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Marés Astronômicas MARÉS ASTRONÔMICAS NA BAÍA DA BABITONGA, SC*. ELIANE C. TRUCCOLO & CARLOS A. F. SCHETTINI 1 Componentes: ❏ Ana Luísa Soares ❏ Crislayne Oliveira 2016009898 ❏ Juliana Araujo - 33439 ❏ Manuella Marins ❏ Maurício Fontes ❏ Vinicius Oliveira - 34936 2 Sumário ❏ Introdução ❏ Dados Utilizados ❏ Regime e progressão de maré ❏ Período de oscilações naturais ❏ Conclusão ❏ Vídeos ❏ Referências 3 Fonte: Google Imagens Introdução ❏ O nível do mar costeiro está continuamente oscilando em resposta às: ❏ forçantes astronômicas; ❏ ação do vento; ❏ pressão atmosférica sobre o oceano; ❏ O espectro temporal destas flutuações varia de poucas horas até vários dias; ❏ Distorções da onda são notadas mais facilmente na sua propagação em regiões de pouca profundidade e com restrições laterais como em baías e estuários; 4 Marés Astronômicas: ❏ É o movimento periódico de subida e descida do nível do mar que obedece à força do campo gravitacional no sistema Terra-Sol-Lua (Pugh, 1987); ❏ Resulta da atração gravitacional exercida pela Lua e pelo Sol sobre a Terra. A tábua de marés fornece a altura da maré astronômica na baixa-mar (maré baixa) e na preamar (maré alta) e a hora em que elas ocorrem em um determinado local; ❏ No Brasil, a tábua de marés é elaborada pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN). 5 Posição da lua: ❏ A: ❏ Face escura; ❏ Conjunção ou Lua Nova; ❏ 1ª Sizigia formada pela força exercida pelo Sol e pela Lua sobre a terra; ❏ B: ❏ Quadratura; ❏ Crescente; ❏ Sol opõe a força da lua; ❏ C: ❏ Oposição, Plenilunio, Lua cheia; ❏ D ❏ Sol opõe a força da Lua; ❏ Maré de Quadratura. 6 ❏ A progressão da onda de maré em águas rasas é influenciada por efeitos não lineares que contribuem na distorção e dissipação de energia: 7 ❏ fricção do fundo e constrição lateral do canal; ❏ a configuração da costa; ❏ a profundidade da coluna de água. Estas oscilações, quando simultâneo às marés de sizígia, podem acarretar níveis extraordinários muito acima dos níveis possíveis devido somente á maré astronômica. 8 O objetivo deste artigo é o de avaliar o comportamento da maré astronômica e a progressão da onda de maré na Baía da Babitonga. (TRUCCOLO; SCHETTINI, 1999) Fonte: Google maps 9 ❏ Joinville 10 Fonte:Google fotos ❏ São Francisco do Sul ❏ Os dados consistem de constantes harmônicas de maré para os dois locais: ❏ O porto de São Francisco do Sul foram obtidas junto à Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). fonte:google maps 11 ❏ As constantes harmônicas para a praia da Enseada foram obtidas aplicando-se o método harmônico descrito em Franco (1988). fonte:google maps 12 Dados Utilizados : Método harmônico descrito em Franco (1988) ❏ Realiza previsão de alturas de maré através da análise harmônica em séries da maré; ❏ O Software PACMARÉ (Previsão e Análise Harmônica de Marés e Correntes de Maré) foi desenvolvido por FRANCO (1988) e foi utilizado para a obtenção das alturas de marés com base nas constantes harmônicas obtidas em análises feitas pelo método harmônico; ❏ No Software há opção de entrada de valores horários de altura do nível do mar e definição dos parâmetros de análise desejados, o programa calcula as componentes de cada espécie cujas frequências foram identificadas no registro, gerando um arquivo de texto com as mesmas. 13 ❏ No Software há o módulo PREVISÃO permite o cálculo de uma previsão de alturas ou correntes de maré com período e intervalo entre os valores previstos personalizados. (COELHO, 2016) 14 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ Tabela 1 - Constituintes harmônicas comuns entre a Praia da Enseada (PE) e o Porto de São Francisco do Sul estatisticamente significativas. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). Acentuada variação entre as duas estações. 15 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ Analisando a tabela 1, pode-se retirar algumas informações, tais que: #PSFS: Valor máximo de altura durante a sizígia é de 128 cm; Valor mínimo de altura durante a quadratura é de 27 cm. Valor médio de altura de maré é de 85 cm. #PE: Valor máximo de altura durante a sizígia é de 106 cm; Valor mínimo de altura durante a quadratura é de 21 cm; Valor médio de altura de maré é de 70 cm. 16 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ O esquema de classificação de Hayes (1975), descreve que ambas as estações podem ser caracterizadas por um regime de micromarés, com a máxima altura de maré inferior à 2 m. ❏ A importância relativa das constantes diurnas e semidiurnas de maré pode ser avaliada através do Número de Forma (Pugh, 1987), definido pela razão da soma das amplitudes dos principais constituintes diurnos pela soma das amplitudes das principais constantes semidiurnas (AK1 + AO1)/(AM2 + AS2). 17 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ Tabela 2 - Parâmetros descritores da maré astronômica nas duas estações. O número de forma é adimensional, e os demais valores estão em centímetros. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). ❏ Como o Número de Forma das estações #PE e #PSFS são respectivamente, 0,32 e 0,29 ambas são representam um regime de maré misto com predominância semidiurna, com desigualdades de alturas para as preamares e baixa-mares consecutivas. 18 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ Tabela 3 - Amplitudes e porcentagem das constantes harmônicas diurnas, semidiurnas e de água rasa para #PE e #PSFS. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 19 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ Em ambas as estações a constante principal lunar M2 e principal solar S2 são as mais energéticas, apresentando a primeira 31,6 e 38,7 cm e a segunda 21,2 e 25,0 para #PE e #PSFS, respectivamente. Isto representa um aumento na amplitude de 22,5% para a M2 e 17,9% para a S2 , havendo um atraso de fase em torno de 10 graus (40 minutos) para ambas as constantes. Tabela 4 - Partição da Tabela 1 com ênfase nos dados Semidiurnos. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 20 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ As constantes que apresentaram maiores variações nas suas amplitudes entre #PE e #PSFS, foram: MK4 , com um aumento de 7,5 vezes; MKS2 com aumento de 5,5 vezes; M3 e M4 com aumento de 1,6 vezes. Todas estas constantes são espécies de água rasa. Tabela 5 - Partição da Tabela 1 com ênfase nos dados de Águas Rasas. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 21 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ O efeito de amplificação da energia de maré a partir da estação #PE até a estação #PSFS é mostrado para um período de sete dias de sizígia na Figura 2, e para um período de 7 dias de quadratura na Figura 3. Em ambos os casos pode-se observar variações sinópticas da ordem de 50 cm e a existência de um atraso de fase. Figura 2 - (a) maré astronômica prevista para o #PE (linha mais grossa) e #PSFS (linha mais fina) para Janeiro de 2000, durante um período de sigízia; (b) diferença de nível entre as estações; Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 22 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ Figura 3 - (a) maré astronômica prevista para o #PE (linha mais grossa) e #PSFS (linha mais fina) para Janeiro de 2000, durante um período de sigízia; (b) diferença de nível entre as estações; Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 23 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ Além da amplificação da energia de maré a partir da estação #PE para a estação #PSFS, ocorre também distorções da onda neste trecho decorrente do seu avanço para um ambiente restrito. ❏ Segundo Speer e Aubrey (1985), a maior parte da assimetria da curva de maré astronômica é resultado do balanço entre a topografia do estuário e os efeitos de fricção e estreitamento do canal. 24 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ A distorção da onda causa a dominância de enchente ou de vazante, podendo ser avaliada pela análise das fasesda constante principal lunar M2 e de uma de suas constantes filhas geradas durante a progressão da maré em águas rasas, a M4 , pela relação (2qM2 - qM4) ❏ Para um sistema ser caracterizado como dominado por enchente, este deve apresentar uma elevação de fase entre 0° e 180°, e em caso de valores entre 180° e 360°, o sistema é caracterizado por domínio de vazante. #PE: 2*(64,5) - 132,9 = - 3,9º #PSFS: 2*(76,9) - 196,8 = - 43º 25 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ Como esta relação é 4° para #PE e 43° para #PSFS. Valores próximos à 0°/360° ou 180° implicam em um regime quase-simétrico, sendo o caso da maré na Praia da Enseada, em mar aberto. Entretanto, no Porto de São Francisco do Sul a relação de simetria mostra uma forte tendência para domínio de marés de enchente. ❏ Para um sistema ser caracterizado como dominado por enchente, este deve apresentar uma elevação de fase entre 0° e 180°, e em caso de valores entre 180° e 360°, o sistema é caracterizado por domínio de vazante. 26 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ A Figura 4 mostra claramente a amplificação e o atraso que ocorre na progressão da maré para o interior da baía. A linha tracejada representa a variação do nível do mar observada na barra do Rio Cubatão, que deságua no Rio Palmital que é o braço norte da baía. Figura 4 - Variação do nível do mar ao longo da Baía da Babitonga, no dia 2 de maio de 1999. Praia de Enseada: linha contínua em negrito; Porto de São Francisco do Sul: linha contínua; Barra do Rio Cubatão: linha tracejada. Nível do mar observado para barra do Rio Cubatão, e predita para os outros pontos. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 27 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ Observa-se a ocorrência da baixa-mar em #PE antecedendo à de #PSFS, que por sua vez antecede à observada na barra do Rio Cubatão. Neste mesmo período, a altura alcançada em #PE foi de 1,30 m, aumentando para 1,87 m em #PSFS, e decaindo para 1,70 na barra do Rio Cubatão. Figura 4 - Variação do nível do mar ao longo da Baía da Babitonga, no dia 2 de maio de 1999. Praia de Enseada: linha contínua em negrito; Porto de São Francisco do Sul: linha contínua; Barra do Rio Cubatão: linha tracejada. Nível do mar observado para barra do Rio Cubatão, e predita para os outros pontos. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 28 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ Este comportamento sugere que a Baía da Babitonga é um estuário do tipo hiper síncrono, onde o aumento das amplitudes está relacionado com a magnitude relativa entre os efeitos de fricção com o fundo e o estreitamento lateral do canal de acesso (Nichols & Biggs, 1985). ❏ É possível observar o aumento das amplitudes de constituintes mareais ao longo de um estuário se forem consideradas relações entre a fricção com o fundo e a convergência lateral do canal. 29 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ Quando os efeitos de constrição do canal são dominantes e a fricção tem um papel menor, a constrição causa uma compressão da onda lateralmente e a conservação de energia requer que as velocidades e amplitudes da onda de maré aumentem (Dyer, 1997). ❏ A variação das amplitudes e fases dos constituintes de maré observados ao longo do estuário afetarão as velocidades de correntes de maré. 30 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ É possível caracterizar a velocidade média de propagação da onda de maré entre a estação PE e estação PSFS através de (Franco, 1988): ❏ Onde ṽ é a velocidade da onda, g é aceleração da gravidade (9,81 m.s-2), p é a profundidade média (5 m), z é a amplitude dos constituintes. O tempo requerido para que esta onda chegue à uma seção é obtido por: ❏ Onde Δx é a distância entre as duas estações. 31 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ ❏ Ao considerar as velocidades médias das ondas de maré e o tempo gasto ao propagarem-se de #PE até #PSFS (Tabela 6), pode-se observar que ocorrem diferenças entre as velocidades dos principais harmônicos entre as duas estações. ❏ Levando-se em consideração a profundidade média da baía de 5 m, foi observado aumentos na velocidade em até 24 cm/s para as constituintes de água rasa, e para a semidiurna M2 uma diferença de velocidade de 14 cm/s. ❏ A diferença das amplitudes médias foi de até 12 cm entre a estação costeira e interior. O tempo médio decorrido de 33 minutos foi observado para todas as componentes para o percurso entre a # PE e # PSFS. 32 REGIME E PROGRESSÃO DA MARÉ Tabela 6 - Característica da progressão da onda de maré entre a Praia de Enseada (# PE) e o Porto de São Francisco do Sul (# PSFS) para as principais constantes harmônicas. DT: tempo para percorrer a distâncias entre os dois pontos; C: celeridade da onda; DA: variação da amplitude; DC: variação da celeridade. Fonte: Eliane C. Truccolo e Carlos A. F. Schettini (1999). 33 Período de Oscilação Natural ❏ O aumento da amplitude da maré entre # PE e # PSFS pode ser gerado também pela sobreposição da maré astronômica com ondas geradas pela oscilação natural do corpo de água; ❏ Caso o período de oscilação natural seja semelhante ou múltiplo de algum constituinte harmônico, poderá ocorrer à amplificação em determinadas frequências. 34 Período de Oscilação Natural ❏ O período de oscilação natural de um corpo d’água pode ser calculado pela Fórmula de Merian (Pugh, 1987): ❏ Onde: ‘e’ é a extensão do sistema (22,5 km); ‘p’ é a profundidade (5 m); ❏ O período de oscilação natural para a Baía da Babitonga é em torno de 3,6 horas. 35 Período de Oscilação Natural ❏ Foi observado uma relação entre o período natural e as constituintes astronômicas cujas freqüências são múltiplas deste período; ❏ Neste caso parece ocorrer o fenômeno de ressonância; ❏ Portanto, sistemas que são forçados por oscilações próximas ao seu período natural respondem aumentando a amplitude e apresentam um comportamento ressonante, porém, se o comprimento da baía for somente uma fração do comprimento da onda de maré então a amplificação é pequena, e outros processos estarão atuando (Pugh, 1987). 36 Conclusão ❏ Regime de maré na Baía da Babitonga é do tipo misto; ❏ Semidiurno com desigualdade de altura para preamares e baixa- mares consecutivas; ❏ Amplitude média para (# PE) foi de 70cm e para (#PSFS) 80cm, com valores máximos 106 e 128 cm respectivamente; ❏ Apresenta um período de oscilação natural de 3,6 horas. 37 Vídeos ❏ Maré Astronômica ❏ https://www.youtube.com/watch?v=sH4DiW2wRds ❏ Praia de Ubatuba/Enseada - São Francisco do Sul - SC ❏ https://www.youtube.com/watch?v=dZ5vxIODcns&t=20s 38 https://www.youtube.com/watch?v=sH4DiW2wRds https://www.youtube.com/watch?v=dZ5vxIODcns&t=20s Referências COELHO, André Lima. MÉTODO DE PREVISÃO DE MARÉ OCEÂNICA, UTILIZANDO ANÁLISE HARMÔNICA EM SÉRIES DE 18,69 ANOS. 2016. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/321859/1/Coelho_AndredeLima_M.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2019. MUNICÍPIO DE ITAJAÍ. DEFESA CIVIL DE ITAJAÍ. . Maré Astronômica e Meteorológica. Disponível em: <https://defesacivil.itajai.sc.gov.br/boletim/3583/mare-astronomica-e-meteorologica->. Acesso em: 31 mar. 2019. TRUCCOLO, Eliane C.; SCHETTINI, Carlos A. F.. MARÉS ASTRONÔMICAS NA BAÍA DA BABITONGA, SC*. 1999. Disponível em: <http://sigaa.unifei.edu.br>. Acesso em: 31 mar. 2019. 39
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