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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAR

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS, confederação sindical inscrita no CNPJ sob o nº xxxxx, com sede em xxxxxxx, neste ato representada por seu presidente xxxxxx, brasileiro, solteiro, portador do RG nº xxxxxx, inscrito no CPF nº xxxx, vem à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado que ao final assina, com instrumento procuratório específico em anexo, e endereço para intimações xxxxxx, com base nos arts. 102, I, alíneas “a” e “p”, e 103 da Constituição Federal, e no art. 2º e seguinte da Lei 9.868/99 propor
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
COM PEDIDO CAUTELAR
Contra a ilegalidade dos dispositivos constantes na Medida Provisória nº W, de xx de xx de 2020, que foi editada pelo Presidente da República, podendo ser localizado no Palácio do Jaburu, Lago Paranoá, Brasília-DF, 70297-400. A referida MP dispõe sobre redução e cancelamento de aposentadoria de servidores públicos federais, verifica-se que a norma padece de inconstitucionalidade por afrontar diretamente dispositivos da Constituição Federal como será demonstrado na presente ação. 
I - DA LEGITIMIDADE ATIVA E DA PERTINENCIA DA TEMÁTICA 
A Associação Brasileira de Servidores Públicos Federais – ASBSPFA, é confederação sindical, com legitimidade ativa especial constitucionalmente atribuída para deflagrar controle concentrado de constitucionalidade, é parte legítima para a propor a presente ação, uma vez estando os requisitos preenchidos exigidos conforme o art. 553 da CLT e inc. XIX do art. 103 da Constituição Federal de 1988 e, conforme dispositivo da Lei 9.868/99, art. 2, inc. XIX. Assim, comprovando a pertinência temática da matéria.
II - CABIMENTO E FORO COMPETENTE
Perante o art. 102, inciso I, alínea a, da Constituição Federal de 1988, estabelece:
“Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:  - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal” (...)
Desse modo, tem a suprema corte a competência originária para processar e julgar a presente ação.
III - FUNDAMENTOS JURIDICOS
O sistema de Previdência Social está consagrado na Constituição de 1988 dentro dos direitos sociais em seu artigo 6º, baseando-se na valorização do trabalho e visando o bem-estar social sustentável, integrando o conjunto chamado Seguridade Social. 
Por estarem inseridos na categoria de direitos sociais, são também considerados direitos fundamentais que se destinam à preservação da dignidade da pessoa humana. No ordenamento jurídico pátrio, a seguridade social foi instituída para que, através de suas ações, venham a ser alcançados os objetivos da Ordem Social, atentando-se ao fato de que o valor do homem como um fim em si mesmo vai além dos ideais de proteção. 
Em que pese o constituinte, ao tratar da previdência social no art. 201, tenha deixado claro que a referida proteção deve estar atenta aos critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, há que se falar no princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios no regime geral de previdência social, explicitado no artigo 2º da Lei n.º 8.213/91, que, por sua vez, é consequência jurídica da garantia do direito adquirido constante no artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal. 
Nos termos do artigo 40, § 2º da CF/88, in verbis:
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. 
 O supracitado dispõe sobre um limite aos proventos de aposentadoria que não podem exceder a remuneração do servidor no seu cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. Ao passo em que o dispositivo ressalta a inviolabilidade do teto, também se nota a presença do princípio da irredutibilidade supracitado, em consonância com o inciso IV do artigo 7º da Constituição Federal, que considera o valor mínimo referência o salário mínimo nacional, sempre buscando atender às necessidades vitais de uma família. 
Todos os trabalhadores que exercem atividades remuneradas gozam de direito à Previdência Pública, no entanto, há distinção nas regras entre os servidores públicos titulares de cargo efetivo e os demais trabalhadores, sendo que aqueles estão assegurados pelo Regime Próprio de Previdência Social – RPPS.
No caso em tela, os sujeitos a verem seus rendimentos de aposentadoria reduzidos e até extintos, são servidores públicos federais amparados pela Lei nº 9.7171/98. Com isso, busca-se resguardar o direito adquirido constante no art. 5º, XXXVI da CF, em nome da segurança jurídica, do bem-estar dos trabalhadores e ainda, da justiça social.
Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende:
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 57.314 - GO (2018/0098227-0) RELATORA: MINISTRA REGINA HELENA COSTA RECORRENTE : CLAUDIA MARIA DE SOUSA ADVOGADOS : CARLOS MÁRCIO RISSI MACEDO - GO022703 MARCOS CÉSAR GONÇALVES DE OLIVEIRA - GO020631 LORENA FALEIROS COSTA - GO046940 RECORRIDO : ESTADO DE GOIÁS ADVOGADO : RAFAEL VASCONCELOS NOLETO E OUTRO (S) - GO041363A DECISÃO Vistos. Trata-se de Recurso Ordinário em Mandado de Segurança interposto por CLAUDIA MARIA DE SOUSA, com base nos arts. 105, II, b, da Constituição da República e 1.027, II, a, do Código de Processo Civil de 2015, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, assim ementado (fl. 305e): MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORA PÚBLICA DO PODER JUDICIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCORPORAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE CARGO COMISSIONADO AOS PROVENTOS. AUSÊNCIA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 267, I E II DA LEI 10.460/1988 ANTES DA EC 20/98. DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO EVIDENCIADO. 1 Nos moldes do artigo 267 da Lei 10.460/1988, faz jus à incorporação da verba de gratificação em proventos de inatividade, o servidor aposentado que comprovadamente tenha desempenhado as funções comissionadas previstas na legislação pelo prazo de 5 (cinco) anos ininterruptos ou 10 (dez) anos intercalados, requisito temporal a ser preenchido antes da publicação da Emenda Constitucional n. 20/98. 2 - A incorporação de verba de gratificação a proventos de inatividade, à míngua dos requisitos temporais trazidos no artigo 267 da Lei 10.460/1988 mostra-se flagrantemente ilegal, situação que autoriza o exercício da autotutela pela Administração Judiciária, com esteio no princípio da legalidade a que se submetem os atos administrativos. Súmula 473 , STF. 3. Segurança denegada. Nas razões recursais, alega-se, em síntese que "antes da promulgação da EC 20/98 a Impetrante havia, sim, implementado os requisitos necessários para fazer jus ao direito adquirido da incorporação de gratificação por função (art. 267, I da Lei nº 10.460/88)" (fl. 314e). Sustenta que "ainda que não tivesse preenchido os requisitos do art. 267 da Lei 10.460/88 ao tempo da promulgação da EC 20/98, a aposentadoria por invalidez com proventos integrais conferiria ao servidor o direito à incorporação da gratificação de função" (fl. 314e). Argumenta que o entendimento do tribunal de origem não merece prosperar porquanto a segurança foi denegada na premissa de que a Impetrante não teria completado o interstício temporal 5 (cinco) anos exigido por lei estadual para a aquisição do direito de incorporação da gratificação de função, até a publicação da EC 20/98, de forma que a recusa desta não é ato ilegal, mas mero exercício do poder-dever de autotutela da AdministraçãoPública. Assevera que a decisão deve ser reformada pela comprovação de que a impetrante definitivamente preenche o requisito temporal para fazer jus à incorporação pois já exercia cargo comissionado, anteriormente à posse no cargo efetivo, e que, não sendo o caso de considerar-se o preenchimento do requisito temporal, que lhe deve ser garantida a incorporação mediante uma leitura principiológica do caso. Com contrarrazões (fls. 322/337e), subiram os autos a esta Corte, admitido o recurso na origem (fl. 339e). O Ministério Público Federal manifestou-se às fls. 355/360e, pelo improvimento do recurso. Feito breve relato, decido. Por primeiro, consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 2015. Nos termos do art. 932, III, do Código de Processo Civil, combinado com os arts. 34, XVIII, a, e 255, I, ambos do Regimento Interno desta Corte, o Relator está autorizado, por meio de decisão monocrática, a não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, passo ao exame do recurso. De fato, o tribunal de origem decidiu que a Recorrente não faz jus à incorporação da gratificação pleiteada porquanto não preencheria os requisitos necessários, conforme extrai-se dos seguintes excertos do acórdão recorrido (fls. 299/301e): Com efeito, o artigo 267 da Lei Estadual n. 10.460/1988 1 (Estatuto dos Servidores Públicos do Estado de Goiás) previa a possibilidade de incorporação de gratificações percebidas, em cargos em comissão ou funções de confiança, aos proventos de aposentadoria, desde que obedecidos os interstícios mínimos de 5 (cinco) anos ininterruptos, ou 10 (dez) anos intercalados. Em que pese as modificações trazidas com a EC n. 20/1998, máxime a impossibilidade da remuneração na inatividade exceder a do cargo efetivo em que se deu a aposentadoria, consoante artigo 40, § 2º, CF/1998 2, buscou a referida emenda, em seu artigo 3º, § 3º, resguardar o direito adquirido, em prestígio ao art. 5º, XXXVI, Carta Magna. Em suma, a norma previdenciária passou a calcular a aposentadoria com base exclusivamente no valor do cargo efetivo, não mais se incluindo no benefício as parcelas do cargo em comissão ou função comissionada cujo direito constava do citado art. 267, Lei 10.460/88. Todavia, o servidor que tenha cumprido o tempo de serviço (total) sob a égide da lei anterior, incorpora ao seu patrimônio o direito à aposentação de acordo com a norma jurídica da época em que reunir os requisitos para obtenção do benefício. Tal acepção, como já ressaltada, preserva o direito adquirido, desconsiderando, porém, a situação dos servidores que ainda tinham mera expectativa de direito, isto é, que ainda caminhavam para completar os requisitos previstos em lei para alcance de situação eventualmente mais benéfica, como o preenchimento do lapso temporal previsto no normativo de regência. Assim, fixada a premissa de ser aplicável supracitada regra do artigo 267 e incisos do Estatuto dos Servidores Públicos do Estado de Goiás somente aos servidores que tenham implementado o interregno temporal necessário até a publicação da EC 20/98, retorno à análise do caso concreto. Dos documentos acostados, extrai-se que, até a investidura da impetrante no cargo efetivo de técnico judiciário (Decreto Judiciário 1.299/1992 evento nº 1, arquivo 2), havia ocupado o cargo comissionado de assessor jurídico de Desembargador, à época rubricado como DAS 102.4, por períodos intercalados, quais sejam, 03.10.1988 a 19.02.1989 (Decreto Judiciário 1036/1988 evento nº 1, arquivo 2); 01º.09.1989 a 28.02.1990 (Decreto Judiciário 83/1989 evento nº 1, arquivo 2); e 01º.02.1991 a 30.12.1992 (Decreto Judiciário 320/1990 evento nº 1, arquivo 2). Já em 30.12.1992, quando investida no cargo de técnico judiciário de forma efetiva, a impetrante, de início (14.01.1993 a 01.02.1993), ocupou o cargo em comissão de assessor jurídico da Presidência (Decreto Judiciário 087/1993 evento nº 1, arquivo 2), posteriormente sendo nomeada para o cargo em comissão de assistente executivo de Desembargador (Decreto Judiciário 232/1993 evento nº 1, arquivo 2), em 02.02.1993, permanecendo até 31.08.1997, totalizando 04 anos, 06 meses e 29 dias (evento nº 1, arquivo 3). Empós o intervalo de 4 (quatro) meses, a servidora impetrante voltou a ocupar cargo em comissão, nominado de auxiliar de gabinete entre 01º/12/1997 a 16/12/1998, perfectibilizado pelo Decreto Judiciário nº 1668/1997. Em seguida, exerceu função gratificada, também de forma interrompida, nos períodos de: 01º.02.1999 a 11.09.2000 (Decreto Judiciário 383/1999); 17.08.2001 a 31.01.2005 (Decreto Judiciário 1284/2001); 01º.02.2005 a 14.03.2006 (Decreto Judiciário 686/2006); 15.03.2006 a 01º.08.2010 (Decreto Judiciário 375/2006); e, por fim, 13.01.2011 a 06.07.2011 (Decreto Judiciário 1003/2011). Repisa-se que referidos períodos, por terem sido exercidos após a publicação da EC nº 20/98, mostram-se irrelevantes para a análise do caso concreto. Diante do historiado e das informações apresentadas pela impetrante na própria exordial, até a publicação da Reforma Previdenciária trazida pela EC 20/1998, havia exercido funções gratificadas por um período entremeado de 8 (oito) anos e 4 (quatro) meses, além do maior tempo ininterrupto no mesmo cargo de 4 (quatro) anos, 6 (seis) meses e 29 (vinte e nove) dias, concluindo-se, pois, não preenchidos os requisitos temporais contidos no referido art. 267 da Lei Estadual 10.460/88 5 (cinco) anos ininterruptos ou 10 (dez) anos intercalados , autorizadores da almejada incorporação da gratificação de função.(Destaque meu). Nas razões do Recurso Especial, tal fundamentação não foi refutada, implicando a inadmissibilidade do recurso, visto que esta Corte tem firme posicionamento segundo o qual a falta de combate a fundamento suficiente para manter o acórdão recorrido justifica a aplicação, por analogia, da Súmula n. 283 do Colendo Supremo Tribunal Federal: É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles. Nessa linha, destaco os seguintes julgados de ambas as Turmas que compõem a 1ª Seção desta Corte: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OCUPAÇÃO DE TERRA PÚBLICA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DEMOLIÇÃO DE CONSTRUÇÃO. OMISSÃO NÃO CARACTERIZADA. INTERPRETAÇÃO DE LEI LOCAL. SÚMULA N. 280 DO STF. ACÓRDÃO A QUO QUE CONCLUI, COM BASE NOS FATOS E PROVAS DOS AUTOS, PELA IRREGULARIDADE DA EDIFICAÇÃO. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. FUNDAMENTO AUTÔNOMO INATACADO. SÚMULA N. 283 DO STF. ALEGADA VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL. DISPOSITIVOS NÃO INDICADOS. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA N. 284 DO STF. (...) 4. A argumentação do recurso especial não atacou o fundamento autônomo e suficiente empregado pelo acórdão recorrido para decidir que o Código de Edificações do Distrito Federal autoriza à Administração Pública, no exercício regular do poder de polícia, determinar a demolição de obra irregular, inserida em área pública e de preservação permanente. Incide, no ponto, a Súmula 283/STF. 5. Revelam-se deficientes as razões do recurso especial quando o recorrente limita-se a tecer alegações genéricas, sem, contudo, apontar especificamente qual dispositivo de lei federal foi contrariado pelo Tribunal a quo, fazendo incidir a Súmula 284 do STF. 6. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 438526/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 08/08/2014); ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. FASE DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA CONDENATÓRIA POR ATO DE IMPROBIDADE. BENS IMÓVEIS PENHORADOS, LEVADOS A HASTA PÚBLICA E ARREMATADOS. SUPERVENIÊNCIA DE DECISÃO EM AÇÃO RESCISÓRIA, RESCINDINDO O ACÓRDÃO CONDENATÓRIO. PRETENSÃO DE ANULAÇÃODAS ARREMATAÇÕES. NECESSIDADE DE AÇÃO PRÓPRIA. IMÓVEIS QUE TERIAM SIDO ARREMATADOS POR PREÇO VIL. INDENIZAÇÃO QUE DEVE SER BUSCADA EM AÇÃO PRÓPRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO CUJOS FUNDAMENTOS NÃO SÃO IMPUGNADOS PELAS TESES DO RECORRENTE. SÚMULA N. 283 DO STF. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. (...) 4. Com relação aos demais pontos arguidos pelo recorrente, forçoso reconhecer que o recurso especial não merece conhecimento, porquanto, além da ausência de prequestionamento das teses que suscita (violação dos artigos 687, 698 do CPC e 166, inciso IV, e 1.228 do Código Civil) (Súmula n. 211 do STJ), tem-se que as razões recursais não impugnam, especificamente, os fundamentos do acórdão recorrido, o que atrai o entendimento da Súmula n. 283 do STF. 5. Não sendo possível o retorno ao status quo ante, deve o prejudicado pedir indenização por meio de ação própria, caso entenda que aquela arbitrada pelo juízo da execução é insuficiente para recompor sua indevida perda patrimonial. Recurso especial não conhecido. (REsp 1407870/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 19/08/2014). Isto posto, com fundamento nos arts. 932, III, do Código de Processo Civil e 34, XVIII, a, e 255, I, ambos do RISTJ, NÃO CONHEÇO do Recurso Ordinário. Publique-se e intimem-se. Brasília (DF), 28 de agosto de 2018. MINISTRA REGINA HELENA COSTA Relatora
(STJ - RMS: 57314 GO 2018/0098227-0, Relator: Ministra REGINA HELENA COSTA, Data de Publicação: DJ 30/08/2018)
Com base nas premissas ora explanadas, pode-se inferir que a Medida Provisória nº W é uma norma evidentemente inconstitucional, tendo em vista a sua intenção de reduzir gradativamente os proventos que dizem respeito à aposentadoria de servidores públicos federais. Tal defeito normativo torna-se irrefutável quando analisado à luz da Constituição Federal, mais precisamente sob o artigo 40, §2º, no que se refere à irredutibilidade, e ainda o próprio artigo 6º que eleva a previdência social ao patamar de direito social. 
	Diante disso, verifica-se que há violação material de um direito fundamental humano, bem como afronta direta e literal a norma constitucional, cabendo a este Supremo Tribunal Federal analisar o referido ato normativo, com a finalidade de salvaguardar a Supremacia da Carta Magna e impedir que os servidores, alvos de tamanha anomalia, venham a ser prejudicados. 
 
IV- MEDIDA CAUTELAR
A concessão de medida cautelar demanda fundamentalmente a presença de dois requisitos, sendo eles: o fumus boni iuris (fumaça do bom direito) e o periculum in mora (perigo da demora).
O fumus boni iuris diz respeito ao risco de ofensa ao devido processo legal e de vulnerabilidade irreparável aos servidores públicos federais aposentados, tendo em vista a instabilidade que a medida provisória importa no tocante ao cancelamento total de as aposentadorias. Logo, essa medida ofende ao princípio do direito adquirido, consoante art. 5, inc. XXXVI, sendo considerado como cláusula pétrea diante do art.60, inc IV.
Já o periculum in mora se observa no risco de que a medida provisória altere dramaticamente o já débil cenário previdenciário do pais, com brutais impactos sobre a aposentadoria dos servidores federais. 
Assim a medida provisória não deve surtir efeitos, sendo este o grande risco e perigo na demora da ação. Nesse cenário, requerer-se a concessão da medida cautelar para sustar os efeitos repugnantes e contrários à Constituição Federal da Medida Provisória n° W. 
V – PEDIDO
1) Notificação da PRESIDÊNCIA DA REBÚBLICA, da CÂMARA DOS DEPUTADOS e do SENADO FEDERAL, por intermédio de seus presidentes, para que, como órgãos/ autoridades responsáveis pela elaboração dos dispositivos ora impugnados manifestem-se, no prazo de cinco dias, sobre o pedido de concessão de medida cautelar, com base no art. 10 da Lei 9.868/99;
2) A concessão de medida cautelar, inaudita altera pars, com base no art. 10 da Lei nº 9.868/99, a fim de determinar-se a suspensão da eficácia da Medida Provisória nº W, até o julgamento do mérito;
3) A citação do Advocacia-Geral da União para se manifestar sobre o mérito da presente ação, no prazo de quinze dias, nos termos do art. 8º da Lei nº 9.868/99 e da exigência constitucional do art. 103, §3º;
4) A citação do Exmo. Sr. Procurador Geral da República para que emita o seu parecer, nos termos do art. 103 § 1º da Carta Política;
5) A procedência, no mérito:
a.
b.
Dar-se-á o valor da causa em 1.000 (mil) reais para os feitos fiscais.
 Nestes termos,
 Pede o deferimento.
 São Luís, 08 de junho de 2020
 Advogado
 OAB/MA XXXX

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