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TRABALHO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

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TRABALHO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
QUESTÃO 01 – Existem limites ao poder constituinte derivado reformador? Caso existam, quais são eles? Explique detalhadamente cada um.
R: Sim, existem limites ao poder constituinte derivado reformador, que são estabelecidos para preservar a essência e os princípios fundamentais da Constituição. Vamos detalhar cada um desses limites:
1. Cláusulas Pétreas:
· São dispositivos constitucionais considerados imodificáveis pelo poder constituinte derivado reformador. Essas cláusulas estão previstas no artigo 60, § 4º da Constituição Federal brasileira e englobam os direitos e garantias individuais, a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos Poderes e os direitos e garantias fundamentais do cidadão. Qualquer tentativa de alteração dessas cláusulas é considerada inconstitucional.
2. Respeito aos Princípios Fundamentais:
· O poder constituinte derivado reformador não pode alterar os princípios fundamentais que estruturam o Estado, tais como a democracia, a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana, entre outros. Qualquer modificação que viole esses princípios pode ser considerada inconstitucional.
3. Garantia dos Direitos e Garantias Individuais:
· Os direitos e garantias individuais assegurados pela Constituição não podem ser suprimidos ou diminuídos por emendas constitucionais. Qualquer tentativa nesse sentido também seria considerada inconstitucional.
4. Limitações Materiais Expressas:
· Além das cláusulas pétreas, a própria Constituição pode estabelecer limitações materiais ao poder de reforma, indicando matérias que não podem ser objeto de emenda, mesmo que não sejam consideradas cláusulas pétreas. Um exemplo é o artigo 60, § 5º da Constituição Federal brasileira, que veda a proposição de emendas constitucionais durante a vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio.
Portanto, esses são os principais limites ao poder constituinte derivado reformador, que visam preservar a estabilidade e a integridade da ordem constitucional.
QUESTÃO 02 – Tem-se como exemplo de norma programática aquela segundo a qual é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. (“Art. 5, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”).   Tal afirmativa está correta? Explique.
R: A afirmativa está correta. A norma expressa no Artigo 5º, XIII da Constituição Federal brasileira é um exemplo de norma programática. Normas programáticas são disposições constitucionais que estabelecem diretrizes ou objetivos a serem alcançados pelo Estado ao longo do tempo, sem criar obrigações imediatas e diretamente aplicáveis aos cidadãos.
Nesse caso, a norma estabelece que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações profissionais estabelecidas pela lei. Isso significa que o Estado se compromete a promover a liberdade de trabalho, mas delega ao legislador a responsabilidade de regulamentar as condições e qualificações necessárias para o exercício dessas atividades.
Portanto, a norma programática do Artigo 5º, XIII indica uma diretriz a ser seguida pelo Estado, mas sua efetivação depende da atuação do legislador ordinário para estabelecer as qualificações profissionais necessárias.
QUESTÃO 03 – A norma constitucional que garante ao servidor público o direito à greve é classificada como norma de eficácia plena (“Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.”). Tal afirmativa está correta? Explique.
R: A afirmativa está incorreta. A norma constitucional que garante ao servidor público o direito à greve não é classificada como norma de eficácia plena. Na verdade, ela é considerada uma norma de eficácia limitada, que depende da edição de uma lei específica para regulamentar o exercício desse direito.
O Artigo 37, VII da Constituição Federal brasileira reconhece o direito de greve dos servidores públicos, mas condiciona sua aplicação aos termos e limites definidos em lei específica. Isso significa que, embora a Constituição reconheça o direito, sua efetivação e regulamentação dependem da atuação do legislador ordinário para estabelecer as condições e procedimentos para o exercício desse direito.
Portanto, a norma constitucional sobre o direito de greve dos servidores públicos é considerada uma norma de eficácia limitada, que depende da edição de uma lei específica para sua plena aplicação.
QUESTÃO 04 – Uma lei infraconstitucional elaborada na ordem constitucional anterior pode ser objeto de controle de constitucionalidade por ação direta de inconstitucionalidade genérica face a nova Constituição? Explique detalhadamente.
R: Sim, uma lei infraconstitucional elaborada na ordem constitucional anterior pode ser objeto de controle de constitucionalidade por ação direta de inconstitucionalidade genérica face à nova Constituição. Isso porque a Constituição é a lei suprema do país e possui eficácia imediata e plena, revogando automaticamente todas as disposições que lhe são contrárias.
Portanto, se uma lei infraconstitucional elaborada em uma ordem constitucional anterior for considerada incompatível com a nova Constituição, ela poderá ser questionada por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade perante o Poder Judiciário, que poderá declará-la inconstitucional e, consequentemente, afastar sua aplicação.
Essa possibilidade é fundamental para assegurar a supremacia da Constituição e a conformidade do ordenamento jurídico como um todo aos seus princípios e diretrizes.
QUESTÃO 05 – Explique todos os conceitos (concepções) de constituição abordados em aula.
R: Existem várias concepções de Constituição, que refletem diferentes abordagens teóricas e históricas sobre o papel e a natureza desse documento fundamental. As principais concepções são:
Constituição Formal:
· Refere-se ao texto escrito que contém as normas fundamentais e os princípios de organização do Estado. É o documento jurídico que estabelece a estrutura do poder político e os direitos fundamentais dos cidadãos.
Constituição Material:
· Vai além do texto constitucional e engloba os valores, princípios e instituições que realmente orientam e estruturam o funcionamento do Estado. Inclui aspectos como a cultura política, os costumes, as tradições e as práticas institucionais.
Constituição Sociológica:
· Considera a Constituição como o reflexo das relações de poder e dos interesses sociais dominantes em determinado momento histórico. Enfatiza o papel das forças sociais na elaboração e interpretação das normas constitucionais.
Constituição Política:
· Destaca o caráter político da Constituição, enfatizando seu papel na organização e distribuição do poder político na sociedade. Engloba aspectos como a estruturação dos órgãos de governo, os sistemas de representação política e os mecanismos de participação democrática.
QUESTÂO 06 – O que é mutação constitucional? Explique detalhadamente.
R: É uma mudança informal do texto constitucional decorrente de um poder de fato, também chamado de poder constitucional difuso presente em toda a sociedade, dando maior sentido e maior amplitude para os textos constitucionais, ou seja, é um poder permanente, informal e que aparece em geral quando existe um vácuo legislativo, que é quando o legislador não atende completamente aos interesses de uma sociedade. 
Sendo assim, entende-se que, são atribuídos novos sentidos ao texto constitucional, mediante atividade interpretativa, mas sem alteração do seu conteúdo. 
Exemplo: No art. 226 CF fala sobre o conceito de família, que indicava a existência de um casal formado por um homem e uma mulher, através da mutação constitucional, O STF que ao verificar a questão do casamento de pessoas homoafetivas, permitiu uma nova interpretação deste conceito de que a família hoje é formada por um casal, seja ele composto, por um homem e umamulher, mulher e mulher ou homem e homem. Ou seja, altera o sentido, mas não altera o texto. 
 
Questão 07 – Explique controle difuso de constitucionalidade (via de defesa, via de exceção) e o controle concentrado (via de ação, abstrato) apontando suas principais características.
* O controle difuso é modalidade de controle repressivo que pode ser exercido por todos os juízes e tribunais. Todos os juízes e tribunais estão autorizados a analisar a compatibilidade das leis e atos normativos de todos os entes da federação com a Constituição Federal.
Tal verificação não constitui objeto principal da lide, é na verdade questão incidente que é indispensável ao julgamento de mérito. 
Logo, a declaração da inconstitucionalidade é indispensável para a solução do caso concreto.
A verificação da constitucionalidade é questão prejudicial ao mérito, ou seja, deverá ser decidida antes do magistrado decidir o objeto principal da ação.
* O controle difuso não acarreta a anulação da norma impugnada, sendo o efeito da decisão restrito as partes litigantes no processo em que a questão surgiu.
A finalidade do controle difuso é a decisão incidental da inconstitucionalidade da norma com a finalidade de afastar sua incidência em um caso concreto, sendo realizado, por isso, via defesa ou exceção.
Para a produção de efeitos para terceiros observar o exposto no art. 52, X da CF/88:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; 
O Senado está vinculado a decisão do STF?
Com a resolução do Senado suspendendo a execução da lei, qual o efeito da decisão?
Questão 08 – Considere que seja ajuizada perante o STF ADI cujo objeto seja a declaração de inconstitucionalidade de norma municipal por ofensa a dispositivos constitucionais. Nessa situação, estando presentes todos os requisitos de admissibilidade da ADI, poderá o tribunal conhecer do pedido como ação direta? Explique e fundamente sua resposta.
* Caso seja declarada a constitucionalidade da norma, a ADI foi julgada improcedente. Por tal razão, entende-se que a ADI é uma ação de natureza dúplice.
Art. 24 da Lei 9868/99: “Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.”
A decisão é irrecorrível, podendo-se apenas impor-se embargos de declaração. Não sendo possível também ser objeto de ação rescisória.
Art. 26 da Lei 9868/99: “A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.”
Questão 09 – Caso seja declarada inconstitucional uma lei pelo STF pelo controle difuso quais são os efeitos desta decisão? Qual a providência a ser adotada pela corte? O Senado está obrigado a acatar a decisão do STF? Explique.
* Quando for declarada a constitucionalidade da lei ou ato normativo o efeito será ex tunc. 
Quando for declarada a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo, o efeito, em regra, será ex tunc. Contudo, em razão da segurança jurídica ou excepcional interesse social, poderá o STF por maioria de dois terços de seus membros decidir que só tenha eficácia a partir do trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser estabelecido pela corte.
Questão10 - Explique o que é modulação dos efeitos da decisão pelo Supremo Tribunal Federal e quais são os requisitos que devem ser observados.
R: O Supremo Tribunal Federal proferiu, em várias oportunidades, decisões com modulações de seus efeitos com o intuito de dar interpretação conforme a constituição a certos dispositivos normativos. 
Ou seja, a modulação dos efeitos nada mais é do que o trabalhar no tempo os efeitos da retroatividade de uma decisão em controle de constitucionalidade.
* Quando o STF declara em controle difuso que uma norma é inconstitucional, em regra essa decisão terá efeitos ex tunc para as partes.
Porém, algumas vezes o STF aplica o artigo 27 da lei 9868/99 que possibilita a modulação dos efeitos da decisão.
Tal modulação permite que o STF ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo no julgamento de um caso concreto, que só afetará as partes, em razão da segurança jurídica ou excepcional interesse social; por maioria de dois terços dos seus ministros, restrinja os efeitos da declaração ou decida que esta só tenha eficácia a partir de um determinado momento a ser definido pelo tribunal.

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