Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CARL ROGERS Campo da experiência Há um campo de experiência único para cada indivíduo. Este campo de experiência ou "campo fenomenal" contém tudo o que se passa no organismo em qualquer momento, e que está potencialmente disponível à consciência. Inclui eventos, percepções, sensações e impactos dos quais a pessoa não toma consciência, mas poderia tomar se focalizasse a atenção nesses estímulos. É um mundo privativo e pessoal que pode ou não corresponder à realidade objetiva. Campo da experiência O campo de experiência é limitado por restrições psicológicas e limitações biológicas. Temos tendência a dirigir nossa atenção para perigos imediatos, assim como para experiências seguras ou agradáveis, ao invés de aceitar todos os estímulos que nos rodeiam. Self Dentro do campo de experiência está o Self. O Self não é uma entidade estável, imutável, entretanto, observado num dado momento, parece ser estável. O Self é uma gestalt organizada e consistente num processo constante de formar-se e reformar-se à medida que as situações mudam. Self Assim como uma fotografia é uma "parada" de algo que está mudando, da mesma forma o Self não é nenhuma das "fotografias" que tiramos dele, mas o processo fluido subjacente. Rogers usa o termo para se referir ao contínuo processo de reconhecimento. Principais Conceitos Experiências passadas Estimulações presentes Expectativas do Futuro Self É a visão que a pessoa tem de si própria, baseada em: Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão. “ Lao Tsé, Tao Te King. Principais Conceitos Self Self Ideal É o conjunto das características que o indivíduo mais gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo Self Ideal O Self Ideal é o conjunto das características que o indivíduo mais gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo. É uma estrutura móvel e variável, que passa por redefinição constante. A extensão da diferença entre o Self e o Self Ideal é um indicador de desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas. Aceitar-se como se é na realidade, e não como se quer ser, é um sinal de saúde mental. A imagem do Self Ideal, na medida em que se diferencia de modo claro do comportamento e dos valores reais de uma pessoa é um obstáculo ao crescimento pessoal. SELF SELF IDEAL A extensão da diferença entre SELF e SELF IDEAL, é um indicador de desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas. Aceitar-se como se é na realidade e não como se quer ser é sinal de saúde mental. Congruência experiencia sentimento consciencia É o grau da exatidão entre a experiência e a tomada de consciência. Se relaciona às discrepâncias entre experienciar e tomar consciência. Alto grau de Congruência significa que a comunicação (o que você está expressando) e a tomada de consciência ( o que você está percebendo), são semelhantes. Suas observações e as de um observador externo seriam consistentes. Congruência Crianças pequenas exibem alta congruência. Expressam seus sentimentos logo que seja possível com o seu ser total. Quando uma criança tem fome ela toda está com fome, neste exato momento! Quando uma criança sente amor ou raiva, ela expressa plenamente essas emoções. Isto pode justificar a rapidez com que a criança substitui um estado emocional por outro. A expressão total de seus sentimentos permite que elas liquidem a bagagem emocional que não foi expressa em experiências anteriores. Incongruência Discrepância entre a realidade externa e aquilo que se experiencia internamente, subjetivamente. A pessoa não é capaz de expressar suas emoções e percepções reais em virtude do medo e dos velhos hábitos de encobrimento que são difíceis de superar – por outro lado é possível que a pessoa tenha dificuldade em compreender o que os outros esperam dela experiencia consciencia sentimento Incongruência A incongruência ocorre quando há diferenças entre a tomada de consciência, a experiência e a comunicação desta. As pessoas que parecem estar com raiva (punhos cerrados, tom de voz elevado, praguejando) e que replicam que de forma alguma estão com raiva, se interpeladas, ou as pessoas que dizem estar passando por um período maravilhoso mas que se mostram entediadas, isoladas ou facilmente doentes, estão revelando incongruência. Incongruência Quando a incongruência está entre a tomada de consciência e a experiência, é chamada repressão. A pessoa simplesmente não tem consciência do que está fazendo. A maioria das psicoterapias trabalha sobre este sintoma de incongruência ajudando as pessoas a se tomarem mais conscientes de suas ações, pensamentos e atitudes na medida em que estes as afetam e aos outros. Incongruência A incongruência pode ser sentida como tensão, ansiedade ou, em circunstâncias mais extremas, como confusão interna. Um paciente internado em hospital psiquiátrico que declara não saber onde está, em que hospital, qual a hora do dia, ou mesmo quem ele é, está exibindo alto grau de incongruência. A maioria dos sintomas descritos na Literatura psiquiátrica podem ser vistos como formas de incongruência. Para Rogers, a forma particular de distúrbio é menos crítica do que o reconhecimento de que há uma incongruência que exige uma solução. A incongruência é visível em observações como, por exemplo, "não sou capaz de tomar decisões", "não sei o que quero", "nunca serei capaz de persistir em algo" Tendência à Auto-Atualização sentimento consciencia ambiente experiencia Há um aspecto básico da natureza que leva a uma maior congruência e a um funcionamento realista = impulso que pertence a todas as coisas vivas. A pessoa é impelida a ser uma pessoa total, completa e auto- atualizada. É uma força motivadora, dominante num pessoa que está “funcionando de modo livre”, não paralisada por eventos passados ou por crenças correntes que mantém a incongruência. Tendência à Auto- Atualização Rogers sugere que em cada um de nós há um impulso inerente em direção a sermos competentes e capazes quanto o que estamos aptos a ser biologicamente. Assim como uma planta tenta tornar-se saudável, como uma semente contém dentro de si impulso para se tomar uma árvore, também uma pessoa é impelida a se tomar uma pessoa total, completa e auto-atualizada. Tendência à Auto- Atualização O impulso em direção à saúde não é uma força esmagadora que supera., obstáculos ao longo da vida; pelo contrário, é facilmente embotado, distorcido e reprimido. Rogers o vê como a força motivadora dominante numa pessoa que está funcionando de modo livre, não paralisada por eventos passados ou por crenças correntes que mantinham a incongruência. Crescimento Psicológico As forças positivas em direção à saúde e ao crescimento são naturais e inerentes ao organismo. Os indivíduos têm a capacidade de experienciar e de se tomarem conscientes de seus desajustamentos. Isto é, você pode experienciar as incoerências entre seu auto-conceito e suas experiências reais. Esta capacidade que reside em nós é associada a uma tendência subjacente à modificação do auto- conceito, no sentido de estar realmente de acordo com a realidade. Crescimento Psicológico Rogers está convencido de que estas tendências em direção à saúde são facilitadas por qualquer relação interpessoal na qual um dos membros esteja livre o bastante da incongruência para estar em contato com seu próprio centro de auto-correção. A maior tarefa da terapia é estabelecer tal relacionamento genuíno. Aceitar-se a simesmo é um pré-requisito para uma aceitação mais fácil e genuína dos outros. Obstáculos ao Crescimento Rogers sugere que os obstáculos aparecem na infância e são aspectos normais do desenvolvimento. O que a criança aprende em um estágio como benéfico deve ser reavaliado nos estágios posteriores: Motivos que predominam na primeira infância mais tarde podem inibir o desenvolvimento da personalidade. Obstáculos ao Crescimento Quando a criança começa a tomar consciência do Self, desenvolve uma necessidade de amor ou de consideração positiva. Esta necessidade é universal, considerando-se que ela existe em todo ser humano e que se faz sentir de uma maneira contínua e penetrante. A teoria não se preocupa em saber se é uma necessidade inata ou adquirida. Uma vez que as crianças não separam suas ações de seu ser total, reagem à aprovação de uma ação como se fosse aprovação de si mesmas. Da mesma forma, reagem à punição de um ato como se estivessem sendo desaprovadas em geral. Obstáculos ao Crescimento O amor é tão importante para a criança que ela acaba por ser guiada, não pelo caráter agradável ou desagradável de suas experiências e comportamentos, mas pela promessa de afeição que elas encerram. A criança começa a agir da forma que lhe garante amor ou aprovação, sejam os comportamentos saudáveis ou não para ela. Obstáculos ao Crescimento As condições de valor criam uma discrepância entre o Self e o auto- conceito. Para mantermos uma condição de valor temos que negar determinados aspectos de nós mesmos. Por exemplo, se falaram "Você deve amar seu irmãozinho recém-nascido, senão mamãe não gosta mais de você", a mensagem é a de que você deve negar ou reprimir seus sentimentos negativos genuínos em relação a ele. Se você conseguir esconder sua vontade maldosa, seu desejo de machucá-lo e seu ciúme normal, sua mãe continuará a amá-lo. Se a pessoa admitir que tem tais sentimentos, se arriscará a perder o amor. Obstáculos ao Crescimento Quando a criança amadurece, o problema persiste. O crescimento é impedido na medida em que a pessoa nega impulsos diferentes do auto- conceito artificialmente "bom". Para sustentar a falsa auto-imagem a pessoa continua a distorcer experiências, quanto maior a distorção maior a probabilidade de erros e da criação de novos problemas. Obstáculos ao Crescimento Os comportamentos, os erros e a confusão que resultam dão manifestações de distorções iniciais mais fundamentais. E a situação realimenta-se a si mesma. Cada experiência de incongruência entre o Self e a realidade aumenta a vulnerabilidade, a qual, por sua vez, ocasiona o aumento de defesas, interceptando experiências e criando novas ocasiões de incongruência. Por vezes as manobras defensivas não funcionam. A pessoa toma consciência das discrepâncias óbvias entre os comportamentos e as crenças. Os resultados podem ser pânico, ansiedade crônica, retraimento ou mesmo uma psicose. Rogers observou que o comportamento psicótico parece ser muitas vezes a representação externa de um aspecto anteriormente negado da experiência. O Corpo Embora Rogers defina a personalidade e a identidade como uma gestalt contínua, não dá ao papel do corpo uma atenção especial. Mesmo no seu trabalho com encontros ele não promove ou facilita o contato físico nem trabalha diretamente com gestos físicos. Como Rogers mesmo assinala, "a minha formação não é das que me tornem especialmente liberto a esse respeito". Sua teoria é baseada na tomada de consciência da experiência. Relacionamento Social O valor dos relacionamentos é de interesse central nas obras de Rogers. Rogers acredita que a interação com o outro capacita um indivíduo a descobrir, encobrir, experienciar ou encontrar seu Self real de forma direta. Nossa personalidade torna-se visível a nós através do relacionamento com os outros. Através dos relacionamentos, as necessidades organísmicas básicas do indivíduo podem ser satisfeitas. A esperança desta satisfação faz com que as pessoas invistam uma quantidade de energia incrível em relacionamentos, até mesmo naqueles que não parecem ser saudáveis ou satisfatórios. O Casamento O casamento é um relacionamento não usual. É potencialmente de longo prazo, intensivo, e carrega dentro de si a possibilidade de manutenção do crescimento e do desenvolvimento. Rogers acredita que o casamento siga as mesmas leis gerais que mantém a verdade dos grupos de encontro, da terapia ou de outros relacionamentos. Os melhores casamentos ocorrem com parceiros que são congruentes consigo mesmos, que têm poucas condições de valor como empecilho e que são capazes de genuína aceitação dos outros. Quando o casamento é usado para manter uma incongruência ou para reforçar tendências defensivas existentes, é menos satisfatório e é menos provável que se mantenha. O Casamento As conclusões de Rogers sobre qualquer relação íntima a longo prazo, tal como o casamento, são focalizadas sobre quatro elementos básicos: compromisso contínuo, expressão de sentimentos, não- aceitação de papéis específicos e capacidade de compartilhar a vida íntima. Ele resume cada elemento como uma promessa, um acordo sobre o ideal de um relacionamento contínuo, benéfico e significativo. Emoções O indivíduo saudável toma consciência de suas emoções, sejam ou não expressas. Sentimentos negados à consciência distorcem a percepção e a reação às experiências que os desencadearam. Um caso específico é sentir ansiedade sem tomar conhecimento da causa. A ansiedade aparece quando uma experiência que ocorreu, se admitida na consciência, poderia ameaçar a auto-imagem. A reação inconsciente a estas subcepções alerta o organismo para possíveis perigos e acarreta mudanças psicofisiológicas. Estas reações defensivas são uma forma do organismo manter crenças e comportamentos incongruentes. Uma pessoa pode agir com base nestas subcepções sem tomar consciência do por quê está agindo assim. Intelecto Rogers não segrega o intelecto de outras funções. Ele valoriza-o como um tipo de instrumento que pode ser usado de modo efetivo na integração de experiências. Mostra-se cético em relação a sistemas educacionais que dão ênfase exagerada a desempenhos intelectuais e desvalorizam os aspectos intuitivos e emocionais do funcionamento total. O Conhecimento Três formas de conhecer: O conhecimento objetivo é uma forma de testar hipóteses, especulações e conjecturas em relação a sistemas de referência externos. Em Psicologia, os pontos de referência podem incluir observações do comportamento, resultados de testes, questionários ou julgamentos de outros psicólogos. O conhecimento subjetivo, o discernimento entre amar e odiar, entender e apreciar uma pessoas, uma experiência ou um evento Aumenta à medida em que o contato com nossos processos internos torna-se maior. O conhecimento inter-pessoal ou conhecimento fenomenológico, que é a essência da terapia centrada no cliente. É a prática da compreensão empática. Penetrar no mundo subjetivo particular do outro para ver se nossa compreensão da opinião dele é correta, não apenas para ver se é objetivamente correta ou se concorda com o nosso próprio ponto de vista, mas se é correta no sentido de compreender a experiência do outro como ele a experiência. A noção de homem em Rogers O ser humano tem uma natureza que lhe é própria. Cada ser humano possui uma natureza particular e digna de confiança. O homem não é nem uma máquina,nem um ser sujeito a seus influxos inconscientes, mas uma pessoa em vias de auto-criação, de auto-estruturação; um ser que cria significações na vida e que expressa toda a dimensão de sua liberdade subjetiva. TERAPIA CENTRADA NO CLIENTE “Esta nova abordagem coloca umpeso maior sobre o impulso individual em direção ao crescimento à saúde e ao ajustamento. [A terapia] é uma questão de libertar [o cliente] para um crescimento normais.” “Esta terapia dá muito mais ênfase ao aspecto afetivo de uma situação do que aos aspectos intelectuais” “Esta nova terapia dá muito mais ênfase à situação imediata do que ao passado do indivíduo” “[...] enfatiza o relacionamento terapêutico em si mesmo como uma experiência de crescimento” Terapeuta da Centrada no Cliente Deve servir como modelo de pessoa autêntica Proporciona uma relação de ajuda enquanto aceita e é capaz de manter uma “consideração positiva” e incondicional Deve ser capaz de ver o centro auto-atualizador do cliente e não os comportamentos destrutivos, prejudiciais e ofensivos . O cliente tem a chave de sua recuperação mas o terapeuta deveria ter qualidades pessoais que ajudam o cliente a aprender como usar tais chaves Paciente X Cliente Rogers usa a palavra "cliente" ao invés do termo tradicional "paciente". Um paciente é em geral alguém que está doente, precisa de ajuda e vai ser ajudado por profissionais formados. Um cliente é alguém que deseja um serviço e que pensa não poder realizá-lo sozinho. O cliente, portanto, embora possa ter muitos problemas, é ainda visto como uma pessoa inerentemente capaz de entender sua própria situação. Rogers usa o termo “cliente” ao invés de “paciente” porque assim enfatiza a participação responsável voluntária e ativa da pessoa; também sugere igualdade entre o terapeuta e a pessoa buscando ajuda, evitando a implicação de que o indivíduo esteja doente ou participando de alguma experiência. Empatia “a capacidade de perceber o quadro de referência interno do outro com precisão e com os componentes emocionais que a ele pertencem, como se aquele que percebe fosse a outra pessoa, mas sem jamais perder a condição do como se” Extrato de sessão T- Está difícil para eu acompanhar suas palavras. C- É, está difícil para eu me expressar, estou perdida, fico repetindo as coisas para mim mesma e não saio do lugar. (mexe-se na cadeira, aperta uma mão na outra e seu tom de voz muda) T- Você parece aflita. C- Para te dizer a verdade, estou pesada e cheia desta pressão toda, desta indecisão se vou para a França ou não. T- Agora você falou mais claramente, de como você se sente. C- É, estou cansada desta solidão, a solidão da espera e da decisão (fica mais ereta na cadeira e olha de frente para a terapeuta) T- A sensação de espera e de tomada de decisão fazem você se sentir só. C- É, ninguém pode esperar por mim ou decidir se isto ou aquilo será bom para mim. T- Você está tomando consciência da sua vida e da responsabilidade em relação a ela. C- É, e é isso que está difícil (abaixa os olhos e os ombros) T- E esta consciência te deprime, te entristece. C- Eu volto a ficar só e tenho muito medo. T- Parece que você confunde a solidão da decisão com não ter ninguém com você. C- (suspirando e olhando para a T) É isso mesmo, que alívio! Agora compreendi o que estava fazendo comigo mesma e com os outros. Posso estar só na minha decisão, sem me isolar.
Compartilhar