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DIREITO CONSTITUCIONAL I 
Faculdade Estácio Doca
2020.1
1.	Controle abstrato de inconstitucionalidade:	3
1.1.	Ação Direita de Inconstitucionalidade:	3
1.1.1.	Legitimidade ativa:	3
1.1.1.1.	Legitimados universais e especiais:	5
1.1.2.	Objeto da ADI:	7
1.1.2.1.	Leis e atos normativos federais:	7
1.1.2.2.	Leis e atos normativos estaduais:	10
1.1.2.3.	Leis e atos normativos distritais:	10
1.1.3.	Parâmetro de controle:	10
1.1.3.1.	Causa de pedir aberta:	11
1.1.4.	Indeferimento liminar da inicial:	11
1.1.5.	Intervenção de terceiros e amicus curiae:	12
1.1.6.	Medida cautelar:	12
1.1.7.	Decisão:	13
1.1.7.1.	Inconstitucionalidade por arrastamento:	14
1.2.	Ação Declaratória de Constitucionalidade:	14
1.2.1.	Noções introdutórias:	14
1.2.2.	Objeto:	14
1.2.3.	Legitimados:	15
1.2.4.	Procedimento:	15
1.2.5.	Efeitos da decisão:	15
1.2.6.	Medida cautelar:	15
1.3.	Arguição de descumprimento de Preceito Fundamental	16
1.3.1.	Considerações iniciais:	16
1.3.2.	Modalidades	17
1.3.3.	Preceito Fundamental	18
1.3.4.	Requisitos da ADPF:	21
1.3.5.	Legitimidade ativa:	22
1.3.6.	Procedimento:	22
1.3.7.	Amicus Curiae:	23
1.3.8.	Julgamento:	23
1.3.9.	Efeitos da decisão:	24
1.3.10.	Medida cautelar:	24
1.3.11.	Instrumentalidade das formas:	24
1.4.	Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão	25
1.4.1.	Considerações iniciais:	25
1.4.2.	Tipos de omissão	25
1.4.3.	Objeto	26
1.4.4.	Legitimidade ativa:	26
1.4.5.	Procedimento:	26
1.4.6.	Medida cautelar:	26
1.4.7.	Decisão e seus efeitos:	27
1.5.	Atuação do AGU nas ações constitucionais	28
1.6.	Decisões no controle de constitucionalidade	30
1.6.1.	Introdução:	30
1.6.2.	Declaração de nulidade da lei:	30
1.6.2.1.	Declaração de nulidade total:	30
1.6.2.2.	Declaração de nulidade total em razão de dependência ou interdependência entre as partes constitucionais e inconstitucionais das leis:	31
1.6.2.3.	Declaração de nulidade parcial:	31
1.6.2.4.	Declaração de nulidade parcial sem redução de texto:	31
1.6.3.	Decisões manipulativas de efeitos aditivos:	33
1.6.4.	Declaração de normas ainda constitucionais:	34
1.6.5.	Declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade:	34
REFERÊNCIAS:	34
Controle abstrato de inconstitucionalidade:
Ação Direita de Inconstitucionalidade:
	A ação direta de inconstitucionalidade foi inserida no ordenamento pátrio pela Emenda Constitucional nº 16/65, à Constituição de 1946. Em sua gênese, a ADI era uma representação genérica contra inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual, a ser encaminhada pelo PGR, para julgamento perante o Supremo Tribunal Federal (CUNHA JÚNIOR, 2018, p. 307).
	Luiz Guilherme Marioni (2017, p. 1126) ressalta que na ADI não há conflito de interesses entre as partes. Não há, portanto, lide.
	Assim sendo, a questão constitucional não é pressuposto para a resolução de uma contenda concreta. O pressuposto do julgamento da ADI é apenas a aferição da constitucionalidade da norma. Para Marinoni (2017, p. 1127) a razão de ser de uma ação que tem por objeto a declaração da inconstitucionalidade é a necessidade de eliminar da ordem jurídica, uma norma incompatível com a Constituição.
	O controle de constitucionalidade, nesse modelo, de caráter principal, podendo ocorrer:
· No Supremo Tribunal Federal, cujo parâmetro de análise é a Constituição Federal.
· Nos Tribunais de Justiça e TJDFT, que utilizarão as respectivas Constituições Estaduais e Lei Orgânica do DF, como parâmetro de análise.
Legitimidade ativa:
	Em sua criação, a representação genérica de inconstitucionalidade, tinha como único legitimado o Procurador-Geral da República. Daí falava-se em monopólio do PGR para o controle abstrato. A Constituição de 1988, no entanto, ampliou a legitimidade para a propositura da ADI:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
	O rol do art. 103 é taxativo, portanto, exclui-se qualquer pessoa ou órgão que não está contemplado pelo dispositivo constitucional. Buscou-se, com a ampliação do rol o fortalecimento da ordem jurídica constitucional e a harmonia da vida democrática (MARINONI, 2017, p. 1129).
	Segundo a jurisprudência do STF, os legitimados universais, não apenas têm legitimidade para a propositura da ação, como também capacidade postulatória. Portanto, com exceção dos partidos políticos, confederação sindical e entidades de classe, de âmbito nacional, em que a representação processual por advogado é obrigatória, todos os demais podem postular e atuar no processo sem a dependência de advogado.
	Portanto, na prática, a petição inicial poderá ser assinada pelo Governador do Estado, sem a necessidade da assinatura do Procurador-Geral do Estado. Assim sendo, é inepta petição assinada apenas pelo PGE, bem como recurso interposto pelo Estado. Ademais, se a legitimidade é atribuída à autoridade, o ente federado não tem legitimidade recursal.
	Nas hipóteses da representação por advogado, é necessária procuração com poderes específicos, em que conste a lei ou os dispositivos a serem impugnados.
	JURISPRUDÊNCIA
1. O governador do Estado e as demais autoridades e entidades referidas no art. 103, incisos I a VII, da Constituição Federal, além de ativamente legitimados à instauração do controle concentrado de constitucionalidade das leis e atos normativos, federais e estaduais, mediante ajuizamento da ação direta perante o Supremo Tribunal Federal, possuem capacidade processual plena e dispõem, ex vi da própria norma constitucional, de capacidade postulatória. Podem, em conseqüência, enquanto ostentarem aquela condição, praticar, no processo de ação direta de inconstitucionalidade, quaisquer atos ordinariamente privativos de advogado. (ADI 127 MC-QO, Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 20/11/1989, DJ 04-12-1992 PP-23057 EMENT VOL-01687-01 PP-00001 RTJ VOL-00144-01 PP-00004)
10. No caso concreto, em que pese a invocação do nome do Governador como sendo autor da ação (fl.2), a alegada representação pelo signatário não restou demonstrada. Indiscutível, é que a medida foi efetivamente ajuizada pelo Estado, na pessoa de seu Procurador-Geral, que nesta condição assinou a peça inicial. (...) 11. Ante essas circunstâncias, com fundamento no artigo 21, § 1º do RISTF, bem como nos artigos 3º, parágrafo único e 4º da Lei 9.868/99, não conheço da ação. Intime-se. (ADI 1814 MC, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, julgado em 13/11/2001, publicado em DJ 12/12/2001 PP-00040)
O Estado-membro não dispõe de legitimidade para interpor recurso em sede de controle normativo abstrato, ainda que a ação direta de inconstitucionalidade tenha sido ajuizada pelo respectivo Governador, a quem assiste a prerrogativa legal de recorrer contra as decisões proferidas pelo Relator da causa (Lei nº 9.868/99, art. 4º, parágrafo único) ou, excepcionalmente, contra aquelas emanadas do próprio Plenário do Supremo Tribunal Federal (Lei nº 9.868/99, art. 26). (ADI 2130 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 03/10/2001, DJ 14-12-2001 PP-00022 EMENT VOL-02053-03 PP-00485)
É de exigir-se, em ação direta de inconstitucionalidade, a apresentação, pelo proponente, de instrumento de procuração ao advogado subscritor da inicial, com poderes específicos para atacar a norma impugnada. (ADI-QO 2187, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, julgado em 24/05/2000, publicado em 12/12/2003, Tribunal Pleno)
Legitimados universais e especiais:
	Não obstante à ampliação do rol de legitimados, a jurisprudência do STF distinguiu-os em duas espécies:
· Legitimados universais ou neutros: 
· Presidente da República;
·Mesa da Câmara;
· Mesa do Senado;
· PGR;
· Conselho Federal da OAB.
· Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional.
· Legitimados especiais ou interessados:
· Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito 
· Governador de Estado ou do Distrito Federal
· Confederação sindical; ou 
· Entidade de classe de âmbito nacional.
	Dos legitimados universais o que chama a atenção é o partido político com representação no Congresso Nacional. Ao contrário de outros países, no Brasil não é necessário número mínimo de assinatura para a propositura da ação (como na iniciativa de proposta de emenda à Constituição). Exige-se apenas um único representante, em qualquer das casas do Congresso Nacional. O partido político não pode estar representado por Diretório Regional, independentemente do âmbito da norma atacada. Por outro lado, não é imprescindível a intervenção do Diretório Nacional, bastando apenas a decisão do presidente do partido para a propositura da ação.
	Ao contrário dos legitimados universais, para os legitimados especiais o STF exige haver uma relação de pertinência entre o objeto da ação de inconstitucionalidade e seus interesses. Portanto, lhes é exigida pertinência temática.
	Em relação às Assembleias Legislativas e o Governador do Estado, a pertinência temática diz respeito: 
· Às normas provenientes do próprio Estado;
· Normas federais ou de outros Estados que atinjam seus interesses de forma direta.
	JURISPRUDÊNCIA
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MESA DE ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. FALTA DE PERTINÊNCIA TEMÁTICA. NÃO-CONHECIMENTO DA AÇÃO. Na hipótese não há vínculo objetivo de pertinência entre o conteúdo material das normas impugnadas - crédito rural - e a competência ou os interesses da Assembléia Legislativa do Estado do Mato Grosso do Sul. Vale a jurisprudência do Supremo que entende necessária, para alguns dos legitimados a propor a ação direta de inconstitucionalidade, a relação de pertinência temática. Ação direta não conhecida. (ADI 1307 MC, Relator(a): Min. FRANCISCO REZEK, Tribunal Pleno, julgado em 19/12/1995, DJ 24-05-1996 PP-17412 EMENT VOL-01829-01 PP-00055)
	Em relação às Confederações Sindicais, o STF exige que ela seja formada por pelo menos três federações. Gilmar Mendes (2017, p. 1253) explica que a interpretação mais restritiva considera apenas as organizações sindicais cuja estrutura vem disciplinada no art. 535 da CLT. Portanto, um sindicato ou federação, ainda que de âmbito nacional, não tem legitimidade para a propositura da ação. Proíbe-se com isso que associações, federações e outras organizações de índole sindical assumam o lugar das confederações.
	Por esse motivo as chamadas “centrais sindicais” são consideradas partes ilegítimas para a propositura da ADI, mesmo após a alteração da CLT pela Lei nº 11.648/08.
	JURISPRUDÊNCIA
- No plano da organização sindical brasileira, somente as confederações sindicais dispõem de legitimidade ativa "ad causam" para o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 103, IX), falecendo às centrais sindicais, em conseqüência, o poder para fazer instaurar, perante o Supremo Tribunal Federal, o concernente processo de fiscalização normativa abstrata. Precedentes. (ADI 1442, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 03/11/2004, DJ 29-04-2005 PP-00007 EMENT VOL-02189-1 PP-00113 RTJ VOL-00195-03 PP-00752)
2. Muito embora ocorrido o reconhecimento formal das centrais sindicais com a edição da Lei nº 11.648/08, a norma não teve o condão de equipará-las às confederações, de modo a sobrelevá-las a um patamar hierárquico superior na estrutura sindical. Ao contrário, criou-se um modelo paralelo de representação, figurando as centrais sindicais como patrocinadoras dos interesses gerais dos trabalhadores, e permanecendo as confederações como mandatárias máximas de uma determinada categoria profissional ou econômica. 
3. A fórmula alternativa prevista no art. 103, IX, do Texto Magno, impede que determinada entidade considerada de natureza sindical, não enquadrável no conceito de confederação, venha a se utilizar do rótulo de entidade de classe de âmbito nacional, para fins de legitimação. Precedente. (ADI 4224 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, DJe-172 DIVULG 06-09-2011 PUBLIC 08-09-2011 EMENT VOL-02582-01 PP-00106)
	Em relação às entidades de classe de âmbito nacional, para o STF, são aquelas constituídas por associados de uma categoria funcional. Gilmar Mendes (2017, p.1253) explica que a ideia de um interesse comum é que será essencial para a legitimidade ativa. Deve haver, portanto, uma unicidade de interesses. Associação formadas por diferentes categorias não são legitimadas a propor a ação. A associação não pode congregar também apenas parcela ou fração de categoria profissional cujo interesse se busca tutelar.
	Associações que reúnam pessoas jurídicas também não têm legitimidade ativa. São as chamadas associações de associações.
	Não se admite também a propositura de ação por entidades de outros segmentos da sociedade civil, como a de estudantes (UNE). Também não constituem a noção de entidade de classe àquelas voltadas à finalidade altruística de promoção e defesa de aspirações de toda cidadania.
	O caráter nacional da entidade não pode ser meramente formal, isto é, apenas constante em seus atos constitutivos. É necessária atuação em pelo menos um terço das Unidades Federadas, em analogia à Lei Orgânica dos Partidos Políticos. Tal exigência é excepcionada quando há uma impossibilidade material para tanto, como no caso da ADI 2866, pela Associação Brasileira dos Extratores e Refinadores de Sal.
	JURISPRUDÊNCIA
Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a integralidade da Lei Estadual nº 8.299, de 29 de janeiro de 2003, que dispõe sobre escoamento do sal marinho produzido no Rio Grande do Norte. Presença dos pressupostos da ação. Suspensão gradativa do escoamento de sal marinho não beneficiado para outras unidades da Federação. (ADI 2866, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 12/05/2010, DJe-145 DIVULG 05-08-2010 PUBLIC 06-08-2010 EMENT VOL-02409-02 PP-00364 RTJ VOL-00217-01 PP-00141 RT v. 99, n. 901, 2010, p. 108-115)
Objeto da ADI:
	Nos termos do art. 102, I, a da Constituição, podem ser objeto do controle de constitucionalidade por intermédio da ADI, leis ou atos normativos federais e estaduais. Portanto, todos os atos normativos primários da União ou dos Estados podem ser objeto da ADI.
	Gilmar Mendes (2017, p. 1259) destaca que para fins da propositura da ADI, os atos federais e estaduais devem ser posteriores à promulgação da Constituição de 1988. Para atos anteriores, a ação constitucional adequada é a ADPF.
Leis e atos normativos federais:
	Os atos normativos federais, passíveis de objeto de controle de constitucionalidade estão previstos no art. 59 da Constituição.
	Ao contrário de países como a Alemanha, que adotam a teoria de Otto Bachof, das normas constitucionais inconstitucionais, o Brasil não admite o controle de constitucionalidade as normas originárias da Constituição.
	Porém, normas constitucionais secundárias admitem o controle, isto é:
· emendas constitucionais;
· emendas constitucionais de revisão; e 
· tratados internacionais de direitos humanos, internalizados, nos termos do art. 5º, § 3º da CF.
	É possível que uma ADI busque a declaração de inconstitucionalidade de uma lei, com base em uma emenda constitucional. O problema pode surgir quando a emenda, que serviria de parâmetro para o julgamento, é considerada inconstitucional pelo Tribunal. Nesse caso, caberá ao STF julgar o pedido com base no texto constitucional primário.
	Para o STF, o controle abstrato de constitucionalidade não se destina à análise de atos estatais de efeitos concretos. Na dicção do Min. Moreira Alves (ADI 647), atos de efeito concreto são “atos administrativos que têm objeto determinado e destinatários certos, ainda que esses atos sejam editados sob a forma de lei - as leis meramente formais,porque tem forma de lei, mas seu conteúdo não encerra normas que disciplinem relações jurídicas em abstrato”.
	Tal posição fez com que o tribunal rejeitasse a análise de constitucionalidade das chamadas leis orçamentárias. A jurisprudência da Corte foi alterada no julgamento da ADI 820, no sentido de que as leis orçamentárias seriam dotadas de abstração e generalidade suficientes para a propositura de ADI. Tal posição foi reforçada na ADI 4.048, em que a corte decidiu que o “Supremo Tribunal Federal deve exercer sua função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto”.
	O controle abstrato da norma pressupõe sua existência formal no ordenamento jurídico. Assim sendo, não é possível a propositura de ADI de caráter preventivo.
	É inadmissível a propositura de ADI contra lei ou ato normativo revogado. Inicialmente o STF entendeu que a revogação superveniente da norma impugnada, independentemente da existência de efeitos residuais e concretos, prejudicava o andamento da ADI, por perda do objeto da ação. Contudo, tal posição admite exceções. Na ADI 3.232, o STF afastou a prejudicialidade por entender que a revogação da lei estadual após a inclusão da ação na pauta de julgamento configurou fraude processual. Já na ADI 4426 foi considerado excepcionado em razão de a norma impugnada ser temporária. Logo, seria possível a subsistência de efeitos, mesmo após a perda da vigência.
	O STF já entendeu também que a simples divergência entre a ementa da lei e seu conteúdo não é suficiente para configurar uma ofensa à Constituição aferível por ADI (ADI 1096).
	Sobre os tratados internacionais, discute-se quando é o momento de sua impugnação. Para Gilmar Mendes (2017, p. 1263) a ADI poderia ser apresentada após o decreto legislativo, uma vez que o ato já produziria efeitos jurídicos. Contudo, apesar de autorizado a ratificar o tratado por meio do decreto legislativo, cabe ao Presidente da República a competência de sua ratificação, que se finalizará por meio do decreto executivo. Portanto, coadunando com a posição do STF de impossibilidade de ADI de caráter preventivo, o correto seria a propositura da ação após sua promulgação pelo decreto executivo.
	Importante destacar que eventual procedência de ADI contra tratado internacional não torna nulo o instrumento internacionalmente, mas impede seu cumprimento no Brasil. O Brasil pode ser responsabilizado internacionalmente pelo descumprimento do tratado internacional se não denunciar o instrumento.
	É possível a propositura de ADI contra medida provisória. Contudo, havendo a conversão da MP em lei, é necessário o aditamento da inicial. Rejeitada expressamente pelo Congresso, decorrido in albis o prazo de vigência, tem-se por prejudicada a ADI.
	O STF, em obiter dictum, no julgamento da ADI 5127, decidiu que é inconstitucional aderir no curso da conversão da medida provisória em lei, matéria que não contém pertinência temática com seu texto original.
	Acerca dos requisitos de urgência e relevância só serão objeto de análise em casos excepcionais, considerando a separação dos poderes. Por outro lado, cabe ao STF a análise de imprevisibilidade e urgência de medida provisória que abre crédito extraordinário (ADI 4048-MC).
	Em regra, decretos regulamentares e regulamentos em geral, não podem ser objeto de ADI, considerando que não se trata de um juízo de constitucionalidade direta, mas sim reflexa ou indireta. Porque antes da análise de confronto com a Constituição, há um juízo de confronto com a lei que baseou a norma secundária.
	A primeira exceção a essa regra é o decreto executivo que ratifica um tratado internacional. A segunda é o decreto autônomo (CF, art. 84, VI) por se tratar de ato normativo primário e não secundário. Consideram-se decretos autônomos, para fins de propositura de ADI, o decreto que assuma perfil autônomo ou exorbite flagrantemente do âmbito do Poder Regulamentar (ADI 2155-MC).
	JURISPRUDÊNCIA
1. INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Objeto. Admissibilidade. Impugnação de decreto autônomo, que institui benefícios fiscais. Caráter não meramente regulamentar. Introdução de novidade normativa. Preliminar repelida. Precedentes. Decreto que, não se limitando a regulamentar lei, institua benefício fiscal ou introduza outra novidade normativa, reputa-se autônomo e, como tal, é suscetível de controle concentrado de constitucionalidade. (ADI 3664, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/06/2011, DJe-181 DIVULG 20-09-2011 PUBLIC 21-09-2011 EMENT VOL-02591-01 PP-00017 RTJ VOL-00219-01 PP-00187)
	Consideram-se atos normativos objeto de ADI todo ato revestido de caráter normativo geral e abstrato incluindo-se:
· Resoluções administrativas de tribunais;
· Resoluções do TSE.
· Regimento interno de tribunais;
· Atos normativos editados por pessoas jurídicas de direito público criados pela União.
· Deliberações administrativas de órgãos judiciários.
	Para Pedro Lenza (2016, p. 344) as súmulas dos tribunais não possuem grau de normatividade suficiente para ser objeto de ação de controle de constitucionalidade abstrata.
	Para Gilmar Mendes (2017, p. 1263) as súmulas vinculantes do STF possuem tal grau de normatividade, podendo ser objeto de ADI. Porém, a maioria da doutrina entende que, por haver previsão constitucional expressa de procedimento de revisão, em que a súmula poderá ser cancelada, não seria cabível a propositura de ADI.
Leis e atos normativos estaduais:
	Podem ser objeto de ADI os seguintes normativos estaduais:
· Disposições das constituições estaduais;
· Leis estaduais de qualquer espécie ou natureza;
· Leis estaduais editadas para regulamentar matéria de competência privativa da União;
· Leis estaduais de exercício da competência concorrente;
· Decretos com força de lei.
· Regimentos internos dos tribunais estaduais;
· Regimentos das Assembleias Legislativas;
· Atos normativos expedidos por pessoas jurídicas de direito público estadual, quando dotados de generalidade e abstração.
Leis e atos normativos distritais:
	Considerando a competência cumulativa do Distrito Federal, suas leis e atos normativos são passíveis de controle abstrato de constitucionalidade, quando tratarem de matéria de competência estadual. 
	Não cabe ADI de norma do Distrito Federal, no exercício da competência reservada aos Municípios (ACI 611).
Parâmetro de controle:
	Parâmetro de controle é a base a partir de que as leis e atos normativos serão analisados, possibilitando a conclusão sobre sua compatibilidade com a Constituição (MARINONI, 2018, p. 1151).
	A compatibilidade vertical deve ser feita em princípio com a Constituição vigente. Adota-se como critério para a aferição do parâmetro, a noção de Constituição formal ampla. Inserem-se, pois, nesse parâmetro (bloco de constitucionalidade):
· As normas do corpo permanente;
· Normas do ADCT;
· As emendas constitucionais;
· Os tratados internacionais de direitos humanos, internalizados nos termos do art. 5º, § 3º.
· Princípios constitucionais implícitos.
	CUIDADO: O Preâmbulo Constitucional, sozinho, não serve de parâmetro de controle. 
	Normas constitucionais já revogadas não servem de parâmetro de controle.
	Em caso de revogação superveniente das normas de controle o STF julgava prejudicada a ação. Porém em 2008 o tribunal acolheu questão de ordem possibilitando a análise da ação, com base na norma constitucional vigente na época da propositura da ação (ADI 2158).
Causa de pedir aberta:
	Não obstante a obrigatoriedade da fundamentação da impugnação na inicial, o Supremo Tribunal Federal não está vinculado aos argumentos do demandante.
	Luiz Guilherme Marinoni (2018, p. 1155) explica que a ideia de causa de pedir aberta tem por pressuposto o fato de o Tribunal ter como parâmetro de controle toda a Constituição Federal. Sendo a defesa da ordem constitucional o principal objetivo do controle abstrato, elanão pode ser prejudicada em razão da deficiência da fundamentação. Ademais, o controle abstrato é aberto à participação e ao diálogo com a sociedade, por meio da participação de amicus curiae. Busca-se, a integralidade da ordem constitucional.
	Não obstante a noção de causa de pedir aberta, o STF já impôs limite ao seu uso. Havendo impugnação sob o fundamento de vício formal, não é possível a análise também sob o viés de eventual inconstitucionalidade material. (ADI 2182).
Indeferimento liminar da inicial:
	O art. 4º da Lei 9.868/99 permite ao Ministro relator o indeferimento liminar da ação nas seguintes hipóteses:
· Inépcia da inicial;
· Não fundamentada;
· Manifestamente improcedente.
	A inépcia da inicial se dá por ausência de cópia da lei ou ato impugnado e ausência de procuração com poderes específicos. Sendo o vício sanável é possível ao relator a concessão de prazo para o aditamento da inicial.
	A previsão de fundamentação específica apenas reforça a necessidade de demonstração de embasamento minimamente razoável para a aferição da norma impugnada.
	Manifestamente improcedente é a petição apta, fundamentada, mas que leva ao relator a concluir de imediato pela improcedência do pedido (MARINONI, 2018, p. 1156). São exemplos de indeferimento liminar por manifesta improcedência, a impugnação de:
· Normas municipais (ADI 2767);
· Normas de caráter secundário (ADI 4224-AgRg);
· Norma já declarada constitucional pelo Plenário do STF (ADI 4071-AgRg).
	Da decisão de indeferimento liminar prolatada pelo Relator cabe a interposição de agravo ao Plenário. Sendo a decisão de indeferimento de lavra do Plenário, não é possível a interposição de recursos.
	Regularmente apresentada a ação, não é admissível a desistência, nos termos do art. 5º da Lei. Para Gilmar Mendes (2017, p. 1275) tal aspecto reforça o caráter do procedimento da ADI como típico desdobramento de processo objetivo da fiscalização da legitimidade de atos normativos.
Intervenção de terceiros e amicus curiae:
	O art. 7º da Lei nº 9.868/99 veda a intervenção de terceiros no procedimento da ADI. Contudo, à juízo do relator, é possível a admissão de amicus curiae.
	A ideia é a abertura do tribunal ao diálogo com a sociedade sobre a questão constitucional. Favorece-se a pluralização do debate e a adequada e racional discussão entre os membros da Corte com a legitimação social da decisão (MARINONI, 2017, p. 1171). O juízo do relator deve ser a respeito da relevância da matéria e a representatividade dos postulantes. Sua decisão é irrecorrível.
	O STF já inadmitiu a intervenção como amicus curiae de pessoas diretamente interessadas com o resultado do processo.
	O prazo de manifestação corresponde ao lapso temporal fixado as autoridades responsáveis pelo ato prestem informações. Contudo, é possível a admissão de amicus curiae fora do prazo, diante da relevância do caso ou da notória contribuição de sua manifestação.
	O art. 131 do RISTF permite ao amicus curiae o direito à sustentação oral em um prazo máximo de 15 minutos. É vedado ao amicus curiae postular medida cautelar e embargos de declaração.
Medida cautelar:
	Luiz Guilherme Marinoni (2018, p. 1167) ressalta que a medida cautelar constitui forma de prestação jurisdicional imprescindível para a proteção de situações em que a demora da ação direta poderá ser prejudicial.
	Considerando a presunção de constitucionalidade das leis, a liminar para suspender seus efeitos só será deferida por decisão da maioria absoluta dos membros do STF. De regra haverá a oitiva das autoridades que produziram o ato normativo ou lei. Em caso de excepcional urgência, o art. 10, § 3º da Lei, dispensa a oitiva prévia.
	Sendo impraticável a reunião dos membros da Corte em sessão plenária, como nos períodos de recesso e férias, o RISTF, art. 13, prevê a competência do Ministro Presidente decidir sobre a questão, ad referendum do Plenário.
	A cautelar tem efeitos ex nunc e vinculantes. Sendo suspensa a lei, ou ato normativo, deve-se aplicar a legislação anterior caso existente, salvo expressa manifestação do Tribunal em sentido contrário. Trata-se da atribuição de efeitos repristinatórios à legislação revogada.
	Para o STF, só há eficácia vinculante a decisão que concede a medida cautelar, e não a que nega.
	Eventual extinção do feito gera a cessação da eficácia vinculante da liminar. Contudo, a decisão, enquanto precedente, não perderia seu lugar no sistema. Por ter sido prolatado em sede de cognição sumária, tal precedente não teria força vinculante, propriamente dita, mas apenas força persuasiva.
	Já houve caso (ADI 4638) em que o Plenário do STF converteu o julgamento da medida cautelar em julgamento definitivo de mérito. Isso ocorreu pela existência de manifestação dos interessados e pela profundidade dos votos dos Ministros sobre o caso.
Decisão:
	A sessão de julgamento da ADI só pode ser instalada com o quórum mínimo de 8 ministros. A decisão de declaração de inconstitucionalidade depende de manifestação de maioria absoluta da Corte (6 ministros). 
	Todas as vezes em que não se puder chegar a seis votos a favor da proclamação da inconstitucionalidade, o julgamento deve ser suspenso para aguardar o pronunciamento dos Ministros faltantes pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade. 
	Havendo duas ações sobre o mesmo dispositivo elas serão julgadas conjuntamente.
	A decisão de mérito da ADI tem caráter dúplice ou ambivalente. A decisão de improcedência da ADI importa na declaração vinculante de constitucionalidade da norma impugnada. A decisão de procedência importa na declaração vinculante de sua inconstitucionalidade.
	A decisão que não conhece da ação não gera nenhum efeito declaratório vinculante da norma impugnada.
	Da decisão não cabe recurso, exceto embargos de declaração.
	Os efeitos temporais da decisão são, de regra, ex tunc, podendo ser modulados por 2/3 dos membros do tribunal, nos termos do art. 27 da Lei nº 9.868/99.
Inconstitucionalidade por arrastamento:
	Considerando a causa de pedir aberta, ganha relevo a chamada teoria da inconstitucionalidade por arrastamento, ou por atração, também chamada de inconstitucionalidade consequente de preceitos não impugnados ou inconstitucionalidade por reverberação normativa.
	Inconstitucionalidade por arrastamento diz respeito ao dispositivo não impugnado expressamente na inicial, mas se mostram inafastáveis da análise pelo tribunal por:
· ser uma consequência lógica de aplicabilidade da norma impugnada; ou 
· ter conteúdo análogo à norma impugnada.
	Diz-se haver inconstitucionalidade por arrastamento horizontal quando ela é conhecida em normas de mesma hierarquia.
	Já a inconstitucionalidade por arrastamento vertical ocorre quando as normas de hierarquia inferior, que regulamentam a norma declarada inconstitucional, perdem sua razão de ser, diante da decisão do tribunal.
Ação Declaratória de Constitucionalidade:
Noções introdutórias:
	A ADC foi introduzida no ordenamento brasileiro EC nº 3, de 17.03.1993. Compete ao STF o julgamento originário da ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.
	Não é admissível a propositura de ação declaratória de constitucionalidade se não houver controvérsia ou dúvida relevante quanto à legitimidade da norma. Por isso Gilmar Mendes destaca que para a propositura da ação declaratória de constitucionalidade há de se cogitar também de uma legitimação para agir in concreto, que se relaciona com a existência de um estado de incerteza gerado por dúvidas ou controvérsias sobre a legitimidade da lei.
	Pedro Lenza (2018, p. 426) explica que, por meio da ADC, busca-se transformar a presunção juris tantum de constitucionalidade da lei em uma presunção iure et iure.
	Julgada procedente a ADC, a decisão vinculará os órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública, que não mais poderão declarar a inconstitucionalidade lei ou do ato normativo, ou agir em desconformidade com a decisão do STF. A decisão de declaração de constitucionalidade só não vincula o Plenário do STF.
Objeto:
	A ADC tempor objeto apenas:
· Lei federal; e 
· Ato normativo federal.
Legitimados:
	Com a revogação do art. 103, § 4º, da CF, pela EC 45/04 os legitimados para a propositura da ADC passaram a ser os mesmos da ADI genérica.
Procedimento:
	O procedimento da ADC é basicamente o mesmo do procedimento da ADI. Contudo, um requisito intrínseco à inicial, segundo a jurisprudência do STF é a demonstração da controvérsia judicial que ponha em risco a presunção de constitucionalidade do ato normativo/lei sob exame.
	Gilmar Mendes (2018, p. 1285) destaca que pronunciamentos contraditórios de órgãos jurisdicionais diversos sobre a legitimidade da norma poderão criar o estado de incerteza imprescindível para a instauração da ação declaratória de constitucionalidade.
	Luís Guilherme Marinoni (2018, p. 1.184) destaca que a controvérsia judicial relevante não significa desacordo entre os tribunais acerca da aplicação da norma. A dúvida sobre a aplicação da norma é dúvida sobre a sua constitucionalidade. O pressuposto da declaração de constitucionalidade não está na divergência entre os tribunais, mas na divergência entre o Judiciário e o Legislativo.
	Outro requisito, da inicial refere-se à alegação de vício formal de inconstitucionalidade. Nesse caso é necessária juntada aos autos de cópia dos documentos relativos ao processo legislativo de formação da lei ou ato normativo federal.
	Também na ADC é vedada a intervenção de terceiro (sendo admissível o amicus curiae) e a desistência da ação após sua propositura.
	As regras sobre votação e quórum são as mesmas expostas na ADI genérica.
Efeitos da decisão:
	Nos termos da CF, art. 102, § 2º, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo. A decisão é irrecorrível (excetuados os embargos de declaração).
Medida cautelar:
	O art. 21 da Lei nº 9.868/99 prevê que o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, pode deferir pedido de medida cautelar consistente na determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.
	A decisão liminar tem efeitos ex nunc, erga omnes e vinculantes. Nos termos do parágrafo único do art. 21, a liminar tem efeitos no prazo de 180 dias. Contudo, o STF tem julgados admitindo a prorrogação dos efeitos da liminar por prazo superior ao legal.
	JURISPRUDÊNCIA
"Argüição de descumprimento de preceito fundamental. Lei de Imprensa. Referendo da medida liminar. Expiração do prazo de 180 (cento e oitenta) dias. Tendo em vista o encerramento do prazo de 180 (cento e oitenta) dias, fixado pelo Plenário, para o julgamento de mérito da causa, resolve-se a Questão de Ordem para estender esse prazo por mais 180 (cento e oitenta) dias." (ADPF 130-QO, rel. min. Carlos Britto, julgamento em 4-9-2008, DJE de 7-11-2008.) No mesmo sentido: Rcl 9.193-MC, rel. min. Ricardo Lewandowski, decisão monocrática, julgamento em 16-10-2009, DJE de 22-10-2009.
O provimento cautelar deferido, pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de ação declaratória de constitucionalidade, além de produzir eficácia erga omnes, reveste-se de efeito vinculante, relativamente ao Poder Executivo e aos demais órgãos do Poder Judiciário. A eficácia vinculante, que qualifica tal decisão -- precisamente por derivar do vínculo subordinante que lhe é inerente - legitima o uso da reclamação, se e quando a integridade e a autoridade desse julgamento forem desrespeitadas." (ADC 8-MC, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 13-10-1999, DJ de 4-4-2003.)
Arguição de descumprimento de Preceito Fundamental
Considerações iniciais:
	Para Gilmar Mendes (2018, p. 1358) a ADPF surgiu para complementar as mudanças ocorridas no sistema de controle de constitucionalidade brasileiro a partir de 1988. Para o autor a ampliação do direito de propositura da ação direta de inconstitucionalidade e a criação da ação declaratória de constitucionalidade vieram reforçar o controle concentrado em detrimento do difuso. Apesar disso restou um espaço residual expressivo para o controle difuso relativo às matérias não suscetíveis de exame no controle concentrado:
· a interpretação direta de cláusulas constitucionais pelos juízes e tribunais;
· direito pré-constitucional;
· controle de constitucionalidade do direito municipal em face da Constituição.
Arguição de descumprimento de preceito fundamental: distinção da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade. O objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental há de ser "ato do poder público" federal, estadual, distrital ou municipal, normativo ou não, sendo, também, cabível a medida judicial "quando for relevante o fundamento da controvérsia sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição”.<br>[ADPF 1 QO, rel. min. Néri da Silveira, j. 3-2-2000, P, DJ de 7-11-2003.]
A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que a arguição de descumprimento de preceito fundamental é, via de regra, meio inidôneo para processar questões controvertidas derivadas de normas secundárias e de caráter tipicamente regulamentar. [ADPF 210 AgR, rel. min. Teori Zavascki, j. 6-6-2013, P, DJE de 21-6-2013.]"
	Nesse contexto surge a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, com a inserção do § 1º no art. 102 da CF/88, de acordo com a EC n. 3/93.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. 
	A ADPF foi regulamentada pela Lei 9.882/99, que dispôs sobre o seu processo e julgamento.
Modalidades
	A arguição de descumprimento, tal como tratada pela Lei 9.882/99, pode ser autônoma e incidental. 
· ADPF autônoma: a questão constitucional é dirigida ao STF independentemente de caso concreto em que tenha surgido questão constitucional relevante. O controle de constitucionalidade é feito mediante controle principal pelo Supremo. 
· ADPF incidental: a questão constitucional, para dar origem à arguição de descumprimento, deve advir de um caso concreto bem como ter fundamento relevante nos aspectos econômico, político, social ou jurídico.
	O art. 1º da Lei 9.882/99 dispõe o seguinte:
Art. 1º A argüição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.
Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental:
I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;
	Pedro Lenza explica que a ação poderá ter nítido caráter preventivo na primeira situação (evitar) ou caráter repressivo na segunda (reparar lesão a preceito fundamental). No último caso, deve haver nexo de causalidade entre a lesão ao preceito fundamental e o ato do Poder Público, de que esfera for, não se restringindo a atos normativos, podendo a lesão resultar de qualquer ato administrativo, inclusive decretos regulamentares.
	Enquanto a arguição autônoma pode questionar qualquer ato do Poder Público, a arguição incidental é restrita à lei ou ao ato normativo cuja definição da constitucionalidade é imprescindível à resolução do mérito da ação concreta.
	Enquanto a arguição autônoma gera controle principal, ao passo que a arguição incidental faz surgir controle incidental diferido.
	Luiz Guilherme Marinoni (2018, p. 1351) explica que a diferença, neste aspecto, está em que no incidente de inconstitucionalidade nos tribunais reserva-se ao próprio Tribunal que está a julgar o litígio a competênciapara definir a questão constitucional.
	Na ADPF incidental a questão constitucional provém de órgão judicial inferior e é resolvida pelo STF. Portanto, a cisão funcional, que no caso de tribunais é horizontal, passa a ser, no julgamento da ADPF vertical.
	Contudo, a arguição incidental, a despeito do seu nome e de identificar controle que se realiza em face de um caso concreto, constitui ação própria, dirigida a viabilizar o controle de constitucionalidade, com eficácia erga omnes e vinculante, por parte do STF. 
	Uma vez admitida a arguição incidental pelo STF, deve-se suspender a ação que lhe deu origem até o pronunciamento definitivo deste Tribunal (Lei nº 9.882/99, art. 5º, § 3º).
Preceito Fundamental
	Pedro Lenza (2018, p. 435) ressalta que nem a lei, nem a Constituição, definiram “preceito fundamental”, devendo tal conceito ser construído pela doutrina e pela jurisprudência do STF.
	Luís Roberto Barroso (2018, p. 328), por sua vez, aponta que “intuitivamente, preceito fundamental não corresponde a todo e qualquer preceito da Constituição. Por outro lado, impõe-se reconhecer, por força do princípio da unidade, que inexiste hierarquia jurídica entre as normas constitucionais”.
	Para Cássio Juvenal Faria, preceitos fundamentais as “normas qualificadas, que veiculam princípios e servem de vetores de interpretação das demais normas constitucionais”.
	Já para Uadi Lammêgo Bulos “qualificam-se de fundamentais os grandes preceitos que informam o sistema constitucional, que estabelecem comandos basilares e imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária”.
	Luís Roberto Barroso (2018, p. 329) partindo da distinção entre normas formalmente constitucionais e materialmente constitucionais explica que “a expressão preceito fundamental importa o reconhecimento de que a violação de determinadas normas traz consequências mais graves para o sistema jurídico como um todo”. O autor traz um rol exemplificativo dessas normas:
· Os fundamentos e objetivos da República e as decisões políticas estruturantes, agrupados sob a designação geral de princípios fundamentais;
· Os direitos fundamentais, abrangendo, genericamente, os individuais, coletivos, políticos e sociais;
· As normas que se abrigam nas cláusulas pétreas (art. 60, § 4º) ou delas decorrem diretamente; e
· Os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII).
	Para o autor, apesar dessa ampla lista, para evitar essa malversação do mecanismo, alguns parâmetros devem ser respeitados para sua utilização. Assim, a questão constitucional discutida: 
· deve interferir com a necessidade de fixação do conteúdo e do alcance do preceito fundamental; 
· não pode depender de definição prévia de fatos controvertidos; e 
· deve ser insuscetível de resolução a partir da interpretação do sistema infraconstitucional. 
	Em sua jurisprudência o STF não trouxe um conceito fechado de preceito fundamental, contudo, identificaram hipótese do que seria ou não um preceito fundamental:
A possibilidade de incongruências hermenêuticas e confusões jurisprudenciais decorrentes dos pronunciamentos de múltiplos órgãos pode configurar uma ameaça a preceito fundamental (pelo menos, ao da segurança jurídica), o que também está a recomendar uma leitura compreensiva da exigência aposta à lei da arguição, de modo a admitir a propositura da ação especial toda vez que uma definição imediata da controvérsia mostrar-se necessária para afastar aplicações erráticas, tumultuárias ou incongruentes, que comprometam gravemente o princípio da segurança jurídica e a própria ideia de prestação judicial efetiva. Ademais, a ausência de definição da controvérsia -- ou a própria decisão prolatada pelas instâncias judiciais -- poderá ser a concretização da lesão a preceito fundamental. Em um sistema dotado de órgão de cúpula, que tem a missão de guarda da Constituição, a multiplicidade ou a diversidade de soluções pode constituir-se, por si só, em uma ameaça ao princípio constitucional da segurança jurídica e, por conseguinte, em uma autêntica lesão a preceito fundamental. [ADPF 33 MC, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 29-10-2003, P, DJ de 6-8-2004.]
Parâmetro de controle. É muito difícil indicar, a priori, os preceitos fundamentais da Constituição passíveis de lesão tão grave que justifique o processo e o julgamento da arguição de descumprimento. Não há dúvida de que alguns desses preceitos estão enunciados, de forma explícita, no texto constitucional. Assim, ninguém poderá negar a qualidade de preceitos fundamentais da ordem constitucional aos direitos e garantias individuais (art. 5º, entre outros). Da mesma forma, não se poderá deixar de atribuir essa qualificação aos demais princípios protegidos pela cláusula pétrea do art. 60, § 4º, da Constituição, quais sejam, a forma federativa de Estado, a separação de Poderes e o voto direto, secreto, universal e periódico. Por outro lado, a própria Constituição explicita os chamados "princípios sensíveis", cuja violação pode dar ensejo à decretação de intervenção federal nos estados-membros (art. 34, VII). É fácil ver que a amplitude conferida às cláusulas pétreas e a ideia de unidade da Constituição (Einheit der Verfassung) acabam por colocar parte significativa da Constituição sob a proteção dessas garantias. (...) O efetivo conteúdo das "garantias de eternidade" somente será obtido mediante esforço hermenêutico. Apenas essa atividade poderá revelar os princípios constitucionais que, ainda que não contemplados expressamente nas cláusulas pétreas, guardam estreita vinculação com os princípios por elas protegidos e estão, por isso, cobertos pela garantia de imutabilidade que delas dimana. Os princípios merecedores de proteção, tal como enunciados normalmente nas chamadas "cláusulas pétreas", parecem despidos de conteúdo específico. Essa orientação, consagrada por esta Corte para os chamados "princípios sensíveis", há de se aplicar à concretização das cláusulas pétreas e, também, dos chamados "preceitos fundamentais". (...) É o estudo da ordem constitucional no seu contexto normativo e nas suas relações de interdependência que permite identificar as disposições essenciais para a preservação dos princípios basilares dos preceitos fundamentais em um determinado sistema. (...) Destarte, um juízo mais ou menos seguro sobre a lesão de preceito fundamental consistente nos princípios da divisão de Poderes, da forma federativa do Estado ou dos direitos e garantias individuais exige, preliminarmente, a identificação do conteúdo dessas categorias na ordem constitucional e, especialmente, das suas relações de interdependência. Nessa linha de entendimento, a lesão a preceito fundamental não se configurará apenas quando se verificar possível afronta a um princípio fundamental, tal como assente na ordem constitucional, mas também a disposições que confiram densidade normativa ou significado específico a esse princípio. Tendo em vista as interconexões e interdependências dos princípios e regras, talvez não seja recomendável proceder-se a uma distinção entre essas duas categorias, fixando-se um conceito extensivo de preceito fundamental, abrangente das normas básicas contidas no texto constitucional. [ADPF 33 MC, voto do min. Gilmar Mendes, j. 29-10-2003, P, DJ de 6-8-2004.]
Plenário do STF (...), ao acentuar que não é função constitucional da arguição de descumprimento de preceito fundamental atuar como instrumento de desconstituição da autoridade da coisa julgada em sentido material, claramente delimitou o âmbito de incidência dessa ação constitucional, pré-excluindo, de seu campo de abrangência, atos jurisdicionais, como o ora referido na petição inicial, desde que impregnados dos atributos que qualificam a res judicata. [ADPF 288 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 21-10-2013, dec. monocrática, DJE de 25-10-2013.] = ADPF 81 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 27-10-2015, dec. monocrática, DJE de 4-11-2015
O objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental há de ser "ato do Poder Público" federal, estadual, distrital ou municipal,normativo ou não, sendo, também, cabível a medida judicial "quando for relevante o fundamento da controvérsia sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição". Na espécie, a inicial aponta como descumprido, por ato do Poder Executivo municipal do Rio de Janeiro, o preceito fundamental da "separação de poderes", previsto no art. 2º da Lei Magna da República de 1988. O ato do indicado Poder Executivo municipal é veto aposto a dispositivo constante de projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, relativo ao IPTU. No processo legislativo, o ato de vetar, por motivo de inconstitucionalidade ou de contrariedade ao interesse público, e a deliberação legislativa de manter ou recusar o veto, qualquer seja o motivo desse juízo, compõem procedimentos que se hão de reservar à esfera de independência dos poderes políticos em apreço. Não é, assim, enquadrável, em princípio, o veto, devidamente fundamentado, pendente de deliberação política do Poder Legislativo -- que pode, sempre, mantê-lo ou recusá-lo -- no conceito de "ato do Poder Público", para os fins do art. 1º da Lei 9.882/1999. Impossibilidade de intervenção antecipada do Judiciário -- eis que o projeto de lei, na parte vetada, não é lei, nem ato normativo --, poder que a ordem jurídica, na espécie, não confere ao STF, em via de controle concentrado. Arguição de descumprimento de preceito fundamental não conhecida, porque não admissível, no caso concreto, em face da natureza do ato do poder público impugnado. [ADPF 1 QO, rel. min. Néri da Silveira, j. 3-2-2000, P, DJ de 7-11-2003.]
Agravo regimental adversando decisão que negou seguimento a arguição de descumprimento de preceito fundamental, uma vez que, à luz da Lei 9.882/1999, esta deve recair sobre ato do poder público não mais suscetível de alterações. A proposta de emenda à constituição não se insere na condição de ato do poder público pronto e acabado, porque ainda não ultimado o seu ciclo de formação. Ademais, o STF tem sinalizado no sentido de que a arguição de descumprimento de preceito fundamental veio a completar o sistema de controle objetivo de constitucionalidade. Assim, a impugnação de ato com tramitação ainda em aberto possui nítida feição de controle preventivo e abstrato de constitucionalidade, o qual não encontra suporte em norma constitucional-positiva. [ADPF 43 AgR, rel. min. Carlos Britto, j. 20-11-2003, P, DJ de 19-12-2003.]
O enunciado da Súmula desta Corte, indicado como ato lesivo aos preceitos fundamentais, não consubstancia ato do poder público, porém tão somente a expressão de entendimentos reiterados seus. À arguição foi negado seguimento. Os enunciados são passíveis de revisão paulatina. A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é adequada a essa finalidade. [ADPF 80 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 12-6-2006, P, DJ de 10-8-2006.] vide ADPF 147 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 24-3-2011, P, DJE de 8-4-2011
Requisitos da ADPF:
	A ADPF respeita o princípio da subsidiariedade, isto é, não será admitida se houver outro meio eficaz para dirimir a controvérsia (art. 4º, § 1º, da Lei).
	A ADPF autônoma se insere no sistema de controle abstrato de constitucionalidade. Portanto, a subsidiariedade se dá quando inexiste meio capaz de tutelar o direito objetivo mediante decisão dotada de efeitos gerais e vinculantes, ou seja, por meio de ação que se destina ao controle abstrato de constitucionalidade, como as ações de inconstitucionalidade e de constitucionalidade.
	No caso da ADPF incidental, o art. 3º, V, da Lei determina que na petição inicial deva conter “a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado”. Luiz Guilherme Marinoni explica que por controvérsia judicial seria possível entender discórdia, entre órgãos judiciais, acerca da constitucionalidade de lei ou ato normativo. Contudo, bastam decisões oriundas de órgãos judiciais diversos, no sentido da inconstitucionalidade, para que se estabeleça controvérsia judicial sobre a aplicação da lei. Isso porque o art. 1º, parágrafo único, I, fala em “relevância do fundamento da controvérsia constitucional” e não em “controvérsia judicial relevante”, como o fazem o art. 14, III, da Lei 9.868/1999 (ADC) e o art. 3º, V, da própria Lei 9.882/1999. Assim sendo, para abrir ensejo à arguição de descumprimento, basta que a controvérsia constitucional tenha fundamento relevante, apresentando-se a hipótese como similar à que constitui pressuposto da repercussão geral. Logo, a causa constitucional debatida apresenta relevância e transcendência (art. 1.035, § 1º, CPC/2015). 
	A relevância da causa deve ser aquilatada do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico. Há relevância sob o ponto de vista jurídico, por exemplo, quando o acórdão recorrido toma por inconstitucional determinada norma infraconstitucional. A transcendência da controvérsia constitucional pode ser caracterizada tanto em perspectiva qualitativa quanto quantitativa:
· Qualitativa: interessa para individualização da transcendência o importe da questão debatida para a sistematização e desenvolvimento do direito.
· Quantitativa: o número de pessoas suscetíveis de alcance, atual ou futuro, pela decisão daquela questão pelo Supremo e, bem assim, a natureza do direito posto em causa.
	Para Luiz Guilherme Marinoni a lógica da arguição incidental é a de viabilizar, de forma pronta e geral, a solução de controvérsia constitucional que tem condições de chegar ao STF mediante recurso extraordinário. Assim sendo, não é necessário equiparar o requisito da dúvida sobre a constitucionalidade da lei, da ADPF, com a relevância do fundamento da controvérsia constitucional, própria ao cabimento da arguição na forma incidental. 
Legitimidade ativa:
	A ADPF poderá ser proposta pelos mesmos legitimados à propositura da ADI.
	O art. 2º, § 1º permite ainda que qualquer interessado, mediante representação, solicite ao PRG a propositura de uma ADPF.
Procedimento:
	Proposta a ação diretamente no STF, por um dos legitimados, deverá o relator sorteado analisar a regularidade formal da petição inicial. 
	A inicial deverá conter, além dos requisitos do art. 319, CPC/2015: 
· a indicação do preceito fundamental que se considera violado; 
· a indicação do ato questionado; 
· a prova da violação do preceito fundamental; 
· o pedido, com suas especificações; e
· se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado.
	A petição inicial, acompanhada de instrumento de mandato, se for o caso, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos documentos necessários para comprovar a impugnação (parágrafo único do art. 3º da lei). 
	Não sendo o caso de arguição, faltante um dos requisitos apontados, ou inepta a inicial, indeferirá a petição inicial, sendo cabível o recurso de agravo (prazo de 10 dias, segundo o CPC/15). 
	Havendo pedido de liminar e apreciado pelo relator, este solicitará as informações necessárias às autoridades responsáveis pela prática do ato questionado, no prazo de 10 dias.
	Pode, caso entenda necessário, ouvir as partes nos processos que ensejaram a arguição (no caso, a arguição incidental).
	Se necessário o relator poderá: 
· requisitar informações adicionais;
· designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão;
· fixar data para declarações, em audiência pública de pessoas com experiência e autoridade na matéria (art. 6º e § 1º, da Lei n. 9.882/99). 
	Ouvido o MP (art. 7º, parágrafo único, da Lei n. 9.882/99, acatando o mandamento do art. 103, § 1º, da CF/88), o relator lançará o relatório, com cópia a todos os Ministros, pedindo dia para julgamento.
Amicus Curiae:
	O STF vem admitindo amicus curiae na ADPF, aplicando, por analogia, o art. 7º, § 2º, da Lei n. 9.868/99, desde que se demonstrem a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes.Julgamento:
	Segundo o art. 8º da Lei n. 9.882/99, é necessária a presença de pelo menos 2/3 dos Ministros (8 dos 11 Ministros) para a instalação da sessão.
	Tal como se verifica no processo de ADI, a decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em arguição de descumprimento de preceito fundamental necessita de maioria absoluta dos membros da Corte.
	A decisão é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória (art. 12 da Lei n. 9.882/99). São cabíveis apenas embargos de declaração.
	A lei prevê o cabimento de reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo STF, na forma do seu Regimento Interno (art. 13 da Lei n. 9.882/99).
Efeitos da decisão:
	Julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito fundamental. 
	A decisão é imediatamente autoaplicável, na medida em que o presidente do STF determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente. 
	A decisão tem eficácia:
· Erga omnes;
· Vinculante;
· Ex tunc.
	É possível, no entanto, a modulação temporal dos efeitos da decisão.
Medida cautelar:
	O art. 5º da Lei n. 9.882/99 estabelece que o tribunal poderá deferir medida cautelar, por decisão da maioria absoluta de seus membros (pelo menos 6 Ministros) em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave.
	No período de recesso, o relator poderá conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno. 
	O relator poderá, ainda, ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de 5 dias.
	A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. 
	Contudo, na ADPF 77 o STF deferiu liminar suspendendo todos os processos em curso e os efeitos da sentença, exceto as transitadas em julgado.
Instrumentalidade das formas:
	Havendo dúvida objetiva sob o cabimento da ação, o STF admite, considerando o princípio da fungibilidade, a convolação da ADPF em ADI.
	Para o STF havendo dúvida razoável sobre o caráter autônomo de atos infralegais, como decretos, resoluções e portarias, assim como alterações supervenientes de normas constitucionais poderiam justificar a fungibilidade. 
	Porém, tratando-se de lei ordinária federal editada depois da promulgação da CF/88, longe de envolver dúvida objetiva, não configuraria a fungibilidade por se tratar de erro grosseiro.
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão
Considerações iniciais:
	Para Gilmar Mendes a problemática atinente à inconstitucionalidade por omissão constitui um dos mais tormentosos e desafiantes temas do direito constitucional moderno.
	Afinal, não estão em jogo apenas a questão concernente à concretização da Constituição pelo legislador e à eficácia das normas constitucionais. A ADO desafia também a argúcia do jurista na solução do problema sob uma perspectiva estrita do processo constitucional (MENDES, 2018, p. 1.358).
	Para Pedro Lenza com a ADO se busca combater uma “doença”, chamada pela doutrina de “síndrome de inefetividade das normas constitucionais”.
	Em 1911, Kelsen apontava que a configuração de um dever do Estado de editar determinada lei afigurava‐se inadmissível. A ideia kenesiana era a de que no controle de constitucionalidade o tribunal constitucional tinha a função de ser o legislador negativo, pois apenas o Poder Legislativo, tinha a liberdade de inovar no mundo jurídico, atuando conforme o interesse da coletividade.
	No direito alemão esse entendimento só foi alterado após a Lei Fundamental de Bonn, de 1949. Em 1951 passou a doutrina a admitir, pela voz eloquente de Otto Bachof, a possibilidade de responsabilização do Estado em virtude de ato de índole normativa.
	Bachof rejeitava a possibilidade de o Judiciário editar normas, haja vista a incompatibilidade dessa ideia com o princípio da divisão de Poderes.
	Em 1957, a Corte Constitucional alemã admitiu, expressamente, o cabimento de medida judicial contra omissão parcial do legislador, reconhecendo que, ao contemplar determinado grupo ou segmento no âmbito de aplicação de uma norma, o legislador poderia atentar contra o princípio da isonomia, cumprindo, de forma defeituosa, dever constitucional de legislar. Já em 1958, em uma demanda relacionada aos vencimentos dos servidores públicos o Tribunal limitou‐se a constatar a ofensa a direito constitucional dos impetrantes, em virtude da omissão legislativa.
Tipos de omissão
	A omissão inconstitucional poderá ser total (absoluta) ou parcial: 
· total, quando o legislador não cumprir seu dever de normatizar; 
· parcial, quando houver a normatização infraconstitucional de forma insuficiente. 
	Pedro Lenza explica que a inconstitucionalidade por omissão parcial, por seu turno, divide-se em parcial propriamente dita ou parcial relativa:
	Na omissão parcial propriamente dita, o ato normativo, apesar de editado, regula de forma deficiente o texto constitucional. (ex. salário mínimo)
	Já omissão parcial relativa surge quando o ato normativo existe e outorga determinado benefício a certa categoria, mas deixa de concedê-lo a outra, que deveria ter sido contemplada. (ex.: casamento homoafetivo)
Objeto
	A omissão diz respeito à medida de cunho normativo, que deveria ser tomada pelo Poder Legislativo, Poder Executivo ou Poder Judiciário.
	Segundo a jurisprudência do STF, quando pendente julgamento de ADO, se a norma constitucional que não tinha sido regulamentada vier a ser revogada, a ação deverá ser extinta por perda de objeto, julgando-se prejudicada (ADI 1.836). 
	O STF já fixou entendimento sobre a impossibilidade da fungibilidade entre ADO e mandado de injunção, considerando a diversidade dos pedidos (MI 395-QO).
Legitimidade ativa:
	A ADO poderá ser proposta pelos mesmos legitimados à propositura da ADI.
Procedimento:
	O procedimento da ADO é basicamente o mesmo da ADI, com algumas peculiaridades.
	A petição inicial, acompanhada de procuração, se for o caso, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias dos documentos necessários para comprovar a alegação de omissão, e indicará:
· a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa;
· o pedido, com suas especificações.
	 A petição inicial inepta, não fundamentada, e a manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator, cabendo agravo da referida decisão.
	Proposta a ação, não se admitirá desistência, devendo ser, no que couber, aplicadas as disposições constantes da Seção I do Capítulo II da Lei n. 9.868/99. 
Medida cautelar:
	 A Lei n. 12.063/2009 inovou a matéria, passando a admitir expressamente medida cautelar na ADO. 
	Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, observado o disposto no art. 22 (quórum de instalação da sessão de julgamento com no mínimo 8 Ministros), poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 dias.
Decisão e seus efeitos:
	Na dicção do art. 103, § 2º da Constituição, declarada a inconstitucionalidade o STF:
· Dará ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias;
· Em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
	Pedro Lenza destaca que o dispositivo constitucional poderia ser interpretado de duas maneiras: 
1ª. ou o prazo foi estabelecido apenas para o órgão administrativo, não podendo o STF fixar prazo para o Legislativo ou outro Poder omisso;
2ª. ou o prazo pode ser fixado pelo Judiciário tanto para o órgão administrativo como para o Legislativo ououtro órgão omisso. 
	O art. 12-H, § 1º da Lei nº 9,868/99, prevê ainda a possibilidade de dilação do prazo à autoridade administrativa:
Art. 12-H (...)
§ 1º Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido.
	Apesar do silêncio legal e constitucional, o STF tem o entendimento de possibilidade de fixação de prazo razoável para o Poder Legislativo suprir a omissão inconstitucional.
	O maior questionamento não é a declaração da inconstitucionalidade propriamente dita, mas se o Judiciário pode e/ou deve suprir a omissão constitucional.
	Gilmar Mendes explica que ao identificar a omissão inconstitucional do legislador, o Tribunal Constitucional Alemão desenvolveu novas técnicas de decisão, que se afigurassem adequadas a eliminar do ordenamento jurídico essa desconformidade com a Constituição, sem violentar a própria sistemática constitucional consagrada na Lei Fundamental. 
	O Tribunal desenvolveu como técnica de decisão aplicável aos casos de lacuna inconstitucional, a declaração de inconstitucionalidade sem a pronuncia da nulidade (Unvereinbarerklärung) (MENDES, 2018, p. 1367). Tal decisão tem caráter mandamental, pois obriga o legislador a suprimir o estado de inconstitucionalidade decorrente da omissão.
	Outra técnica desenvolvida pelo tribunal alemão foi o apelo ao legislador (Appellentscheidung). Por ela a decisão aponta que a situação jurídica analisada ainda é constitucional, porém a ação do legislador é necessária para evitar a consolidação de um estado de inconstitucionalidade.
	Luís Guilherme Marinoni, por outro lado, destaca que negar a atuação do Judiciário importa em conferir ao Legislativo, implicitamente, o poder de anular a Constituição, retornando-se, assim, ao tempo em que a Constituição dependia da “boa vontade” do legislador. A tutela da Constituição é acometido ao Estado e não apenas ao Legislativo. Quando o Legislativo não atua, um Tribunal Supremo ou uma Corte Constitucional têm dever de proteger a Constituição. Assim, se é a norma legislativa que falta para dar efetividade à Constituição, cabe ao Judiciário elaborá-la, evitando, assim, a desintegração da ordem constitucional.
	O princípio da separação dos poderes confere ao Legislativo o poder de elaborar as leis, mas, evidentemente, não lhe dá o poder de inviabilizar a normatividade da Constituição. Assim sendo, apesar de Constituição ter previsto o provimento declaratório para definir a ação de inconstitucionalidade por omissão, ela não impede o Judiciário proferir um provimento de natureza constitutiva quando consciente da inefetividade da mera declaração.
	Quando a norma não exigir a atuação insubstituível do legislador, o não cumprimento do prazo pelo Legislativo abre ao Judiciário, como regra geral, a possibilidade de elaborar a norma faltante para suprir a inércia do legislador, evitando que o seu desprezo à Constituição gere um estado consolidado e permanente de inconstitucionalidade, com o qual o Estado de Direito não pode conviver.
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. 2. Federalismo fiscal e partilha de recursos. 3. Desoneração das exportações e a Emenda Constitucional 42/2003. Medidas compensatórias. 4. Omissão inconstitucional. Violação do art. 91 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Edição de lei complementar. 5.Ação julgada procedente para declarar a mora do Congresso Nacional quanto à edição da Lei Complementar prevista no art. 91 do ADCT, fixando o prazo de 12 meses para que seja sanada a omissão. Após esse prazo, caberá ao Tribunal de Contas da União, enquanto não for editada a lei complementar: a) fixar o valor do montante total a ser transferido anualmente aos Estados-membros e ao Distrito Federal, considerando os critérios dispostos no art. 91 do ADCT; b) calcular o valor das quotas a que cada um deles fará jus, considerando os entendimentos entre os Estados-membros e o Distrito Federal realizados no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ. (ADO 25, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 30/11/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-182 DIVULG 17-08-2017 PUBLIC 18-08-2017)
Atuação do AGU nas ações constitucionais
	A Constituição traz previsão expressa da atuação do Advogado Geral da União, da defesa das normas impugnadas nas ações do controle de constitucionalidade:
Art. 103 (...) § 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
	Uadi Lammêgo Bulos explica que a tarefa do AGU é de natureza exclusivamente defensiva, pois a Carta de 1988 o impediu de se manifestar contrariamente à norma jurídica que se busca impugnar. Por isso, seus posicionamentos devem ser no sentido de velar pela preservação da constitucionalidade dos atos normativos.
	Portanto, de regra, o Advogado-Geral é o curador da presunção da constitucionalidade das leis e atos normativos:
A função processual do advogado-geral da União, nos processos de controle de constitucionalidade por via de ação, é eminentemente defensiva. Ocupa, dentro da estrutura formal desse processo objetivo, a posição de órgão agente, posto que lhe não compete opinar e nem exercer a função fiscalizadora já atribuída ao PGR. Atuando como verdadeiro curador (defensor legis) das normas infraconstitucionais, inclusive daquelas de origem estadual, e velando pela preservação de sua presunção de constitucionalidade e de sua integridade e validez jurídicas no âmbito do sistema de direito, positivo, não cabe ao advogado-geral da União, em sede de controle normativo abstrato, ostentar posição processual contrária ao ato estatal impugnado, sob pena de frontal descumprimento do munus indisponível que lhe foi imposto pela própria Constituição da República. [ADI 1.254 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 14-8-1996, P, DJ de 19-9-1997.] = ADI 3.413, rel. min. Marco Aurélio, j. 1º-6-2011, P, DJE de 1º-8-2011" 
Consoante dispõe a norma imperativa do § 3º do art. 103 do Diploma Maior, incumbe ao advogado-geral da União a defesa do ato ou texto impugnado na ação direta de inconstitucionalidade, não lhe cabendo emissão de simples parecer, a ponto de vir a concluir pela pecha de inconstitucionalidade. [ADI 4.983, rel. min. Marco Aurélio, j. 6-10-2016, P, DJE de 27-4-2017.]
	Contudo, o STF admite temperamentos ao comando constitucional, nas hipóteses de manifestação prévia da Corte, sobre a inconstitucionalidade do ato.
O múnus a que se refere o imperativo constitucional (CF, art. 103, § 3º) deve ser entendido com temperamentos. O advogado-geral da União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte já fixou entendimento pela sua inconstitucionalidade. [ADI 1.616, rel. min. Maurício Corrêa, j. 24-5-2001, P, DJ de 24-8-2001.] Vide ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, j. 3-2-2010, P, DJE de 14-5-2010
	No julgamento da ADI 3.916, a discussão sobre o tema restou mais aprofundada tendo sido levado em consideração duas situações: a necessidade de o AGU defender os interesses da União; e a ausência de sanção em parecer que conclui pela inconstitucionalidade do preceito impugnado.
	IMPORTANTE: para o Supremo, no posto de curador da norma infraconstitucional, o Advogado-Geral não poderá, portanto, de regra, manifestar-se contra as leis que reputar inconstitucionais, sob pena de desconfigurar o papel constitucional.
CUIDADO: Pedro Lenza aponta que no julgamento da ADI 3.916 o Supremo reconheceu a livre manifestação da AGU nas ações do controle abstrato de constitucionalidade. Porém, a jurisprudência após o julgamento da ADI aponta que a regra é a defesa do ato, sendo permitida em hipóteses excepcionais, pronunciamento em contrário.
Decisões no controle de constitucionalidade 
Introdução:
	Considerando as peculiaridades do sistemade controle de constitucionalidade brasileiro, o legislador não utilizou uma fórmula de simples declaração de nulidade normativa, para o Supremo Tribunal Federal adotar no exercício do controle de constitucionalidade das leis.
Declaração de nulidade da lei:
	A teoria da nulidade normativa sustenta que doas as normas contrárias à Constituição não podem ter efeitos jurídicos, e, por isso são consideradas nulas.
	Trata-se de posição fundada no direito americano em que “the inconstitutional statute is not law at all”. A ideia subjacente é a de que o reconhecimento de efeito jurídico à lei importaria na suspensão provisória ou parcial da Constituição. Sendo a Constituição suprema, cabe-lhe prevalecer em face da lei, e não o contrário. 
	Assim sendo, de regra a declaração de nulidade poderá ser:
· Declaração de nulidade total;
· Declaração de nulidade parcial;
· Declaração de nulidade parcial, sem redução de texto.
Declaração de nulidade total:
	Trata-se da declaração de invalidade da lei ou ato normativo pelo Tribunal. Gilmar Mendes (2018, p. 1406) destaca que vícios formais levam, normalmente, à declaração de inconstitucionalidade total de uma lei, considerando a unidade-técnico-legislativa.
	Em razão desse entendimento, explica-se a ideia de que o vício de iniciativa de uma lei, usurpando a competência do Chefe do Poder Executivo, não é convalidado por sua sanção. O mesmo ocorre quando inobservadas as demais regras do processo legislativo.
Declaração de nulidade total em razão de dependência ou interdependência entre as partes constitucionais e inconstitucionais das leis:
	Havendo o reconhecimento de dependência interna de uma lei, em que há uma parte constitucional e outra inconstitucional, o Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade de toda a lei, salvo se algum dispositivo puder subsistir sem a parte considerada inconstitucional.
	Gilmar Mendes ressalta que a indivisibilidade da lei pode resultar, igualmente, de uma forte integração entre as suas diferentes partes. Nesse caso, tem‐se a declaração de inconstitucionalidade em virtude da chamada dependência recíproca.
	A dependência ou interdependência normativa entre os dispositivos de uma lei pode justificar a extensão da declaração de inconstitucionalidade a dispositivos constitucionais mesmo nos casos em que estes não estejam incluídos no pedido inicial da ação. 
	Trata-se da chamada declaração de inconstitucionalidade consequente ou por arrastamento.
Declaração de nulidade parcial:
	Pela teoria da divisibilidade da lei, o Tribunal Constitucional somente deve proferir a inconstitucionalidade daquelas normas viciadas, não devendo estender o juízo de censura às outras partes da lei, salvo se elas não puderem subsistir de forma autônoma.
	Trata-se de raciocínio similar ao veto do Presidente da República, quando do controle preventivo da constitucionalidade da lei.
	Portanto, Gilmar Medes destaca que o primeiro passo é aferir o grau de dependência entre os dispositivos legais. Portanto, examinar se as disposições estão em relação de vinculação que impediria a sua divisibilidade.
	Posteriormente é necessário aferir se ao se declarar a inconstitucionalidade parcial do ato ainda subsistirá corresponderia à vontade do legislador. Para Gilmar Mendes no exame sobre a vontade do legislador, assume peculiar relevo a dimensão e o significado da intervenção que resultará da declaração de nulidade. Caso a declaração de inconstitucionalidade acabe criando uma nova lei, por se afastar das inspirações do legislador, é necessário declarar a inconstitucionalidade de toda a lei.
Declaração de nulidade parcial sem redução de texto:
	Lúcio Bittencourt destaca que em alguns casos a inconstitucionalidade de uma lei surge quando ela é aplicada a determinado grupo de pessoas ou de situações em que não deveria.
Um exemplo seria uma lei instituidora de tributo ou delito que desrespeite o princípio da anterioridade. Nessa situação, a lei é declarada inaplicável às situações pretéritas, mas é perfeitamente aplicável para situações futuras.
	Uma redução do âmbito da aplicação da lei pode ser operada, igualmente, mediante simples interpretação conforme à Constituição.
	Para o Supremo Tribunal, a interpretação conforme à Constituição, quando fixada no juízo abstrato de normas, corresponde a uma pronúncia de inconstitucionalidade. Do ponto de vista prático, comparar a interpretação conforme à declaração de inconstitucionalidade, importaria na necessidade de respeito à cláusula de reserva de plenário. O que não ocorre, no controle incidental.
	Para Gilmar Mendes ainda que se não possa negar a semelhança dessas categorias e a proximidade do resultado prático de sua utilização, é certo que, enquanto na interpretação conforme à Constituição se tem, dogmaticamente, a declaração de que uma lei é constitucional com a interpretação que lhe é conferida pelo órgão judicial, constata‐se, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação do programa normativo sem que se produza alteração expressa do texto legal.
	Para o autor a interpretação conforme à Constituição consubstancia-se essencialmente em uma diretriz de prudência política, ou de política constitucional, além de reforçar outros cânones interpretativos, como o princípio da unidade da Constituição e o da correção funcional. Afinal, ao mesmo tempo que se valoriza o trabalho legislativo, aproveitando ou conservando as leis, previne-se o surgimento de conflitos, que se tornariam crescentes casos os juízes se pusessem a invadir os atos da legislatura.
	Por isso ao se fazer o controle de constitucionalidade parte-se do princípio da presunção de constitucionalidade das leis. A utilização do princípio da interpretação conforme a Constituição como instrumento pode chegar aos seguintes resultados:
· Interpretação conforme a Constituição com redução de texto: Diante de uma norma que possui várias interpretações possíveis, declara-se qual/quais é/são compatível/eis com a Constituição, retirando a expressão que lhe emprestaria o sentido de inconstitucional. Exemplo: a expressão desacato do art. 7º, § 2º do Estatuto da OAB.
· Interpretação conforme a Constituição sem redução de texto: Diante de uma norma que possui várias interpretações possíveis, declara-se qual/quais é/são compatível/eis com a Constituição, não sendo possível retirar qualquer expressão, confere-se à norma uma determinada interpretação para manter a constitucionalidade. Ex. O STF manteve a constitucionalidade da EC nº 52/06 somente se fosse interpretada, respeitando o princípio da anualidade (art.16, CR/88), ou seja, desde que a extinção da “verticalização partidária” se desse no pleito de 2010 e não no pleito de 2006.
· Declaração de Inconstitucionalidade parcial com/sem redução de texto: muitas vezes utilizada como “técnica de decisão judicial” para alcançar a “técnica interpretativa” (interpretação conforme a Constituição), tendo em vista suas semelhanças. Contudo, na declaração de inconstitucionalidade parcial (porque não se declara toda a norma), diante de uma norma que possui várias interpretações possíveis, declara-se qual/quais é/são incompatível/eis com a Constituição.
Limites da interpretação conforme à Constituição
	Pedro Lenza explica que, diante das normas plurissignificativas ou polissêmicas (que possuem mais de uma interpretação), deve-se preferir a exegese que mais se aproxime da Constituição e não seja contrária ao texto constitucional. Disso surgem várias dimensões a serem consideradas tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência:
· prevalência da Constituição: deve-se preferir a interpretação não contrária à Constituição;
· conservação de normas: percebendo o intérprete que uma lei pode ser interpretada em conformidade com a Constituição, ele deve assim aplicá-la para evitar a sua não continuidade;
· exclusão da interpretação contra legem: o intérprete não pode contrariar o texto literal e o sentido da norma para obter a sua concordância com

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