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Físico Química Experimental – QUI 02370 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Físico Química Experimental Relatório nº 2 Estudo das propriedades molares parciais Profº: Anderson M. Fuzer Barbara Queiroz Guimarães Elaine Pagung Vitória 2018 PRÁTICA 2 Soluções Estudo das propriedades molares parciais 1. Introdução Solução é por definição uma mistura homogênea formada por apenas uma fase (líquida, sólida ou gasosa), na qual suas propriedades são constantes. [1] Em fases condensadas, ditas sólidas e líquidas, as interações intermoleculares não podem ser ignoradas, devido à proximidade das moléculas dessas soluções, dessa forma, o termo ideal, que é usado em gases, não tem o mesmo significado, assim, em soluções líquidas ou sólidas, a idealidade é atingida quando as moléculas são tão parecidas que a mistura e duas substâncias não leve à alteração da estrutura espacial da solução ou da energia das interações intermoleculares. [1] Um sistema monofásico, líquido, com mais de um componente, é constituído por uma substância denominada solvente e as substâncias dispersas, denominadas solutos. [2] A representação de uma mistura pode ser dada pela razão do número de mols de cada componente e ao número total de mols, obtendo a relação denominada fração molar (equação 1), onde xi, índice subscrito i, indica a espécie i. onde n é a quantidade de matéria da substância , em que n =, e ni, referente a espécie i. A relação da quantidade de matéria pode ser inserida nas variáveis de um sistema, assim uma grandeza parcial molar é a contribuição, por mol, que uma substância faz a uma propriedade total da mistura. [2][3] Ao formar uma substância a partir da mistura de n1, n2, ..., nr mols das substâncias 1, 2, ..., r, obtém-se o volume total dos componentes puros a serem misturados (V*), que pode ser representado pela equação: [3] onde V*m,i é o volume molar da substância i pura. Ao fim da mistura é verificado que o volume V da substância não é a soma dos volumes dos componentes antes da mistura, ou seja, V ≠ V*. Isso se deve a dois fatores: A diferença de interações intermoleculares na solução em relação às substâncias puras é devido ao empacotamento das moléculas da solução ser diferente, pois há os tamanhos e formas de moléculas das substâncias misturadas são também diferentes. [3] Volume parcial molar é a variação de volume de uma mistura por mol de uma determinada substância adicionada a um grande volume da mesma. Esse volume parcial molar varia justamente pela alteração da estrutura da solução ao adicionar uma substância diferente. [4] A definição matemática para volume molar parcial é: onde n’ significa que a quantidade de matéria das outras substâncias é constante, p é a pressão e T é a temperatura. [4] Volume molar parcial é uma medida obtida através da razão de duas propriedades extensivas, e dessa forma se torna uma propriedade intensiva. [3] A relação entre volume molar parcial e o volume da solução é dada pela equação:[4] A variação de volume ao misturar os componentes puros para formar a solução é expressa por:[3] A importância desse conceito é que as propriedades extensivas de uma solução podem ser expressas pelas propriedades molares parciais, que são facilmente determinadas experimentalmente.[1] O Objetivo deste experimento é analisar e obter o volume parcial molar de um sistema constituído por água e álcool etílico preparado em diferentes proporções. 2. Procedimento Experimental. Parte 1: Experimento realizado a temperatura de 22°C. 2.1. Preparação das soluções As soluções foram preparadas utilizando balões volumétricos de 50 mL, misturando álcool etílico e água nas seguintes porcentagens (v/v):0,0; 2,0; 4,0; 10,0; 20,0; 40,0; 50,0; 60,0; 80,0; 90;0 e 100,0. Foram utilizadas buretas para fazer as adições dos dois componentes, sendo uma bureta para álcool etílico e outra para a água. Os balões foram identificados e anotou-se o volume adicionado por cada bureta nos balões. 2.2. Calibração do volume do picnômetro Determinou-se a massa do picnômetro vazio e cheio com água destilada em balança analítica. E por meio da diferença entre as massas obtive-se a massa da água. Usando a massa específica da água (obtida no handbook), de acordo com a temperatura medida com o termômetro durante o experimento, obteve-se o volume do picnômetro. 2.3. Medida da massa específica das soluções Mediu-se a massa de cada solução preparada no item 2.1. em triplicata utilizando o picnômetro e a balança analítica. Os valores foram anotados para cálculos posteriores. 3. Resultados e Discussão O primeiro cálculo tem finalidade de encontrar o volume dos picnômetros usados no experimento. O volume do picnômetro é calculado pela relação de massa específica, ou seja: onde m é a massa da água (calculada por: ), V é o volume de água ocupado no mesmo, e ρ é a massa específica da água na temperatura obtida na literatura [5]. Como a temperatura era de 22 ˚C, a massa específica da água é de 0,9977 g/mL. Tabela 1: Relação dos volumes dos picnômetros usados no experimento Picnômetro mPV/ g mPC /g m/ g /g VP /mL 01 13,310 23,948 23,936 23,941 10,638 10,626 10,631 10,632 10,656 02 14,251 25,100 25,116 25,097 10,851 10,865 10,846 10,854 10,878 Para calcular a massa específica das soluções preparadas foram medidas as massas das mesmas nos picnômetros. Tabela 2: Relação dos valores reais de fração em volume e as massas especificas das respectivas soluções. xv xVreal msolução / g /g ρ /g.mL-1 0,020 0,020 10,597 10,601 10,603 10,601 0,9949 0,040 0,040 10,589 10,597 10,598 10,594 0,9943 0,100 0,102 10,702 10,700 10,710 10,704 0,9840 0,200 0,201 10,331 10,372 10,379 10,361 0,9722 0,400 0,401 10,314 10,313 10,311 10,312 0,9480 0,500 0,500 9,913 9,923 9,912 9,916 0,9305 0,600 0,599 9,903 9,903 9,901 9,902 0,9103 0,800 0,800 9,229 9,221 9,219 9,223 0,8655 0,900 0,902 9,158 9,132 9,137 9,142 0,8404 1,000 1,000 8,655 8,649 8,649 8,651 0,8118 xvreal é o valor da fração em volume obtida através da equação (7), usando os volumes reais usados no preparo da solução. onde Vi é o volume do etanol puro e V é o volume da solução. As massas das soluções com frações em volume 0,0; 2,0 ;4,0 ;20,1 ;50,0 ; 80,0 e 100,0 foram determinadas utilizando o picnômetro 1. E as massas com frações em volume 10,2 ;40,1 ; 60,1 e 90,0 foram determinadas utilizando o picnômetro 2. A solução de etanol usada para o preparo das soluções tem massa específica de valor 0,810 ± 0,003 g/mL. Através dela pode-se calcular o volume molar da substância pura, pela equação: onde Mi é massa molecular do etanol. Da mesma forma é calculado o volume molar da água. Tabela 3: Dados fixos das variáveis utilizadas no sistema. V*m,A/mL 18,056 V*m,i/mL 56,872 MA/g.mol-1 18,015 Mi/g.mol-1 46,067 onde i é o etanol e A é a água. Com adição dos volumes para obter a mistura, observou-se que a solução no balão volumétrico apresentou uma compressão no volume total, como pode ser observado nas frações %(v/v) de 80 e 90 (figura1), onde os volumes das solução não estão de acordo com a marcação do balão volumétrico e também observa-se uma compressão maior para fração em volume de 80%(v/v), uma vez que esta apresenta uma diferença de proporção maior entre as substâncias. Isso se deve às forças intermoleculares que atuam entre as moléculas de álcool e água. Essas forças são mais intensas, pois ambas as moléculas são polares. [6] Figura 1: Balões volumétricos contendo as soluções de 80%(v/v) e 90%(v/v) Através desses dados é possível descobrir outros dados. Para calcular a fração em mol, é usada a seguinte equação: Para calcular a massa e a quantidade de matéria do soluto, e em seguida a massa de solvente e também sua quantidade de matérias, usa-se a relação de xv e xm, que se dá pela equação: Tabela 4: Dados experimentais obtidos. xV xi ρ /g.mL mi /g ni /mol mA/g nA /mol n (nA + ni) / mol 0,0000 0,000 0,9977 0 0 10,632 0,5902 0,5902 0,0200 0,006 0,9949 0,2120 0,0046 10,389 0,5767 0,5813 0,0400 0,013 0,9943 0,4238 0,0092 10,170 0,5645 0,5737 0,1017 0,035 0,9840 1,0918 0,0237 9,612 0,5336 0,5573 0,2015 0,073 0,9720 2,0817 0,0452 8,279 0,4596 0,5048 0,4012 0,170 0,9480 4,1352 0,0898 6,177 0,3429 0,4326 0,5000 0,232 0,9305 4,9572 0,1076 4,959 0,2753 0,3829 0,5996 0,311 0,9103 5,9512 0,1292 3,951 0,2193 0,3485 0,8000 0,540 0,8655 7,3775 0,1601 1,845 0,1024 0,2626 0,9018 0,723 0,8400 8,2238 0,1785 0,918 0,0510 0,2295 1,0000 1,000 0,8119 8,6508 0,1878 0,000206 0,0000 0,1878 Através dos dados experimentais pode-se calcular a fração em volume do etanol, a variação em volume da mistura, o volume molar parcial do etanol e da água. A variação em volume da mistura é calculada através da equação: onde V é o volume do picnômetro e V* é a soma dos volumes molares dos componentes puros da mistura, de forma que: Para obter o Δvmis /n, pode-se usar a relação apresentada nas equações (11) e (12), onde n é o a quantidade de matéria da solução. Sabendo que Conforme a equação (5), pode-se reescrever da seguinte forma: Dividindo a equação por n, temos: Se reorganizando, tem-se: substituindo na equação, tem-se: Fazendo a distributiva temos o seguinte resultado: Rearranjando a equação, tem-se: A equação de uma reta se dá por: Ao comparar com a equação (16), pode-se dizer que: Como sabe-se os valores de e , ao calcular os valores de a e b, é possível prever os valores de e . Com os dados obtidos na tabela 5 foi possível construir um gráfico de versus . E a partir das retas tangentes obtidas foi possível calcular o volume molar parcial das soluções água-etanol. Tabela 5. Dados obtidos para os valores dos volumes molares parciais. xVreal xi ΔmisV/n 0,0 0,000 -0,0025 52,05 18,05 2,0 0,006 -0,0328 45,72 18,09 4,0 0,013 -0,1056 53,18 18,00 10,2 0,035 -0,1814 50,80 18,08 20,1 0,073 -0,4108 51,27 18,04 40,1 0,170 -0,9390 53,68 17,55 50,0 0,232 -1,0993 54,84 17,20 60,1 0,311 -1,1818 55,89 16,72 80,0 0,540 -1,0717 56,49 16,02 90,0 0,723 -0,7465 56,74 15,36 100,0 1,000 -0,0007 56,74 18,06 Figura 2: Δvmis/n vs xi para as soluções água-etanol a 22°C. Esse gráfico (figura 2) mostra que a reta tangente à curva, quando traçada para xi = 0,33, é utilizada para determinar os volumes molares parciais para esta fração molar. Na sua interseção em xi = 0, ou quando a quantidade de soluto é zero, o coeficiente linear é dado por -1,33 cm3/mol, a partir dele, como mostra a relação (18), pode-se encontrar o volume parcial molar do solvente, e assim temos que cm3/mol. Quando a reta tangente intercepta em xi = 1, ou seja, quando temos apenas o soluto em solução, o valor de b é -0,85 cm3/mol, para calcular o volume molar parcial do soluto é usado a relação (17), assim sendo cm3/mol. De acordo com o gráfico (figura 2), temos que a variação de que acompanham a formação da solução é devido ás variações intermoleculares, tanto energéticas como estruturais, essas variações podem contribuir de forma positiva ou negativa e algumas vezes é suficientemente negativa para compensar a contribuição do aumento de volume, que é o que ocorre na mistura desde experimento, onde a ligação de hidrogênio entre o etanol e água é mais forte que as forças de ligação de hidrogênio nos componentes puros. [3] De maneira análoga foram traçadas retas tangentes aos pontos obtidos (figura 2) para determinar os demais valores de volumes molares parciais em solução água-etanol a 22°C (tabela 5). E assim obter o gráfico a seguir: Figura 3: volumes molares parciais em soluções água-etanol a 22°C. O volume parcial molar de uma substância é uma propriedade que considera a mesma como componente de uma solução, dessa forma, ela vai variar de acordo com a composição da solução. Isso ocorre porque as moléculas da substância estão sob influência das interações intermoleculares das moléculas de natureza diferente, que variam conforme a variação da concentração de cada um dos componentes. [6] Esse gráfico mostra que quando o volume molar parcial do etanol está diminuindo, o volume molar parcial da água está aumentando e vice-versa. [3] 4. Conclusão A partir do experimento foi possível obter os volumes parciais molares das soluções de água-etanol. Compreender que esses volumes variam de acordo com a variação da composição da solução, e que é uma característica normal de soluções formadas por moléculas com interações intermoleculares fortes. Caso as soluções fossem feitas de substâncias com características físico-química parecidas, o volume parcial molar não variaria, e assim teria uma solução ideal. Estas conclusões foram confirmadas na preparação das misturas com as duas substâncias escolhidas, pois foi verificado experimentalmente que o volume final da solução não é a soma dos volumes parciais de cada componente. 5. Referências Bibliográficas. [1] MESQUITA, A. F; NASCIMENTO, K. S. Físico-Química Experimental. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2013. [2] CASTELLAN, G. W. Fundamentos de físico-química. Rio de Janeiro, LTC Editora, 2007. [3] LEVINE, Iran N. Físico-química. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012 [4] ATKINS, P.; DE PAULA, J. Físico-Química. 8ª edição. LTC Editora, 2006. [5] LIDE, David R, CRC. Handbook of Chemistry and Physics. 87th ed. California, p. 986 [6] PILLA, L. Físico-química I – Termodinâmica química e equilíbrio químico. 2ª edição revisada. UFRGS Editora, 2005. 0 6.4462512991037982E-3 1.3031258962364229E-2 3.4687435559709254E-2 7.3128815913412096E-2 0.16980610900822313 0.23231808462523962 0.31118819046374779 0.54043415607340783 0.72333288986834554 0.99999999999999989 -2.5284988713313488E-3 -3.2771001685051593E-2 -0.10562805579313427 -0.18138612029779197 -0.41075754612866133 -0.939004807973858 1 -1.0992610127920446 -1.1817603347547601 -1.0716643376662891 -0.74652148613214653 -6.5556561187021995E-4 0 6.4462512991037982E-3 1.3031258962364229E-2 3.4687435559709254E-2 7.3128815913412096E-2 0.16980610900822313 0.23231808462523962 0.31118819046374779 0.54043415607340783 0.72333288986834554 0.99999999999999989 -1.3312093076958988 -1.3281134780163217 -1.3249510102163156 -1.3145505726371067 -1.296088995403925 -1.2496594630421174 -1.2196379171133911 -1.1817603347547601 -1.0716643376662891 -0.983 82672442925179 -0.85095659399740453 xi ΔmisV/n Etanol 0 6.4462512991037982E-3 1.3031258962364229E-2 3.4687435559709254E-2 7.3128815913412096E-2 0.16980610900822313 0.23231808462523962 52.048984711290871 45.717470457993308 53.184738409773246 50.801801998836837 51.267794025461271 53.675703437999907 54.840732108643152 Água 0 6.4462512991037982E-3 1.3031258962364229E-2 3.4687435559709254E-2 7.312881 5913412096E-2 0.16980610900822313 0.23231808462523962 18.053471501128669 18.094550840856368 17.995958151569468 18.081586326569106 18.0448202195660 91 17.552311502477121 17.199747212662896 16.724790692304101 16.023594716094209 xi ⊽ (cm3/mol) 7
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