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Excelentíssimo Senhor juízo do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre/RS. Túlio, já qualificado nos autos de nº em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado signatário, inconformado com a referida decisão, que o pronunciou, vem, respeitosamente, dentro do prazo legal, perante Vossa Excelência, interpor: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, Com fulcro no art. 581, inciso IV, do CPP. Requer seja recebido e processado o presente recurso e, caso Vossa Excelência entenda que deva ser mantida a respeitável decisão, que seja encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça com as inclusas razões. Nesses Termos, Pede Deferimento. Porto Alegre/RS, 25 de junho de 2018. Advogado OAB n° RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: Túlio RECORRIDA: Justiça Pública Autos do processo nºXXX Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Douto Procurador de Justiça, Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo juiz "a quo", impõe-se a reforma de respeitável sentença que pronunciou o Recorrente, pelos motivos de fato e de direito a seguir aludidos: I – Dos Fatos O recorrente foi pronunciado por tentativa de aborto, conforme artigo 126, caput, c/c artigo 14, II, ambos do código penal, vez que comprara remédio abortivo a fim de que sua namorada fizesse uso. Na audiência de instrução foram ouvidas as testemunhas e Joaquina, assim como interrogado o réu, todos confirmando o ocorrido. As partes apresentaram alegações finais orais, e o juiz determinou a conclusão do feito proferindo, após, decisão de pronúncia, sendo as partes intimadas da decisão em 18/06/2018. II – Do Fundamento a) PRELIMINARES a.1) DA PRESCRIÇÃO Considerando que o réu foi pronunciado com fundamento no artigo 126 c/c 14, II do CP, a pena máxima para este delito seria de 04 anos que, com base no artigo 109, IV do CP, prescreveria em 08 anos. O réu, na data dos fatos, era menor de 21 anos, já que nasceu em 01/01/1996, os fatos ocorreram em 03/01/14devendo ser dessa maneira o prazo prescricional diminuído pela metade, conforme artigo 115 do CP, sendo, pois, de 04 anos. Uma vez que entre a data do recebimento da denúncia, 22/01/2014 e a decisão confirmatória de pronúncia, 18/06/2018, passaram-se mais de quatro anos. Desta forma, requer a extinção da punibilidade do réu, conforme artigo 107, IV do Código de Processo Penal. Não restando responsabilidade jurídica penal a ser imputada ao recorrente. a.2) DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Não foi cedido ao réu o instituto despenalizador, mesmo que a defesa técnica tenha arguido. Em razão disso é mister observar o disposto no 89 da lei 9.099/95, que garante a suspensão condicional do processo, já que a pena mínima prevista para o delito imputado ao acusado não excede a um ano. Ademais, o acusado é primário e preenche os requisitos do artigo 77 do CP. Em razão disso, não óbice para a aplicação do referido instituto legal. a.3) DA NULIDADE Após as alegações finais das partes, foi juntado aos autos documento de atestado médico, folhas de antecedentes criminais do réu, bem como o exame de corpo de delito e, de imediato, o magistrado proferiu decisão de pronúncia. Ora, há explícita violação ao artigo 5º, LV, da CRFB, que assegura o princípio do contraditório e ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes. Em razão disso, requer o reconhecimento da nulidade conforme artigo 564, IV, do CPP, uma vez que o contraditório constitui elemento essencial do ato, devendo este ser refeito. b) DO MÉRITO b.1) DO CRIME IMPOSSÍVEL O recorrente foi denunciado com incurso nas sanções previstas dos artigos 126, caput c/c artigo 14, II, ambos do CP, acusado de comprar substância abortiva a fim de que sua namorada fizesse uso. Supostamente, com a intenção de matar o feto, sendo após, pronunciado nestes termos. Entretanto, houve informação da equipe médico hospitalar que, na verdade, a namorada do recorrente nunca esteve grávida, e que apenas possuía um cisto que fora expelido para fora. Logo, não se tratava de um feto. Diante desse argumento que fundamenta a tese do crime impossível por impropriedade absoluta do objeto, não há que se falar em tentativa de aborto, vez que inexistia bem jurídico a ser tutelado. Portanto, de acordo com o artigo 17 do Código Penal, a conduta do réu é atípica, não incidindo a responsabilização pela tentativa, merecendo o mesmo ser absolvido com fulcro no artigo 415, III do Código de Processo Penal. III – Do Pedido Ante o exposto requer: a) Que seja conhecido e provido o presente recurso, impronunciando-se o recorrente, como medida de justiça. a) Que seja reconhecida a prescrição e a seguinte extinção da punibilidade. b) Que seja reconhecida a nulidade na instrução por não aplicação do Sursis processual e consequente anulação da pronúncia. c) Que seja reconhecida a nulidade por juntada aos autos após alegações finais ferindo o contraditório e ampla defesa. d) que seja aplicada a absolvição sumária art.415, III, CP pelo fato atípico em razão do crime impossível. Porto Alegre/RS, 25 de junho de 2018. Advogado OAB n°
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