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Inspeção de Vasos de Pressão 2014 Guilherme V. P. DONATO guilhermedonato@uol.com.br Inspeção de Vasos de Pressão 2014 1 / 116 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 2 2 – DESCRIÇÃO ............................................................................................................................................ 4 2.1 – COMPONENTES ............................................................................................................................. 4 2.2 – DIMENSÕES CARACTERÍSTICAS ............................................................................................. 10 2.3 – ABERTURAS E REFORÇOS........................................................................................................ 11 2.4 – PEÇAS INTERNAS DOS VASOS DE PRESSÃO ...................................................................... 18 2.5 – ACESSÓRIOS EXTERNOS DOS VASOS DE PRESSÃO ........................................................ 19 2.6 – SUPORTES .................................................................................................................................... 20 2.7 – FLANGES ....................................................................................................................................... 22 3 – CÓDIGOS DE PROJETO ..................................................................................................................... 28 3.1 –INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 28 3.2 –PD-5500 - UNFIRED FUSION WELDED PRESSURE VESSELS ............................................. 33 3.3 – AD – MERKBLATTER ................................................................................................................... 33 3.4 –CÓDIGO ASME - THE AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS ..................... 34 4 – TENSÕES ADMISSÍVEIS ..................................................................................................................... 46 5 – ESPESSURAS PADRONIZADAS E SOBRESPESSURA DE CORROSÃO ................................... 49 6 – DEFINIÇÕES ......................................................................................................................................... 51 7 – DIMENSIONAMENTO DE COMPONENTES (PRESSÃO INTERNA) ............................................. 56 8 – TESTES DE PRESSÃO ........................................................................................................................ 77 8.1 – TESTE HIDROSTÁTICO ............................................................................................................... 77 8.2 – TESTE PNEUMÁTICO OU HIDROPNEUMÁTICO ..................................................................... 81 9 – ABERTURAS E REFORÇOS (ASME Seç.VIII – Divisão 1) .............................................................. 83 10 – MATERIAIS .......................................................................................................................................... 86 10.1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 86 10.2 – COMPORTAMENTO EM ALTAS TEMPERATURAS ............................................................... 88 10.3 – COMPORTAMENTO EM BAIXAS TEMPERATURAS ............................................................. 92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 116 Inspeção de Vasos de Pressão 2014 2 / 116 1 – INTRODUÇÃO Vasos de pressão são todos os reservatórios destinados ao armazenamento e processamento de líquidos e gases sob pressão ou sujeitos à vácuo total ou parcial. O código ASME – Pressure Vessel Boiler Code define vasos de pressão como sendo todos os reservatórios, de qualquer tipo, dimensões ou finalidade, não sujeitos a chama, que contenham qualquer fluído em pressão manométrica igual ou superior a 1,02 kgf/cm2 (15 psig) ou submetidos à pressão externa. A grande maioria dos vasos de pressão são itens projetados e construídos “taylor-made”, ou seja, por encomenda . Desta forma, são dimensionados, projetados e fabricados para atender determinadas condições de processo, pressão e temperatura, bem como tendo seu material selecionado para operar com determinado fluido e condição de corrosão. O objetivo do projeto e fabricação de vasos de pressão é o de assegurar que tais equipamentos possam exercer suas funções, sem risco considerável, submetidos aos carregamentos, temperaturas e pressões previstas. São exigidos cuidados especiais relacionados ao projeto, fabricação, montagem e testes e um elevado grau de confiabilidade devido ao Regime contínuo de trabalho, Cadeia contínua de produção (normalmente não possui reserva) e Condições operacionais de risco , onde entendemos “risco” como a probabilidade de ocorrência de grande perigo ou dano. Os vasos de pressão são empregados em três condições distintas. � Armazenamento de gases sob pressão Os gases são armazenados sob pressão para que se possa ter um grande peso num volume relativamente pequeno. � Acumulação intermediária de líquidos e gases Isto ocorre em sistemas onde é necessária a armazenagem de líquidos ou gases entre etapas de um mesmo processo ou entre processos diversos. � Processamento de gases e líquidos Inúmeros processos de transformação em líquidos e gases precisam ser efetuados sob pressão. Vasos de pressão e tubulações são utilizados em diversos ramos da indústria, podendo-se citar as indústrias químicas, petroquímicas, de petróleo, alimentícia, siderúrgica, etc,... Estes equipamentos são empregados para conter e transportar fluidos, muitas vezes perigosos, ou em estado termodinâmico perigoso. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 3 / 116 Exemplos de aplicação: � Indústrias químicas e petroquímicas � Indústrias alimentares e farmacêuticas � Refinarias � Terminais de armazenagem e distribuição de petróleo e derivados. � Estações de produção de petróleo em terra e no mar. Os vasos de pressão podem ser classificados em dois grupos: Vasos não sujeitos a chama: � Vasos de armazenamento e acumulação; � Torres de destilação fracionada, retificação, absorção, etc,... � Reatores diversos; � Esferas de armazenamento de gases; � Permutadores de calor; � Aquecedores; � Resfriadores; � Condensadores; � Refervedores; � Resfriadores a ar Vasos sujeitos a chama: � Caldeiras; � Fornos. Outra classificação didática é empregada para diferenciar vasos de pressão de tanques de armazenamento. � 0 - 2,5 psig: API-650 � 2,5 - 15,0 psig: API-620 � 15,0 psig e vácuo: ASME, PD-5500, Ad-Merkblatter, etc,... Inspeção de Vasos de Pressão 2014 4 / 116 2 – DESCRIÇÃO 2.1 - COMPONENTES A imensa maioria dos vasos de pressão é fabricada a partir de chapas de aço, ligadas entre si por soldagem. Como a dimensão usual para as chapas de aço é de 12,40 m x 2,44 m, podemos deduzir as dimensões possíveis para a utilização de uma única chapa. A utilização de várias chapas conformadas no diâmetro necessário para a construção do vaso nos permite a fabricação de vasos com as mais diversas dimensões. Prática recomendada: defasar as soldas longitudinais, de maneira a evitar a propagação de alguma trinca ao longo de um caminho preferencial. Para valores superiores seria necessária a soldagem de várias chapas. Contudo, devemos salientarque devemos evitar a existência de uma solda integralmente dentro da região de maior curvatura do tampo (cerca de 75% do raio externo). Vasos com dimensões mínimas (até ØDIC de 12 polegadas) são usualmente fabricados de tubos sem costura. Até 610 mm (cerca de 24 polegadas), a utilização de tubos com costura não é incomum, ressalvado o fator econômico. Figura 1 - Disposição de soldas em tampos conformados Inspeção de Vasos de Pressão 2014 5 / 116 Em um vaso de pressão podemos distinguir os seguintes componentes: - Corpo (casco ou costado): Normalmente cilíndrico, cônico, esférico ou combinação dessas formas. Teoricamente, o formato ideal para um vaso de pressão é uma esfera, com a qual se chega à menor espessura de parede e, portanto, ao menor peso, para um mesmo volume interno. Entretanto, os vasos esféricos são caros e difíceis de fabricar, justificando-se, somente, em condições de grande volume interno e/ ou elevada pressão, quando sua menor espessura é justificável economicamente. Tampos: Normalmente nos tipos semi-elípticos, toro-esféricos, semi-esféricos. cônicos, toro-cônicos, toro-esféricos e planos. Figura 3 – Formatos geométricos de tampos de vasos de pressão Figura 2 - Esfera de GLP Diâmetro: 18,8 m Pressão: 20 bar Espessura: 76 mm Inspeção de Vasos de Pressão 2014 6 / 116 Os tampos elipsoidais que tem a relação entre semi-eixos de 2:1 são denominados tampos elipsoidais ‘padrão’. Os tampos torisféricos com relação de semi-eixos 2:1 devem ser preferencialmente do tipo conhecido como “falsa elipse”. O código ASME permite que tampos torisféricos “falsa-elipse” possam ser dimensionados através das equações de cálculo para tampos semi-elípticos1. Tabela 1 - Relações Geométricas de Tampos Torisféricos Geometria L r h ASME 6% D 0,06.D 0,169.D ASME 10% D 0,10.D 0,194.D ASME 2:1 0.904.D 0.173.D 0.250.D (Falsa elipse) A fabricação de tampos semi-elípticos possui um custo mais elevado pela necessidade de uma matriz específica para o diâmetro e relação de eixos da geometria. Os tampos torisféricos são obtidos pela conjugação de 2 diferentes geometrias: calota esférica central, obtida por prensagem e raio da região tórica, obtida por rebordeamento da chapa. Os tampos elípticos ou toroesféricos podem ser conformados em uma única peça de diâmetro de 1,80 m, utilizando-se uma única chapa. Caso a sua conformação provoque uma deformação nas fibras externas superiores a 5%, o Código ASME exige a realização de um tratamento térmico de alívio de tensões. Figura 4 - Fabricação de tampo semi-elíptico (fonte ATB – Itália) 1 Os códigos de projeto ASME Seção VIII – Divisão 2, Edição de 2007 e o Ad-Merkblatter permitem a construção de tampos torisféricos com espessuras diferentes para a região da calota central e da periferia. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 7 / 116 Figura 5 - Preparação de chanfro para soldagem Figura 6 - Tampo torisférico de grandes dimensões Os tampos semi-esféricos podem ser empregados em equipamentos com pressões mais elevadas, onde o “lay-out” permita. A vantagem está relacionada ao menor nível de tensões atuantes. Figura 7 - Tampo semi-esférico Inspeção de Vasos de Pressão 2014 8 / 116 Os tampos cônicos possuem resistência mecânica inferior ao costado cilíndrico, o que exige maiores espessuras. Para cones com semi-ângulos superiores a 30o é exigida uma análise de tensões para o dimensionamento, não sendo mais válidas as equações de cálculo do código ASME e outros. A utilização de uma transição tórica entre o tampo cônico e o costado cilíndrico permite uma melhor acomodação das tensões existentes nas mudanças geométricas e confere uma resistência maior a transição entre os componentes. Figura 8 - Tampo cônico em Tambor de Coque Os tampos planos são utilizados, normalmente, quando temos pressão baixa e, normalmente, são do tipo removível para facilitar o acesso para manutenção. Figura 9 - Reprodução da Figura UG-34 do ASME Seção VIII – Divisão 1 Inspeção de Vasos de Pressão 2014 9 / 116 A tabela abaixo exemplifica as espessuras mínimas requeridas (aproximadas) em função da geometria do tampo. Tabela 2 - Comparação de Espessuras Requeridas em Diferentes Tampos Costado cilíndrico com espessura mínima requerida de 25,0 mm, conectado ao tampo: Tipo de tampo de fechamento do costado Espessura mínima requerida (aproximada) Elipsoidal 2:1 25,0 mm Torisférico 6% 44,3 mm Torisférico 10% 38,5 mm Torisférico Falso elipse 29,8 mm Semi-esférico 12,5 mm Cônico 10 o 25,4 mm Cônico 20 o 26,6 mm Cônico 30 o 28,9 mm A escolha do tipo de tampo é função de determinados fatores, como por exemplo: Exigência de Serviço, Diâmetro e Pressão de Operação. Algumas características de tampos são resumidas a seguir. Tabela 3 - Resumo das Características de Tampos Tipo de Tampo Características Semi-elíptico Resistência igual ao casco cilíndrico de mesmo diâmetro, para a relação 2:1, que é a geometria mais comum. Dificuldades para a fabricação pela necessidade de uma matriz específica para a conformação do tampo. Toro-esférico Raio interno máximo da calota esférica = diâmetro externo do casco; Raio mín. concordância tórica : 6% do diâmetro interno da calota; Mais fracos do que os semi-elípticos; Mais fáceis de fabricar; Para o tampo torisférico com geometria falso elipse é permitido o dimensionamento conforme equação de cálculo de tampos elipsoidas. Semi-esférico Melhor resistência mas com construção difícil; Empregados quando os diâmetros são muito grandes (> 6,0 m), maiores pressões e quando o espaço permite. Cônico Baixa resistência, principalmente na região de ligação entre o tampo e o costado cilíndrico, mas com construção bastante fácil; Podem ter concordância tórica; Empregados por exigência do processo, diâmetros médios e baixa pressão. Plano Vários tipos, removíveis ou não; Baixa resistência sendo exigidas grandes espessuras; Empregados em diâmetros pequenos e tampos removíveis Inspeção de Vasos de Pressão 2014 10 / 116 2.2 - DIMENSÕES CARACTERÍSTICAS As dimensões características de um vaso de pressão são as seguintes: � Diâmetro Interno (DI) � Diâmetro Externo (DE) � Comprimento entre tangentes (CET) O comprimento entre tangentes é o comprimento total do corpo cilíndrico, ou a soma dos comprimentos dos corpos cilíndricos e cônicos sucessivos. As linhas de tangência, que limitam o comprimento entre tangentes, são linhas traçadas próximo a ambos os extremos do casco, na tangência entre o corpo cilíndrico e os tampos de fechamento. A figura a seguir apresenta alguns vasos de pressão típicos e suas dimensões características. Figura 10 - Vasos de pressão e suas dimensões características CET Costado cilíndrico Costado cilíndrico Costado cônico Suporte Di De De Di CET Costado cilíndrico Tampo Suporte De Di CET CET De Di Suporte Cilíndrico Vertical Cilíndrico Vertical Cilíndrico Inclinado Cilíndrico Horizontal De Di CET Di De Suporte Suporte Cilíndrico Cônico Esférico Inspeção de Vasos de Pressão 2014 11 / 116 2.3 - ABERTURAS E REFORÇOS Todos os vasos de pressão tem sempre várias aberturas com diversas finalidades. Bocais (nozzles) são as aberturasfeitas nos vasos para: � Ligação com tubulações de entrada e saída de produto; � Instalação de válvulas de segurança; � Instalação de instrumentos, drenos e respiros. Quando um furo circular é realizado em uma chapa infinita, sujeita a uma tensão uniaxial σ, uma elevada concentração de tensões ocorre próxima ao furo. Figura 11 - Distribuição de tensões em um furo O valor desta tensão é máximo quando a = r, na seção n-n, e θ = 90º Kt.σ = (σ / 2).(2 + a2 / r2 + 3.a4 / r4) = 3.σ Pode-se observar que o efeito do furo é rapidamente atenuado e que na seção m-m surge uma tensão de compressão igual a -σ. O valor de concentração de tensões causados por um furo circular num cilindro ou esfera sujeito à pressão interna ou externa pode ser obtido por superposição de efeitos, a partir das considerações anteriores. No caso de um cilindro, a tensão circunferencial é o dobro da longitudinal. Desse modo, a tensão máxima na seção n-n será : 3.σy - σx = 2,5.σy No caso de uma esfera, onde as tensões circunferencial e longitudinal tem o mesmo valor, temos: 3.σy - σx = 2.σy 3 2 1 K t.σσσσ a 2a 3a 4a 5a σ m n n m a a 2a 3a 4a +1 0 -1 K t.σσσσ σ Inspeção de Vasos de Pressão 2014 12 / 116 Os dois requisitos básicos necessários ao material que é colocado como reforço junto a aberturas num vaso de pressão são : 1. Deverá ser suficiente para compensar o enfraquecimento da parede do vaso provocado pela abertura; 2. Deverá ser colocado dentro de determinados limites, a partir da extremidade da abertura, para minimizar o efeito de concentração de tensões. Para verificar os limites de reforço, utiliza-se a distribuição de tensões junto a um furo circular num casco cilíndrico, sujeito à pressão interna. σ1 = (σ / 2).(1 + a2 / r2) – (σ / 2).(1 + 3.a4 / r4).cos(2θ) [θ = π / 2] + + (σ / 4).(1 + a2 / r2) – (σ / 4).(1 + 3.a4 / r4).cos(2θ) [θ = 0] σ1 = (σ / 4).(4 + 3.a2 / r2 + 3.a4 / r4) Esta tensão decresce rapidamente junto ao furo, quando: r = a � σ1 = 2,5.σ r = 2a � σ1 = 1,23.σ Por este motivo, uma distância da extremidade da abertura igual ao seu raio é usualmente adotada como limite de colocação de reforço na superfície do vaso. Figura 12 - Limites de reforço paralelos à parede do equipamento Podem ainda existir aberturas feitas para permitir a ligação entre o corpo do vaso e outras partes do mesmo vaso; por exemplo, ligação a potes de drenagem (sumps). Uma abertura num vaso de pressão, embora necessária ao seu funcionamento, é um ponto de concentração de tensões. Para combater este efeito é necessário a colocação de reforços junto as aberturas feitas num vaso de pressão. σσσσ σσσσ σσσσ / 2 σσσσ / 2 n n Eixo longitudinal 2,5.σσσσ 1,23.σσσσ a r = 2a θθθθ Inspeção de Vasos de Pressão 2014 13 / 116 Os reforços normalmente utilizados são: � Disco de chapa soldado ao redor da abertura; � Utilização de maior espessura de parede para o vaso ou bocal; � Peças forjadas integrais; � Pescoço tubular com maior espessura. O disco de chapa soldado ao pescoço tubular e a parede do vaso é permitido para qualquer diâmetro, mas não deve ser usado quando a espessura da parede do vaso e igual ou superior a 50,0 mm. Não é recomendado para serviços com baixa temperatura, serviços cíclicos ou serviço com hidrogênio. Figura 13 – Tipos de reforços de abertura em vasos de pressão Inspeção de Vasos de Pressão 2014 14 / 116 A figura a seguir apresenta tipos de reforço de aberturas previstos pelos códigos de projeto. Anel de chapa soldado ao pescoço tubular e à parede do vaso: Permitido para qualquer diâmetro mas não deve ser usado quando a espessura da parede do vaso é igual ou superior a 50,0 mm. Não é recomendado para serviços em baixa temperatura ou para serviços cíclicos. Disco de chapa de maior espessura, soldado de topo no vaso: Permitido para qualquer diâmetro e pode ser usado nos casos em que o anel de chapa não é permitido ou não é recomendado. Peça forjada integral: Permitido para qualquer diâmetro, sem limitações, sendo entretanto sempre de custo elevado. Pescoço tubular de maior espessura: Permitido, sem limitações, para diâmetros nominais até 10”, inclusive, devendo o pescoço tubular ser de tubo sem costura ou de tubo forjado (o tubo forjado é preferido para esses casos). Figura 14 - Tipos de reforço de aberturas – conforme norma PETROBRAS N-253. O Código ASME apresenta critérios para reposição da área retirada (ver figura UG-37.1). Estes critérios são dependentes da abertura, ou melhor, critérios especiais são exigidos quando a abertura excede algumas dimensões, (parágrafo UG-36, Divisão 1): � Vasos com diâmetro até 60 polegadas (1530 mm): até metade (½) do diâmetro, mas não ultrapassando 20 polegadas; � Vasos com diâmetro superior a 60 polegadas: um terço (⅓) do diâmetro, mas não excedendo 40 polegadas (1020 mm). Inspeção de Vasos de Pressão 2014 15 / 116 Caso excedam esta recomendação, o cálculo do reforço deve atender as exigências do apêndice 1 da Divisão 1. Da mesma forma, aberturas muito próximas tendem a exercer um efeito uma sobre a outra, pois as regiões afetadas na parede do vaso acabam se sobrepondo. Para evitar este efeito, procuramos afastar as aberturas de tal maneira que a distância livre entre elas seja superior ao seu diâmetro médio. A figura UW-16.1 apresenta vários tipos usuais deste reforço. A seleção de um destes tipos será baseada: � Fatores econômicos – o tipo da figura (a-1) – anel sobreposto - é o mais barato, sobreposto ao casco e soldado a este por soldas em ângulo, mas apresenta alta concentração de tensões, além de fraca resistência à fadiga por esforços cíclicos; � Concentração de tensões – o reforço da figura (e) é um disco de maior espessura, soldado de topo à parede do vaso; � Inspeção facilitada – os tipos da figura abaixo (f-1 até f-4) são os mais facilmente radiografáveis, já que ambas as soldas são de topo, já a figuras (g) é um pescoço do bocal com maior espessura; contudo estas figuras representam peças forjadas caras e, no caso da figura (g), de difícil radiografia. A Divisão 1, parágrafo UG-36(c) (3) (a) exige que o reforço seja calculado para aberturas de diâmetro nominal até: � Superior a 3½ polegadas (89 mm) para espessuras até 9,5 mm; � Superior a 2 ⅜ polegadas (60) quando a espessura é superior a 9,5 mm. Qualquer reforço é tanto mais eficiente quanto mais próximo estiver da borda da abertura e quanto mais simétrico for o reforço. Porém, o reforço não deve ser excessivo. Ele será dimensionado, basicamente, como uma reposição de área retirada. Mas será efetivo dentro de certos limites geométricos. Para tanto, a Divisão 1 apresenta limites máximos até onde o reforço é considerado efetivo: � Comprimento até o diâmetro interno da abertura; � Altura até 2,5 vezes a espessura do costado. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 16 / 116 Figura 15 - Desenhos esquemáticos de ligação bocal / vaso Inspeção de Vasos de Pressão 2014 17 / 116 Figura 15 – Desenhos esquemáticos de ligação bocal / vaso (cont.) Inspeção de Vasos de Pressão 2014 18 / 116 2.4 - PEÇAS INTERNAS DOS VASOS DE PRESSÃO A variedade de tipos e detalhes de peçasinternas em vasos de pressão e muito grande, dependendo essencialmente do serviço para o qual o vaso se destina. Todas as peças internas que devam ser desmontáveis, (grades, bandejas, distribuidores, defletores, extratores de névoa, etc...) devem ser obrigatoriamente subdivididas em seções, de tal maneira que cada seção possa passar com facilidade através das bocas de visita dos vasos. A figuras a seguir apresentam detalhes típicos de peças internas dos vasos de pressão. Figura 16 - Peças internas de vasos de pressão Inspeção de Vasos de Pressão 2014 19 / 116 2.5 - ACESSÓRIOS EXTERNOS DOS VASOS DE PRESSÃO Os vasos de pressão podem ter diversos tipos de acessórios externos, dentre os quais podemos citar como exemplo: � Reforços de vácuo. � Anéis de suporte de isolamento térmico externo. � Chapas de ligação, orelhas ou cantoneiras para suportes de tubulação, plataformas, escadas ou outras estruturas. � Suportes para turcos de elevação de carga. � Turcos para as tampas de bocas de visita e outros flanges cegos. A figura abaixo apresenta o desenho esquemático de uma torre com diversos acessórios externos. Figura 17 - Acessórios externos de vasos de pressão Inspeção de Vasos de Pressão 2014 20 / 116 2.6 - SUPORTES Existem vários tipos de estruturas de suporte, tanto para vasos verticais como para vasos horizontais. Vasos Verticais são usualmente sustentados por uma “saia” de chapa, embora vasos verticais de pequenas dimensões possam também ser sustentados em sapatas ou colunas. As torres devem ser suportadas por meio de saias. A saia de suporte deve ter um trecho com 1000 mm de comprimento a partir da ligação com o vaso, com o mesmo material do casco nos seguintes casos: � Temperatura de projeto abaixo de 15oC; � Temperatura de projeto acima de 340oC; � Serviços com Hidrogênio; � Vasos de aços-liga, aços inoxidáveis e materiais não ferrosos. As esferas para armazenagem de gases também são sustentadas por colunas, soldadas ao casco aproximadamente na linha do equador da esfera. A maioria dos vasos horizontais são suportados em dois berços (selas), sendo que para permitir a dilatação do vaso, em um dos berços os furos para os chumbadores são ovalados. São comuns os vasos horizontais superpostos, principalmente em permutadores de calor. As figuras a seguir apresentam diversos tipos de suportação de vasos de pressão. Figura 18 - Diagrama de seleção do tipo de suporte – conf. norma PETROBRAS N-253. 300 2000 3000 D(mm) H(mm) 6000 2000 Saia de Suporte D : diâmetro H : comprimento entre linhas de tangência Colunas de Suporte Inspeção de Vasos de Pressão 2014 21 / 116 Vasos Superpostos Vasos Suportados por Sapatas Torre Suportada por Saia Vaso sobre Colunas Vaso Suportado em Berços Vasos Horizontais Superpostos Figura 19 - Suportação de vasos de pressão Inspeção de Vasos de Pressão 2014 22 / 116 2.7 - FLANGES Existem vários tipos de flanges que são empregados para bocais e outras ligações flangeadas: � Flanges de pescoço (welding neck) – figura 2-4. (6) – é o tipo de maior resistência mecânica com melhor distribuição de tensões. Devido ao custo elevado por ser uma peça única forjada e usinada, apresenta uso restrito para diâmetros até 14 polegadas e serviços especiais; Figura 20 – Flanges de pescoço � Flange sobreposto (slip-on) – é um flange forjado, mais fácil obtenção, sendo fixado ao pescoço do bocal por uma solda de ângulo; � Flange de anel - ring type flange – mais fácil obtenção que o flange de pescoço, mas apresenta elevadas tensões na ligação soldada; Inspeção de Vasos de Pressão 2014 23 / 116 � Flange para solda de encaixe - socket-weld flange – empregado somente para diâmetros pequenos ( Ø <2”); Figura 21 – Flanges sobreposto e de anel � Flange de pescoço longo – long-weld neck – é uma peça forjada onde o flange e o pescoço compõe uma única peça. Empregado para diâmetros até Ø < 2”; � Flange solto – lap-joint flange – é um flange utilizado para serviços com fluidos corrosivos, onde devemos evitar o contato do flange com o produto. A resistência mecânica deste flange é muito baixa, motivo pelo qual não é utilizado em pressões ou temperaturas elevadas. Figura 22 – Flanges de pescoço longo e solto As normas dimensionais mais utilizadas no Brasil são a ASME B16.5 (para diâmetros até 24 ”) e a B16.47 (para diâmetros Ø > 24”, até Ø = 60”). Estas normas definem classes de pressão (ratings), em função do material e da temperatura de projeto, definindo as pressões máximas admissíveis para cada classe. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 24 / 116 Tabela 4 – Lista de materiais e grupos – ASME B16.5 Inspeção de Vasos de Pressão 2014 25 / 116 Tabela 4 - Lista de materiais e grupos – ASME B16.5 (cont.) Inspeção de Vasos de Pressão 2014 26 / 116 Tabela 4 - Lista de materiais e grupos – ASME B16.5 (cont.) Tabela 5 – Tabela de rating para o material grupo 1.1 Inspeção de Vasos de Pressão 2014 27 / 116 Figura 23 – Dimensões gerais de flanges padronizados (ASME B16.5) Tabela 6 – Dimensões de flanges Classe 150# Inspeção de Vasos de Pressão 2014 28 / 116 3 – CÓDIGOS DE PROJETO 3.1 - INTRODUÇÃO São textos normativos desenvolvidos por associações técnicas ou sociedades de normalização públicas ou particulares de diversos países. As normas de vasos de pressão abrangem não só critérios, fórmulas de cálculo e exigências de detalhes de projeto, mas também regras, detalhes e exigências de fabricação e montagem, inclusive inspeção. Devemos lembrar que as normas foram estabelecidas para principalmente garantir condições mínimas de segurança para a operação. Qualquer norma é um conjunto coerente, ou seja, suas exigências são todas interelacionadas e mutuamente interdependentes. Este ponto é extremamente importante: “NÃO PODEMOS MISTURAR CÓDIGOS DIVERSOS ”. A filosofia geral das normas consiste em limitar as tensões nos componentes elementares do vaso a uma fração de uma característica mecânica do material (limite de ruptura ou tensão de escoamento) ou a deformação máxima decorrente da fluência. Nenhuma norma de projeto destina-se a substituir ou a diminuir a responsabilidade do projetista. Caberá a ele a aplicação criteriosa do Código e sua será a responsabilidade integral. É interessante notar que as normas são documentos dinâmicos , submetidos rotineiramente a revisões e atualizações, acréscimos e até possíveis correções. Por este motivo, o projetista deve estar atento à última edição da norma e das variações que ela sofreu. No início do Século XIX, com o advento de diversos acidentes com caldeiras relacionado a Revolução Industrial, já havia uma necessidade de regulamentar o projeto da construção de vasos de pressão. Em 1851, ocorreu uma explosão catastrófica em Londres, onde uma investigação preliminar concluiu pela má qualidade de fabricação e pela utilização de materiais inadequados para trabalhos em altas pressões. Recomendou-se na ocasião a fabricação de caldeiras com ampla utilização de materiais forjados, uso de tampos hemisféricose a proteção do equipamento através de 2(duas) válvulas de segurança simultâneas. Entre 1870 e 1910, pelo menos 10.000 explosões em caldeiras foram registradas na América do Norte. Após 1910, a taxa se elevou para 1.300 a 1.400 falhas ao ano. Em 1905, ocorreu um explosão de caldeira em uma fábrica de sapatos em Brockton, Massachusetts (EUA), que motivou a criação de norma regulatória, denominada Massachusetts Rules, sobre o projeto e construção de caldeiras, emitida em 1907. O Comitê de Caldeiras do ASME foi criado em 1911, com publicação da primeira edição do código em 1914-1915, exclusivamente para Caldeiras Estacionárias (Seção I). Em 1924, seria publicada a Seção VIII, referente a vasos de pressão não sujeitos a chama. Nesta época já existiam normas europeias para caldeiras e vasos de pressão. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 29 / 116 Até a década de 60, os códigos eram baseados em critérios ditados pela experiência, com pouca base teórica e em mecanismos de falha mais simples. Simplesmente era exigido que a espessura do equipamento fosse capaz de suportar a tensão máxima atuante, e que o material fosse suficientemente dúctil de forma a acomodar, sem riscos imediatos, tensões de pico e tensões geradas em regiões de descontinuidades geométricas. Outro grupo, mais recentemente desenvolvido, tem por filosofia a adoção de maiores tensões de projeto, associadas a uma rigorosa e criteriosa análise de tensões, aplicação de teoria da plasticidade, conceitos de mecânica da fratura e da avaliação da vida útil à fadiga dos equipamentos. A motivação para este desenvolvimento decorreu do seguinte: 1) O advento e difusão da tecnologia com a construção de reatores nucleares, que exigiam um maior conhecimento de mecanismos de falha, análise e a classificação das tensões associadas a equipamentos, considerando a elevada consequência de um vazamento do fluido; 2) Necessidade de redução do conservadorismo no projeto convencional de vasos de pressão e na identificação de critérios deficientes para a definição do comportamento estrutural. Com a redução do nível de insegurança na definição do comportamento estrutural dos equipamentos, permitiu-se o estabelecimento de fatores de segurança mais adequados. O ASME Seç.III, editado em 1963, foi o primeiro código a utilizar tais desenvolvimentos. Figura 24 - Shoe factory after the boiler explosion of March 20, 1905 which led to the adoption of many state boiler codes and the ASME Boiler and Pressure Vessel Code (Hartford Steam Boiler Inspection & Insurance Company). The Brockton, Massachusetts shoe factory (58 mortos e 117 feridos). Inspeção de Vasos de Pressão 2014 30 / 116 Nesta época, os cálculos eram basicamente analíticos e desenvolvidos segundo teoria de cascas e placas. O cálculo numérico, com ferramentas mais poderosas, tais como o método dos elementos finitos era ainda restrito a trabalhos científicos mais específicos. Isto explica a definição de tensões admissíveis e mecanismos de falha com regras simples, baseadas em teorias de viga e cascas, que prevalece até hoje, por exemplo no código ASME. Como resultado da abordagem proposta foram identificados 2(dois) diferentes critérios de projeto: � Projeto convencional (design by rules): que emprega soluções analíticas consagradas para o dimensionamento de vasos com detalhes padronizados para a geometria dos componentes (casco, tampo, bocais, ..); � Projeto alternativo (design by analysis): que inclui componentes com geometrias e/ou carregamentos não convencionais, onde o dimensionamento depende de uma análise e classificação das tensões atuantes e comparação com valores admissíveis. O ASME Seç.VIII – Divisão 2 incorporou este critério de projeto em sua primeira edição em 1968. Como filosofia geral dos códigos de projetos, admite-se o critério de Leak Before Break (Vazar antes de romper), que é alcançado teoricamente pela limitação das tensões atuantes a uma fração das propriedades mecânicas dos materiais. São utilizadas equações simples associadas a fatores de segurança elevados no dimensionamento. A filosofia do código é implementada para a seleção dos materiais, definição dos testes de qualificação necessários, requisitos de fabricação, detalhes de projeto, ensaios não-destrutivos e destrutivos certificando a fabricação do equipamento e finalmente os ensaios e testes finais de aceitação do vaso de pressão ou da tubulação. As normas e códigos de projeto foram estabelecidos não só com a finalidade de padronizar e simplificar o cálculo e projeto dos vasos de pressão, como principalmente garantir condições mínimas de segurança para a sua operação. A experiência comprovou que a observância dessas normas torna muito baixa a probabilidade de ocorrência de acidentes graves. Por essa razão, embora muitas vezes não sejam de uso legal obrigatório, nem eximam de qualquer responsabilidade o projetista, são em geral exigidas como requisito mínimo de segurança por quase todos os projetistas e usuários de vasos de pressão. Foram identificados, na época, 8 diferentes modos de falha, assim denominados: 1 - Deformação elástica excessiva incluindo instabi lidade elástica Carregamento: Pressão externa Considerações sobre a rigidez do componente são fundamentais para que este mecanismo de falha não ocorra; Anéis de vácuo (projeto) e rigor dimensional (fabricação) dificultam a instabilidade da casca. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 31 / 116 2 - Deformação plástica excessiva Carregamento: Pressão Interna Mecanismo de falha evitado através do dimensionamento dos componentes, considerando os diversos tipos de tensões e seus efeitos; Fator principal se relaciona ao fator de segurança no dimensionamento. 3 - Fratura frágil Condição Necessária: Tensões trativas no material Mecanismo de falha minimizado através da seleção e qualificação de materiais com tenacidade adequada, não susceptíveis a uma fratura brusca. Seleção do material, qualificação do material base e juntas soldadas e qualidade na fabricação do equipamento. 4 - Deformação e tensões a altas temperaturas (cree p) Condição Necessária: Temperatura acima do limite de fluência do material Definição de tensões admissíveis reduzidas para temperaturas na faixa do creep ocasionam tensões controladas no equipamento evitando o acúmulo do dano; Dimensionamento é o fator predominante para evitar o mecanismo de falha. 5 - Instabilidade plástica (colapso incremental) Condição Necessária: Tensões térmicas cíclicas e ca rregamento primário elevado Mecanismo de falha relacionado a deformações térmicas cíclicas no material e colapso plástico do equipamento Dimensionamento com limitação de tensões decorrentes de gradientes térmicos e peso próprio da estrutura em níveis aceitáveis. 6 - Fadiga de baixo ciclo Condição Necessária: Ciclos relevantes de variação de carregamento e presença de concentradores de tensões Adequação do comportamento à fadiga do equipamento através de considerações em relação a tensões de pico e ciclagem do carregamento, sendo evitada a falha pela adoção de soluções de detalhes de projeto adequados. 7 - Corrosão sob tensão Condição Necessária: Material incompatível com o fl uido armazenado. Mecanismo de falha evitado pela seleção do material e requisitos de fabricação; Incompatibilidade entre o material e o meio na presença de tensões, normalmente associadas às tensões residuais de soldagem (H2S em meio úmido x aço carbono sem alívio de tensões em juntas soldadas ou Presença de cloretos x aço inoxidável austenítico). Inspeção de Vasos de Pressão 201432 / 116 8 - Corrosão-fadiga Condição Necessária: Carregamentos cíclicos associa do a meio corrosivo que afete o material construtivo A atuação simultânea de 2 mecanismos que se auto-alimentam e potencializam o mecanismo de falha; Providências em relação à seleção de materiais, detalhes de projeto e requisitos de fabricação. Atualmente, na edição 2007, são 4 modos de falha a serem avaliados: Colapso plástico , Falha localizada , Instabilidade devido à compressão e Falha por carregamento cíclico . Os principais códigos de projeto, fabricação, montagem e testes de vasos de pressão são os seguintes: Tabela 7 – Códigos internacionais País Código Instituição Responsável U.S ASME Boiler & Pressure Vessel Code ASME U.K PD 5500 Unfired Fusion Welded Pressure Vessels British Standard Institute Germany AD Merkblatter Arbeitsgemeinschaft Druckbehalter Italy ANCC Associazione Nationale Per Il Controllo Peula Combustione Netherlands Regeis Voor Toestellen Dienst voor het Stoomvezen Sweden Tryckkarls kommissionen Swedish Pressure Vessel Commission Australia AS 1210 Unfired Pressure Vessels Standards Association of Australia Belgium IBN Construction Code for Pressure Vessels Belgian Standards Institute Japan MITI Code Ministry of International Trade and Industry France SNCT Construction Code for Unfired Pressure Vessels Syndicat National de la Chaudronnerie et de la Tuyauterie Industrielle Brasil P-NB-109 ABNT Como nomenclatura usual, o código ASME estabelece o seguinte: � Editions: Em média, a cada 3 anos � Addenda: Anual � Errata: Emitidas a medida que são elaboradas, valendo retroativamente � Interpretations: Em 2(dois) períodos do ano (julho e dezembro) � Code case: Emitidas a medida que são elaboradas para os assinantes do CC book. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 33 / 116 3.2 - PD-5500 - UNFIRED FUSION WELDED PRESSURE VESSELS Elaborado pela British Standards Institution, o código BS-5500, Unfired Fusion Welded Pressure Vessels, aborda aspectos relativos a materiais, projeto, fabricação, inspeção e testes dos vasos de pressão. Sua organização é a seguinte: � SEÇÃO 1 - Parte Geral; � SEÇÃO 2 - Materiais; � SEÇÃO 3 - Projeto; � SEÇÃO 4 - Fabricação e Montagem; � SEÇÃO 5 - Inspeção e Testes Apêndices principais: � Apêndice A - Análise de Tensões, similar ao ASME Seç.VIII - Div.2; � Apêndice B - Efeito combinado de outros carregamentos; � Apêndice C - Fadiga; � Apêndice G - Cargas localizadas. 3.3 - AD – MERKBLATTER Elaborado pela Associação dos Construtores de Vasos de Pressão, este código alemão é constituído das seguintes seções: � SÉRIE G - Parte Geral; � SÉRIE A - Acessórios; � SÉRIE B - Projeto; � SÉRIE W - Materiais. � SÉRIE HP - Fabricação e Testes � SÉRIE N - Materiais não metálicos � SÉRIE S - Casos especiais Informações gerais: � Dimensionamento através de tensões de membrana - fórmulas simplificadas; � Tensão calculada corrigida através de fatores de forma; � Tensões admissíveis mais elevadas que o código ASME, por exemplo; � Maiores exigências sobre o material, fabricação e inspeção. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 34 / 116 3.4 - CÓDIGO ASME - THE AMERICAN SOCIETY OF MECHANI CAL ENGINEERS Este é o código tradicionalmente utilizado no Brasil, sendo responsável por ditar os requisitos necessários para materiais, projeto, fabricação, montagem e testes da maioria dos vasos de pressão, permutadores e caldeiras utilizadas na indústria do petróleo. Possui diversas seções, abaixo citadas. Tabela 8 – Seções do Código ASME Seção Conteúdo I Caldeiras (Rules for Construction of Power Boilers) II Materiais Part A — Ferrous Material Specifications Part B — Nonferrous Material Specifications Part C — Specifications for Welding Rods, Electrodes, and Filler Metals Part D — Properties (Customary) Part D — Properties (Metric) III Instalações Nucleares Subsection NCA — General Requirements for Division 1 and Division 2 Division 1 Subsection NB — Class 1 Components Subsection NC — Class 2 Components Subsection ND — Class 3 Components Subsection NE — Class MC Components Subsection NF — Supports Subsection NG — Core Support Structures Subsection NH — Class 1 Components in Elevated Temperature Service Appendices Division 2 Code for Concrete Containments Division 3 Containments for Transport and Storage of Spent Nuclear Fuel and High Level Radioactive Material and Waste IV Caldeiras para aquecimento (Rules for Construction of Heating Boilers) V Ensaios não destrutivos VI Instalação e recomendações para operação de caldeiras para aquecimento (Recommended Rules for the Care and Operation of Heating Boilers) VII Instalação e recomendações para operação de caldeiras (Recommended Guidelines for the Care of Power Boilers) VIII Vasos de Pressão Rules for Construction of Pressure Vessels Division 1 Division 2 Alternative Rules Division 3 Alternative Rules for Construction of High Pressure Vessels IX Qualificação de soldagem (Welding and Brazing Qualifications) X Vasos de pressão de plástico (Fiber-Reinforced Plastic Pressure Vessels) XI Recomendações para inspeção de instalações nucleares (Rules for Inservice Inspection of Nuclear Power Plant Components) XII Recomendações para fabricação e extensão de uso de tanques transportáveis (Rules for Construction and Continued Service of Transport Tanks) Inspeção de Vasos de Pressão 2014 35 / 116 ASME STAMPS Power Boilers – Section I S Power Boilers M Miniature Boilers A Power Boiler Assemblies PP Pressure Piping E Electric Boilers V** Power Boiler Safety Valves Heating Boilers – Section IV H* Cast Iron Heating Boilers HLW Lined Potable Water Heaters H Heating Boilers, other HV** Heating Boilers Safety Valves Pressure Vessel – Section VIII Division 1 U Pressure Vessels UV** Pressure Vessels Safety Valves UM* Miniature Vessels UD** Pressure Vessels Rupture Discs Pressure Vessel – Section VIII Division 2 Reinforced Plastic Vessels – Section X U2 Alternative Rules for Pressure Vessels RP Fiber-Reinforced Plastic Pressure Vessels Pressure Vessel – Section VIII Division 3 U3 High Pressure Vessels UV3** Safety Valves for High Pressure Vessels Transport Tanks – Section XII T Transport Tanks TD** Transport Tanks Pressure Relief Devices TV Tranport Tanks Safety Valves Nuclear Stamps N Nuclear Components NV Nuclear Safety and Safety Relief Valves NPT Nuclear Partials N3 Storage and Transport Containment of Nuclear Fuel NA Nuclear Installation and Shop Assembly Nuclear Certificates of Accreditation National Board Inspection Code NS Nuclear Supports R Repair and Alteration QSC Material Organization VR Repair of Safety Valves * Components not subject to Authorized Inspection, annual audit by the AIA ** Components not subject to Authorized Inspection, triennial audit by ASME Inspeção de Vasos de Pressão 2014 36 / 116 3.4.1 - ASME Seção VIII – Divisão 1 Figura 25 – ASME Seção VIII – Divisão 1 O escopo do código ASME Seção VIII – Divisão 1 se refere ao seguinte: � Equipamentos não sujeitos à chama; � Equipamentos que não façam parte de componentes rotativos ou alternativos, tubulações ou transporte de produtos. � Equipamentos com pressão interna igual ou superior a 15,0 psi (1,02 kgf/cm2) e inferior a 3.000,0 psi (211,0 kgf/cm2) � Equipamentos com diâmetro interno igual ou maior do que 6” (152,0 mm); � Equipamentos não destinados a ocupação humana. É o projeto convencional dos vasos de pressão.A filosofia de projeto da Divisão 1 está bem explícita no parágrafo UG-23 (c), do código, onde se lê: “A espessura de parede de um vaso de pressão dimensionado de acordo com as regras estabelecidas nesta divisão deve ser tal que a tensão máxima primária geral de membrana, resultante dos carregamentos a que esteja sujeito o equipamento durante sua operação normal, não exceda os limites de tensão admissível do material do vaso e que, excetuando-se alguns casos especiais os carregamentos a que esteja sujeito o vaso, não provoquem uma tensão primária de membrana mais flexão superior a 1 ½ da tensão máxima admissível do material do vaso”. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 37 / 116 É sabido que podem ocorrer elevadas tensões nas descontinuidades nos vasos de pressão, mas as regras de projeto e de fabricação desta divisão foram estabelecidas de modo a limitar tais tensões a um nível seguro consistente com a experiência adquirida. Embora seja dito que os vasos de pressão devam resistir a todos os esforços solicitantes (pressão interna ou externa, pesos, sobrecargas, reações de apoio, ação de vento, impactos, esforços de dilatação, etc,...), o código só fornece fórmulas para o cálculo em função da pressão interna ou externa, ficando o cálculo para os demais esforços inteiramente a critério do projetista. As regras da Divisão 1 foram formuladas a partir de considerações de projeto e princípios de construção aplicáveis a vasos projetados para pressões não superiores a 3.000 psig e vasos sujeitos a pressão externa. A Divisão 1 está dividida da seguinte forma: Tabela 9 – Subseções do ASME Seção VIII – Divisão 1 Subsection A - General Requirements - Requisitos gerais, aplicáveis a todos os vasos de pressão. Part UG - General Requirements for All Methods of Construction and All Materials: Scope / Materials / Design / Openings and Reinforcements / Braced and Stayed Surfaces / Ligaments / Fabrication / Inspection and Tests / Marking and Reports / Pressure Relief Devices Subsection B : Requirements Pertaining to Methods o f Fabrication of Pressure Vessels - Requisitos específicos, aplicáveis em função do método de fabricação. Part UW : Requirements for Pressure Vessels Fabricated by Welding Part UF : Requirements for Pressure Vessels Fabricated by Forging Part UB - Requirements for Pressure Vessels Fabricated by Brazing Subsection C : Requirements Pertaining to Classes o f Materials - Requisitos específicos, aplicáveis em função do tipo de material utilizado na fabricação. Part UCS : Requirements for Pressure Vessels Constructed of Carbon and Low Alloy Steels Part UNF : Requirements for Pressure Vessels Constructed of Nonferrous Materials Part UHA : Requirements for Pressure Vessels Constructed of High Alloy Steel Part UCI : Requirements for Pressure Vessels Constructed of Cast Iron Part UCL : Requirements for Welded Pressure Vessels Constructed of Material With Corrosion Resistant Integral Cladding, Weld Metal Overlay Cladding or With Applied Linings Part UCD : Requirements for Pressure Vessels Constructed of Cast Ductile Iron Part UHT : Requirements for Pressure Vessels Constructed of Ferritic Steels With Tensile Properties Enhanced by Heat Treatment Part ULW : Requirements for Pressure Vessels Fabricated by Layered Construction Part ULT : Alternative Rules for Pressure Vessels Constructed Having Higher Allowable Stresses at Low Temperature Part UHX : Rules for Shell-and-Tube Heat Exchangers Inspeção de Vasos de Pressão 2014 38 / 116 Figura 26 - Subseções do ASME Seç.VIII – Div.1 Tabela 9 – Subseções do ASME Seção VIII – Divisão 1 (cont.) Apêndices Obrigatórios 1: Supplementary Design Formulas 2: Rules for Bolted Flange Connections With Ring Type Gaskets 3: Definitions 4: Rounded Indications Charts Acceptance Standard for Radiographically Determined Rounded Indications in Welds 5: Flanged and Flued or Flanged Only Expansion Joints 6: Methods for Magnetic Particle Examination (MT) 7: Examination of Steel Castings 8: Methods for Liquid Penetrant Examination (PT) 9: Jacketed Vessels 10: Quality Control System 11: Capacity Conversions for Safety Valves 12: Ultrasonic Examination of Welds (UT) 13: Vessels of Noncircular Cross Section 14: Integral Flat Heads With a Large, Single, Circular, Centrally-Located Opening 16: Submittal of Technical Inquiries to the Boiler and Pressure Vessel Committee UW Soldagem UF Forjamento UB Brazagem ULT Aços para baixas temperaturas ULW Vasos de paredes múltiplas UHT Aços de alta resistência UCS Aços carbono e baixa liga UNF Materiais não ferrosos UHA Aços de alta liga UCI Ferro fundido UCL Aços cladeados ou revestidos UCD Ferro fundido maleável Subseção B Requisitos Relativos ao Método de Fabricação Subseção C Requisitos Relativos aos Materiais Subseção A Requisitos Gerais Inspeção de Vasos de Pressão 2014 39 / 116 Apêndices Obrigatórios 17: Dimpled or Embossed Assemblies 18: Adhesive Attachment of Nameplates 19: Electrically Heated or Gas Fired Jacketed Steam Kettles 20: Hubs of Tubesheets and Flat Heads Machined From Plate 21: Jacketed Vessels Constructed of Work-Hardened Nickel 22: Integrally Forged Vessels 23: External Pressure Design of Copper, Copper Alloy, and Titanium Alloy Seamless Condenser and Heat Exchanger Tubes with Integral Fins 24: Design Rules for Clamp Connections 25: Acceptance of Testing Laboratories and Authorized Observers for Capacity Certification of Pressure Relief Valves 26: Pressure Vessel and Heat Exchanger Expansion Joints 27: Alternative Requirements for Glass-Lined Vessels 28: Alternative Corner Weld Joint Detail for Box Headers for Air-Cooled Heat Exchangers When Only One Member Is Beveled 30 : Rules for Drilled Holes Not Penetrating Through Vessel Wall 31 : Rules for Cr-Mo Steels With Additional Requirements for Welding and Heat Treatment 32 : Local Thin Areas in Cylindrical Shells and in Spherical Segments of Shells 33 : Standards Units for Use in Equations 34 : Requirements for Use of High Silicon Stainless Steels for Pressure Vessels Apêndice não obrigatórios A : Basis for Establishing Allowable Loads for Tube-to-Tubesheet Joints C : Suggested Methods for Obtaining the Operating Temperature of Vessel Wall in Service D : Suggested Good Practice Regarding Internal Structures E : Suggested Good Practice Regarding Corrosion Allowance F : Suggested Good Practice Regarding Linings G : Suggested Good Practice Regarding Piping Reactions and Design of Supports and Attachments H : Guidance to Accommodate Loadings Produced by Deflagration K : Sectioning of Welded Joints L : Examples Illustrating the Application of Code Formulas and Rules M : Installation and Operation P : Basis for Establishing Allowable Stress Value R : Preheating S : Design Considerations for Bolted Flange Connections T : Temperature Protection W : Guide for Preparing Manufacturer´s Data Reports Y : Flat Face Flanges With Metal-to-Metal Contact Outside the Bolt Circle Inspeção de Vasos de Pressão 2014 40 / 116 Apêndice não obrigatórios DD : Guide to Information Appearing on Certificate of Authorization EE : Half-Pipe Jackets FF : Guide for the Design and Operation of Quick-Actuating (Quick-Opening) Closures GG : Guidance for the Use of U.S. Customary and SI Units in the ASME Boiler and Pressure Vessel Code HH : Tube Expanding Procedures and Qualification JJ : Flowcharts Illustrating Impact Testing Requirements and Exemptions From Impact Testing by the Rules of UHA-51 Exemplo: Vaso projetado segundocritérios do código ASME Seç.VIII - Div.1 Ed. 1995, Construção soldada c/ material base aço carbono. Seções a consultar: U - UG - UW – UCS. Tabela 10 – Detalhamento de subseções do ASME Seção VIII – Divisão 1 UG UG UW UW • Requisitos gerais para chapas, forjados, tubos, etc,... com procedimentos de fabricação e fornecimento • Certificação de materiais • Pré-fabricação de componentes • Construções especiais • Definição de temperatura e pressão de projeto • Carregamentos • Indicação de onde retirar os valores de tensões máximas admissíveis • Corrosão • Dimensionamento a pressão interna e externa • Aberturas e reforços • Resistência de reforços de abertura • Múltiplas aberturas • “Standards” para flanges e tubos • Ligamentos • Tolerâncias de fabricação • Requisitos para teste de impacto • Teste hidrostático • Teste pneumático • “Proof test” para estabelecimento de pressões máximas admissíveis • Categorias de juntas • Projeto de juntas soldadas • Exames de Radiografia e ultra- som • Detalhes de solda permitidos • Detalhes de bocais permitidos • Plug welds • Soldas de filete • Requisitos para procedimentos de soldagem • Requisitos para qualificação de procedimentos • Tolerâncias de alinhamento de soldas • Reparo de soldas • Procedimentos para tratamento térmico após soldagem UCS • Materiais • Procedimentos para tratamento térmico após soldagem • Operação em baixa temperatura Inspeção de Vasos de Pressão 2014 41 / 116 Figura 27 - Referências do ASME Seção VIII – Divisão 1 Inspeção de Vasos de Pressão 2014 42 / 116 3.4.2 - ASME Seção VIII – Divisão 2 Figura 28 – ASME Seção VIII – Divisão 2 O código ASME - Seção VIII - Divisão 2 se baseia em um projeto alternativo de vasos de pressão. Na Divisão 2 as regras são mais restritivas quanto ao tipo de material a ser utilizado, mas permite-se a utilização de maiores valores de intensificação de tensões de projeto na faixa de temperaturas na qual este valor é limitado pelo limite de resistência ou escoamento : procedimentos mais precisos de cálculo são necessários; os procedimentos permissíveis de fabricação são especificamente delineados e mais completos métodos de inspeção e teste são exigidos. A Divisão 2 está dividida da seguinte forma: Tabela 11 – Subdivisão do ASME Seção VIII – Divisão 2 Part 1 - General Requirements Part 2 – Responsibilities and Duties Part 3 – Materials Requirements Part 4 – Design by Rules Requirements Part 5 – Design by Analysis Requirements Part 6 – Fabrication Requirements Part 7 – Inspection and Examination Requirements Part 8 – Pressure Testing Requirements Part 9 – Pressure Vessel Overpressure Protection Inspeção de Vasos de Pressão 2014 43 / 116 A filosofia de projeto da Divisão 2 estabelece regras específicas para o caso do projeto de vasos mais comuns, assim como a Divisão 1. Quando isto não ocorre uma completa análise de tensões e necessária e pode ser feita de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo código. Este código foi revisado totalmente em 2007 com a adoção de modificações relevantes, sendo considerada uma alteração radical realizada pelo ASME. Em função da completa revisão, o próprio Comitê do ASME publicou o Code Case 2575 com orientações sobre a validade e dando um prazo para a substituição do código. Os antigos Apêndices passaram a se chamar Anexos normativos e informativos, e ficaram incluídos em cada uma das Partes, com isso, o ASME VIII-2 ficou com o estilo das normas ISO. Houve alteração do fatores de segurança, resultando em uma redução de espessura de material, porém, com maiores exigências de fabricação, controle de qualidade e inspeção. Nesta revisão foi introduzido o conceito de eficiência de junta, característico do ASME Seção VIII – Divisão 1. Assim, é admitida em algumas condições específicas, a radiografia parcial e o ensaio de US em substituição ao ensaio de RX. Um fato importante é a incorporação de Apêndices exclusivos do ASME Seção VIII – Divisão 1 em Anexos ou itens do ASME Seção VIII – Divisão 2:2007. Outra possibilidade incorporada à revisão de 2007 do ASME Seção VIII – Divisão 2 é o tratamento de algumas não conformidades de fabricação através do API 579 / ASME FFS-1. Neste caso, o proprietário do equipamento deve aprovar sua utilização. Foram totalmente reescritos os antigos Apêndices 4 e 5 (análise de tensões e fadiga, respectivamente), que foram incorporados a Parte 5 da última edição. Também na Parte 5 foram incluídos critérios de dimensionamento prevendo o colapso plástico, falha local, flambagem, ratcheting e cargas cíclicas. Finalmente, uma alteração importante é a modificação do critério de escoamento do material, que era o Critério de Tresca e na última edição foi substituído pelo Critério de Von Mises, que é menos conservativo. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 44 / 116 3.4.3 - ASME Seção VIII – Divisão 3 Figura 29 – ASME Seção VIII – Divisão 3 O código ASME - Seção VIII - Divisão 3 complementa as regras da Divisão 2, definindo critérios adicionais para equipamentos de altas pressões de trabalho. Além de requisitos de material, são previstos critérios para a utilização da mecânica da fratura no projeto. A Divisão 3 está dividida da seguinte forma: Tabela 12 – Subdivisão do ASME Seção VIII – Divisão 3 Part KG - General Requirements Part KM – Materials Requirements Part KD – Design by Rules Requirements Part KF – Fabrication Requirements Part KR – Pressure Relief Devices Part KE – Examination Requirements Part KT – Testing Requirements Part KS – Marking, Stamping, Reports and Records Inspeção de Vasos de Pressão 2014 45 / 116 Tabela 13 – Apêndices do ASME Seção VIII – Divisão 3 Apêndices Obrigatórios 1: Nomenclature 2: Quality Control Systems 3: Submittal of Technical Inquiries to the Boiler and Pressure Vessel Committee 4: Acceptance of Testing Laboratories and Authorized Observers for Capacity Certification of Pressure Relief Devices 5: Adhesive Attachment of Nameplates 6: Rounded Indications Charts Acceptance Standard for Radiographically Determined Rounded Indications in Welds 7: Standard Units for Use in Equations Apêndice não obrigatórios A : Guide for Preparing Manufacturer’s Data Reports B : Requalification C : Guide to Information Appearing on Certificate of Authorization D : Fracture Mechanics Calculations E : Construction Details F : Approval of New Materials Under the ASME Boiler and Pressure Vessel Code G : Design Rules for Clamp Connections H : Openings and Their Reinforcement I : Guidance for the Use of U.S. Customary and SI Units in the ASME Boiler and Pressure Vessel Code J : Stress Concentration Factors for Cross-Bores in Closed-End Cylinders and Square Blocks Inspeção de Vasos de Pressão 2014 46 / 116 4 – TENSÕES ADMISSÍVEIS Denominam-se tensões admissíveis às tensões máximas adotadas no dimensionamento de um vaso de pressão. As tensões admissíveis para temperaturas abaixo da temperatura de fluência estão relacionados com o limite de escoamento ou com o limite de resistência do material de construção do equipamento. Para temperaturas elevadas, a definição do valor da tensão admissível depende do comportamento à fluência, sendo determinante a taxa de deformação na temperatura e o tempo para a falha. Denominamos coeficiente de segurança (CS) ou fator de segurança (FS), à relação entre o limite de escoamento (Sy) ou deresistência (Sr) e a tensão admissível (Sadm) de um determinado material. Dentre os vários fatores que afetam a fixação dos valores das tensões admissíveis de um código podemos citar: � Tipo de material: Para materiais frágeis adota-se um fator de segurança mais elevado que os adotados para materiais dúcteis; � Critério de cálculo: Uma tensão admissível só deverá ser aplicada em combinação com o critério de cálculo para o qual foi estabelecida. Cálculos grosseiros e grandes aproximações exigem fatores de segurança maiores; � Tipo de carregamento: A consideração de esforços cíclicos e alternados, choques e vibrações exigem uma redução no valor da tensão admissível determinada para esforços normais; � Segurança: Equipamentos de grande periculosidade envolvendo sério risco humano e material exigem elevados fatores de segurança; � Temperatura: A resistência mecânica de um material diminui com o aumento de temperatura e consequentemente a tensão admissível também cairá. Em temperaturas baixas o comportamento de vários materiais se altera, peças que sofreriam uma fratura dúctil em temperatura ambiente passam a sofrer fratura frágil com o abaixamento dessa temperatura. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 47 / 116 A tabela a seguir apresenta o critério de fixação de tensões admissíveis adotado pelos códigos ASME, PD-5500 e AD-Merkblatter. Tabela 14 – Comparação entre critérios de tensões admissíveis Código de Projeto Abaixo da faixa de creep Acima da faixa de creep ASME VIII – Div.1♣ Sr / 3,5 (temp. de projeto) 100% da tensão média que provoca uma velocidade de deformação de 0,01% em 1000 h 67% da tensão média que provoca ruptura após 100.000 h. 80% da tensão mínima que provoca ruptura após 100.000 h (2/3)Sy (temp. de projeto) ASME VIII – Div.2ƒ Sr / 2,4 (temp. ambiente) Até 2007: Não existem critérios para a região de comportamento à fluência Em 2007: Passam a existir critérios semelhantes aos da Div.1 (2/3)Sy (temp. de projeto) PD-5500 Sy / 1,5 (temp. de projeto) 1 / 1,3 da tensão média que provoca ruptura num tempo t, numa temperatura T, de acordo com o material Sr / 2,35 (temp. ambiente) AD-Merkblatter Sy / 1,5 (temp. de projeto) 100% da tensão média que provoca uma velocidade de deformação de 0,01% em 1000 h. 67% da tensão média que provoca ruptura após 100.000 h. A tabela abaixo exemplifica as diferenças no valor da tensão admissível e peso do equipamento para um material de especificação SA-516 Gr.60, que possui as propriedades mecânicas abaixo descritas para a condição de temperatura ambiente. � Tensão de escoamento mínima = 32,0 ksi � Limite de resistência = 60,0ksi Tabela 15 – Tensões admissíveis de diversos códigos Código Edição Tensões Admissíveis [ksi] Redução de Peso do Equipamento ASME Seç.VIII – Divisão 1 Anterior a 1998 15,0 0 % ASME Seç.VIII – Divisão 1 Posterior a 1998 17,1 12,3 % ASME Seç.VIII – Divisão 2 Anterior a 2007 20,0 25,0 % ASME Seç.VIII – Divisão 2 Posterior a 2007 21,3 29,6 % PD-5500 21,3 29,6 % AD-Merkblatter 21,3 29,6 % ♣ Antes da edição de 1998, o código ASME Seção VIII – Divisão 1 utilizava um fator 4,0 ao lugar de 3,5, aplicado ao limite de resistência do material para a definição das tensões admissíveis para cálculo. ƒ Antes da edição de 2007, o código ASME Seção VIII – Divisão 2 utilizava um fator de 3,0 ao lugar de 2,4 aplicado ao limite de resistência do material para a definição das tensões admissíveis. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 48 / 116 Tabela 16 – Tabela do ASME Seção II – Part D TABLE 1A Section I; Section III, Class 2 and 3; and Section VIII, Division 1 Maximum Allowable Stress Values S for Ferrous Mater ials Inspeção de Vasos de Pressão 2014 49 / 116 5 –ESPESSURAS PADRONIZADAS E SOBRESPESSURA DE CORRO SÃO Devem ser adotadas, para as chapas de componentes do vaso, espessuras nominais (comerciais) com os seguintes valores, em milímetros: 4,75 / 6,3 / 8,0 / 9,5 / 11,2 / 12,5 / 14,0 / 16,0 / 17,5 / 19,0 / 20,6 / 22,4 / 23,6 / 25,0 / 28,6 / 31,5 / 34,9 / 37,5 / 41,3 / 44,4 / 47,5 / 50,0. As espessuras indicadas em negrito são as consideradas normais pelas usinas siderúrgicas e devem ser usadas preferencialmente. Para espessuras superiores a 50,0 mm devem ser adotados valores inteiros em milímetros. As tolerâncias de fornecimento das chapas não precisam ser consideradas, desde que as chapas estejam de acordo com as normas ASTM A-20 e PB-35. Para tampos abaulados e outras peças prensadas ou conformadas, deve ser previsto um adequado acréscimo na espessura das chapas, para compensar a perda de espessura na prensagem ou na conformação, de forma que a espessura final da peça acabada tenha no mínimo o valor calculado ou o valor que consta nos desenhos. Nos vasos em que forem previstas diferentes espessuras de chapas para os diversos anéis, permite-se ao projetista modificar para mais essas espessuras, com a finalidade de acertar as alturas dos anéis, com as dimensões comerciais das chapas. Deve sempre ser acrescentada uma adequada sobrespessura para corrosão exceto quando, para o serviço e o material em questão, a corrosão for reconhecidamente inexistente ou desprezível, ou quando houver um revestimento interno anticorrosivo adequado. As sobrespessuras para corrosão devem ser baseadas na vida útil do equipamento, conforme a tabela a seguir. Como regra geral, quando a taxa de corrosão prevista for superior a 0,3 mm/ano recomenda-se que seja considerado o emprego de outros materiais mais resistentes a corrosão. Exceto quando especificado de outra forma, devem ser adotados os seguintes valores mínimos para a sobrespessura para corrosão, para as partes construídas em aço carbono ou em aços de baixa liga: (a) Torres, vasos e permutadores em geral para serviços hidrocarbonetos: 3 mm; (b) Potes de acumulação (botas) para os vasos acima: 6 mm; (c) Vasos em geral para vapor e ar: 1,5 mm; (d) Vasos de armazenamento da gases liquefeitos de petróleo: 1,5 mm Tabela 17 – Vida útil nominal de projeto Classe dos Equipamentos Refinarias, Terminais e outras Instalações não Petroquímicas Unidades Petroquímicas Equipamentos de grande porte, grande custo ou essenciais ao funcionamento da unidade industrial (reatores, torres, permutadores ou vasos importantes) 20 anos 15 anos Outros equipamentos não incluídos na classe acima 15 anos 10 anos Peças desmontáveis ou de reposição (feixes tubulares, internos de torres, etc,...) 8 anos 5 anos Inspeção de Vasos de Pressão 2014 50 / 116 Tabela 18 – Recomendação de sobrespessura de corrosão Componente do Equipamento Critério Partes da parede de pressão, em contato com o fluido de processo: casco, tampos, pescoços de bocais, espelhos, flanges, flanges cegos e outros. Adicionar o valor integral da sobrespessura, em cada face da peça em contato com o fluido. Peças internas não removíveis, submetidas a esforços principais. Peças internas não removíveis submetidas a esforços. Adicionar metade do valor da sobrespessura em cada face em contato com o fluido. Peças internas removíveis submetidas a esforços (exclui bandejas e seus acessórios). Peças internas removíveis não submetidas a esforços (exclui bandejas e seus acessórios). Adicionar ¼ do valor da sobrespessura, em cada face da peça em contato com o fluido (mínimo de 1,0 mm, total). Inspeção de Vasos de Pressão 2014 51 / 116 6 –DEFINIÇÕES A pressão atuante num vaso pode ser definida em várias etapas ao longo do ciclo deoperação do equipamento, de tal forma que definimos uma série de conceitos para identificar cada etapa: � Mínima de operação; � Máxima de operação; � Projeto; � Máxima de admissível; � Abertura da válvula de segurança; � Teste hidrostático. A pressão máxima admissível por ser ainda definida para diversas condições diferentes da vida útil e da condição operacional do equipamento: � PMACQ – condição de equipamento totalmente corroído (último dia de operação) e na temperatura de projeto; � PMACF – condição de equipamento totalmente corroído (último dia de operação) e na temperatura ambiente; � PMANQ – condição de equipamento novo (primeiro dia de operação) e na temperatura de projeto; � PMANF – condição de equipamento novo (primeiro dia de operação) e na temperatura ambiente. As pressões máximas admissíveis são utilizadas pelo código de projeto para a definição das condições de teste hidrostático do equipamento na fábrica: � PMACQ – utilizada para a determinação da pressão de teste hidrostático padrão; � PMANF – utilizada para a determinação da pressão de teste hidrostático alternativo. � PMACF e PMANQ – não são calculadas As pressões de teste hidrostático definidas para o equipamento na fábrica são denominadas Padrão e Alternativa. A pressão de teste hidrostático Padrão utiliza a pressão máxima admissível do equipamento na condição corroída e quente e é validada para o último dia de operação. A pressão de teste hidrostático Alternativa utiliza as pressões máximas admissíveis dos componentes principais do equipamento na condição novo e frio e é validada para o primeiro dia de operação. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 52 / 116 PRESSÃO E TEMPERATURA DE OPERAÇÃO A pressão e temperatura de operação são as suas “condições de operação”, isto é, os pares de valores simultâneos de pressão e temperatura nos quais o vaso deverá operar em condições normais. As pressões são definidas como medidas no topo do vaso, devendo-se quando for o caso, acrescentar a pressão equivalente à coluna hidrostática do líquido contido no vaso. Devemos distinguir os valores normais de operação dos valores máximos. Os primeiros são valores de regime normal, enquanto os outros são os valores máximos que podem ocorrer ao equipamento, mesmo em condições transitórias. Eventualmente, um vaso poderá estar sujeito a mais de uma condição de regime. Quando for este o caso, todas as condições deverão ser consideradas, inclusive para dimensionamento do equipamento à fadiga (ASME, Seção VIII, Divisão 2, AD-160). Observação: Quando num equipamento podemos delimitar zonas com diferentes temperaturas de operação, podemos estabelecer condições de projeto distintas para cada uma dessas zonas. PRESSÃO E TEMPERATURA DE PROJETO A temperatura, da mesma forma, deve ser considerada para projeto do equipamento. As temperaturas normal e máxima de parede são consideradas na definição da temperatura de projeto, normalmente acrescentando-se uma margem de segurança em relação à condição normal de operação do fluido. Se a condição de temperatura máxima for devida à uma condição anômala, podendo ocorrer simultaneamente à condição de operação, então, o equipamento poderá ser projetado por esta condição, visto que o mesmo deve suportar TODAS as condições previstas durante a sua vida útil. Seja em condição normal ou eventual, a temperatura mínima de operação deverá ser considerada na seleção do material, visto que de acordo com o ASME, Seção VIII, Divisão 1, parágrafo UCS-66, em função da “classe” do material e da sua espessura, poderá ocorrer a modificação do comportamento de dúctil para frágil, podendo ocorrer a ruptura frágil em operação, ou mesmo durante o teste hidrostático. Denominam-se “Condições de Projeto” ao par pressão e temperatura que definiram o dimensionamento do equipamento, bem como para seleção do material de construção. De acordo com o parágrafo UG-21 do Código, a condição de projeto é a “pressão correspondente às condições mais severas de pressão e temperatura coincidentes que possam ser previstas em serviço normal”. Poderá ocorrer que determinado equipamento possa vir a ser submetido à condições simultâneas de pressão interna e externa, por exemplo, vasos para exploração submarina de petróleo. Ora, em condição tal que é garantida a existência de simultaneidade nas pressões interna e externa, então o equipamento poderá ser calculado pela pressão diferencial . Em condições normais, tal não ocorre e o equipamento deverá ser projetado considerando-se separadamente cada condição. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 53 / 116 Para vasos submetidos à pressão externa é usual considerar-se a condição de vácuo total, embora isto não seja exigido pelo Código. Esta situação poderá prevenir a ocorrência de condensação de produto em um ambiente confinado, provocando redução do volume específico com consequente geração de vácuo parcial. Situações anômalas a serem consideradas no projeto, se existentes: � Despressurização súbita de gás a alta pressão, devida a falha de uma junta de vedação, � Geração de vácuo, devida à interrupção da fonte quente em uma torre fracionadora, provocando a condensação das frações gasosas; � Condição de “explosão” dentro do vaso, provocada pela vaporização súbita de um líquido, ou pela ruptura completa de um tubo em um trocador de calor, gerando uma onda de choque devida à súbita expansão. Quando aplicável, a altura estática do líquido armazenado deve ser adicionada a pressão de projeto para dimensionar-se qualquer parte do vaso submetida a esta coluna de líquido. Vasos com possibilidade de operação em condições distintas de operação devem ter inicialmente suas condições de projeto estabelecidas para cada condição de operação, de acordo com os parâmetros estipulados pela PETROBRAS. Posteriormente, será adotada a condição mais crítica de projeto, a partir das relações entre a pressão de projeto e tensão admissível na temperatura de projeto. PRESSÃO MÁXIMA ADMISSÍVEL DE TRABALHO É a pressão máxima, no topo do vaso, em posição de operação normal, que acarreta no componente mais solicitado do equipamento, uma tensão igual a tensão admissível do material, na temperatura considerada, corrigida pelo valor da eficiência de exame radiográfico adotada no projeto do equipamento. A pressão máxima admissível de trabalho é calculada para a temperatura de projeto com o vaso na condição corroída. Para determiná-la devemos considerar a pressão máxima que poderá atuar em cada componente do vaso, não devendo ser levadas em conta no cálculo espessuras decorrentes da coluna de líquido atuante no vaso nem as espessuras decorrentes das tolerâncias de fornecimento das chapas e sua conformação. Em alguns casos, no teste hidrostático, por exemplo, poderemos necessitar da pressão máxima admissível na temperatura ambiente, estando o vaso novo ou corroído. Inspeção de Vasos de Pressão 2014 54 / 116 Resumindo (passo a passo): 1 Definição das espessuras corroídas de cada componente � espessuras calculadas (projeto) ou medidas no campo (inspeção); 2 Determinação da pressão máxima admissível de cada componente, considerando-se a sua tensão admissível tabelada para a condição de temperatura de projeto; 3 A menor dentre as pressões máximas admissíveis dos componentes, descontada a coluna máxima de líquido em operação, é definida como a pressão máxima admissível do equipamento. PRESSÃO DE AJUSTE DO DISPOSITIVO DE ALÍVIO DE PRESS ÃO O código ASME Seção VIII, Divisão 1 aborda os requisitos para dispositivos de alívio de pressão, em sua parte UG, parágrafos UG-125 a UG-136 e em seu Apêndice 11. Num vaso de pressão instalamos
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