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RESPOSTA A ACUSAÇÃO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR, DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ILHA SOLTEIRA, ESTADO DE SÃO PAULO.
PROCESSO: 
Fulano, já qualificado nos autos do processo acima identificado, por sua advogada dativa, vem a presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 396 e 396-A, do Código de Processo Penal, apresentar
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
DOS FATOS
O acusado está sendo denunciado pelo MINISTÉRIO PÚBLICO com base no artigo 147, do Código Penal c/c artigo 7º, II, da Lei 11.340/06.
O Réu jamais tivera a intenção de praticar o ato imputado ao mesmo, no caso a ameaça de morte. Outras desavenças entre o casal ocorreram e, do mesmo modo, palavras dessa ordem foram desferidas de um para o outro. Nada disso ocorreu, claro. Não seria desta vez. 
                                              Ademais, o acusado estava completamente embriagado no momento do episódio delituoso.
                                              É consabido que a embriaguez voluntária não isenta o agente de ser responsabilizado penalmente (CP, art. 28, inc. II). Não se discute isso. No entanto, concernente ao dolo, essa regra penal deve ser sopesada com outras circunstâncias fáticas.  
                                                O crime em espécie somente ocorre com a intenção dolosa do agente.                                               
 
                                               Ora, se a acusação se o Réu agira completamente embriagado, isso reflete, nesse caso específico, na ausência de dolo. Explicamos.
                                                O estado de ebriedade certamente traduz ausência de lucidez ao conteúdo expressado. Insistimos: não estamos querendo dizer que a embriaguez isenta o agente da pena. Não é isso. O que estamos a dizer, é que o crime pode até existir (o que não acreditamos). Todavia, nesse determinado caso em estudo, a norma penal reclama o ato volitivo doloso; uma vontade consciente de perpetrar o crime.
                                                Com esse mesmíssimo enfoque, vejamos o magistério de Cleber Masson:
 Igual raciocínio se aplica à ameaça proferida pelo ébrio. A embriaguez, como se sabe, não exclui a imputabilidade penal (CP, art. 28, inc. II). Em algumas situações, subsiste o crime, pois o estado de embriaguez pode causar temor ainda maior à vítima; em outros casos, todavia, retira completamente a credibilidade da ameaça, levando a atipicidade do fato..
 
                                               Nesse diapasão, impende destacar as lições de Luiz Regis Prado:
  De semelhante, tampouco pode ser havida como séria a ameaça realizada em estado de embriaguez...
                                           
Além disso, importa ressaltar que o Acusado, diante do quadro etílico em análise, também proferiu outras expressões desconexas e espalhafatosas.
                                            Com efeito, ante à ausência de dolo, a conduta do Acusado é atípica em relação ao crime de ameaça.
 PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. CRIME DE AMEAÇA. AUSÊNCIA DE ÂNIMO CALMO E REFLETIDO. PRÉVIA DISCUSSÃO ENTRE OS ENVOLVIDOS. NÃO CONFIGURAÇÃO DO DELITO. RECURSO PROVIDO.
Para a configuração do delito tipificado no artigo 147, do CP, é indispensável que a ameaça seja proferida pelo autor com ânimo calmo e refletido, o que não ocorre quando os dizeres são proferidos logo após grave discussão, em que o réu fora agredido com socos e chutes pelo filho da vítima. Recurso provido. V.V.:APELAÇÃO CRIMINAL. AMEAÇA EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRELIMINAR. AUDIÊNCIA PRELIMINAR PREVISTA NO ART. 16. DESNECESSIDADE. MÉRITO. PROVAS SUFICIENTES. CONDENAÇÃO MANTIDA. 1. A audiência preliminar prevista no art. 16 da Lei nº 11.340/06 só deve ser designada quando a vítima manifestar desinteresse em prosseguir com a ação penal, antes do recebimento da denúncia. Assim não ocorrendo, inexiste nulidade, sobretudo quando presente a representação. 2. A palavra da vítima, aliada aos depoimentos de testemunhas presenciais, forma arcabouço probatório suficiente da materialidade e autoria da lesão corporal, devendo ser mantida a condenação. 3. Demonstrado que a promessa de um mal futuro e injusto foi suficiente para impor temor à vítima, resta configurado o crime de ameaça, não havendo que se falar em atipicidade da conduta, por falta de dolo específico, mormente se restar demonstrado que o réu compreendia perfeitamente o caráter ilícito de seus atos. 4. Ânimo calmo e refletido não constitui requisito do elemento subjetivo do delito de ameaça. 5. Recurso não provido [ ... ] 
                                           Com a mesma sorte de entendimento, leciona Cezar Roberto Bitencourt, verbo ad verbum:
 Só a ameaça de mal futuro, mas de realização próxima, caracterizará o crime, e não a que se exaure no próprio ato; ou seja, se o mal concretizar-se no mesmo instante da ameaça, altera-se a sua natureza, e o crime será outro, e não este. Por outro lado, não o caracteriza a ameaça de mal para futuro remoto ou inverossímil, isso é, inconcretizável [ ... ]
 
                                            Bem adverte André Estefam que prepondera, na doutrina e na jurisprudência, a linha de entendimento aqui lançada, in verbis:                                             
Significa, no contexto do art. 147 do CP, um mal que possa ser cumprido em tempo breve. Discute-se nos tribunais, se a promessa de inflição de mal presente (isto é, no exato momento) configura crime. Prepondera o entendimento negativo, ao argumento de que o mal deve ser sempre 
 
                                               Por esse norte, não há que se falar no crime de ameaça. 
Assim sendo, por não existirem requisitos mínimos para a denúncia, requer seja a denúncia rejeitada, conforme art. 395, III, do CPP.
Complementarmente, não há sequer lógica para a utilização, na peça acusatória, da Lei 11.340/2006, visto que o Acusado não agiu de forma a causar violência em nenhuma das formas previstas no dispositivo legal. Inexiste violência doméstica e também não existe sequer violência psicológica.
Todavia, em que pese o fato de o estado etílico do Acusado não o isentar de pena, é certo que a falta da completa lucidez importa em ausência do elemento subjetivo do tipo, qual seja, o dolo específico de incutir temor por meio de ameaça.
Ausente nos autos prova do dolo específico do réu, não há como se impor decisão condenatória. Impositiva a absolvição, em virtude da observância do princípio do in dubio pro reo.
Logo, o “onus probandi”, no tocante a imputação feita ao acusado, cabe a quem alega, o que jamais restará evidenciado nos autos.
Portanto, Excelência, não se pode imputar os crimes ora mencionados quando inexistente o dolo, seja ele direto ou indireto, na medida em que a suposta “ameaça” deu-se em condições em que é latente o desinteresse de causar qualquer dano real à vítima, sendo impositiva a absolvição sumária com base no art. 386, III, do CPP, por atipicidade do fato.
Aliás Excelência, se consideramos todas as declarações e depoimentos, ocorridos durante todo o inquérito policial veremos que as atitudes do acusado não são as que se esperam de um homem em seu estado mental normal e dão sérias dúvidas sobre sua integridade mental, conduzindo à necessidade de realização de perícia especializada, nos termos do artigo 149 do CPP, para que se possa concluir quanto à sua sanidade e consequente imputabilidade, em consonância com o artigo 26 do Código Penal:
“Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Para que fique constatado se ao tempo da ação o denunciado possuía ou não capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com tal entendimento, deve ser feita perícia especializada.
Portanto, fundada em séria dúvida sobre a insanidade mental do acusado, é necessária a instauração do referidoincidente, nos termos dos Artigos 149 e seguintes do Código de Processo Penal – CPP.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer:
a) O arquivamento do processo, por falta de justa causa para a ação;
b) A absolvição sumária, nos termos do art. 397, do CPP;
c) A absolvição, nos termos do art. 386, III e VII, por ausência de tipicidade e por falta de provas suficientes;
d) Não sendo o caso, requer a produção de provas por todos os meios admitidos em direito e, posteriormente, seja proferida sentença absolutória consoante artigos 386, III, VI e VII, do CPP;
e) A instauração de incidente de insanidade mental do denunciado, tendo em vista que este sofre de dependência alcoólica, conforme documentação médica carreada, para fins de apuração da inimputabilidade penal.
f) Caso haja a condenação, seja imposto o regime aberto para cumprimento da pena.
Pugnamos por provar essas alegações por todos os meios em direito admitidos.
Termos em que;
Pede deferimento.
Ilha solteira, 15 de Junho de 2020.
Cicera Maria de Godoy
OAB/SP 330104
EXCELENTÍSSIMO SENHOR, DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE ILHA SOLTEIRA, ESTADO DE SÃO PAULO.
 
 
 
 
PROCESSO: 
 
 
 
 
Fulano
, já qualificado nos autos do processo acima 
identificado, por sua advogada dativa, vem a presença de Vossa Excelência, 
com fundamento no art. 
396
 
e 396
-
A, do 
Código de Processo Penal
, apresentar
 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
 
DOS FATOS
 
O acusado está sendo denunciado 
pelo 
MINISTÉRIO 
PÚBLICO
 
com base
 
 
no artigo 
147
, do 
Código Penal
 
c/c artigo 
7º
, 
II
, da Lei 
11.340
/06.
 
O
 
Réu
 
jamais
 
tivera
 
a
 
intenção
 
de
 
praticar
 
o
 
ato
 
imputado
 
ao
 
mesmo,
 
no
 
c
aso
 
a
 
ameaça
 
de
 
morte.
 
Outras
 
desavenças
 
entre
 
o
 
casal
 
ocorreram
 
e,
 
do
 
mesmo
 
modo,
 
palavras
 
dessa
 
ordem
 
foram
 
desferidas
 
de
 
um
 
para
 
o
 
outro.
 
Nada
 
disso
 
ocorreu,
 
claro.
 
Não
 
seria
 
desta
 
vez.
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR, DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE ILHA SOLTEIRA, ESTADO DE SÃO PAULO. 
 
 
 
PROCESSO: 
 
 
 
Fulano, já qualificado nos autos do processo acima 
identificado, por sua advogada dativa, vem a presença de Vossa Excelência, 
com fundamento no art. 396 e 396-A, do Código de Processo Penal, apresentar 
RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
DOS FATOS 
O acusado está sendo denunciado pelo MINISTÉRIO 
PÚBLICO com base no artigo 147, do Código Penal c/c artigo 7º, II, da Lei 
11.340/06. 
O Réu jamais tivera a intenção de praticar o ato 
imputado ao mesmo, no caso a ameaça de morte. Outras desavenças entre o 
casal ocorreram e, do mesmo modo, palavras dessa ordem foram desferidas de 
um para o outro. Nada disso ocorreu, claro. Não seria desta vez.

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