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130Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
IMPACTOS DA VARIAÇÃO DO DÓLAR NO MERCADO BRASILEIRO DE 
EXPORTAÇÃO DE MADEIRA DE JUNHO DE 2010 A JUNHO DE 2015
Maria Gabriela da Rosa Gaio1
Anara dos Santos Wisnievski Miske2
RESUMO
Durante os anos de 2010 e 2015 foi verificada uma intensa oscilação do dólar americano – 
uma das principais moedas no comércio exterior – em relação ao real. O real sofreu 
desvalorização motivada principalmente por razões políticas enquanto o dólar 
apresentou uma alta considerável. A variação cambial afeta positiva ou negativamente 
diversos setores da economia, principalmente a importação e exportação de produtos, 
logo, esse estudo visa entender quais foram os impactos causados por essa variação no 
mercado brasileiro de exportação de madeira compensada. Para verificar essa influência 
foram utilizadas fontes bibliográficas provenientes de livros, artigos, documentos oficiais 
e páginas eletrônicas, além de uma pesquisa descritiva que utilizou um questionário para 
descobrir a visão dos empresários madeireiros no que diz respeito a esses impactos. 
Verificou-se que a alta do dólar provocou um aumento nas exportações de madeira 
compensada, porém outros fatores como a redução de preços no mercado internacional, 
a redução da demanda pelo produto e o mercado interno afetaram diretamente as 
exportações de madeira no período. 
Palavras-chave: Exportação. Madeira. Dólar. Compensado.
1 Graduada em Negócios Internacionais pela FAE Centro Universitário. Administradora de Empresas. 
E-mail: mariaag_@hotmail.com
2 Administradora de Empresas. Professora da FAE Centro Universitário. Atua na área de Negócios 
Internacionais. E-mail: anara.miske@fae.edu
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA131
INTRODUÇÃO
O dólar tem um papel de extrema relevância no Sistema Cambial Internacional 
e sua oscilação afeta valores de moeda no mundo todo, além de causar impactos em 
toda economia mundial. Essa variação gera efeitos em todos os setores da economia, 
principalmente no que diz respeito à importação e exportação de produtos e serviços. 
De acordo com Brasil Econômico (2014), o dólar exibiu alta de quase 13% em 2014, 
fechando o ano com valorização pelo quarto ano consecutivo. Em 2015 o aumento foi 
ainda maior e a valorização da moeda americana perante o real ultrapassou a barreira 
dos 15% já no primeiro trimestre do ano (TOMAZELLI, 2015).
A desvalorização do real frente ao dólar beneficiou as exportações brasileiras, 
porém fatores como a redução da demanda global e o aumento de custos de produção, 
energia, matéria-prima e mão de obra dentro do Brasil prejudicaram as indústrias. Além 
disso, com a oportunidade oferecida pelo câmbio, várias empresas que trabalhavam 
apenas no mercado interno começaram a exportar, o que causou um aumento na oferta 
e, consequentemente, uma diminuição nos preços de venda internacionais. 
Diante dessa instabilidade, essa pesquisa pretende mostrar quais os impactos 
causados por essa oscilação do dólar no mercado brasileiro de exportação de madeira. 
Segundo Luiz Carlos Uncini, diretor comercial da Cooperativa Agropecuária do Planalto 
Serrano, a alta do dólar é favorável ao setor, porém os custos com combustível, 
transporte e energia explodiram, fazendo com que o custo do produto tivesse um 
aumento superior ao aumento do dólar. Ainda segundo o diretor, no mercado interno 
não há como incluir esse aumento no preço de venda, o que acaba afetando diretamente 
o setor das exportações (AMURES, 2015).
A maior parte dos produtos exportados pelo Brasil são commodities e produtos 
manufaturados e o principal destino desses produtos são países desenvolvidos, que 
os utilizam como matéria-prima para fabricar produtos industrializados. Dentre esses 
produtos destacam-se os produtos florestais e diversos tipos de madeira. Um dos 
principais tipos de madeira exportado pelo Brasil é o compensado, portanto apesar de 
ter sido apresentado um contexto geral de diversos tipos de madeira brasileiros, para 
fins de análise foi verificada a influência da variação do dólar no mercado brasileiro de 
exportação de madeira compensada.
Essa pesquisa visa responder a seguinte questão: quais foram os impactos 
causados pela variação do dólar americano no mercado brasileiro de exportação de 
madeira de junho de 2010 a junho de 2015?
As hipóteses que orientam o estudo são as seguintes:
132Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
a) A alta do dólar provocou um aumento nas exportações de madeira no período 
estudado;
b) A oportunidade cambial é o fator determinante para empresas começarem a 
exportar;
c) A alta do dólar teve como resultado a redução dos preços no mercado externo, 
o que fez com que as empresas não aumentassem consideravelmente sua 
receita, apesar de terem aumentado o volume de madeira exportado durante 
o período analisado. 
1 O MERCADO CAMBIAL
Ratti (2006, p.105) define o mercado cambial como “um mercado onde são 
compradas e vendidas as moedas dos diversos países”. Conforme Gonçalez (2012, p.151), 
“operações de câmbio são aquelas em que há troca da moeda de um país pela moeda 
de outro”. Essas operações são realizadas entre clientes e bancos e têm como objetivo 
trocar moedas estrangeiras por moeda nacional ou moeda nacional por estrangeira, 
no caso de entrada e saída de divisas, respectivamente (GONÇALEZ, 2012).
Em regra, empresas estabelecidas no Brasil só podem manter conta-corrente 
em moeda local, ou seja, todas as receitas oriundas de operações de exportação e 
importação precisam ser convertidas para o Real. Essa conversão é feita por meio de 
um Contrato de Câmbio de Compra de moeda estrangeira, popularmente denominado 
Contrato de Câmbio. O exportador é considerado o vendedor da moeda estrangeira, 
enquanto instituições autorizadas pelo Banco Central a operar em câmbio são as 
compradoras. A taxa de câmbio utilizada nessa transação é sempre definida pelo banco 
ou entidade financeira, portanto é acrescida de sua margem de lucro (CASTRO, 2011). 
Para decidir a moeda que regerá o contrato, é preciso verificar se a mesma é 
aceita sem restrições nas negociações entre países. Moedas aceitas livremente no 
mercado internacional são chamadas de “moedas fortes”. São emitidas, geralmente, 
por países que possuem economias fortes e estáveis. Os Dólares australiano, canadense 
e americano, as Coroas dinamarquesa, norueguesa e sueca, o Iene japonês, a Libra 
esterlina, o Franco suíço e o Euro são as moedas aceitas sem restrições no Comércio 
Internacional (GONÇALEZ, 2012). Para Lunardi (2000) as moedas fortes podem também 
ser chamadas de conversíveis ou arbitráveis, enquanto as demais são chamadas de 
incoversíveis ou não arbitráveis. 
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA133
As moedas não aceitas no Comércio Internacional são chamadas de “moedas 
fracas” e possuem limitações quanto à sua aceitação. Os países que emitem tais moedas 
possuem economias instáveis e apresentam políticas que possuem baixa credibilidade 
no mercado internacional. O Real do Brasil pode ser citado como um exemplo de moeda 
fraca (GONÇALEZ, 2012).
Há ainda a moeda chamada de convênio ou adotiva. Essa é uma moeda conversível 
adotada por países para viabilizar suas relações comerciais e financeiras, mesmo não 
sendo a moeda corrente de nenhuma das partes. O Convênio de Pagamentos e Créditos 
Recíprocos da ALADI, por exemplo, adotou o dólar dos Estados Unidos como moeda 
de convênio (LUNARDI, 2000). 
1.1 A IMPORTÂNCIA DO DÓLAR NO MERCADO MUNDIAL
Segundo o site Brasil Escola3 a libra-esterlina exercia, na segunda metade do século 
XIX, a função de moeda internacional. Nesse período o dólar era a última opção para 
assumir esse posto, pois os Estados Unidos eram considerados devedores internacionais 
não confiáveis. Foi só a partir do século XX que o dólar começou a exercer o papel que 
exerce até hoje. No cenário pós Segunda Guerra Mundial, os países afetados pela guerra 
tornaram-se dependentes dos produtos norte-americanos.Essa necessidade fez com 
que vários países, especialmente os europeus, passassem a adquirir dólares, dando à 
moeda um caráter internacional, ao mesmo tempo em que se confirmava a hegemonia 
capitalista dos Estados Unidos. 
“O dólar americano é a moeda emitida pelo Federal Reserve (o banco central 
dos Estados Unidos) para a realização de pagamentos nos EUA e que serve também 
como referência para a maioria das transações internacionais” (INFO MONEY, 2013). 
O papel do dólar na economia mundial é proeminente, a moeda americana 
é utilizada como reserva por quase dois terços dos bancos centrais internacionais. 
Essa posição como moeda de reserva significa que a maioria das commodities são 
precificadas e comercializadas em dólares americanos. A fim de realizar essas transações 
é imprescindível que se utilizem dólares, portanto é essencial que o dólar mantenha 
seu papel e força no mercado cambial internacional (TERRA TRC BLOG, 2011). 
No Brasil, a moeda estrangeira mais negociada é o dólar dos Estados Unidos, fazendo 
com que a cotação comumente utilizada seja a dessa moeda. Assim, quando dizemos, por 
exemplo, que a taxa de câmbio é 1,80, significa que um dólar dos Estados Unidos custa R$ 1,80. 
A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação à outra (BACEN, 2014). 
3 Referência retirada da página Brasil Escola em 2015, sem registro de quando a publicação foi escrita. 
134Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
De acordo com Gonçalez (2012, p.133) “quando há valorização da moeda 
americana em relação à moeda nacional, as exportações são beneficiadas e o produtor 
consegue competir de forma mais agressiva no mercado internacional”. As importações, 
contudo, são evitadas. 
2 A VARIAÇÃO DO DÓLAR DE JUNHO DE 2010 A JUNHO DE 2015
O Banco Central do Brasil é um órgão vinculado ao Ministério da Fazenda responsável 
por estabelecer normas sobre as operações de câmbio, fiscalizar e controlar sua aplicação 
(LOPEZ; GAMA, 2002). O BACEN caracteriza a taxa de câmbio como “o preço de uma moeda 
estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional”. 
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada ao final de cada dia e consiste na média 
de todas as negociações realizadas com dólares naquela data. Essa taxa é obtida após 
a exclusão de 5% das contas mínimas e máximas e é calculada e divulgada pelo Banco 
Central do Brasil (INVESTIDOR, 2011). 
A seguir é apresentado um histórico da cotação do dólar americano em relação 
ao real brasileiro de junho de 2010 a junho de 2015 utilizando a taxa Ptax. 
GRÁFICO 1 – Cotação do dólar americano – jun 2010 – jun 2015
NOTA: Dados trabalhados pela autora 
FONTE DE DADOS BRUTOS: Bacen (2015)
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA135
O gráfico 1 apresenta a evolução da cotação do dólar americano em relação 
ao real brasileiro de junho de 2010 a junho de 2015. É evidente que a oscilação das 
cotações foi muito grande, pois é possível verificar períodos em que a cotação estava 
perto de R$ 1,50 e outros em que chegou a mais de R$ 3,00, o que significa um aumento 
de mais de 100% no valor da moeda americana em relação ao real. Apesar de alguns 
períodos um pouco mais instáveis, a avaliação geral é de que a moeda apresentou um 
expressivo aumento ao longo do período estudado ao mesmo tempo em que a moeda 
brasileira apresentou uma intensa desvalorização, a qual foi resultado, principalmente, 
de razões políticas.
3 EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
Lopez e Gama (2002) definem exportação como a disponibilização de uma 
mercadoria ao comprador estrangeiro em local e prazo estipulados no contrato de 
compra e venda internacional. 
Para Keedi (2008), exportação é a remessa de mercadorias produzidas em seu 
país ou em terceiros, que sejam de interesse do importador e que possibilitem aos 
envolvidos vantagens em sua comercialização ou troca. Logo, pode ser definida como 
a saída de mercadorias para o exterior. 
Balança comercial é o instrumento utilizado para registrar as exportações e 
importações de qualquer setor da economia. A balança comercial brasileira representa 
tudo que o Brasil exporta e importa, ou seja, tudo que vende a outros países e compra 
dos mercados externos. O saldo da balança comercial é a diferença de tudo que foi 
vendido e comprado pelo país (R7, 2010). 
Segundo a página eletrônica Info Escola4, quando o resultado financeiro das 
exportações é maior do que o das importações de bens e serviços há um superávit 
comercial, e quando ocorre o contrário, o país mais exporta do que importa, surge o 
que é chamado de déficit comercial. O país pode ainda estar em equilíbrio comercial, 
quando o montante referente às exportações se iguala ao das importações. 
O setor exportador tem um papel-chave sobre o desempenho da economia de 
qualquer país, além de ter um impacto direto na estrutura produtiva, pois determina 
os setores mais competitivos e que apresentam maiores potenciais de crescimento 
(CRUZ; NAKABASHI e SCATOLIN, 2008).
4 Informações retiradas de definição não datada escrita no site Info Escola.
136Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
3.1 VARIÁVEIS SIGNIFICATIVAS NO CENÁRIO DA EXPORTAÇÃO
São muitos os fatores que interferem na venda de um produto ao exterior. 
De acordo com Keedi (2012), quando uma empresa resolve inserir seu produto no 
mercado internacional, deve estar ciente de que se trata de um mundo novo, o qual 
apresenta dificuldades diferentes das encontradas no mercado nacional. A distância é 
maior do que aquela com que a empresa está acostumada a lidar, o que pode acarretar 
problemas com transporte e logística, especialmente no usual aumento dos custos para 
a venda ou compra de determinado produto. O idioma é outra barreira enfrentada 
pelos empresários, pois é necessário conhecer a língua do país de destino ou utilizar 
idiomas que são considerados de domínio internacional, como por exemplo, o inglês 
e o espanhol. 
Ratti (2006, p.308) discorre sobre a natureza dos mercados, dizendo que “no 
mercado interno predominam fatores de coesão, enquanto no mercado internacional a 
predominância é dos fatores de dispersão”. O autor argumenta que no mercado interno 
há uma unidade de idioma, costumes, gostos, hábitos, etc., enquanto no mercado 
internacional há muitas diferenças entre esses fatores, o que torna complicada uma 
padronização. Logo, uma empresa que deseje operar fora de seu país deve realizar 
um estudo do país onde deseja vender seus produtos a fim de adaptá-los para melhor 
atender cada população.
Uma das maiores dificuldades encontradas no comércio exterior é a questão 
legal, pois cada país possui uma legislação própria e nem sempre o exportador conhece 
as particularidades da lei do país de destino de sua mercadoria. Além das questões 
geográficas, legais, políticas e econômicas é preciso considerar os hábitos comerciais 
dos países, as características de negociação, os gostos e costumes dos consumidores e 
principalmente a aceitação do produto no país em questão (KEEDI, 2012).
Para Ratti (2006) outro elemento que dificulta o comércio internacional são as 
longas distâncias entre os países, pois elas trazem consigo despesas mais elevadas com 
frete e um maior tempo de transporte, fator que exerce influência na embalagem a ser 
utilizada, por exemplo, além de algumas vezes prejudicar a condição física dos produtos.
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria mostrou que, 
para os empresários brasileiros, a quantidade de documentos exigida por órgãos de 
controle alfandegário é excessiva. De acordo com o levantamento, o principal entrave 
para exportar é o excesso de documentos, em segundo é a baixa agilidade para a análise 
dos documentos e, em terceiro lugar, a demora na vistoria e inspeção. Além disso, os 
entrevistados reclamaram da falta de comunicação entre os órgãos, o que muitas vezes 
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA137
acarreta na solicitação de dados e documentos repetidos, causando ainda maisdemora 
no processo. A pesquisa foi divulgada em 2014 e ouviu 640 empresários entre 2012 e 
2013 (MADEIRA TOTAL, 2014). 
Barreiras aduaneiras e outras restrições impostas pelos países (em maior ou 
menor grau) são, de acordo com Ratti (2006), outro fator que aumenta a dificuldade das 
empresas de levarem seus produtos para serem vendidos no mercado internacional. 
Essas barreiras podem ser proibitivas, limitantes, regulamentadoras ou de controle e, 
devido a elas, o exportador é obrigado a se esforçar bastante para diminuir seu custo 
e conseguir vender seus produtos a um valor competitivo.
3.1.1 Mercado Interno
Estar focado apenas no mercado interno pode trazer problemas à empresa, pois 
a economia nacional pode sofrer com crises cíclicas ou inesperadas. Nesse cenário, a 
exportação pode ampliar os mercados para o escoamento de uma produção que tenha 
seu consumo reduzido no mercado interno. Para ficarem livres das ocorrências e eventos 
de um único mercado, tais como a redução de preços ou de consumo, mudanças de 
hábitos e práticas governamentais, as empresas podem buscar mercados alternativos 
no exterior (KEEDI, 2012).
3.1.2 Variação Cambial
Como em alguns períodos há uma oscilação diária significativa do valor do dólar 
americano em relação ao real, quando uma empresa exportadora fecha um negócio 
com o exterior, ela corre o risco de ter um prejuízo causado pela variação cambial. 
Ao mesmo tempo, se o dólar aumentar sua valorização perante o real, essa mesma 
empresa receberá um valor maior do que aquele que receberia na data do fechamento 
do contrato (GONÇALEZ, 2012).
As variações de ordem monetária, segundo Ratti (2006), causam um problema 
nas negociações, pois a distinção principal consiste não do emprego de moedas 
diferentes, mas da possível mudança de valor entre elas. A variação cambial faz com 
que os custos das operações internacionais estejam sujeitos a riscos e transtornos que 
não são encontrados no mercado interno.
A taxa de câmbio tem uma alta relevância no que diz respeito às importações e 
exportações, pois altera o resultado do setor externo ao incentivar mudanças nos preços 
dos bens e serviços em relação aos estrangeiros, além de colaborar na determinação 
138Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
da estrutura produtiva da economia, uma vez que alguns segmentos e setores são 
mais sensíveis à competitividade – principalmente internacional – via preços (CRUZ; 
NAKABASHI e SCATOLIN, 2008). 
3.1.3	Benefícios	Fiscais
Para que as empresas instaladas em território nacional possam competir com 
igualdade no mercado internacional, diversos países oferecem incentivos fiscais à 
exportação. No Brasil, esses incentivos são representados pela desoneração ou dispensa 
de pagamento de determinados tributos praticados no mercado interno (CASTRO, 2011). 
De acordo com Lopez e Gama (2008), na saída de produtos industrializados para 
o exterior as empresas usufruem de imunidade de pagamento do IPI. Tanto a empresa 
fabricante, quando a trading company, comercial exportadora, cooperativa ou entidade 
semelhante tem direito a esse benefício, assim como tem direito a não incidência 
do ICMS na saída física do produto ao exterior. Além desses benefícios, as empresas 
exportadoras estão isentas do pagamento da Contribuição para Financiamento da 
Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição para os Programas de Integração Social e 
de Formação do Patrimônio do Servidos Público (PIS). 
Dessa forma, muitas empresas decidem exportar porque, ao retirar os impostos 
devidos no mercado interno, o preço do produto exportado torna-se competitivo no 
mercado internacional. 
3.2 BENEFÍCIOS DAS EXPORTAÇÕES
De acordo com Lopez e Gama (2008), quando uma empresa decide abrir-se 
para o comércio internacional, desenvolve e aprimora seus métodos administrativos 
e organizacionais. Além disso, diversifica seu mercado, assimila novas técnicas de 
produção e de comercialização e desenvolve técnicas de marketing mais sofisticadas. 
Para Keedi (2012), quando a empresa busca mercados alternativos no exterior, além da 
diluição de riscos que ocorre, há também um aumento na quantidade de empresas compradoras, 
o que causa um aumento da quantidade vendida e da produção, elevando a receita. 
Dentre as principais razões para exportar destacam-se a busca por maiores 
lucros, ampliação de mercados, oferta de novos produtos, aumento da produção e da 
produtividade, melhor utilização da capacidade instalada, aprimoramento da qualidade, 
redução de custo de produção, diversificação de riscos e novas ideias para o crescimento 
empresarial (LOPEZ; GAMA, 2008).
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA139
A diluição de riscos, a melhoria da qualidade do produto, a internacionalização da 
marca, o aumento do mercado consumidor, o câmbio favorável e os benefícios fiscais 
oferecidos pelo governo podem ser citados, então, como vantagens oferecidas aos 
exportadores. Ao mesmo tempo, esses fatores são relevantes no momento em que 
entidades brasileiras decidem começar a exportar seus produtos, podendo inclusive 
ser fator determinante no momento da tomada de decisão. 
4 EXPORTAÇÕES DE MADEIRA NO BRASIL
O papel desempenhado pelo setor florestal brasileiro é, conforme Petrauski et al. 
(2011), de significativa importância para os desenvolvimentos econômico e social do 
país. Sua participação, contudo, ainda está aquém do potencial que apresenta, ou seja, o 
setor pode produzir mais e até mesmo transferir riqueza para outros setores econômicos. 
Algumas táticas possíveis para ser mais competitivo no mercado internacional incluem 
o aumento das exportações e a garantia de um elevado padrão social e ambiental às 
atividades florestais. 
O papel significativo que a indústria de madeira brasileira tem no mercado 
internacional foi alcançado, segundo ABIMCI (2013) através de iniciativas da própria 
indústria. Os investimentos em programas de qualidade e busca por certificações de 
processo são financiadas pelos próprios empresários. O governo não procura efetuar 
acordos internacionais e de cooperação mútua e acaba prejudicando o desenvolvimento 
da indústria da madeira.
É possível verificar que o câmbio e os preços internacionais não são os únicos 
limitadores da participação da indústria madeireira no comércio internacional. A 
inflação de custos, a baixa produtividade, os custos logísticos e diversos outros fatores 
relacionados ao custo Brasil influenciam diretamente a competitividade da madeira 
brasileira no exterior. É necessário que haja um esforço conjunto dos setores público 
e privado, buscando soluções inovadoras que levem a mudanças significativas na 
estrutura de produção, para que o produto florestal brasileira se torne mais competitivo 
no mercado internacional (TOMASELLI, 2014). 
Os representantes do setor florestal brasileiro afirmam que apesar dos ótimos 
resultados apresentados pelo segmento, o poder público não dá o apoio suficiente, 
não há políticas de incentivo à exportação nem investimentos públicos no setor. Uma 
das batalhas dos madeireiros é que o governo americano inclua novamente alguns 
produtos brasileiros no Sistema Geral de Preferências, o que eliminaria a taxa de 
importação de 8%, aumentando a competitividade dos produtos florestais brasileiros 
140Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
nos Estados Unidos. Além disso, os industriais têm lutado para que o governo brasileiro 
inclua o setor no plano Brasil Maior para que haja a desoneração da folha de pagamento 
(ABIMCI, 2013).
A indústria florestal e madeireira é uma componente chave no sucesso 
financeiro e estabilidade do Brasil. O país possui a terceira maior frontier forest5 do 
mundo, sendo responsável por 17% desse tipo de floresta no mundo, além de conter 
a maior biodiversidade em termos de plantas que essas florestas podem acomodar. 
A madeira pode ser extraída de florestas nativas ou florestas plantadas. As florestas 
nativas brasileiras ocupam uma área de mais de 517 milhões de hectares– o que 
significa mais de 98% das florestas do país – enquanto as florestas cultivadas ocupam 
aproximadamente 6,6 milhões de hectares. A maior parte das florestas plantadas 
está localizada no sul do Brasil, enquanto as florestas tropicais que fornecem madeira 
são exclusivamente parte da Floresta Amazônica. As duas principais espécies que são 
produzidas, processadas e comercializadas no Brasil são Pinus e Eucalipto (BRAZIL)6.
Segundo Tomaselli (2014), as mudanças nos cenários mundial e nacional têm 
impacto em todos os setores da economia, inclusive no setor florestal. A desvalorização 
do real, inicialmente considerada uma solução para reativar as exportações de madeira, 
tem um efeito transitório que, segundo o pesquisador, não é sustentável. 
O diretor da empresa de consultoria Consufor, Márcio Funchal, afirma que os 
volumes das exportações têm aumentado, porém os preços em dólar estão caindo. Os 
importadores acompanham a variação cambial e sabem que o real está desfavorável 
em relação ao dólar, portanto brigam por desconto e, devido à alta competitividade, 
os fornecedores acabam reduzindo o preço dos produtos (PAINEL FLORESTAL, 2016). 
Fatores internos como a inflação da matéria-prima e da mão de obra, altos 
pedágios, elevados custos nos terminais e portos e gargalos logísticos afetam 
diretamente os custos de produção, prejudicando toda a indústria.
4.1 EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA COMPENSADA DE 
JUNHO DE 2010 A JUNHO DE 2015
A indústria de painéis de madeira compensada é muito importante para a 
economia brasileira, principalmente pelas novas tecnologias aplicadas a ela, as quais 
geram renda e emprego nos setores de móveis e da construção civil (VIEIRA; BRITO e 
GONÇALVEZ, 2012).
5 Frontier forest, em inglês, é o termo utilizado para caracterizar florestas grandes e relativamente intocadas. 
6 Informações não datadas retiradas da página eletrônica Brazil, de domínio Sul Africano. 
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA141
De acordo com Vieira, Brito e Gonçalves (2012) é significativa a participação 
das exportações no consumo de painéis de compensados. Aproximadamente 74% da 
produção brasileira de compensados está voltada para atender o mercado externo.
De acordo com Gazeta do Povo (2013), antes da crise imobiliária que afetou os 
EUA, o país chegou a responder por metade dos embarques de compensado de pinus 
brasileiro. Hoje o mercado europeu representa mais de 70% da demanda. O Chile é o 
principal rival do Brasil na área de compensados. 
A seguir é apresentado um gráfico que demonstra a evolução das exportações 
de madeira compensada de junho de 2010 a junho de 2015. O gráfico apresenta o 
valor exportado em dólares (FOB) e o peso líquido do produto enviado ao exterior no 
período analisado. 
GRÁFICO 2 – Exportações de madeira compensada jun 2010 – jun 2015
NOTA: Dados trabalhados pela autora 
FONTE: Aliceweb (2016)
Os Estados Unidos eram os principais compradores de madeira compensada 
brasileira, porém com a crise enfrentada pelo país em 2008/2009 seu volume de 
importação diminuiu significativamente. Por se tratar de uma potência mundial, a 
redução da demanda no país norte-americano afetou diversos países, principalmente 
em desenvolvimento, que tinham os EUA como principal comprador de seus produtos. 
É possível verificar no gráfico 2 que de 2010 a 2011 o Brasil sentiu essa crise 
americana e o total de exportação de madeira compensada não apresentou um 
valor tão significativo. A partir de 2012 as exportações começam a apresentar 
142Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
uma recuperação, mas é a partir de 2013 que as exportações voltam a crescer 
continuamente. Após cinco anos com números negativos na exportação de 
compensado de pinus, a indústria começou a se recuperar, apresentando um 
crescimento de 24% em relação ao ano anterior.
Em 2014 e 2015 as exportações de madeira aumentaram tanto em peso líquido 
quanto em valores, apresentando em 2015 os maiores valores do período analisado. 
A quantidade exportada chegou a quase 80 mil quilos e o retorno financeiro dessas 
exportações passou de 50 mil dólares. 
5 METODOLOGIA
A base do presente estudo é a pesquisa exploratória. O objetivo dessa pesquisa, 
segundo Gil (2002), é proporcionar maior familiaridade com o problema, aprimorar 
ideias e descobrir intuições. Para esse trabalho foram analisados livros e artigos para que 
se pudesse observar como a literatura trata dos tópicos relevantes para essa pesquisa. 
Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada uma pesquisa documental, a qual 
utilizou dados do governo referentes à balança comercial brasileira, números relativos às 
exportações, registros a respeito do mercado madeireiro brasileiro, histórico da cotação 
do dólar oferecido pelo Banco Central do Brasil e outros documentos relevantes para 
a conclusão do trabalho. 
A segunda parte do estudo foi realizada a partir de uma pesquisa descritiva. De 
acordo com a página eletrônica Pós graduando (2012) esse tipo de pesquisa caracteriza-
se por identificar, registrar e analisar características, fatores ou variáveis que estejam 
relacionadas com o fenômeno ou processo estudado. A pesquisa descritiva evidencia 
características de determinada população e pode também estabelecer relações entre 
variáveis e definir sua natureza (VERGARA, 2009). 
Dentro da população de todas as empresas que exportam madeira foram 
selecionadas 17 que se propuseram a participar desse estudo e que possuem uma 
participação significativa dentro desse setor. Um questionário com nove perguntas 
foi enviado via e-mail para essas empresas a fim de que fosse analisado o impacto da 
variação do dólar no mercado brasileiro de exportação de madeira no período estudado 
de acordo com a visão dos seus empresários e dirigentes.
O questionário abordou questões envolvendo o tempo de cada empresa no 
mercado internacional, o destino da produção, o principal tipo de madeira exportado, 
os destinos predominantes dos produtos exportados e uma comparação de resultados 
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA143
obtidos de junho de 2010 a junho de 2015 em relação ao volume e ao retorno financeiro 
das exportações. 
Trata-se então de uma pesquisa descritiva de levantamento cujos resultados 
obtidos foram analisados e adicionados ao fim do trabalho para que fosse feita uma 
relação entre os dados colhidos na pesquisa bibliográfica e as respostas encontradas 
na pesquisa descritiva. 
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Com um grande território e milhares de hectares de florestas plantadas 
exclusivamente para o uso comercial da madeira, o Brasil é um dos maiores produtores 
de madeira do mundo, exportando produtos florestais para diversos países.
Foi possível verificar que o mercado interno não é o foco das empresas de madeira 
analisadas, as quais destinam a maior parte da sua produção para o mercado externo. 
Algumas empresas alegam que o produto não é reconhecido no mercado interno, 
outras escolhem o mercado externo por decisão estratégica e há ainda empresas que 
escolhem exportar porque, com a isenção dos tributos, o preço no exterior se torna 
mais competitivo que no mercado nacional. 
Por muitos anos os Estados Unidos foram os principais compradores da madeira 
brasileira, principalmente da madeira compensada, contudo com a crise enfrentada 
pelo país norte-americano em 2008/2009 eles diminuíram drasticamente a importação 
desses produtos. Nesse cenário, o Brasil passou a procurar outros potenciais mercados 
para exportar seus produtos e a Europa se tornou o principal destino da madeira 
brasileira. A qualidade da madeira e o preço competitivo são os principais motivos que 
levam os países europeus a consumirem tanta madeira brasileira. 
São diversos os motivos que levam uma empresa a exportar. A possibilidade de 
aumentar sua produção e receita, a busca de novos mercados consumidores e os benefícios 
fiscais dados pelo governo são alguns deles. A possibilidade de não pagar impostosatrai 
alguns empresários, que veem nesse benefício uma chance de reduzir o preço de venda e 
conseguir competir com outros países de igual para igual. A isenção de tributos, entretanto, 
não é o principal fator que leva as empresas madeireiras a exportarem seus produtos.
Além dos benefícios fiscais, os empresários que decidem exportar têm a 
possibilidade de aumentar seu mercado consumidor, aprimorar seus produtos e 
internacionalizar suas marcas, fatores que fazem com que empresas exportadoras 
consigam aumentar sua renda. 
144Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
Apesar da desvalorização do real ser considerada uma oportunidade, esse fator 
não foi decisivo na hora das empresas madeireiras decidirem começar suas exportações. 
Todas as empresas entrevistadas já exportam madeira há mais de três anos, o que 
mostra que as companhias já exportavam antes do grande pico do dólar. Além disso, 
ao serem questionados a respeito do motivo que os levou a exportar, apenas um dos 
dirigentes consultados afirmou que foi devido à oportunidade cambial que iniciou suas 
vendas no mercado externo. A partir da análise desses dados foi negada a hipótese 
apresentada no início desse estudo, a qual dizia que a oportunidade cambial é o fator 
determinante para empresas começarem a exportar. 
Dentre os motivos que levaram as empresas a exportar a maioria das empresas 
participantes do estudo citou o fato de não estarem conseguindo boas vendas no 
mercado interno, de o produto não ser tão reconhecido dentro do Brasil e o fato de 
conseguirem melhores resultados na exportação do que nas vendas nacionais. Conclui-
se, portanto, que a maioria dos empresários decide exportar quando o mercado interno 
não está favorável, pois veem na exportação uma maneira de expandir suas vendas e 
sua receita. 
A análise dos resultados obtidos a partir do questionário e da pesquisa 
bibliográfica realizada mostra, portanto, que dentre os principais benefícios provenientes 
da exportação o fator determinante para a grande maioria das empresas ingressar no 
comércio exterior é a possibilidade de criar novos mercados, principalmente quando 
não estão obtendo o resultado desejado no mercado interno. Um dos obstáculos 
enfrentados pelas madeireiras brasileiras é a falta de investimento do governo no 
setor, que precisa utilizar recursos próprios para conseguir produzir e vender a preços 
competitivos no exterior. 
6.1 A INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DO DÓLAR NAS EXPORTAÇÕES 
BRASILEIRAS DE MADEIRA
Razões políticas e econômicas afetam os valores de moeda em todo o mundo, 
pois têm impacto direto no número de investimentos estrangeiros realizados no país 
e também no poder de compra da população, o que faz com que as moedas sofram 
valorização ou desvalorização constantemente. A principal moeda utilizada no comércio 
exterior é o dólar americano, portanto sua variação influencia operações de importação 
e exportação globalmente. 
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA145
GRÁFICO 3 – Relação entre a variação do dólar e as exportações brasileiras de madeira compensada
NOTA: Dados trabalhados pela autora 
FONTE: Aliceweb (2016); BACEN (2015)
Durante o período analisado nesse estudo – junho de 2010 a junho de 2015 – a 
moeda norte americana oscilou significativamente, ao mesmo tempo em que diversas 
razões, principalmente políticas, ocasionaram uma desvalorização do real brasileiro. Por 
se tratar de um país em desenvolvimento a economia do Brasil ainda é muito instável, 
logo essa variação do dólar impacta diretamente a população e a balança comercial.
Em relação às exportações de madeira compensada, é possível verificar que, 
de uma maneira geral, elas apresentaram uma variação diretamente proporcional 
à oscilação do dólar. Nos períodos em que a moeda atingiu cotações mais altas, o 
mesmo aconteceu com as exportações. Em 2011 a quantidade de madeira compensada 
exportada apresentou os resultados mais baixos do intervalo estudado e, ao mesmo 
tempo, a cotação do dólar em relação ao real se manteve em níveis inferiores aos dos 
outros meses. No primeiro semestre de 2015 as vendas de madeira compensada ao 
exterior somaram quase 80 mil quilos, a maior quantia no período analisado. Nesse 
mesmo ano as cotações também atingiram seus maiores valores. 
Muitas empresas brasileiras viram no aumento do dólar uma oportunidade 
para começar as suas exportações; em consequência, a balança comercial brasileira 
apresentou saldo positivo em quase todos os anos analisados, com exceção de 2014. 
Por outro lado, esse aumento no número de concorrentes aumentou a oferta de 
146Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
produtos brasileiros no mercado internacional, o que levou os produtores e indústrias 
a baixarem seus preços de venda no exterior. Simultaneamente, os principais países 
que importam do Brasil estavam acompanhando a variação do dólar e sabiam que o 
câmbio estava oportuno aos brasileiros, em vista disso pediam descontos e esse fator 
também contribuiu para que os preços sofressem redução. 
A madeira é um produto de baixo valor agregado, logo a instabilidade do dólar 
aliada à redução da demanda mundial pelo produto prejudicou as madeireiras, que 
acreditavam que o câmbio favorável seria extremamente benéfico ao setor. 
O aumento da oferta e a redução da demanda mundial fizeram com que os preços 
da madeira no mercado externo diminuíssem. Ao mesmo tempo, os custos de produção 
no Brasil aumentaram cada vez mais em decorrência da crescente inflação verificada 
no país. Apesar de esses fatores terem contribuído para que o lucro dos empresários 
madeireiros não aumentasse substancialmente, a pesquisa mostrou que a maioria das 
empresas brasileiras desse setor conseguiu aumentar seu volume exportado e também 
sua receita no período estudado. 
Quase 60% dos entrevistados afirmaram que com o aumento do dólar aumentaram 
tanto o volume exportado quanto a receita proveniente das vendas ao mercado externo. 
Esses dados, portanto, anulam uma das hipóteses apresentadas no início do estudo, 
a qual afirmava que “A alta do dólar teve como resultado a redução dos preços no 
mercado externo, o que fez com que as empresas não aumentassem consideravelmente 
sua receita, apesar de terem aumentado o volume de madeira exportado durante o 
período analisado”. Apesar de ter sido comprovada a redução do preço da madeira 
no exterior, verificou-se que mesmo assim os empresários conseguiram aumentar sua 
receita com o aumento do câmbio. 
CONCLUSÃO
De junho de 2010 a junho de 2015 o dólar apresentou um aumento considerável 
em relação ao real, a cotação da moeda americana em relação à brasileira cresceu 
mais de 100% durante o período analisado. As exportações de madeira compensada 
também apresentaram um crescimento constante, que foi resultado da recuperação do 
mercado americano, de estratégias tomadas pelas empresas brasileiras e principalmente 
do câmbio favorável. 
São muitos os benefícios para as empresas que decidem exportar seus produtos, 
porém o presente estudo verificou que o fator determinante para que os empresários 
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA147
decidam iniciar suas vendas no exterior é a queda de demanda no mercado interno e 
a possibilidade de aumentarem sua receita, diversificando mercados e aumentando o 
número de possíveis compradores. Dessa forma, a hipótese apresentada no início da 
pesquisa de que a oportunidade cambial é o fator determinante para que empresas 
comecem a exportar é falsa. 
O aumento do dólar fez com que as exportações de madeira compensada 
aumentassem, porém no período foi verificado um aumento da oferta desse produto 
no mercado externo, que aliado à pressão dos importadores por preços mais baixos 
fez com que os preços praticados no mercado internacional sofressem uma redução. 
Alguns madeireiros acreditavam que essa redução no preço do produto faria com 
que o ganho financeiro proveniente das exportações não aumentasse, entretanto a 
pesquisamostrou que o volume exportado aumentou significativamente. Dessa forma, 
mesmo com a redução dos preços as empresas brasileiras de exportação de madeira 
conseguiram amplificar suas receitas, o que nega a hipótese apresentada no início da 
pesquisa que dizia que a alta do dólar teve como resultado a redução dos preços no 
mercado externo, o que fez com que as empresas não aumentassem consideravelmente 
sua receita, apesar de terem aumentado o volume de madeira exportado durante o 
período analisado. 
Por fim, a pesquisa mostrou que a alta do dólar provocou um aumento nas 
exportações de madeira compensada de junho de 2010 a junho de 2015, comprovando 
o que se afirmou na hipótese apresentada no início. Esse aumento no volume exportado 
fez com que a maioria dos empresários aumentasse sua receita, porém muitos acreditam 
que a redução dos preços no mercado internacional, o alto custo de produção e a falta 
de incentivo do governo brasileiro fizeram com que esse aumento não fosse tão grande 
quanto deveria. 
A luta das empresas brasileiras de exportação de madeira é para que o governo 
invista mais no setor, melhorando a infraestrutura de rodovias e portos, buscando 
acordos de cooperação mútua e melhorando políticas e regulamentos nacionais que 
hoje encarecem a produção e fazem com que o preço não seja tão competitivo se 
comparado a outros países, como a China, que hoje exporta madeira compensada 
para destinos que antes compravam o produto do Brasil. Além disso, os madeireiros 
querem que o governo americano recoloque alguns produtos brasileiros no Sistema 
Geral de Preferências, o que eliminaria a taxa de importação de 8% e aumentaria a 
competitividade dos produtos florestais nos Estados Unidos. Outra reivindicação dos 
empresários madeireiros é para que o governo inclua o setor de madeira no plano 
Brasil Maior, pois isso faria com que houvesse desoneração da folha de pagamento, 
reduzindo o custo de produção da madeira. 
148Memorial TCC – Caderno da Graduação – 2016
Conclui-se então que a desvalorização do real frente ao dólar fez com que o 
Brasil aumentasse o volume de exportação de madeira compensada, porém ainda é 
necessário que os setores público e privado se unam e juntem formas para criar soluções 
transformadoras na estrutura de produção, para que o produto florestal brasileiro seja 
cada vez mais competitivo internacionalmente. 
É necessário, portanto, verificar de que maneiras as empresas podem lidar com 
a significativa oscilação cambial verificada de 2010 até o tempo atual, para que as 
madeireiras consigam aproveitar as vantagens cambiais, aumentando sua receita e 
se unindo para que o governo incentive mais a exportação de produtos florestais, os 
quais são extremamente importantes para a economia brasileira.
FAE Centro Universitário | Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA149
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