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Trabalho de Psicologia e Educação I_1S2018

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Trabalho de Psicologia e Educação I
Alunas: Julia Praxedes (170878)
 Victoria Soares (213318)
1) Apresente os quatro modelos de família europeia propostos pelos estudos de Mark Poster: a) família aristocrata e família camponesa dos séculos XVI e XVII e b) família proletária e família burguesa dos séculos XVIII e XIX.
Família aristocrata, tinha sua riqueza assentada em favores do monarca e no controle da terra, que era patrimônio a ser conservado e não investido. Sua unidade de habitação era o castelo, que abrigava, além da família, parentes, dependentes, criados e clientes. A linhagem era determinante das relações de parentesco e sua preservação revestia-se de capital importância; por isso, o casamento era antes de tudo um ato político, do qual dependia a manutenção das propriedades familiares. As condições sanitárias eram precárias e as relações entre os membros eram hierarquizadas. O trabalho masculino restringia-se á guerra, e as funções da mulher eram relativas à organização social do castelo. A criação dos filhos não era atribuição das mães. Como consequência a identificação das crianças não privilegiava as figuras parentais como seus objetos, mas valorizava a linha da família. O seu aprendizado era dirigido para obediência e hierarquia social e nesse sentido o castigo físico era o instrumento comumente utilizado.
A família aristocrata não atribuía valor algum à privacidade, domesticidade, cuidados maternos ou relações intimas entre pais e filhos.
A família camponesa, apesar da família nuclear ser a unidade mais comum, este não era o grupo social mais significativo para seus membros. Era a aldeia que todos estavam integrados por sólidos laços de dependência da tradição: os casamentos, assim como os enterros, davam origem a rituais que envolviam a aldeia toda. A família não era um espaço privado ou privilegiado e os laços emocionais se estendiam para fora dela. 
As crianças aprendiam a depender da comunidade e não dos pais, já na infância aprendiam a obedecer às normas sociais, inclusive com punições físicas. A mãe competia a criação dos filhos, de forma integrada às relações comunitárias. As crianças não ocupavam o centro da vida conjugal, as mulheres tinham que trabalhar no campo, não amamentavam de forma emocional, havia pouca preocupação com os hábitos de higiene e atividades sexuais e o enfaixamento era comum; não valorizava a domesticidade e a privacidade.
A família proletária atravessa três fases distintas ao longo de sua existência. Na primeira fase ela se caracteriza pela vida comunitária e pelo apoio mútuo entre seus membros. As crianças conviviam informalmente num amplo segmento de relações. Na fase seguinte, na segunda metade do Séc. XIX há uma melhoria na profissionalização do operário e nas condições de vida da família proletária. Começa haver diferenciação entre os papéis sexuais: as mulheres passam mais em casa cuidando dos filhos e os homens mais tempo trabalhando na fábrica. A terceira fase, já no Séc. XX se caracteriza pela mudança da família para os subúrbios, pelo incremento da vida privada e mais preocupação com a educação e com o futuro dos filhos. Simultaneamente a família proletária acentuou a autoridade paterna e o conservadorismo.
A família burguesa se estruturou no período entre o final do Séc. XVIII e inicio do Séc. XIX. Era constituída pela nova classe dominante cujos padrões de relacionamento familiar e social se diferenciavam claramente dos modelos vigentes. Fechada em si mesma mantinha uma nítida separação entre o mundo do trabalho e o mundo familiar, entre o público e o privado. Os papéis sexuais eram rigorosamente definidos. O homem era o provedor, autoridades dominantes, livres e autônomas. A mulher era responsável pela casa, pela educação dos filhos. Emotiva e servil ao marido. Era intolerável a sexualidade feminina fora do casamento. O prazer sexual era secundário, pois a atividade sexual feminina se limitava à necessidade de procriação. Na família burguesa havia uma dissociação entre sexualidade e afetividade: as mulheres eram seres angelicais superiores as demandas animalescas do sexo que os homens buscavam fora do casamento. À mulher era dado o compromisso com o futuro dos filhos. A gestação, o desenvolvimento infantil, os “modos”, a saúde e as doenças dos filhos eram responsabilidade da mulher. A repressão à sexualidade infantil foi implacável na família burguesa. As manifestações de erotismo na infância eram severamente punidas pelos pais e condenadas pela medicina. A chantagem afetiva era freqüentemente feita pelos pais em relação à sexualidade e ao corpo da criança. Estas práticas levavam as crianças a viver situações conflitivas em relação a si – corpo, sexualidade – e ambivalentes em relação aos pais – amor, ódio. A educação dos filhos e sua preparação profissional eram prioritárias no casamento burguês. O filho homem haveria de ser autônomo, autodisciplinado, capaz profissionalmente e com idoneidade moral. Para a mulher a preparação profissional, o diploma, era mais uma questão de status a ser usado apenas em situações de emergência. A prioridade, quase obsessiva, com a educação dos filhos, revela um sentimento de perda experimentado pelos pais, principalmente o pai, nas suas impossibilidades de formação. Isto se torna visível em relação ao diploma universitário. Os pais que contraíram posses e por alguma razão não se diplomaram, se empenham para que os filhos obtenham a formação universitária que será para a família um símbolo de reconhecimento social.
2) Comente a concepção de Romanelli: A forma de organização da família revela o modo como ela conduz a socialização dos filhos, transmitindo-lhes valores e modelos de conduta, orientando-os na vida privada e pública.
R: De acordo com Romanelli a forma de organização da família é um elemento relevante no modo como ela conduz o processo de socialização dos imaturos, orientando sobre os valores, normas e modelos de conduta no sentido de tornarem-se sujeitos de direitos e deveres no universo doméstico e no domínio público que no Estatuto da Criança e do Adolescente a família, a criança e o adolescente ganham centralidade em dois artigos da CF: art. 226 a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado e art. 227 que estabelece: é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
3) A partir dos documentários Acorda Raimundo e Maioria Oprimida apresente uma reflexão no que tange as hierarquias de idade e sexo e as relações de poder na família.
R: Em ambos os documentários são retratados, sobre uma perspectiva diferente, o cotidiano de uma mulher. No documentário Acorda Raimundo, mostra uma inversão de papeis, ou seja, Marta seria o homem e Raimundo seria a mulher, então desde o começo mostra como seria a divisão do trabalho na casa dessa família, o homem acorda mais cedo, e tem a obrigação de acordar a mulher, para ir trabalhar, passar a roupa da esposa, preparar o café, cuidar dos filhos, além de aguentar as violências verbais e físicas que sofre dentro da própria casa, enquanto a mulher é quem sustenta a família, sai de casa para beber e volta tarde, e aproveita para discutir com as amigas como o mundo está mudado principalmente depois do “masculinismo”, que seria na realidade o feminismo, outra parte interessante do documentário é quando Raimundo conta a esposa que está esperando mais um filho e Marta fica brava porque só tiveram filhos homens até agora e nenhuma mulher . Esse documentário mostra bem como é construído a identidade masculina e feminina na sociedade, ou seja, o homem é quem manda e a mulher obedece, o documentário é dos anos 90, mas ainda sim esse cenário continua nos dias atuais.
Em Maioria Oprimida, mostrao machismo principalmente nas ruas, neste curta também há inversões de papeis de homens e mulheres. Ele começa com Pierre, levando seu filho para um tipo de berçário, o interessante é que ele faz o papel de uma mulher feminista, que tenta mostrar seu papel na sociedade em que ela está inserida, ela começa a sofrer preconceito já no começo do documentário, que mostra a sindica do condomínio falando que não deveria estar falando sobre estes assuntos com ele. Mais a frente mostra ele parado no semáforo, enquanto um morador de rua faz comentários e o assedia, depois ele sofre um abuso sexual, feito por um grupo de mulheres. Quando ele vai a delegacia prestar queixa, ele vê a policial dando cantadas no assistente e ainda escuta, que a culpa é dele, por ter sofrido a agressão. Este curta tenta colocar os homens no universo das mulheres, vivenciando aquilo que para eles é normal e natural, este tipo de comportamento se tornou uma coisa tão normal, que os homens hoje em dia não percebem que mesmo com palavras, eles abusam das mulheres.
4) Comente a concepção de Miranda: A ideia de infância Moderna suprime o fundamento histórico e apresenta como universal, eterno e natural, dissimulando a dimensão social da infância e a relação desta com o adulto, ou seja, sua dimensão concreta.
R: As contradições entre as concepções e os conhecimentos produzidos sobre a infância, e as ações dos adultos em relação à criança existem em todos os níveis, da família às políticas para a infância explicitá-las, contextualizá-las e discuti-las pode ser um dos caminhos para a despolarização dos enfoques. Ainda caminhando em direção a uma ampliação cada vez maior do olhar, considero imprescindível que os conhecimentos produzidos pelas ciências humanas e sociais sejam tomados de forma dialética, que vejam a criança não só a partir do referencial do adulto, mas também a partir dela mesma, ou seja, das suas experiência de infância, sejam elas relatadas de memória ou no tempo presente, do imediatamente vivido e ainda, que incorporem aos seus referenciais as dimensões ética e estética da vida humana.
5) No texto “Educação não-formal”, Simson cita Afonso e apresenta uma distinção entre educação formal, não-formal e informal. Conceitue e explique cada uma dessas práticas de educação.
A educação não formal é aquela que se aprende "no mundo da vida", via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas. Nossa concepção de educação não formal articula-se ao campo da educação cidadã – a qual no contexto escolar pressupõe a democratização da gestão e do acesso à escola, assim como a democratização do conhecimento. Na educação nãoformal, essa educação volta-se para a formação de cidadãos (as) livres, emancipados, portadores de um leque diversificado de direitos, assim como de deveres para com o(s) outro(s). A educação não formal é uma área que o senso comum e a mídia usualmente não tratam como educação por não se referir a processos escolarizáveis ou que ocorram dentro de uma escola – representação dominante no senso comum sobre a educação. Ela designa um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc. São processos de autoaprendizagem e aprendizagem coletiva adquirida a partir da experiência em ações coletivas, podem ser organizadas segundo eixos temáticos: questões étnico-raciais, gênero, geracionais e de idade, etc.
A educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização – ocorrendo em espaços da família, bairro, rua, cidade, clube, espaços de lazer e entretenimento; nas igrejas; e até na escola entre os grupos de amigo; ou em espaços delimitados por referências de nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião, etnia , sempre carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados. Poderá ter ou não intencionalidades (por exemplo, educar segundo os preceitos de uma dada religião é uma intencionalidade). A grande diferença da educação não formal para a informal é que na primeira há uma intencionalidade na ação: os indivíduos tem uma vontade, tomam uma decisão de realizá-la, e buscam os caminhos e procedimentos para tal. Poderá encontrá-los em meios coletivos ou individuais
A educação informal de uma pessoa será definida pelo ambiente em que ela vive, ou seja, trata-se de uma herança cultural. A família é a principal instituição responsável pela educação informal, através da qual são ensinados os costumes humanos como falar, andar, comer, religião, cultura... Percebe-se que a educação informal de uma pessoa será definida pelo ambiente em que ela vive, ou seja, esta educação é uma herança cultural. A família tem o dever e a responsabilidade de dar à criança a educação informal, sendo a escola a responsável pela educação formal. Do contrário, todo o sistema de ensino será prejudicado.
6) No texto “Educação não-formal”, Simson cita Marcílio sobre o histórico da condição de abandono de crianças no Brasil. Disserte sobre a ideia de infância e a condição da criança desvalida na transição dos séculos XIX e XX.
R: O século XIX inaugurou uma criança sem valor econômico, mas de valor emocional inquestionável, criando uma concepção de infância plenamente aceita no século XX. Na verdade a história cultural da infância tem seus marcos, mas também se move por linhas sinuosas com o passar dos séculos a criança poderia ser considerada impura no início do século XX tanto quanto na alta Idade Média. Até então, as crianças eram tratadas como adultos em miniatura ou pequenos adultos. Os cuidados especiais que elas recebiam, quando os recebiam, eram reservados apenas aos primeiros anos de vida, e aos que eram mais bem localizados social e financeiramente. A partir dos três ou quatro anos, as crianças já participavam das mesmas atividades dos adultos, inclusive orgias, enforcamentos públicos, trabalhos forçados nos campos ou em locais insalubres, além de serem alvos de todos os tipos de atrocidades praticados pelos adultos, não parecendo existir nenhuma diferenciação maior entre elas e os mais velhos.

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