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O Parecer dos Auditores Independentes sobre Demonstrações 
Contábeis: uma abordagem sobre o parecer-padrão, 
atualmente em vigor no Brasil. (*) 
 
 
 
 
Edson Carlos dos Santos** 
Anísio Candido Pereira*** 
 
Resumo 
 
A auditoria independente das 
demonstrações contábeis constitui o 
conjunto de procedimentos técnicos que 
tem por objetivo a emissão do parecer, 
sobre a adequação com que estas 
representam a posição patrimonial e 
financeira da entidade auditada, consoante 
as Normas Brasileiras de Contabilidade e 
legislação específica no que for pertinente. 
No Brasil, o Conselho Federal de 
Contabilidade – CFC, por meio da 
Resolução n.º 820, de 17 de dezembro de 
1997 - com algumas alterações posteriores 
-, estabelece o modelo padrão do parecer 
dos auditores independentes, atualmente 
em vigor. O parecer de Auditoria destina-
se, em geral, aos: acionistas, diretores, 
administradores, analistas de mercado, 
entidades financeiras, etc. Desta forma, 
este documento se torna relevante para 
seus usuários, já que, as informações 
contidas em sus interior são de extrema 
importância. Este artigo aborda, de forma 
sucinta e objetiva, a forma de redação do 
parecer-padrão, relatando sua origem, 
evolução, estrutura e os quatro tipos de 
pareceres existentes, atualmente em vigor 
no Brasil. 
 
Palavras-Chaves:Auditoria Independente, 
Demonstrações Contábeis, Parecer. 
 
Abstract 
 
The independent auditorship of the 
countable demonstrations constitutes the 
set of procedures technician who has for 
objective the emission of seeming, on the 
adequacy with that these represent the 
patrimonial and financial position of the 
audited entity, consonant the Brazilian 
Norms of Accounting and specific 
legislation in that it will be pertinent. In 
Brazil, the Federal Advice of Accounting - 
CFC, by means of the Resolution n.º 820, 
of 17 of December of 1997 - with some 
posterior alterations -, establishes the 
model standard of seeming of the 
independent auditors, currently in vigor. 
Seeming of Auditorship is destined, in 
general, to: shareholders, directors, 
administrators, financial analysts of 
market, entities, etc. Of this form, this 
document if becomes excellent for its 
users, since, the information contained in 
sus interior are of extreme importance. 
This article approaches, of form sucinta 
and objective, the writing form of the 
seem-standard, telling its origin, evolution, 
structure and the four types to be seemed 
existing, currently in vigor in Brazil. 
 
Keys Words: Independent Auditorship, 
Countable Demonstrations. 
 
(*) Artigo apresentado no IV SINCOMP – 
Simpósio Nacional de Gestão de 
Competências Organizacionais, realizado 
na FECAP, no período de 03 a 05/11/2004 
– São Paulo-SP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edson Carlos dos Santos- Anísio Candido Pereira 
 
 
 
1. Introdução 
 
Conforme Franco e Marra (1982, p. 30), a auditoria surgiu como conseqüência da 
necessidade de confirmação dos registros contábeis, em virtude do aparecimento das grandes 
empresas e da taxação do imposto de renda, baseado nos resultados apurados em balanços. 
Sua evolução ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econômico, que gerou as grandes 
empresas, formadas por capitais de muitas pessoas, que têm na confirmação dos registros 
contábeis a proteção ao seu patrimônio. 
 
Como conseqüência, as demonstrações contábeis passaram a ter importância muito 
grande para os futuros investidores. Assim, como medida de segurança conta a possibilidade 
de manipulação de informações, passou-se a exigir que essas demonstrações fossem 
examinadas por um profissional independente da empresa e de reconhecida capacidade 
técnica, surgindo assim a figura do auditor externo ou independente. 
 
A auditoria independente das demonstrações contábeis constitui o conjunto de 
procedimentos técnicos, que tem por objetivo capacitar o auditor a emitir um parecer sobre a 
adequação com que estas representam a posição patrimonial e financeira, o resultado das 
operações, as mutações do patrimônio líquido e as origens e aplicações de recursos da 
entidade auditada, consoante as Normas Brasileiras de Contabilidade e legislação específica 
no que for pertinente. 
 
 O produto final da auditoria das demonstrações contábeis é o parecer do auditor. Sua 
emissão reflete o entendimento do auditor acerca dos dados que examinou, de uma forma 
padrão e resumida, que dê, aos leitores, em geral, uma noção dos trabalhos que realizou e, 
principalmente, o que concluiu. 
 
 O CFC, através da Resolução n.º 820/97 e alterações posteriores, estabeleceu o modelo 
padrão do parecer dos auditores independentes, que deve ser adotado no Brasil pelas 
auditorias independentes. 
 
 Assim, este trabalho, de forma sucinta e objetiva, procura evidenciar a forma de 
redação do parecer-padrão, relatando sua origem, evolução, finalidade, estrutura e, por fim, 
apresenta os quatro tipos de pareces existentes, atualmente em vigor no Brasil, relatando suas 
principais características. 
 
 
2 . Método de pesquisa 
 
 O uso do método facilita a sistematização dos objetivos pretendidos, auxiliando o 
pesquisar a alcançar os objetivos pretendidos. 
 
 Entre os vários conceitos de métodos, pode-se citar o de Lakatos e Marconi (1990, p. 
82), “método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e 
economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o 
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. 
 
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 Com o passar do tempo, surgiram vários tipos de métodos, pode-se citar: o método de 
Descartes, de Galileu Galilei, o método dedutivo, o indutivo, o hipotético-dedutivo, o 
dialético, o histórico, o comparativo, etc. 
 
 O instrumento de coleta de dados utilizado para a elaboração deste trabalho, foi a 
pesquisa bibliográfica, realizada em livros, dissertações, artigos, e, em especial, nas Normas 
Brasileiras de Contabilidade. 
 
 
3. Breve evolução história 
 
 Estudar a história amplia e facilita a visão do presente, bem como permite que os erros 
já cometidos não os sejam mais. Este capítulo descreve de forma sucinta e resumida a 
evolução do atual parecer de auditoria. 
 
 Conforme Cardozo (1987, p. 21), o padrão de parecer usado no Brasil, é uma réplica 
norte-americana, sua redação, tal como a conhecemos presentemente, foi adotada em 1948. 
 
Após sua afirmação, em 1987, o parecer atualmente em vigor no Brasil sofreu algumas 
alterações, entretanto, na essência, não difere muito do modelo americano de 1948. 
 
Ainda segundo Cardozo (1987, p. 21), no início da década de 20, um típico parecer de 
auditoria tinha a seguinte redação: 
 
“Examinamos as contas e registros da Cia. Segura para o exercício findo em 
31-12-1920 e certificamos que, em nossa opinião, o balanço em anexo reflete 
corretamente as condições financeiras da Companhia em 31-12-1920.” 
 
 O modelo acima sofreu diversas alterações pelo Americam Institute of Certified Public 
Accountants - AICPA e pela Secutity and Exchange Comission - SEC, durante as décadas de 
30 e 40, assumindo a seguinte redação: 
 
 “Examinamos o balanço da Cia. Segura de 31-12-1941 e a demonstração de 
receitas e superávit para o exercício fiscal findo naquela data, revisamos o sistema de 
controles internos e os procedimentos de contabilidade e, sem fazer uma auditoria 
detalhada das transações, examinamos ou testamos os registros contábeis da 
Companhia e outras evidências, através de métodos e na extensão julgada 
apropriada. Nossos exames foram feitos de acordo com as normas de auditoria 
geralmente aceitas, aplicáveis àscircunstâncias e incluem todos os procedimentos 
considerados necessários. 
Em nossa opinião, o anexo balanço e respectiva demonstração de receitas e 
superávit apresentam, fidedignamente, a posição financeira da Cia. Segura em 31-12-
1941, e o resultado de suas operações no ano fiscal, de conformidade com os 
princípios de contabilidade geralmente aceitos, aplicados em bases consistentes em 
relação ao exercício anterior.” 
 
No Brasil, até março de 1972 os auditores utilizavam diferentes modelos de parecer 
para divulgar sua opinião. Em abril de 1972, o CFC, por meio da Resolução CFC n.º 321, de 
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14/04/1972, institucionalizou em modelo de parecer cuja adoção passou a ser obrigatória pelo 
auditor independente. O estilo de parecer fixado era uma réplica do modelo norte-americano 
exposto e vigorou até maio de 1991. 
 
A partir de junho de 1991, o CFC, com a Resolução CFC n.º 700, de 24/04/91, 
estabeleceu novo padrão para o parecer do auditor independente, seguindo a estrutura básica 
do modelo norte-americano. 
 
Na segunda metade da década de noventa (1997), o CFC, por meio das Resoluções 
CFC n.º 820 e 821, ambas de 24/04/1997, reformulou as Normas de Auditoria no Brasil. Essa 
reforma não alterou a estrutura do parecer vigente, de forma que o modelo atual não difere 
daquele fixado em 1991. 
 
No final de 1998, o CFC editou a Resolução n.º 830, de 16/12/98, aprovando a 
Interpretação Técnica, assim discriminada: “NBC T 11 – IT – 05 – Parecer dos Auditores 
Independentes sobre as Demonstrações Contábeis”, que prescreve orientações para o auditor 
redigir seu parecer. 
 
No início de 2003, o CFC, editou a Resolução CFC n.º 953, de 24/01/2003, alterando a 
expressão “com os Princípios Fundamentais de Contabilidade” por “práticas contábeis 
adotadas no Brasil”, nos parágrafos de opinião dos Pareceres e Relatórios emitidos pelos 
Auditores Independentes. 
 
 
4. Conceito 
 
 O “Parecer dos Auditores Independentes”, ou “Parecer do Auditor Independente”, é o 
documento mediante o qual o auditor expressa sua opinião, de forma clara e objetiva, sobre as 
demonstrações contábeis nele indicadas. (NBC T 11, item 11.3.1.1) 
 
Conforme Attie (1998, p. 67), o parecer de auditoria é o instrumento pelo qual o 
auditor expressa sua opinião, em obediência às normas de auditoria... sobre as demonstrações 
financeiras. 
 
O parecer representa o produto final do trabalho do auditor, ele é o instrumento pelo 
qual o auditor dá conhecimento aos usuários da informação contábil, do resultado do seu 
trabalho expresso, por meio da opinião contida no parecer. 
 
5. Finalidade 
 
 O Parecer de Auditoria tem a finalidade de informar ao seu(s) usuário(s) o seguinte: 
 
a) o trabalho realizado; 
b) a extensão abrangida pelo trabalho; 
c) a forma de sua realização; 
d) os fatos relevantes observados; 
e) as conclusões chegadas. 
 
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Para atingir esta finalidade, a opinião final do auditor deve estar baseada em fatos 
concretos, devidamente comprováveis, através dos papéis de trabalho, e em uma 
consubstanciada análise desses fatos, com total imparcialidade e independência. 
 
 
6. Estrutura 
 
 O parecer emitido pelo auditor independente, compõe-se, basicamente, de três 
parágrafos: 
 
 a) o referente à identificação das demonstrações contábeis e à definição das 
responsabilidades da administração e dos auditores; 
b) o relativo à extensão dos trabalhos; e 
c) o que expressa a opinião sobre as demonstrações contábeis. 
 
 O parecer deve identificar as demonstrações contábeis sobre as quais o auditor está 
expressando sua opinião, indicando, outrossim, o nome da entidade, as datas e períodos a que 
correspondem. 
 
 O parecer é de exclusiva responsabilidade do auditor, diferentemente das 
demonstrações contábeis, que é da administração, cuja informação deve ser evidenciada no 
início do parecer. 
 
 Na parte relativa à extensão dos trabalhos o auditor declara se o exame foi efetuado de 
acordo com as Normas Brasileiras de Auditoria em vigor (NBC T 11), fazendo uma descrição 
concisa dos principais trabalhos executados. 
 
 No parágrafo de opinião o auditor expressa se as demonstrações contábeis representam 
adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da 
entidade auditada, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. 
 
 
7. Responsabilidade, data e local 
 
O auditor deve mencionar, no seu parecer, as responsabilidades da administração e as 
suas, evidenciando que: 
 
 a) a administração é responsável pela preparação e pelo conteúdo das demonstrações 
contábeis, cabendo ao contabilista que as assina a responsabilidade técnica; e 
 b) o auditor é responsável pela opinião que expressa sobre as demonstrações contábeis 
objeto dos seus exames. 
 
 O auditor deve, no seu parecer, declarar se o exame foi efetuado de acordo com as 
normas de auditoria. 
 
 Na data do parecer, o dia deve corresponder ao de conclusão dos trabalhos na entidade 
auditada, objetivando informar ao usuário que foi considerado o efeito, sobre as 
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Edson Carlos dos Santos- Anísio Candido Pereira 
 
 
demonstrações contábeis e sobre o parecer, de transações e eventos ocorridos entre a data de 
encerramento do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data do parecer. 
 
O parecer deve ser datado e assinado pelo contador responsável pelos trabalhos, e 
conter seu número de registro no Conselho Regional de Contabilidade. 
 
 Caso o trabalho tenha sido realizado por empresa de auditoria, o nome e o número de 
registro cadastral no Conselho Regional de Contabilidade também devem constar do parecer. 
 
 
8. Tipos de parecer 
 
 O Parecer dos Auditores Independentes, segundo a natureza da opinião que 
contém, classifica-se em: 
 
a) parecer sem ressalva; 
b) parecer com ressalva; 
c) parecer adverso; e 
d) parecer com abstenção de opinião. 
 
 
8.1 Parecer sem ressalvas 
 
 O parecer sem ressalva é emitido quando o auditor conclui, sobre todos os aspectos 
relevantes, que: 
 
a) as demonstrações contábeis foram preparadas de acordo com os Princípios 
Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade; e 
 b) há apropriada divulgação de todos os assuntos relevantes às demonstrações 
contábeis. 
 
 
Modelo de parecer sem ressalva: 
 
 PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES 
 
DESTINATÁRIO 
 
(1) Examinamos os balanços patrimoniais da Empresa ABC, levantados em 31 de 
dezembro de 19X1 e de 19X0, e as respectivas demonstrações do resultado, das 
mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos 
correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaborados sob a 
responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar 
uma opinião sobre essas demonstrações contábeis. 
 
(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e 
compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos 
saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da 
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entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que 
suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das 
práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela 
administraçãoda entidade, bem como da apresentação das demonstrações 
contábeis tomadas em conjunto. 
 
(3) Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas representam 
adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e 
financeira da Empresa ABC em 31 de dezembro de 19X1 e de 19X0, o resultado 
de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações 
de seus recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as 
práticas contábeis adotadas no Brasil. 
 
Local e data 
 
Assinatura 
Nome do auditor-responsável técnico 
Contador N.º de registro no CRC 
 
Nome da empresa de auditoria 
N.º de registro cadastral no CRC 
 
 O auditor não deve emitir parecer sem ressalva quando existir qualquer das 
circunstâncias seguintes, que, na sua opinião, tenham efeitos relevantes para as demonstrações 
contábeis: 
 
 a) discordância com a administração da entidade a respeito do conteúdo e/ou forma de 
apresentação das demonstrações contáveis; 
 b) limitações na extensão do seu trabalho. 
 
 O parecer sem ressalva implica afirmação de que, em tendo havido alterações em 
procedimentos contábeis, os efeitos delas foram adequadamente determinados e revelados nas 
demonstrações contábeis. Nesses casos, não é requerida nenhuma referência no parecer. 
 
7.2 Parecer com ressalva 
 
 O parecer com ressalva é emitido quando o auditor conclui que o efeito de qualquer 
discordância ou restrição na extensão de um trabalho não é de tal magnitude que requeira 
parecer adverso ou abstenção de opninião. 
 
O parecer com ressalva deve obedecer ao modelo do parecer sem ressalva, modificado 
no parágrafo de opinião, com a utilização das expressões “exceto por”, “exceto quanto” ou 
“com exceção de”, referindo-se aos efeitos do assunto objeto da ressalva. Não é aceitável 
nenhuma outra expressão na redação desse tipo de parecer. No caso de limitação na extensão 
do trabalho, o parágrafo referente à extensão também será modificado, para refletir tal 
circunstância. 
 
Modelo de parecer com ressalva: 
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Edson Carlos dos Santos- Anísio Candido Pereira 
 
 
 
 PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES 
 
DESTINATÁRIO 
 
(1) Examinamos os balanços patrimoniais da Empresa ABC, levantados em 31 de 
dezembro de 19X1 e de 19X0, e as respectivas demonstrações do resultado, das 
mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos 
correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaborados sob a 
responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar 
uma opinião sobre essas demonstrações contábeis. 
 
(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e 
compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos 
saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da 
entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que 
suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das 
práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela 
administração da entidade, bem como da apresentação das demonstrações 
contábeis tomadas em conjunto. 
 
(3) A entidade deixou de apresentar a demonstração de origens e aplicações de 
recursos para os exercícios findos em 31 de dezembro de 19X1 e 19X0, requerida 
como parte das informações contábeis mínimas. 
 
(4) Em nossa opinião, exceto pela falta da apresentação da demonstração de origens e 
aplicações de recursos, mencionada no parágrafo anterior, as demonstrações 
contábeis acima referidas representam adequadamente, em todos os aspectos 
relevantes, a posição patrimonial e financeira da Empresa ABC em 31 de 
dezembro de 19X1 e de 19X0, o resultado de suas operações, as mutações de seu 
patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos referentes aos 
exercícios findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no 
Brasil. 
 
Local e data 
 
Assinatura 
Nome do auditor-responsável técnico 
Contador N.º de registro no CRC 
 
Nome da empresa de auditoria 
N.º de registro cadastral no CRC 
 
 Quando o auditor emitir parecer com ressalva, deve ser incluída descrição clara de 
todas as razões que fundamentaram o seu parecer e, se praticável, a quantificação dos efeitos 
sobre as demonstrações contábeis. Essas informações devem ser apresentadas em parágrafo 
específico do parecer, precedendo ao da opinião e, se for caso, fazer referência a uma 
divulgação mais ampla pela entidade em nota explicativa às demonstrações contábeis. 
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7.3 Parecer adverso 
 
 Quando o auditor verificar a existência de efeitos que, isolada ou conjugadamente, 
forem de tal relevância que comprometam o conjunto das demonstrações contábeis, deve 
emitir parecer adverso. No seu julgamento deve considerar, tanto as distorções provocada, 
quanto a apresentação inadequada ou substancialmente incompleta das demonstrações 
contábeis. 
 
 Quando da emissão de parecer adverso, o auditor deve descrever, em um ou mais 
parágrafos intermediários, imediatamente anteriores ao parágrafo de opinião, os motivos e a 
natureza das divergências que suportam sua opinião adversa, bem como os seus principais 
efeitos sobre a posição patrimonial e financeira e o resultado do exercício ou período. 
 
Modelo de parecer adverso: 
 
 PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES 
 
DESTINATÁRIO 
 
(1) Examinamos os balanços patrimoniais da Empresa ABC, levantados em 31 de 
dezembro de 19X1 e de 19X0, e as respectivas demonstrações do resultado, das 
mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos 
correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaborados sob a 
responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar 
uma opinião sobre essas demonstrações contábeis. 
 
(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e 
compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos 
saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da 
entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que 
suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das 
práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela 
administração da entidade, bem como da apresentação das demonstrações 
contábeis tomadas em conjunto. 
 
(3) A variação cambial sobre empréstimos em moeda estrangeira está sendo 
contabilizada pela companhia somente por ocasião do pagamento ao credor no 
exterior. Em nossa opinião, essa prática está em desacordo com os princípios 
fundamentais de contabilidade, os quais requerem que a variação cambial seja 
registrada no regime de competência, ou seja, no ano que houve a mudança na taxa 
de câmbio. Se a variação cambial tivesse sido contabilizada com base no regime 
de competência, o lucro líquido estaria a menor em R$ 57.000 e R$ 59.000, em 
19X1 e 19X0, respectivamente. 
 
(4) Em nossa opinião, devido à relevância dos efeitos do assunto comentado no 
parágrafo 3, as demonstrações contábeis acima referidas não representam 
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Edson Carlos dos Santos- Anísio Candido Pereira 
 
 
adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e 
financeira da Empresa ABC em 31 de dezembro de 19X1 e de 19X0, o resultado 
de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações 
de seus recursos referentes aos exercícios findos naquelasdatas, de acordo com as 
práticas contábeis adotadas no Brasil. 
 
Local e data 
 
Assinatura 
Nome do auditor-responsável técnico 
Contador N.º de registro no CRC 
 
Nome da empresa de auditoria 
N.º de registro cadastral no CRC 
 
 No parágrafo de opinião, o auditor deve explicitar que, devido à relevância dos efeitos 
dos assuntos descritos no parágrafo ou parágrafos precedentes, ele é da opinião de que as 
demonstrações contábeis da entidade não estão adequadamente apresentadas, consoante aos 
Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que 
for pertinente, a legislação específica. 
 
 
7.4 Parecer com abstenção de opinião 
 
O parecer com abstenção de opinião por limitação na extensão é emitido quando 
houver limitação significativa na extensão do exame que impossibilite o auditor de formar 
opinião sobre as demonstrações contábeis, por não ter obtido comprovação suficiente para 
fundamentá-la, ou pela existência de múltiplas e complexas incertezas que afetem um número 
significativo de rubricas das demonstrações contábeis. 
 
 Nos casos de limitações significativas, o auditor deve indicar claramente os 
procedimentos omitidos e descrever as circunstâncias de tal limitação. Ademais, são 
requeridas as seguintes alterações no modelo de parecer sem ressalvas: 
 
 a) a substituição da sentença “Examinamos...” por “Fomos contratados para auditar as 
demonstrações contábeis...”; 
 b) a eliminação da sentença do primeiro parágrafo “Nossa responsabilidade é a de 
expressar opinião sobre essas demonstrações contábeis”; e 
 c) a eliminação do parágrafo de extensão. 
Modelo de parecer com abstenção de opinião: 
 
PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES 
 
DESTINATÁRIO 
 
(1) Fomos contratados para auditar as demonstrações contáveis da Empresa ABC, 
levantados em 31 de dezembro de 19X1 e de 19X0, e as respectivas 
demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e 
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aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, 
elaborados sob a responsabilidade de sua administração. 
 
(2) Pelo fato de termos sido contratados pela Empresa ABC após 31 de dezembro de 
19X1, não acompanhamos as contagens físicas dos estoques, em 31 de dezembro 
de 19X1 e de 19X0, nem foi possível firmarmos opinião sobre a existência dos 
estoques, por meio de procedimentos alternativos de auditoria. 
 
(3) Devido a relevância dos procedimentos omitidos, conforme mencionado no 
parágrafo 2º, a extensão do nosso exame não foi suficiente para nos possibilitar 
expressar, e, por isso, não expressamos opinião sobre as demonstrações contáveis 
da Empresa ABC, em 31 de dezembro de 19X1, referidas no parágrafo 1º. 
 
Local e data 
 
Assinatura 
Nome do auditor-responsável técnico 
Contador N.º de registro no CRC 
 
Nome da empresa de auditoria 
N.º de registro cadastral no CRC 
 
 No parágrafo final do parecer, o auditor deve mencionar claramente que os exames 
não foram suficientes para permitir a emissão de opinião sobre as demonstrações contábeis. A 
abstenção de opinião não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar qualquer desvio 
relevante que normalmente seria incluído como ressalva no seu parecer e que, portanto, possa 
influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações. 
 
 
9. Considerações finais 
 
 Quando o auditor emite seu parecer sobre demonstrações contábeis do ano corrente e 
do ano anterior, deve avaliar o impacto, sobre estas últimas, de circunstâncias e eventos de 
que eventualmente tome conhecimento ao examinar as demonstrações do exercício atual. 
Dependendo da relevância desse impacto, o auditor deve avaliar a necessidade de emitir 
parecer, sobre aquelas demonstrações contábeis, diferente do anteriormente emitido. 
 
Quando as demonstrações contábeis são divulgadas de forma comparativa com as do 
exercício anterior e há mudança de auditores, surge a questão do tratamento dos pareceres 
relativos aos dois exercícios. 
 
A entidade auditada pode optar por publicar o parecer relativo ao atual exercício e 
também o parecer dos que examinaram o exercício anterior. Nesse caso, o auditor do 
exercício corrente referir-se-á em seu parecer somente às demonstrações contábeis do 
exercício que examinou. 
 
Todavia, nada impede a divulgação somente do parecer relativo ao último exercício. 
Neste caso, o auditor deve mencionar nele que as demonstrações contábeis do exercício 
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anterior foram examinadas por outros auditores, referindo a data do parecer destes, 
expressando as eventuais ressalvas, seus efeitos e possíveis reflexos no exercício atual. 
 
Quando o auditor aceita o parecer de outros auditores, por não ter evidências que 
indiquem restrições aos seus trabalhos e conclusões, deve destacar no seu parecer a divisão de 
responsabilidades. 
 
O auditor deve emitir parecer com ressalva ou abstenção de opinião quando concluir, 
baseado nos procedimentos recomendados, que o trabalho dos outros auditores não pode ser 
utilizado e que não pode aplicar procedimentos adicionais suficientes com relação às 
demonstrações contábeis da controlada e/ou coligada ou ao item sobre o qual os outros 
auditores emitiram parecer. 
 
 O Parecer de Auditoria é o documento, pelo qual, o auditor utiliza para se comunicar 
com os usuários dos seus serviços, onde ele destaca certos aspectos dos trabalhos 
desenvolvidos no decorrer de seus exames, bem como relata as suas conclusões a respeito da 
entidade auditada, conforme observado no decorrer deste artigo. 
 
 
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