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LESÕES DE FURCA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DEFINIÇÃO - A furca pode ser definida como uma área de morfologia anatômica complexa que pode ser de debridamento difícil ou impossível pela instrumentação periodontal de rotina. - Quanto mais a lesão se agrava, mais difícil fica para manipular a área. Espaço onde ocorre a separação dentro das raízes. - Que se eu não tenho bolsa, não tenho uma situação de periodontite, não tem problema nenhum ela está toda dentro do osso. - Mas quando tem uma situação de periodontite, que eu tenho uma bolsa e essa bolsa chega na furca e essa doença progride para que eu venha ter uma perda óssea dentro daquele espaço de separação entre as raízes, isso torna um fator de complicação do dente, tanto pela dificuldade que ela gera para uma manutenção do controle de placa pelo paciente. E essa furca às vezes, ela pode estar exposta por uma retração, às vezes ela pode ter uma bolsa total e completa, e em cima ela pode estar cobrindo ali aquele espaço pela dificuldade de tratamento, de higienização, dificuldade de colocar uma cureta lá dentro, de manter aquilo limpo. CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS Tronco radicular Entrada da furca Anatomia da superfície radicular Projeções de esmalte Canais acessórios Essas anatomias podem dificultar o tratamento das lesões de furca e podem colaborar para o estabelecimento. TRONCO RADICULAR - Representa a região ainda não separada da raiz. - A altura do tronco radicular é a distância entre a JCE e a linha de separação entre os dois cones radiculares (raízes). - Quanto mais distante da JCE, maior é a altura do tronco radicular. - Quanto menor o tronco radicular, mais favorece o estabelecimento da lesão de furca. Em compensação, se o tronco radicular for baixo e precisar tratar, mais fácil de raspar. ENTRADA DA FURCA - Entrada: a área de transição entre as regiões separada e não separada das raízes. - Fórnix: o teto da furca. DIÂMETRO DA ENTRADA DA FURCA Por que o diâmetro da entrada da furca quando se tem uma lesão dificulta a raspagem? Porque muitas vezes a largura da entrada da furca ainda é menor que o tamanho da ponta ativa da cureta. Como o diâmetro da entrada da furca se relaciona com a largura da lâmina de uma cureta? - Largura da lâmina de uma Gracey nova = 0.75mm - 60% das entradas das furcas em molares < 0.75mm - A cureta com o tamanho normal, ela não cabe na maioria das vezes para raspar essa região. Por isso às vezes se pede a miniGracey. - Em molares inferiores fica mais fácil de raspar uma furca vestibular do que a furca lingual: vest mais larga que lingual - Molares superiores entrada de furca mais larga: mesial > distal > vestibular CONCAVIDADES RADICULARES - Molares inferiores 100% raízes mesiais 99% raízes distais Dificil entrar com a cureta no meio para raspar. - Molares superiores 94% raízes MV 31% raízes DV 17% raízes palatinas Pelo fato de ser um dente com 3 raízes, fica sempre bem difícil de fazer esse tipo de raspagem. PROJEÇÕES CERVICAIS DE ESMALTE 13% dos molares apresentam PCE Essas projeções podem favorecer o estabelecimento de lesões periodontais nas furcas afetadas Área de retenção de placa natural no dente. (Pedaço de esmalte entrando para dentro da raiz e criando um degrau, isso causa grande retenção de placa e pode favorecer o acúmulo nessa região gerando estabelecimento rápido de lesão de furca. PÉROLAS DE ESMALTE (Área de retenção) Incidência: 1.1% - 9.7% Encontrada em um 2º molar superior, próxima à JCE e se estendendo em direção à furca. Se detectar essa pérola antes da lesão se estabelecer, é preciso fazer uma odontoplastia; com uma broca fina remove o excesso de esmalte e o dente fica plano. CLASSIFICAÇÃO DA HAMP, NYMAN & LINDHE (1975) A= Grau I C= Grau II D= Grau III SONDAGEM DAS FURCAS - Molar superior: furca vestibular (meio da face vestibular onde ocorre a separação das raízes). Furca mesial (mais próxima da palatina). Furca distal (normalmente está mais ou menos equidistante entre a palatina e a vestibular). - Molares inferiores: a furca está mais ou menos no meio da face vestibular ou no meio da face lingual. - furca lingual Posicione a sonda em um ponto central entre as duas raízes pela face lingual. EXAME RADIOGRÁFICO (Ver a altura da perda óssea). Deve incluir RX periapicais e bitewings. A localização do osso interdental e o nível ósseo no interior do complexo radicular devem ser examinados DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Patologias pulpares (cárie profunda contamina a polpa) podem, às vezes, causar uma lesão nos tecidos periodontais da furca. Trauma oclusal pode causar inflamação e destruição nos tecidos da área interradicular. OBJETIVOS DO TRATAMENTO O paciente tem uma terapêutica básica, o dente tem uma bolsa com ou sem lesão de furca. É preciso fazer as raspagens subgengivais programadas para aquele dente. Fez todas as raspagens subgengivais, reavalia. Se permanecer uma profundidade de bolsa grande, é preciso pensar na terapêutica complementar para o dente com ou sem lesão de furca com o objetivo para: A eliminação dos depósitos microbianos das superfícies expostas do complexo radicular. O estabelecimento de uma anatomia nas superfícies afetadas que facilite o controle da placa pelo paciente. TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO Raspagem e alisamento radicular Mais eficaz em grau I e grau II rasas. A resposta em sítios mais profundos é menos favorável. RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR - Na maioria dos casos, resulta na resolução da lesão inflamatória da gengiva, mesmo nas situações em que não há redução de profundidade, uma melhora no parâmetro clínico de profundidade de bolsa. RASPAGEM COM ACESSO CIRÚRGICO (ver se depois da reavaliação o paciente precisa de terapia complementar) Maior remoção de cálculo do que na técnica fechada. Manipulação manual ou ultrassônica de: - Furcas estreitas - Teto da furca Acesso cirúrgico e uma maior experiência do operador aumentam significativamente a remoção de cálculo nas furcas de molares. CIRURGIA ÓSSEA (PLASTIA DE FURCA). - Procedimento em que apenas dá uma correção na anatomia, seja na anatomia da região de furca, seja na anatomia óssea, isso é denominado plastia de furca. Mais eficaz em furcas grau II (rasa) Técnicas de odontoplastia, osteoplastia e osteotomia - Remoção das projeções do defeito para reduzir a profundidade horizontal. - Confecção de rampas ósseas na direção da furca para favorecer o controle de placa, com isso favorece uma melhora na cicatrização. - Reduz a profundidade de bolsa - Nas consultas de manutenção tem fácil acesso para sondar e entrar com a pontinha da cureta/ultrassom e limpar a região. CIRURGIAS RESSECTIVAS (ressecção=cortar). - Corta uma raiz, separa uma raiz, para dar uma anatomia mais favorável a essa região, ou para favorecer os procedimentos restauradores. SEQUÊNCIA DE TRATAMENTO PARA CIRURGIAS RESSECTIVAS - Todas essas técnicas o dente tem que receber tratamento endodôntico prévio. Avaliar se vale a pena o dente ser mantido na boca, se vai valer a pena fazer a cirurgia. Quando faz, tem que mandar tratar o canal, já pensar em uma restauração provisória, equilibrar a oclusão do paciente, só aí vai fazer a cirurgia. Depois que cicatrizar com a oclusão equilibrada, só então vai fazer a restauração definitiva no dente, em alguns dentes é precido uma restauração protética. Tratamento endodôntico Restauração provisória Cirurgia ressectiva Restauração protética definitiva FATORES A SEREM CONSIDERADOS O comprimento do tronco radicular: se for muito alto fica difícil fazer a cirurgia. A divergência entre os cones radiculares: só consigo fazer se as raízes são divergentes, tem abertura. O comprimento e o formato dos cones: A fusão entre os cones A quantidade de suporte remanescente ao redor de cada raiz: se vai valer a pena se eu depois de fazer o procedimento que eu quero, o dente vai ter suporte ósseo. A estabilidade individual das raízes O acesso para os instrumentos de higiene oral: se terei um bom acesso para fazer um retalho para o instrumento chegar. - Vai tirar uma das raízes, vai deixar o dente na boca e extrair uma das raízes. Ou no molar inferior vai separar as raízes e extrair uma ou simplesmente deixar as duas raízes separadas, transformar os molares em dois pré-molares, mas é preciso avaliar se as anatomias radiculares são favoráveis para fazer isso. RIZECTOMIA (ou amputação radicular) Exemplo: molar superior. A raiz mésio vestibular não tem mais suporte ósseo e as outras duas têm. Eu trato canal, corto essa raíz, corrijo a anatomia (odontoplastia) e o dente sobrevive com 2 raízes se tiver uma boa inserção periodontal nas raízes remanescentes. - Rizectomia: corta uma raiz e não mexe no remanescente coronário, é plausível de fazer em molares superiores. Grau II (mais avançado) ou grau III Contraindicações: - Suporte ósseo inadequado - Raízes fusionadas - Impossibilidade de tratamento endodôntico - Fatores do paciente HEMISSECÇÃO (corte pela metade: pode manter as duas raízes ou remover uma delas) Molares inferiores - Imagina o dente com uma lesão de furca e a raiz mesial do 1º molar prejudicada, eu trato com uma broca, separo as duas raízes, extraio uma raiz, o espaço se torna espaço protético que preencho com uma ponte fixa. - Furcas grau III - Necessita raízes amplamente separadas - Tecido mole posicionado abaixo do nível da câmara pulpar. Amputação radicular, canal tratado, recuperei o espaço através de uma ponte fixa com suporte nos dentes vizinhos. SEPARAÇÃO RADICULAR (também é uma hemissecção sem cortar uma das raízes, apenas separando as duas raízes, tendo a opção de transformar em pré-molar). A separação radicular envolve o seccionamento do complexo radicular a manutenção de todas as raízes. - Separar as raízes se eu tiver estrutura coronária, radicular, mas o restante da estrutura dentária radicular eu posso só fazer uma hemissecção onde eu faço uma separação radicular e mantenho as raízes e eu posso restaurar o dente com duas coroas totais separadas. E esse molar vira dois pré-molares ou posso fazer um molar com uma anatomia meio em 8 favorecendo a higienização. TUNELIZAÇÃO Furcas grau II profundo ou III (paciente não consegue higienizar) - Expõe as furcas, posiciona o retalho mais para apical, trabalha com a broca ampliando o espaço (osteoplastia no espaço da furca) para expor e o paciente conseguir entrar com uma escova. - Permite a remoção da placa (escova interdental) - Cárie radicular: a médio prazo torna esse dente susceptível à presença de cárie radicular (uso de fluoreto estanhoso a 4%) - 25% de taxa de insucesso em 5 anos - Periodontite recorrente - Tem que selecionar o paciente. REGENERAÇÃO EM DEFEITOS DE FURCA - Tenta favorecer a regeneração na área. - Se eu abrir uma cirurgia para retalho, ou fiz uma raspagem subgengival, eu não tenho que ter uma cicatrização na hora? Seja após raspagem, seja após raspagem com acesso cirúrgico. E como resposta a essa cicatrização, eu quero que haja uma redução na profundidade de bolsa para o sucesso no meu tratamento. Regeneração tecidual guiada: antes de devolver o meu retalho, eu coloco uma barreira que pode ser uma barreira reabsorvível de colágeno ou uma barreira de um material não reabsorvível que segura a cicatrização. Ao invés do epitélio cicatrizar, essa cicatrização vai ser originada por mais tecido conjuntivo, onde segundo estudos histológicos dizem que eu teria uma cicatrização mais forte, favorecendo uma regeneração desses tecidos. Resultados previsíveis para terapia com RTG foi demonstrada apenas em furcas grau II de molares inferiores: consegue ter um melhor resultado para uso de regeneração tecidual guiada. Resultados menos favoráveis foram demonstrados em outros tipos de lesão de furca A RTG pode ser considerada em áreas com defeitos de furca grau II isolados. Essas barreiras podem ser reabsorvíveis só de colágeno ou não reabsorvíveis. - A não reabsorvível ela tem uma desvantagem, é preciso fazer dois tempos cirúrgicos. Quando acaba a cicatrização tem que fazer um procedimento cirúrgico de reentrada para tirar. - A barreira de colágeno reabsorve naturalmente dando lugar ao tecido cicatricial. - Só que tem um melhor resultado clínico com a barreira não reabsorvível, porque a barreira de colágeno pode reabsorver rápido demais. DEFEITOS DE FURCA Maior previsibilidade X Menor previsibilidade ENXERTOS ÓSSEOS (furca grau II em molares inferiores para melhor prognóstico). - Não confundir enxerto de tecido mole para cobrir recessão, retração gengival com enxerto de tecido ósseo para tampar defeito ósseo, seja defeito ósseo vertical ou defeito ósseo de lesão de furca. . - O enxerto ósseo é como se fosse um pozinho de osso ou um pozinho de substituo ao osso que parece com osso para tampar o buraco. Eles podem ser: Osso autógeno: osso do mesmo paciente. Osso alógeno: banco de osso - Osso congelado e seco - Osso desmineralizado, congelado e seco. Aloenxertos - Hidroxiapatita - Bioglass Furca grau II em molares inferiores ou vestibulares de superiores Furca grau II em distal ou mesial de superiores (resultado+difícil) Furcas grau III EXODONTIA - Optar por esse tratamento devido a: Perda de inserção tão intensa que nenhuma raiz possa ser mantida Se a anatomia dentária ou gengival não permitirem um controle de placa adequado Por fatores relacionados à restauração ou endodônticos Substituição por implantes osseointegrados PROGNÓSTICO Hirshfeld and Wasserman. “ A long term survey of tooth loss in 600 treated periodontal patients”. J Perio 1978 - 600 pacientes acompanhados em média por 22 anos com acompanhamento a cada 4-6 meses. - 1.464 molares com diagnóstico inicial de comprometimento de furca. - 70% de sobrevivência dos dentes envolvidos: apenas 30% dos dentes foram perdidos. FATORES DO PACIENTE Determinar os objetivos e expectativas do paciente Acompanhar os fatores locais, comportamentais e sistêmicos - Higiene oral - Cooperação - Estresse - Acessibilidade intra-oral - Diabetes descontrolado - Tabagismo - Resposta tecidual aos tratamentos anteriores SUCESSO NO RESULTADO PARA O PACIENTE Função: foi restabelecida Facilidade para limpeza Estética: reestabeleceu ou não comprometeu a estética Conforto Saúde Custo financeiro: foi um custo conveniente para a realidade daquele paciente.
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