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Atualização em Direito Penal Militar e Processo Penal Militar CAEP I - 2019 Instituição credenciada pelo MEC Portaria 716/13 ISCP - PMDF Instituto Superior de Ciências Policiais Centro de Altos Estudos e Aperfeiçoamento - CAEAp Setor de Áreas Isoladas Sudeste (SAISO) AE 4 Setor Policial Sul, Brasília-DF. Todos os direitos desta edição reservados ao ISCP Virtual. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou parte do mesmo, sob qualquer meio, sem autorização expressa do ISCP Virtual - PMDF. É permitida a reprodução de dados e informações contidos nesta publicação, desde que citada a fonte. Reitor do Instituto Superior de Ciências Policiais Cel. QOPM Marcelo Helberth de Souza Comandante do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento de Praças – CAEAP Cel. QOPM Sidilon Marcelo Mota de Sousa Chefe da Divisão de Ensino Maj. QOPM José do Nascimento Rêgo Martins Chefe do Gabinete de Gestão da Educação a Distância - GGEAD Cap. QOPM Márcio Júlio da Silva Mattos Design e Diagramação SD QPPMC Weslley Santos de Brito Revisão do texto CB QPPMC Adrianne Profª Me. Tatyana Nunes Lemos Profº Luiz Fernando Queiroz Informações: 61 3190 6402 Maicol Coelho Lourenço Me chamo Maicol Coelho Lourenço, ingressei na PMDF, em 01 de abril de 2003, como soldado e me orgulho muito disso, me formei em direito em 2005, pela UNIP, fiz pós-graduação em 2006, em direito público, e em 2007, em direito penal, lato sensu, tentei o vestibular duas vezes para realizar o sonho de me tornar oficial da PMDF, não obtive sucesso, mas no concurso público de 2010, consegui ser aprovado e me tornei oficial PMDF, depois de 3 anos de academia e 10 meses de aspirante, me tornei oficial e hoje sou 1º Tenente da PMDF, e é uma honra poder fazer parte desse processo de ensino aprendizagem. Um abraço, do instrutor, 1º Tenente Maicol. UNIDADE I - CRIMES ..................................................................................................................... 8 AULA 1 – Previsões para o crime militar ............................................................................................... 8 1.1 Crimes militares previstos no Código Penal Militar e na Legislação Penal ..................................... 9 AULA 2 – Identificação do Crime militar ............................................................................................. 10 2.1 Identificando o crime militar ..................................................................................................... 10 2.2 Estudo do Artigo 9º do CPM ...................................................................................................... 10 2.3 Crime militar que só está definido no CPM: Artigo 9º, Inciso I.................................................... 11 AULA 03 – Crimes Militares e Legislação Penal Comum ...................................................................... 12 3.1 Crimes Militares previstos no CPM e na Legislação Penal Comum: ............................................ 12 3.2 CPM ou na legislação penal ....................................................................................................... 13 3.4 2ª Possibilidade do crime militar, previsto no CPM e na Legislação Penal Comum ..................... 16 3.5 3ª Possibilidade do crime militar previsto no CPM e na Legislação Penal Comum ...................... 16 3.6 4ª Possibilidade do crime militar, previsto no CPM e na Legislação Penal Comum ..................... 17 3.7 5ª POSSIBILIDADE DO CRIME MILITAR, PREVISTO NO C.P.M E NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM, 17 3.8 Alínea F do Artigo 9º ................................................................................................................. 18 AULA 4 – Crimes Militares por Policial na Inativa ou por Civil ............................................................ 18 4.1 Crimes militares praticados pelo militar da inativa e por civil: Art. 9º III, CPM ............................ 19 4.2 Resumo dos Casos em que o militar inativo comete crime militar, previsto no inciso I e II do Código Penal Militar .................................................................................................................................... 19 4.3 O civil não comete crime militar contra militar estadual ............................................................ 20 UNIDADE II – CRIMES DOLOSOS CONTRA CIVIL E JUSTIÇA MILITAR DOS ESTADOS E A JUSTIÇA MILITAR FEDERAL................................................................................................................................... 22 AULA 5 - Crime Doloso Contra a Vida de Civil, praticado por Militar Federal e por Militar Estadual .. 22 5.1 Crime doloso contra a vida de civil praticado por militar Estadual, PM e CBM ........................... 22 5.2 Continua sendo crime militar .................................................................................................... 23 AULA 6 - Alteração do código penal militar ........................................................................................ 24 6.1 Crime militar de homicídio doloso praticado por militar federal contra civil............................... 25 AULA 7 - Justiça Militar dos estados e a justiça militar federal ........................................................... 26 7.1 Divisão da justiça militar ............................................................................................................ 27 7.2 Justiça Militar Federal ............................................................................................................... 27 7.3 Justiça Militar Estadual .............................................................................................................. 27 AULA 8 - Classificação doutrinária dos crimes militares...................................................................... 28 8.1 Classificação dos crimes militares .............................................................................................. 28 AULA 09 - Crimes contra autoridade................................................................................................... 29 9.1 CRIME MILITAR CONTRA AUTORIDADE ...................................................................................... 29 UNIDADE III – PROCESSO PENAL MILITAR, PRISÕES PREVISTAS NO CPPM E CONCESSÕES PREVISTAS NO CPPM ............................................................................................................................. 36 AULA 10 - processo penal militar e de polícia judiciária militar .......................................................... 36 10.1 Noções de Direito Processual Penal Militar .............................................................................. 36 10.2 Polícia Judiciária Militar ........................................................................................................... 37 10.3 Atribuições da Polícia Judiciária Militar: ................................................................................... 39 Aula 11 - Prisões previstas no código de processo penal militar ......................................................... 39 11.1 Prisões .................................................................................................................................... 40 11.2 Prisão em flagrante ................................................................................................................. 40 11.3 Detenção do indiciado ............................................................................................................. 41 11.4 Prisão Preventiva.....................................................................................................................42 Aula 12 - Liberdade provisória, menagem .......................................................................................... 43 12.1 Menagem ................................................................................................................................ 43 12.2 Competência e requisitos para a concessão ............................................................................. 44 12.3 Lugar da menagem .................................................................................................................. 44 UNIDADE I Crimes INTRODUÇÃO Olá autoridades? Tudo bem? Espero que os senhores e senhoras estejam bem. Iremos estudar 03 Unidades, nessa matéria de Atualização em Direito Penal Militar e Processo penal militar, dividida da seguinte forma: Na primeira unidade, dividida em 04 aulas, vamos tratar sobre a identificação do crime militar e as alterações do código, pela lei 13.491 de 2017. Na unidade 02, dividida em 03 aulas, vamos tratar sobre a exceção do artigo 9º do COM. Na unidade 03 dividida em 03 aulas vamos estudar noções sobre a polícia judiciária militar, inquérito policial militar e prisão no processo penal militar. Na aula 01 da unidade 03 vamos estudar sobre a polícia judiciária militar. Na aula 02 da unidade 03 vamos estudar sobre o inquérito policial militar. Na aula 03 da unidade 03 vamos estudar sobre a prisão em flagrante, prisão preventiva e a detenção do indiciado no processo penal militar. UNIDADE I - CRIMES Objetivo • Na primeira unidade vamos tratar sobre a identificação do crime militar e as alterações do código, pela lei 13.491 de 2017. Essa unidade divide- se em 04 aulas. AULA 1 – Previsões para o crime militar Objetivo • Nessa aula vamos tratar sobre a alteração do código penal militar e o alargamento da competência dos crimes militares. O objetivo dessa aula e demostrar que existe uma maior possibilidade do crime praticado pelo militar ser considerado como crime militar. 1.1 Crimes militares previstos no Código Penal Militar e na Legislação Penal Todos sabem que o código penal militar sofreu uma alteração, no dia 16 de outubro de 2017, através da lei 13.491 de 2017. Antes da alteração do CPM pela referida lei, o crime militar só estava definido no código penal militar, mas hoje, o crime militar pode existir no código penal militar ou na legislação penal comum, código penal ou legislação extravagante. Importante ressaltar que só vai existir crime militar fora do código penal militar, quando o fato estiver previsto nas hipóteses do artigo 9°, Inciso II, alíneas: a, b, c, d, e. Exemplos Um policial militar da ativa praticou crime de racismo, previsto na legislação penal extravagante, contra outro policial militar da ativa. Um policial militar da ativa, de folga, dentro do quartel PMDF, praticou tortura contra um policial militar da inativa e também contra um civil. Um policial militar de serviço praticou crime de tortura contra um civil, independentemente do lugar que eles se encontrem. Assim, seguindo um passo a passo, para que o crime militar seja encontrado é necessário: Para que o fato seja considerado como crime militar é necessário que o fato tenha tipificação no código penal militar ou na legislação penal comum, código penal ou legislação penal extravagante, como também que o fato esteja previsto em uma das possibilidades do artigo 9º, do Código Penal Militar, se o crime foi praticado em tempo de paz, ou no artigo 10 do Código Penal Militar, se o crime foi praticado em tempo de guerra e por último deve ser analisado deve ser analisado se o autor do fato pode ser julgado pela justiça militar estadual ou justiça militar federal. É importante você saber quais são os casos do artigo 9º inciso II, que trazem as possibilidades do crime militar, para que possa entender esse alargamento da competência dos crimes militares. Clique no Link para abrir a Legislação. https://virtual.iscp.edu.br/pluginfile.php/17275/mod_folder/content/0/ Crimes%20militares%20em%20tempo%20de%20paz.pdf?forcedow nload=1 FINALIZANDO A AULA Nessa aula pudemos observar a alteração do código penal militar e o alargamento da competência dos crimes militares. AULA 2 – Identificação do Crime militar Objetivo • Na aula 02 da unidade 01 vamos tratar sobre como identificar o crime militar praticado pelo militar da ativa. 2.1 Identificando o crime militar Para identificar o crime militar praticado pelo militar da ativa se faz necessário entender um dos principais artigos do código penal militar, que é o artigo 9º, pois ele traz as possibilidades do cometimento do crime militar, portanto vamos estudá-lo: 2.2 Estudo do Artigo 9º do CPM O artigo 9º do Código Penal Militar trata sobre os crimes militares em tempo de paz e é um dos principais artigos do código penal militar, uma vez que traz quais as hipóteses de incidência ou de enquadramento do crime militar praticado em tempo de paz. https://virtual.iscp.edu.br/pluginfile.php/17275/mod_folder/content/0/Crimes%20militares%20em%20tempo%20de%20paz.pdf?forcedownload=1 https://virtual.iscp.edu.br/pluginfile.php/17275/mod_folder/content/0/Crimes%20militares%20em%20tempo%20de%20paz.pdf?forcedownload=1 https://virtual.iscp.edu.br/pluginfile.php/17275/mod_folder/content/0/Crimes%20militares%20em%20tempo%20de%20paz.pdf?forcedownload=1 2.3 Crime militar que só está definido no CPM: Artigo 9º, Inciso I O inciso I, do artigo 9º, segunda parte, trata de crimes militares que estão definidos no código penal militar e não têm correspondente na legislação penal comum: CÓDIGO PENAL MILITAR CÓDIGO PENAL COMUM Crime militar de motim, art. 149. Não existe previsão no código penal. Crime militar de desrespeito a superior, art. 160. Não existe previsão no código penal. Crime militar de abandono de posto, art. 195. Não existe previsão no código penal. Crime militar de deserção, art. 187. Não existe previsão no código penal. Crime militar de embriaguez em serviço, art. 202. Não existe previsão no código penal. Crime militar de Recusa de obediência, art. 163. Não existe previsão no código penal. Crime militar de descumprimento de missão, art. 196. Não existe previsão no código penal. Crime militar de violência contra superior, art. 157. Não existe previsão no código penal. A identificação desse crime militar é mais simples e de fácil constatação, uma vez que não gera dúvida ao intérprete, por não ser necessário enquadramento nas possibilidades do artigo 9º inciso II, bastando que o aluno veja se a conduta se enquadra no tipo penal que se encontra previsto somente no código penal militar, exemplo, deserção, descumprimento de missão, abandono de posto entre outros. FINALIZANDO A AULA Nessa aula aprendemos sobre como identificar o crime militar praticado pelo militar da ativa. AULA 03 – Crimes Militares e Legislação Penal Comum Objetivo Olá senhores? Nessa aula iremos estudar as possibilidades dos crimes militares previstos no código penal militar, exemplo furto, roubo, injúria dentre outros e estudaremos também os crimes militares previstos somente na legislação comum, exemplo, aborto, assédio sexual, tortura, racismo dentre outros. 3.1 Crimes Militares previstos no CPM e na Legislação Penal Comum: 3.1.1 Estudo do artigo 9º inciso II O artigo 9º, inciso II, do código penal militar, trata sobre crimes que estão previstos no CPM, exemplos, furto, roubo, lesão corporal entre outros; e crimes que não estão definidos no CPM, mas estão definidos somente na legislação comum, podendo ser considerado como crime militar, uma conduta definida fora do códex castrense, exemplo, tortura, racismo entre outros, desde que seja praticado nas hipóteses das alíneas, “a”, “b”, “c”, “d”,“e”, do artigo 9º, Inciso II, do Código Penal Militar. Vale ressaltar que os fatos que não estão previstos no código penal militar, mas se encontram definidos como crime na legislação penal comum, código penal ou legislação penal extravagante, podem ser considerados como crime militar, desde que estejam previstos em algumas das alíneas do art. 9º, inciso II: Vejamos, em primeiro lugar, os casos previstos nas duas leis: CÓDIGO PENAL MILITAR CÓDIGO PENAL COMUM Furto simples, art. 240. Furto simples, art. 155. Ameaça, art. 223. Ameaça, art. 147. Calúnia, art. 214. Calúnia, art. 138. Lesão corporal, art. 209. Lesão corporal, art. 129. Difamação, art. 215. Difamação, art. 139. Injúria, art. 216. Injúria, art. 140. Mesmo depois da alteração do código penal militar pela lei 13.491, de 16 de outubro de 2017, continua existindo um conflito aparente de normas, uma vez que pode ser considerado como crime comum ou crime militar. Para solucionar esse conflito será adotado o princípio da especialidade. Se o fato tiver previsão em uma das possibilidades do art. 9º, inciso II, alíneas, a, b, c, d ou e, será crime militar, se não, tiver não será considerado como crime militar, mas como crime comum. Vejamos alguns exemplos de crimes, que estão previstos somente no código penal comum e na legislação penal extravagante: COM Leg. Penal Comum Não tem previsão Assédio sexual Não tem previsão Aborto Não tem previsão Tortura Não tem previsão Abuso de autoridade Não tem previsão Racismo As Contravenções não podem ser consideradas como crime militar, porque a lei fala sobre os crimes Vale a pena ressaltar que a lei fala em crimes, estando fora dessa incidência à contravenção penal. 3.2 CPM ou na legislação penal É necessário que o crime se enquadre em uma das situações que se seguem, para que seja caracterizado o crime militar. Esse dispositivo busca evitar um conflito aparente de normas, esclarecendo qual o diploma legal que deve ser aplicado no caso concreto. Cuidado! Nem todo crime praticado por militar que se encontra fora do código penal militar será considerado como crime militar, uma vez que se faz necessário o enquadramento nas possibilidades do art. 9º, inciso II, alíneas, a, b, c, d, e. Assim caso um policial militar de folga pratique um crime de tortura, castigo, contra sua filha não ocorrerá o crime militar, por não encontrar enquadramento nas possibilidades do artigo 9º inciso II, alíneas a, b, c, d, e, que serão apresentadas abaixo: Portanto, nesses casos para que o crime seja considerado como crime militar é necessário que o fato esteja previsto em uma das alíneas do artigo 9º inciso II, do CPM: Vale ressaltar, também, que se o crime não tiver previsão no código penal militar, mas tiver enquadramento somente na legislação penal comum poderá ser considerado como crime militar se estiver previsto em uma das referidas alíneas, do artigo 9º, inciso II, que passaremos a estudar, abaixo: 3.3 1ª Possibilidade do crime militar, previsto no CPM e na Legislação Penal Comum Art. 9º Inciso II, alínea a: “Por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado”; Sujeito Ativo X Sujeito Passivo Militar da Ativa X Militar da Ativa Exemplo 1: Policial militar, da ativa, mata outro policial militar, da ativa, após uma discussão dentro do quartel. O termo assemelhado não tem mais validade, pois não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, mas cuidado, atenção, porque nas questões de concurso a letra da lei é muito utilizada e às vezes a expressão assemelhado está lá. Se tiver de acordo com a lei e a questão se referir ao CPM, considere como verdadeiro. Exemplo 2: Policial militar, da ativa, subtrai um aparelho celular do colega policial militar da ativa. Exemplo 3: Policial militar do Goiás, da ativa, pratica uma lesão corporal em policial militar da PMDF, da ativa, após uma discussão, em clube da cidade de Caldas Novas. Exemplo 4: Policial militar, da ativa, pratica crime militar de calúnia contra policial militar, da ativa, através da rede WhatsApp, em grupo do aplicativo, da turma de soldado. Exemplo 5: Policial militar, da ativa, pratica crime de tortura contra outro policial militar, da ativa. Exemplo 6: Policial militar da ativa pratica crime de racismo contra outro policial militar da ativa. Observação: Nessa hipótese, não é necessária que o crime ocorra em local sujeito à administração militar, exemplo, quartel. Observação: De acordo com o código penal militar, não é necessário que o militar tenha conhecimento prévio da condição do outro ser militar, esse também é o entendimento da maioria dos tribunais da justiça militar, como também do STM, Superior Tribunal Militar, porém o Supremo Tribunal Federal tem precedente em que entende: existência do crime militar praticado pelo militar da ativa contra militar da ativa, somente quando o sujeito ativo tenha o conhecimento prévio ou anterior da condição de militar do outro militar da ativa, vítima, ou sujeito passivo, no caso do art. 9º inciso II, alínea “a” do C.P.M. Essa decisão que só gera efeito entre as partes, ou seja, “inter partes”, porém é um precedente. Julgado de Habeas Corpus, HC 99.541 do Rio de Janeiro, STF: “Lesão corporal grave (C.P.M, art. 209 § 1º) Crime praticado por militar contra militar em contexto em que os envolvidos não conheciam a situação funcional de cada qual. Não estavam uniformizados e dirigiam carros descaracterizados, hipótese que não se enquadra na competência da Justiça Militar, definida no artigo 9º, inciso II, alínea “a” do código Penal Militar. 3.4 2ª Possibilidade do crime militar, previsto no CPM e na Legislação Penal Comum Art. 9º inciso II, alínea, “b”: Por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; AUTOR X VÍTIMA Militar da ativa X Militar da reserva, reformado ou civil Local sujeito à administração militar: Exemplo, quartel, viatura e outros locais que estejam sob administração militar. Exemplo1: Policial militar, da ativa, de folga no quartel, discutiu com funcionário civil da limpeza e o ameaçou de morte. Nesse caso está presente o enquadramento do crime de ameaça, previsto no código penal militar, e o enquadramento do art. 9º inciso II, alínea ‘b”, das hipóteses de incidência do art. 9º. 3.5 3ª Possibilidade do crime militar previsto no CPM e na Legislação Penal Comum Art. 9º inciso II, alínea, “c”: “por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil”; AUTOR X VÍTIMA Militar de serviço ou agindo em razão da função X Militar da reserva, reformado ou civil Nesse caso por se encontrar em serviço ou atuando em razão da função não exige à lei penal militar que o autor do delito esteja em local sujeito à administração militar. Exemplo 1: Policial militar de serviço ameaça de morte um civil. Exemplo 2: Policial Militar de serviço pratica injuria contra abordado no momento da abordagem. Exemplo 3: Policial militar de folga, mas agindo em razão da função, interfere em ocorrência policial e acaba exagerando nos meios empregados, praticando um constrangimento ilegal contra civil. 3.6 4ª Possibilidade do crime militar, previsto no CPM e na Legislação Penal Comum Art. 9º inciso II, alínea, “d”: “por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil”; AUTOR X VÍTIMA Militar em período de manobras e em exercício X Militar da reserva, reformado ou civil OBS: Essa possibilidade estácontida na 3ª, pois o militar em período de manobras e em exercício está de serviço. Exemplo 1: Policial militar em treinamento da tocha olímpica pratica furto contra um militar da PM da inativa. 3.7 5ª POSSIBILIDADE DO CRIME MILITAR, PREVISTO NO C.P.M E NA LEGISLAÇÃO PENAL COMUM, Art. 9º inciso II, alínea, “e”: por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; AUTOR X SUJEITO PASSIVO Militar da ativa X Patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar. OBS: A lei militar deixa clara a intenção de proteger o patrimônio que a ela pertença ou se encontre sob sua administração e ainda punir os delitos que afetem a ordem administrativa militar. Exemplo: Policial militar da ativa, de folga, pratica crime de dano contra viatura da PMDF. Exemplo: Policial militar de folga subtrai combustível da viatura que estava estacionada no pátio do quartel. 3.8 Alínea F do Artigo 9º A alínea “f”, do artigo 9º, inciso II, foi revogada pela lei 9.299 de 1996. f) revogada. Essa alínea tratava a respeito do militar que estava na posse de armamento militar, porém, de forma inteligente foi revogada, não podendo ser mais uma possibilidade para caracterizar o crime militar. FINALIZANDO A AULA Nessa aula estudamos as possibilidades dos crimes militares previstos no código penal militar, exemplo furto, roubo, injúria dentre outros e aprendemos também sobre os crimes militares previstos somente na legislação comum, exemplo, aborto, assédio sexual, tortura, racismo dentre outros. AULA 4 – Crimes Militares por Policial na Inativa ou por Civil Objetivo Olá senhores e senhoras? Espero que estejam bem. Nessa aula vamos estudar os casos em que o militar da inativa e o civil podem cometer crimes militares. Vale ressaltar que o civil não comete crime militar contra a PM e CBM, pois a Constituição Federal, no art. 125 § 4º, veda essa possibilidade. O Título VII do CPM define os crimes contra a administração militar, como por exemplo, o peculato, a concussão e a corrupção passiva. 4.1 Crimes militares praticados pelo militar da inativa e por civil: Art. 9º III, CPM O CPM no artigo 9º inciso III, traz as possibilidades em que o militar inativo e o civil cometem crime militar, vejamos, in verbis: III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: SUJEITO ATIVO X SUJEITO PASSIVO Militar inativo ou Civil X Elencados nas alíneas, a, b, c, d, do art. 9º III. a) Contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) Em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) Contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; d) Ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. 4.2 Resumo dos Casos em que o militar inativo comete crime militar, previsto no inciso I e II do Código Penal Militar HIPÓTESES EM QUE O MILITAR INATIVO E O CIVIL COMETEM CRIME MILITAR Contra patrimônio sob administração militar. Contra militar da Ativa em local sujeito a administração militar. Contra militar de serviço. De forma Resumida, o militar inativo só será autor de crime militar quando cometer um crime, do art. 9º Incisos I ou II, previsto no C.P.M ou na legislação penal comum, contra patrimônio sujeito à administração militar, contra outro militar da ativa em local sujeito a administração militar e contra militar de serviço, assim é imperioso ressaltar que o militar da inativa não comete crime militar contra militar da ativa, de folga e que não esteja em local sujeito à administração militar. 4.3 O civil não comete crime militar contra militar estadual O civil não comete crimes militares contra instituição militar estadual, PM e BM, e nem contra seus integrantes, de acordo com art. 125 § 4º da C.F 88, exceto se estes estiverem trabalhando em força conjunta com as forças armadas, ou em caso de guerra declarada. O Civil pode cometer crime militar contra instituição militar federal. Assim se um civil desacatar uma guarnição da polícia militar, apesar do fato está tipificado no C.P.M, no art. 299, a guarnição deverá dar voz de prisão ao autor e encaminhá-lo a delegacia da polícia civil para a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência, uma vez que é uma infração penal de menor potencial ofensivo. FINALIZANDO A AULA Nessa aula aprendemos os casos em que o militar da inativa e o civil podem cometer crimes militares. Aprendemos também que o civil não comete crime militar contra a PM e CBM, pois a Constituição Federal, no art. 125 § 4º, veda essa possibilidade. SÍNTESE DA UNIDADE Parabéns, chegamos ao final da primeira unidade, na qual aprendemos a identificar os crimes militares e vimos as alterações criadas no código, com a introdução da lei 13.491 de 2017. UNIDADE II Crimes Dolosos Contra Civil e Justiça Militar dos Estados e a Justiça Militar Federal UNIDADE II – CRIMES DOLOSOS CONTRA CIVIL E JUSTIÇA MILITAR DOS ESTADOS E A JUSTIÇA MILITAR FEDERAL Objetivo: • Nessa unidade vamos estudar o crime doloso contra a vida de civil praticado por militar estadual e militar Federal: AULA 5 - Crime Doloso Contra a Vida de Civil, praticado por Militar Federal e por Militar Estadual Objetivo • Nessa aula aprenderemos as diferenças do crime doloso contra a vida de civil, praticado por militar federal e por militar estadual. 5.1 Crime doloso contra a vida de civil praticado por militar Estadual, PM e CBM 5.1.1 Crime comum, tribunal do júri O militar Estadual, de serviço, que cometa o crime de homicídio doloso contra civil será julgado no tribunal do júri, justiça comum, prevista no artigo, 9º § 1º do CPM. Vale ressaltar que não existe tribunal do júri na justiça militar, uma vez que o código de processo penal militar não traz previsão desse rito especial. A redação acima manteve o entendimento, do antigo artigo 9º, parágrafo único do código penal militar. Importante ressaltar que a Constituição Federal de 1988, no artigo 125 § 4º, acrescido pela Emenda Constitucional, nº 45, de dezembro de 2004, já trazia o entendimento da nova redação do artigo 9º, § 1º, do CPM, acrescido pela lei 13.491 de 2017: “§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) ”. 5.2 Continua sendo crime militar 5.2.1 Crime militar de homicídio culposo: PM de serviço mata culposamente um civil: justiça militar estadual. A Lei 13.491 de 2017, alterou o artigo 9°, parágrafo único do Código Penal Militar, acrescentando o § 1º, com a seguinte redação O artigo 9º § 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militarescontra civil, serão da competência do Tribunal do Júri (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017). Lembre-se que não entra na exceção, porque o crime culposo contra a vida não é julgado no tribunal do Júri. 5.2.2 Lesão corporal seguida de morte: PM de serviço pratica lesão corporal, seguida de morte contra um civil. Crime militar, justiça militar estadual. Não é julgado no Tribunal do Júri, porque esse tribunal tem competência para julgar os crimes dolosos contra a vida. A lesão corporal seguida de morte é um crime contra a integridade física. Essa situação, do art. 9º, § 1º, será aplicada, em regra, para os militares estaduais, uma vez que o § 2º, do artigo 9º, do CPM, traz as causas em que o crime doloso contra a vida praticado por militar federal contra civil será julgado na Justiça Militar da União. Exemplo em que o artigo 9º § 1º, pode ser aplicado ao militar das Forças Armadas: Um militar federal, de folga, discute com seu vizinho, civil, e o mata, em frente sua residência. Crime comum, tribunal do Júri. O art. 9 § 1º, em regra não será aplicado aos militares federais, exceto, quando não tenha enquadramento no artigo 9º § 2º, acrescido pela lei 13.491 de 2017, nos seguintes casos, vejamos: FINALIZANDO A AULA Nessa aula aprendemos as diferenças do crime doloso contra a vida de civil, praticado por militar federal e por militar estadual. AULA 6 - Alteração do código penal militar Objetivo Nessa aula iremos estudar a alteração do código penal militar que traz que o militar federal será julgado por crime militar na justiça militar federal, quando matar o civil nos casos relacionados ao aspecto funcional dentre outros, previstos no dispositivo abaixo: 6.1 Crime militar de homicídio doloso praticado por militar federal contra civil Antes da lei 13.491 de 2017 acrescentar essa redação ao CPM, o Superior Tribunal Militar já tinha jurisprudência nesse aspecto, porém o legislador definiu de maneira mais clara em lei: O CPM prevê no artigo 9º, a seguinte redação: § 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) I – Do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) Exemplo: Militares das Forças Armadas, por força de Decreto presidencial, estão trabalhando e matam dolosamente um civil. Nesse caso será considerado como crime militar de homicídio doloso e será julgado na Justiça Militar Federal. II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) Exemplo: Militar federal, sentinela, exercendo a defesa da caserna, acaba matando dolosamente, desproporcionalmente a agressão sofrida, nesse caso ele deverá ser julgado pelo crime militar de homicídio doloso na Justiça Militar Federal. III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017) Exemplo: Militares das Forças Armadas estão no Rio de Janeiro, no serviço de garantia da lei e da ordem e de maneira desproporcional matam dolosamente um civil. Crime militar de homicídio doloso e será julgado na Justiça Militar Federal. a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica: (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) Exemplo: Militares da Aeronáutica, cumprindo a lei do abate da aeronave, matam dolosamente civis, no momento do abate da aeronave, porém não cumprem à risca o protocolo do abate da aeronave, previsto no código de aeronáutica. Nesse caso os Militares cometem o crime militar de homicídio doloso e serão julgado na Justiça Militar Federal. b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) Exemplo: Militares das Forças Armadas, cumprindo um mandado judicial expedido pela justiça militar federal, acabam matando dolosamente um civil que estava impedindo o cumprimento do mandado. Nesse caso os militares serão julgados na justiça militar federal, pelo crime militar de homicídio doloso. d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017) FINALIZANDO A AULA Nessa aula estudamos a alteração do código penal militar que traz que o militar federal será julgado por crime militar na justiça militar federal, quando matar o civil nos casos relacionados ao aspecto funcional dentre outros. AULA 7 - Justiça Militar dos estados e a justiça militar federal Objetivo Nessa aula iremos estudar a Justiça Militar dos estados e a justiça militar federal, buscando entender a competência de cada uma: 7.1 Divisão da justiça militar A justiça militar é a justiça mais antiga do Brasil. Ela se divide em Justiça militar da União e Estadual: DIVISÃO DA JUSTIÇA MILITAR JUSTIÇA MILITAR FEDERAL JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL Julga somente crime militar, mas não julga as ações judiciais contra atos disciplinares. Julga o crime militar e as ações judiciais contra atos disciplinares. Julga o civil e o militar das Forças Armadas. Julga só PM e BM. Possui 12 Circunscrições Judiciárias Militares. Cada Estado e o DF tem uma Auditoria. 7.2 Justiça Militar Federal A competência da Justiça Militar Federal está disciplinada no art. 124, caput, da CF/88. Dispõe o referido dispositivo que: “à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei”. Os crimes militares se encontram definidos no Código Penal Militar, portanto, cabe a Justiça Militar processar e julgar os delitos previstos nesse diploma legal. Em suma à Justiça Militar Federal tem competência ampla, podendo processar e julgar os crimes militares definidos em lei praticados por militares (integrantes das forças armadas) e civis. 7.3 Justiça Militar Estadual A Justiça Militar estadual integra o Poder Judiciário dos Estados e do Distrito Federal, competindo-lhe processar somente policiais militares e bombeiros militares, nos crimes militares definidos em lei. Dispõe o art. 125, § 4º, da CF/88: “Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares ressalvadas a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. ” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). De acordo com o disposto no texto constitucional nota-se que à Justiça Militar Estadual teve sua competência restrita ao processo e julgamento de crimes militares cometidos por militares dos Estados (policiais e bombeiros militares), dessa forma o civil e os militares das forças armadas que a ele são equiparados não serão julgados pela Justiça Militar Estadual quando do cometimento de crime contra a instituição militar estadual ou contra qualquer dos seus agentes, ficando a cargo da Justiça Comum a referida competência ou da Justiça Militar Federal no caso de crime militar cometido por militar das forças armadas. Além da competência penal a Justiça militar estadual também julga a ação judicial do militar estadual contra ato disciplinar, assim caso o PM seja punido administrativamente, poderá recorrer judicialmente na AuditoriaMilitar Estadual. Exemplo 1: Civil, de forma clandestina, entra em quartel da PMDF e subtrai armas da reserva de armamentos. Não configura crime militar. Exemplo 2: Civil, de forma clandestina, entra em quartel do Exército e subtrai armas da reserva de armamentos. Configura crime militar. FINALIZANDO A AULA Nessa aula aprendemos sobre a Justiça Militar dos estados e a justiça militar federal, e entendemos a competência de cada uma e como esse estudo traz influência para a caracterização do crime militar. AULA 8 - Classificação doutrinária dos crimes militares Objetivo: Nessa aula vamos estudar a classificação doutrinária dos crimes militares, em propriamente militares e impropriamente militares. 8.1 Classificação dos crimes militares Apesar de existirem várias teorias na doutrina para definir essa classificação vamos simplificar: Propriamente militar: É o crime que só o militar comete e que só está definido no CPM. Impropriamente militar: É o crime que o civil comete ou que estão definidos nas duas leis, CPM e na legislação penal comum. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES MILITARES PROPRIAMENTE MILITARES IMPROPRIAMENTE MILITARES Para a Teoria Clássica, é o crime próprio do militar, específico e funcional do militar, o crime que só o militar comete. Exemplo: Deserção. Para a Teoria Clássica, é o crime que não é específico do militar, assim o crime que pode também ser cometido por civil na esfera federal. Crime de oposição a ordem do sentinela, art. 164. FINALIZANDO A AULA Nessa aula pudemos ver a classificação doutrinária dos crimes militares, em propriamente militares e impropriamente militares, uma vez que a lei não traz essa definição. AULA 09 - Crimes contra autoridade Nessa aula vamos estudar dois crimes militares previstos no Código Penal Militar, crimes contra autoridade, procurando falar sobre o descumprimento de ordem, que pode ser definido como motim ou revolta, se for praticado por mais de um militar, ou pode ser considerado como crime de recusa de obediência, se for praticado por um militar somente. Objetivo Nessa aula vamos estudar dois crimes militares contra autoridade ou a disciplina. 9.1 CRIME MILITAR CONTRA AUTORIDADE 9.1.1 Motim O CPM traz em seu artigo 149 o seguinte crime militar: TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR CAPÍTULO I DO MOTIM E DA REVOLTA Motim Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência; III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças. Revolta Parágrafo único. Se os agentes estavam armados: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças. 9.1.1.1 Comentário ao crime de Motim • Crime: propriamente militar (cometido por militar); • Objetividade Jurídica: A autoridade militar; • Sujeitos do delito: Dois ou mais militares → crime plurissubjetivo; • Elementos objetivos: Tem como elemento comum a reunião, que consiste no ajuntamento, na proximidade de militares, com ou sem acerto prévio; • Elemento subjetivo: é o dolo, a vontade livre e consciente de macular a autoridade e disciplina militar. (dolo direto); • Consumação: Consuma-se com a ação ou omissão contrária a ordem, com negativa de obediência, com o consentimento diante do ato delituoso do grupo, com ocupação delituosa do quartel (sentido amplo) ou da viatura militar. • Tentativa: é possível nas formas comissiva IV, não caberá I, II e III, no anúncio verbal do não-cumprimento da ordem e na mera anuência do inciso III, por se tratar de formas unissubsistentes. • Tipicidade indireta. • Cabeças: Aumento de 1/3 para os cabeças. • O crime é de Autoria Coletiva Necessária; • A ordem deve ser atribuição do militar subordinado; • O crime de Revolta é o crime de Motim armado; Exemplo: A greve da PMDF em 2000. 9.1.2 Revolta • É o crime de motim qualificado pelo emprego de armas. • Os dois agentes devem estar armados. • “Estavam armados”: Conduz a concepção de arma em sentido lato, pau, pedra, foice, faca e outros. • Pode ser arma própria ou imprópria. Justifica-se o agravamento da pena, porque a arma exerce maior poder de intimidação, aumenta o temor da população em geral, dos indivíduos contra os quais é dirigido o ato ilícito, ou dos que têm o dever legal de reprimir os amotinados ou revoltosos, embora a lei não exija a ocorrência da intimidação, do temor (Célio Lobão). A agravante aplica-se a todos os militares, mesmo aqueles que não portam armas, podendo, no entanto, o julgador, na dosagem da pena, levar em consideração a conduta de cada agente. S.T.M nº 35.007 Se as armas forem usadas, os sujeitos ativos responderão em concurso pelos resultados alcançados, tais como, danos à coisa, lesão corporal ou morte. Os crimes resultantes da conduta inicial somente serão militares se atenderem aos requisitos do inciso II do art. 9º. Não exige a utilização das armas, sendo suficiente que os militares as conduzam nas mãos, no coldre, na bainha, metida no cinto, ou de outra forma, desde que visíveis. As penas do art. 149 serão aplicadas, sem prejuízo, das penas correspondentes à violência. Ex: Motim mais lesão corporal contra o superior. Se forem dois e apenas um deles portar a arma o delito não se qualifica, o que não acontece com o porte de arma de pelo menos dois militares. 9.1.3 Crime militar de Recusa de obediência OU insubordinação CAPÍTULO V DA INSUBORDINAÇÃO Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução: Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave. Figura 1 - Recusa de obediência Fonte: Cartilha Institucional da Justiça Militar da União. Brasília: Superior Tribunal Militar. 2013. 9.1.3.1 Comentário • Ocorre a quebra dos laços de sujeição e obediência hierárquica e disciplinar, quer não obedecendo às ordens emanadas, por qualquer meio, de seus superiores, quer ofendendo física e moralmente, por vias de fato ou ultrajes. • Crime propriamente militar. • Sujeito do delito: militar. • Objetividade jurídica: Autoridade e a disciplina militar. • Elementos objetivos: Recusar-se, Negar-se. • Classificação: É um crime unissubjetivo, unilateral ou monossubjetivo. • Crime de mão-própria, não admitindo a coautoria, pois caso ocorra será considerado o crime de motim ou revolta. • Não admite a participação, pois como a conduta nuclear pressupõe atitude sem a utilização de instrumentos, a participação apenas poderia ocorrer no campo subjetivo, ou seja, pela geração da ideia preconizada pelo autor. Ocorre que, aquele, que incita, ou mesmo faz apologia a crime militar, incorrerá em delito próprio, a saber, os de incitamento ou de apologia (arts. 155 e 156 do C.P.M). • A ordem deve ser: a) Imperativa: “deve importar numa exigência para o inferior, por isso não são ordens os conselhos, exortações e advertências. ” b) Pessoal: “significa que deve ser dirigida a um ou mais inferiores determinadas; as de caráter geral não são ordens dessa natureza e seu não cumprimento constitui transgressão disciplinar.” c) Concreta: “ou seja, pura e simples, pois seu cumprimento não deve estar sujeito à apreciação do subordinado. ” • Elemento subjetivo: Só a conduta dolosa. • Aplica-se a excludente do dolo a qualidade de superior prevista no art. 47 inciso I: Ex: O 1º TEN PM emana uma ordem para que o CB cumpra, porém ele desconhece a condição de superior, pois o 1º TEN é um P2, estava com trajes civis e não tinha como o mesmo saber. • Aplica-se também a excludente do dolo do inciso II do art. 47, assim o militar que descumpri ordem de superior , verbalizada com impropérios, não estará cometendo o delito, por falta do elemento subjetivo. 9.1.3.2 Consumação O delito se consuma quando o autor recusa obediência a ordem, seja por ação ou omissão, contudo sempre acompanhado de afronta à autoridade que a determinou ou que está fazendo cumprir a ordem, bem como afronta à disciplina. 9.1.3.3 Tentativa Não é possível, em razão de o crime ser unissubsistente. Difere do crime de motim e revolta, pois é praticado por UM militar somente. Difere do crime de descumprimento de missão (art. 196), pois o crime do art. 163 é praticado contra à autoridade e o do art. 196 é contra o serviço militar. “Trata-se, portanto, de uma ilegalidade suprida pela necessidade imposta pelo desempenho da missão constitucional da instituição militar, que a revestira do caráter irregular, e não é ilegal. Assim, diante de uma ordem que contrarie a lei de trânsito, mas cujo cumprimento seja necessário para que a instituição militar atinja seu escopo – como o caso do comandante de companhia do policiamento que determina ao seu efetivo que atenda a uma ocorrência com viaturas estacionadas por não possuírem licenciamento daquele ano, em face da necessidade imposta pela situação, ou de uma ordem para que uma prontidão do corpo de bombeiros inicie um salvamento aquático com embarcações que deveriam estar (mas na verdade não estão) registradas no órgão competente -, não há falar em ordem ilegal, mas sim em ordem eivada de irregularidade, suprida pela necessidade casuística, devendo, portanto, ser cumprida sob pena de a conduta do militar que se recusa a tanto ser subsumida no tipo penal de recusa de obediência.” Finalizando a aula Nessa aula aprendemos sobre o crime militar de recusa de obediência que é praticado por um militar inferior que se recusa a cumprir ordem legal de militar superior e o crime de motim e revolta que ocorre quando dois ou mais militares se recusam a cumprir a ordem de militar superior. SÍNTESE DA UNIDADE Nessa unidade estudamos as possibilidades jurídicas do crime militar de homicídio doloso praticado pelo militar estadual e pelo militar federal, vimos que o militar federal que mata dolosamente um civil pode ser julgado pelo crime militar na justiça militar federal nas circunstancias funcionais previstas no dispositivo, estudamos sobre a justiça militar, classificação dos crimes militares e sobre dois crimes contra autoridade, crime de motim e recusa de obediência. UNIDADE III Processo Penal Militar, Prisões Previstas no CPPM e Concessões Previstas no CPPM UNIDADE III – PROCESSO PENAL MILITAR, PRISÕES PREVISTAS NO CPPM E CONCESSÕES PREVISTAS NO CPPM Olá! Na unidade anterior tratamos dos crimes militares em espécie, como os crimes contra a autoridade, crimes contra o serviço militar, e crimes contra a administração militar, agora trataremos sobre noções de processo penal militar, com o estudo da polícia judiciária militar, prisão, e a menagem. AULA 10 - processo penal militar e de polícia judiciária militar Objetivo: Nesta aula estudaremos noções de processo penal militar e de polícia judiciária militar. • Verificar noções básicas sobre o direito processual penal militar e seu fundamento legal. • Conceito de polícia judiciária militar e noções básicas. 10.1 Noções de Direito Processual Penal Militar Direito Processual Penal Militar é o ramo do direito público que trata sobre a aplicação do DPM (Direito Penal Militar) ao caso concreto, regulando os seguintes assuntos: polícia judiciária militar, Inquérito Policial Militar, ação penal, prisão, prisão em flagrante, prisão preventiva, detenção do indiciado, justiça militar, competência e recursos. Os fundamentos legais estão na Constituição Federal de 1988 e o decreto-lei n.1.002 de 1969, o Código de Processo Penal Militar – CPPM. Para ter acesso: Constituição Federal de 1988, acesse o site da Presidência da República http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Decreto-Lei n.1.002, de 21 de outubro de 1969, o Código de Processo Penal Militar, acesse o site da Presidência da República http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1002.htm 10.2 Polícia Judiciária Militar Tem uma previsão constitucional implícita na Constituição Federal de 1988, uma vez que não traz uma redação, de forma expressa. Constituição Federal de 1988 Art. 144 [...] § 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, EXCETO AS MILITARES. 10.2.1 CONCEITO “É a polícia que tem como atribuição apurar as infrações penais militares, a fim de oferecer elementos destinados a propositura da ação penal, ou ao pedido de arquivamento do inquérito pelo MP, assim como, cumprir diligências requisitadas pelo Juiz ou pelo MP”. Célio Lobão, manual de direito penal militar, editora Método, pag. 48 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1002.htm Cada Corporação Militar possui sua própria Delegacia de Polícia Judiciária Militar, que investiga o crime militar cometido por seus integrantes (Marinha, Exército, Aeronáutica, PM e CBM). Na PMDF a denominação é DPJM (Divisão de Polícia Judiciária Militar). Fonte: Fotos retiradas dos sítios das instituições militares. A Polícia Judiciária Militar NÃO se confunde com a Justiça Militar, aquela apura o crime militar e encaminha à Justiça Militar, que remete ao Ministério Público para pedido de arquivamento da investigação ou requisição de diligências ou para oferecimento da denúncia (acusação). A função exercida pela polícia judiciária militar se assemelha às funções da Polícia Civil e da Polícia Federal, com algumas diferenças: O delegado da PJM (Polícia Judiciária Militar) é um OFICIAL intermediário ou superior (deve-se obedecer à ordem hierárquica entre o delegado e o indiciado). Na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiro Militar, a PJM é exercida pelo Comandante-Geral. As investigações dos crimes militares são realizadas pela polícia judiciária militar, através da Instrução provisória de deserção, para o crime militar de deserção e do inquérito policial militar para os demais crimes militares, podendo também por si só o auto de flagrante delito constituir o inquérito policial militar, quando por si só for suficiente para a elucidação dos fatos. 10.3 Atribuições da Polícia Judiciária Militar: O artigo 8º, do Código de Processo Penal Militar indica que compete à Polícia Judiciária Militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria; b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas; c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar; d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidademental do indiciado. e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido; (...) g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar; (ex.: exame de corpo de delito) [...] FINALIZANDO A AULA Nesta aula estudamos noções de processo penal militar e de polícia judiciária militar e pudemos aprender sobre o conceito de polícia judiciária militar, além de verificar noções básicas sobre o direito processual penal militar e seu fundamento legal. Aula 11 - Prisões previstas no código de processo penal militar Objetivo: Nesta aula estudaremos as prisões previstas no código de processo penal militar, onde veremos que um militar superior pode ser preso em flagrante por um militar inferior, quando em flagrante delito. • Diferenciar os diferentes tipos de prisões existentes no direito processual penal militar. 11.1 Prisões O Código de Processo Penal Militar traz a prisão preventiva, a prisão em flagrante e a detenção do indiciado. Vale ressaltar que apesar da menagem está no capítulo das medidas preventivas e assecuratórias ela não é um meio de prisão, mas sim, de acordo com Célio Lobão e com Cícero Robson é uma forma de liberdade provisória. 11.2 Prisão em flagrante Civil: pode prender um policial militar por crime militar (flagrante facultativo). Militar: tem o dever legal de prender quem se encontra praticando um crime militar (flagrante obrigatório). O artigo 223, do Código de Processo Penal Militar se refere ao cumprimento de um mandado de prisão que deverá ser feito por militar superior em relação ao militar inferior. Logo, o militar inferior deve prender o superior que esteja em flagrante e NÃO se refere a prisão em flagrante. Decreto-lei n.1.002 de 1969, o Código de Processo Penal Militar – CPPM. Prisão em Flagrante Pessoas que efetuam prisão em flagrante Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito. ART. 223 DO CPPM ART. 243 DO CPPM Art. 223. A prisão de militar deverá ser feita por outro militar de posto ou graduação superior; ou, se igual, mais antigo. Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante delito. 11.3 Detenção do indiciado É um tipo de prisão prevista no código de processo penal militar que não precisa de ordem judicial, bastando apenas o preenchimento de alguns requisitos, previstos na Constituição Federal, ser um crime propriamente militar, e ocorrer durante as investigações. É pacífico na doutrina e na jurisprudência que esse tipo de prisão poderá ocorrer quando se amoldar ao artigo 5º, inciso LXI, da Constituição Federal de 1988, vejamos: Art. 5º Inciso LXI. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; (BRASIL, 1988). Decreto-lei n.1.002 de 1969, o Código de Processo Penal Militar – CPPM. Detenção do indiciado Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica. Diferente do prazo previsto no artigo 18, do CPPM, recente julgado da Auditoria Militar do DF, no ano de 2013, considerou como constitucional a detenção do indiciado, mas limitando-se ao prazo de 10 dias, com base na prisão realizada no Estado de Defesa (interpretação conforme a Constituição Federal). Entendimento judicial da 1ª Instância da Auditoria Militar do DF “Cuida-se de comunicação da prisão do militar ocorrida em razão de ordem emanada pelo Senhor Corregedor Geral da PMDF, com fundamento no artigo 5º, inciso LXI da Constituição Federal e do artigo 18 do CPPM, nos autos do IPM, em razão da suposta prática dos crimes previstos nos artigos 155 (incitamento) e 166 (publicação ou crítica indevida), ambos do CPM. O fato chegou ao conhecimento da unidade correicional, através de Rede social Facebook, com o auxílio do Sistema de Informações do Centro de Inteligência (SICI) da PMDF, quando o militar publicou, via 'FACEBOOK', críticas indevidas na rede social, bem como teceu comentários indevidos direcionados ao incitamento da tropa a continuar com a operação intitulada TARTARUGA. “Entretanto, com relação ao prazo e à vista do princípio de que a Constituição Federal é o vetor de toda interpretação infraconstitucional (interpretação conforme a Constituição), o prazo máximo da detenção que ora se discute, ao contrário do que fixado no artigo 18 do CPPM e na decisão de fls. 3/4 (trinta dias), não pode ultrapassar dez dias.” 11.4 Prisão Preventiva É um tipo de prisão realizada por ordem judicial, de ofício, pelo juiz de direito, ou através de pedido do Ministério Público ou da polícia judiciária militar, podendo ser concedida na fase processual ou de investigação, quando presentes os requisitos de indício de autoria e prova da materialidade e com a presença de um fundamento, previstos no art. 255, conforme abaixo: 11.4.1 Competência e requisitos para a decretação Art 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo Conselho de Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade encarregada do inquérito policial-militar, em qualquer fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos seguintes: a) Prova do fato delituoso; b) Indícios suficientes de autoria. 11.4.2 Casos de decretação Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá fundar-se em um dos seguintes casos: a) Garantia da ordem pública; b) Conveniência da instrução criminal; c) Periculosidade do indiciado ou acusado; d) Segurança da aplicação da lei penal militar; e) Exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares, quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou acusado. FINALIZANDO A AULA Nesta aula estudamos as prisões previstas no código de processo penal militar, vimos também que um militar superior pode ser preso em flagrante por um militar inferior, quando em flagrante delito. Aula 12 - Liberdade provisória, menagem Objetivo: Nessa aula iremos estudar o instituto da liberdade provisória, menagem, formas de cabimento e concessão. • Entender a menagem. 12.1 Menagem Assume o caráter de substitutiva da prisão provisória. A menagem judicial é concedida ao indiciado ou ao acusado, pelo juiz ou pelo conselho de justiça. Ao contrário do que se afirma, a menagem não se identifica com prisão provisória, trata- se de liberdade provisória com restrição, concedida por decisão judicial ou por disposição legal”. 12.2 Competência e requisitos para a concessão CPPM, Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da pena privativa da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção a natureza do crime e os antecedentes do acusado. 12.3 Lugar da menagem CPPM, Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que residia quando ocorreu o crime, ou seja, sede do juízo que o estiver apurando, ou, atendido o seu pôsto ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou em estabelecimento ou sede de órgão militar. A menagem a civilserá no lugar da sede do juízo, ou em lugar sujeito à administração militar, se assim o entender necessário a autoridade que a conceder. FINALIZANDO A AULA Queridos alunos, chegamos ao final de mais uma aula! Neste encontro estudamos a menagem, instituto de liberdade provisória, aplicada aos militares presos em flagrante de crime militar que caiba a aplicação desse tipo de liberdade provisória. FINALIZANDO A UNIDADE Nesta unidade aprendemos sobre noções de processo penal militar, com o estudo da polícia judiciária militar, prisão, e a menagem.
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