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Portos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Luciana Vasques Correia da Silva Revisão Textual: Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima • Introdução; • Ondas; • Marés; • Ventos; • Processos Litorâneos; • Hidráulica Estuarina. • Apresentar os principais conceitos relacionados à hidráulica marítima e sua infl uência nos projetos portuários. OBJETIVO DE APRENDIZADO Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima Introdução A ciência dos oceanos não é somente um alimento para nossa curiosida- de, mas é provável que o futuro da raça humana dela dependa essencial- mente. (KENNEDY, J.F; 1961) Os oceanos ocupam mais de 70% do nosso planeta, gerando uma influência na meteorologia (clima), na conformação dos continentes (costa litorânea) e na geologia. Os oceanos são fontes de recursos naturais de alimentos, de minerais e combus- tíveis, de energia térmica, cinética e de lazer. Eles ainda são receptores de esgotos urbanos, efluentes industriais, vazamentos de navios, dejetos radioativos e são vias de transporte mais econômico. Para projetar, construir e operar de forma segura uma estrutura portuária é necessário o conhecimento dos elementos fundamentais da hidráulica marítima. Ondas As ondas são formadas pela perturbação da superfície do mar que sai de seu estado de repouso devido a(o)s: • Ventos; • Sismos, deslizamentos e vulcões; • Forças gravitacionais. Esses fatores, que causam essa perturbação na superfície do mar, transferem energia e momento à massa d’água, e a dissipação ocorre por ondas. Figura 1 – Praia de Maresias (SP) a) Formação de ondas pelo vento Fonte: Getty Images 8 9 Abalos sísmicos nos oceanos e Formação de ondas por sismos: http://bit.ly/3aeSfzN Ex pl or Figura 2 – Forças de atração entre o Sol, a Terra e a Lua Formação das ondas por forças gravitacionais Fonte: if.ufrgs.br O estudo do comportamento das ondas de superfície é de suma importância para o planejamento e projeto de obras marítimas, tais como as estruturas portu- árias, obras de melhoramento das vias navegáveis, obras de defesa dos litorais e margens, obras offshore e para a engenharia naval. Segundo ALFREDINI (2009), as ondas de superfície (água – ar) transferem ener- gia da fonte que as gerou para alguma estrutura ou para a margem da costa, que pode dissipar ou refletir uma parte dessa energia. As ondas são o principal agente modelador da costa, transportando sedimentos, e produzem as forças pelas quais as estruturas marítimas estão submetidas. As ondas possuem um movimento orbital, movendo-se em sua forma e trans- portando energia, ainda que não movimentem quantidade de água adjacente. Movimento Orbital da onda (Anton, 2004): http://bit.ly/2QTOGHy Ex pl or 9 UNIDADE Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima Parâmetros das Ondas As ondas possuem alguns parâmetros essenciais para as obras portuárias e de proteção da costa: • Crista de onda: porção mais alta da onda; • Vale de onda: depressão entre duas cristas, também chamada de calha ou cava; • Altura de onda (H): distância vertical entre a crista de uma onda e a base do vale da onda adjacente; • Comprimento de onda (L): distância horizontal entre qualquer ponto de uma onda e o ponto correspondente da próxima onda; • Amplitude de onda (A = H/2): distância vertical máxima da superfície do mar a partir do nível da água em repouso; • Agudez da onda: relação entre a altura e o comprimento da onda abaixo do nível do mar; • Período de onda (T): tempo que leva para uma onda completar um compri- mento de onda para passar por um ponto estacionário; • Velocidade da onda (V = L/T): velocidade na qual uma onda individual avan- ça sobre a superfície da água; • Profundidade (d = L/2): profundidade máxima de movimentação da água; • Frequência (f = 1/T). Profundidade Fundo Direção de propagação Altura Comprimento de ondaCrista Cavado Nível médio d’água Figura 3 – Parâmetros de uma onda 10 11 Classificação das Ondas Em função de conceitos básicos, as ondas podem ser classificadas como: • Ondas de oscilação: possuem movimentos periódicos, cuja propagação não desloca grande quantidade de massa líquida de sua posição inicial quando ocorre sua passagem. A trajetória das partículas são órbitas fechadas ou quase fechadas em cada período de onda; • Ondas capilares: são ondas pequenas, que têm comprimento inferior a 1,7cm. A principal força restauradora é a tensão superficial e o período é de frações de segundos; • Ondas de gravidade: com comprimento de onda superior a 1,7cm e a princi- pal força restauradora é a força da gravidade. Os principais tipos de ondas de gravidade são as vagas (sea), as ondulações (swel) e as mais conhecidas são surfs. Segundo (BORGO, 2008), as ondas vagas são geradas por ventos locais, desor- denadas e de pequena amplitude. As ondulações são ondas de maior amplitude, ge- radas a grandes distâncias (milhares de quilômetros) e com uma forma mais regular. As surf são resultantes da sobreposição de ondas incidentes em praias inclinadas, cujo período típico é de vários minutos. O conjunto de ondas viajam em grupos chamados de trens ou séries de ondas. Quando um grupo de ondas atravessa uma água antes parada, a onda da frente faz com que a água se mova formando uma nova onda. As ondas podem também ser classificadas em função da profundidade do local, como ondas de águas rasas, ondas de águas intermediárias e ondas de águas profundas. Em águas raras, em que a profundidade é vinte vezes menor que o comprimento de onda, a velocidade de propagação da onda é controlada pelo fundo do oceano. À medida que a profundidade diminui, aumenta a esbeltes da onda, então ocorre a arrebentação da onda, que resulta da curvatura da parte frontal da onda, em função da diminuição da profundidade. As ondas se reorientam para permanecerem para- lelas à linha de costa, dando origem ao fenômeno chamado de refração. Nas águas intermediárias, a velocidade da onda é controlada pelo comprimento da onda e pela profundidade do fundo do oceano. 11 UNIDADE Conceitos Aplicados à HidráulicaMarítima Em águas profundas, considerando a profundida maior que meio comprimento de onda, o fundo não tem influência, assim, a velocidade da onda depende somente do seu comprimento e as ondas maiores se propagam mais rápido. A arrebentação das ondas em águas profundas ocorre quando o ângulo da crista da onda alcança 120º e o comprimento da onda excede 7 vezes a sua altura, a configuração da onda torna-se instável e ela se quebra. L= comprimento de onda h= profundidade da água água profunda (h > L/2) Zona de transição L/2 <= h > L/20 Zona rasa h <= L/20 Base da Onda L/2 Figura 4 – Propagação das ondas em relação a profundidade do oceano Dissipação de Energia das Ondas por Arrebentação Os fatores que provocam a deformação das ondas, ocasionando a arrebentação, estão relacionados à variação da profundidade, à existência de obstáculos e às cor- rentes marítimas. Os tipos de arrebentação podem ser por: • Derrame: em praias muito planas, as ondas se quebram lentamente a partir da crista, continuando o processo por longas distâncias enquanto se aproximam da praia; • Espiral: esse tipo de arrebentação forma o chamado tubo. Se a praia é re- lativamente inclinada, a crista da onda se rompe com relativa rapidez após enrolar-se em espiral; • Vagalhão: ocorre quando o fundo é muito inclinado, a onda não se quebrará até que alcance a praia. A onda se forma muito rapidamente e se quebra dire- tamente sobre a praia (praias de tombo); • Difração: quando a onda atravessa um obstáculo tal como um quebra mar com uma passagem ou um recife, a crista da onda cai gerando nova onda, que se move para frente e para os lados; • Reflexão: uma onda, quando se dirige para um obstáculo (costa, molhes), não pode continuar no seu movimento orbital circular, move-se para cima e para baixo ao longo do obstáculo. Esse tipo de dissipação de energia da onda é muito importante no momento de atracação das embarcações. 12 13 Tsunami ou Maremotos são ondas oceânicas geradas por distúrbios sísmicos, de grandes pro- porções e muito destrutivas, para a linha da costa. Causadas por terremoto, deslizamento de terras ou vulcão submarino em atividade e bomba atômica na superfície do mar. Possuem um comprimento que varia de 130 a 160 km, podendo atingir até 1000 km. Seu período pode variar de 15 minutos até 2 horas e se deslocam em velocidades maiores que 360 nós (650 km/h), alcançando até 480 nós (890 km/h). Disponível em: https://youtu.be/SlwZzbGh7Cw Ex pl or Energia e Potência das Ondas A energia total de um trem de ondas é determinada pela soma das energias ci- nética e potencial. A energia específica é definida como a energia total da onda por unidade de área superficial. 21 8Total E gH Lr= Em que: • ρ é a massa específica da água; • H é a altura da onda; • L é o comprimento da onda; • g é a aceleração da gravidade. 21 8específica E gHr= O fluxo de energia médio por unidade de comprimento de onda corresponde à potência da onda. Esse fluxo de energia é a taxa pela qual a energia é transmitida no rumo de propagação da onda. ( ) ( ) 2 2 2 0 2 0 1 em águas profundas 32 1 em águas rasas 8 P g H T P gH gd r p r = = Em que: • ρ é a massa específica da água; • H é a altura da onda; • T é o período da onda; • d é a profundidade de movimentação da água; • g é a aceleração da gravidade. 13 UNIDADE Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima Nos estudos da hidráulica marítima, o conhecimento do comportamento das ondas, bem como determinar sua energia e potência é de suma importância para os projetos de obras portuárias e de defesa da costa do litoral. Além disso, as ondas podem ser fontes geradoras de energia elétrica. A energia que vem do mar – Usina de Ondas do Porto de Pecém – CE. Disponível em: https://youtu.be/KWeeVygrfHoE xp lo r Marés As marés influenciam diretamente nos projetos, operação e manutenção de um porto, e na escolha do tipo de proteção do litoral. Maré pode ser definida como o movimento vertical do nível oceânico, resultado das mudanças de atração gravitacional entre a Terra, Lua e o Sol, que é observada junto ao litoral. Já a corrente de maré é o movimento horizontal da água de um ponto para outro, resultante da diferença de alturas de maré nesses pontos. A interação entre as forças gravitacionais e centrífugas (Terra – Sol – Lua) pro- vocam as chamadas marés de sizígia e as marés de quadratura. As marés de sizígia ocorrem nos períodos de Lua cheia e nova (duas vezes por mês) e representam as maiores variações de maré. As marés de quadratura ocorrem nos quartos crescentes e minguantes da Lua, e o efeito sobre as marés é mínimo. SolTerra Maré cheia Maré cheia Lua Maré baixa Força Gravitacional Maré baixa Figura 5 – Influência da Lua e o Sol sobre as marés Fonte: Adaptado de Getty Images 14 15 Terminologias das Marés Para BARROS (2006), as terminologias utilizadas para determinar as caracte- rísticas das marés são: • Maré de Enchente: é o movimento ascendente das águas; • Preamar: é o nível mais elevado alcançado por uma maré de enchente; • Maré de Vazante: é o movimento descendente das águas; • Baixa Mar: é o nível mais baixo alcançado por uma maré de vazante; • Amplitude da Maré: é a diferença entre a preamar e a baixa mar; • Altura da Maré: é a medida vertical entre a superfície da água e o NR (nas cartas náuticas) em um determinado instante; • Estofo da Maré: é o exato momento antes da inversão de movimento de subi- da e decida da maré (↑↓ ou ↓↑); • Nível de redução (NR): é o plano baixo sobre o qual as baixas marés estão acima; • Profundidade na Carta: são as profundidades das cartas náuticas referentes ao NR; • Profundidade Atual: é a profundidade registrada na carta náutica, mais a altura da maré no instante considerado; • Nível Médio (NM ou MSL): é o plano médio entre a preamar média e a baixa mar média; • Maré Semi Diurna: ocorre a cada dia, tendo duas preamares e duas baixas mares, aproximadamente iguais em altura (no litoral do Brasil); • Maré Mista: quando ocorrem duas preamares e duas baixa mares com va- lores desiguais; • Maré Diurna: quando ocorre uma preamar e uma baixa mar em cada dia. Amplitude média da maré Amplitude diurna da maré Nível médio das preia-mares mais altas Preia-mar média NMM Baixa-mar média Nível médio das baixa-mares mais baixas Figura 6 – Terminologia das marés 15 UNIDADE Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima As oscilações nas alturas da maré são registradas na Tábua das marés pelo Mi- nistério da Marinha, na Diretoria de Hidrografia e Navegação anualmente. A relevância da Tábua das marés para a navegação está em prever hora a altura das preamares e baixa mares para a movimentação dos portos e barras. Tábuas das Marés | Centro de Hidrografia da Marinha: http://bit.ly/2uiRPaT Ex pl or Ventos O regime dos ventos locais, em função de suas características básicas, influenciam no projeto das obras de acostagem das embarcações em um porto, nas especificações dos equipamentos, no projeto dos pátios de estocagem e o posicionamento em relação aos meios urbanos e no dimensionamento do sistema de amarração das embarcações no cais. Características dos Ventos As características dos ventos podem ser definidas como: • Direção: definida pelo ponto geográfico de onde procede. Exemplo: vento de direção NE é o vento que sopra de Nordeste para Sudoeste; • Frequência: representa o número de vezes que o vento sopra em cada direção, num determinado período. Em função da frequência, ele pode ser um vento reinante ou um vento dominante. O vento reinante possui maior frequência, sopra durante maior número de dias ou horas no período de um ano. E o vento dominante possui maior dominância (produto entre a duração do vento pelo quadrado da sua velocidade); Dominância = duração x v² • Intensidade: medida diretamente pela pressão exercida sobre uma super- fície plana, ou por meio de sua velocidade, utilizando aparelhos especiais como o anemômetro; • EscalaBeaufort: classificação dos ventos, na qual a faixa de variação de in- tensidade é dividida de 0 a 12. Tabela 1 – Escala Belfort Força Descrição Velocidade média em Nós Velocidade média em km/h Velocidade média em m/s Estado do Mar 0 Calmaria < 1 < 1 < 0,2 Mar espelhado 1 Bafagem 1 a 3 2 a 6 0,3 a 1,5 Algumas rugosidades 2 Aragem (leve brisa) 4 a 6 7 a 12 1,6 a 3,3 Pequenas ondulações 3 Fraco 7 a 10 13 a 18 3,4 a 5,4 Ondulações e alguns carneiros 16 17 Força Descrição Velocidade média em Nós Velocidade média em km/h Velocidade média em m/s Estado do Mar 4 Moderado 11 a 16 19 a 29 5,5 a 7,9 Pequenas vagas, carneiros frequentes 5 Fresco 17 a 21 30 a 38 8,0 a 10,7 Vagas moderadas, carneiros, borrifos 6 Muito fresco 22 a 27 39 a 49 10,8 a 13,8 Grandes vagas, cristas epumisas brancas, borrifos 7 Forte 28 a 33 50 a 61 13,9 a 17,1 Vagalhões pequenos comespuma em faixas 8 Muito forte 34 a 40 62 a 74 17,2 a 20,7 Vagalhões moderados comespuma em faixas definidas 9 Duro 41 a 47 75 a 88 20,8 a 24,4 Vagalhões grandes a enorme e excepcionais, visibilidade reduzida a seriamente afetada 10 Muito duro 48 a 55 89 a 102 24,5 a 28,4 11 Tempestuoso 56 a 63 103 a 117 28,5 a 32,6 12 Furação ≥ 64 ≥ 118 ≥ 32,7 A representação gráfica da direção, frequência e intensidade dos ventos de um local é chamada de Rosa dos Ventos. A Rosa dos Ventos é fundamental para o estudo de localização de uma instala- ção portuária em relação ao aglomerado urbano, para evitar, por exemplo, polui- ção produzida pelo pó de produtos minerais. N S E NNE ENE ESE SSESSW WSW WNW NNW NENW SESW W 180º 0º ou 360º 22,5º 45º315º 292,5º 67,5º Pontos cardeais • E: este ou leste • N: norte • O ou W: oeste • S: sul Pontos colaterais • NE: nordeste • NO ou NW: noroeste • SE: sudeste • SO ou SW: sudeste Pontos subcolaterais • ENE: lés-nordeste • ESE: lés-sudeste • SSE: su-sudeste • NNE: nor-nordeste • NNO/NNW: nor-noroeste • SSO/SSW: su-sudoeste • OSO/WSW: oés-sudoeste • ONO/WNW: oés-noroeste 90º270º 247,5º 225º 202,5º 157,5º 135º 112,5º 337,5º Figura 7 – Rosa dos Ventos Fonte: Adaptado de Getty Images 17 UNIDADE Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima Tipos de Ventos No litoral, em dias de calor, é possível observar a ocorrência diária dos ventos periódicos, ventos que sopram do mar para terra, na parte da tarde, e da terra para o mar, à noite. • Vento Periódico de Viração: são ventos da costa originados pela diferença de temperatura entre o mar e a terra. O Sol aumenta progressivamente a tem- peratura da terra. As camadas de ar quente da terra sobem e as camadas de ar mais frio em contato com o mar tendem a substituí-las (correntes de ar) no sentido mar para terra (à tarde); • Vento Periódico Terral: à noite, o mar conserva quase a mesma temperatura de durante o dia (capacidade calorífica da água). O ar em contato com o mar está mais quente que o em contato com a terra. Então, a corrente de ar se inverte e o vento sopra no sentido terra para mar (madrugada). Ciclones e Anticiclones Ciclones são tempestades giratórias intensas causadas pela queda da pressão atmosférica em uma área, e sua temperatura é ligeiramente maior do que as áre- as que a circundam. Estas diferenças de pressão e temperatura se formam sobre águas tropicais quentes, gerando ventos circulares que podem atingir velocidades de 300 km/h. No centro dos ciclones a pressão é mais baixa que no exterior. O ar movimenta-se numa espiral com ventos para o interior, de modo ascendente. A espiral movimenta-se para a esquerda no hemisfério norte e para a direita no hemisfério sul. Eles são associados a ventos fortes e mau tempo, pois quando o ar sobe leva à condensação. Os anticiclones, ao contrário dos ciclones, funcionam com movimento do ar do centro para a periferia, produzindo uma dissipação das nuvens, gerando normal- mente tempo bom. Em seu interior as pressões são mais altas. O ar movimenta- -se numa espiral com ventos para o exterior, de modo descendente. A espiral movimenta-se para a direita no hemisfério norte e para a esquerda no hemisfério sul. Eles são associados a ventos fracos e bom tempo, pois quando o ar desce não leva à condensação. Processos Litorâneos A ação dos agentes que provocando erosão, transporte e deposição de sedimen- tos, levam o litoral a constantes modificações na sua configuração. Esse constante movimento dos sedimentos é resultado da combinação de forças naturais (ondas, correntes de maré, vento e sismos) e de forças antrópicas. 18 19 A importância do estudo dos processos litorâneos, principalmente no que diz respeito às obras da engenharia costeira, se deve a encontrar soluções para os pro- blemas de assoreamento de bacias portuárias e às erosões de praias em áreas de elevado valor social e/ou econômico. Quando a costa do litoral é formada por material arenoso, a resposta ocorre de modo bem rápido a essas ações, dando origem ao transporte de sedimentos. Na costa do litoral formada por material rochoso, a resposta é mais lenta a tais influências, passando a ser um interesse geológico. Perfil Transversal da Zona Litorânea ALFREDINI (2009) classifica os movimentos sedimentares, que ocorrem no perfil do litoral, como movimentos transversais e movimentos longitudinais. No movimento transversal, os sedimentos se dirigem de forma perpendicular, ora no sentido mar-costa, ora no sentido costa-mar. E no movimento longitudinal, os sedimentos se movimentam de forma paralela à costa. Perfil transversal do litoral: http://bit.ly/2u4ZvgO Ex pl or O perfil transversal da zona litorânea pode ser dividido em: • Praia: zona que se estende entre o limite mais baixo da maré e o limite superior, no qual são sentidos os efeitos dinâmicos do movimento das ondas (na costa); • Berma: não ocorre movimentação de areia pelo efeito das ondas; • Estirâncio: zona entre os dois extremos da maré. Região entre a baixa mar média e a preamar média; • Fundo Submarino: zona ilimitada que se estende ao largo do mais baixo nível da maré (região que nunca fica emersa). A ação do mar, além de ser um agente gerador de sedimentos, também é um agente de transporte na região litorânea. Essas ações, que produzem as modifica- ções nas formações costeiras dando origem às flechas, barras, restingas, barreiras, tômbolos, baías e aos bancos. Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas do Brasil: http://bit.ly/36abZBj Ex pl or 19 UNIDADE Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima Hidráulica Estuarina Os estudos sobre a hidráulica de um estuário são relevantes do ponto de vista so- cioeconômico e ambiental. Considerando que essas áreas estuarinas possuem um conflito devido aos múltiplos usos de seus recursos hídricos e, por isso, necessitam de um gerenciamento baseado no desenvolvimento sustentável. Estuário KJERFVE (1985) define como estuário um corpo d’água costeiro semifechado, que possui livre conexão com mar aberto, com salinidade diluída pela água doce oriunda da drenagem hidrográfica e com dimensões menores do que mares fechados. O estuário abrange funcionalmente locais como baías sujeitas a marés, trechos fluviais sujeitos a marés e trechos costeiros sujeitos a vazões fluviais. Os estuários possuem algumas características como grande densidade populacional, áreas por- tuárias e de navegação, áreas de segurança naval, abundância de recursos pes- queiros, áreas de diluição de efluentes domésticos e/ou industriais e ainda áreas de recreação e lazer. Áreas de Subdivisão de um Estuário ALFREDINI (2009) apresenta uma classificação do estuário segundo sua fun- cionalidade: • Zona Fluvial: escoamento unidirecional, sem influência de maré e com salini- dades desprezáveis (abaixo de 0,1‰); • Zona Flúvio Marítima: escoamento influenciado pela maré, escoamento de rumo reversível nos trechos mais rumo ao mar e com salinidades inferiores a 1 ‰; • Zona de Mistura Estuarina: estuário propriamente dito, apresentando influ- ência da maré e escoamento reversível.Essa região ainda pode ser subdividida em Extensão, Delta de Maré Vazante, Delta de Maré Enchente, Zona de Turbi- dez Máxima e a Camada Limite Costeira. Estuário e suas Subdivisões: http://bit.ly/2TtOBfh Ex pl or Classificação dos Estuários Os estuários são formações geologicamente efêmeras, pois dependem da varia- ção do nível relativo do mar, da eficiência de filtração do aporte sedimentar. Por isso, podem ser classificados como: 20 21 • Características Morfogeológicas: que definem a configuração da estrutura externa e são divididas em estuários, deltas e lagunas. Nesta sequência, a gra- nulometria sedimentar se afina; • Características de Circulação e Estratificação: fenômeno de mistura das águas em função da dinâmica salina. Ao longo de vários ciclos de maré (30), consegue-se verificar diferentes graus de misturas que dependem da maré e da descarga de água doce. Denominadas de cunha salina, parcialmente misturado e bem misturado. Figura 8 – Hidr áulica Estuarina – Circulação da Água no Estuário Fonte: Alfredini, 2009 21 UNIDADE Conceitos Aplicados à Hidráulica Marítima Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Fundamentos de Oceanografia PINET, P. R. Fundamentos de Oceanografia. LTC, 2017. Ler: Capitulos: 9 e 10 (Ondas e Marés) Leitura Geomorfologia Costeira http://bit.ly/2G7vU9h Estudo das Cotas de Inundação em Canais Urbanos de Sub-Bacias Hidrográficas em Áreas Estuarinas, Sob Efeito de Marés e Chuvas Localizadas AMBIENTAL, AMBIENTAL MESTRADO EM ENGENHARIA; PROFISSIONAL, MODALIDADE; BOAS, L. V. Estudo das Cotas de Inundação em Canais Urbanos de Sub-Bacias Hidrográficas em Áreas Estuarinas, Sob Efeito de Marés e Chuvas Localizadas. http://bit.ly/2NKSQzp Suape ganhará equipamento para monitorar ventos e corrente marítima http://bit.ly/2NEKxVR 22 23 Referências ALFREDINI, P.; ARASAKI, E. Obras e Gestão de Portos e Costas. 2. ed., v. 1. São Paulo: Blucher, 2009. BORGO FILHO, M. Elementos de Engenharia Portuária. Vitória: Flor&Cultura, 2008. KJERFVE, B. A course on estuarine oceanography. Notas de aula do Curso de Pós-Graduação ministrado no Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1985. 23
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