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Const III - Análise de Julgados

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
AUGUSTO DO NASCIMENTO VARGAS
TURMA 179
ANÁLISE DE JULGADOS
COMENTÁRIO CRÍTICO DE JULGADOS
DIREITO CONSTITUCIONAL III
PROF. MARCIA ANDREA BUHRING
SUMÁRIO
1. Análise Habeas Corpus ....................................................................... 3
2. Análise Habeas Data ............................................................................ 6 
3. Análise Ação Civil Pública ................................................................. 9
4. Análise Ação de Inconstitucionalidade ........................................... 11 
5. Análise Mandado de Segurança ....................................................... 14
1ª Análise de Julgados – Habeas Corpus
HABEAS CORPUS Nº 568.752 - RJ (2020/0074637-6) 
RELATOR :MINISTRO NEFI CORDEIRO 
IMPETRANT E :DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
ADVOGADOS :EMANUEL QUEIROZ RANGEL DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
IMPETRADO :TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
PACIENTE :PESSOAS IDOSAS PRIVADAS DE LIBERDADE PROVISORIAMENTE NAS UNIDADES PRISIONAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (PRESO) 
INTERES. :MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
O pedido de Habeas Corpus coletivo foi impetrado pela Defensoria Pública do RJ, tendo como precedente o caso em que a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal concedeu a libertação de mulheres grávidas e mães de criança de até 12 anos presas provisoriamente, em fevereiro de 2018. A alegação era de que os idosos encarcerados provisoriamente constituem grupo hipervulnerável diante da pandemia do novo coronavírus. 
O pedido, inicialmente, foi parcialmente concedido pelo desembargador Alcides da Fonseca Neto, durante plantão. Ele colocou limite de dez dias para que o Judiciário analisasse os casos dos presos provisórios nessa situação. Se o prazo não fosse cumprido, determinava a soltura imediata diante da omissão constatada. 
Entretanto, posteriormente, a liminar foi derrubada pelo presidente do TJ-RJ, desembargador Claudio de Mello Tavares, atendendo a pedido do Ministério Público, o qual afirmou que “a soltura em massa de pessoas presas a despeito da faixa etária, sem fundamentos específicos e concretos, na ausência de ilegalidade no decreto prisional, representa patente lesão à segurança pública”. Outrossim, afirmou que a decisão era impossível de ser cumprida porque, justamente por conta do coronavírus, fóruns e varas estavam fechados ou com funcionamento reduzido. E, para seu cumprimento, todos os juízes e serventuários do estado teriam de se dirigir fisicamente às mesmas, uma vez que casos criminais ainda tramitavam em papel físico, o que vai na contramão dos esforços humanitários de combate à pandemia.
Ao STJ, a Defensoria reconheceu as limitações de pessoal impostas pelo fechamento dos fóruns e varas e pelas medidas de isolamento social. E afirmou que, justamente por isso, o Habeas Corpus coletivo é medida cabível. "A urgência hoje não pode mais ser enxergada pelo prisma ordinário, da segurança pública", afirmou, no pedido. Ademais, a Defensoria reforçou o pedido de revogação das prisões preventivas e temporárias ou de concessão de prisão domiciliar às pessoas com mais de 60 anos, pedindo para reestabelecer a liminar derrubada pelo TJ-RJ, levando em consideração a pandemia no novo coronavírus no estado e a Recomendação 62 do Conselho Nacional de Justiça, que trata da diminuição do fluxo de ingresso no sistema prisional. Deta vez, com prazo ainda menor, de cinco dias para análise individualizada da situação dos presos que se enquadrem na situação relatada. 
Na decisão do STJ, o Relator Ministro Nefi Cordeiro, a fim de restaurar a via procedimental adequada da proteção à liberdade, deferiu liminarmente o habeas corpus para anular a decisão de suspensão proferida pela Presidência TJ-RJ, uma vez que fora verificado flagrante incompetência e ilegalidade no uso da suspensão de segurança para cassação de liminar de "habeas corpus" da mesma Corte, a pedido do Ministério Público.
Fica claro a correta decisão do STJ ao deferir liminarmente o Habeas Corpus, uma vez que a atual condição do sistima penitenciário fluminense encontra-se em pleno desleixo, no que diz respeito à superlotação carcerária e a falta de higiêne básica, o que, inclusive, já foi requisitado pelo Direitos Humanos Internacional, manuntenção no sistema prisional brasileiro, que, ainda, resta ignorado pela autoridade brasileira competente.
Assim sustentou a Defensoria, “a manutenção no sistema penitenciário fluminense de pessoas maiores de 60 anos presas provisoriamente no atual contexto de pandemia da Covid-19, sem que possa ser-lhes garantidas condições mínimas de higiene e salubridade, implica frontal violação da Constituição da República e do Estatuto do Idoso – Lei 10.741/2003 –, que lhes assegura a propriedade nos direitos à vida e à saúde, mormente pela hipervulnerabilidade de respectivas pessoas, com especial prioridade às maiores de 80 anos”.
Neste mesmo sentido, a decisão se deu correta pelo fato de não aplicar a suspensão de segurança em matéria criminal, notadamente no "habeas corpus", como fez o Ministério Público. 
Sum. 604/STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público.
Ante o exposto, é notório perceber que a justiça fora feita, levando-se em conta que os idosos são alvos fáceis do novo coronavírus. E, muito embora esse conjunto específico de pessoas tenham praticado atos ilícitos, precisa-se resguardar o bem jurídico mais importante, a vida.
2ª Análise de Julgados – Habeas Data
HABEAS DATA Nº 147 - DF (2006/0224991-0)
RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA
IMPETRANTE: OLGA BASTOS SERRA
ADVOGADO: CHUCRE SUAID E OUTRO
IMPETRADO: MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA
CONSTITUCIONAL. HABEAS DATA. VIÚVA DE MILITAR DA AERONÁUTICA. ACESSO A DOCUMENTOS FUNCIONAIS. ILEGITIMIDADE PASSIVA E ATIVA. NÃO-OCORRÊNCIA. OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO CARATERIZADA. ORDEM CONCEDIDA.
	Trata-se de habeas data impetrado por Olga Bastos Serra, com fundamento no art. 105, I, "b", da Constituição Federal, em desfavor do MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA.
De acordo com o processo, em setembro de 2005, a viúva solicitou ao Ministério da Defesa cópia de todos os registros e documentos sobre a vida funcional do marido, em especial os relacionados ao curso feito na Escola de Sargentos Aviadores da Aeronáutica. À espera da documentação há mais de um ano, a viúva decidiu entrar com Habeas Data contra o ministro de Defesa para que a autoridade concedesse as informações.
O ministro da Defesa contestou a ação. Alegou não ser parte legítima para responder ao processo. Sustentou também que Olga Serra não era parte legítima para propor a ação, porque o direito protegido pelo Habeas Data é personalíssimo, ou seja, só pode ser solicitado pelo titular das informações.
O ministro da Defesa argumentou, ainda, que a demora no fornecimento dos dados ocorreu em virtude da antiguidade dos registros, de difícil transcrição, “cujas cópias reprográficas eram praticamente ilegíveis”. Segundo o dirigente, assim que disponibilizados os documentos pela Subdivisão de Pessoal, eles seriam encaminhados à Consultoria Jurídica Adjunta do Comando da Aeronáutica.
Arnaldo Esteves Lima acolheu o pedido de Olga Serra e determinou que o ministro da Defesa forneça os dados solicitados no prazo de 30 dias. Para o relator, a viúva é parte legítima para propor a ação. Segundo o ministro, apesar de o pedido não se referir a informações sobre a própria autora do processo, mas de marido, “deve a ordem ser concedida, uma vez que lhe negar tal direito importaria ofender o próprio escopo da norma constitucional, cujo conhecimento poderá refletir no patrimônio moral e financeiro da família do falecido”.
Além disso – salientou o ministro –, "verifica-se que a demora da autoridade impetrada em atender o pedido formulado administrativamente pela impetrante – mais de um ano – não pode ser considerado razoável, aindamais considerando-se a idade avançada da impetrante – 82 anos".
O relator destacou trecho do parecer do MPF no mesmo sentido de seu entendimento. "Embora inexista recusa no fornecimento dos documentos e a demora seja, inicialmente escusável, o longo tempo já decorrido justifica o deferimento do habeas data para, nos termos do artigo 13 da Lei 9.507/97, ser determinado prazo para que a autoridade [ministro da Defesa] forneça as cópias solicitadas".
Arnaldo Esteves Lima enfatizou, ainda, a legitimidade do ministro da Defesa para responder ao processo em questão. "O impetrado ao receber o pedido da impetrante e encaminhá-lo ao Comando da Aeronáutica, por meio do ofício nº 10.020, assumiu a obrigação de responder ao pleito, razão pela qual se tornou parte legítima para figurar no polo passivo da demanda, em face da teoria da encampação" (aplica-se ao habeas data, quando o impetrado é autoridade hierarquicamente superior aos responsáveis pelas informações pessoais referentes ao impetrante e, além disso, responde na via administrativa ao pedido de acesso aos documentos).
O Habeas Data é um tipo de ação prevista na Constituição Federal de 1988, para que seja reconhecido o direito da pessoa interessada em acessar registros sobre ela existentes, retificar informações incorretas e complementar dados. Para o relator, ministro Arnaldo Esteves de Lima, o cônjuge é parte legítima para propor este tipo de processo caso haja recusa ou demora do órgão detentor dos registros em conceder os documentos solicitados.
Vejamos os fundamentos usados pelo ministro:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Ante o exposto, ficou claro a justa decisão do ministro quando este concedeu o pedido a Olga Serra, viúva de um militar, para que o Ministério da Defesa encaminhasse as informações funcionais do falecido no prazo de 30 dias. Além do mais, Olga Serra teria 82 anos de idade.
3ª Análise de Julgados – Ação Civil Pública
ACP nº 70082871724 – Primeira Vice-Presidência – Canoas
Relator(a): Maria Isabel de Azevedo Souza.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE. CONSTRUÇÃO EM ÁREA NON EDIFICANDI AO LONGO DE DUTOVIAS – OLEODUTO. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. SÚMULA 83 DO STJ. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SEDE IMPRÓPRIA. RECURSO NÃO ADMITIDO.(Recurso Especial, Nº 70082871724, Primeira Vice-Presidência, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Isabel de Azevedo Souza, Julgado em: 07-11-2019).
A Petrobrás Transporte S/A – Transpetro, interpõe recurso especial contra o acórdão da Terceira Câmara Cível deste Tribunal de Justiça que julgou o Agravo de Instrumento 70081446247. Aduz, que o acórdão recorrido negou vigência aos artigos 373 do Código de Processo Civil, 5º, incisos LIV e LV, e 170 da Constituição da República, porquanto inviável e inversão do “O ônus da prova, tendo em vista que o Recorrido não pode ser considerado hipossuficiente”. Afirma que a decisão destoou da jurisprudência. Relatados, modo sucinto.
A Lei da Ação Civil Pública tem notável significância jurídica na evolução legislativa da tutela dos direitos difusos e coletivos (em sentido amplo),  limitada a oferecer pareceres em ações populares ou, ainda, oferecendo ações de ressarcimento.
Embora, tais fatos expostos, o STF já decidiu que, o princípio da precaução, pressupõe a inversão do ônus probatório, transferindo para a concessionária o encargo de provar que sua conduta não ensejou riscos ao meio ambiente. 
Na espécie, a Câmara Julgadora assentou que “justamente em decorrência de a responsabilidade civil ser objetiva, fundada na teoria do risco integral, é que a Colenda Corte Superior pacificou entendimento no sentido de ser viável a determinação da inversão do ônus probatório”, ou seja, a responsabilidade civil por danos ambientais é objetiva, ou seja, para apuração do ilícito basta a prova do fato e do nexo de causalidade, tendo em vista que “A ratio do dispositivo está em que a ofensa ao meio ambiente pode ser bifronte atingindo as diversas unidades da federação. 
O poluidor (responsável direto ou indireto), por seu turno, com base na mesma legislação, sem obstar a aplicação das penalidades administrativas é obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.
Tendo em vista, que o acordão está de acordo com os aludidos precedentes, o que atrai incidência da Súmula 83 do STJ, segundo a qual:
 "Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida".
		A não admissão de tal recurso é incabível, diante de tais pressupostos acima, o qual deveria provar a verificação do dano e a prova do nexo causal entre este e a conduta do agente para verificação de tal responsabilidade civil. Assim, concordo com a julgadora.
4ª Análise de Julgados – Ação de Incostitucionalidade
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MUNICÍPIO DE VACARIA. LEI MUNICIPAL Nº 4.446/2019. INICIATIVA DO PODER LEGISLATIVO. DETERMINA A INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTO ELIMINADOR DE AR NA TUBULAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA. AQUISIÇÃO E INSTALAÇÃO A SER CUSTEADA PELA CORSAN. INCONSTICIONALIDADE POR VÍCIO DE ORIGEM. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DO CONTRATO FIRMADO ENTRE O MUNICÍPIO E A CORSAN. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL. PRECEDENTES. 1. Hipótese em que lei de iniciativa parlamentar cria nova obrigação – instalação de equipamentos eliminadores de ar na tubulação de abastecimento de água do município - a ser a cumprida e custeada pela CORSAN, interferindo na prestação dos serviços, sem observar os termos do contrato celebrado entre o Município e a empresa estatal. 2. A lei impugnada versa sobre matéria eminentemente administrativa e interfere no funcionamento da administração municipal, motivo pelo qual a iniciativa para deflagrar processo legislativo acerca dessa temática compete ao Prefeito, nos termos do 8º, caput, 10, 60, inciso II, alínea “d”, 82, incisos III e VII, todos da Constituição Estadual. 3. Outrossim, a norma acaba por gerar um aumento nos custos da prestação dos serviços a ser suportado pela empresa estatal, repercutindo, assim, no equilíbrio-financeiro do contrato celebrado, sem previsão de qualquer fonte de custeio, circunstância que implica violação do art. 163, § 4º, da Constituição Estadual. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE. UNÂNIME(Direta de Inconstitucionalidade, Nº 70082473737, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Angela Terezinha de Oliveira Brito, Julgado em: 11-11-2019). Grifei, por mero esclarecimento.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Prefeito Municipal de Vacaria objetivando a retirada do ordenamento jurídico da Lei Municipal nº 4.446/2019, do Município de Vacaria, que dispõe a instalação de equipamento eliminar de ar na tubulação de abastecimento de água do Município de Vacaria. 
Narrou, em síntese, que a lei impugnada, apesar de tratar de matéria de competência do Poder Executivo, teve origem no Legislativo, sendo, portanto, formalmente inconstitucional, por vício de iniciativa. Referiu que o Município tem um contrato de programa firmado com a CORSAN, com vigência até 2035, tendo como objeto, entre outros, a prestação do serviço de abastecimento de água e o tratamento do esgoto sanitário em caráter exclusivo. Sustentou que, a criação de ônus ou obrigações às partes deve ser avaliadacom base nos termos do referido contrato, especialmente no que se refere a medidas que impliquem despesas. Afirmou que a lei questionada impõe à CORSAN a instalação de equipamento eliminador de ar nos hidrômetros, atribuindo à empresa estatal a responsabilidade pelas despesas decorrentes. Alega que tal imposição acarretará despesas ao Município, uma vez que será necessário manter o equilíbrio econômico e financeiro do contrato. Relatados, modo sucinto.
Verifica-se que, a lei determina à CORSAN, eis que é responsável pela prestação dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto sanitário do Município de Vacaria, a instalação de equipamentos eliminadores de ar na tubulação de abastecimento de água. Outrossim, estabelece que os custos da aquisição do equipamento e de sua instalação ficarão às expensas da empresa estatal. Além disso, prevê prazo para a instalação e penalidade em caso de descumprimento. 
As obrigações da CORSAN estão dispostas no contrato celebrado com o Município, o qual certamente foi elaborado em harmonia com as diretrizes da política pública de saneamento básico do município. Sendo assim, não poderia, então, o Legislativo fixar nova determinação a ser cumprida e custeada pela companhia, interferindo no contrato e, assim, no funcionamento e administração municipal. 
A apresentação do projeto de lei versando sobre tal temática, sem a menor dúvida, compete ao chefe do Poder Executivo, a quem incumbe a administrar o ente político.
 Ainda, observa-se que, além de ter havido usurpação da iniciativa do Chefe do Poder Executivo para apresentar projeto de lei que disponha sobre matéria administrativa, a norma legal daí resultante gera um aumento nos custos da prestação dos serviços a ser suportado incialmente pela empresa estatal, repercutindo, assim, no equilíbrio-financeiro do contrato celebrado entre o ente municipal e a CORSAN, sem previsão de qualquer fonte de custeio. Tal interferência no equilíbrio econômico-financeiro do contrato, viola o previsto no art. 163, § 4º, da Constituição do Estado:
Art. 163. Incumbe ao Estado a prestação de serviços públicos, diretamente ou, através de licitação, sob regime de concessão ou permissão, devendo garantir-lhes a qualidade.
(...)
§ 4.º Será assegurado o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão e permissão, vedada a estipulação de quaisquer benefícios tarifários a uma classe ou coletividade de usuários, sem a correspondente e imediata readequação do valor das tarifas, resultante da repercussão financeira dos benefícios concedidos.
 
Nesse sentido, destaca-se que, em casos semelhantes, o Tribunal, tem decidido pela inconstitucionalidade formal e material da norma municipal. A norma impugnada, portanto, é formal e materialmente inconstitucional, por afrontar os artigos 8º, caput, 10, 60, inciso II, ‘d’, 82, incisos III e VII, 163, § 4º, todos da Constituição do Estado. Demonstrado assim, a inconstitucionalidade da Lei Municipal de Vacaria n
º 4.446/2019.
5ª Análise de Julgados – Mandado de Segurança
MANDADO DE SEGURANÇA 32.033 DISTRITO FEDERAL
CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DE PROJETO DE LEI. INVIABILIDADE. 1. Não se admite, no sistema brasileiro, o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei (controle preventivo de normas em curso de formação). O que a jurisprudência do STF tem admitido, como exceção, é “a legitimidade do parlamentar - e somente do... 2. Sendo inadmissível o controle preventivo da constitucionalidade material das normas em curso de formação, não cabe atribuir a parlamentar, a quem a Constituição nega habilitação para provocar o controle abstrato repressivo, a prerrogativa, sob todos... 3. A prematura intervenção do Judiciário em domínio jurídico e político de formação dos atos normativos em curso no Parlamento, além de universalizar um sistema de controle preventivo não admitido pela Constituição, subtrairia dos outros Poderes da República, sem justificação plausível, a prerrogativa constitucional... 4. Mandado de segurança indeferido.
O Mandado de Segurança 32.033/DF teve cunho preventivo com pedido de liminar, tendo como relator o Ministro Gil mar Mendes, como impetrante o Senador Rodrigo Sobral Rollemberg e como impetrados os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
O presidente da Câmara, por ter submetido o Projeto de Lei no 4.470/2012 à votação, e o presidente do Senado, pela possibilidade de incluir o projeto de lei (aqui como PLC 14/2013) na pauta de deliberações. Alega o impetrante que o referido projeto de lei, de autoria do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), seria inconstitucional ao dispor que “a migração partidária que ocorrer durante a legislatura não importará na transferência dos recursos do fundo partidário e do horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão”.
Rodrigo Rollemberg sustenta, também, que o PL 4.470/2020, ao impedir que a transferência proporcional dos recursos partidários e midiáticos acompanhe os parlamentares que migraram para novos partidos, teve cunho arbitrário e casuístico, ferindo o processo legislativo e obstaculizando a formação de novos partidos por minorias parlamentares. O objetivo direto seria prejudicar as agremiações partidárias então em vias de criação, além de dificultar a fusão do PPS com o PMN, partidos de oposição ao governo. Assevera, ainda, que a proposta contraria decisão então recentemente tomada pelo STF no julgamento da ADI 4.430/DF, a qual definiu o direito fundamental de liberdade de criação e transformação de partidos, que se correlaciona com o princípio de pluralismo político.
Para não me estender muito relacionado ao MD, farei algumas conclusões demonstrando meu posicionamento. A tensão entre os poderes é própria dos regimes democráticos, especialmente nos dias atuais, em que a sociedade adquiriu características masi complexas e o Estado teve de assumir novas resposabilidades, principalmente no campo dos direitos sociais. Relacionado ao meu entendimento sobre o Controle de Constitucionalidade, um dos aspectos mais controversos do relacionamento entre Legislativo e Judiciário diz respeito ao controle da constitucionalidade. Enquanto uma corrente defende maior ativismo por parte do Judiciário, por considerar que esse poder tem o preparo técnico e imparcialidade para realizar esse controle, outros estudiosos defendem menos interferência do STF e mais liberdade ao Legislativo, sendo que há quem proponha que a palavra final seja deste poder, o qual, pelo menos em tese, representa a vontade majoritária da população.
Tendo em vista esse dilema, indagou-se se o controle de constitucionalidade deveria, de fato, ser mecanismo de posse do Judiciário e náo do Legislativo. Alguns autores alertam para o défcite democrático do Judiciário, o que tornaria incapaz de dar a palavra final sobre a constitucionalidade de determinada lei. A limitação da atividade interpretativa do Judiciário pelos padrões hemenêuticos poderia contribuir para uma tomada de decisão mais imparcial e menos criativa, contudo, é impossível circunscrever esse procedimento por completo, principalmente quando se verifica o caráter abstrato das normas constitucionais.
Ante o exposto, percebe-se um verdadeiro diálogo institucional entre o Legislativo e Judiciário no caso analisado. Através dos mecanismos de autocontenção do poder judiciário e da não vinculação da atividade legislativa por decisão de inconstitucionalidade do STF, foi possível que a opinião do Poder Legislativo superasse a decisão da Corte. Contudo, reafirma-se a necessidade de que qualquer reforma no Poder Judiciário que altere a atual disposição do controle de constitucionalidade venha acompanhada de uma adequada reforma política, que torne o Legislativo mais representativo dos interesses da sociedade.
	
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