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Nome: Micaela Cristina Menezes Martins 1 - Relacione a filosofia moderna com a realidade da Europa dos séculos XVI, XVII e XVIII; A filosofia Política moderna e com a filosofia do direito moderna. A idade moderna apresentou diversas linhas de pensamentos.Começando-se pelo renascimento, o pensamento renascentista bastante influenciado pelo pensamentos antigos mais acrescida de um pensamento crítico. As ideias renascentistas valorizaram o homem e suas realizações, a expansão comercial permitiu o confronto de valores e culturas diversas e provocou um "repensar" crítico do mundo, até então dominado pelo clero. O renascimento foi “uma revivificação das capacidades do homem, um novo despertar da consciência de si próprio e do universo […]”. (SICHEL, E. apud BARROS – 2012 – p. 17.) Neste período se destacou o pensamento de Maquiavel, o pensamento de Maquiavel rompe com o ideal moral, com fortes influências do cristianismo, presente na Idade Média. Tratando da questão relativa a polis sob uma perspectiva normativa. *“[Maquiavel] propõe a análise do fenômeno do poder a partir da política concreta, da política pura, distanciando-se do normativíssimo ético. Isto é, ao invés de uma postura contemplativa face às questões do mando, [Maquiavel] […] constrói suas ponderações alicerçando-se na realidade dos fatos políticos de forma empírica e objetiva. Não se detém na idealização de governos justos, voltando toda sua atenção para a perscrutação fria da política, observando-a, antes de tudo, como o estudo da luta pelo poder.” (BARROS – 2012 – p.60) Montesquieu autor do espirito das Leis, no qual ele propôs uma definição para as leis que seria nada mais que relações necessárias que derivaram da natureza e das coisas. Montesquieu também apresentou a teoria da divisão tríplice de poderes entre legislativo, executivo e judiciário. Humanismo O interesse dos humanistas era fazer reviver e valorizar diferentes culturas, enfatizando o homem, colocando-o no centro dos interesses e atenções- antropocentrismo. A natureza também atrai as atenções torna-se objecto de observação e estudo numa atitude de crítica ao saber tradicional, levando a um extraordinário desenvolvimento de vários ramos do conhecimento sobretudo na matemática, astrologia, geografia, botânica e anatomia O século XVIII foi o último século da Idade Moderna e o primeiro da Idade Contemporânea e ficou conhecido como o Século das Luzes. As ideias iluministas promovidas na Europa pelos filósofos espalharam-se pelo mundo e inspiraram revoluções como a Revolução Francesa em 1789. O iluminismo O iluminismo foi um movimento cultural da elite intelectual europeia que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. Os pensadores iluministas tinham como ideal a extensão dos princípios do conhecimento crítico a todos os campos do mundo humano. Supunham poder contribuir para o progresso da humanidade e para a superação da tirania e superstição que diziam ser o legado da Idade Média. Toda a estrutura política e social do absolutismo foi violentamente atacada pela revolução intelectual do Iluminismo. Da parte mais moderna do pensamento filosófico, o campo do direito os fatos e as normas jurídicas era uma manifestação de um duplicidade necessária. No qual os atos do homem são atos naturais, imantados para uma subjetividade universal, mas esta, por sua vez é orientada no sentido dos atos naturais, que encerram o ciclo. Podemos falar que a idade moderna foi para o direito o berço, do pensamento ontológico. Immanuel Kant (1724-1804) Inserida no contexto iluminista do século XVIII, a filosofia kantiana foi desenvolvida quando já se manifestavam, segundo McCarthy (2009), as primeiras oposições filosóficas e religiosas à escravidão racial tanto na Europa como na América. Todavia, ao invés de posicionar o seu cosmopolitismo para rechaçar tal prática se juntando ao espírito crítico da época, Kant vai construir uma teoria racial em um tempo em que o racismo científico, que viria a informar o imperialis-mo europeu do século XIX, ainda estava na sua infância O desenvolvimento dos homens como seres racionais, para Kant, implica que os mesmos se tornem autônomos, isto é, que passem a se autogovernar, deixando de depender de qualquer direção externa. Nesse sentido, Foucault (2005) nos mostra que Kant define as Luzes como uma saída, um processo que nos liberta do "estado de menoridade", isto é, do estado de nossa vontade que nos faz aceitar a autoridade de algum outro para nos conduzir em domínios em que convém usar a razão. As Luzes, portanto, correspondem, para Kant, ao momento no qual a humanidade fará uso da razão sem se submeter a qualquer autoridade externa (FOUCAULT, 2005). Para atingir o iluminismo, por conseguinte, os homens deveriam, por meio de uma atitude corajosa, escapar de uma condição autoimposta de imaturidade na qual se requer algum outro como guia e, ao invés disso, passarem a usar o seu próprio entendimento. Nas suas palavras: O Iluminismo é a emergência do homem de sua imaturidade autoconstituída. A imaturidade é a incapacidade de utilizar seu próprio entendimento sem a orientação de outro. Essa imaturidade é autoconstituída se a sua causa não é a falta de entendimento, mas uma falta de resolução e coragem para usá-lo sem a orientação de outro (KANT, 2009b, p. 1, grifo meu). O reino dos fins kantiano não seria um projeto concluso, mas um projeto em movimento; os contemporâneos de Kant não estariam em uma "era iluminada", mas, antes, em uma "idade do iluminismo". 2 - Explique o pensamento de Kant sobre Estado e direito e compare-o com o pensamento Hegeliano; O republicanismo kantiano estabelece a priori os princípios que devem reger a convivência humana no interior do Estado de direito. Trata-se do Estado da razão, do dever ser de todo os estados históricos. Kant pensa numa sociedade para homens racionais, potencialmente capazes de agir segundo a representação de leis. A capacidade de ação racional não garante que os homens ajam racionalmente. Junto a ela está a possibilidade de agir segundo às inclinações, ou seja, os homens são seres imperfeitamente racionais que podem agir tanto racionalmente quanto motivados pelas inclinações naturais. A ordem jurídica obriga os homens a agir como se fossem racionais. Esta é a especificidade do direito: faz, através da coerção, com que as ações sejam conforme às leis da razão, independentemente das intenções dos agentes. Em Kant há dois tipos de legislação: a ética (interna) e a jurídica (externa). O fundamental para os propósitos desse estudo é que não há diferença objetiva entre as leis éticas e as leis jurídicas; a diferença entre ambas está no móbil da ação e não na objetividade da lei. O direito nada prescreve de diferente ou contraditório em relação às leis éticas. De outro modo, quanto à objetividade da lei, não há diferença entre ética e direito; no entanto, não parece coerente afirmar que Kant exija, no direito, um móbil diferente da ética e que essa é a principal distinção entre as duas legislações. Esse ponto é central. Enquanto possibilidade o direito admite um móbil diferente da ética. Porém, isso não significa que, igualmente, enquanto possibilidade, Kant exclua um cumprimento ético das leis jurídicas. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292014000200417 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292014000200417 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292014000200417 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292014000200417 A república kantiana, à medida que é a única que está de acordo com os princípios do direito (princípios racionais a priori), não tem na ação conforme às leis o seu escopo final. Isso é o mínimo que se espera de seres racionais. A constituição republicana estabelece as condições de possibilidade à autonomia dos cidadãos.As leis civis garantem o mínimo, a saber, uma convivência sem conflitos; um livre exercício das liberdades externas que respeita o direito de todos. Kant não nega a possibilidade de uma heteronomia política: cidadãos que respeitam as leis civis simplesmente por que são coagidos a procederem dessa forma. Aquilo que se denomina liberalismo, em Kant, identifica-se com esse mínimo exigido e garantido pela constituição republicana, ou seja, a mera coexistência sem conflitos das liberdades externas. No entanto, essa leitura é unilateral, pois prescinde da noção de autonomia, ou seja, desvincula o direito e a ética. Que o filósofo deixa a critério de quem age escolher os seus próprios fins – apanágio do liberalismo – é uma afirmação incapaz de gerar polêmica. Resta saber se qualquer fim é adequado a seres racionais. A ação (escolha), para ser livre, deve ser racional e isso tem implicações éticas, pois se trata de motivações internas. Sustentar que o republicanismo kantiano tem como ideal supremo o cumprimento ético das leis jurídicas, embora não desconsidere nem condene seu cumprimento simplesmente por medo da coerção, significa que, numa perspectiva ideal, Kant espera o máximo dos cidadãos republicanos, a saber, que sejam autônomos. Ser autônomo, grosso modo, é ter as leis da razão (sejam éticas ou jurídicas) como móbiles das ações. A função do Estado é garantir o exercício pacífico das liberdades externas. Em Kant, só há liberdade quando a razão é obedecida. O filósofo estabelece a constituição republicana como inteiramente fundamentada em princípios racionais; pode-se afirmar que a república é um produto da razão pura prática, portanto uma idéia. Hegel toma o termo Direito (Recht) ora numa acepção restrita, indicando apenas uma parte do sistema, ora numa acepção ampla, indicando o sistema em seu todo, aí incluído todas as matéria da chamada filosofia prática (economia, política e moral). Por outro lado, para designar a matéria habitual do direito público, Hegel utiliza a expressão Constituição (Verfassung), deixando para a expressão "direito", em sua acepção mais restrita, os conteúdos próprios do direito privado. Em sua pugna com o jusnaturalismo, Hegel parece não considerar o direito como uma categoria autônoma e chave para compreensão da dinâmica social. Não mais partido do indivíduo, como faziam as correntes jusnaturalistas, mas do povo, historicamente determinado, com sua religião, sua arte, suas técnicas, suas leis e seus costumes; em suma com seu ethos. Assim, tomando o povo como ponto de partida, e considerado-o como totalidade histórica e concreta, Hegel adota uma nova e original perspectiva. O direito não somente é destronado, mas dissolvido como categoria unitária e unificadora. Nesta mudança de perspectiva, no jusnaturalismo, o primado do direito comportava a redução da sociedade e da filosofia do Estado a filosofia do direito, considerado o direito como aquele tecido conectivo através do qual ocorre a passagem do estado a-social para o estado social, do estado natural para o estado civilizado, propondo-se a sociedade universal regulada pelo direito como ideal regulativo da história. A insuficiência, pois, do direito mostra-se exatamente em face desta mudança de perspectiva assumida por Hegel. Aquilo que unifica um conjunto de indivíduos, transformando-o num povo, numa totalidade ética, não é o direito abstratamente considerado. Para tanto, faz-se necessária uma conexão mais profunda, enraizada no próprio "espírito do povo", da qual o direito apresenta-se somente como uma de suas manifestações. "Um povo é algo mais que uma sociedade juridicamente regulada e organizada : é um organismo vivo." Neste contexto, o direito representa sempre o momento da abstração, da formalidade, da estabilidade, enquanto a eticidade representa a concretude viva e histórica. Em sintonia com esta diretriz, Hegel inicial o estudo da práxis humana não a partir do mundo do direito, mas das esferas da economia, da política e da eticidade. Nestas esferas, o direito é considerado apenas como momento formal. Assim, o direito privado seria o momento formal da economia, destinando-se à estabilização das relações econômicas (propriedade, posse, contrato), enquanto o direito público seria o momento formal da política, vocacionado ao mesmo ideal de estabilização, mediante a instauração de uma organização, pela ordenação permanente das partes no todo. A eticidade, por seu turno, apresenta-se como categoria universal, unificadora de todas as outras categorias parciais da filosofia prática. Deve-se observar, contudo, que, em Hegel, progressivamente, o direito vai se tornando uma categoria mais e mais importante, tal como o demonstra uma ilustrativa obra da maturidade, Princípios da Filosofia do Direito. Frederico (2009) considera o ano de 18437, como ano decisivo para a fundamentação ontológico-materialista nos escritos de Marx. Nesse ano, Marx inicia sua crítica à filosofia hegeliana, mesmo de maneira incipiente, confrontando a mais refinada expressão de Estado moderno da época, o Estado filosófico hegeliano. Pretendendo elencar as insuficiências teóricas de Hegel, o autor procurou debruçar-se sobre a concepção de alienação, buscando explicar a dualidade teórica encontrada entre sociedade civil e Estado. Marx se ampara no conceito de abstração, sob a perspectiva feuerbachiana, para explicar a concepção de Estado em Hegel e ao mesmo tempo, “acertar as contas com a filosofia de seu tempo”. Para tanto, o autor vê no Estado uma ferramenta capaz de reproduzir a essência humana para uma esfera exterior (Estado), ou seja, “uma projeção ilusória de um ser material”. Nesse caso, o Estado torna-se algo idealizado, pela família e sociedade civil, extrapolando a esfera física e ganhando uma forma etérea que paira sobre a sociedade civil. Dito de outro modo, o Estado é deslocado para a esfera mística, sendo estranho e exterior a sociedade civil. Nessa chave interpretativa a sociedade civil é vista por Marx como sendo à base de toda a sociedade, pois ela é a extensão material que comporta todas as idealizações sociais, sustentando o aparelho estatal e perpetuando sua existência. Marx esclarece que o “movimento ternário hegeliano” (afirmação, negação e negação da negação), oculta o verdadeiro papel da família e da sociedade civil, tornando-a um mero pressuposto estatal. Em Hegel o desdobrando histórico da sociedade, seria a família um elemento “natural” que sequencialmente daria origem a sociedade civil, momento em que se nivela o “espírito comunitário”. A sociedade civil é representa nesse sentido, por Hegel, diz, Frederico (2009) “como o momento dilacerador”, pois ela seria o resultado da Revolução Francesa, por isso, a sociedade é vista por Hegel, como um aesfera atomizada que têm em sua gênese os interesses antagônicos e díspares, ou seja, o lugar da “guerra de todos contra todos’’. O Estado, por sua vez, desponta na filosofia do Direito enquanto um principio racional capaz de superar os particularismos da sociedade civil e reordenar sua instância mesquinha. Nessa argumentação o formato estatal hegeliano perpassa a esfera universal (Espírito absoluto, Deus), particular( sociedade civil),e, por fim, o Estado representado pelo príncipe pelo processo de autoconsciência, ou seja,o príncipe é a “encarnação racional da vontade’’8. O Estado representa a universalização racional da vontade. Marx protesta quanto ao curso do movimento logicista,que apresentava o Estado como a conclusão desse processo. Nesse sentido, o autor pondera que ser social, ou seja, a sociedade civil esvazia-se, perde seu sentido, e só o reintegrava a sua essência pelo processo ascensional que a conduz ao Estado. Daí a questão, como pensar a existência e permanência sociedade civil? Como entendê-la, se ela só pode ser compreendida na medida em que é uma das partículas do Estado? Buscando uma solução Marx verifica à necessidade de reencontrar a “ideia lógica,” oua razão, seja no Estado ou na sociedade civil. O que importa para Marx é avançar através do fluxo contínuo do pensamento até a razão emancipatória ou a democracia9. A crítica “encarniçada” de Marx à Hegel toma como postulados para seu desenvolvimento as dualidades entre Estado político, Estado não político e burocracia10. Para Marx Hegel: pressupôs a separação civil e do Estado político (uma situação moderna) e a desenvolveu como momento necessário da ideia, como verdade absoluta racional. Apresentou o Estado político na sua forma moderna da separação dos diferentes poderes. Ao estado real e agente, ele deu a burocracia como seu corpo e colocou esta, como o espírito que sabe, acima do materialismo da sociedade civil. Opôs o universal em si existente do Estado aos interesses particulares e à necessidade civil. Em uma palavra, ele expõe, por toda a parte, o conflito entre sociedade civil e Estado. (MARX, 2010, p. 91) Nessa assertiva, ele é influenciado pela compreensão de estranhamento, ou melhor, de predicativo do sujeito. O Estado nasce, para Marx, enquanto um fator condicionante da alienação da sociedade, ou melhor, da alienação política. Nesse período, Marx caminhava para uma compreensão de cunho mais sistematizada, onde podemos observar que o autor ainda não faz uma crítica incisiva ao Estado, pois não consegue compreendê-lo até suas últimas consequências (enquanto um “comitê da burguesia”), e, tampouco, consegue ultrapassar seu mestre Feuerbach, visto que ainda encontra no Estado uma figura etérea, transcendente e incognoscível. Para superar a ideia de “soberania estatal” Marx reclama em sua argumentação à favor da democracia. Em todos os Estados que diferem da democracia o que domina é o Estado, a lei, a constituição, sem que ele domine realmente, quer dizer, sem que ele penetre materialmente o conteúdo das restantes esferas não políticas. Na democracia, a constituição, a lei, o próprio Estado é apenas uma autodeterminação e um conteúdo particular do povo, na medida em que esse conteúdo é constituição política. (MARX, 2010 p.51). Para Marx, a democracia deve ser o respaldo das relações materiais vivenciadas pela base social, ou seja, pela família e sociedade civil. Sendo assim, a categorização e constituição do Estado deve contemplar o conteúdo real vivenciado pela sociedade, que avançam juntamente com as determinações do ser social. Nesse instante, Marx tenta “desenrolar” o Estado, fazê-lo soltar-se da obscuridade logicista e da tortuosa engrenagem abstrata. Através do sentido que agrega à família e à sociedade civil. Vislumbrava assim, através do processo de racionalização da realidade superar a Ideia (Estado) e torná-la um reflexo da realidade. 3 - Explique o pensamento de Marx sobre sociedade, Estado e direito e relacione-o com a realidade européia do século XIX; Marx concebe o Estado não como curador social que tem por função obter o bem comum da sociedade e proteger os interesses universais, como pensou Durkheim, nem também como o Estado ético-racional, perene, sem história, superior a sociedade civil, como propunha Hegel. Ele analisa-o relacionado à realidade política como reflexo da sociedade civil e, portanto, como decorrente de uma luta de classes. O Estado, para o autor, localiza-se na esfera superestrutural, sendo seu surgimento necessário para ordenar essa luta de classes, amenizando-a. Fazendo isso, o Estado atende aos interesses dos proprietários4, já que a intensificação dos conflitos pode gerar uma superação da realidade e à classe dominante interessa a permanência da situação vigente. Para ele, o Estado é o braço repressivo da burguesia. Ele utiliza-se da coerção para garantir a ordem infraestrutural. Marx teoriza que as forças produtivas do modo de produção capitalista deveriam ser desenvolvidas ao máximo até as contradições entre as classes tornarem-se insuportáveis. Nesse momento, o povo chegaria ao poder e as decisões seriam tomadas pela própria massa popular. Dentre essas decisões, estaria a socialização das propriedades, enquanto que o Estado, e consequentemente o Direito (já que este é produto daquele) iriam perdendo as suas funções até se extinguirem completamente. Isso porque tais institutos não seriam mais necessários numa sociedade na qual todas as pessoas estariam numa mesma situação diante da base material (não existiriam mais classes sociais, então não haveria mais necessidade de algo que regulasse as contradições entre elas). O Estado é a expressão legal – jurídica e policial – dos interesses de uma classe social particular, a classe dos proprietários privados dos meios de produção ou classe dominante. Ele "não é uma imposição divina aos homens nem é o resultado de um pacto ou contrato social, mas é a maneira pela qual a classe dominante de uma época e de uma sociedade determinadas garante seus interesses e sua dominação sobre o todo social" (Chauí, 2001, p. 411). O Direito configura-se como fenômeno social, produto também das contradições provenientes da base material. Seu estudo, desse modo, há de ser feito relacionado a outras ciências (especialmente a Economia), porquanto incorpora valores sociais. Essa tese é veementemente contraposta por Hans Kelsen, eminente jurista austríaco, de formação positivista, que defendeu a teoria pura do Direito, sob o fundamento de que para a construção de um conhecimento consistentemente científico o Direito deve abstrair-se dos aspectos políticos, morais, econômicos e históricos (Kelsen, 2000). No entanto, um pensamento coerente e estruturado não admite um estudo do Direito isolado das demais ciências, de maneira que a teoria pura do Direito de Kelsen sucumbiu ante a clareza com que a palavra Direito designa um acontecimento que tem conexão com outro conjunto de fenômenos sociais que se inscrevem no contexto do exercício do poder em uma sociedade. Karl Marx organizou uma tese em que o Direito, como regra de conduta coercitiva, nasce da ideologia da classe dominante, que é precisamente a classe burguesa. O Direito é percebido como síntese de um processo dialético de conflito de interesses entre as classes sociais, que Marx denominou de luta de classes. O autor acreditava existir uma influência incrivelmente forte do poder econômico sobre o Direito, atingindo também a cultura, a história e as relações sociais. Assim, a dominação econômica de uns poucos sobre tantos outros se legitima por intermédio de um Estado de Direito, cujo princípio capital é a lei. Em suma, "tanto as relações jurídicas quanto as formas de Estado não podem ser compreendidas nem por si mesmas, nem pela chamada revolução geral do espírito humano, mas antes têm suas raízes nas condições materiais de existência" (Marx e Engels, apud Bobbio, 2000, p. 129). Ademais, o Direito não nasce espontaneamente dessas relações, mas é posto pela vontade. O problema que se verifica é que tal vontade é somente aquela dos que possuem o poder estatal, ou seja, a vontade da classe dominante, sendo o Direito expresso de um lado pela lei e, de outro, como o conteúdo determinado dessa lei. A sociedade comunista30 representa uma nova forma do ser humano se relacionar com os seres sociais. É por meio do comunismo, que essência degenerada proporcionada pela divisão social do trabalho findará. Na sociedade comunista é a execução dos conceitos, democracia, desalienação, sob uma epistemologia ontológico-materialista. Marx e Engels ao perceber que a “anatomia” da sociedade civil deveria ser buscada dentro da economia política Marx, dessa forma, condensou todo seu perfil teórico, através da proposta de tomada de “poder proletário”. A proposta Comunista tem como objetivo O objetivo do comunismo seria alcançar a abundância e o pleno desenvolvimento do individuo. Trata-se, portanto, de uma nova forma de coletivismo. Seu objetivo -verdadeiramente radical- não é submeter o indivíduo à coletividade ao pleno desenvolvimento de cada indivíduo. Para ser alcançado, ele necessitade um longo período de transição, que ainda se desenvolve no campo histórico-social criado pela revolução burguesa (Santos, 1998, p, 105). Como aborda Santos (1998), a sociedade comunista proposta pelo texto Manifesto, apresenta-se como um postulado teórico político e que precisamente, traz uma desenvoltura cultural, pois na medida em que se segue a nova sociedade e com ela vão sendo diluídos os construtos a sociedade burguesa, implica-se, por assim dizer, que é fundamentalmente, estabelecido um projeto radical, que rompe a atual forma de relacionamento entre os homens, que aos poucos será desenvolvido uma nova sociabilidade, onde “o livre desenvolvimento de cada um é pressuposto do livre desenvolvimento de todos” (MARX E ENGELS, 1998, P.29). Nessa sociedade não haverá mais classes socais, e necessariamente, não terá mais contradições. 4 - Relacione os textos lidos com a realidade brasileira.
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