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Razões de Apelação em Processo Criminal

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS - SC
Processo nº xxx
DANIEL, já qualificado nos autos da ação penal acima indicada, por seus procuradores, vem, a Vossa Excelência, com fulcro no art. 593, I do Código de Processo Penal, interpor RECURSO DE APELAÇÃO em face da decisão condenatória de fls. Xx/xx requerendo, desde já, o oferecimento de razões recursais junto ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, na forma do que dispõe o § 4° do art. 600 do Código de Processo Penal. 
Nesses termos, pede deferimento.
Local, 9 de junho de 2020
Advogado OAB xxx
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Referente ao Processo Crime nº xxx
Apelação Criminal nº xxx
DANIEL, brasileiro, profissão xxx, estado civil xxx, rg xxx, cpf xxx, residente na rua xxx, n xxx, bairro xxx situado na cidade de xxx, vem, perante Vossa Excelência, por seu defensor constituído, ofertar suas RAZÕES DE APELAÇÃO, nos termos do art. 600, § 4º, do Código de Processo Penal, com base nos fatos e fundamentos jurídicos do pedido a seguir arrolados.
Porto Alegre, 17 de junho de 2020
Advogado OAB xxx
Colenda Câmara:
I – DOS FATOS
Daniel, vai até o local onde sua mãe trabalha como empregada doméstica, ao descobrir que os donos da casa estariam viajando, no dia 02 de janeiro de 2010, e com o intuito de passear com sua namorada, pega o carro emprestado dos patrões de sua genitora com o intuito de devolve-lo na mesma noite
Pretendia ele, desde apenas utilizar o carro para fazer um passeio pela quadra e devolve-lo em seguida após encher o tanque de gasolina. Entretanto, ao retornar a casa, quando estava no portão de entrada, foi surpreendido por policiais militares que o abordaram perguntando sobre a propriedade do veículo.
O Apelante, agindo de bom grado a pedido dos policiais, forneceu a imagem das câmeras de segurança da casa. Após verificarem que o recorrente havia agido sem a autorização dos proprietários do veículo, o mesmo foi denunciado pela prática de furto simples.
Ocorre que o Ministério Público deixou de fornecer a proposta de suspensão condicional, mesmo sendo de praxe legal, sob o argumento que Daniel responde por outra ação penal – não sentenciada.
No dia 18 de março de 2010, a denúncia foi recebida, após a inquirição das testemunhas, o acusado confessou ter realmente subtraído temporariamente o carro, mas apenas para um passeio, não havendo incorrido em crime visto que pretendia devolve-lo e realmente o estava fazendo quando foi interceptado pela polícia.
A sentença foi proferida em 16 de maio de 2017, condenando o recorrente a pratica de delito de furto qualificado por abuso de confiança, pena de 2 anos e 4 meses de reclusão.
II – FUNDAMENTAÇÃO
II.1. Preliminares
a) Prescrição de Punibilidade
 
Como podemos verificar pelos fatos narrados a denúncia foi recebida no dia 18/03/2010 e a sentença foi publicada em 16 de maio de 2017, pouco mais de 7 anos após a recepção. 
Analisando o artigo 109 caput, verificamos que a prescrição antes de transitar em julgado a sentença final, regula-se pelo máximo da pena verificada. Continuando ainda no mesmo artigo em seu inciso III do Código Penal, a prescrição do crime em que o recorrente foi incluso prescreve em doze anos.
 	Entretanto, como pode ser visto com base na data do suposto delito, dia 02/01/2010, o recorrente era menor de 21 anos, pois seu nascimento se deu em abril de 1990 
Considerando os termos do artigo 115 do Código Penal, são reduzidos pela metade os prazos de prescrição quando o acusado era, na data do suposto delito, menor de 21 anos. 
Na forma do Art. 109, inciso IV, do Código Penal, o prazo prescricional será de 08 anos.
Entretanto, com a aplicação do o Art. 115 do Código Penal o prazo deve ser contado pela metade, ou seja, 04 anos no caso concreto. O último marco interruptivo do prazo prescricional ocorreu em 18/03/2010, data do recebimento da denúncia. A sentença se deu dia 16/05/2017, 7 anos após a denúncia. Estando a muito prescrita tal punibilidade 
Diante dos fatos expostos, a decretação da prescrição da punibilidade com base no artigo 107, inciso IV do Código penal é a medida correta a proceder.
II.2 – Do Mérito
a) Da inexistência de crime
De acordo com os fatos narrados, assim como a comprovação das câmeras, o acusado apenas pretendia utilizar o carro para um passeio curto, de um quarteirão, não pretendendo subtrair para si o bem – como diz na letra da lei-. Sendo assim, tal ato não se caracteriza furto, e sim o chamado “furto de uso” que na realidade, não configura crime.
Um dos elementos essenciais para tal crime é intenção de subtrair coisa para si ou para outrem, o chamado animus furandi. No caso em tela, Daniel não tinha dolo algum, não havendo qualquer interesse em subtrair tal automóvel.
Comprovando até tal devolução, pois quando estava sendo abordado pelos policiais, estava no ato de retorno do bem pego penas para uso curto.
As duas testemunhas de acusação, assim como a testemunha de acusação Dira, confirmaram que o valor de R$ 25.000,00 pago a Antônio foi referente a uma dívida antiga que Giselda tinha contraído com o acusado.
Sendo assim, com fulcro no artigo 386, inciso III do Código de Processo Penal, tal conduta é atípica, devendo não ter nenhuma imputação ao acusado. 
b) Da Fixação da Pena
b.1) Atenuante em Decorrência da Idade e confissão espontânea 
Em análise ao Código Penal, em seu artigo 65, inciso I nota-se que a idade do acusado era menor de 21 anos na data do ocorrido, e tal fato é uma atenuante de amplo conhecimento.
Ainda no artigo 65, vemos que de acordo com o inciso III, alínea d, o acusado confessou espontaneamente e narrou os fatos conforme ocorrido, sem ter faltado com a verdade, ou tentado enganar as autoridades.
Desta forme o magistrado incorreu em erro ao não computar tais atenuantes no cálculo da pena. Sendo assim, se faz necessária tal computação com fulcro no artigo 65, inciso I e II, alínea d.
 b.2) Do Mínimo Legal
O Apelante é pessoa jovem, com bons antecedentes sem nunca ter incorrido em penalidade, não podendo ações em curso serem consideradas maus antecedentes, já pacificada conforme sumula 444 do STJ. 
Diante disso e dos demais fatos narrados, caso ocorra eventual condenação, se faz necessária sua fixação dentro do mínimo legal.
 b.3) Da inexistência do Agravante por abuso de Confiança
O Magistrado, erroneamente auferiu o agravante de abuso de confiança ao recorrente, sob o argumento que ele se aproveitou da confiança da contratante da mãe dele. 
Ocorre que para que seja caracterizado abuso de confiança, a relação de confiança deve ser direta e não por terceiro. Caso Daniel fosse o contratado dos donos do automóvel, e a relação deles fosse direta, poderia ser auferida tal agravante. Entretanto, não existia relação entre o dono do bem e o acusado.
A relação dos donos do bem eram com a genitora do recorrente e não diretamente com ele, sendo assim, não há o que se falar de abuso de confiança no caso concreto, devendo ser tal acusação, retirada.
b.4) Do Regime a Ser Adotado
De acordo com o artigo 33, § 2º, alínea c do Código Penal, não sendo o acusado reincidente e a pena sendo inferior ou igual a quatro anos a pena deverá ser cumprida em regime aberto.
Diante disso, há a necessidade do regime adotado ser o aberto, seguindo os parâmetro legais. 
b.5) Da Substituição da Pena Privativa de Liberdade por Restritiva de Direitos.
Ante todo o explicitado, é de fácil conclusão o preenchimento dos requisitos expostos no artigo 44 do código penal, pelo réu. Sendo assim requeremos que caso não sejam acatados os argumentos de mérito, que a pena privativa de liberdade seja substituída pela restritiva de direitos.
III – DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer o Apelante o que segue:
a) Que seja decretada a extinção da punibilidade devida a prescrição, ou;
b) A absolvição do réu com base nos fatos de mérito narrados, ou;
c) Pela redução da pena exposta com basenos argumentos acima, bem como alteração para o regime aberto e substituição para pena restritiva de direitos
Nestes termos, pede e espera deferimento.
	 Local, 17 de junho de 2020.
Advogado OAB xxx

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