILIAR O termo busca em domicílio começou a fazer sentido na Roma antiga com a edição da Lei das XII Tábuas, onde os plebeus queriam ter mais liberdade é acesso a legislação que estavam submetidos. Com isso, foi escrito em doze tábuas a legislação Romona, trazendo em seu bojo, mesmo em sentido precário comparado com aos dias atuais. O intuito da busca e apreensão em domicílio, a qual deveria ser feita pela vítima de furto, antes de entrar na casa para fazer a busca a vítima, tinha que informar as peculiaridades do objeto que estava procurando (nome, altura, tamanho, peso, cor), a fim de evitar equívocos e acusações a inocentes, como apresenta a Lei das Tábuas. “Tábua VIII “Dos Delitos”, Número XV: O furto lance licioque conceptum (descoberto pelo prato e cintura: isto é, o delito daquele em casa de quem é encontrado o objeto furtado recorrendo a perquisição solene que se devia fazer nu, para não haver suspeita de que trazia consigo o objeto, protegido apenas por um cinto(licium), como respeito à decência e tendo nas mãos um prato(lanx), seja para colocar o objeto, se encontrado, seja para que as mãos demonstrem que não trazem nada escondido) este delito é assimilado ao furto manifesto” (...). A busca apreensão nacional teve de fato início no Brasil colônia com a Lei de 14 de outubro de 1822, sob influência do direito lusitano, outrora vindo de Portugal com os Monarcas da coroa portuguesa. No entanto, já eram adotados alguns procedimentos alinhados a busca domiciliar, porém nada positivado, com a entrada da lei em vigor passou-se a adotar verdadeiramente critérios objetivos para realizar uma busca e apreensão, nesse sentido ensina Santos: Antes de cuidar, em parte, sobre a busca e apreensão, a Lei de 14 de outubro de 1822, incorporada à legislação pátria e, expedida para combinar o respeito devido a casa com a administração da justiça, passou a fixar regras claras para a entrada em casa alheia, estando entre as principais: a proibição da entrada em casa a noite; a exigência da assistência de escrivão, testemunhas e ordem escrita do juiz; excepcionalidade da entrada em caso de flagrante delito e; previsão de punição ao executor que transgredisse a lei (SANTOS, 2014, p. 13). Logo em 1832, veio o Código de processo criminal de primeira instancia com disposição provisória acerca da administração da Justiça Civil, disciplinando em seu capítulo VII, exatamente sobre as buscas e apreensões, quais os procedimentos a serem adotados. E em 1934, foi promulgada a terceira constituição brasileira que devolveu a união a competência sobre matérias processuais, que possibilitou a criação do primeiro código penal, agora sim disciplinando efetivamente a respeito da busca e apreensão em matéria penal, como corrobora Martins: Com a Constituição Federal de 1934, devolveu-se à União a competência para legislar sobre matéria processual, passando-se, assim, a criação de comissão para elaboração do Código de Processo Penal de onde adveio a promulgação do primeiro Código de Processo Penal brasileiro da era republicana, em vigor até o momento. Muito embora vários projetos de reforma e alterações tenham sido criados não se fez nenhuma indicação para alterar os institutos em estudo, exceção feita a PEC 84/2003 que será oportunamente cuidada (MARTINS, 2011, p. 03). A busca e apreensão prevista no código de processo penal, nos artigos 240 a 250 regem os procedimentos contemporâneos a serem adotados pelos agentes públicos, no cumprimento de mandado judicial, visando a busca de conteúdo probatório ou prisão de pessoas que cometeram crimes e devem ter sua liberdade restringida, a fim de assegura a aplicação da lei penal. Todo procedimento deve ser estritamente levado em observância, no intuito de não causar nulidade dos atos praticados. O professor Norberto Avena comenta sobre o assunto: Por busca compreendem-se as diligências realizadas com o objetivo de investigação e descoberta de materiais que possam ser utilizados no inquérito policial ou no processo criminal, assim como de pessoas em relação às quais exista ordem judicial de prisão ou que sejam vítimas de crimes. Trata-se de uma atitude de procura, a ser realizada em lugares ou em pessoas. Já por apreensão depreende-se o ato de retirar alguma coisa que se encontre em poder de uma pessoa ou em determinado lugar, a fim de que possa ser utilizada com caráter probatório ou assecuratório de direitos. (AVENA, 2018, p. 712). O Código de processo penal trouxe no seu § 1º do art. 240 disposições sobre os procedimento e critérios a serem observados no momento da execução da busca e apreensão domiciliar. Normas que devem ser seguidas criteriosamente por quem executa, a fim de não causar nulidade das provas ou do ato praticado bem como a responsabilidade dos agentes, civil, penal e administrativamente, conforme está previsto no artigo 240 do Código de Processo Penal: “§ 1º a) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de convicção (...)”. Com o advento da “lei de abuso de autoridade”, profissionais de segurança pública tiveram que observar mais esse dispositivo legal, vale ressaltar que a norma traz em seu art. 1º o requisito de dolo específico para o cometimento do crime, fato este quer torna tal mandamento legislativo quase inaplicável. Os servidores públicos ao adentrarem em uma residência acreditando ocorrer ali uma situação de flagrante, jamais poderiam se amoldar a conduta típica de crime, pois acreditavam veementemente na ocorrência de crime em flagrância, como ensina Gabriela Marquês: Cumprindo determinação legal, não há que se falar em abuso de autoridade pela leitura circunstancial do agente, que, por exemplo, ao invadir um domicílio em situação de aparente flagrância, não pode ser rotulado como um criminoso por acreditar, por razões fáticas, estar sendo praticado no interior da residência um crime. Se, após o ingresso, fica constatada uma má avaliação do agente, a própria lei de abuso de autoridade afasta a tipicidade formal diante dessa situação in casu (MARQUES & CAMPOS, 2019. p. 19). Como a entrada em vigor da nova lei de abuso de autoridade, Lei n°13.869/2019, verificou-se a majoração da pena que estava contida no art. 150 CP. Também colocou um fim na discussão sobre o que era compreendido entre dia e noite, para realizar o cumprimento de mandado judicial, tipificando expressamente no Art. 22. §1, III da nova lei. Apesar da punição mais severa, esse dispositivo foi de grande valia, pois coloca fim a esse desentendimento que causava embaraço aos profissionais de segurança pública. Como pontua Emerson Castelo Branco: O parágrafo primeiro tipifica as condutas de coagir alguém a permitir o acesso a imóvel e de cumprir mandado de busca e apreensão no período compreendido entre 21hs e 5hs da manhã seguinte. Inicialmente, verifica-se que o ingresso em cumprimento a ordem judicial afasta a tipificação da conduta. Não há ressalva quanto ao tipo de ordem judicial, a competência material ou territorial do juízo que proferiu, ou a constitucionalidade da decisão (BRANCO, 2020,p. 2041). Em última análise, o novo parâmetro disciplinado pela lei de abuso de autoridade, preocupa pelo tratamento que veem sendo dado aos agentes do Estado, no exercício regular de sua profissão, no que se refere ao aumento da pena, pois tem uma majoração em dobro comparado com Art. 150 do CP. Já estamos falando de um crime de médio potencial ofensivo, que não admite transação penal, o servidor público de pautar suas ações no princípio do estrito cumprimento do dever legal, no entanto, não precisa se coagido para trabalha nos limites da legislação, normas como essa acabam engessando ações de autoridades. 5 FUNDAMENTOS PARA A BUSCA DOMICILIAR REALIZADA PELA POLÍCIA SEGUNDO OS TRIBUNAIS SUPERIORES No artigo quinto da Constituição Federal, são reservados os direitos e as garantias fundamentais, bem como a casa e propriedade privada, exige-se esse respeito a inviolabilidade do domicílio, pois quando o legislador originário fez menção constitucional à casa, não quis dizer apenas como asilo inviolável, mas sim está garantindo a privacidade e a intimidade de uma vida digna. E a garantia de salvaguardar o ambiente familiar intransponível a entradas ilícitas externa, como ensina Gilmar Mendes: No sentido constitucional, termo domicilio tem amplitude maior do que no direito privado ou senso comum, não sendo somete a residência, ou, ainda, a habitação com intenção definitiva de estabelecimento, mas inclusive, quarto de hotel habitado. Considera-se, pois, domicílio todo local, delimitado e separado, que alguém ocupa com exclusivamente, a qualquer título, inclusive profissionalmente, pois nessa relação entre pessoa e espaço preserva-se mediante, a vida privada do sujeito (MENDES, 2018, p. 292). A Constituição Federal buscou resguardar o domicílio utilizando o termo casa, no entanto, este termo deve ser interpretado de forma extensiva. Qualquer compartimento habitado pode ser considerado como uma casa (pátio, jardim, área de serviço, piscina, quintal), pois independentemente da estrutura habitada, deve ser resguardado o bem jurídico dos indevidos que ali estão, o que se quer preservar e o mandamento constitucional da inviolabilidade do domicilio, como se posiciona Alexandre de Moraes: O conteúdo de bens, pertences e documentos pessoais existentes dentro de “casa”, cuja proteção constitucional é histórica, se relaciona às relações subjetivas e de trato íntimo da pessoa humana, suas relações familiares e de amizade (intimidade), e também envolve todos os relacionamentos externos da pessoa, inclusive os objetivos, tais como relações sociais e culturais (vida privada) (MORAES, 2017, p. 58). A busca domiciliar exige autorização judicial previa, quando a autoridade judiciaria não efetuar pessoalmente e ainda deve ser cumprida durante o dia. O mandado judicial somente será expedido caso haja convicção do juízo de fundadas razões que autorizem a violação do domicilio. Nucci (2014) esclarece nesse sentido, que a busca domiciliar com expedição de mandado judicial acontecerá, principalmente, no período diurno, em locais não abertos ou expostos ao público. A busca domiciliar sem consentimento do morador não é autorizada no ordenamento jurídico brasileiro, mas existe exceção a essa regra, pois o juiz poderá expedir mandado judicial que autorize a busca sem autorização do morador, essa regra também poderá ser quebrada em casos urgentes a fim de salvar vidas ou prender criminosos. Nesses últimos casos, faz-se necessária uma ação imediata em resposta ao que estar ocorrendo dentro do domicílio, caso não seja feito algo na ardência dos fatos poderá resultar em morte ou fuga de criminosos e perda do lastro probatório. Encontra-se o conceito legal da inviolabilidade domiciliar no Art. 5º, XI da Constituição Federal: “Art. 5º, XI - A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial (...)”. Dessa forma, o conceito de inviolabilidade do domicílio vem ganhando força e cada vez mais protegido pelo ordenamento jurídico brasileiro, não podendo ser violado sem ter algo que justifique a sua entrada forçada, principalmente, nos casos de flagrante delito e também nos crimes permanentes, não se fazendo necessário a autorização do morador e também de autorização judicial. Sobre isso comenta a respeito desse assunto a Professora Flávia Bahia: Este dispositivo consagra mais um desdobramento da vida privada, a inviolabilidade da "casa" é consagrada pela Constituição. Em regra geral, as pessoas só podem entrar nas casas alheias mediante permissão. Com consentimento válido, não há limite de hora para que haja penetração na casa das pessoas. Entretanto, como não há inviolabilidade absoluta, esta fórmula cede espaço em algumas hipóteses. Nas situações de urgência, como flagrante delito, socorro ou desastre, é possível entrar na casa de alguém sem consentimento do morador, a qualquer hora do dia ou da noite, tendo em vista que a vida das pessoas está em risco (BAHIA, 2017, p. 128). Em se tratando de crime permanente e plenamente possível, a violação do domicilio, a fim de cessar a ação criminosa, deve se observar os requisitos, para não deixar macular nos procedimentos e posteriormente ter aproveitamento, em que seja utilizado como parte do conjunto probatório. Agentes de segurança pública não podem se estribarem em denúncia anônima ou fuga do indivíduo, ainda cumulativa as duas situações, pois não enseja em autorização para adentra em residência que esteja em situação de flagrância, como observa-se em jugados do Supremo tribunal de justiça: No caso, as razões para o ingresso no imóvel teriam sido a natureza permanente do tráfico, a denúncia anônima e a fuga do investigado ao avistar a polícia. Em relação à tentativa de fuga do agente ao avistar policiais, deve-se salientar que, nos termos do entendimento da Sexta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, tal circunstância, por si só, não configura justa causa exigida para autorizar a mitigação do direito à inviolabilidade de domicílio. Deve-se frisar, ainda, que “a mera denúncia anônima, desacompanhada de outros elementos preliminares indicativos de crime, não legitima o ingresso de policiais no domicílio indicado, estando, ausente, assim, nessas situações, justa causa para a medida.” (HC 512.418/RJ, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 26/11/2019, DJe 03/12/2019). Neste ensejo, vale destacar que, em situação semelhante, a Sexta Turma desta Corte entendeu que, mesmo diante da conjugação desses dois fatores, não se estaria diante de justa causa e ressaltou a imprescindibilidade de prévia investigação policial para verificar a veracidade das informações recebidas (RHC 83.501/SP, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 06/03/2018, DJe 05/04/2018). Desta feita, entende-se que, a partir da leitura do Tema 280/STF, resta mais adequado a este Colegiado seguir esse entendimento, no sentido da exigência de prévia investigação policial da veracidade das informações recebidas. Destaque-se que não se está a exigir diligências profundas, mas breve averiguação, como “campana” próxima à residência para verificar a movimentação na casa e outros elementos de informação que possam ratificar a notícia anônima (RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 18/02/2020, DJe 02/03/2020). Diante desse contexto, já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que a ação policial, no que diz respeito a adentrar o domicílio sem o consentimento do morador e autorização judicial, mesmo durante a noite, somente será lícita se amparada em fundadas http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&cod_tema_inicial=280&cod_tema_final=280https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%27201702479304%27.REG. razões que justifiquem a sua entrada. Afinal, o que está sendo analisado não é a materialidade do crime, mas sim o respeito ao mandamento constitucional da inviolabilidade domiciliar. Conforme afirma o STF na decisão do julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 603.616, pelo plenário com recursão geral: ‘’RE 603616 – A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticado (...)”. Com advento do novo entendimento da suprema corte, trouxe aos agentes de segurança, principalmente, aos policiais o dever de observar as razões que autorizem a entrada dos mesmos em domicílio sem a autorização judicial, pois só será lícita se coberto pelo manto das fundadas razões, devidamente justificadas posteriormente, capaz de comprovar que no interior do domicílio ocorre situação de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro. Se isso não for feito, o agente pode responder civil, penal e administrativamente caso não prove a ocorrência de flagrante delito, como explica o professor Norberto Avena: Ainda em relação à hipótese de flagrante delito, como permissiva da busca e apreensão domiciliar à revelia de ordem judicial, é necessário atentar que o STF, em regime de repercussão geral, no julgamento do Recurso Extraordinário n.º 603.616/TO (DJ 10.05.2016), firmou o entendimento de que, mesmo se operada situação de flagrância em decorrência, muito especialmente, da prática de crime permanente no interior da casa (aqueles cuja consumação se protrai no tempo, a exemplo dos crimes de posse de drogas para fins de tráfico, de associação para o tráfico, de associação criminosa etc.), o ingresso desautorizado de policiais tem sua validade condicionada à preexistência de fundadas razões que tenham justificado a invasão domiciliar no momento em que realizada, não sendo suficiente, por exemplo, a mera suspeita decorrente de informação anônima. Na oportunidade, ressaltou o Excelso Pretório que a inobservância de tal postulado submete a autoridade executora ou seus agentes à responsabilidade disciplinar, civil e penal. Tal entendimento decorre de interpretação ampla do art. 240, do CPP, dispondo este que “proceder-se-á à busca domiciliar quando fundadas razões a autorizarem”, justificando-se, ainda, no intuito de evitar ingerências arbitrárias no domicílio. De acordo com o STF, não se pode perder de vista que, apesar de o flagrante legitimar o ingresso forçado em residência à revelia de determinação judicial, essa providência será objeto de controle judicial a posteriori, condicionando-se a validade da prisão assim efetuada a que o Poder Judiciário, recebendo o auto de prisão em flagrante, constate a efetiva ocorrência de atos, fatos ou circunstâncias que, devidamente justificados, amparem a conduta dos policiais. (AVENA, 2018, p. 718). Diante desse contexto, é importante saber que se compreende por fundadas razões algo palpável, inequívoco sobre o cometimento do crime, não se trata de uma mera suspeita ou especulação, estamos falando de algo concreto de fato, capaz de ser indicado com precisão o que existe de ilícito dentro do domicilio, com esses elementos, torna-se licita a entrada forçada em domicílio nos casos de flagrante delito, a fim de realizar busca e apreensão de pessoas, objetos envolvidos na prática criminosa. A comprovação de fundadas razões, somente será efetivada após a realização das diligências, vejamos a análise sob qual são fundadas razões na visão do professor Norberto Avena: Por fundadas razões compreende-se o conjunto de elementos objetivos que permitem ao juiz formar sua convicção quanto a possuir, efetivamente, o indivíduo, em seu domicílio, o material objeto da diligência. Já por fundadas suspeitas entende-se a desconfiança ou suposição, algo intuitivo e frágil, diferindo, pois, do conceito de fundadas razões, que requer uma maior concretude quanto à presença dos motivos que ensejam a busca domiciliar. A motivação, na busca pessoal, encontra-se no subjetivismo da autoridade que a determinar ou executar (AVENA, 2018, p. 726). Nesse sentido, o Supremo Tribunal Justiça também adota uma postura exigente quanto aos critérios adotados a respeito das ações policiais que justifique a entrada policial em domicílio sem autorização judicial. Observa-se, principalmente, a relativização da inviolabilidade domiciliar, pois é necessário algo concreto capaz de justificar a violação desse direito individual e fundamental do descanso, repouso e intimidade de uma pessoa em sua residência. O tribunal vem mantendo suas decisões com fundamento nas fundadas razões, vejamos o que diz o Exmo. Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz: Não se há de admitir, portanto, que a mera constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, justifique a medida. Ora, se o próprio juiz (um "terceiro neutro e desinteressado") só pode determinar a busca e apreensão durante o dia, e mesmo assim mediante decisão devidamente fundamentada, após prévia análise dos requisitos autorizadores da medida, não seria razoável conferir a um servidor da segurança pública total discricionariedade para, a partir de mera capacidade intuitiva, entrar de maneira forçada na residência de alguém e, então, verificar se nela há ou não alguma substância entorpecente (RECURSO ESPECIAL Nº 1.574.681 - RS 2015/0307602-3, JULGADO: 20/04/2017). Importante destacar que os tribunais superiores adotam um entendimento uniforme no tocante a entrada policial em domicílio, a ocorrência de crime em fragrante delito deve ser sessada imediatamente, mas para colocar um ponto final nesse crime em andamento, deve ser observado o requisito das fundadas razões que não podem ser uma simples denúncia anônima ou uma suspeita intuitiva, deve ser algo concreto. Vale ressaltar que, não exige certeza do policial, pois ali no calor da ocorrência torna-se impossível tal exigência. A inexistência deste requisito material das fundadas razões resultará na nulidade dos altos praticados, bem como a responsabilidade dos agentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os tribunais superiores do ordenamento jurídico brasileiro são de grande importância no âmbito nacional, pois suas decisões refletem diretamente nas sentenças monocráticas dos juízes de primeira instância e desembargadores, por mandamento legal. Tribunais superiores têm a função de dar a palavra final sobre a interpretação das normas, por isso é importante que os juízes sigam o mesmo entendimento das cortes superiores, afim de ter garantia jurídica sob os julgados. Em se tratando de garantias e os direitos fundamentais, nota-se que foram conquistados pouco a pouco ao longo da história, direitos de primeira, segunda e terceira dimensão ou geração, foi o nascimento cumulativo da liberdade, igualdade e fraternidade ou solidariedade. Nesse contexto, o Estado visa ao mesmo tempo dar a liberdade e garanti-la, por meio de normas capazes de força os indivíduos viverem bem em sociedade. O direito do domicílio inviolado é uma das conquistas historicamente alcançadas, previsto no Art. 5ºXI da CF, este direito de primeira dimensão, consiste em uma limitação imposta ao Estado, disciplinado que o ser humano tem o direito à liberdade em seu domicílio para repouso, intimidade, lazer e construção da vida familiar, livre de intromissões estatais ou de outros indivíduos que possam tentar interferir em sua privacidade. A Constituição Federal buscou assegurar o direito a inviolabilidade domiciliar, no entanto, este direitofundamental não é absoluto, não pode ser utilizado como escudo de criminosos no cometimento de crime. É plenamente possível a mitigação deste direito, a fim de proteger a sociedade e evitar riscos a população como um todo, urge nesse ponto uma intervenção estatal, com isso já entramos na seara dos direitos de segunda dimensão. O Estado deve dar para a população a tão sonhada paz social e para ver esse mandamento constitucional satisfeito, lançar mão de alguns meios de prevenção e repressão de criminoso, com isso é notório que alguns direitos e garantias fundamentais serão mitigadas em prol da sociedade, pois não e razoável fazer uma comunidade inteira sofrer com danos irreparáveis em detrimento de criminosos que querem se valer de garantias individuais como escuto, essa tem sido a foça motriz dos órgãos de segurança pública para reprimir ações criminosas. Quando se trata de ações do Estado contra delinquentes é importantíssimo não perder de vista o princípio do estrito cumprimento do dever legal, destarte, no caso em análise do nosso estudo. O procedimento da busca e apreensão na casa de criminosos deve ser pautada estritamente nos artigos 240 a 250 do código de processo peal, a fim de evitar nulidade das provas obtidas, por erro na forma de conduzir o procedimento de maneira adequada. Com o advento da nova lei de abuso de autoridade, Lei n°13.869/2019, verificasse o fim de uma grande discussão doutrina e jurisprudencial, no tocante ao horário do cumprimento do mandado de prisão. Como a Constituição Federal diz apenas durante o dia, paira dúvida no entendimento de até que horas ainda estamos no dia. Diante dessa nova legislação, não resta duvidas sob qual o horário de cumprimento de determinação judicial. Já quanto à majoração do tipo penal, acreditamos que o legislador utilizou critérios políticos para chegar ao montante da pena. A busca e apreensão domiciliar necessita de ordem judicial e deve ser cumprida no horário estipulado pela Lei nº 13.869/2019, ausente este requisito a casa de alguém somente poderá ser violada em casos de: ocorrência de crime em flagrante delito, para prestar socorro ou em desastre, independente do horário. Nos casos de crimes permanentes, como é o caso do tráfico de drogas, o STF decidiu em 2016 que só será licita ação policial se amparada em fundadas razões. Visando resguardar o direito fundamental da inviolabilidade domiciliar a suprema corte brasileira decidiu sedimentar seu entendimento acerca do tema, foi em decisão de repercussão geral que o STF decidiu o RE nº 603.616, trazendo a seguinte redação consolidada: A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados. Portanto, não resta dúvida do procedimento a ser adotado na realização da entrada forçada em domicílio, faz-se necessário ser esclarecido o que são fundadas razões. Entende-se por uma fundada razão, algo que vai além de uma simples suspeita ou achismo, deve ser algo de certa forma concreto, justificável. Não exige do agente de segurança a certeza, pois de fato seria impossível e acabaria por via consequente impossibilitando a medida, porém ao final das buscas o motivo da entrada forçada sem mandado judicial deve ser revelado e justificado por escrito. Existido flagrante delito, faz-se necessário a justificativa a fim de evitar punição dos agentes nas esferas penal, civil e administrativa e bem como o devido aproveitamento das provas obtidas. Essa ação é sempre possível desde que observado os procedimentos disciplinados pelo STF. REFERÊNCIAS AVENA, Norberto. Processo penal. 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: método, 2018. BAHIA, Flávia. Coleção Descomplicando - Direito Constitucional. 3º Edição, Recife, PE: Armador, 2017. CAPEZ, Fernando. 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