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MALINOWSKI E A PESQUISA DE CAMPO NA ANTROPOLOGIA

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1 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
PROGRAMA DE GRADUAÇÃO 
DISCIPLINA EPISTEMOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2019 
 
2 
 
 
MALINOWSKI E A PESQUISA DE CAMPO NA ANTROPOLOGIA 
Diogo Oliveira do Nascimento 
 
 
 
 
 
 
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar o impacto do novo modelo de 
pesquisa de campo implementada por Malinowski. Discorrer sobre sua crítica ao 
modelo anterior e por fim, apontar a principal crítica que seu modelo recebeu. 
 
Palavras-chaves: Etnografia; pesquisa de campo; modelo; funcionalismo. 
 
Abstract: This paper aims to analyze the impact of the new field research model 
implemented by Malinowski. Discuss your criticism of the previous model and, finally, 
point out the main criticism that your model received. 
 
Keywords: Ethnography; field research; model; functionalism. 
 
 
 
 
3 
 
Malinowski, nascido na Polônia, começou sua carreira nas ciências exatas, lendo 
a obra de Sir James Frazer, antropólogo, foi atraído para a antropologia, na área 
antropológica foi um dos grandes nomes da escola funcionalista. 
Malinowski propôs um novo modo de fazer o trabalho etnográfico, através da 
observação direta. Esse modelo contrariava o modelo vigente da época. Os antropólogos 
dificilmente faziam trabalho de campo e nunca ou raras vezes tiveram contato com os 
nativos ou povos primitivos. ``os seus trabalhos baseavam-se em informações, material 
histórico e arqueológico sobre as civilizações clássicas e orientais e em informações sobre 
sociedades tribais contida em relatos de viajantes, colonos, missionários e funcionários dos 
governos coloniais`` (Os pensadores,1978, p.ix). 
Esses antropólogos faziam parte das escolas difusionista e evolucionista, na qual 
os antropólogos analisavam as informações coletadas com base em seus postulados, 
tirando todo significado dos dados coletados, uma vez que eles não interpretavam esses 
dados do ponto de vista do nativo e sim conforme os seus postulado propostos pelos 
europeus que se definiam como um povo superior aos nativos. Por conseguinte, esse 
modelo perde sua objetividade cientifica em razão de não leva em consideração as 
particularidades das culturas locais. 
A principal crítica de Malinowski a esse modelo é a arbitrariedade das categorias 
utilizadas. Segundo Malinowski, ´´A comparação entre sociedades diversas é feita através 
de um desmembramento inicial da realidade em itens culturais tomados como elementos 
autônomos; com os fragmentos assim obtidos os autores procedem a um rearranjo arbitrário, 
agrupando-os de acordo com categorias tomadas de sua própria cultura e fabricando com isso 
instituições, complexos culturais e estágios evolutivos que não encontram correspondência em 
qualquer sociedade real. `` (Os pensadores,1978, p.x), (grifo nosso). Destaquei o trecho 
acima para mostrar a fundamentação da crítica que Malinowski fez a esse modelo, eles 
tratavam os elementos como autônomos, solto do arranjo social, esse posicionamento 
está equivocado, dado que cada processo realizado por uma sociedade tem significado e 
obedece a leis próprias daquela comunidade, outro ponto errado é quando os 
antropólogos analisavam esses elementos do ponto de vista de sua própria cultura, é 
como se os nativos não tivessem cultura. Sabemos que essa visão é falha e todas as 
sociedades tem sua própria cultura. 
O modelo da escola difusionista não era mais adequado para a pesquisa 
etnográfica, e o início da carreira de Malinowski coincidiu com esse período de quebra 
4 
 
de paradigma. ´´ O início da carreira de Malinowski coincide com um período de grande 
efervescência na antropologia, caracterizado pelo desenvolvimento de novas técnicas de 
pesquisa e pela crítica aos métodos de interpretação vigentes. `` (Os pensadores,1978, p.ix). 
Com o modelo vigente sendo questionado, Malinowski começou a perceber a 
potencialidade do trabalho de campo e a importância das informações obtidas por meio 
da observação direta para a resolução dos problemas teóricos colocados pela 
antropologia. Com o trabalho de campo o antropólogo poderá perceber a importância do 
contexto no qual os elementos estão inseridos e perceberá que eles não são autônomos 
como postulado pela escola anterior e a observação direta deverá barrar a tentativa de 
compreender o fenômeno do ponto de vista da cultura do antropólogo, pois com a 
observação direta o pesquisador entrará na cultura local e verá que por de trás do 
fenômeno analisado tem toda uma estrutura que dá fundamentação. 
Esse novo modelo de trabalho etnográfico, foi implementado pela escola 
funcionalista. ´´Estabelecendo um novo método de investigação e interpretação que ficou 
conhecido como ´´escola funcionalista´´. (Os pensadores, 1978, p.x). O funcionalismo na 
antropologia, desenvolveu-se em três linhas, vamos nos deter na linha desenvolvida por 
Malinowski. Contudo, em qualquer uma de suas formas, o funcionalismo está 
estreitamente vinculado ao trabalho de campo. 
A partir desse momento, vou analisar o modelo proposto por Malinowski. No 
modelo oferecido por Malinowski nota-se uma grande influência do sociólogo 
Durkheim, principalmente no que se refere a função e integração funcional, com a 
adoção desses novos postulados Malinowski construiu um método próprio e chegando 
em uma nova teoria antropológica. 
Explicarei agora o conceito de função, pois a função é aquilo que permitira o 
pesquisador em seu trabalho de campo reconhecer as particularidades daquela cultura, o 
conceito de função é ´´instrumento que permite reconstruir, a partir dos dados aparentemente 
caóticos que se oferecem à observação de um pesquisador de outra cultura, os sistemas que 
ordenam e dão sentido aos costumes nos quais se cristaliza o comportamento dos homens`` (Os 
pensadores, 1978, p.x). 
Apontado o conceito acima, destaco que a preocupação de Malinowski estava 
em adequar as categorias à realidade estudada, pois assim podemos preservar a 
especificidade e particularidades de cada cultura. Já que para os funcionalistas ´´ os 
5 
 
elementos culturais não podem ser manipulados e compostos arbitrariamente porque fazem 
parte de sistemas definidos, próprios de cada cultura e que cabe ao investigador descobrir. `` 
(Os pensadores,1978, p.x). Para o antropólogo reconhecer os sistemas definidos de 
cada cultura é necessário a utilização do conceito de função abordado anteriormente. A 
função será a principal ferramenta que explicará as particularidades de cada cultura. 
A novidade de Malinowski está no trabalho de campo, já destacado nesse 
trabalho, ´´ consistiu na prática do que é chamado hoje em dia observação participante. Os 
princípios fundamentais dessa prática e o desenvolvimento dessa experiência estão 
minuciosamente relatados na introdução dos Argonautas. ´´ (Os pensadores, 1978, p.xiii). 
Antes de adentrarmos no método de pesquisa de campo de Malinowski, convém, aborda 
como era feita a pesquisa etnográfica antes do modelo de Malinowski. 
O modelo de pesquisa de campo era feito por missionários ou por viajantes que 
levavam questionários e aplicavam com o auxílio de tradutores e o antropólogo ficava 
em seu gabinete. A crítica a esse modelo está em sua dificuldade de captar a totalidade 
da riqueza de significados que permeia a vida social e ,além disso, as questões 
apresentadas é feita frequentemente em termos de categorias alheias ao universo da 
cultura investigado, pois o antropólogo não está no campo, portanto, ele não sabe qual é 
o contexto cultural daquele lugar, e essa lacuna acaba introduzindo pequenas ou grandes 
distorções no próprio material etnográfico coletado. 
 Agora exporei as outras inovações trazidas pelo modelo de Malinowski que 
para ele a pesquisa de campo deve seguir uma metodologia. ´´ Na pesquisa de campo, 
como acabamos de dizer, o etnógrafo temo dever e a responsabilidade de estabelecer todas as 
leis e regularidades que regem a vida tribal, tudo que é permanente e fixo; apresentar a 
anatomia da cultura e descrever a constituição social.´´ (Os pensadores,1978, p.24). Logo, 
a antropologia deve formular um método próprio de pesquisa podendo tomar por 
empréstimo ferramentas das outras ciências. 
A primeira é a vivencia permanentemente na aldeia, se afastando do convívio de 
outros homens brancos, com a permanência na aldeia o antropólogo conseguirá 
entender como funciona a criação, o significado, as regras que constitui o elemento em 
análise dentro da própria cultura. ´´Vivendo na aldeia, sem quaisquer responsabilidades que 
não a de observar a vida nativa, o etnógrafo vê os costumes, cerimônias, transações, etc.´´ (Os 
pensadores,1978, p.29) e para fazer essa interpretação o antropólogo deverá entender a 
6 
 
língua nativa pois ele participará das conversas e acontecimentos da vida da aldeia, ´´ 
Além dos dados referentes à vida cotidiana e ao comportamento habitual que são, por assim 
dizer, sua carne e seu sangue, há ainda a registrar-se-lhe o espírito- os pontos de vista, as 
opiniões, as palavras dos nativos: pois em todo ato da vida tribal existe, primeiro, a rotina 
estabelecida pela tradição e pelos costumes; em seguida, a maneira como se desenvolve essa 
rotina; e, finalmente, o comentário a respeito dela, contido na mente dos nativos.´´ (Os 
pensadores, 1978, p.32). Outra novidade é a coleta de dados pelo próprio pesquisador ´´ 
A coleta de dados referentes a um grande número de fatos é, pois, uma das fases principais da 
pesquisa de campo. ´´ (Os pensadores,1978, p.26). Com a coleta de dados o pesquisador 
poderá fazer conclusões mais fidedignas e o seu trabalho terá mais integridade e 
teremos uma pesquisa confiável. Com essas inovações Malinowski traz um novo 
modelo para o trabalho de campo e esse modelo pode ser alcançado através de três 
diferentes caminhos, conforme Malinowski: 
´´ 1. A organização da tribo e a anatomia de sua cultura devem ser delineadas de modo claro e 
preciso. O método de documentação concreta e estatística fornece os meios com que podemos 
obtê-las ´´ (Os pensadores,1978, p.33). 
 Nesse primeiro caminho está a precisão do trabalho de campo que poderá ser 
alcançado utilizando dados estatísticos, essa orientação eleva o nível do trabalho de 
campo para profissional. 
´´2. Este quadro precisa ser completado pelos fatos imponderáveis da vida real, bem como 
pelos tipos de comportamento, coletados através de observações detalhadas e minuciosas que 
só são possíveis através do contato íntimo com a vida nativa e que devem ser registradas em 
algum tipo de diário etnográfico. ´´ (Os pensadores, 1978, p.33). 
Fica notório que o antropólogo não pode escolher o que vai registrar, ele deve 
registrar todos os fatos em sua totalidade, sendo assim, imparcial e objetivo. 
´´3. O corpus inscriptionum – uma coleção de asserções, narrativas típicas, palavras 
características, elementos folclóricos e fórmulas mágicas – deve ser apresentado como 
documento da mentalidade nativa. ´´ (Os pensadores,1978, p.33). 
No último caminho o antropólogo deve registrar os fatos subjetivos dos nativos, 
suas ideias espirituais não deverão ser excluídas da análise etnográfica. 
7 
 
Por fim, Malinowski nos aponta qual é a tarefa do antropólogo ´´ É nossa tarefa 
estudar o homem e devemos, portanto, estudar tudo aquilo que mais intimamente lhe diz 
respeito, ou seja, o domínio que a vida exerce sobre ele. (Os pensadores,1978, p.34). 
Apresentado o modelo de Malinowski, fica visível o ganho cientifico que esse 
modelo agregou as ciências sociais, porém, a escola funcionalista recebeu diversas 
críticas e quero destacar a principal crítica que a escola recebeu, a qual, dizia que o 
funcionalismo, em virtude de estar identificado, em suas origens, com ideologias 
conservadoras deveria sofre restrições, Mas para Florestan Fernandes, as críticas dessa 
natureza ao funcionalismo não se justificam porque: 
´´Uma valorização construtiva do uso científico desse método não impede a adesão dos 
sociólogos, seja a ideologia compósitas como o ´terceiro caminho´ liberal-socialista, de 
Mannheim) (...). Os conhecimentos empíricos e teóricos, fornecidos por esse método, são 
igualmente úteis e potencialmente exploráveis sob quaisquer ideologias`` (Fernandes, 1970, 
p. 199) 
Por meio desse artigo, constatamos o quanto foi importante o trabalho 
desenvolvido pelo antropólogo polonês, rompendo com o modelo anterior, fazendo suas 
críticas e apresentando um novo modelo para o fazer etnográfico. A influência do seu 
modelo perdurar até hoje, sendo um indicativo de sua importância para o avanço das 
ciências humanas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Gil, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social / Antônio Carlos Gil. – 5. 
ED. – 8. Reimpr. – São Paulo: Atlas,2007. 
 
Malinowski, Bronislaw Kasper, 1884-1942. Argonautas do pacífico ocidental: um 
relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova 
Guiné melanésia / Bronislaw Malinowski; prefácio de Sir James George Frazer; 
traduções de Anton P. Carr e Lígia Aparecida Cardieri Mendonça; revisão de 
Eunice Ribeiro Durham. – 2. Ed. – São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os pensadores)

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