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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Disciplina Gestão Estratégica de Pessoas Tema Gestão de Pessoas e Treinamento Professor Ubirajara Morgado Conversa inicial Treinar não é adestrar! Treinar é educar, preparar! Estamos falando de futuro. O passado pertence aos livros. O grande dilema do capital humano é a falta de acesso à educação e à informação. Logicamente, uma organização quer os melhores e mais preparados empregados, pois, assim, demandará menores recursos financeiros para a evolução e o desenvolvimento do seu quadro de empregados. Isso sem falar na inovação e na criatividade, que advirá não somente de um bom ambiente de trabalho, mas também de pessoas que atingiram um grau de evolução e maturidade e correspondem aos estímulos de que os tempos modernos impõem. Quantos treinamentos você já deve ter realizado em sua vida? Desses tantos, quantos foram realmente úteis para a formação do seu caráter e do seu aprimoramento profissional? (Vídeo 1 disponível no AVA) Contextualizando No texto “Gestão por Competências na Bosch”, temos um bom exemplo para a nossa aula de hoje, pois a GC se tornou um importante diferencial tanto para as empresas quanto para os profissionais. GC é um processo que permite alcançar os objetivos por meio do alinhamento entre a missão, a visão, os valores, a estratégia do negócio e do capital humano. E é justamente na busca pela maximização de resultados que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 as empresas estão repensando seus modelos de administração e investindo cada vez mais no patrimônio e no capital intelectual. No caso da Bosch, houve uma interação entre a implantação do projeto Lean com a GC. Ambos “casadinhos” para obtenção de resultados. Afinal, o que é GC? Veremos na sequência da aula e, assim, ao final, você poderá participar, dando a sua opinião. (Vídeo 2 disponível no AVA) Tema 1: Treinamento “O bom mestre aprende com as aulas que dá.” G. Duhamel “O bom chefe ensina as pessoas médias como fazer o trabalho de pessoas superiores.” John D. Rockefeller O ser humano apresenta uma incrível capacidade em aprender e se desenvolver, pois a educação está no cerne de sua capacidade. O processo de desenvolvimento de pessoas está intimamente relacionado com a educação. Todo modelo de formação, capacitação, educação, treinamentos ou desenvolvimento deve assegurar ao ser humano a oportunidade de ser aquilo que pode a partir das próprias potencialidades, sejam elas inatas ou adquiridas. Desenvolver pessoas não se resume apenas a dar a elas informações para que aprendam novos conhecimentos, habilidades e destrezas e se tornem mais eficientes naquilo que fazem. É, sobretudo, dar-lhes formação básica para que aprendam novas atitudes, soluções, ideias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e comportamentos. Formar é muito mais do que informar, pois significa representar um enriquecimento da personalidade humana. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Os processos de desenvolvimento podem receber: Uma abordagem tradicional, na medida em que seguem o modelo casual (treinar apenas quando surge alguma oportunidade ou necessidade), em uma visão de curto prazo, baseado na imposição; Uma abordagem moderna, na medida em que seguem um modelo planejado (treinar como parte de uma cultura), em um esquema intencional (treinar todas as pessoas), em uma atitude proativa (antecipando-se as necessidades), em uma visão de longo prazo, baseado no consenso (as pessoas são consultadas e participam), em uma condição de estabilidade e mudança (tudo deve mudar para melhor) e de inovação e criatividade (para construir um futuro melhor) e visando ao provisório e mutável. O treinamento tem muito a ver com o conhecimento, recurso tão importante na Era do Conhecimento. Peter Drucker apregoa que tornar o conhecimento produtivo constitui, hoje, uma responsabilidade gerencial; mais do que isso: um desafio organizacional. O conhecimento é bom quando é útil, ou seja, somente será produtivo se for aplicado para criar uma diferença sensível, produzir resultados, melhorar processos, adicionar valor e gerar riqueza. Treinamento Desenvolvimento organizacional Desenvolvi- mento de pessoas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Além disso, o treinamento também tem muito a ver com a construção de competências nas pessoas para que se tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais e se tornarem cada vez mais valiosas. Ações de treinamento, desenvolvimento ou qualificação do trabalhador ocupam um dos papeis centrais no conjunto de práticas que denominamos gestão de pessoas em contextos organizacionais. Seus impactos, por sua vez, são fundamentais tanto para os ajustes individuo-trabalho, que se traduzem em diferenças de desempenho individuais e coletivos, quanto para as relações entre organizações e seus contextos, garantindo-lhes, ou não, produtividade e competitividade. É o conjunto de métodos usados para transmitir aos funcionários novos e antigos as habilidades necessárias para o desempenho do trabalho. Está havendo uma migração do foco de treinamento, passando das habilidades técnicas para a educação complementar, tais como formação de equipes, tomada de decisões e comunicação, logicamente sem abandonar a primeira, mas enfatizando a segunda. Importante! Está havendo uma migração do foco em treinamento, passando das habilidades técnicas para a educação complementar: formação de equipes, tomada de decisão e comunicação. Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimento de pessoas. Embora seus métodos sejam similares para afetar a aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. O treinamento é orientado para o presente, focando no cargo atual e buscando melhorar as habilidades e as competências relacionadas com o desempenho imediato do cargo. O desenvolvimento de pessoa foca, em geral, nos cargos a serem ocupados futuramente na organização e as novas habilidades e competências que serão requeridas. Ambos, treinamento e desenvolvimento constituem processos de aprendizagem. Por meio do treinamento e do desenvolvimento, a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 pessoa pode assimilar informações, aprender habilidades, desenvolver atitudes e comportamentos diferentes e desenvolver conceitos abstratos. Foco no treinamento Além da preocupação com informação, habilidades, atitudes e conceitos, o treinamento está sendo fortemente inclinado a desenvolver certas competências desejadas pela organização, competências essenciais para o sucesso organizacional. O treinamento constitui o núcleo de um esforço contínuo desenhado para melhorar as competências, proporcionando talentos com conhecimento e habilidades necessárias aos seus cargos atuais. Já o desenvolvimento envolve aprendizagem que vai além do cargo atual e se estende para a carreira da pessoa, com um foco no longo prazo para preparar as pessoas para acompanhar as mudanças e o crescimento da organização. Em um mundo de rápidas mudanças, uma empresa não pode permitir que novas informações, seja sobre as ações da concorrência, preferência dos consumidores ou melhorias tecnológicas, sejam ignoradas ou se percam em um mar de burocracia. Uma chamada organização de aprendizagem tem a habilidade para criar, adquirir e transmitir conhecimento e modificar seu comportamento em resposta aos novos conhecimentos e insights. O treinamento pode ajudar a desenvolver essas habilidades. Atualmente, a intensa competição internacional exige que as empresas mudem rapidamente, talvez alterando suas estratégias para entrar em novos negócios, modificando seus mapas organizacionais ou as atitudes e os valores dos funcionários.Saiba mais sobre o que o treinamento pode proporcionar, assistindo ao próximo vídeo do professor. (Vídeo 3 disponível no AVA) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 O que o treinamento pode proporcionar internamente 1. Melhoria eficiência dos serviços 2. Aumento da eficácia nos resultados 3. Criatividade e inovação nos produtos e serviços oferecidos ao mercado 4. Melhor Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) 5. Maior qualidade e produtividade 6. Melhor atendimento ao cliente 7. Valor agregado O que o treinamento pode proporcionar externamente 1. Maior competitivade organizacional 2. Assédio de outras organizações aos colaboradores da empresa 3. Melhoria da imagem da organização 4. O que mais? As grandes mudanças organizacionais nunca são fáceis, mas talvez a parte mais difícil da condução de uma mudança seja a superação da resistência. Os indivíduos, grupos e mesmo organizações inteiras podem resistir à mudança, talvez porque estejam acostumadas com a maneira tradicional de fazer as coisas, ou porque percebem a mudança como uma ameaça ao seu poder ou influência, ou por medo do desconhecido, ou porque o funcionário entende a mudança como uma violação do acordo não escrito que tem com a empresa. Saiba mais sobre os desafios da Gestão do Conhecimento, assistindo ao próximo vídeo do professor. (Vídeo 4 disponível no AVA) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Desafios da Gestão do Conhecimento 1. Administrar resultados. Para saber qual é a melhor forma de Gestão do Conhecimento que ajuda a fazer ou a economizar dinheiro e documentar o impacto econômico. 2. Construir uma cultura do conhecimento. Derrubar barreiras e criar mecanismos para o desenvolvimento e a manutenção do conhecimento nos diversos departamentos da organização. Isso envolve uma mudança na cultura organizacional para incrementar o valor do conhecimento. Assim, os profissionais de Gestão de Pessoas tornam-se agentes de aprendizado e consultores em desempenho. 3. Criar uma infraestrutura administrativa do conhecimento. Essa tarefa envolve a construção de redes, banco de dados, estações de trabalho etc. O treinamento e o desenvolvimento estão na ordem do dia. Todas as pessoas, independentemente de suas diferenças individuais, podem e devem se desenvolver. Com a redução de níveis hierárquicos e a formação de equipes de trabalho, os funcionários passaram a ter maior participação nos objetivos de seus cargos e maior preocupação com a qualidade e com os clientes. Hoje, as organizações estão exigindo novas habilidades, conhecimentos e competências de todas as pessoas, e o desenvolvimento passou a envolver a totalidade dos funcionários. Tema 2: Avaliação de desempenho (Gestão por Competências) “O empregado incompetente, por quem quer que seja empregado, estará sempre contra o seu empregador.” Charles Dickens in Our Mutual Friend. “É uma ideia socialista considerar o lucro um vício. Acho que vício mesmo é dar prejuízo.” Winston Churchill CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Todo administrador é responsável pelos resultados de sua equipe. Assim, da mesma forma que a equipe deve ser formada e renovada em função dos planos estratégicos da empresa, sua condução deve ter como objetivo alcançar as metas previstas naquele plano. A empresa bem-sucedida deve funcionar como um conjunto coeso de habilidades e competências sempre pronto para ser aplicado nas oportunidades que aparecerem no mercado. Seu planejamento estratégico concentra-se no desenvolvimento e na integração dessas habilidades e capacidades. Ela deve sempre valorizar o talento humano e a competência necessária para passar a ação concreta. Confrontadas com a complexidade e com a incerteza, organizadas em estruturas heterogêneas e flexíveis, as empresas e as organizações devem dispor de homens e mulheres capazes de enfrentar o inédito e a mudança permanente. O desempenho de uma empresa ou de um projeto depende do conjunto das microdecisões de ação tomadas pela competência de seus profissionais. É preciso saber enfrentar situações profissionais evolutivas e pouco definidas. Isso leva, evidentemente, a interrogar a distinção clássica operada entre as noções de qualificação, de profissão, de emprego e de profissionalismo. A noção de qualificação remete a um julgamento oficial e legitimado, que reconhece em uma ou em várias pessoas capacidades requeridas para exercer uma profissão, um emprego ou uma função. A aceitação social dos critérios de qualificação resulta de uma negociação e depende das relações de força existentes entre os parceiros sociais. A qualificação se reveste de um caráter convencional. Quando a qualificação se reduz a diplomas de formação inicial, isso não significa que a pessoa saiba agir com competência. Significa, antes, que ela dispõe de certos recursos com os quais pode construir competências. Entretanto, não se deve opor qualificação e competência, nem querer substituir a qualificação pelas competências. O desenvolvimento dos “recursos- CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 competência” deve permitir o enriquecimento da noção de qualificação mais do que suprimi-la. Por que as competências construídas em situação de trabalho não se inscreveriam em uma qualificação considerada evolutiva? Não se deve buscar conjugar a necessidade de dispor de pontos de referência coletivos e o reconhecimento das competências individuais? A qualificação é uma construção social e resulta de negociações que levam a convenções coletivas e a sistemas de classificação. O profissional possui um corpus de conhecimentos e habilidades reconhecido e valorizado no mercado de trabalho. Graças a esse reconhecimento, ele dispõe de uma vantagem para administrar a promoção interna ou sua mobilidade externa. Aquele que é reconhecido como um profissional competente possui uma identidade social que vai além do emprego que ocupa. O profissional não é aquele que possui conhecimentos ou habilidades, mas aquele que sabe mobilizá-los em um contexto profissional. É um “saber agir em situação”. Possuir saberes ou capacidade não significa ser um profissional competente. A imagem do pensamento, que não se exprime, mas se realiza na palavra, a competência não se exprime pela ação, mas se realiza na ação. Não há competência senão em ato. A competência emerge na junção de um saber e de um contexto. O profissional demonstra suas capacidades na ação. No vídeo a seguir, o professor vai falar sobre o que precisa ser medido. Não deixe de assistir! (Vídeo 5 disponível no AVA) O que medir? 1. Resultados. Os resultados concretos e finais que se pretende alcançar dentro de um certo período de tempo. 2. Desempenho. O comportamento ou os meios instrumentais que se pretende pôr em prática. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 3. Competências. As competências individuais que as pessoas oferecem ou agregam a organização. 4. Fatores críticos de sucesso. Os aspectos fundamentais para que a organização seja bem-sucedida no seu desempenho e nos seus resultados e no seu desempenho. Em anos recentes, o termo “competências” vem sendo fortemente associado à ideia de gestão estratégica de pessoas. Para Dutra (2004), competência é um conjunto de capacidades (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) mobilizadas para uma entrega, que agrega valor tanto para o indivíduo como para a organização, porém poucas empresas utilizam suas competências organizacionais para tomar decisões estratégicas. Mas como mapear as competências organizacionais, capitalizando para as competências para tomar decisões estratégicas? O desenvolvimento de qualquer competência organizacional está vinculado às pessoas. O modo pelo qual os profissionaissão gerenciados, inspirados, desenvolvidos, recompensados etc. desempenha papel essencial na configuração da competência organizacional, pois as pessoas são a “alma” da competência da organização. O conceito de competência também pode ser utilizado como parâmetro para se pensar em carreira e sucessão. A ideia de carreira assinala trajetórias de complexidade crescente que um profissional percorre ao longo dos anos, e convém que seja planejada, de forma a “casar” o desenvolvimento das pessoas com as necessidades da organização. Assim, a carreira interessa tanto às pessoas quanto às empresas. Assim como a ênfase nos resultados muda as responsabilidades, as práticas e os departamentos de RH, muda também as competências exigidas pelos profissionais da área. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 No vídeo a seguir, o professor vai falar sobre as 5 competências essenciais. Não deixe de assistir! (Vídeo 6 disponível no AVA) Aqui serão sintetizadas as 5 competências essenciais, baseadas em pesquisa: 1. Conhecer o negócio: finanças, estratégia, marketing, tecnologia, operações, serviços e outras funções precisam se tornar mais do que simples questões com as quais os profissionais de RH se entendiam ao analisar relatórios. Conhecer os negócios é a porta de entrada para os profissionais de RH que desejam entrar nas discussões sobre os negócios; 2. Dominar as práticas de RH: as práticas de RH baseiam-se cada vez mais em teorias testadas a partir de pesquisas, às quais os profissionais de RH devem recorrer para fazer escolhas inteligentes; 3. Gerenciar os processos de mudança: os profissionais precisam aprender como fazer as coisas acontecerem, ou seja, ser capazes de planejar um processo para iniciativas de RH (por exemplo: implementação de um programa de remuneração por desempenho) quanto para as de negócios (por exemplo: implementação de um programa de estratégia e inovação). Agindo como catalisadores e arquitetos da mudança, esses profissionais de RH serão capazes de fornecer valor à medida que promessas e esperanças se tornem realidades e resultados; 4. Criar culturas e locais de trabalho que desenvolvam capacidade individual e comprometimento com as empresas: os profissionais de RH devem desenvolver organizações que assegurem uma capacidade sustentável e aumentem o capital intelectual. Somente por meio do estabelecimento e da manutenção de uma cultura coerente é que eventos podem se tornar padrões sustentáveis; 5. Demonstrar credibilidade pessoal: os profissionais de RH devem ser confiáveis. Eles representam os valores de sua organização e adquirem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 credibilidade por meio de relacionamentos de confiança com os principais parceiros. A avaliação de desempenho pode ser definida como a avaliação da relação entre o desempenho atual ou passado de um funcionário e seus padrões de desempenho, primeiramente porque traz informações importantes para as decisões sobre promoções e aumento de salário. Em segundo, permite que os gestores desenvolvam um plano para corrigir qualquer deficiência que possa ter sido revelada pela avaliação e, também, permite o reforço dos pontos positivos do desempenho dos funcionários. Por último, a avaliação pode ser útil para o treinamento de carreira, pois oferece a oportunidade de revisar os planos de carreira dos funcionários à luz das forças e das fraquezas demonstradas. O conceito de competências provê insights, ainda, para compreender o lado intangível das organizações, ou o chamado capital intelectual, que, de alguma forma, está imbricado nas competências que uma organização possui. O referencial de competência também dialoga com instrumentos de recrutamento e seleção no que diz respeito a atrair e selecionar pessoas com um perfil compatível com as necessidades organizacionais. A competência vincula-se à remuneração e fornece insumos para o dimensionamento de uma organização, traduzindo-se em agregação de valor: é natural que um indivíduo que agregue mais valor ao negócio torne-se merecedor de maior recompensa. Pela remuneração, abre-se a principal porta de entrada do modelo de competências nas organizações, basicamente em função da necessidade das mesmas em vincular os modelos de recompensa às estratégias do negócio, como forma de contribuir para a melhoria dos resultados. Para muitos, a Gestão de Pessoas por Competências é um modismo. Creio que o conceito de competência, quando compreendido em toda a sua extensão e utilizado em conjunto com outros conceitos, permite grande avanço na compreensão da Gestão de Pessoas na empresa moderna. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Os processos de globalização, a crescente turbulência, a complexidade maior das arquiteturas organizacionais e das relações comerciais, a exigência de maior valor agregado dos produtos e serviços levaram as organizações a buscar maior flexibilidade e velocidade de resposta na estruturação das ocorrências internas e no enfrentamento de situações inusitadas e de complexidade crescente. A partir daí, as organizações passam a necessitar de pessoas mais autônomas e com maior iniciativa, com perfil bem diferente do exigido até então, de obediência e submissão. À medida que o processo decisório é cada vez mais descentralizado, fica mais sensível no âmbito do comprometimento das pessoas com os objetivos e as estratégias organizacionais. Pode-se dizer que o atual grande desafio da Gestão de Pessoas é gerar e sustentar o comprometimento delas, o que só é possível se as pessoas perceberem que sua relação com as organizações agrega valor. A necessidade do comprometimento das pessoas foi ampliando sua importância estratégica para criar e manter diferenciais competitivos por parte das organizações. Ao ganharem voz dentro das organizações, as pessoas tornam-se fonte de pressão, a segunda fonte de pressão sobre a organização, uma pressão proveniente do contexto interno. Quanto mais as organizações buscam flexibilidade e velocidade decisória, mais dependem das pessoas; em decorrência, tornam-se mais dispostas a atender as expectativas e necessidades que elas manifestam. As pessoas que estabelecem algum tipo de relação de trabalho com a organização, por outro lado, procuram satisfazer a um novo conjunto de necessidades: maior espaço para desenvolvimento pessoal e profissional, manutenção da competitividade profissional e exercício da cidadania organizacional, entre outras, pressionando as organizações a se estruturarem para tanto. Muitas pessoas e alguns teóricos compreendem a competência como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para que a pessoa desenvolva suas atribuições e responsabilidades. Atualmente, os CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 autores procuram pensar a competência como o somatório da entrega e as características da pessoa que podem ajudá-la a entregar com maior facilidade (MCLAGAN, 1997; PARRY, 1996). Outra importante linha é a de autores que discutem a questão da competência associada à atuação da pessoa em áreas de conforto profissional, usando seus pontos fortes e tendo maiores possibilidades de realização e felicidade (SCHEIN, 1990; DERR, 1988). No vídeo a seguir, o professor vai falar sobre os passos para o mapeamento e a avaliação das competências. Não deixe de assistir! (Vídeo 7 disponível no AVA) São passos para se mapear e avaliar as competências organizacionais: 1. Analisar o negócio e os fatores-chave de sucesso no setor; 2. Verificar o nível de desempenho da empresa nesse fator em relação a outros players; 3. Escolher os fatores-chave de sucesso que serão tomados como competências e descrevê-los; 4. O que deve ser avaliado: a. Valor: o desempenho viabilizado pelacompetência oferece uma vantagem competitiva valiosa para o cliente; b. Sustentabilidade: essa vantagem deve ser sustentável ou durável; c. Versatilidade: essa competência deve ser versátil e, portanto, útil para várias áreas de produtos e mesmos mercados. 5. Decompor e avaliar os recursos componentes da competência. Os fatos nos permitem afirmar que o conceito de competência não é um modismo; ao contrário, tem-se mostrado muito adequado para explicar a realidade vivida pelas empresas na Gestão de Pessoas. Ao mesmo tempo, entretanto, é um conceito em construção. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Existem, também, muitas implicações estratégicas das competências organizacionais, que incluem: fusões e aquisições; alianças estratégicas; downsizing; decisões make versus buy e desinvestimento; resposta a violentas mudanças de mercado; desenvolvimento de capacidade e recursos estratégicos existentes e a construção de novos; entrada em novos mercados e tecnologias; internacionalização; gerenciamento de ativos intangíveis. Tema 3: Competências individuais As competências organizacionais sustentam-se em recursos, entre os quais os mais importantes são as competências das pessoas. Competência individual, segundo a literatura, é um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que um indivíduo mobiliza e aplica, de forma reiterada, dentro de um contexto profissional, agregando valor à organização e a si mesmo. Segundo Fleury e Fleury (2004), existem três tipos de competências: Competência de negócio – diz respeito à interação da empresa com seu ambiente. Exemplo: foco no cliente. Competência técnico-profissional – enfatiza o conhecimento técnico. Exemplo: condução de pesquisa de mercado. Competência social – privilegia a interação com as pessoas. Exemplo: trabalho em equipe. Necessitamos de novas formas de gerir pessoas, e as empresas estão alterando sua forma na gestão, visando atender demandas e pressões provenientes do ambiente externo e interno. As empresas inseridas em CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 contextos mais exigentes estão praticando sistemas de gestão de pessoas que utilizam conceitos de competência. Definir com precisão quais as competências demandadas pela empresa e pela sociedade será um fator essencial para garantir a sustentação de vantagens competitivas e para dar um melhor foco aos investimentos em Educação. Até esse momento, refletimos sob o conceito de competência como potencializadora de resultados empresariais, sobretudo quando alinhado a processos de Gestão de Pessoas. Porém a pergunta que se pode fazer é: Há evidencias de que trabalhar e implementar conceitos e modelos de competências geram resultados? Não é fácil responder essa questão. Do ponto de vista da prática empresarial, empresas que implantaram modelos dessa natureza reportam benefícios qualitativos, como melhoria nas relações de trabalho, maior transparência nas relações entre gestor e gestionado, maior clareza dos funcionários em relação àquilo que a organização espera deles e maior assertividade nas ações de desenvolvimento. Em alguns casos, isso até se manifesta na melhoria de indicadores em pesquisas de clima organizacional, ou seja, mudança organizacional: longevidade para a organização. No vídeo a seguir, o professor vai falar sobre as 10 competências mais admiradas e desejadas pelas organizações. Não deixe de assistir! (Vídeo 8 disponível no AVA) Veja quais são essas 10 competências: Capacitação técnica específica Essa continua sendo a principal e fundamental exigência. Se você não estiver apto a exercer bem a função que pleiteia, dificilmente conseguirá conquistar a vaga. Uma boa formação, cursos adicionais, experiência na função são importantes na hora de competir por uma vaga de trabalho. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Visão global Além de ser bom no que faz, é importante que você compreenda quais os impactos de sua parte sobre o todo. Ter uma visão global ajuda na comunicação em geral, tanto com pares como superiores ou subordinados. Estar bem-informado Vivemos, hoje, na sociedade da informação. Quem é munido de conteúdo sempre sai na frente. Nada melhor do que conversar com alguém que sabe o que está acontecendo sobre a função que exerce. Você deve ser o ponto de referência na empresa quando o assunto estiver relacionado à sua área. Agora, se puder, também, informar-se sobre atualidades, economia, lazer, artes, esportes, internet, negócios, entre outros assuntos, melhor ainda. Você se torna alguém bem mais aberto e com muito mais possibilidade de interagir com outros da companhia. Mas não esqueça: o principal conhecimento que você deve ter é relacionado à sua área de atuação. Facilidade com tecnologia O computador e a internet são, hoje, ferramentas fundamentais de trabalho e comunicação. Quem interage bem com essas tecnologias e tem familiaridade com elas tem uma grande vantagem competitiva. Internet e redes sociais Quem navega bem na internet e utiliza as redes sociais de maneira correta sabe como tudo isso pode ajudar para se informar, encontrar respostas e resolver problemas e, da mesma forma, ganha pontos frente aos demais concorrentes. Idiomas (inclusive um bom português) Num mundo cada vez mais globalizado, ter conhecimento de outro idioma é muito importante, principalmente o inglês. O Brasil ainda é um país que carece de pessoas que tenham domínio sobre outras línguas. Quem tem conhecimento CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 em inglês e espanhol tem ainda mais vantagens. Mas lembre-se: saber bem o nosso português, por mais óbvio que seja, faz muita diferença. Educação continuada Workshops, cursos de curta duração, palestras e pós-graduação, entre outros, sempre será algo valorizado pelas companhias. Mas não aja de modo a apenas colecionar diplomas. Conhecimento é muito valioso, portanto empenhe- se e realmente aproveite as oportunidades para aprender e crescer como pessoa e profissionalmente. Trabalho voluntário Ter experiências como voluntário no currículo mostra que você é um profissional preocupado com valores importantes. Ações como essas não são apenas bem vistas no âmbito profissional, mas amadurecem como ser humano. Elegância e cordialidade Essas qualidades podem ser mostradas em diversos aspectos – na maneira de se vestir, em como falar, nas atitudes. Ser elegante e cordial sempre atrai. Tais características ajudam a conquistar e demonstram maturidade e simpatia. Todos querem estar ao lado de pessoas agradáveis. Bons valores Caráter e valores têm sido mais valorizados pelos recrutadores. Às vezes, são naturais e nascem com a pessoa, são do interior dela, outras vezes são aprendidos em casa, mas também podem ser cultivados por meio da percepção e da valorização correta dessas qualidades. Qualquer que tenha sido a forma de absorvê-los, o importante é ter bons valores. Com eles, você se torna não apenas um bom profissional, mas um ser humano exemplar e de bem com a vida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Contextualizando – resposta Após os estudos desta aula sobre GC e, conectando com o caso Bosch, o que você poderia acrescentar, ou mesmo colocar em dúvida, sobre essa ferramenta? Desenvolver pessoas é, antes de tudo, um exercício do chamado CHA. Para fixar esse conceito, o que significa a sigla CHA? a. Caráter – honestidade – agilidade. b. Conhecimento – habilidades – atitudes. c. Conhecimento – habilidades – alternativas. Resposta correta: B Quando utilizamos a ferramenta Gestão por Competências, estamos, primeiramente, desejando medir quais fatores? a. Resultados – desempenho – competências– fatores críticos para o sucesso. b. Marketing – desempenho – resultados – competência. c. Resultados – desempenho – habilidades – fatores críticos para o sucesso. Resposta correta: A Finalizando Treinamento e competências. O primeiro leva ao segundo. Desenvolver pessoas para extrair o máximo, visando a consecução de metas. Para isso, são determinantes que o conhecimento, as habilidades e as atitudes estejam de acordo com as premissas da empresa. Competência é uma ferramenta muito atual e exigida pelas modernas organizações. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Quais são as competências que você acredita já possuir? Quais são as que você precisa desenvolver? O que está esperando para que isso aconteça? (Vídeo 9 disponível no AVA) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Referências BITTENCOURT, C. Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. Porto Alegre. Bookman, 20004. BORGES-ANDRADE, J. E. Treinamento, Desenvolvimento e Educação em Organizações e Trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2006. DESSLER, G. Administração de Recursos Humanos. 2ª edição. São Paulo: Prentice Hall, 2003. DUTRA, J. S. Competências: conceitos e fundamentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. 1. ed. 8. Reimpr. São Paulo: Atlas, 2010. FERNANDES, B. H. R. Gestão Estratégica de Pessoas com foco em competência. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. LE BOTERF, G. Desenvolvendo a competência dos profissionais. Porto Alegre: Artmed, 2003. GIL, A. C. Gestão de Pessoas: enfoque nos papeis profissionais. São Paulo: Atlas, 2013.
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