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Capítulo 4 – Os Africanos e seus Descendentes no Brasil 
 
Nos primeiros anos depois da invasão portuguesa nas terras que depois se tornariam o 
Brasil, a número de colonizadores era pequeno. Só depois de 1530, com medo de perder as 
terras para outros colonizadores, é que Portugal vai adotar uma política de ocupação destes 
espaços onde nobres portugueses passaram a receber faixas de terras para protegê-las e 
produzir mercadorias. 
 A economia da colonização portuguesa era baseada na exploração e comércio de 
mercadorias, onde desde o século XV o principal produto era o açúcar. Depois houve a 
descoberta de ouro e diamantes em Minas Gerais no século XVIII e a produção de café no 
século XIX, de modo que tais produções e até mesmo os instrumentos utilizados advinham do 
trabalho escravo executado primeiro pelos nativos (chamados pelos colonizadores de índios), 
depois por africanos escravizados que entravam nos territórios tomados pelos portugueses 
principalmente pelos portos de Salvador, Recife e Rio de Janeiro. 
 Vale destacar que foi, mais ou menos, a partir de 1540 que africanos escravizados 
começaram a chegar nas terras que se tornariam o Brasil. Tais sujeitos vinham de diferentes 
sociedades, culturas e locais do continente africano de modo que podemos perceber três 
diferentes momentos a respeito disto. O primeiro se refere aos anos entre o início das práticas 
colonizadoras até 1580, onde a maioria dos escravizados vinham das regiões africanas da Alta 
Guiné e do rio Gâmbia; em um segundo momento, de 1580 a 1690 vinham de Luanda, na 
região onde hoje existe a Angola, na parte centro-ocidental do continente Africano; já o 
terceiro momento estende-se de 1690 até o final do tráfico de escravos no século XIX, onde a 
maioria dos escravizados vinham da região africana da Costa do Mina. Como dito, os 
africanos escravizados advinham de diferentes sociedades, culturas, religiões, valores, 
tradições, atividades econômicas, línguas etc. Sendo assim, quando os mesmos eram trazidos 
para as colônias acabavam perdendo contato com seus referenciais e eram obrigados a 
assumir imposições vindas dos colonizadores. 
 Ao longo dos séculos, cidades foram surgindo e várias pessoas foram migrando para 
as terras portuguesas na América, de modo que seu crescimento estava ao redor do comércio, 
da administração política da coroa e também da administração religiosa. Vários prédios 
públicos e igrejas foram construídas no território que Portugal tinha posse e elites locais 
foram ficando fortes. Já no século XIX, mais precisamente no ano de 1822, houve um 
processo de independência em que o Brasil surgiu, no entanto, a exploração do trabalho 
escravo continuou sendo a base da economia do jovem país, tendo sido oficialmente abolida 
só no ano de 1888 com a Lei Áurea. 
 O povo africano que era arrancado de seus lares, tratados com uma “mercadoria”, eram 
obrigados a embarcar em uma travessia pelo o Atlântico. Ficavam amontoados em porões 
sujos dos navios, recebiam pouca alimentação e se deparavam com tristes situações ao verem 
seus companheiros sofrendo e morrendo por maus-tratos e por doenças. Vale salientar que os 
africanos vindos de várias regiões da África eram trazidos contra a sua vontade. Ao chegar ao 
Brasil eram levados aos galpões e mercados, nesses locais eles eram postos à venda. Antes 
disso, as doenças adquiridas na travessia eram tratadas, estes também eram alimentados, tudo 
isso para garantir uma boa venda. Dentro desses porões eles criavam amizades, aprendendo 
um a língua do outro para poderem se comunicar, tornando-se malungos, nome dado pelo os 
companheiros da terrível travessia do Atlântico. 
 Os africanos recém-chegados que não falavam português e não conheciam os costumes 
da terra eram denominados pelos os portugueses de boçais. Esse termo vinha carregado da 
ideia de que a cultura dos africanos era inferior a cultura europeia. 
 Os escravos que trabalhavam nas lavouras tinham pouquíssimo ou nenhum contato 
com os seus senhores, quem vigiava, dava ordens e castigos era os feitores. Os escravos 
ficavam nas senzalas sem janelas ou em cabanas. Nesses espaços também ficavam os 
escravos domésticos que cozinhavam, cuidavam do jardim, amas de quarto entre outros, e que 
conviviam mais diariamente com os seus senhores e tinham que os servir com obediência e 
competência. Mas a maioria dos escravos domésticos estavam presentes nas cidades, morando 
em porões das casas. Esses escravos trabalhavam nas ruas como carregadores, vendedores de 
pequenos animais, legumes etc. no fim do dia era contabilizado a quantidade de dinheiro que 
os escravos deveriam entregar para os senhores. Essa quantia era chamada de jornal e os 
escravos que trabalhavam assim de jornaleiros ou escravo de ganho. 
 Nem todos os escravos aceitavam a escravidão e lutavam contra ela por meio de fugas, 
negociações por melhores condições etc., mas a fuga era o que eles mais procuravam, indo 
para lugares de difícil acesso. Os agrupamentos que esses escravos refugiados faziam foram 
denominados de quilombos. Um desses que acolheu milhares de refugiados e maior do Brasil, 
foi o quilombo dos Palmares. Palmares, que tem esse nome por se espalhar por terras cheias 
de palmeiras, era composto por um conjunto de aldeias subordinadas a uma delas, onde estava 
o chefe principal. Todas as aldeias tinham um chefe onde esse fazia parte do conselho que 
governava a todos. 
 Em 1678 quem governava Palmares era Ganza Zumba, Apesar de ter derrotado mais 
uma expedição contra o quilombo, acabou aceitando um acordo de paz com o então 
governador de Pernambuco. Esse acordo de paz não foi aceito por todos os palmarinos 
liderado por Zumbi, muitos deles se mudaram para Cucaú e acabaram reescravizados, 
enquanto isso o sertão Palmares foi liderado por Zumbi, que foi destruído por uma expedição 
chefiada por um paulista Domingos Jorge Velho com uma vasta experiência em capturar 
índios no sertão, que atacou o quilombo em troca de um quinto dos prisioneiros e parte das 
terras ocupadas pelos os palmarinos. 
 Palmares e Zumbi se tornaram importantes símbolos da resistência contra a 
escravidão. Além deles vale destacar a história de uma mulher pouca conhecida, mas muito 
importante no processo de resistência: Aqualtune. A história de Aqualtune é singular na 
memória afro-brasileira. Sua vida começa no continente africano, no Congo, no século XVI. 
Era princesa, filha do rei Mani-Kongo, respeitada por seu papel nas terras congolesas. 
Veio ao Brasil após ver seu pai e seu reino derrotados na Batalha da Ambuíla, contra 
as forças angolanas e portuguesas pelo controle do território de Dembos, que separava Angola 
e Congo. 
Historiadores afirmam que durante os confrontos, Aqualtune liderou 10 mil pessoas durante 
uma invasão contra seu reino. Entretanto, a resistência não foi capaz de frear os angolanos e 
os interesses portugueses. 
Ao fim da guerra, seu pai foi decapitado e ela foi capturada por forças portuguesas. 
Foi vendida à senhores de escravos brasileiros junto de seus compatriotas. 
Uma vez no Brasil, mais especificamente no Recife, foi vendida como escrava reprodutora 
para uma fazenda em Porto Calvo no Pernambuco, onde foi estuprada para dar origem a 
novos cativos de acordo com os interesses dos senhores de escravos. No entanto, sua força se 
fez presente mais uma vez. Ao ouvir falar da resistência negra no Brasil, constituída em 
quilombos, Aqualtune não perdeu tempo e junto de outros escravos lutou pela liberdade e 
fugiu da fazenda em que estava aprisionada. 
Mesmo no Brasil, a fama de Aqualtune entre a população negra era grande. Seu 
passado e sua realeza foram importantes para que em Palmares ela logo assumisse novamente 
uma posição de liderança. A partir das tradições de sua cultura, comandou o maior Quilombo 
da história brasileira. Com o passar dos anos tornou-se mãe. Seu filho e herdeiroveio a ser 
conhecido como Ganga Zumba. Tempos depois tornou-se avó. E seu neto era nada mais nada 
menos que Zumbi do Palmares. 
A data de sua morte e o fim de sua vida são incertos. Relatos apontam que aconteceu 
depois de anos como forte liderança da resistência negra local. Há quem diga que morreu 
durante uma emboscada paulista para destruir o Quilombo dos Palmares, durante um 
incêndio. Outras teorias afirmam que ela teria fugido e vivido seus últimos dias de vida em 
paz em outra comunidade. Aqualtune foi uma figura importante para a resistência afro-
brasileira no período colonial. Simbolizou liderança e luta diante do sistema escravocrata e 
fez questão de passar isso adiante, seja através de seus filhos ou de seus seguidores em 
Palmares. 
 Ainda sobre os quilombos, vale salientar que era o espaço onde os escravos fugidos 
reconquistavam sua liberdade podiam estar afastados de qualquer núcleo de colonização, ou 
mais próximo de um arraial ou cidade. Os que viviam mais próximo de aglomerações 
comercializavam seus produtos em vendas da periferia longe da vigilância policial e dos olhos 
atentos dos senhores, pois se suspeitasse que algum negro era escravos fugido logo o 
capturavam e o encaminhavam para seu senhor. 
 Nem sempre os escravos fugidos tinham como meta se refugiar em um quilombo. 
Muitas vezes iam para longe de onde moravam e se diziam livres ou libertos, oferecendo seus 
serviços em troca de pagamento. Muitas vezes conseguiam se manter em liberdade, mas 
muitas vezes eram identificados e enviados de volta para os seus senhores. 
 Além da fuga e da negociação os escravos tinham outras maneiras de suavizar seu 
cativeiro e sua carga de trabalho, fingindo doenças, demorando em realizar as tarefas, ou se 
fazendo dóceis e obedientes, para assim ganharem um tratamento diferenciado. Em outro 
extremo estavam as rebeliões, quase sempre sufocadas antes menos de acontecer. A mais 
importante dessas rebeliões aconteceu em Salvador, em 1835, ficando conhecida como 
Rebelião dos Malês, nome pelo qual eram chamados os escravos muçulmanos que a 
lideravam. 
 No Brasil da metade do século XIX, até pouco depois do fim do tráfico atlântico, era 
grande a quantidade de africanos escravizados, mas a maioria da população negra e mestiça 
eram livres. Nos últimos anos de existência da escravidão no Brasil os escravos se 
concentravam nas fazendas de café e delas começavam a fugir em bandos, diante do 
descontrole, os fazendeiros tentavam negociar com seus escravos a liberdade imediatamente 
após a colheita do café que amadurecia no pé, pois caso não fosse colhido à safra estaria 
perdida. 
 A forma que os africanos relacionavam com os seus senhores e com os outros escravos 
era a forma encontrada tanto para se inserir, como, para resistir a sociedade escravista. A 
maioria dos escravizados eram capturados já adultos, mas mesmo sendo crianças a 
socialização dessas pessoas havia sido feita em seus grupos de origem, com isso seu jeito de 
pensar, sua sensibilidade, seu comportamento e valores eram de acordo com a cultura na qual 
foram nascidos e criados. 
 Por ter saído de sua terra natal, os africanos não eram mais vistos como pertencentes a 
determinadas família ou aldeias, não eram mais chamados pelo próprio nome, mas eram 
intitulados com o nome de sua região, esses processos de designações e procedência foram 
incorporados na construção de novas identidades, no qual eram chamadas de “nações”, termo 
esse que remetia a qualidade de africado daquele escravo. A afirmação do pertencimento a 
uma nação os ligava ao seu mundo de origem à sua terra natal a África. 
 Os laços entre os africanos, dava-se preferência a companheiros da mesma nação, ou 
de regiões culturalmente parecidas, era comum os africanos casarem entre si. O objetivo da 
união entre uma mulher africana e um homem africano era a procriação, já em terra de 
cativeiro essa união mudava de sentido. Referente ao casamento nas comunidades negras 
existiram muitos arranjos matrimoniais e formas de constituição dos grupos familiares. A 
maioria desses era chefiada por mulheres com filhos seja do mesmo pai ou de homens 
diferentes. O mais comum eram que uma mesma pessoa ao longo de sua vida tivesse 
pequenos intervalo de relações afetivas estáveis. 
 Durante o período colonial os africanos e seus descendentes construíram novas formas 
de laços de pertencimentos alguns baseados em costumes africanos e outros adaptados do 
cristianismo. Eles realizavam casamentos entre pessoas de povos aliados ou que pertenciam à 
mesma linhagem. Além de incorporarem rituais católicos como batismo, onde era criado um 
laço familiar de solidariedade e proteção entre os indivíduos. 
 Os povos africanos recorriam a ritos para coisas que os afligiam e seus descendentes 
nascidos no Brasil, eles praticavam uma grande variedade de ritos, mas cada ritual tinha 
determinadas funções. Entre eles haviam os ritos de adivinhação para identificar culpados de 
atos condenáveis como roubo e assassinato, encontrar pessoas desaparecidas, curar doenças 
(que eram muito recorrentes por sua situação no período), amansar senhores, conquistar o 
sexo oposto, fechar o corpo contra agressões entre outros, mas se eles fossem pegos fazendo 
algum tipo de ritual eles eram severamente castigados ou entregue à inquisição. 
 Outra prática muito comum entre a comunidade negra eram as bolsas de mandinga, ou 
seja, pequenos sacos de pano ou de couro usados junto ao corpo, pendurados no pescoço, na 
cintura, dentro dos quais estavam costurados uma variedade de ingredientes. Estes podiam ser 
de origem animal, vegetal e mineral, mas o mais importante deles eram papéis dobrados nos 
quais estavam escritas orações católicas ou muçulmanas. Atribuía-se a elas o mesmo poder 
que talismãs e amuletos têm nas mais diversas culturas e épocas. 
 Os africanos utilizavam as imagens dos santos, para fazerem esculturas mais próximas 
das esculturas africanas do que dos santos católicos portugueses, assim podiam cultuar seus 
deuses sem serem castigados ou importunados. 
 
Capítulo 5 – O negro na Sociedade Brasileira Contemporânea 
 O final do comércio escravista se deu no início do século XIX, quando houve a 
abolição da escravidão, contudo é importante destacar que alguns anos antes desse período 
ainda existiam pontos de interesses comerciais por escravos. Cabe entender também que, 
apesar da pequena ligação do Brasil com a África, nesse período, surge necessidade de pôr um 
fim na relação entre Brasil e continente africano, no que diz respeito à herança africana. 
 Em 1889, com o fim da escravidão, a República veio para substituir o império 
brasileiro, proclamada pelos militares que representaria basicamente os interesses de grandes 
cafeicultores. Esse novo regime serviu para que as ideias de superioridade de raça branca e 
uma visão de que o negro era obstáculo no desenvolvimento e evolução do país, se 
estabelecesse, alimentando os projetos de estímulo a imigração de europeus e asiáticos para 
substituir os escravos libertos. 
 Ao longo do Séc. XX, a partir da década de 1930 houve um crescimento na migração 
de negros e seus descendentes rumo às cidades. Costumavam desempenhar funções sob 
ordens, ressaltando que só alguns poucos afro-brasileiros conseguiram se educar, prosperar 
nos negócios e se erguer socialmente. Aqueles que moravam nas cidades, principalmente nas 
maiores, conseguiram ter mais acesso ao aprimoramento profissional, educação e ascensão 
social. A confecção e práticas artesanais e o ingresso na marinha podiam gerar uma situação 
social econômica mais cômoda. Contudo, é importante que se diga que na marinha os negros 
só podiam ocupar cargos de baixa patente. 
 Nesse momento inicia-se a luta pela igualdade de direito e reconhecimento dos seus 
valores, ou seja, do seu espaço na sociedade. Um movimento de luta que tentava desarticular 
uma visão que marginalizava e inferiorizava-os.Isso veio após o novo quadro econômico e 
social criado no séc. XX, no qual as cidades e indústrias cresciam. Jornais e companhias 
artísticas, assim como associações criadas por grupos, denunciavam os preconceitos pelos 
quais eram submetidos os afro-brasileiros. 
 Devido às imigrações, a mestiçagem então passou a ser uma das principais 
características da identidade brasileira, isto é, mistura de povos e cultura. Houve então uma 
valorização de uma marca distintiva, ou seja, da mestiçagem cultural, porém não foi 
acompanhada pela valorização física, devido ao preconceito contra o negro e o mestiço, bem 
como forma de um possível escravo: um arruaceiro ou contraventor em potencial visto aos 
olhos da ordem dominante. Várias manifestações de preconceito acompanham esses 
indivíduos, como restrições quanto à sua presença em recintos públicos como elevadores, 
hotéis e restaurantes, associados também às suas vestimentas na maioria das vezes. Apesar 
das leis existentes contra essas discriminações, ainda é algo comum na atualidade. 
Por um bom tempo houve uma tentativa de acabar com a mestiçagem, julgando-a ser 
uma mancha na formação da sociedade brasileira. Apesar de países como a França e a 
Inglaterra terem se tornado mestiços com o passar dos anos, percebe-se que o discurso de 
valorização da cultura branca ainda prepondera e enraíza o racismo estrutural. 
No Brasil, a mestiçagem pouco a pouco foi sendo aceita, a valorização do samba, do 
carnaval e mais recentemente da capoeira, todos permeados de contribuições africanas, é o 
exemplo evidente desse processo. Com isso o africano tornou-se afro-brasileiro, uma 
mestiçagem de matrizes africanas, lusitanas e também indígenas, a música e a religiosidade 
africana estão muito presentes entre nós apesar do contato com outras culturas, uma mistura. 
Percebe-se ainda as características africanas, por exemplo, nos pais e mães de santos do 
Candomblé e a Umbanda, à medida que deixavam de serem perseguidas, essas religiões afro-
brasileiras foram criando mais força e praticadas em todo o Brasil, estes são espaços de 
influência africana, tanto na arquitetura, nas plantas, nos rituais quanto na dança e também os 
instrumentos utilizados com ritmos acelerados acompanho do transe dos médiuns, para 
comunicar-se com suas entidades, estes permitem o contato direto com as entidades que neles 
são incorporados. 
O tambor é o instrumento mais importante, bem como o berimbau, o agogô e o reco-
reco, se juntaram aos de origem lusitana, como o pandeiro, a viola e a rabeca, e são utilizados 
em grande variedade de danças e festas, tais como as congadas, maracatus, capoeiras e 
reisados, contudo, hoje são mais restritas aos grupos que se preocupam em preservar a 
tradição. Entre as danças populares o bumba meu boi ou boi-bumbá é a mais comum em todo 
o brasil. Importante citar a influência africana na culinária brasileira, principalmente na Bahia, 
por exemplo, a pimenta, o azeite de dendê, o acarajé, vatapá, aluá e xinxim de galinha, na qual 
além do nome, têm receitas parecidas com as feitas na África. 
Assim como também, técnicas de produção e de confecção de objetos, destacando os 
ferreiros, mineiros, oleiros, tecelões, escultores, pastores e agricultores, vindos durante a 
escravidão. A oralidade, isto é, a fala, é um instrumento de comunicação mais direta e central 
para as sociedades africanas, é por meio dela que a história é guardada e transmitida, 
garantindo a manutenção da identidade particular de cada grupo. Essa importância da palavra 
reaparece numa das mais fortes manifestações afro-brasileiras contemporâneas: o Rap, na 
qual destaca a força da musicalidade africana, com ritmos marcados e repetitivos, como a 
força da palavra, cantando fatos do cotidiano e denunciando a opressão e a marginalização 
sofrida por aqueles que são da periferia. 
A plena igualdade entre os indivíduos tem sido algo imaginário, na prática percebemos 
que não é algo que desenvolva oportunidades para todos, os mais fortes e influenciadores 
sempre ocupam a posição de mando, explorando os benefícios dos mais fracos e 
desamparados, pode-se ver em grande parte a história da dominação que uns impõe aos 
outros, ou seja, mesmo com as conquistas do homem contemporâneo, as desigualdades entre 
ricos e pobres têm aumentado cada vez mais. E para mudar o rumo da história deve-se 
desprender-se de problemas fundamentais que perpetuem essa desigualdade, ou seja, 
combatermos o racismo e preservar a identidade africana e afrodescendente.