Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 1 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes TEXTO DE APOIO CURSO DE MANIPULAÇÃO MIOFASCIAL Parte I DOCENTE: Sandra Mendes IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 2 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Manipulação Miofascial Sistema Fascial A fáscia é um tecido forte que se espalha por todo o corpo numa teia tridimensional desde a cabeça aos pés sem interrupção, envolvendo todo e qualquer tecido do corpo desde a célula, grupo de músculos, ossos, órgãos, etc. Mais concretamente a fáscia é conhecida como tecido conectivo o qual é composto por colagénio (que actua como cola) e elastina (que actua como elástico) criando dessa forma a conexão entre toda e qualquer estrutura do corpo humano. A fáscia ou tecido conectivo dá e mantém a elasticidade de toda e qualquer parte do nosso corpo, órgãos, músculos, etc. sem permitir exageros devido ao colagénio que mantém os limites da flexibilidade. A fáscia não envolve apenas todo o músculo, mas também envolve toda e qualquer fibra da qual o músculo é composto, assim como cada miofibrila, e cada pequena parte até ao nível celular. Desta forma é a fáscia que determina o funcionamento e o comprimento do músculo e de toda e qualquer estrutura do corpo. Ela envolve nervos, ossos, artérias, veias e ductos assim como os músculos e é o maior organizador do corpo, organizando e separando toda e qualquer estrutura do corpo e organizando os músculos em unidades funcionais. A fáscia é o componente básico do sistema músculo esquelético do corpo e em circunstâncias normais ela deve ser flexível e deslizante. No entanto, através de traumatismos, processos inflamatórios, más posturas, cirurgias, stress, etc., criam-se restrições e aderências na fáscia e entre esta e os tecidos vizinhos o que faz com que ela se torne mais sólida e dessa forma encurte as fibras fasciais o que cria pressão em áreas sensíveis, provocando dor e restrições de movimento. Esta é também a razão do mau funcionamento de órgãos, músculos e do corpo em geral. A causa principal de dores somáticas, de dores somato-viscerais ou somato emocionais são disfunções miofasciais. É comum os pacientes que estão sobrecarregados com crónicas ou fortes compressões miofasciais terem grande agitação mental, irritação, desgaste, cansaço, incómodos, insónias e outros pensamentos e emoções desagradáveis. Estima-se que cerca de 90% dos pacientes tenham disfunções miofasciais. Os testes que actualmente se fazem como os raios X, TC e muitos outros, não mostram as restrições IMT 2015 www.imt.pt _______________________________________________________________________________________________ _______________________________ Sandra Mendes miofasciais e dessa forma o paciente não obtém um diagnós suas dores. Desta forma ele não recebe o tratamento correcto e eficaz para o seu problema. A adicionar ao traumatismo físico ser guardadas e acumuladas no corpo durante anos acabando por provocar doença ou doenças. O tempo não cura estas coisas que existem nos tecidos, antes pelo contrário, enterra-as cada vez mais na fáscia. Uma vez que a fáscia envolve toda e qualquer estrutura do nosso corpo, facilmente se compreende que a Libertação Miof particularmente indicada para dores (musculares, articulares, de coluna, cervical, etc., sejam elas crónicas ou não), problemas de ATM, fibromialgia, síndroma de fadiga crónica, espasmos e espasticidade, escolioses, disfunções neurológicas, disfunções articulares e musculares, situações geriátricas e pediátricas, lesões desportivas, reabilitação de movimento, síndromas pré menstruais e muitas outras condições. Fáscia Superficial e Profunda A fáscia é dividida em superficial e profunda. A fáscia superficial é um emaranhado solto de tecido fibroelástico conectado à face interna da pele, provendo constante feedback consciente e inconsciente ao sistema nervoso central. A fáscia profunda varia em densidade e é responsável pela compartimentalização do corpo separando e envolvendo órgãos viscerais. Epimís folhas fasciais contribuindo para a eficiência no desenvolvimento de tensão muscular. Curso de Manipulação _______________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ miofasciais e dessa forma o paciente não obtém um diagnóstico completo acerca da causa das suas dores. Desta forma ele não recebe o tratamento correcto e eficaz para o seu problema. traumatismo físico, o stress emocional ou as emoções negativas podem ser guardadas e acumuladas no corpo durante anos acabando por provocar doença ou . O tempo não cura estas coisas que existem nos tecidos, antes pelo contrário, as cada vez mais na fáscia. a fáscia envolve toda e qualquer estrutura do nosso corpo, facilmente se ompreende que a Libertação Miofascial ajude em quase todos os problemas de saúde sendo particularmente indicada para dores (musculares, articulares, de coluna, cervical, etc., sejam elas crónicas ou não), problemas de ATM, fibromialgia, síndroma de fadiga crónica, espasmos e espasticidade, escolioses, disfunções neurológicas, disfunções articulares e musculares, situações geriátricas e pediátricas, lesões desportivas, reabilitação de todo o tipo, restrições de movimento, síndromas pré menstruais e muitas outras condições. Figura 1 Fáscia Superficial e Profunda em superficial e profunda. A fáscia superficial é um emaranhado conectado à face interna da pele, provendo constante feedback consciente e inconsciente ao sistema nervoso central. A fáscia profunda varia em densidade e é responsável pela compartimentalização do corpo separando e envolvendo órgãos viscerais. Epimísio, perimísio e endomísio representam folhas fasciais contribuindo para a eficiência no desenvolvimento de tensão muscular. Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 3 ____________________________________ tico completo acerca da causa das suas dores. Desta forma ele não recebe o tratamento correcto e eficaz para o seu problema. emocional ou as emoções negativas podem ser guardadas e acumuladas no corpo durante anos acabando por provocar doença ou . O tempo não cura estas coisas que existem nos tecidos, antes pelo contrário, a fáscia envolve toda e qualquer estrutura do nosso corpo, facilmente se ascial ajude em quase todos os problemas de saúde sendo particularmente indicada para dores (musculares, articulares, de coluna, cervical, etc., sejam elas crónicas ou não), problemas de ATM, fibromialgia, síndroma de fadiga crónica, espasmos e espasticidade, escolioses, disfunções neurológicas, disfunções articulares e musculares, todo o tipo, restrições de em superficial e profunda. A fáscia superficial é um emaranhado conectado à face interna da pele, provendo constante feedback A fáscia profunda varia em densidade e é responsável pela compartimentalização do io, perimísio e endomísio representam folhas fasciais contribuindo para a eficiência no desenvolvimento de tensão muscular. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 4 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Músculos e fáscias são funcionalmente ligados combinando as propriedades de tecidos contrácteis e não-contrácteis. Mecanismos reflexos também contribuem com a função edesenvolvimento neural via receptores na fáscia subcutânea, pele e tecidos conectivos. Pelas suas expansões a aponeurose superficial envolve profundamente todo o sistema contráctil muscular, é um envoltório funcional. A massa visceral contida na cavidade abdominal encontra-se em perpétuo movimento e há uma membrana que interliga todos os órgãos, o peritoneu, que é formado pela fáscia superficial. O SNC é cercado pelo tecido fascial (dura-máter) que se conecta ao osso do crânio, de forma que a disfunção desses tecidos pode ter efeitos profundos e disseminados. O Sistema Nervoso está ligado a tecidos e estruturas circundantes e são essenciais para amplitude de movimento normal do sistema nervoso. Quando o corpo não está em alinhamento, a fáscia pode realizar o seu trabalho até um ponto crítico. Então, se uma área da fáscia alcançou sua expansão máxima e não pode cobrir a área designada, o restante da fáscia deve mover-se até aquela parte. A distorção da fáscia causa em outra parte do corpo uma compressão pela parede da fáscia que a cobre. Enquanto as outras áreas da fáscia tentam manter pressões iguais em todas as partes do corpo, a fáscia fica totalmente alongada, e acomodações futuras não podem ser feitas. As partes que podem ser comprimidas irão sustentar compressão máxima para compensar aquelas estruturas que não podem ser comprimidas. A única maneira que o corpo pode permanecer erecto contra a gravidade é adoptando mais assimetrias posturais. Não há deformidade única, isolada ou localizada; não pode haver correcção única, isolada ou localizada. Todo tratamento de uma deformidade ou de uma simples limitação articular só pode ser global. O nome da fáscia varia segundo o órgão que ela recobre: - aponeuroses para os músculos; - pleura para os pulmões; - pericárdio para o coração; IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 5 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - peritoneu, mesentério ou aumento (maior e menor) para as vísceras abdominais; - meninges para o sistema nervoso. Funções da Fáscia O comportamento mecânico da fáscia tem um papel essencial em todas as funções e na manutenção da integridade anatómica das suas várias peças. Figura 2 Nível Mecânico Local : O nível mecânico local da fáscia tem muitas e variadas consequências, os tecidos executam papéis vitais nas áreas tão diversas quanto à suspensão e a protecção, a retenção, a separação, a absorção de choque, e a atenuação da pressão. Suspensão e Protecção Suspensão Os elementos fasciais que possuem um papel em suspender as várias estruturas do corpo interno como, por exemplo, o mesentério, os ligamentos, e fáscia verdadeiros garantem a coesão interna fornecendo pontos de apoio, os quais mantêm cada órgão no seu lugar IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 6 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes apropriado. A sustentação resultante é firme, mas, na maioria dos casos, não são rígidas, de modo que cada órgão retenha algum grau de mobilidade, isto é, algum jogo no sistema do acessório. A mobilidade essencial para a habilidade de responder às forças diversas a que o corpo humano regularmente exposto, também participa no contexto geral da mobilidade do próprio corpo - que é essencial para a expressão completa do corpo, em muitas funções diferentes e processos fisiológicos. O conjunto da fáscia tem um papel importante na suspensão de outras estruturas, não somente nas cavidades do corpo, mas igualmente na periferia. Os elementos da fáscia tais como as aponeuroses e os ligamentos constituem o sistema de apoio para todos os músculos e articulações, visto que as fáscias verdadeiras suportam todas as estruturas. Este sistema periférico investe e fornece pontos de acessório para todas estruturas, os nervos, os músculos, e as articulações onde as mesmas são escoradas em pontos fixos nos ossos. Assim, o sistema fascial tem um papel fundamental em manter a integridade anatómica do corpo no conjunto de suas estruturas. A integridade da estrutura do tecido ósseo depende do estado funcional do próprio tecido e, pela extensão, da condição fisiológica do corpo no conjunto. Por si só, um osso é inútil - a sua funcionalidade e suas interacções com outros elementos esqueléticos dependem exclusivamente dos meios do acessório que a unem aos ossos vizinhos. Embora o esqueleto forneça a estrutura e pontos de escora, não obstante, dependente em tecidos macios para a manutenção de sua coesão e função, ou seja, depende da fáscia. Consequentemente, há uma inevitável, recíproca interdependência entre os tecidos esqueléticos e macios - e desse modo entre a estrutura e a função e a função e a estrutura. O papel da fáscia em suspender outras estruturas varia de acordo com a região do corpo considerado. As fascias têm capacidades diferentes para alongar em posições diferentes, por exemplo, a pele pode alongar dez vezes mais do que um tendão - este reflecte o facto de que o tendão está composto por fibras organizadas paralelamente. A espessura de fibras do colágeno é órgão-específico, mas igualmente muda com idade. A elasticidade da fáscia tende a diminuir com idade. A função da suspensão mostra a IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 7 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes adaptação notável às situações diferentes. Assim, durante a gravidez o útero torna-se dilatado, enorme, que necessita de alongamento de todos os ligamentos associados - sem nenhum tipo de dor. O útero é dilatado, mas também a cavidade abdominal, dilatando as fáscias da parede abdominal, outra vez sem causar nenhuma dor. As situações fisiológicas em que os ligamentos uterinos são sujeitados ao esforço e à tensão, respondem transformando-se uma calcificação mais espessa e submetendo-se; nada como este acontece durante a gravidez. Após o parto, o útero reverte gradualmente a seu estado normal, isto é, ele retrai para recuperar seus tônus e elasticidade original. Este fenómeno pré-programado pode conduzir um pensar que as fáscias têm algum tipo de memória mecânica. A obesidade, por exemplo, uma circunstância que pode ser considerada patológica. O aumento considerável no volume necessita distensão das fáscias para conter o tecido em excesso. Entretanto, quando o peso é perdido outra vez, sobretudo se o processo é gradual, as fáscias quase sempre voltam ao tónus e elasticidade original. Isto é um notável exemplo de adaptação. As fáscias demonstram um grau notável de maleabilidade que permitem adaptar-se constantemente às forças a que estão sujeitas. São igualmente capazes da reversão à sua configuração original porque estão pré-programados para reconhecer o estado fisiológico normal do corpo, contando que eles são dados algum auxílio exterior dentro de um prazo razoável. Protecção Além do que seu papel na manutenção, as fáscias igualmente são a base de um mecanismo protector que garante a integridade física e fisiológica do corpo, ou seja, a homeostasia. O mecanismo da protecção depende de um número de factores diferentes e é baseado não somente na solidez, mas igualmente na contractibilidade e na elasticidade do tecido fascial. IMT 2015 www.imt.pt _______________________________________________________________________________________________ _______________________________ Sandra Mendes Manutençãoda Integridade As fáscias, em virtude de sua força, protegem a integridade diferentes do corpo e ajudam os órgãos a preservar sua forma. Isto não depende da rigidez completa, mas ao contrário, é o resultado da flexibilidade e adaptação. O grau flexibilidade varia entre partes diferentes do corpo. Tem também como função auxiliar a circulação dos fluidos co junto à acção muscular, ajuda a comprimir as veias no seu interior, aumentando venoso. Qualquer contracção actividade dinâmica e resultar A fáscia influencia dire seu ambiente externo. Pressão ou tensão anormal altera de resíduos, resultando em alterações na função da célula. constância da pressão osmótica, tensão do tecido e substância fundamental para o bom metabolismo. Curso de Manipulação _______________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Manutenção da Integridade anatómica: scias, em virtude de sua força, protegem a integridade anatómica diferentes do corpo e ajudam os órgãos a preservar sua forma. Isto não depende da rigidez completa, mas ao contrário, é o resultado da flexibilidade e adaptação. O grau flexibilidade varia entre partes diferentes do corpo. também como função auxiliar a circulação dos fluidos corporais. Como se contrai ção muscular, ajuda a comprimir as veias no seu interior, aumentando ção, tensão, ou desequilíbrio na fáscia pode impedir ou tividade dinâmica e resultar numa diminuição do retorno venoso e congestionamento. A fáscia influencia directa ou indirectamente o metabolismo das células, por causa do . Pressão ou tensão anormal altera a difusão de nutrientes em alterações na função da célula. A célula precisa de uma adequada constância da pressão osmótica, tensão do tecido do líquido intersticial circundante stância fundamental para o bom metabolismo. Figura 3 Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 8 ____________________________________ anatómica das partes diferentes do corpo e ajudam os órgãos a preservar sua forma. Isto não depende da rigidez completa, mas ao contrário, é o resultado da flexibilidade e adaptação. O grau exacto de rporais. Como se contrai ção muscular, ajuda a comprimir as veias no seu interior, aumentando o retorno ou desequilíbrio na fáscia pode impedir ou inibir esta congestionamento. olismo das células, por causa do a difusão de nutrientes e a eliminação A célula precisa de uma adequada do líquido intersticial circundante IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 9 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Conceito de Tensegridade Tensegridade descreve um princípio de relações estruturais, sistemas inteiros ligados dinamicamente de modo que as forças se traduzem imediatamente em todos os lugares. Uma mudança numa parte é reflectida em toda a parte, as forças são transferidas globalmente em toda a estrutura. O sistema músculo-esquelético é uma sinergia de músculos e ossos. Os músculos e os tecidos conectivos fornecem tracção contínua e os ossos, compressão descontínua, fortalecendo-se mutuamente - ossos e cartilagens oferecem compressão para fora contra a rede miofascial e esta tensiona tentando puxar para dentro em direcção ao centro. Tracção e compressão essenciais para estabilidade e mobilidade do corpo. A imagem usual do esqueleto como uma pilha de blocos e os músculos como cabos movimentando cada bloco isoladamente, não funciona na prática clínica. Como citado anteriormente, o aumento da tensão em uma região se reflecte em toda a estrutura, o que explica a presença de dor em um ponto do corpo, ocorrendo a uma distância da causa do problema. O Sistema do Movimento Humano é dinâmico, funcional e todas as suas estruturas são interconectadas, portanto, devemos pensar no paciente como um sistema complexo e não como uma dor localizada. Figura 4 IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 10 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Indução Miofascial A indução Miofascial é uma terapia que através de um toque suave liberta tensões, emoções e somatizações existentes e acumuladas nos tecidos, desmemorizando os tecidos e as células das suas memórias, traumatismos, tensões e somatizações acumulados ao longo da vida. Todo e qualquer traumatismo fica registado a nível celular levando as células e os tecidos a entrarem em disfunção e alteração de funcionamento, dando origem (muitas vezes anos mais tarde) a problemas de saúde variados. As emoções vividas ao longo da vida acabam sendo somatizadas nas células e tecidos levando-os a alterarem o seu funcionamento. A indução Miofascial usa um toque suave para conseguir sentir e libertar essas memórias, tensões e somatizações para que os tecidos alcancem de novo a sua flexibilidade e elasticidade. Traumatismos, inflamações, cirurgias, más posturas, e outras situações criam alterações na fáscia que acabam por criar pressões e tensões, resultando muitas vezes em pressão excessiva nos nervos, nos músculos, nos vasos sanguíneos, nos vasos linfáticos, nas estruturas ósseas e nos órgãos. A importância da indução miofascial torna-se bem patente quando compreendemos que a fáscia envolve e penetra em cada músculo, osso, órgão, indo até ao nível celular e que ela pode criar uma força ou pressão de cerca de 140 kgs por centímetro quadrado quando tensa, o que pode provocar fortes dores e limitações de movimentos ou mesmo mau funcionamento de órgãos, nervos, vasos, etc. É comum que os pacientes sobrecarregados com crónicas ou fortes compressões miofasciais terem grande agitação mental, irritação, desgaste, cansaço, incómodos, insónias e outros pensamentos e emoções desagradáveis. Também é comum ouvi-los dizer quão profundamente aliviados eles ficam dos seus pensamentos e emoções depois da terapia lhes ter aliviado as compressões e os pontos dolorosos associados. A fáscia é constituída sobretudo por colagénio e elastina o que permite elasticidade e resistência contra estiramentos excessivos. Quando essa elasticidade se perde, as dores, os desconfortos e outros problemas de saúde costumam ser os resultados. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 11 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Na parte muscular a fáscia tem um papel primordial uma vez que são os músculos que movimentam os ossos e são os músculos que estando tensos (devido a alterações na sua fáscia), criam as escolioses, as lordoses, os problemas cervicais, etc., etc. É uma terapia para libertar a fáscia muscular e trabalhar todo o sistema sacro craniano conseguindo-se assim resultados que se tornam duráveis e permanentes. É bem conhecido o efeito do relaxamento que muitas técnicas e terapias têm sobre os músculos e sobre as dores, devendo-se isso à libertação das tensões dos tecidos (músculos). No entanto, essas tensões voltam mais depressa do que gostaríamos, acabando-se por voltar ao mesmo. A razão é simples: elas não alteram a fáscia, ou seja, não alteram a estrutura da fáscia e assim os tecidos e o corpo voltam de novo ao padrão que estão habituados a ter. O alívio acaba assim por ser temporário e por não se manter. Para que isso não aconteça temos de fazer a desmemorização celular ou melhor a desmemorização da fáscia, ou seja, libertar a fáscia das suas tensões e compressões e dastensões e compressões que ela está a exercer sobre o corpo, órgãos, músculos, nervos, vasos sanguíneos, etc.. As alterações da fáscia criam um padrão nos tecidos que funciona como uma memória ou um padrão que não desaparece enquanto não se alterar essa mesma fáscia, ou seja, enquanto não se alterar a estrutura elastina - colagénio que a compõem. Quando se altera a fáscia, devolvendo a elasticidade e flexibilidade aos tecidos, e se retira a pressão dos tecidos, as dores desaparecem, a circulação sanguínea, linfática e nervosa melhoram. Indicações : • Cefaleias e enxaquecas. • Sinusite. • Zumbidos, tonturas, etc. • Traumatismos na cabeça. • Problemas da ATM (articulação temporo mandibular). • Problemas respiratórios (asma, bronquite, etc.) • Problemas pediátricos. • Desordens do défice de atenção • Hiperactividade. • Dores de costas, lombalgias, etc. • Dores cervicais. • Escolioses, lordoses, cifoses, etc. • Fibromialgia. • Desordens do tecido conectivo. • Síndroma de Fadiga Crónica. • Tendinites. • Dores crónicas. • Paralisias. • Depressão. • Depressão pós parto. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 12 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes • Autismo; Paralisias. • Dislexia e problemas de aprendizagem. • Problemas de olhos como estrabismo, nistagmus, etc. • Dificuldades de coordenação motora. • Síndrome pré menstrual. • Lesões desportivas recorrentes. • Artrite e Artrite Reumatóide. • etc. Tipos de Dor A dor é uma sensação de desconforto e que é muitas vezes resultado de algo que não está bem com uma zona do corpo. As dores podem ter uma origem: a) física, b) fascial, c) somático emocional, d) psicossomática, e) emocional, f) origem na alma g) outras origens. Dor Crónica A dor crónica define-se como dor persistente ou recorrente quando existe por mais de três meses. Ela pode dever-se a qualquer uma das causas acima faladas. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 13 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Dores Físicas As dores de origem física devem-se a alterações existentes no corpo que comprimem os receptores nervosos de dor. As alterações físicas comprimem os mecanorreceptores que por sua vez enviam ao sistema nervoso a informação de dor e de desconforto. Este é o tipo de dor com que todos nós já lidámos por diversas vezes ao longo da nossa vida quer essa dor tenha sido resultado de um corte, de uma pancada ou de qualquer outro traumatismo ou mesmo de uma cirurgia. Este tipo de dor é aquele com que todos estamos familiarizados e é aquele que é facilmente compreensível. Da mesma forma uma queda ou outro traumatismo provoca também dor. O que se passa nestes casos é que os receptores nervosos são comprimidos e "disparam" impulsos eléctricos, informando-nos de que existe dor em determinado local. Por norma após algum tempo (horas, dias ou semanas) as dores vão diminuindo e desaparecendo à medida que o corpo vai recuperando. Nos casos em que a dor não desaparece, então estamos perante situações em que o corpo se mantém alterado ou a causa da dor não foi resolvida. Nestas situações há que corrigir as causas da dor acabando a dor por desaparecer sem mais problemas nem complicações. Dores Fasciais e Miofasciais Quando a dor se manteve demasiado tempo ou melhor dizendo, quando as causas se mantêm demasiado tempo, muitas das vezes entra-se em alterações fasciais e nas dores fasciais, ou como são chamadas muitas das vezes, nas dores miofasciais. As dores miofasciais são muito mais difíceis de resolver pois a fáscia encontra-se alterada e este é um tecido que é muito mais difícil de corrigir do que os problemas e dores musculares. A fáscia é um tecido que deveria ser flexível e elástico dentro de determinados valores e é um tecido que cria e mantém toda a estrutura do nosso corpo indo da cabeça aos pés. A fáscia liga todo o corpo e dessa maneira transmite ao longo do corpo todo e qualquer IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 14 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes problema. É muito conhecido o facto de muitas dores se manifestarem bem longe das suas origens. O facto da fáscia ser contínua e manter todo o corpo interligado, explica a razão dos problemas se deslocarem ao longo do corpo ou dos sintomas e das dores muitas vezes estarem muito longe das causas que lhe dão origem. Dores Somático Emocionais ou Somato Emocionais As dores somático emocionais são dores que existem e doem no físico (no corpo) e que se sentem no corpo mas que têm uma componente emocional muito forte. Elas são memórias celulares de traumatismos físicos e emocionais que se alojaram no corpo aquando de algum traumatismo ou problema que a pessoa viveu. As dores somático emocionais têm uma componente física e emocional (e por vezes também psicológica) e que se manifestam no corpo e nos tecidos. Elas normalmente têm uma componente física de dor, uma vez que se formaram aquando de um traumatismo físico. Elas por norma são formadas aquando de um traumatismo físico em situações em que existia uma forte componente emocional (e por vezes psicológica) envolvida. No entanto, muitas destas dores somático emocionais podem não ter qualquer traumatismo físico associado e terem apenas uma origem emocional e ou psicológica. Ou seja, a pessoa pode ter passado por uma situação demasiado forte em termos emocionais e somatizou essas emoções em algum lugar do seu corpo. Com o tempo ela começa a ter dores nesse local e os tecidos vão alterando e sofrendo alterações até essas alterações se tornarem visíveis. As emoções contraem o corpo e os nossos órgãos e dessa forma provocam dores sem a existência de qualquer traumatismo físico. Estas dores somático emocionais são bem reais e provocam dores físicas bem reais mas, têm uma forte componente emocional por detrás, componente emocional essa que pode alterar por completo a maneira da pessoa ver a vida e de lidar com a vida. Para além da dor e das disfunções que este tipo de dor provoca no corpo ou órgão, ela também afecta toda a parte emocional e psicológica da pessoa. Muitos dos problemas psicológicos que as pessoas apresentam vêm não de problemas psicológicos mas sim das somatizações emocionais que se encontram nos tecidos e que IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 15 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes alteram por completo a pessoa em termos psicológicos. Ou seja, são as somatizações existentes no corpo que provocam alterações emocionais e psicológicas uma vez que estão constantemente a enviar essa informação ao sistema nervoso. Após a remoção de uma dor somático emocional é muito frequente a pessoa mudar bastante em termos emocionais e psicológicos, (para além de eliminar da sua dor física e das disfunções corporais associadas). Estas dores conseguem confundir qualquer profissional pois as queixas da pessoa são bem localizadas e muitas vezes não têm a ver com traumatismos físicos. Para além disto, todos os exames e testes que a pessoa faz ou faça não mostram qualquer problema. Da mesma forma, todos os tratamentos tradicionais que a pessoa faça não costumam dar quaisquer resultados. Dores Psicossomáticas Estas dores como o seu nome diz são dores que apesar de doerem no corpo e deserem bem reais em termos físicos, nada têm a ver com o físico. Dói imenso em termos físicos e a dor pode ser ou não localizada mas ela não está lá no físico apesar de dar essa sensação. Ou seja, não existe alteração de tecidos, nem existe alteração da fáscia, nem existe uma somatização capaz de provocar dor. A verdade é que até pode existir algo no físico, mas essa dor não está no físico. A dor não existe no corpo. Ou seja a dor não tem uma causa física para a sua existência. A dor não existe nos tecidos (não existe nada físico a provocá-la) apesar de ser bem sentida e das dores que provoca serem bem reais. Ela pode estar relacionada com algum traumatismo físico ocorrido no passado, mas agora essa dor não é física mas sim psicossomática. Ou seja esta dor não existe em termos físicos mas em termos psicossomáticos (manifesta-se no físico, mas não porque exista um problema físico, mas sim porque existe algo a nível psicológico, mental e ou emocional). O facto da pessoa ou do local ter sofrido dor no passado, leva a pessoa a acreditar que a lesão ainda se mantém e leva os profissionais a acreditarem que o problema ainda se mantém. Estas dores enganam quer a pessoa/paciente quer os mais diversos profissionais pois são bem reais e são bem dolorosas, apesar de não serem físicas. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 16 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Estas dores são quase sempre constantes ao longo do dia e muitas das vezes incapacitam a pessoa por completo para o seu dia a dia. Esta é outra das razões das dores crónicas. A resolução destas dores psicossomáticas passa por: 1) Compreender e levar a pessoa/paciente a ver que elas não são físicas. Esta é uma tarefa muitas vezes bastante complicada pois a pessoa não acredita que algo que dói tenha um origem emocional ou psicológica e continua a teimar que o que tem é dor física. Afinal o que dói é o corpo e torna-se difícil alguém acreditar que o seu corpo não tem nada. Infelizmente enquanto a pessoa não permitir que se faça outro tipo de abordagem, não é possível eliminar as suas dores "físicas" (que se manifestam no físico). Esta é uma das causas de algumas fibromialgias e dores crónicas "não terem cura". Quando a pessoa não admite que as dores possam ser da sua cabeça e ela não aceita fazer tratamento à sua parte mental, emocional e psicológica ela não se vai conseguir libertar deste tipo de dor. Algumas fibromialgias e dores crónicas são psicossomáticas e nada têm a ver com o físico. 2) Fazer um trabalho de procura e libertação das origens emocionais ou psicológicas que estão por detrás das dores psicossomáticas. Também aqui o problema não é nada fácil pois a pessoa nunca vai ao psicólogo para trabalhar uma dor "física". 3) Muitas das vezes as dores psicossomáticas também têm uma mistura de dores físicas e emocionais (sobretudo na sua origem) que estão de tal maneira interligadas que se torna muito difícil saber por onde começar e mesmo quando se sabe por onde começar, os resultados levam tempo e dão demasiado trabalho. As dores psicossomáticas são também muitas vezes encontradas na fibromialgia e em dores crónicas e o facto de doerem no físico leva os pacientes a nunca acreditarem que elas tenham uma causa emocional nem psicológica e dessa forma torna-se impossível fazer seja o que for para as aliviar. Esta é a principal razão porque muitas dores crónicas e algumas fibromialgias não se conseguem eliminar enquanto a pessoa não aceitar fazer um trabalho emocional e psicológico IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 17 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes para se libertar das suas emoções e dos problemas (e de outros componentes) que lhe provocaram fortes alterações emocionais e ou psicológicas. Chegados aqui, poderíamos pensar que bastava fazer apenas um trabalho a nível emocional e psicológico e tudo se resolveria. Nada mais errado. A maior parte destes problemas emocionais e psicológicos estão muito abaixo do nível de consciência da pessoa e ela não se apercebe de que eles existem nem de que eles a afectam. A pessoa por mais que olhe para o seu passado nunca consegue encontrar nenhum trauma nem nenhum problema emocional e muito menos um que possa ser responsável pelas suas dores. (Na verdade pode nem existir nenhum problema no seu passado). A maior parte destes problemas emocionais existem a um nível inconsciente e sem qualquer percepção da pessoa acerca da sua existência. Da mesma forma podem nem existir no seu passado como traumas ou problemas. Quando determinada dor se mantém ao longo de anos, apesar das boas abordagens e terapêuticas efectuadas, então é bom suspeitar de que pode existir algo "invisível" por detrás da dor. No entanto, levar a pessoa a olhar sua mente e as suas decisões tomadas a nível inconsciente ou que existem no seu inconsciente não é nada fácil uma vez que isso requer prática; e muita colaboração da pessoa. Este costuma ser o factor mais difícil de ultrapassar uma vez que nunca ninguém nos ensinou a fazer esse trabalho. Para além disto o problema, a dor e a doença foram a solução encontrada pela pessoa e pelo seu inconsciente para lidarem e resolverem determinado problema e ficar sem esse problema, dor ou doença é algo que a pessoa inconscientemente nunca quer fazer. E como todos sabemos, o nosso inconsciente tem muito mais força do que a nossa vontade consciente. E esta é a principal razão pela qual muitas pessoas nunca se conseguem libertar de fibromialgias, dores crónicas, doenças, problemas, sentimentos, etc. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 18 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Dores da Alma As dores da alma são dores diferentes das dores emocionais. As dores emocionais se devem a conflitos internos ou externos que a pessoa vive ou viveu. Estas dores emocionais alteram o funcionamento do sistema nervoso, emocional e hormonal com todos os problemas que daí acabam por surgir: depressão, ansiedade, stress, obesidade, problemas de saúde, etc. As dores emocionais se não resolvidas na hora acabam por serem somatizadas com as consequências que daí surgem quer em termos de alterações físicas com os respectivos problemas de saúde, quer em alterações mentais/emocionais/hormonais com as respectivas consequências. Muitas das vezes qualquer terapia que ajude a reduzir o stress pode ser bastante benéfica na eliminação das dores emocionais pois a pessoa fica mais capaz de olhar e de resolver os seus assuntos, os seus conflitos e as suas dores emocionais. Já a dor da alma é algo bem mais profundo e que está fora do nosso controle racional e consciente. A dor da alma é algo que se sente mas que não se vê e como tal que não se consegue controlar. A dor da alma pode ser dito que é algo que existe no “inconsciente” pois sente-se, está lá, mas não se consegue alcançar. Para entendermos o que é a dor da alma, temos de entrar em Constelações Familiares ou nos conhecimentos de Rupert Sheldrake, ou na física quântica que nos mostra e prova que o mundo em que vivemos é apenas uma materialização de algo que existe a nível energético o que vem de encontro à célebre equação de Einstein onde ele mostra que a matéria é apenas energia condensada. As dores da alma, sendo algo bem profundo dentro de nós, requerem uma abordagem diferente e bem mais profunda. As dores da alma raramente têm a ver com conflitos conhecidos ou vividos pois esses acontecimentosprovocam dores emocionais. As dores da alma têm mais a ver com o funcionamento da mente e com o nosso SER mais profundo. O nosso EU, ou SER mais profundo, funciona com base no amor profundo que nos leva a dar a nossa vida pelo outro ao nosso lado ou a viver a dor e o sofrimento do outro ao nosso lado. Este é um funcionamento completamente diferente da nossa mente pois tem mais a ver com o funcionamento do nosso EU profundo. Para aceder a estas dores que muitas vezes são herdadas ou que existem sem qualquer consciência da nossa parte, precisamos de fazer uso de Constelações Familiares ou de abordagens que usem os conhecimentos das Constelações Familiares. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 19 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Lidar com a alma e lidar com o inconsciente profundo é algo que sempre esteve envolto em mistérios e que sempre foi alvo de críticas e de muita incompreensão. No entanto, em todas as civilizações e culturas sempre se falou e lidou com estes assuntos e mesmo na nossa sociedade temos grandes cientistas e profissionais a trabalharem nesta área. Aceder à alma e ao inconsciente é a única forma de eliminar as dores da alma que nos afectam a todos os níveis. Como aqueles que trabalham nesta área sabem, lidar com a alma é lidar com a pessoa na sua pureza e lidar com o amor profundo que existe dentro de cada um, onde o julgamento é posto de parte e se permite que a pessoa e sua alma se possam exprimir e dessa forma deixar que suas dores possam se libertar. Saber fazer isto requer muitos conhecimentos, muita prática, muita sensibilidade e muita experiência pois só dessa forma se conseguem resultados. Contra-indicações absolutas - Aneurismas - Fracturas e lesões agudas de tecidos moles (esperar até à completa cicatrização) - Feridas abertas - Pacientes que fazem terapia corticóide (esperar 2 a 3 meses) - Febre - Pacientes hemofílicos - Tumores malignos - Estados inflamatórios dos tecidos moles – fase aguda - Doenças infecciosas - Osteoporose em estados avançados - Deficiências circulatórias agudas – Ex: Síndrome vertebrobasilar - Terapia anti-coagulante - Diabetes avançada - Flebite avançada - Osteomielite - Hematomas - Hipersensibilidade da pele – Ex: Queimadura solar, dermatite - Falta de aceitação por parte do paciente. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 20 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Contra-indicações relativas - Aterioesclerose avançada - Doenças auto-imunes - Espondilite anquilosante na fase aguda - Doenças maníaco depressivas - Paralisia cerebral em estados severos - Trombose - Epilepsia - Cirurgia plástica (esperar até 6 semanas) - Cefaleias e enxaquecas não diagnosticadas - HTA - Avançada instabilidade da coluna - DIU - Menstruações fortes - Gravidez (não aplicar nos primeiros três meses e nunca sobre o ventre materno no restante da gravidez) - Atletas de alta competição (3 dias antes das provas). IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 21 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Revisão Anatómica e biomecânica da cintura Lombo-Pélvica O equilíbrio mecânico da região pélvica não é fácil de manter e também não são fáceis de explicar as suas conexões em função do equilíbrio do sistema miofascial. Ao analisar os movimentos nesta região do corpo, há que ter em conta que a estabilidade da região lombopélvica depende de três níveis articulares de muita importância e uma complexa actividade da musculatura que suporta os seus movimentos: a coxo-femural, a sacro-ilíaca, a região lombo-pélvico e também o soalho pélvico muitas vezes esquecido. A fáscia superficial na região pélvica cobre o músculo quadrado lombar. A fáscia do psoas esta directamente relacionada com a fáscia ilíaca. As fáscias da parede abdominal dividem-se numa fáscia superficial, que controla os músculos oblíquos maiores do abdómen, numa parte anterior que se inserem na linha alba. Para baixo, continua até ao púbis através da inserção do músculo obliquo maior do abdómen. A um nível mais profundo se une á fáscia transversal, a que se adere parcialmente o músculo abdominal transversal, que passa imediatamente atrás dos rectos abdominais, chegando a unir-se á fáscia ilíaca. Na sua parte mais inferior, insere-se no canal inguinal, realizando assim uma conexão entre o sistema fascial e o membro inferior. O sacro está integrado na cintura pélvica através das articulações sacro-ilíacas, como uma cunha entre dois ossos, e realizam movimentos antagónicos e invertem-se entre si. Diferentes autores classificam esta articulação como sinartrose ou anfiartroses. A articulação sacro-ilíaca tem a forma de L, e está rodeada por uma cápsula articular forte e curta, também possui um complexo e potente aparelho ligamentar, que fortalece a articulação contrabalançando com a mobilidade da mesma, e por outro lado capaz de absorver os impactos da marcha. A principal função das articulações sacro-ilíacas é a de transmitir o peso e as forças desde a parte superior do tronco para as extremidades inferiores. A teoria clássica refere que existe uns movimentos sobre o eixo axial denominados de nutação e contra-nutação (alguns autores referem que este eixo passa por S2, outros opinam que passa pelo ponto anterior do promotório do sacro), podemos então concluir que talvez estes movimentos não se realizem sobre um eixo fixo, mas sim sobre um eixo que vai alterando segundo a idade da pessoa e as particularidades específicas do seu aparato locomotor. A amplitude dos movimentos mencionados é muito reduzida e pode variar de um individuo para o outro. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 22 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Durante o movimento de nutação, o sacro gira de tal maneira que o promontório desliza para baixo e para a frente e o vértice do sacro para trás, no movimento de contra-nutação acontece o contrário. O grau de nutação aumenta quando a pessoa se encontra em bipedestação, e principalmente se se produz uma hiperlordose, a contra-nutação aumenta nas posições sem carga, como por exemplo quando a pessoa está deitada. O movimento do sacro não envolve só os as articulações do sacro-ilíacas como também estão afectadas a articulação lombo-sacra e as articulações coxo-femurais. O último disco intervertebral adapta-se ao plano da base do sacro inclinando-se para a frente. As articulações sacro-ilíacas estão rodeadas pelos músculos maiores e mais potentes do corpo humano: os erectores do tronco, o psoas, quadrado lombar, o piramidal, abdominais oblíquos e os glúteos. Embora nenhum destes músculos actue directamente sobre as articulações sacro-ilíacas, capacitam outras articulações para realizarem movimento sobre elas como o caso da coluna lombar e coxo-femural, no entanto as mudanças posturais e a alteração do peso corporal pode desenrolar uma força capaz de mover as articulações sacro-ilíacas. Certos investigadores como o caso de Vleeming1992, revelaram que o movimento de nutação está controlado pela tensão do ligamento sacrotuberoso e o de contra-nutação pela tensão do fascículo largo do ligamento sacro-ilíaco posterior. A excessiva laxidez ligamentarou um transtorno miofascial na região sacro-ilíaca podem produzir desequilíbrios e desenvolver quadros dolorosos. Os principais músculos desta região são o psoas, o piramidal e o glúteo maior. Quando existem restrições miofasciais, estas alteram o equilíbrio funcional. Desde o ponto de vista da eficácia do sistema miofascial, considera-se que o musculo psoas é uma pedra fundamental no equilíbrio do corpo bem organizado. Ele que une directamente a caixa torácica com a coxa, fixa-se bilateralmente sobre ambos os lados das vértebras lombares. Através das fáscias, as inserções inferiores do trapézio e do diafragma, como é o caso dos pilares do diafragma, o psoas também pode influir na qualidade do ritmo respiratório. Por outro lado, o plexo lombar é um complexo que se move dentro e ao redor do psoas. Ao estudar a dinâmica do sistema fascial do corpo, não é exagerado denominar o psoas como o eixo funcional do corpo, não esquecendo a íntima relação fascial que possui com todas as vísceras pélvicas e lombares. O psoas e os músculos rectos do abdómen devem trabalhar em perfeita coordenação, o seu equilíbrio é básico para a marcha assim como para a perfeita posição bípede. O psoas actua ainda como uma espécie de bomba que estimula a circulação dos líquidos, processo que se realiza geralmente durante a marcha com cada passo que damos. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 23 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Acção cruzada da fáscia toraco-lombar Certos investigadores consideraram que a acção da fáscia toraco-lombar representa um factor indispensável ao correcto funcionamento das articulações sacro-ilíacas. Esta fáscia facilita assim uma conexão funcional entre o músculo grande dorsal de um lado e o músculo glúteo maior do lado contrário. O músculo grande dorsal não exerce uma acção directa sobre a coluna lombar como por exemplo o movimento de flexão do tronco. Disfunções Miofasciais Não é nada fácil estabelecer os parâmetros da “normalidade funcional” e muito mais difícil faze-lo tendo em conta que o corpo é um sistema integral. A estrutura corporal tem uma natureza circular, através da qual todos os segmentos corporais se relacionam entre si. Por esta razão a análise de qualquer um dos segmentos separados é quase inútil. Como por exemplo se a cabeça está desviada do eixo corporal, automaticamente outros elementos se desviam como processo de compensação ficando fora da sua posição funcional fisiologia. Estes desvios em “rotação” formam espirais de compensação que envolvem os planos fasciais. O mecanismo homeostático do sistema fascial realizará um trabalho complexo implicando todos os elementos necessários para manter a integridade funcional do corpo e facilitar assim um melhor desenvolvimento da estrutura corporal. O corpo que aparentemente funciona correctamente, apoiando-se nas compensações criadas pelo sistema fascial pode considerar- se um corpo são? Definição da disfunção miofascial A expressão disfunção não é um termo novo e foi utilizado por numerosos grupos de especialistas para definir diferentes estados de patologia do aparelho locomotor. Mennell utilizou a palavra disfunção para descrever a perda de um movimento normal de algo “que não funciona correctamente”. Geralmente este estado e um lógico processo de limitações do movimento adaptadas a um deficiente comportamento postural. Com o tempo e o repetido stress mecânico o tecido sofre uma acumulação de pequenos mas recorrentes traumatismos. Estes traumatismos, assim como também os traumatismos graves, no seu processo natural de reparação do tecido, produzem aderências que gradualmente reduzem a elasticidade do tecido, convertendo-se numa dolorosa e limitante cicatriz. Ao realizar-se o movimento este tecido será posto em tenção antes de chegar ao extremo do movimento fisiológico o que produz dor. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 24 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Restrição (limitação funcional) miofascial O traumatismo assim como também o aumento de stress mecânico, estimula a secreção das fibras de colagénio do tecido afectado, ao mesmo tempo, produz-se a diminuição do volume da substância fundamental, tornando o tecido conectivo mais sólido e menos fluído. O endurecimento do tecido conectivo altera a livre circulação dos fluído; em consequência torna totalmente ou parcialmente bloqueada a entrada de nutrientes. As capacidades do tecido conectivo em respeito à sua elasticidade, plasticidade e visco-elasticidade ficam reduzidas. Técnicas Miofasciais para a região lombopélvica - Plano transverso Objectivo: libertar restrições na região pélvica, primeiro esperar 90 a 120 segundos para obter a primeira libertação, e logo seguir a direcção do movimento que indica o corpo. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 25 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - Descompressão lombossacra Técnica: a mão estabilizadora do terapeuta é colocada debaixo das vértebras lombares, cm a mão inferior é executada uma tracção muito suave em direcção aos pés do paciente. A aplicação total da técnica demora cerca de 5 minutos até se conseguir a libertação da fáscia. - Indução da fáscia do psoas Objectivo: esta técnica é utilizada para eliminar as restrições do psoas associadas a quadros dolorosos, e a restrições do movimento da coluna lombar. A pressão é efectuada com os dedos na posição vertical, a uma distância de aproximadamente 3 cm, lateralmente ao umbigo e directamente sobre o psoas. O paciente mantém os joelhos flectidos. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 26 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - Indução da fáscia do quadrado lombar Objectivo: esta técnica tem como objectivo preparar o psoas para técnicas mais profundas; Técnica: esta técnica realiza-se com o bordo cubital do antebraço colocado na metade do espaço formado entre a última costela e a crista ilíaca, executa-se uma pressão moderada sobre a massa muscular em direcção à marquesa, que deve durar entre 3 a 5 minutos. De seguida pode fazer-se um movimento de flexão/extensão do ombro, movendo o antebraço de forma transversa em respeito ao corpo do paciente. O antebraço não deve deslizar na pele mas sim mover-se junto dela. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 27 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - Alongamento do quadrado lombar Objectivo: produzir um estiramento do quadrado lombar e dos erectores da coluna lombar, assim como a descompressão das raízes da coluna lombar. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 28 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - Mãos cruzadas Objectivo: produzir uma libertação profunda da fáscia do quadrado lombar, é uma técnica longa onde se espera a libertação miofascial do quadrado lombar.- Indução da fáscia do quadrado lombar II Objectivo: libertar a fáscia da região lombar Técnica: 1ª fase O terapeuta coloca o seu cotovelo do braço craniano na região lombar, lateralmente à linha das apófises espinhosas do lado a tratar, com a mão caudal, empurra o ilíaco e a massa glútea em direcção craniana. Esta manobra permite encurtar o quadrado lombar e permite um acesso mais fácil á sua fáscia. Deve manter-se esta posição cerca de 120 segundos. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 29 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Técnica: fase 2 O paciente roda o corpo de forma a que fique virado para os pés do paciente, posteriormente o cotovelo da caudal realiza uma tracção em direcção caudal, deve esperar-se até que se produza a libertação fascial.extremidade cranial exerce uma pressão firme até á massa do quadrado lombar, ao mesmo tempo que com a mão inferior leva ao estiramento caudal do membro inferior IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 30 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - Indução dos isquiotibiais - Tratamento longitudinal IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 31 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - Mãos cruzadas na fáscia toracolombar IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 1 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes TEXTO DE APOIO CURSO DE MANIPULAÇÃO MIOFASCIAL II Parte DOCENTE: Sandra Mendes IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 2 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Manipulação Miofascial Restrições Miofascias dos Membros Inferiores Função principal dos membros inferiores é o suporte corporal durante a marcha. Cada alteração estrutural ou funcional num dos segmentos leva a diversas compensações, e com o tempo e o uso prolongado, provocam compensações no sistema fascial. O objectivo das técnicas de tratamento é de equilibrar a fáscia a este nível. O tratamento nesta região é imprescindível, visto que, a maior parte das restrições miofasciais que ocorrem na região lombo-pélvica, coluna dorsal e cervical, se produzem em consequência das alterações miofasciais dos membros inferiores. Como tal, quando o tratamento é aplicado apenas para as restrições locais, em zonas onde se apresentam os sintomas, geralmente o alívio será temporal. Durante a avaliação de um problema postural, dor muscular ou miofascial na coluna vertebral, deve-se avaliar também os membros inferiores, pois existe uma grande relação biomecânica entre estas diversas estruturas. ● Fisiopatologia das Restrições na Fáscia Plantar Anatomicamente, a fáscia plantar tem origem na tuberosidade do calcâneo e se estende em direcção distal, cobrindo a musculatura intrínseca do pé. As expansões da aponeurose plantar se estendem e inserem-se nos dedos do pé. Figura 1 IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 3 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Figura 2 A fáscia plantar apresenta dois planos, um superficial, e outro profundo. A fáscia superficial divide-se em três partes: interna, intermédia e externa, formando desta forma, uma aponeurose plantar extremamente forte e desenvolvida. Juntamente com os músculos extrínsecos e intrínsecos da planta do pé, a fáscia plantar tem como função, controlar os arcos da bóveda plantar e manter a sua integridade, sobretudo o arco interno. Outra função, é estabilizar o pé na última fase de cada passo durante a marcha. É de destacar a importância do equilíbrio funcional entre os músculos tibial posterior e longo peronial, que estabilizam o pé formando um ângulo recto em relação com a tíbia. O longo peronial também é responsável por fixar o bordo interno do arco do pé, através do controle da posição do 1º metatarso. A estabilização do arco interno do pé também é dada pelo sistema ligamentar e este reforçado pelo músculo tibial anterior. Figura 3 A fáscia plantar suporta diversos estiramentos, sobretudo quando existem deformidades, tais como, alterações dinâmicas do arco transversal nos problemas associados a metatarsalgias. Normalmente as forças de estiramento se concentram, na inserção da fáscia a nível do calcâneo, mas também se podem estender ao longo de toda a expansão da fáscia plantar. Estas restrições levam a grandes alterações patológicas durante a marcha em todos os IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 4 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes tipos de terrenos, sendo que após o repouso nocturno essas alterações são mais evidentes e a marcha torna-se mais difícil para o paciente. As técnicas de indução miofascial, têm como objectivo, aumentar a mobilidade e melhorar a função da bóveda plantar. Na avaliação deve-se efectuar o diagnóstico diferencial entre os problemas miofasciais e os problemas de disfunção osteoarticular. As limitações presentes na elasticidade da fáscia plantar manifestam-se por um deficiente mecanismo funcional dos isquiotibiais, alterações na curvatura lombar (lordose), e numa posição de hiperextensão das vértebras cervicais superiores. ● Fisiopatologia das Restrições na Perna As lâminas profundas do sistema fascial dividem os músculos da perna, formando, juntamente com a tíbia e o perónio, quatro compartimentos: - Anterior: contém os músculos tibial anterior e os extensores dos dedos; - Interno: rodeia o tibial posterior, flexor longo do hállux e flexor longo dos dedos; - Externo: contém o curto e longo peronial - Posterior: controla os gémeos, solear e o músculo plantar. Figura 4 Restrições do compartimento anterior: - Produzem-se frequentemente em desportistas amadores, não estando preparados para esforços intensos. - Dor pode ser extremamente intensa, que por vezes incapacita totalmente o indivíduo para a prática desportiva. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 5 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes - Restrições a este nível diminuem a amplitude de movimento da dorsiflexão do pé, o que afecta a fluidez da marcha, tornando-se dolorosa. - Poderá provocar uma estabilização lateral precária do tornozelo. Restrições do compartimento interno: - Relacionadas a actividades desportivas de corrida, sobretudo em superfícies rígidas. - Dor surge no bordo interno da tíbia. - Geralmente afecta a origem do tibial posterior - Em consequência a um repetido e prolongado stress mecânico, poderá causar em situações extremas, por tracção, uma fractura na tíbia. - A restrição miofascial mantida no tempo, dificulta a marcha, provoca cãibras e doresnocturnas. Restrições do compartimento externo: - Pouco frequentes. - Normalmente aparecem algumas horas após a execução de exercícios intensos. Restrições do compartimento posterior: - Pode ser afectado pelo uso excessivo. - A dor provocada pelas restrições pode irradiar para a planta do pé. - Podem-se acrescentar às patologias deste compartimento as rupturas que ocorrem com frequência nos gémeos, que podem variar de uma leve dor até importantes dificuldades para efectuar a marcha. - A limitação funcional mantida no tempo, ou recidivas das rupturas, afectam o correcto funcionamento do tendão de Aquiles, podendo produzir uma lesão grave e inclusive uma ruptura total. - A fáscia plantar é um prolongamento funcional do tendão de Aquiles, e como tal, ao avaliar uma estrutura deve-se imperativamente avaliar a outra, e se necessário tratar as duas. Figura 5 IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 6 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes ● Fisiopatologia das Restrições no Joelho A articulação deve cumprir com duas funções primordiais que parecem contraditórias, ou seja, a estabilidade e a mobilidade. Estruturalmente, esta tarefa complexa é conseguida através de três unidades: compartimentos tibiofemural interno e externo, e articulação patelofemural. Estas três unidades devem funcionar em perfeito equilíbrio, adaptando-se constantemente às necessidades dos complexos articulares inferiores (pé e tornozelo), e superiores (articulação coxo-femural, sacroilíaca, lombosacra e lombar). Figura 6 A articulação que se encontra mais susceptível a qualquer alteração na restrição fascial é a femuropatelar. Ao longo da amplitude de movimento de flexão e extensão, a patela move- se dentro do sulco, praticamente com cada alteração da contracção do quadricípede, que controla a sua estabilidade e o seu trajecto longitudinal. Deve existir um alinhamento adequado da patela no plano frontal, determinada pelo ângulo Q. Um aumento da pressão dentro da articulação e dor patelofemural, podem ser provocadas por alterações do comportamento da patela, e consequentemente levar à condromalácia. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 7 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Figura 7 Será importante referir também, a inserção meniscorotuliana do tendão quadricípede, o que coloca em manifesto, um amplo controlo da eficácia mecânica deste grupo muscular complexo na maioria das actividades da patela. Na região anterior da patela, a lâmina fascial é extremamente fina, e insere-se na tuberosidade anterior da tíbia e na cabeça do perónio, contactando na face lateral com a banda iliotibial. Os tratamentos de indução miofascial nesta região são de capital importância e promovem um eficiente funcionamento do quadricípede, controlado pelo deslocamento do sistema fascial livre e equilibrado. A fáscia da coxa rodeia esta estrutura como se fosse uma malha, em que na região lateral é mais espessa, formando a banda iliotibial, formando um engrossamento da aponeurose femural, que se deve à sua específica função anatómica na mecânica da articulação do joelho, contribuindo para a sua estabilidade. A banda iliotibial possui outra função específica na estabilização lateral da pélvis durante a marcha e apoio unipodal, coordenando as funções da musculatura da região. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 8 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Figura 8 ● Fisiopatologia das Restrições Posteriores do Joelho Na região da fossa poplítea existe uma interconexão entre os tendões dos isquiotibiais e gémeos, obrigando a um entrecruzamento entre estes, sendo que o seu comportamento altera na flexão e extensão do joelho. Na flexão os gémeos separam-se dos isquiotibiais, e na extensão aproximam-se formando uma unidade funcional. Desta forma, na flexão os músculos da parte posterior da fossa poplítea trabalham separadamente e na extensão em conjunto promovendo a estabilidade. Esta é uma das conexões que permite as funções antagónicas da articulação do joelho, ou seja, movimento eficiente e com máxima estabilidade. Na fossa poplítea o sistema fascial é extremamente forte e densa no centro e fina e elástica lateralmente, na região tendinosa. A lâmina profunda da fáscia é protegida pelo sistema nervoso e vascular do membro inferior. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 9 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Figura 9 Figura 10 Figura 11 IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 10 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes Técnicas Miofasciais para os Membros Inferiores ● Indução miofascial para restrições transversais da fáscia plantar - Objectivo: libertar restrições da fáscia plantar deste o ponto de origem e ao longo de toda a extensão transversal. - Execução da técnica: estabiliza-se o pé do paciente com ambas as mãos por debaixo da inserção da fáscia na região do calcâneo. Contacta-se com os polegares a nível da planta do pé na zona da restrição, e as interfalângicas proximais dos dedos indicadores devem estar flectidas e apoiadas sobre o dorso do pé. Para executar a técnica, separa-se as mãos, exercendo uma tracção para fora. Mantém-se a pressão exercida e vai-se eliminado as restrições em todos os planos do espaço. A técnica é efectuada entre 5 a 10 minutos. ● Indução miofascial para restrições longitudinais da fáscia plantar - Objectivo: libertar restrições da fáscia plantar ao longo de toda a extensão longitudinal. - Execução da técnica: o terapeuta suporta o calcâneo com uma das mãos e com a outra mão estabiliza a nível dos metatarsos. Contacta-se com os polegares na planta do pé, no bordo interno. Em seguida, efectua-se uma tracção, afastando os polegares, promovendo um alongamento da fáscia no sentido longitudinal. Durante a execução da técnica deve-se controlar o grau de flexão e extensão do hállux, pois permite ajustar o grau de tensão sobre a fáscia plantar de uma forma mais completa. Mantém-se a pressão exercida e vai-se eliminado as restrições em todos os planos do espaço. A técnica é efectuada entre 5 a 10 minutos. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 11 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes ● Indução miofascial da fáscia do tricípe sural - Objectivo: libertar restrições da fáscia no compartimento posterior, permitindo um aumento da flexibilidade e aumento da amplitude de movimento da dorsiflexão. Esta amplitude encontra-se frequentemente restringida por um uso inadequado, ou por uma posição sentada prolongada. Esta técnica é constituída por três fases. - Execução da técnica: 1ª fase: coloca-se a mão caudal sobre a massa muscular do tricípe sural, próximo ao tendão de Aquiles e a mão cranial sobre o tricípe na região da restrição. A mão caudal estabiliza o músculo, e com a mão cranial efectua-se um movimento de deslizamento transverso. Efectua-seum movimento de deslizamento transverso 10 a 15 vezes. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 12 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes 2ª fase: o terapeuta fixa o tricípe sural com ambas as mãos, e coloca-se o polegares na região da restrição. Efectuam-se movimentos de deslizamento transverso aumentando progressivamente a pressão, segundo a tolerância do paciente. Efectua-se um movimento de deslizamento transverso 10 a 15 vezes. 3ª fase: coloca-se o joelho do paciente em flexão a 90º, e o terapeuta senta-se sobre a marquesa do lado a tratar. Com a polpa dos dedos de ambas as mãos, efectua-se uma pressão no espaço entre os gémeos de dentro para fora. A pressão é mantida durante 5 minutos, e vai-se efectuando movimentos de estiramento de pequena amplitude no sentido da libertação. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 13 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes ● Técnica de mãos cruzadas para o compartimento anterior da perna - Objectivo: libertar restrições da fáscia no compartimento anterior. - Execução da técnica: coloca-se uma das mãos na região infrapatelar e a outra sobre o terço inferior da perna. Efectua-se um pouco de compressão e tracção. A pressão é mantida durante 5 minutos, e vai-se efectuando a técnica no sentido da libertação. ● Indução miofascial do quadricípede - Objectivo: libertar restrições do quadricípede, aumentando o espaço necessário para uma contracção mais efectiva. Qualquer restrição a este nível provoca alterações na eficácia mecânica da articulação do joelho. Esta técnica é constituída por três fases. As duas primeiras fases são para eliminar restrições superficiais e a última é dirigida para as restrições mais profundas. - Execução da técnica: 1ª fase: coloca-se a mão caudal acima do joelho, sobre o ventre muscular do quadricípede e a mão cefálica sobre a região da restrição. A mão caudal estabiliza, enquanto a mão cefálica efectua movimentos de deslizamento transversal de pequena amplitude sobre a massa muscular. Efectua-se um movimento de deslizamento transverso 10 a 15 vezes. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 14 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes 2ª fase: para restrições no sentido longitudinal, efectua-se um movimento com a polpa dos dedos no sentido caudo-cefálico. Aumenta-se progressivamente a pressão, consoante a tolerância do paciente. Efectua-se um movimento de deslizamento longitudinal 10 a 15 vezes. 3ª fase: coloca-se as mãos cruzadas sobre o quadricípede, com a mão cefálica na região supra-patelar e a caudal no terço superior da massa muscular. A técnica é executada seguindo sempre os mesmos princípios de uma técnica de mãos cruzadas. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 15 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes ● Indução miofascial do quadricípede – Outra variante - Objectivo: libertar restrições do quadricípede. Alterações a nível da estabilização do tornozelo, problemas do compartimento anterior da perna e muitos dos problemas femuro- rotulianos, ao longo do tempo podem-se converter em condromalácia, que se relaciona com o desequilíbrio da fáscia do quadricípede. Esta é uma técnica de longa duração e é constituída por 4 fases. - Execução da técnica: 1ª fase: coloca-se ambas as mãos sobre o quadricípede, de forma a que a mão cranial contacte com o terço superior da massa muscular e a mão caudal sobre o terço inferior. Em seguida, dá-se um pouco de compressão, e efectua-se um deslizamento para fora da massa muscular, sem permitir o movimento de rotação externa do membro inferior. A posição é mantida durante 90 a 120 segundos. No final volta-se à posição neutra. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 16 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes 2ª fase: mantendo a posição das mãos, aplica-se o mesmo procedimento que da 1ª fase, mas efectuando um deslizamento da massa muscular para dentro, ou seja, no sentido oposto. 3ª fase: coloca-se as mãos cruzadas sobre o quadricípede, com a mão cefálica na região supra-patelar e a caudal no terço inferior da massa muscular. A técnica é executada seguindo sempre os mesmos princípios de uma técnica de mãos cruzadas. Efectua-se a libertação tridimensional durante 5 minutos. 4ª fase: esta fase é dirigida à libertação infra-rotuliana. Coloca-se a mão cranial sobre o tendão rotuliano, exercendo pressão no sentido cefálico. A mão caudal é colocada na fossa poplítea, e será exercida uma tracção no sentido caudal. A pressão é mantida durante 5 minutos. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 17 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes 5ª fase: na presença de uma dor intensa na região infra-rotuliana, pode-se alterar os contactos e colocar uma mão na região poplítea e outra por cima do bordo superior da rótula, a nível do terço inferior do quadricípede. IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 18 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes ● Indução miofascial para o tensor da fáscia lata - Objectivo: libertar restrições do tensor da fáscia lata. As restrições miofasciais a este nível, provocam dor que pode impossibilitar a marcha rápida, e não permite que o paciente assuma a posição de decúbito lateral sobre o lado que se encontra afectado. Esta técnica é constituída por 3 fases. - Execução da técnica: 1ª fase: coloca-se ambas as mãos sobre o TFL. Com os polegares é exercida uma pressão em direcção ao quadricípede. A pressão é mantida durante 5 minutos. 2ª fase: para eliminar as restrições miofasciais superficiais, utiliza-se uma técnica de deslizamento longitudinal. A mão cranial estabiliza a articulação coxo-femural, e com a mão caudal efectuam-se 3 traços longitudinais lentos e profundos ao longo do TFL em direcção caudal (não se devem sobrepor os traços). IMT 2015 www.imt.pt Curso de Manipulação Miofascial _______________________________________________________________________________________________ 19 ___________________________________________________________________ Sandra Mendes 3ª fase: para eliminar as restrições miofasciais profundas, utiliza-se uma técnica de mãos cruzadas, respeitando sempre os mesmos princípios. Coloca-se a mão caudal a nível da coxo-femural e a mão cranial sobre o terço médio do TFL. Efectua-se a libertação tridimensional durante 5 minutos. ● Indução miofascial para os isquiotibiais - Objectivo: libertar restrições dos isquiotibiais, permitindo uma aumento de flexibilidade. Esta técnica é constituída por 4 fases. - Execução da técnica: 1ª fase: apoia-se o membro inferior do paciente do lado afectado
Compartilhar