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TFC FORTUNATO MARÇO - PÓS DEFESA (Guardado automaticamente)

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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA 
DIVISÃO DE ECONOMIA, GESTÃO E TURISMO 
CURSO DE CONTABILIDADE E AUDITORIA 
 
 
 
 
 
 
 
OS CRITÉRIOS USADOS PARA SELECÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS DO 
FUNDO DO DESENVOLVIMENTO DO DISTRITO DE CHIMOIO NO 
PERÍODO DE 2015 – 2017. 
 
Fortunato Março 
 
 
 
 
 
 
Supervisor: Zefanias Jone Magodo, Msc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Matsinho, Abril de 2020 
OS CRITÉRIOS USADOS PARA SELECÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS DO 
FUNDO DO DESENVOLVIMENTO DO DISTRITO DE CHIMOIO NO 
PERÍODO DE 2015 – 2017. 
 
 
 
 
Fortunato Março 
Email: fortunamarco56@gmail.com 
 Contacto: +258 844 352 220 
 
 
 
 
 
 
 
Projecto de Licenciatura apresentado 
ao Instituto Superior Politécnico de 
Manica, como requisito parcial para a 
obtenção do Grau de Licenciatura em 
Contabilidade e Auditoria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Matsinho, Abril de 2020 
mailto:fortunamarco56@gmail.com
DECLARAÇÃO 
Eu, Fortunato Março, declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria e 
nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau 
académico. Todas obras de outros autores, utilizadas neste trabalho foram devidamente 
citadas e listadas na página de referências bibliográficas. 
 
 
Matsinho, aos de Abril de 2020 
_________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Gostaria de endereçar os meus mais sinceros agradecimentos para todos aqueles que 
directa ou indirectamente contribuíram para a minha formação académica e profissional, 
assim como para a materialização deste trabalho. 
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela vida e por iluminar todo meu caminho neste 
processo. 
Em segundo, agradeço à minha família, especialmente a minha esposa Saugina Macie e 
aos meus filhos Beto, Alex, Wilma, Edson e Hélcio Fortuna de Março, pelo apoio moral e 
material, sem os quais não seria possível chegar a esta fase da minha formação académica 
e profissional. 
Em terceiro, agradeço ao meu supervisor Zefanias Jone Magodo, Msc., pelo incentivo, 
paciência e sábia orientação, os quais foram muito importantes durante todo o processo de 
elaboração do trabalho. 
Em quarto, agradeço à direcção, corpos docente e técnico administrativo do Instituto 
Superior Politécnico de Manica (ISPM) e em especial os docentes do Curso de 
Contabilidade e Auditoria, pela sua contribuição dada para a minha formação. 
Em quinto, aos meus estimados colegas do Curso de Contabilidade e Auditoria, pela 
amizade e apoio dispensados ao longo dos quatro anos da licenciatura. 
Finalmente e, não por serem menos importantes, agradeço a todos aqueles que, mesmo não 
estando aqui mencionados, contribuíram de alguma forma para a materialização deste 
trabalho. 
Obrigado a todos! 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico aos meus pais Arminda Lucas e Março Folige, este último 
mesmo não estando entre nós sempre acreditou e incentivou-me na 
continuação dos estudos, se estive vivo com certeza estaria 
orgulhoso desta conquista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
CCD Conselho Consultivo Distrital 
CCL Conselho Consultivo Local 
CPI Centro de Promoção de Investimentos 
CRM Constituição da República de Moçambique 
FDD Fundo de Desenvolvimento Distrital 
INE Instituto Nacional de Estatística 
MAE Ministério de Administração Estatal 
MF Ministério das Finanças 
MPD Ministério da Planificação e Desenvolvimento 
NUIT Número Único de Identificação Tributária 
OIIL Orçamento de Investimento de Iniciativa Local 
PAP Parceiros de Apoio Programático 
PNUD Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento 
PPFD Programa de Planificação e Financiamento Descentralizado 
SDAE Serviço Distrital de Actividades Economicas 
SDEJT Serviço Distrital de Educação Juventude e Tecnólogia 
SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infra-Estruturas 
SDSMAS Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social 
UNCDF Fundo das Nações Unidas para Desenvolvimento Comunitário 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Organigrama do Governo do Distrito de Chimoio............................................... 41 
Figura 2: Gráfico da Distribuição de Elementos da Amostra, Mediante o Nível Académico
 ............................................................................................................................................. 46 
Figura 3: Gráfico da Distribuição do Contributo dos Beneficiários do FDD no 
Desenvolvimento da Comunidade ...................................................................................... 47 
Figura 4: Uso de Critérios de Avaliação e Selecção dos Projectos Beneficiários do FDD . 49 
Figura 5: Nível de Transparência dos Critérios Usados para Selecção dos Projectos 
Beneficiados ....................................................................................................................... 50 
Figura 6: Factores que Influenciaram os Critérios Usados para Selecção dos Beneficiários 
do FDD……………………………………………………………………..………….…..51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
O Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), foi criado tendo em vista a materialização 
dos objectivos do governo orientados para o desenvolvimento do Distrito, especificamente 
no domínio da produção de alimentos e geração de rendimento, garantindo a criação de 
postos de trabalho a nível local. No sentido de analisar os factores que influenciaram nos 
critérios usados para selecção e atribuição deste fundo aos projectos e sua influência no 
desenvolvimento do Distrito de Chimoio, foi realizada a presente pesquisa cujo horizonte 
temporal foi de 2015 a 2017. Para sua realização recorreu-se a pesquisa bibliográfica sobre 
os conceitos teóricos e legais aplicáveis ao tema em causa. Recorreu-se ainda ao trabalho 
de campo onde foram questionados 22 funcionários afectos ao Governo Distrital de 
Chimoio. Os resultados mostram que o Governo Distrital Chimoio atribuiu o FDD há um 
número considerável de 74 Beneficiários, dos quais 59% são de sexo masculino e 41% são 
de sexo feminino. Portanto, do questionário realizado indica que 68% afirma que os 
projectos beneficiados pelo FDD não exibiram uma contribuição vistosa no 
desenvolvimento das comunidades locais e nem proporcionaram o retorno financeiro 
esperado destes, enquanto 18% acreditam que os projectos beneficiados contribuíram de 
certa forma para desenvolverem a comunidade em que actuavam, e os restantes 14% foram 
indeferentes na hora de responder.os resultados mostram ainda que, 50% dos funcionários 
questionados não tem certeza de uso pleno dos critérios para seleccionar os beneficiários 
do FDD, enquanto 32% acreditam que os beneficiários do FDD foram submetidos numa 
avaliação e preferidos com base nos critérios para selecção dos fundos de FDD, e os 
restantes 18% foram categóricos ao afirmarem que não foram considerados plenamente os 
critérios e mecanismo de avaliação e selecção dos projectos no momento de eleger os 
beneficiários do FDD, pautando mais pela experiencias dos avaliadores. Contudo, o estudo 
concluiu que os factores como o companheirismo, género mais precisamente o feminino e 
o partidarismo, influnciaram grandemente no processo de avaliação e selecção de projectos 
e como consequência estes não apresentaram mecanismos que impulsionasse o 
desenvolvimento da comunidade no Distrito de Chimoio e nem proporcionaram o devido 
reembolsos dos valores atribuídos a estes. 
Palavras-Chave: Desenvolvimento local; FDD; Critérios de Selecção. 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
DECLARAÇÃO ............................................................................................................... III 
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... IV 
DEDICATÓRIA .................................................................................................................V 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................... VI 
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... VII 
RESUMO ......................................................................................................................... VIII 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ....................................................................................... 11 
1.1. Contextualização ...................................................................................................... 11 
1.2. Problema de Pesquisa ............................................................................................... 13 
1.3. Justificativa ............................................................................................................... 14 
1.4. Objectivos da Pesquisa ............................................................................................. 15 
1.4.1. Objectivos Geral ................................................................................................ 15 
1.4.2. Objectivos Específicos ...................................................................................... 15 
1.5. Delimitação da Pesquisa ........................................................................................... 15 
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ............................................................. 17 
2.1. Origem e Evolução da Descentralização .................................................................. 17 
2.2. A Descentralização e Processo Histórico em Moçambique ..................................... 20 
2.3. O Desenvolvimento Local ........................................................................................ 23 
2.3.1. O Local como Possibilidade de Desenvolvimento Sustentável ........................ 25 
2.4. O Fundo de Desenvolvimento Distrital .................................................................... 27 
2.4.1. Critérios de Elegibilidade dos Beneficiários e Projectos dos Recursos do FDD
 ..................................................................................................................................... 31 
2.4.2. Monitoria e Avaliação do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) ........... 34 
2.4.3. Orgãos do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) .................................... 34 
2.4.3.1. Conselho Consultivo Distrital ou Local ..................................................... 35 
2.4.3.2. O Presidente do Conselho Consultivo Distrital ou Local ........................... 37 
2.4.3.3. A Comissão Técnica de Avaliação de Projectos ........................................ 37 
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ................................................................................ 40 
3.1. Descrição do Local de Estudo .................................................................................. 40 
3.1.1. Planeamento Estratégico do Governo do Distrito de Chimoio.......................... 40 
3.2. Tipo de Pesquisa ....................................................................................................... 41 
3.2.1. Quanto à Natureza ............................................................................................. 41 
3.2.2. Quanto à Abordagem ......................................................................................... 42 
3.2.3. Quanto aos Procedimentos Técnicos ................................................................. 42 
3.3. População, Amostra e Processo de Amostragem ..................................................... 42 
3.3.1. População .......................................................................................................... 42 
3.3.2. Amostra ............................................................................................................. 43 
3.3.3. Processo de Amostragem .................................................................................. 43 
3.4. Métodos e Procedimentos de Colecta de Dados ....................................................... 43 
3.5. Processamento de Análise de Dados ........................................................................ 44 
3.6. Limitações da Pesquisa ............................................................................................. 44 
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................... 45 
4.1. Caracterização da Amostra da Pesquisa ................................................................... 45 
4.2. Beneficiarios do Fundo de Desenvolvimento Distrital no Distrito de Chimoio....... 46 
4.3. Contribuição dos Projectos Beneficiários do FDD no Desenvolvimento do Distrito 
de Chimoio ...................................................................................................................... 47 
4.4. Cumprimento dos Critérios Usados para Selecção e Atribuição do FDD aos 
Beneficiários no Distrito de Chimoio .............................................................................. 48 
4.5. Factores que Influenciaram os Critérios Usados para Selecção dos Beneficiários do 
FDD ................................................................................................................................. 50 
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................. 52 
5.1. Conclusão ................................................................................................................. 52 
5.2. Recomendações ........................................................................................................ 53 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 54 
Legislação ........................................................................................................................ 56 
APÊNDICES ...................................................................................................................... 58 
 
 
 
 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 11 
 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 
1.1. Contextualização 
Segundo Weimer e Carrilho (2017), o subdesenvolvimento tem sido uma característica 
constante de Moçambique nas últimas quatro décadas, havendo actualmente mais de 60% 
da população (16 milhões de pessoas) a viver em pobreza extrema e estudos recentes, 
documentam a percentagem significativamente elevada da população que não tem acesso a 
necessidades básicas, tendo o país uma das mais baixas esperanças de vida no mundo. 
No entanto, o desenvolvimento socio-económico de qualquer país é impulsionado por 
actividades de natureza económica, porém, no contexto moçambicano são poucas as 
pessoas que dispõem de recursos necessários para a efectivação destas actividades. Ciente 
desta realidade, o Governo moçambicano criou mecanismos que facilitam a efectivação de 
actividades económicas, tendo introduzido a política do Fundo de Desenvolvimento 
Distrital (FDD). 
Para Nuvunga (2017), esta política consiste na concepção de financiamentos aos 
cidadãos moçambicanos que queiram abraçar o exercício económico, bastando para tal a 
apresentação de planos de negócios económicos e financeiramente viáveis. Mas Weimer e 
Carrilho (2017), referem que a descentralização nem sempre é positiva, mas que se trata de 
um processo político, institucional e económico profundo, sistemático e racional, que deve 
ser conduzido com critérios de transparência e de racionalidade administrativa. 
Entretanto, de acordo com o CPI - Centro de Integridade Pública (2012), durante a 
última década cresceu a percepção de que em Moçambique, se podia fazer muito mais do 
que se faz em torno do combate à pobreza absoluta que afecta mais de metade da 
população moçambicana. Por um lado, ouvem-se argumentos que defendem que há um 
grande desperdício de recursos financeiros comoresultado de fragilidades institucionais, 
incluindo capacidades em recursos humanos, dos actores envolvidos na governação, em 
particular, o Governo. 
Por outro lado, há a percepção de que esse desperdício de recursos financeiros resulta 
de acções deliberadas de agentes que lideram o processo decisório, de alocação de recursos 
e de implementação de políticas/programas governamentais nos vários níveis da máquina 
estatal (CPI, 2012). 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 12 
 
Neste contexto, o presente projecto de licenciatura com o tema “ os critérios usados 
para selecção dos beneficiários do fundo do desenvolvimento do Distrito de Chimoio no 
período de 2015 – 2017” procura trazer uma abordagem sobre factores que influenciaram 
os critérios para selecção dos beneficiários do FDD e sua contribuição efectiva no 
desenvolvimento sustentável da Comunidade do Distrito de Chimoio. 
Portanto, para o desenvolvimento desta pesquisa o autor efectuou estudo de caso no 
Governo do Distrito de Chimoio que reuni dados para tal e recorreu a material contido nos 
livros e manuais especializados, artigos científicos e legislação que aborda assuntos 
relacionados com o tema em discussão. Com vista a elaborar e apresentar argumentos 
relevantes sobre o FDD, no intuito de responder as principais questões que levaram ao 
desenvolvimento desta pesquisa. 
Em termos de estrutura, o presente trabalho, está organizado em cinco capítulos, 
nomeadamente: 
 Capítulo I: Introdução, no qual se descrevem as razões que levaram ao 
desenvolvimento da pesquisa. Para melhor evidenciar o seu conteúdo, o mesmo encontra-
se dividido em diversos subcapítulos, nomeadamente, a contextualização, a 
problematização do estudo, os objectivos e a justificativa de escolha do tema. 
 Capítulo II: Revisão da Literatura, esta parte ocupa-se em dar uma abordagem geral 
e pormenorizada dos conceitos fundamentais sobre os factores que influência os critérios 
de selecção dos beneficiários do fundo do desenvolvimento distrital no distrito de chimoio, 
que sustentam o trabalho. 
 Capítulo III: Metodologia, onde estão descritos os procedimentos e técnicas 
utilizadas para a concretização dos objectivos da pesquisa, desde procedimentos técnicos, 
instrumentos de colecta de dados e processos de amostragem. 
 Capítulo IV: Onde são apresentados, analisados e discutidos os resultados da 
pesquisa. 
 Capítulo V: Onde são apresentados, a conclusão e propostas de melhoria dos 
critérios de selecção dos beneficiários do fundo do desenvolvimento distrital no Distrito de 
Chimoio. 
 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 13 
 
1.2. Problema de Pesquisa 
Ao abrigo da alínea f) do nº 1 da Constituição da República (CRM), o Conselho de 
Ministros através do Decreto Nº. 90/2009 de 15 de Dezembro, criou o Fundo de 
Desenvolvimento Distrital (FDD), tendo em vista a materialização dos objectivos do 
governo orientados para o desenvolvimento do Distrito, especificamente no domínio da 
produção de alimentos e geração de rendimento, garantindo a criação de postos de trabalho 
a nível local. O mesmo é resultado do processo de descentralização na qual destina-se a 
captação e gestão de recursos financeiros visando impulsionar o desenvolvimento e o 
empreendedorismo na satisfação das necessidades básicas das comunidades locais, 
mediante a concessão de empréstimos reembolsáveis. 
Tendo em conta a dura realidade de financiamento nos distritos, foi com muita 
espectativa que a população recebeu esta oportunidade de financiamento do FDD. No 
entanto, para aceder ao financiamento é mediante a apresentação de projectos económicos 
e financeiramente viáveis. Desta forma, muitas pessoas interessaram-se e por via disso 
candidatam-se ao financiamento, mas, uma vez serem muitos os remetentes, nem todos são 
financiados, sendo que todos os projectos passam por um processo de avaliação que 
culmina com a selecção dos beneficiários do fundo. 
Apesar da operacionalização do fundo, existem ainda alguns problemas verificados na 
gestão do FDD ligados aos critérios usados para selecção dos beneficiários tanto como 
alguns descontentamentos no que diz respeito a transparência no processo de atribuição, 
considerando que alguns deste beneficiários são seleccionados com base na confiança 
individual e política, trazendo com isso a falta de clareza quanto aos critérios ou 
procedimentos subsequentes para a avaliação e selecção dos projectos que se beneficiam 
do FDD. Frustando com isso, a concretização de varios e grandes projectos com ideais 
assimiladas no contexto de desenvolver negócios viáveis para a prosperidade do distrito, 
lezando assim o objectivo fundamental do Governo na prossecução do Fundo de 
Desenvolvimento Distrital. 
Desta forma, percebe-se que é pertinente desenvolver uma pesquisa sobre análise dos 
Critérios Usados para Selecção dos Beneficiários do Fundo do Desenvolvimento do 
Distrito de Chimoio. Perante este cenário, coloca-se a seguinte questão de partida: Que 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 14 
 
factores influenciaram os critérios usados para Selecção dos Mutuários do FDD no 
Distrito de Chimoio no período de 2015 a 2017? 
1.3. Justificativa 
O maior objectivo do Governo de Moçambique, está focado no combate a pobreza e 
promoção da cultura de trabalho, com vista ao alcance do crescimento económico 
inclusivo e redução da pobreza e vulnerabilidade no País. Diante deste contexto o governo 
adoptou a política de alocar fundos de investimentos aos Governos Distritais, com o intuito 
de criar empregos, incluindo auto-emprego, aumento da produção e da riqueza, através de 
financiamento de projectos que concorram para o desenvolvimento local. Atribuindo a 
gestão do fundo aos governos distritais em estrita coordenação com os Conselhos 
Consultivos Locais (CCL) que deveriam garantir a transparência no processo de avaliação, 
selecção e monitoria dos projectos. 
Deste modo, este estudo constitui uma contribuição relevante de diferentes extractos 
sociais: 
 Para o Pesquisador: a realização deste trabalho deve-se ao interesse pessoal, ou 
seja, pelo desejo particular de aprofundar o seu entendimento sobre o tema, tratando-se de 
um estudante das ciências sociais, económicas e empresarias. 
 Para o Estado: este estudo é pertinente, pois, há-de servir de reflexão para os 
gestores do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), perceber o quanto este fundo pode 
alavancar o desenvolvimento distrital e do país, desde que sejam bem gereridos, e haja 
transparência no processo de avaliação, selecção e monitoria dos projectos. Com vista a 
seleccionar projectos criativos e viáveis que se adequa a realidade actual do distrito, 
conforme a garantir os principais objectivos almejados pelo governo incluíndo, o 
reembolso do valor financiado e a continuidade dos projectos beneficiados. 
 Para os Beneficiarios do FDD: este estudo é relevante, pois demostra que o 
principal objectivo do governo com a introdução do FDD é destinado a impulsionar o 
desenvolvimento e empreendedorismo na satisfação das necessidades básicas das 
comunidades locais, mediante a concessão de empréstimos reembolsáveis e não enriquecer 
os bolsos dos gananciosos que não se preocupam com a reposição do financiamento aos 
cofres do Estado. Pois, é apenas com o reembolso do financiamento que se pode garantir a 
continuidade da política de Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD). 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 15 
 
 Para a Academia: certamente que há-de servir para os estudantes da área de 
ciências sociais, económicas e de gestão, na medida em que cresce a preocupação com os 
resultados da aplicabilidade do Fundo de Desenvolvimento Distrital no desenvolvimentolocal, será claramente um incentivo para os estudantes aprofundarem pesquisas em torno 
deste tema para além de ser mais um instrumento de apoio existente para consultas e que 
sirva de fonte para futuras pesquisas. 
 Para a Sociedade em Geral: este estudo é relevante, pois, a sua leitura e análise 
pode fornecer informação do ponto de vista de esclarecer os procedimentos e critérios para 
a selecção dos beneficiários do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) e perceber os 
principais objectivos almejados pelo governo na concessão deste financiamento, ilustrando 
o quanto este fundo pode contribuir para o desenvolvimento da Comunidade, do Distrito, 
da Provincia e do País em geral. 
1.4. Objectivos da Pesquisa 
1.4.1. Objectivos Geral 
 Analisar os Factores Influenciadores nos Critérios Usados para Selecção dos 
Beneficiários do Fundo do Desenvolvimento do Distrito de Chimoio no período de 2015 – 
2017. 
1.4.2. Objectivos Específicos 
 Verificar a Contribuição dos Projectos Beneficiários do FDD no Desenvolvimento 
do Distrito de Chimoio; 
 Aferir o Nível de Cumprimento dos Critérios usados para Selecção dos 
Beneficiários do Fundo do Desenvolvimento do Distrito de Chimoio; 
 Analisar os Factores condicionantes aos Critérios usados para Selecção dos 
Beneficiários do FDD no período de 2015 a 2017 no Distrito de Chimoio. 
1.5. Delimitação da Pesquisa 
A delimitação do presente tema de pesquisa circunscreve-se à análise de aspectos 
ligados a factores que influência os critérios usados na selecção dos beneficiários do FDD 
no desenvolvimento do distrito de Chimoio. 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 16 
 
Assim sendo, a pesquisa analisa os factos ocorridos durante o período compreendido 
entre os anos de 2015 a 2017, isto é, durante 3 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 17 
 
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA 
2.1. Origem e Evolução da Descentralização 
A descentralização teve a sua origem na Europa oriental no início dos anos 90, como 
reacção das sucessivas falhas do Estado centralizado que vigorou durante vários anos. A 
maior parte destas mudanças se deve as políticas da união europeia que incentivavam a 
criação de governos a nível local (Deva, 2005). 
De acordo com Lane (2007), as principais reformas no velho continente que ocorreram 
entre 1991 e 1994, condicionaram a uma significativa privatização da propriedade, um 
grande declínio dos partidos comunistas e a ascensão de um sistema eleitoral partidário 
competitivo. Estas reformas levaram ao surgimento de três grandes grupos, em termos de 
liberalização política e económica: 
 Primeiro grupo nas sociedades ocidentais avançadas, em que as pessoas possuíam 
direitos e liberdades civis; 
 Segundo grupo considerado de intermediário na liberalização política, semelhante 
ao modelo dos países latinos americanos; 
 Terceiro grupo, constituído por países que possuíam partido único e uma economia 
planificada. 
Com isso, a descentralização pode ser entendida como um processo planificado que 
tem por objectivo, produzir mudanças na geografia e na sociologia de um dado poder 
central, a favor de "níveis de poder" mais baixos da administração do Estado, sem pôr em 
causa as forças políticas que a constituem e que controlam a distribuição do poder, da 
riqueza, dos recursos e da administração Estatal (Weimer, 2012). 
Ou seja a descentralização pode ser vista como o processo da transferência de 
atribuições e competências do Estado central para o Poder Local (distritos ou autarquias 
locais), na perspectiva de que correspondam a um núcleo de interesses verdadeiramente 
locais capazes de assegurar o reforço da coesão local e nacional, e para a promoção da 
eficiência e eficácia na gestão pública através de processos e mecanismos de participação 
colectiva dos cidadãos (Neves, 2004). 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 18 
 
De um modo geral, a descentralização é entendida como transferência de recursos e 
poderes a nível central para o local. Dada a sua complexidade, ela pode ter vários 
significados, em diferentes contextos e da forma como os planos são desenhados e 
implementados (Dauce, 2013). 
Segundo IBIS (2010), Existem três definições chaves da descentralização: (i) 
desconcentração ou descentralização administrativa, (ii) descentralização fiscal e, (iii) 
devolução ou descentralização democrática, ondem: 
 A Desconcentração ou Descentralização Administrativa: é a transferência de 
funções, responsabilidades e funcionários do nível central para as unidades sub-nacionais. 
É a realocação dos funcionários do nível central nos diferentes pontos do território 
nacional com vista a fortificar a autoridade do governo. Na desconcentração, o governo 
central não cede qualquer poder uma vez que tais funcionáriossimplesmente cumprem 
tarefas e implementamas decisões tomadas pelo governo central. Todas as linhas de 
comando são de cima parabaixo e a prestação de contas é de baixo para cima. 
 A Devolução ou Descentralização Democrática: é a transferência de poder 
(tomada de decisão), funções e recursos do governo central para os governos locais, que 
são eleitos pelas comunidades locais e prestam contas a elas. A devolução cede a 
autoridade de decisão e influência às instituições democraticamente eleitas, através de 
mecanismos legais de partilha do poder entre o governo central e os governos locais. A 
devolução envolve a cedência de personalidade legal, áreas de competência legalmente 
definidas, autonomia de cobrar impostos, incluindo o direito de ter orçamento e 
competência legislativa. 
 A Descentralização Fiscal: é a transferência de recursos fiscais para os escalões 
inferiores do governo. A descentralização fiscal cede influência sobre orçamentos e 
decisões financeiras, que podem ser confiadas aos funcionários desconcentrados, mas que 
só prestam contas aos superiores dos escalões superiores, ou aos nomeados não-eleitos, 
escolhidos superiormente. 
Assim sendo, a descentralização fiscal pressupõe mover a governação para mais perto 
das pessoas e isto requer um fortalecimento das finanças dos governos municipais e 
distritais. A ideia é dar às instituições locais um poder de taxação e responsabilização no 
dispêndio dos diversos recursos à sua disposição, permitindo que eles decidam sobre o 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 19 
 
nível e a estrutura dos seus orçamentos. Supõe-se que deste modo, as instituições locais 
tenham maior capacidade de responder à demanda da população em termos de prestação de 
melhores serviços, de maneira que ela possa estar mais satisfeita e participe activamente na 
vida política do país. A descentralização fiscal requer que as instituições locais tenham 
uma autonomia na tomada de decisão na componente fiscal (IBIS, 2010). 
No entanto, Manor (1999) realça que as vezes os três tipos de descentralização 
(política, administrativa e económica), podem ocorrer simultaneamente, mais também 
podem ocorrer separadamente dependendo da forma de organização de cada país. 
Desta forma, os dois tipos de descentralização, nomeadamente: a desconcentração ou 
descentralização administrativa e a devolução ou descentralização democrática são os que 
ocorrem e se evidenciam actualmente em Moçambique. A desconcentração é dirigida aos 
órgãos locais do estado: província, distritos, postos administrativos e localidades (Lei nº. 
8/2003), enquanto a devolução é dirigida aos municípios (Lei nº. 2/97) (IBIS, 2010). 
Com isso, a descentralização democrática ou política é muitas vezes considerada como 
um mecanismo indispensável para tornar um Estado em democrático e desenvolvido, pelo 
facto de o governo local tera capacidade de utilizar recursos limitados mais eficientes que 
o central (Dauce, 2013). 
Em todo caso, Rodriguez-Pose e Gil (2005) referem que as potenciais vantagens 
económicas da devolução em relação ao centralismo podem ser discutidas mediante três 
áreas: 
 Em primeiro lugar, num sistema centralizado, os decisores políticos tomam 
decisões para todo o país. Este sistema poderá ser ineficiente se houver uma distribuição 
desigual de recursos pelas regiões deste mesmo país. 
 A segunda maior fonte de ganhos económicos que a devolução pode gerar são as 
inovações políticas: Se os governos locais são mais responsáveis por seu próprio bem-
estar, pode fazer com que eles mesmo tenham ideias criativas para melhorar as suas 
próprias receitas. 
 Por último, a devolução aumenta o poder na tomada de decisão a nível local 
aumentando a transparência e a responsabilização através da redução da distância entre os 
políticos e os seus eleitores. 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 20 
 
2.2. A Descentralização e Processo Histórico em Moçambique 
Os modelos de governação de um país mostram os esforços que o mesmo tem vindo a 
realizar na adaptação das suas necessidades locais de modo a criar condições favoráveis 
para o seu desenvolvimento (Carvalho, 2008). 
Assim sendo, Moçambique, após a independência experimentou diversos modelos de 
governação, como sejam o da centralização (1975-1986), o da liberalização (a partir de 
1987) e o do multipartidário (a partir de 1994) como resultado da assinatura dos acordos 
gerais de paz em 1992. A partir de 1996 foram aprovadas a lei a que regula a criação de 
autarquias locais
1
, e em 2003 a lei que estabelece os princípios e normas de organização, 
competências efuncionamento dos órgãos locais do Estado
2
, abrindo assim espaço para a 
devolução de poderes para o nível local (Dauce, 2013). 
Segundo Forquilha (2008), as reformas do Estado desencadeadas em Moçambique a 
partir dos anos 80 ditando uma redefinição das relações de poder no seio do sistema 
político, cristalizaram-se em reformas de descentralização. 
Entretanto, Dias (2015) considera que: 
O processo de reformas políticas, económicas e sociais de Moçambique, no período pós-
colonial, teve o seu ponto alto com a promulgação e entrada em vigor da Constituição da 
República de 1990. Esta acelerou as medidas para a adopção da economia de mercado, 
aprofundou os princípios do Estado de Direito e do sistema político multipartidário, 
abriu caminho à descentralização e com esta viabilizou a criação das autarquias e 
órgãos locais do Estado, com intuito de aproximar a Administração Pública aos 
cidadãos, tornando-a mais eficiente e eficaz na solução dos problemas locais e um meio 
de promoção do desenvolvimento local. 
De acordo com Valá (2009), as experiências de planificação e finanças 
descentralizadas desenvolvidas ao longo do país e as múltiplas iniciativas de 
desenvolvimento rural levadas a cabo desde 1995, culminaram com reformas na 
governação e com o desenvolvimento económico local visando contribuir para o combate à 
pobreza provendo bens e serviços como resposta a procura das populações. 
 
1
 Lei nº 2/97, de 28 de Maio, Aprova a Lei de Bases das Autarquias e Cria o Quadro Jurídico para a 
Implementação das Autarquias Locais. 
2
Lei 8/2003, regulamentada pelo regulamento lei dos órgãos locais do estado 6/2005 de 10 de junho. 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 21 
 
Porém a descentralização em Moçambique, não foi inicialmente impulsionada por 
uma agenda anti-pobreza explícita, privilegiando antes a reconfiguração e consolidação da 
administração do Estado e a melhoria da prestação de serviços na situação do pós-guerra. 
A ligação explícita entre a descentralização e a redução da pobreza apareceu muito mais 
tarde, numa altura em que o governo, apoiado pelos seus Parceiros de Apoio Programático 
(PAP), concebeu e levou à prática o seu primeiro programa de redução de pobreza, 
PARPA I, que vigorou entre 2001 e 2005. 
Como faltava ao processo de descentralização uma estratégia explícita e publicamente 
evidente e, por conseguinte, um processo de monitoria que lhe estivesse ligado, tem sido 
difícil não só avaliar sistematicamente os resultados que a descentralização tem produzido 
até agora, mas também o impacto que teve, ou não, na redução dos níveis de pobreza 
(Weimer, 2012). 
Com isso, a organização e o funcionamento dos órgãos do Estado a nível local 
obedecem aos princípios de descentralização e desconcentração, sem prejuízo da unidade 
de acção e dos poderes de direcção do Governo. No seu funcionamento, os órgãos locais 
do Estado, promovendo a utilização dos recursos disponíveis, garantem a participação 
activa dos cidadãos e incentivam a iniciativa local na solução dos problemas das 
comunidades (Números 1 e 2 do Artigo 263, Título XII, Capítulo IV da Constituição da 
República). 
Assim, o processo de descentralização em Moçambique tem duas vertentes, a destacar: 
política e administrativa. A primeira constitui as autarquias, feita através da criação de 
novas unidades jurídicas com território e população; a segunda é a desconcentração, a qual 
é efectuada através da atribuição de maiores competências aos distritos e aos órgãos 
hierarquicamente subordinados a ela, constitui uma mera extensão e mecanismo 
administrativo visando aproximar os serviços aos seus beneficiários. Neste âmbito, a 
direcção deste processo cabe ao Ministério da Administração Estatal (MAE), Ministério da 
Planificação e Desenvolvimento (MPD) e Ministério das Finanças (MF), este último 
envolvendo matéria de fiscalização e finanças (MÉTIER, 2004). 
Portanto, estas ideias são reforçadas por Forquilha (2008), referindo o seguinte: 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 22 
 
Em Moçambique, a descentralização é feita através de autarquias locais, órgãos locais 
do Estado e instituições de participação e consulta comunitária. De forma mais 
específica, a política de descentralização visa promover a participação dos cidadãos, 
comunidades e outros actores na governação local, melhorar o desempenho da 
administração local do Estado e da administração autárquica, através de mecanismos 
que conduzam à eficácia e eficiência na prestação de serviços e promover a 
convergência e interacção entre as diversas formas de descentralização, nomeadamente 
democrática, empoderamento das comunidades e desconcentração, como movimentos 
coordenados visando a promoção do desenvolvimento local e bem-estar das populações. 
Desta forma, o processo de descentralização em Moçambique tende a desdobrar-se em 
dois conceitos diferentes, mas concomitantes: (i) a desconcentração (caraterizada pela 
existência dos órgãos locais do Estado a diferentes níveis) e, (ii) a descentralização (levada 
a cabo a partir de processo gradual de autonomização dos poderes locais) (Jamal, 2014). 
Segundo Cailaux e Yuki (2004), a desconcentração é o tipo de descentralização 
aplicável na transferência de determinados graus de autoridade administrativa do governo 
central para o nível local, ou seja, delegação de responsabilidades ao nível local através do 
governo central. 
No entanto, é de destacar que o processo de descentralização em Moçambique (ainda) 
não é abrangente, pois termina nas linhas dos territórios municipalizados (vilas e cidades), 
enquanto a maior parte da população vive para além das fronteiras municipais (aldeias, 
povoados, localidades, postos-administrativos). Assim, a lacuna não preenchida pela 
descentralização (autárquica) no processo da democratização do país é ocupada pelos 
órgãos locais nomeados pelo Estado central, o que tende a propiciar tensões, e pode alargar 
o conceito da responsabilização e prestação de contas(Jamal, 2014). 
Por sua vez, Ilal (2008), defende que o modelo moçambicano de descentralização 
implica a transferência de responsabilidades, sem a autonomia dos governos locais, na 
medida em que, a transferência de responsabilidades não é acompanhada da 
descentralização de fontes efectivas de recursos, o que em última análise mantém e 
consolida o poder do governo central perante os governos locais. 
Deste modo, o alcance dos objectivos da descentralização em Moçambique, depende 
de uma justa e equilibrada distribuição de recursos financeiros, materiais e humanos, assim 
como da capacidade dos órgãos locais maximizarem as oportunidades para geração de 
receitas (Canhanga, 2009). 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 23 
 
Neste contexto, Chichava (1999), sustenta que os órgãos locais do Estado no âmbito da 
descentralização devem: 
 Funcionar como órgão responsável pela planificação do desenvolvimento local e 
como agente principal de desenvolvimento a nível local; 
 Prestar serviços sociais e económicos às comunidades locais e; 
 Estimular, organizar a participação das comunidades na solução dos seus 
problemas. 
Em todo caso, o desenvolvimento local não pode ser alheio a descentralização 
financeira associada ao capital humano, social e o tecnológico, visto que estes são grandes 
impulsionadores do mesmo e em conjunto proporcionam oportunidades de desenvolver as 
comunidades. Portanto, a ideia de desenvolvimento local envolve a capacidade de 
impulsionar projectos comunitários, onde é necessária a motivação, reflexão e organização 
político-comunitário que caminhem em paralelo com o sentimento de cidadania, liderança, 
esforço conjunto e estratégia de acção (Machava, 2011). 
2.3. O Desenvolvimento Local 
Segundo Diniz (2006), o desenvolvimento é um processo complexo que engloba 
aspectos económicos, sociológicos, psicológicos e políticos da vida em sociedade. Neste 
caso, a existência de crescimentoeconómico não conduz nem se confunde com o 
desenvolvimento, na medida em que o últimoexige a transformação profunda das 
estruturas económicas e sociais. Por seu turno, odesenvolvimento deve ser entendido como 
um progresso económico da sociedade como um todo. 
Assim, o desenvolvimento é um processo que consiste na transformação do fraco em 
forte ou do improdutivo ao produtivo com vista a gerar progresso, crescimento e expansão 
da economia. Por outras palavras pode-se entender o desenvolvimento como um processo 
de melhoria das condições de vida, de trabalho, de lazer, em fim, do bem-estar das 
comunidades que habitam uma determinada área (MPD - Ministério da Planificação e 
Desenvolvimento, 2007). 
Com isso, o desenvolvimento, em qualquer concepção, deve resultar do crescimento 
económicoacompanhado de melhoria na qualidade de vida, ou seja, deve incluir as 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 24 
 
alterações da composiçãodo produto e a alocação de recursos pelos diferentes sectores da 
economia, de forma a melhoraros indicadores de bem-estar económico e social (pobreza, 
desemprego, desigualdade, condiçõesde saúde, alimentação, educação e moradia) 
(Vasconcellos e Garcia, 1998). 
Do ponto de vista de Sousa (2009), a condição básica para se alcançar o 
desenvolvimento é o crescimento económico. Portanto, desenvolvimento, visto numa 
perspectiva económica é a existência de crescimento económico emritmo superior ao 
crescimento demográfico, envolvendo mudanças de estrutura e melhoria dosindicadores 
económicos, sociais e ambientais. 
Enquanto Sandroni (1994), considera desenvolvimento económico como crescimento 
económico (incrementos positivos no produto) acompanhado por melhorias do nível de 
vida dos cidadãos epor alterações estruturais na economia. Para ele, o desenvolvimento 
depende das característicasde cada país ou região. Isto é, depende do seu passado histórico, 
da posição e extensãogeográficas, das condições demográficas, da cultura e dos recursos 
naturais que possuem. 
Em suma, o desenvolvimento constitui nos dias de hoje a única forma de assegurar 
que os direitos humanos, conquista civilizacional de mais alto valor, seja respeitado na sua 
plenitude, porque o desenvolvimento reflecte uma vida digna a ser vivida, enquanto 
prevalecer a pobreza em qualquer agregado humano e consequentemente os seus membros 
estiverem a viver numa situação de penúria, essa sociedade considerar-se-á não 
desenvolvida e por consequência os direitos humanos estariam desse modo a ser violados 
(Jemusse, 2014). 
No entanto, o desenvolvimento local é uma estratégia de valorização das 
potencialidades locais que possam impulsionar um novo padrão de crescimento económico 
dotado de sustentabilidade sócio ambiental (De Carvalho, 1999). 
Este autor refere ainda na sequência, o seguinte: 
O desenvolvimento local é um processo endógeno de mobilização de energias sociais na 
implementação de mudanças que contribuem para o aumento das oportunidades sociais 
e melhoramento das condições de vida no plano local, com base nas potencialidades e no 
envolvimento da sociedade nos processos decisórios. 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 25 
 
Entranto, o Artigo 263, Título XII, Capítulo IV da Constituição da República, destaca 
que os órgãos locais do Estado têm como função a representação do Estado ao nível local 
para a administração e o desenvolvimento do respectivo território e contribuem para a 
integração e unidade nacionais. 
2.3.1. O Local como Possibilidade de Desenvolvimento Sustentável 
De acordo com Sousa (2009), o ser humano é um ser individual de natureza social, e 
como indivíduo, o mesmo procura satisfazer as suas necessidades fisiológicas. No seu 
espírito, o ser humano recorre à reflexão, à participação, à solidariedade e outras formas de 
cooperar e ajudar os demais. Tão antiga quanto a civilização humana, a organização dos 
homens no meio em que inseriam, na busca do bem além do individual fez com que 
nascesse o esforço comunitário de satisfazer interesses comuns ou de todos. 
Desta forma, o desenvolvimento local nasceu como resposta a situação precária em 
que se encontravam os membros de certos agregados humanos, portanto, o 
desenvolvimento comunitário surge com a criação e estabelecimento de programas de 
melhoramento da qualidade de vida da população pobre, principalmente a camponesa 
(Jemusse, 2014). 
Assim, o desenvolvimento local assenta em três princípios fundamentais a saber: 
criação de condições de progresso económico e social; a participação activa da 
comunidade e a confiança na sua capacidade de iniciativa (Laissone, 2016). 
Para Jemusse (2014), outro dado de extrema importância a ter em conta em torno do 
desenvolvimento local, é a seguinte: 
Os programas e projectos de desenvolvimento implementados nas comunidades, devem 
ter carácter e natureza própria da comunidade a que se insere, quer-se com isso dizer 
que não se podem uniformizar ou generalizar as acções que devem ser implementadas 
nas diferentes comunidades, pois, cada comunidade oferece um diferente potencial 
económico a aproveitar. 
Enquanto Laissone (2016), refere que todo o processo conducente ao melhoramento de 
vida de qualquer comunidade deve começar dentro dela, aproveitando para tal os recursos 
humanos e naturais lá existentes, ou seja, no processo de consecução dos objectivos do 
desenvolvimento é necessário que haja o envolvimento da própria comunidade na 
transformação dos recursos disponíveis ao seu dispor em riqueza. 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 26 
 
Em muitas vezes, a palavra sustentabilidade é associada ao desenvolvimento, porque o 
desenvolvimento sustentável é um desenvolvimento que tem como principal objectivo 
satisfazer as necessidades do presentesem comprometer as das gerações futuras (Texeira, 
2011). 
No entanto, em seu sentido lógico sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de 
se manter. Uma actividade sustentável é aquela que pode ser mantida para sempre e uma 
sociedade sustentável é aquela que não coloca em risco os elementos do meio ambiente. 
Neste contexto, o desenvolvimento sustentável é aquele que melhora a qualidade de vida 
do homem na terra ao mesmo tempo em que respeita a capacidade de produção dos 
ecossistemas nos quais vivemos (Machava, 2011). 
Em todo caso, o conceito de desenvolvimento local tem-se mostrado com mudanças 
ao longo do tempo. Actualmente é unânime entender que o desenvolvimento local não está 
relacionado unicamente ao crescimento económico, mas também com a melhoria da 
qualidade de vida das pessoas e com a conservação do meio ambiente. Por isso, o único 
significado de desenvolvimento que faz sentido deve ser o de melhorar a qualidade de vida 
das pessoas não enquanto indivíduos, mas de todas as pessoas no presente e no futuro 
(Milani, 2005). 
Assim sendo, o desenvolvimento local é justamente o processo que considera, respeita 
e aproveita a qualidade, a realidade e as potencialidades de cada comunidade ou 
localidade. Para além de ser um processo de reactivação da economia de dinamização de 
uma sociedade local, com base no bom aproveitamento dos recursos, objectivando o 
crescimento da economia, criação de emprego para a melhoria da qualidade de vida (Ávila, 
2007). 
Desta forma, a consecução dos objectivos do desenvolvimento na perspectiva local, 
pressupõe um significativo grau de interdependência e dependência entre diversos 
segmentos que compõem a comunidade, e nessa lógica que são chamados todos sectores, 
interveniente e agentes de certa comunidade para em conjunto fazerem face a 
transformação da realidade local, rumo ao melhoramento da sua qualidade de vida 
(Jemusse, 2014). 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 27 
 
Entretanto, o desenvolvimento Local consiste num processo sustentável de 
aproveitamento de oportunidades das capacidades locais, com a integração da sociedade 
local tornando-a em agentes económicos capazes de catalisar suas potencialidades 
apostando em uma melhoria integral da qualidade de vida das populações locais, através do 
uso racional e regular dos recursos disponíveis, garantindo assim o bem-estar comum, sem 
se esquecer das gerações futuras (Sousa, 2009). 
Contudo, o Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) foi criado com objectivo de 
garantir um desenvolvimento sustentável para as famílias Moçambicanas a nível dos 
distritos; este fundo para além de assegurar um desenvolvimento sustentável é também 
uma forma de garantir a produtividade sem aumentar o uso de recursos naturais além da 
capacidade da terra (Laissone, 2016). 
2.4. O Fundo de Desenvolvimento Distrital 
Segundo Weimer e Carrilho (2017), o Fundo de Desenvolvimento Distrital é resultado 
do processo de descentralização de instrumentos de planificação e orçamentação com vista 
ao envolvimento das populações ao nível local e tem a cobertura da Lei n° 8/2003 e do 
Decreto n° 11/2005. Assim entende-se que o FDD reforça o princípio do distrito como a 
base do desenvolvimento, na medida em que, pretende afectar recursos para a produção de 
alimentos, criação de emprego e geração de renda, de forma a contribuir para o combate à 
pobreza no país. 
No entanto, as primeiras experiências de planificação e orçamentação descentralizada 
em Moçambique com foco nos distritos, foram implementadas entre 1998 e 2005 na 
província de Nampula. Financiadas pelo fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(UNCDF), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Embaixada da 
Holanda, estas experiências inseriam-se no Programa de Planificação e Financiamento 
Descentralizado (PPFD). Esta iniciativa fundamentava-se na crença de que o 
desenvolvimento local dependia do grau de descentralização e desconcentração de 
responsabilidadese recursos, e da participação comunitária na planificação e 
implementação de actividades do sector público local. Estas actividades tinham como foco 
o desenvolvimento de infra-estruturas, o fortalecimento da capacidade institucional e a 
articulação de objectivos e prioridades da planificação, não apenas o financiamento de 
actividades individuais (Chichava, 2010). 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 28 
 
A contribuição do OIIL para a redução da pobreza rural (no distrito) foi concretizada 
por via da dinamização da actividade produtiva rural levada a cabo, maioritariamente, por 
pessoas pobressem acesso ao crédito dos mercados financeiros formais, para além de 
estimular a participação da comunidade e indivíduos no desenvolvimento local. Os “7 
milhões” são para a população que tem neste fundo a sua única alternativa para gerar 
comida, emprego e renda, reduzindo, assim, o nível de pobreza. A iniciativa, na sua forma 
original, não contemplava serviços de apoio institucional, infra-estruturas e base logística 
necessária para tornar as actividades produtivas privadas viáveis e sustentáveis financeira e 
economicamente (Guebuza, 2009). 
Em finais de 2009, o OIIL foi transformado em Fundo Distrital de Desenvolvimento 
(FDD), compersonalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira, gerido 
localmente. O FDD étutelado pelo Governador provincial que homologa os planos e 
relatórios de actividades, autorizaa recepção de donativos e abertura de contas e realiza 
inspecções regulares. A execução dasactividades do FDD é da responsabilidade dos 
Conselhos Consultivos Distritais (CCD). O FDD pode recorrer aosreembolsos, às 
subvenções do Estado, donativos e fundos comunitários para dar crédito às pessoas pobres 
(MPD - Ministério da Planificação e Desenvolvimento, 2011). 
Entretanto, no âmbito do aprofundamento do processo de descentralização e 
desconcentração de competências administrativas para os órgãos locais do Estado. A partir 
de 2006, as responsabilidades e competências da Secretaria Distrital na preparação e 
execução do Orçamento do Estado foram acrescidas com a atribuição de recursos do 
Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL) a todos os distritos do País. 
Portanto, os recursos do OIIL, eram alocados anualmente aos Distritos, servindo de 
instrumento de promoção das actividades económicas orientadas para a produção de 
comida e criação de emprego, propiciando a captação de rendimentos por parte das 
comunidades locais. Com isso, este fluxo de fundos resultou numa dinâmica económica e 
financeira semprecedentes a nível local, trazendo consigo novas situações que exigiram 
como resposta do Governo a criação de instituições adequadas (MPD - Ministério da 
Planificação e Desenvolvimento, 2011). 
Deste modo, para assegurar a materialização dos objectivos do Governo orientados 
para o desenvolvimento do Distrito, especificamente no domínio da produção de alimentos 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 29 
 
e geração de rendimento, garantindo a criação de postos de trabalho a nível local. O 
Conselho de Ministros aprovou a criação do Fundo de Desenvolvimento Distrital em todos 
distritos do país, como uma instituição pública dotada de personalidade jurídica, autonomia 
administrativa e financeira, abreviadamente designada por FDD, destinada à captação e 
gestão de recursos financeiros visando impulsionar o desenvolvimento e o 
empreendedorismo na satisfação das necessidades básicas das comunidades locais, 
mediante a concessão de empréstimos reembolsáveis (Artigos Números 1 e 2 da Parte 
Introdutora do Decreto nº 90/2009 de 15 de Dezembro). 
Neste contexto, segundo MPD (2011) o Conselho de Ministros criou o Fundo Distrital 
de Desenvolvimento (FDD) como forma de: 
 Flexibilizara Gestão Orçamental e Facilitar os Mecanismos de Transferências dos 
Recursos do Estado para o Benefício das Comunidades; 
 Conferir Maior Dinâmica Económica e Financeira a Nível Local Através do 
Estabelecimento de Mecanismos Flexíveis, Apropriados e Legalmente Enquadrados; e 
 Criar um Fundo Vocacionado à Promoção de Actividades Económicas Através da 
Captação, Disponibilização e Recuperação de Recursos. 
Assim sendo, o Fundo de Desenvolvimento Distrital é uma dotação orçamental de 
âmbito distrital destinada a apoiar prioritariamente pessoas pobres, economicamente 
activas
3
, sem possibilidade de acesso ao crédito no sistema financeiro formal. No âmbito 
dos FDD são financiáveis as acções que concorrem para a geração de emprego permanente 
ou sazonal, produção de comida e geração de rendimento. Os projectos elegíveis devem 
estar estritamente ligados ao desenvolvimento económico local com o impacto no quadro 
do combate à pobreza e devem ser propostos por indivíduos, associações, grupos sociais 
organizados e outras formas sociais de base comunitária reconhecidos pelo Governo do 
Distrito em estreita colaboração com as autoridades comunitárias locais. O Conselho 
Consultivo Distrital é o órgão que aprecia, aprova os pedidos de empréstimos submetidos e 
faz o seu acompanhamento permanente (CPI – Centro de Integridade Pública, 2012). 
 
3
Conforme os autores, esta expressão pretende captar num só conceito todas as pessoas singulares e 
colectivas que, embora tenham iniciativas produtivas cobertas pelos objectivos do FDD, não são elegíveis 
para a concessão de créditos do sistema bancário formal. 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 30 
 
Porém, conforme os números 1, 2 e 3 do Artigo 3, Capítulo I do Decreto nº 90/2009, de 
15 de Dezembro, estabelece que o Fundo Distrital de Desenvolvimento é tutelado pelo 
Governador Provincial, e constitui especial responsabilidade deste, promover a 
consolidação, a expanção e o desenvolvimento do fundo, e as boas práticas de gestão 
participativa, com transparência, equidade, eficiência e efectividade, no quadro dos 
esforços para o desenvolvimento local edas comunidades, através das competências que 
lhe confere para executar as seguintes actividades: 
a) Homologar os Planos Anuais; 
b) Autorizar a Recepção dos Donativos Externos; 
c) Autorizar a Abertura de Contas em Nome do Fundo Distrital de Desenvolvimento 
em Banco Comercial; 
d) Verificar os Relatórios de Actividades e de Contas do Fundo; e 
e) Promover Inspecções Regulares ao Funcionamento do Fundo. 
Em todo caso, o Fundo de Desenvolvimento Distrital, tutelado pelo governador 
provincial, é uma instituição pública dotada de personalidade jurídica, autonomia 
administrativa e financeira, que se destina a captação e gestão de recursos financeiros 
provenientes de orçamento do Estado, dos reembolsos dos empréstimos concedidos 
(sujeitos à aplicação de taxas de juros) e fundos concedidos por instituições nacionais ou 
internacionais a título de donativo. Este fundo visa financiar acções que estimulem o 
empreendedorismo no nível local de pessoas pobres, mas economicamente activas e que 
não têm acesso ao crédito bancário; actividades de produção e comercialização de 
alimentos, criação depostos de trabalho permanentes ou sazonais, assegurando a geração 
de rendimento; acções que visem melhorar as condições de vida relacionadas comas 
actividades económicas e produtivas das comunidades locais, mediante a concessão de 
empréstimos reembolsáveis (Chichava, 2010). 
De acordo com o Artigo 5, Capítulo I do Decreto nº 90/2009, de 15 de Dezembro, são 
atribuições do Fundo Distrital de Desenvolvimento as seguintes: 
a) Gerir os Recursos Postos à sua Disposição; 
b) Assegurar a Execução e o Controlo Financeiro das Actividades do Fundo Distrital 
de Desenvolvimento; 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 31 
 
c) Financiar os Projectos e Empreendimentos Aprovados e Garantir o Retorno dos 
Recursos; 
d) Financiar Acções Complementares que Assegurem o Aumento da Produção e da 
Produtividade a Nivel Local. 
Portanto, as actividades e acções financiadas pelo Fundo Distrital de Desenvolvimento 
são previamente aprovadas pelo Conselho Consultivo Distrital (CCD), órgão de natureza 
essencialmente consultiva, com a designação de Conselho Local de Distrito, nos termos do 
Regulamento aprovado pelo decreto nº 11/2005, de 10 de Junho (Número 2 do Artigo 4, 
Capítulo I do Decreto nº 90/2009, de 15 de Dezembro). 
Contudo, os governos distritais passaram então a ser responsáveis pela execução do 
Fundo Distrital de Desenvolvimento em projectos de produção de alimentos, geração de 
renda com impacto junto às populações locais. O FDD constituiu teoricamente um 
mecanismo para a materialização da visão, dos objectivos estratégicos e das prioridades 
constantes nos instrumentos de políticas e estratégias governamentais de Moçambique 
(MPD - Ministério da Planificação e Desenvolvimento, 2011). 
2.4.1. Critérios de Elegibilidade dos Beneficiários e Projectos dos Recursos do FDD 
Os critérios de selecção, priorização, procurement e modalidade de financiamento dos 
FDD são noviços devido ao carácter inovador do OIIL e por esta razão, o governo central 
não estabeleceu normas rígidas e prescritivas aos distritos, simplesmente elaborou regras 
gerais e deixando que as experiências práticas e concretas do trabalho de cada distrito 
permitissem que surgisse mais bases normativas e de regulamentação desde que se 
mostrem exequíveis, pragmáticas e sustentáveis (Valá, 2009). 
Porém, Osório e Silva (2009) referem que no primeiro ano, não houve definição clara 
de critérios. A Lei não tornou claro se os fundos assumiam uma forma de doação sem 
retorno ou um empréstimo e, que juros a aplicar. 
Portanto, de acordo com Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD, 2011), 
o acesso aos recursos do FDD é determinado por um conjunto de critérios aplicáveis aos (i) 
proponentes dos projectos e (ii) tipos de projectos, conforme é descrito a seguir: 
Critérios de elegibilidade dos beneficiários são compostos por seguintes condições: 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 32 
 
1º. Para Indivíduos 
a) Ser Residente na Unidade Territorial onde Pretende Implementar o Projecto, 
confirmado pelas Autoridades Locais; 
b) Possuir Nacionalidade Moçambicana; 
c) Ser Considerado Idóneo pelas Autoridades Administrativas e Comunitárias Locais; 
d) Ter Idade não Inferior a 18 Anos; e 
e) Possuir NUIT. 
2º. Para Associações e Micro/Pequenas e Médias Empresas: 
As Associações e Micro/Pequenas e Médias Empresas devem: 
a) Estar Legalmente Registadas e com uma Estrutura de Organização e Gestão 
Consolidada Observável a partir do Núcleo Central dos Membros das Associações; 
b) Os Membros Devem Ser Residentes na Unidade Territorial Onde se Pretende 
Implementar o Projecto e com a Residência Confirmada pelas Autoridades Locais; 
c) Operar no Território Onde se Pretende Implementar o Projecto; 
d) Ser Constituídas por Cidadãos Nacionais; e 
e) Possuir NUIT. 
Em todo caso, as autoridades competentes devem flexibilizar e apoiar os beneficiários 
na obtenção do NUIT, aproveitando esta oportunidade para expandir a atribuição do 
mesmo. Igualmente, devem ser criados mecanismos para tornar célere o registo e 
legalização das associações (Machava, 2011). 
Entretanto, anteriormente este fundo financiava os projectos em espécie, onde o 
proponente desenhava o projecto tendo em conta o material que precisava para a 
implementação do mesmo, com factura anexada ao projecto, e de seguida ia apresentar na 
respectiva localidade, aprovado o projecto era solicitado a levantar os produtos para 
implementa-los. No entanto, a iniciativa não foi bem recebida por partedos beneficiários, 
tendo provocado descontentamento entre os mesmos e os gestores do FDD. Mais tarde esta 
ideia foi rectificada, a partir de 2010 optaram por financiar os projectos em dinheiro, onde 
cada beneficiário geria o dinheiro individualmente (Sualeche, 2015). 
Com isso, no âmbito do FDD, são financiáveis as acções que concorram para geração 
de emprego permanente e/ou sazonal, para produção de comida e geração de renda para os 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 33 
 
produtores e suas famílias. Os projectos elegíveis devem estar estritamente ligados ao 
desenvolvimentoeconómico local com impacto no quadro do combate à pobreza e 
emsintonia com os Planos Estratégicos de Desenvolvimento do Distrito e devem ser 
propostos por indivíduos, associações, grupos sociais organizados e outras formas sociais 
de base comunitária reconhecidas pelo Governo do Distrito em estreita colaboração com as 
autoridades comunitárias locais. Os projectos financiados devem obrigatoriamente ser 
implementados na unidade territorial onde são propostos (MPD - Ministério da 
Planificação e Desenvolvimento, 2011). 
Deste modo, segundo CPI (2012) são prioridades para o critério de selecção dos 
projectos financiados pelo Fundo Distrital de Desenvolvimento, os projectos que 
pretendem desenvolver as seguintes actividades: 
 Produção e Comercialização Agropecuária; 
 Pesca; 
 Piscicultura; 
 Pequena Indústria; 
 Agro-indústria e Pequenos Sistemas de Processamento; 
 Turismo Rural; e 
 Comércio. 
Contudo, conforme o Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD, 2011) o 
processo de aprovação de projectos financiáveis pelo FDD obedece aos seguintes critérios: 
 Projectos Identificados como Sendo Economicamente Viáveis e de Benefício às 
Comunidades, Priorizados e aprovados pelos Conselhos Consultivos Locais
4
 a Vários 
Níveis; 
 Projectos com Origem nas Localidades que Tenham Tido a Primeira 
Apreciação/Aprovação a Nível do Conselho Consultivo Local Antes de Transitarem para 
os Conselhos Consultivos de Posto Administrativo e, por Último, para os Conselhos 
Consultivos Distritais; 
 Projectos a Serem Implementados na Unidade Territorial Onde são Propostos; 
 
4
Os Conselhos Consultivos Locais comportam, nos termos da legislação em vigor, os conselhos consultivos 
de povoação, de posto administrativo e de distrito. 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 34 
 
 Projectos que Previlegiam o Uso Sustentável dos Recursos Locais (humanos, 
materiais e naturais). 
2.4.2. Monitoria e Avaliação do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) 
Segundo o Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD, 2011), a monitoria ao 
FDD deve ser feita a dois níveis nomeadamente: (i) a nível do próprio FDD, com vista a 
fazer o acompanhamento do processo de implementação do FDD e (ii) a nível dos 
projectos com vista a fazer o acompanhamento do ponto de situação dos projectos 
financiados. A monitoria cobrirá os três escalões envolvidos no FDD designadamente a 
nível distrital, provincial e central. 
 A nível do Distrito: a este nível deve ser feito um acompanhamento permanente 
aos projectos financiados, de forma a verificar-se o ponto de situação dos projectos, 
principais constrangimentos e propor medidas para a sua solução. Esta monitoria deverá 
envolver membros do Conselho Consultivo Distrital, membros da Comissão Técnica de 
Avaliação de Projectos e outras instituições afins, baseadas no distrito. 
 A nível da Província: a monitoria deve ser feita por equipas da Direcção 
Provincial do Plano e Finanças e para casos especificos poderá envolver outros sectores 
afins. Estas monitorias deverão ser feitas trimestralmente e em casos pontuais quando 
solicitados pelo Presidente do Fundo. 
 A nível Central: a monitoria deve ser feita por equipas constituídas por técnicos do 
Ministério da Administração Estatal, da Planificação e Desenvolvimento e das Finanças e 
técnicos do Grupo de Referência do FDD/OIIL coordenada com a província a ser visitada. 
Estas monitorias deverão ser feitas trimestralmente e em casos pontuais quando solicitados 
pelo Presidente do Fundo. 
Desta forma, em intervalos de três anos deverá ser feita a avaliação da implementação 
do Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD) por uma entidade independente para medir 
o impacto da implementação deste fundo ao nível das comunidades (CPI, 2012). 
2.4.3. Orgãos do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) 
Conforme as alíneas a, b, e c do número 1 do Artigo 7, Capítulo II do Decreto nº 
90/2009, de 15 de Dezembro, estabelece que são órgãos do Fundo Distrital de 
Desenvolvimento, os seguintes: 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 35 
 
a) O Conselho do Fundo Distrital: as atribuições e competências deste são exercidas 
pelo Conselho Consultivo Distrital. 
b) O Presidente do Fundo: o presidente do Fundo Distrital de Desenvolvimento é o 
presidente do Conselho Consultivo Distrital. 
c) A Comissão Técnica de Avaliação de Projectos: esta tem um papel importante no 
aconselhamento do Conselho Consultivo Distrital. 
2.4.3.1. Conselho Consultivo Distrital ou Local 
Os órgãos locais do Estado têm como função a representação do Estado a nível local 
para administração e o desenvolvimento do respectivo território e contribuim para 
integração e unidades nacionais. No âmbito das suas funções, os órgãos locais do Estado 
exercem competências de decisão, execução, e controlo no respectivo escalão (Numeros 1 
e 2 do Artigo 3, Título I do Decreto nº 11/2005 de 10 de Junho). 
Com isso, a concessão de créditos a partir do FDD, assim como em outras formas de 
financiamento, basea-se na avaliação económico-financeira dos projectos de investimentos, 
não só, mas também na avaliação social dos projectos. Esta avaliação é feita pelo Conselho 
Consultivo Distrital (CCD). Entenda-se este como sendo uma instituição de participação e 
consulta comunitária de mais alto nível, que serve de espaço de diálogo e deliberação sobre 
as prioridades locais de desenvolvimento, entre o povo e as autoridades do governo local. 
Neste sentido, os CCD’s são órgãos instituídos em cada distrito no âmbito da planificação 
participativa com vista a inclusão das diversas vontades das comunidades locais, para a 
prossecução dos objectivos de desenvolvimento local (Número 1 e 2 do Artigo 100, 
Capítulo I, Título VIII do Decreto nº 11/2005, de 10 de Junho). 
Portanto, dentre várias tarefas designadas aos Conselhos Consultivos Locais (CCL), o 
Diploma Ministerial nº 67/2009 de 17 de Abril estabelece que os mesmos têm o papel de 
promover a mobilização e organização da participação da população na implementação das 
iniciativas do desenvolvimento local e apresentar respostas aos problemas colocados pela 
comunidade local; recolher e transmitir às autoridades competentes as opiniões e 
preocupação das comunidades locais em relação ao desenvolvimento; colaborar com as 
autoridades locais na divulgação da informação relevante ao desenvolvimento local e 
assegurar a sua transmissão às comunidades e participar no processo de preparação, 
implementação e controlo dos planos distritais de desenvolvimento, e apreciar relatórios 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 36 
 
sobre a planificação, destacando a qualidade de participação de comunidades locais e dos 
grupos de interesse do distrito (Machava, 2011). 
Deste modo, o Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD, 2011), refere que 
antes da submissão do pedido de empréstimo para a tomada de decisão pelo Conselho 
Consultivo Distrital, a Comissão Técnica de Avaliação de Projectos deverá proceder a 
análise e avaliação do pedido e produzir uma informação proposta com um parecerclaro, a 
ser submetido ao Conselho Consultivo Distrital, que em termos gerais comporta: 
 A Análise dos Documentos; 
 A Análise da Viabilidade do Pedido; 
 A Análise da Relevância e do Impacto do Projecto para as Comunidades; 
 A Análise do Risco. 
Porém, no que concerne aos CCL, muitos estudos defendem que maior parte dos 
membros que constituem estes conselhos apresentam défices de capacidades institucionais, 
uma vez que grande percentagem desconhece os instrumentos normativos que envolvem o 
seu funcionamento, há um fraco envolvimento na monitoria e controlo da implementação 
do FDD. Situação agudizada pelo facto de os membros da CCL serem indicados com base 
na confiança individual e política, contraindo as orientações metodológicas sobre a 
execução do FDD, na medida em que os membros devem ser escolhidos numa assembleia 
popular pelas comunidades. Outro aspecto, relacionado a este é a falta de capacitação dos 
mesmos em matéria de gestão de programas e planos de desenvolvimento local. Levanta-se 
ainda, um conflito de interesse na gestão e acesso ao fundo entre os beneficiários e os 
membros do CCL, na medida em que estes últimos também são beneficiários do FDD 
(Lauter, 2014). 
Em todo caso, é o Conselho Consultivo Distrital que aprecia e toma a decisão 
(aprovação ou não) sobre os pedidos de empréstimo submetidos, verifica a consistência 
dos projectos com os Planos Estratégicos de Desenvolvimento do Distrito e faz o seu 
acompanhamento permanente (Ministério da Planificação e Desenvolvimento, 2011). 
 
 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 37 
 
2.4.3.2. O Presidente do Conselho Consultivo Distrital ou Local 
De acordo com as alíneas a), b), c), d) e e) do número 1 do Artigo 10, Capítulo II do 
Decreto nº 90/2009, de 15 de Dezembro, determina que compete ao Presidente do Fundo: 
a) Convocar e Presidir as Sessões do Conselho Consultivo Distrital; 
b) Celebrar Contratos com os Beneficiários Cujos Projectos Foram Aprovados pelo 
Conselho Consultivo Distrital; 
c) Submeter à Aprovação do Conselho Consultivo Distrital os Actos Relacionados 
com o Fundo Distrital de Desenvolvimento; 
d) Designar o Chefe da Comissão Técnica de Avaliação de Projectos; 
e) Representar o Fundo, Activa e Passivamente, Podendo, por Si ou Atraves de 
Representantes, praticar os Actos Previstos no Decreto nº 90/2009, de 15 de Dezembro. 
Entretanto, o Presidente do Fundo ou Conselho Consultivo Distrital pode convidar 
entidades colectivas ou individuais a participar nas sessões do Conselho Consultivo 
Distrital sempre que a natureza da matéria o justificar (Número 2 do Artigo 10, Capítulo II 
do Decreto nº 90/2009, de 15 de Dezembro). 
2.4.3.3. A Comissão Técnica de Avaliação de Projectos 
Segundo o número 3 do Artigo 11, Capítulo II do Decreto nº 90/2009, de 15 de 
Dezembro, a Comissão Técnica de Avaliação de Projecto é a equipa técnica distrital 
designada pelo Conselho Consultivo Distrital com função de assegurar o funcionamento 
normal das actividades do Fundo Distrital de Desenvolvimento, nomeadamente: 
 Elaborar e Submeter à Aprovação do Conselho Consultivo Distrital o Programa 
Anual de Actividades e o Respectivo Orçamento; 
 Analisar, Avaliar e Emitir Parecer sobre os Pedidos de Financiamento, Previamente 
Apreciados a Nível dos Conselhos Consultivos de Localidade e Posto Administrativo, 
Submetendo-os à Aprovação Conselho Consultivo Distrital; 
 Assegurar a Gestão Administrativa, Financeira e Técnica do Fundo Distrital de 
Desenvolvimento; 
 Organizar os Processos e o Cadastro dos Beneficiários do Fundo Distrital de 
Desenvolvimento; 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 38 
 
 Elaborar e Submeter à Aprovoção do Conselho Consultivo Distrital os Relatórios 
de Actividades e de Contas; 
 Realizar os Actos de Gestão Corrente Ligados ao Funcionamento Regular do Fundo 
Distrital de Desenvolvimento; 
 Executar as Deliberações Tomadas pelo Conselho Consultivo Distrital; 
 Exercer Qualquer Outra Função ou Tarefa de que seja Incunbido nos Termos da 
Lei. 
Com isso, o Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD, 2011) refere que a 
Comissão Técnica de Avaliação de Projectos é a unidade que tem a responsabilidade de 
trabalhar directa e constantemente com os proponentes, fornecendo toda a informação 
necessária para a instrução no processo do pedido de empréstimo e apoiar os proponentes 
no que for necessário. Deste modo, as tarefas acometidas à Comissão Técnica são as 
seguintes: 
 Assegurar a Correcta Implementação das Actividades do FDD; 
 Fazer a Divulgação das suas Actividades; 
 Assegurar a Tramitação e Análise dos Pedidos de Empréstimo; 
 Emitir Pareceres a Serem Submetidos ao Conselho Consultivo Distrital; 
 Elaborar os Contratos dos Pedidos de Crédito Aprovados para Assinatura pelos 
intervenientes no Processo; 
 Garantir o Cumprimento dos Contratos; 
 Fazer o Acompanhamento, Supervisão e Monitoria dos Projectos Financiados; 
 Fazer a Gestão da Carteira de Crédito; 
 Propor Alterações dos Procedimentos Assim como do Manual de Procedimentos; 
 Propor Também a Tomada de Medidas Atempadas em Relação aos Projectos em 
Risco; 
 Apresentar Regularmente os Relatórios Financeiros, da Carteira de Crédito e da 
Actividade em Geral. 
Portanto, de acordo com MPD (2011) compete ainda à Comissão Técnica de Avaliação 
de Projectos após a recepção dos documentos: 
 Registar a Recepção da Documentação; 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 39 
 
 Abrir o Processo Individual do Proponente; 
 Verificar se Toda a Documentação Exigida está completa; 
 Fazer a Verificação da Autenticidade dos Mesmos; 
 Fazer a Análise da Informação e dos Dados Contidos na Documentação. 
Contudo, uma vez que a implementação de um projecto obedece a um cronograma pré-
estabelecido, a tramitação do processo deve ser realizada com rapidez, de forma a não 
comprometer a sua efectividade. Outro aspecto, a ter em conta neste processo, é o sigilo 
profissional o qual deve ser observado com todo o rigor. No entanto, verificando-se a falta 
de alguma documentação, a Comissão Técnica de Avaliação de Projectos deverá solicitar 
ao proponente a correcção da situação, (Ministério da Planificação e Desenvolvimento, 
2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Março, Fortunato Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria 40 
 
CAPÍTULO III: METODOLOGIA 
3.1. Descrição do Local de Estudo 
O presente estudo foi realizado na cidade capital da Província de Manica, Cidade de 
Chimoio localizada na região centro de Moçambique, a cerca de 1.100 km a norte de 
Maputo, a capital nacional. Chimoio, administrativamente é um município com um 
governo local eleito, e é também, desde Dezembro de 2013, um distrito dirigido por um 
administrador. 
De acordo com o INE (2018), Cidade de Chimoio, com uma área de 174 km² e uma 
população de 372 821 habitantes em 2017, a cidade de Chimoio possui 33 bairros, 
nomeadamente, Bairro I, Bairro II, Bairro III, Bairro IV, Centro Hípico, Nhamadjessa, 
Agostinho Neto, Nhamatsane, 25 de Junho, Chissui, Hombwa, Eduardo Mondlane, 3 de 
Fevereiro, Tranga-Passo, Musandivundze, Chinfura, Círculo Mudzingadzi, Josina Machel, 
16 de Junho, 7 de Setembro, Bloco 9, Vila Nova, Herois Moçambicanos, 1º de Maio, 7 de 
Abril, Nhauriri, Popular da Textáfrica, Francisco Manyanga, Nhamahonha, Sitanha, 
Mudzingadzi, Fepom (Bairro 5) e Chwangua. 
O Fundo de Desenvolvimento Distrital beneficiou muitos projectos em Chimoio, 
porém até ao momento não se nota a contribuição efectiva destes projectos no 
desenvolvimento da comunidade. Com isso, o presente estudo foi realizado concretamente 
no Governo do Distrito de Chimoio, por estes reunir condições para o desenvolvimento 
deste trabalho. 
3.1.1. Planeamento

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