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Resenha do livro Porque (não) Ensinar Gramática na Escola

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RESENHA DO LIVRO PORQUE (NÃO) ENSINAR GRAMÁTICA NA ESCOLA?, DE SÍRIO POSSENTI
Juliana Pereira Lima Santos
Graduanda em Pedagogia
UNEAL – Campus I
O livro Por que (Não) Ensinar Gramática Na Escola?, de Sírio Possenti, nos põe a refletir sobre as práticas pedagógicas no ensino da língua portuguesa e sobre uma possível saída para um melhor resultado no processo de ensino-aprendizagem.
Possenti reforça, como já sabemos, que a escola tem o papel de ensinar a língua padrão ou, mais necessariamente, tem a função de criar condições para fazer com essa língua padrão seja aprendida. Desse modo, para a escola o domínio da língua se dá através do domínio da fala e escrita da norma padrão por parte do aluno, porém o problema encontrado na dificuldade do ensino está na concepção do que é a língua e nas formas de ensino que provém a partir dessa concepção. As principais contribuições para o ensino da língua não estão necessariamente ligadas à introdução de novas e “melhores” gramáticas na escola como geralmente se acontece, mas sim na postura incorporada pelo professor e de como ele aplica sua impressão sobre a concepção da língua na sua práxis.
“Se nossas perguntas são sempre sobre o que é certo ou errado, e se nossas respostas a essas perguntas são sempre e apenas baseadas em dicionários e gramáticas, isso pode revelar uma concepção problemática do que seja realmente uma língua, tal como ela existe no mundo real.”
Para o autor, gramáticas são, sem dúvida, bons lugares para conhecer aspectos da língua, mas não são os únicos e podem até não ser os melhores já que por muitas não são contemplados todos os aspectos e diversidades da língua hoje. Além disso, a gramática é composta por muitas regras e normas antigas que nem são mais seguidas mesmo pelos estudiosos mais cultos. Uma prova disso é quando fazemos leituras de jornais e textos científicos, se formos analisá-los gramaticalmente, muitos de suas expressões não seguem totalmente à risca o que diz a gramática.
Para que o ensino da língua seja de fato bem sucedido, Possenti aponta que deve ser feita uma reflexão urgente para que se haja uma concepção clara do que seja uma língua. Não podemos adotar uma postura de dizer que existem línguas primitivas ou mais simplificadas do que outras. As línguas são estruturas complexas em suas diversidades e, principalmente, precisamos ter consciência de que toda língua um dia passou por um processo de evolução e, mesmo depois de “consolidada”, ela sempre estará em constante evolução. “Não há língua que permaneça uniforme.” Ou seja, não existem línguas mais ou menos desenvolvidas, apenas línguas diferentes.
O mesmo se vale para as diferenças encontradas dentro da própria língua. Os dialetos populares e os padrões de fato se diferenciam em vários aspectos, mas elas não se diferenciam pela alta ou baixa complexidade de suas gramáticas. Essas diferenças estão mais voltadas para fatores sociais (geográficos, de classe, gênero, idade, profissão, etc.) e para o valor que se é dado para cada dialeto. Se faz importante entender esse processo para que haja uma eliminação dos preconceitos voltados para a língua, já que é comum que pessoas de grupos sociais de maior prestígio julguem a fala dos outros a partir da sua e, desse modo, acabam atribuindo a ideia de defeito ou erro para o que, na realidade, é apenas diferente.
Até aqui fica então entendido que a falha no processo de ensino aprendizagem não está na condição de que a língua portuguesa seja muito difícil, ou com muitas regras, visto inclusive que não existe uma língua com mais ou menos regras. A falha está na ideia do que de fato é relevante na vida real e que faça sentido no ensino.
As crianças, por exemplo, não poderiam nunca ser julgadas como incapazes de aprender línguas, inclusive sabemos que elas o fazem com maior velocidade, e a maior evidencia disso é que elas falam por falar, aprendendo a língua, e algumas de suas regras, com o meio, sem precisar perguntar ou que alguém lhe ensine. Se realmente ouvíssemos as crianças jamais iriamos achar necessário ter que ensinar a elas a fazer frases pois veríamos que isso elas já sabem fazer. 
“... pode-se dizer que saber uma gramática é saber dizer e saber entender frases. Quem diz e entende frases faz isso porque tem um domínio da estrutura da língua. Mesmo diante de uma frase “incompleta”, por exemplo, o falante é capaz de fazer hipóteses de interpretação.”
Uma das medidas para ajudar a atingir um bom desenvolvimento no grau de uso da língua, seja na fala ou na escrita, é o ato de escrever e ler constantemente. Para o autor, ler e escrever não são tarefas extras para serem sugeridas aos alunos como uma lição de cada ou estilo de vida, são atividades essenciais no processo de ensino-aprendizagem da língua que deveriam ser mais exploradas nas próprias aulas. Se a escola buscasse ensinar a gramática para os alunos através destes meios, haveria muito mais vantagens e sentido no ensino da língua.
Desse modo, entendemos que no dia em que as escolas passarem a refletir mais sobre a língua, seus processos, e sobre o desenvolvimento humano e que se derem conta de que estão ensinando aos alunos coisas que eles já sabem e, assim, poderão disponibilizar mais tempo para ensinar a eles aquilo que não sabem e conseguir atingir um ensino mais eficaz.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola? Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil - Campinas-SP. 1996. (Coleção Leituras no Brasil).

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