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Mecanismos Básicos de Agressão e Defesa Unidade 2

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MECANISMOS BÁSICOS DE AGRESSÃO E 
DEFESA
UNIDADE 2 - SISTEMA IMUNOLÓGICO
Maurício Peixoto e Vinicius Canato Santana
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Introdução
Nesta unidade, vamos conhecer alguns conceitos relativos à imunologia, explorando as principais características
do sistema imunológico humano. Todo mundo sabe da importância do nosso sistema imunológico no combate
aos patógenos. Ele garante nossa defesa por meio de inúmeras células que estão circulando pelo corpo,
impedindo que o patógeno desencadeie uma doença. Mas e se o patógeno tiver sucesso em vencer as barreiras
imunológicas, o que acontece? Para responder a essa pergunta, veremos que possuímos dois tipos de respostas
imunológicas: a resposta imunológica inata (natural) e a adaptativa.
E você, sabe como nosso organismo sabe a hora certa de iniciar uma resposta imunológica? Você conhece as
células que fazem a defesa do nosso organismo? Já ouviu falar em órgãos linfoides primários e secundários?
Esses sistemas possuem características únicas e eficientes para eliminar agentes agressores. Para se ter êxito
nesse combate, diferentes células possuem distintas funções.
Nesta unidade, você conhecerá essas células que atuam no combate ao patógeno. Dentre elas, temos os linfócitos
T e B, que atuam no local da infecção. Mas como um linfócito sabe o local exato que deve deixar a corrente
sanguínea?
Vamos entender melhor sobe o assunto a partir de agora. Acompanhe!
2.1 Introdução ao estudo do sistema imunológico e órgãos 
linfoides
A área que estuda o sistema imunológico – ou sistema imunitário – dos seres humanos é chamada de imunologia.
O sistema imunológico é responsável por nos proteger contra doenças causadas por microrganismos
patogênicos.
Os órgãos linfoides são responsáveis pela resposta imunológica, pois dão origem a diversas células do sistema
imune e fornecem um local propício para que ocorra essa resposta.
2.1.1 Componentes do sistema imunológico
Uma série de moléculas e células fazem parte da composição do sistema imunológico. Todas as células do nosso
sistema de defesa têm em comum sua origem. Elas são originadas a partir de células-tronco hematopoiéticas
(CTHP) da medula óssea. As células CTHP iniciam a formação das células do sangue no processo conhecido como 
. Esse processo começa pela divisão da CTHP em progenitores mieloides ou linfoides, e depois emhematopoese
precursores dos tipos celulares encontrados no sangue.
VOCÊ QUER VER?
Você não pode deixar de assistir ao filme “Osmose Jones”, um longa produzido pela Warner
Bros em 2011. Com direção de Bobby Farrelye Peter Farrelly, o filme mostra, de uma forma
bem lúdica, como funciona nosso sistema imunológico frente a um patógeno altamente
perigoso. Vale a pena assistir!
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Figura 1 - As células do sistema imunológico humano podem ter origem linfoide ou mieloide
Fonte: Double Brain, Shutterstock, 2020.
O progenitor mieloide dá origem aos megacarioblastos e aos eritroblastos. Os megacarioblastos (precursor) dão
origem às plaquetas e os eritroblastos (precursor) aos eritrócitos (hemácias). Importante lembrar que este
progenitor também pode dar origem aos precursores de granulócitos e macrófagos e, por sua vez, aos leucócitos
sanguíneos, incluindo os neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos.
Os neutrófilos, eosinófilos e os basófilos são granulócitos. Os granulócitos se caracterizam por apresentarem
grânulos no seu citoplasma. Durante um processo inflamatório, induzido por uma infeção, os neutrófilos são os
primeiros a serem recrutados. Eles eliminam agentes patogênicos por meio de enzimas e substâncias
antimicrobianas. Já os eosinófilos e os basófilos agem sobre grandes patógenos multicelulares, por exemplo, os
helmintos.
Os macrófagos são as células fagocitárias, responsáveis por iniciar uma resposta imunológica devido à sua
capacidade de fagocitar (englobar ou ingerir) uma variedade de microrganismos patogênicos e de estarem
presentes em diversos tecidos (MURPHY, 2014). Eles são produzidos na medula óssea, liberados na corrente
sanguínea na forma de monócitos e quando migram para o tecido, seu local de ação, se diferenciam em
macrófagos.
O progenitor linfoide da medula óssea, por sua vez, pode dar origem aos linfócitos B, linfócitos T ou células NK.
Os linfócitos B, também conhecidos como células B, iniciam e terminam sua diferenciação na medula óssea,
originando o linfócito B virgem, diferente do que ocorre para o linfócito T, ou célula T, que inicia sua
diferenciação na medula e termina no timo.
Descubra na ilustração a seguir um resumo das principais funções de algumas células do sistema imunológico.
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Figura 2 - As células brancas do sangue (leucócitos) são responsáveis por defender nosso organismo do ataque 
de agentes patogênicos
Fonte: Designua, Shutterstock, 2020.
Os linfócitos B possuem ancorado em sua membrana plasmática um anticorpo que tem função de receptor para a
célula B, o chamado BCR (receptor da célula B ou, em inglês, B ). O BCR é o responsável pelocell receptor
processo de ativação do linfócito B virgem em plasmócito (célula efetora que produza grandes quantidades de
anticorpos) quando se liga à superfície de um patógeno. Os anticorpos produzidos pelos linfócitos B, são
proteínas que desempenham função protetora frente a uma infecção. Sua produção pode ser detectada por
testes diagnósticos após uma infecção. Diferentemente do linfócito B, o linfócito T não possui um anticorpo
ancorado, e sim, um receptor chamado de TCR (ou T ). O TCR não se liga diretamente ao antígenocell receptor
como o BCR: ele faz isso por meio de uma célula apresentadora de antígeno (APC) (MURPHY, 2014). Este tipo de
linfócito é também chamado de linfócito auxiliador (linfócito T ), pois fornece auxílio à outras célulashelper
durante o desenvolvimento de uma resposta imunológica. Vamos explorar essa função mais adiante.
Existe, ainda, uma célula que pode ser de origem tanto mieloide quanto linfoide. Essa célula é a célula dendrítica.
As células dendríticas são especialistas em capturar antígenos por meio do processo de macropinocitose, capaz
de englobar uma grande quantidade de líquido. Essas células estão presentes no sistema imune inato e
adaptativo.
As células que possuem função de apresentar antígeno (APCs) são os macrófagos, as células dendríticas e os
linfócitos B. Elas conseguem internalizar o conteúdo extracelular e apresentar os fragmentos do que foi
internalizado para os linfócitos T.
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Com origem linfoide, as células NK ( , ou seja, exterminadora natural), finalmente, são célulasnatural killer
especializadas. Como seu nome mesmo diz, ela é especializada em matar outras células. A célula NK é capaz de
detectar células infectadas ou tumorais, eliminando-as do nosso organismo.
2.1.2 Molécula do sistema imunológico
As moléculas do sistema imunológico têm a função de atacar o patógeno ou, ainda, de aumentar e potencializar a
resposta de algumas células frente a esse patógeno. Inúmeras moléculas possuem essas funções no sistema
imunitário. Dentre elas, temos as citocinas, os anticorpos, as quimiocinas, o sistema complemento e os
mediadores lipídicos.
Os anticorpos, ou imunoglobulinas (Ig), são proteínas produzidas pelo linfócito B, frente a uma infecção ou
detecção de um corpo estranho ao organismo (antígeno).
VOCÊ SABIA?
Toda célula apresentadora de antígenos, conhecida também por APC, realiza o processo de
fagocitose. Os macrófagos, as células dendríticas e os linfócitos B são capazes de exercer a
função de apresentar o antígeno. Logo após realizarem a fagocitose, capturam e processam o
antígeno. Mas, atenção! Nem toda célula capaz de realizar fagocitose é uma APC.
VOCÊ SABIA?
A hematopoese, formação das células do sangue, inicia-se no saco vitelínico e durante todo o
desenvolvimento fetal, ocorre no baço e no fígado, considerados os principais órgãos
hematopoiéticos (órgãos linfoides primários). Após o nascimento, o órgão responsável pela
hematopoese é a medula, e o timo é responsável pela diferenciação dos linfócitos T.
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Figura 3 - Representaçãoesquemática de uma cadeia de imunoglobina (imagem A) e as diferentes classes de 
imunoglobinas com cadeias distintas
Fonte: COICO, R.; SUNSHINE, G., 2010, p. 50.
Na imagem A, temos a representação esquemática de uma cadeia de imunoglobulina. Há duas porções
importantes, Fc (constante) e Fab (variável). O anticorpo se liga ao antígeno através de suas porções Fab. Na
imagem B, vemos que as diferentes classes de imunoglobulinas possuem um número de cadeias diferentes: IgG,
IgD e IgE (cadeia única), IgA (duas), IgM (cinco).
Após a ativação, essas células sofrem diferenciação em plasmócitos que produzem os anticorpos. Os anticorpos
são secretados e pertencem a cinco classes diferentes. As classes de imunoglobulinas são: IgA, IgD, IgG, IgE e IgM.
Além das moléculas produzidas pelo sistema imunológico, as células que o compõe se organizam em órgãos.
Vamos explorar um pouco mais sobre eles.
2.1.3 Órgãos linfoides
Os órgãos linfoides podem ser primários ou secundários. Eles são órgãos responsáveis pela resposta
imunológica, pois 1) dão origem a diversas células do sistema imunitário; e 2) fornecem um local propício para
que ocorra essa resposta. Clique nos cards a seguir.
Órgão linfoide primário
Local de origem de todas as células do sistema imunitário. A produção e diferenciação dessas células ocorre na
medula óssea e no timo.
Órgão linfoide secundário
Local propício para ocorrer a potencialização da resposta imunológica. Isso acontece porque há uma enorme
quantidade de linfócitos (B e T) e células apresentadoras de antígenos (APCs) que aumentam a probabilidade de
ocorrer o reconhecimento de um antígeno pelo sistema imunológico. São classificados como órgãos linfoides
secundários os linfonodos (gânglios linfáticos) presentes na virilha, axila, pescoço, entre outros; baço e o tecido
linfoide associado à mucosa.
Agora que já conhecemos os principais componentes do sistema imunológico (células, moléculas e órgãos
linfoides), vamos descobrir como todas essas peças trabalham em conjunto, combatendo patógenos?
Os vírus são considerados parasitas celulares obrigatórios, ou seja, necessitam do maquinário da célula
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Os vírus são considerados parasitas celulares obrigatórios, ou seja, necessitam do maquinário da célula
hospedeira para sobreviverem e se replicarem. Em especial, o vírus da hepatite C encontra no fígado seu local
ideal para o seu desenvolvimento. Imagine, então, que um amigo seu fez sexo desprotegido e está muito aflito
com a possibilidade de ter sido contaminado com o vírus da hepatite C. Os vírus são considerados parasitas
celulares obrigatórios, ou seja, necessitam do maquinário da célula hospedeira para sobreviver e se replicar.
Após o diagnóstico da infecção, é necessário que o paciente comece o tratamento com os chamados
antirretrovirais, cuja função é bloquear a replicação do vírus, reduzindo, assim, os níveis de partículas virais no
indivíduo até níveis indetectáveis. Baseado em seus conhecimentos de imunologia, qual o teste que você
indicaria para o seu amigo realizar? Qual molécula produzida pelo sistema imunológico poderia ser detectada
para verificar a existência da infecção?
2.2 Resposta imunológica inata e ativação da resposta 
inflamatória
A resposta imunológica pode ser dividida em dois tipos: resposta inata (natural) e resposta adaptativa. Ambas
têm como função eliminar o patógeno da forma mais eficiente possível, porém, cada uma possui uma gama de
células específicas para cumprir tal objetivo.
A primeira linha de defesa de um organismo é a resposta imunológica inata. Conhecida também como imunidade
inespecífica ou natural, ela tem como principal agente de proteção a 1) atividade fagocítica e tóxica dos
neutrófilos; 2) atividade dos macrófagos; e 3) a ação das células NKs. Ainda, fazem parte da resposta inata
algumas barreiras físicas como a pele, suco gástrico, lágrima, pelos, etc. Essas barreiras impedem a entrada de
microrganismos em nosso corpo, ou colaboraram com sua eliminação.
2.2.1 Imunidade inata
A resposta imunológica inata é a primeira barreira de proteção contra patógenos, e para que ela inicie, é
necessário que os receptores das células reconheçam seus ligantes na superfície do agente patogênico. O PRRs –
ou receptores de reconhecimento padrão, como são chamados – estão localizados nas membranas das células
fagocíticas. Eles se ligam aos padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs). Importante saber que
esses PAMPs são comuns a diversos patógenos. Exemplos desses PAMPs são o LPS (lipopolissacarídeo) e os
peptidoglicanos, presentes na superfície das bactérias Gram negativas e Gram positivas.
Após o reconhecimento e ligação dos receptores de membrana do macrófago tecidual com os PAMPs do
patógeno, o macrófago inicia a fagocitose, em que ocorre a formação do fagossoma (vesícula intracelular
contendo o conteúdo fagocitado). Esse fagossoma se une com um lisossomo, dando origem a um fagolisossoma.
Dentro do fagolisossoma ocorre a degradação do patógeno.
Inúmeras vezes esse mecanismo consegue por si só eliminar o patógeno. Porém, quando isso não acontece, os
macrófagos, após ligação entre os PAMPs e PRRs, liberam citocinas e quimiocinas no meio extracelular,
responsáveis por atrair mais leucócitos para o local da infecção, dando início a uma resposta inflamatória
(MURPHY, 2014).
2.2.2 Resposta inflamatória
O processo inflamatório tem como característica a presença de quatro sinais cardinais da inflamação: calor, dor,
rubor (vermelhidão) e edema. Como vimos anteriormente, nem sempre a ação dos macrófagos teciduais
consegue eliminar o patógeno. Quando isso acontece, após a liberação de citocinas e quimiocinas pelos
macrófagos, os leucócitos circulantes são atraídos para o local da inflamação para eliminar esse patógeno.
Dentre os leucócitos circulantes, o neutrófilo é o primeiro a chegar no local da inflamação. Um dos motivos é por
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Dentre os leucócitos circulantes, o neutrófilo é o primeiro a chegar no local da inflamação. Um dos motivos é por
ele estar presente de forma abundante na corrente sanguínea. As citocinas e as quimiocinas, liberadas pelos
macrófagos, formam um gradiente de concentração que guia de forma específica os neutrófilos até o local da
inflamação. Ao chegarem ao local da inflamação, eles internalizam o patógeno e a célula inicia o processo de
morte celular, denominada de apoptose.
Figura 4 - A migração dos leucócitos para o local da inflamação ocorre por quimiotaxia
Fonte: Ellepigrafica, Shutterstock, 2020.
Não somente os neutrófilos são recrutados: há o recrutamento também de monócitos e linfócitos para o local da
inflamação. Lembrando que os monócitos são os precursores dos macrófagos, uma vez que eles deixam a
corrente sanguínea para o tecido perivascular, sofrem alterações e nesse momento se transformam em
macrófagos. Eles possuem a mesma função dos macrófagos residentes: a de fagocitar e degradar o patógeno.
Se mesmo com a ação das células do sistema imune inato o patógeno não for eliminado, ou a reação inflamatória
persistir por mais tempo, ocorre o recrutamento dos linfócitos, células do sistema imune adaptativo.
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2.3 Resposta imunológica adaptativa: celular e humoral
A resposta imunológica adaptativa pode ser chamada também de adquirida ou específica. O sistema imunológico
possui respostas mediadas por células, ou as respostas ditas humorais, que utilizam a ação de moléculas
solúveis. As principais moléculas solúveis da resposta humoral são as imunoglobulinas.
Umas das diferenças entre a resposta inata e a adaptativa está no reconhecimento de antígenos específicos por
meio dos receptores expressos nos linfócitos. Aqui, temos os receptores de célula T (TCRs) e os receptores de
célula B (BCRs).
Vale destacar que o Antígeno (Ag) é a molécula capaz de se ligar a um anticorpo. Comumente compreendido
como uma porção de um microrganismo capaz de iniciar uma resposta adaptativa, quando introduzida no
organismo (imunógeno).
Ao iniciar a resposta imune adaptativa, os diferentes subtipos de linfócitos (T ouB) entram em ação. Os linfócitos
T podem ser classificados como T citotóxicas ou T auxiliares, que expressam em sua superfície os marcadores
CD8 e CD4, respectivamente. Veremos adiante que os linfócitos CD8 são citotóxicos e os CD4 são auxiliadores. Já
os linfócitos B dão origem aos plasmócitos, que são responsáveis por produzir as imunoglobulinas (ou
anticorpos).
2.3.1 Resposta imunológica adaptativa celular
A ativação de um linfócito T, via TCR, inicia-se pelo reconhecimento do antígeno apresentado na superfície da
célula apresentadora de antígeno (APC) nos órgãos linfoides secundários. Essa interação da célula T com a APC
levará à diferenciação do linfócito, originando os linfócitos T efetores.
Inicialmente, as células T começam a diferenciação pela expressão do marcador de superfície CD4 ou CD8. As
células T CD8+ são aquelas que expressam em sua superfície o marcador para CD8 e possuem uma função
citotóxica. Esses linfócitos T CD8+, matam as células que estão infectadas e apresentam antígenos por meio do
MHC de classe 1 (MHC I). Já o linfócito T CD4+ reconhece suas células alvo por meio do MHC de classe 2 (MHC II).
Nesse sentido, é importante mencionar que o MHC são as proteínas presentes na superfície das células que
apresentam peptídeos (um pedaço do antígeno). As moléculas de MHC I apresentam peptídeos gerados no
citosol das células, já MHC II apresentam peptídeos degradados no interior de vesículas celulares, oriundos do
meio externo, por exemplo, por fagocitose.
As células T que expressam em sua superfície o CD4 são chamadas de células CD4+ ou células T auxiliares (ou T 
, do inglês). Somente após a sua diferenciação em subtipo específico são classificadas em linfócitoshelper
efetores. Os linfócitos efetores podem se diferenciar em célula T 1, T 2, T 17, T , Treg.
H H H FH
Quadro 1 - No quadro, é possível observar as diferentes funções dos linfócitos efetores (ou células efetoras) 
assim que sofrem o processo de diferenciação.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
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A apresentação de antígenos às células T ocorre de forma mais eficientes no ambiente dos órgãos linfoides
secundários. Quando um processo infeccioso está ocorrendo em um sítio, as células dendríticas, que fagocitam os
antígenos nesses locais, são capazes de migrar até os linfonodos mais próximos. Nesse local, os linfócitos T
podem ser ativados, reconhecendo os antígenos ligados às moléculas de MHC das células apresentadoras de
antígeno. (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012).
Agora que os linfócitos T e as células dendríticas estão nos linfonodos, o processo de apresentação de antígeno e
ativação da célula T está próximo do final. Uma vez que as células dendríticas apresentam o antígeno para os
linfócitos T e ocorra o reconhecimento, começa o processo de proliferação (multiplicação) dos linfócitos.
Para que o processo de ativação e proliferação seja concluído, é necessário que moléculas co-estimuladoras,
como CD80/CD86, expressas na superfície das células dendríticas, liguem-se ao marcador CD28 expresso nas
células T virgens. Quando ocorre a interação entre essas moléculas, inicia-se o processo de proliferação celular.
CASO
A AIDS, causada pelo vírus HIV, tem como alvo principal as células do sistema imunológico, em
especial os linfócitos T CD4 . Esses linfócitos organizam e comandam a resposta imune frente+
a uma ameaça ao organismo. O linfócito T CD4+ possui em sua membrana o marcador CD4,
que se torna o local de ligação no momento que o vírus HIV entra no organismo. Após essa
ligação, o HIV consegue penetrar no linfócito T CD4+ para se multiplicar. Ao final, o vírus
rompe o linfócito e as “cópias” do vírus estão livres para infectar novas células, enfraquecendo
a resposta imunológica do indivíduo.
Após o diagnóstico da AIDS, o paciente deve iniciar imediatamente o tratamento com os
chamados antirretrovirais. A função desse coquetel de medicamentos é bloquear a replicação
no interior dos linfócitos TCD4 , e assim reduzir os níveis de partículas virais no individuo até+
níveis indetectáveis (BRASIL, 2019).
VOCÊ QUER LER?
Você já imaginou aprender imunologia jogando? Um grupo do Centro de Pesquisa em Doenças
Inflamatórias (CRID), sediado na USP em Ribeirão Preto, e o grupo Manifesto Games, tornaram
isso realidade. Eles desenvolveram o “Immuno Rush”, um jogo online e gratuito que tem como
objetivo final evitar que o corpo humano seja atacado por um agente patogênico. Para saber
mais sobre o jogo, leia o artigo de Gabriela Vilas Boas, acessando o link: https://jornal.usp.br
/universidade/game-ajuda-entender-conceitos-do-sistema-imunologico.
- -11
Figura 5 - Ativação dos linfócitos T a partir de uma célula apresentadora de antígenos (APC)
Fonte: SHARMA et al., 2020. P. 1034.
Ao observarmos a figura anterior, vemos que para a ativação dos linfócitos T, a partir de uma célula que
apresenta antígenos, são necessários dois sinais: 1) de ligação do antígeno ancorado ao MHC no TCR; e 2) de
moléculas co-estimulatórias e citocinas. O linfócito T CD8 é ativado através do MHC de classe I e o linfócito T CD4
através do MHC de classe II.
Após alguns dias, os clones dos linfócitos formados (todos específicos contra o mesmo antígeno) estão prontos
para sair dos linfonodos e migrar para os tecidos infectados.
2.3.2 Resposta imunológica adaptativa humoral
Vamos agora entender como um linfócito B é ativado.Uma vez que um BCR se liga a um antígeno livre, quer seja
nos tecidos periféricos ou nos linfonodos, inicia-se o processo de ativação do linfócito B, o qual levará à formação
de plasmócitos secretores de anticorpos. Os anticorpos, ou imunoglobulinas, são os principais constituintes da
resposta adaptativa humoral.
Após a ligação do BCR ao antígeno específico, ocorrem sinais de ativação para concluir esse processo.
Para alguns antígenos, chamados de timo - independentes da ativação do linfócito B ocorre de maneira direta,
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Para alguns antígenos, chamados de timo - independentes da ativação do linfócito B ocorre de maneira direta,
bastando apenas a ligação do antígeno ao BCR. Para outros, (chamados de timo-dependentes) é necessário o
auxílio de um linfócito T CD4 para a ativação. Vamos acompanhar na animação abaixo como ocorre esse+
processo.
Na figura apresentada, temos um mecanismo de ativação que possibilita a produção de anticorpos pelos
linfócitos B ativados (plasmócitos).
Vale lembrar que uma parte das células ativadas irá se transformar em células de memória. As células de
memórias são responsáveis por garantir que no momento do próximo contato com o antígeno haja uma resposta
rápida e eficiente.
Após a ativação, as células B iniciam sua diferenciação em plasmócitos e começam a secretar as imunoglobulinas
no sangue. Os anticorpos secretados atuam na defesa e na eliminação do patógeno, impedindo que ele cause
qualquer desequilíbrio no organismo.
Os anticorpos secretados no sangue possuem cinco funções básicas. São elas:
Quadro 2 - Funções básicas dos anticorpos secretados no sangue.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
Na figura a seguir, é possível verificar como ocorrem os tipos de respostas imunológicas adaptativas.
VOCÊ O CONHECE?
Emil Adolf von Behring é considerado um dos precursores da imunologia, tendo, em 1901,
recebido o prêmio Nobel de Fisiologia. Em 1890, junto do cientista japonês Shibasaburo
Kitasato, observou a presença de uma substância, denominada por eles de antitoxina, no
sangue de animais que haviam sido imunizados anteriormente para difteria e tétano. Hoje,
sabe-se que a antitoxina que eles observaram é o que conhecemos por anticorpo, responsável
pela defesa e eliminação do patógeno no organismo (VON BEHRING; KITASATO, 1991).
- -13
Figura 6 - Figura que possibilita observar como ocorrem os dois tipos de respostas imunológicas adaptativas.
Fonte: Ellepigrafica, Shutterstock, 2019.
Como é possível verificar na figura, na resposta imunológica humoral ocorre a formação de anticorpos, e na
celular, temos a formação de células de memória.
2.3.3 Diferença entre a resposta inata eadaptativa
Baseado em todos os conceitos que estudamos sobre as respostas inata e adaptativa, é possível verificarmos
quais as diferenças entre elas. Observe, no quadro a seguir, um comparativo entre os dois tipos de respostas.
Para que o sistema imune obtenha sucesso na eliminação do patógeno, são necessários que os dois sistemas
(inato e adaptativo) atuem em cooperação, utilizando as células e os mecanismos de ambas as respostas imunes.
VAMOS PRATICAR?
O nosso organismo possui armas de defesa poderosas contra possíveis invasores, os agentes
patogênicos. Essa defesa é dividida, como vimos, em dois tipos: resposta imune inata e
resposta imune adaptativa. Ambas têm como função eliminar o patógeno da forma mais
eficiente possível, porém, cada uma possui uma gama de células específicas para cumprir tal
objetivo. Nessa atividade, você terá a oportunidade de trabalhar os conceitos sobre a
imunidade inata e adaptativa.
Hoje em dia é comum vermos as pessoas sendo submetidas a níveis elevados de estresse no
seu dia a dia. O estresse consiste em respostas que o organismo dá frente a estímulos, sejam
eles internos ou externos, mediados por vários hormônios, neurotransmissores e modulando,
principalmente, a resposta imunológica. O estresse está associado ao desenvolvimento de
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Conclusão
Chegamos ao final de nosso estudo, que abordou os conceitos introdutórios sobre os princípios básicos do
sistema imunológico, os mecanismos efetores contra patógenos e suas estratégias de evasão frente à resposta
imune.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer os conceitos introdutórios do sistema imunológico;
• identificar as principais células e moléculas envolvidas nas respostas imunológicas inata e adaptativa;
• compreender o que são os órgãos linfoides primários e secundários;
• descobrir como a resposta imunológica inata atua e a forma como ocorre a ativação da resposta 
inflamatória;
• identificar e diferenciar as respostas imunológicas adaptativa celular e humoral;
• inteirar-se sobre os tipos e funções dos anticorpos;
• conhecer e diferenciar as respostas imunológicas inata e adaptativa.
Bibliografia
BOAS, G. V. Game ajuda a entender conceitos do sistema imunológico. , São Paulo, 07 dez. 2016.Jornal da USP
Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2020.jornal.usp.br/?p=58251 html
BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças de condições crônicas e infecções sexualmente transmissíveis. O que é
. Brasília, 2019. Disponível em: sistema imunológico http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv
. Acesso em: 10 jan. 2020./o-que-e-sistema-imunologico
COICO, R.; SUNSHINE, G. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 404 p.Imunologia. 
MURPHY, K. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.Imunobiologia de Janeway. 
OSMOSE Jones. Direção: Bobby Farrely. Califórnia: Warner Bros, 2001. 95 min., son., color.
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A.; PILLAI, S. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.Imunologia celular e molecular. 7. ed. 
SHARMA, A. . Immunotherapy of cancer. et al In: RICH, R. R . . et al Clinical immunology: principles and practice.
5. ed. Amsterdam: Elsevier, 2019. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii
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principalmente, a resposta imunológica. O estresse está associado ao desenvolvimento de
inúmeras doenças, e um dos motivos é que ele afeta o funcionamento do sistema imunológico,
pois diminui a proliferação e atividade dos leucócitos. Dessa forma, nosso organismo fica mais
suscetível às doenças infecciosas, causadas por vírus ou bactérias. Sabendo de todos os
malefícios que o estresse causa no sistema imune, quais medidas você tomaria para que sua
saúde não fosse afetada?
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