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Universidade Federal de Uberlândia Campus Santa Mônica Instituto de Química RELATÓRIO Determinação do volume molar parcial. Licenciandos em Química. Disciplina: Físico Química Experimental Aluno: Denis Polidoro de Sousa (11911QMI230) Rodrigo Martins Alves (11711QMI220) Rafael L. J. Canuto (11611QMI200) Uberlândia - MG, 2021. Introdução Dentro do tema de análises de sistemas homogêneos, um conceito muito importante é a propriedade parcial molar. Já que a partir dela pode-se determinar a variação de propriedade com temperatura, pressão e a composição de outros componentes da mistura constante. Para compreender o volume molar parcial de uma substância em uma mistura, deve-se levar em conta que o volume molar é definido pela variação do volume total da mistura quando se adiciona 1 mol dessa substância a um grande excesso de mistura. Embora o volume parcial molar do componente A, VA, esteja relacionado apenas ao componente A, esse volume também expressa a influência das interações entre A e os demais componentes da mistura. Portanto, VA depende, além de suas variáveis termodinâmicas, da natureza de todos os componentes da mistura. Isso também vale para as demais propriedades parciais molares. No preparo de uma solução, onde temperatura e pressão são constantes, com NA mols de uma substância A e NB mols de uma substância B. O volume final para uma mistura ideal Vid é dado pela somatória entre os volumes de A e B puros. Ou seja, não existe variação de volume (∆mist), portanto, tem-se a Equação 1. (∆mist) = 0 (Equação 1) . Vid= nA x V°m, A + nB x V°m, B(Equação 2) Onde V°m, A é o volume molar de A puro e V°m, B o volume molar de B puro. Contudo, na prática essas expressões não são válidas, pois muitas vezes ao se misturar A com B, obtém-se um volume diferente da soma dos volumes iniciais das duas partes da mistura. Por esse motivo é necessário a dedução de equações equivalentes para soluções reais. Uma propriedade termodinâmica extensiva muito importante é o volume (V) de uma mistura. Considerando-se um sistema binário composto por nA mols de uma substância A e NB mols de uma substância B, com frações molares xA = nA/n e xB = nB/B. Tem-se que as propriedades parciais médias (X) são definidas por: Xm = X/n, enquanto as propriedades parciais molares são representadas pela Equação 3: Xm,A= (∂ X / ∂ nA)p,T, nBe Xm,B= (∂ X / ∂ nB)p,T, nA(Equação 3) Já os volumes parciais são definidos pela Equação 4, onde os termos Vm,A e Vm,B são respectivamente os volumes parciais médios de A e B. Vm,A= (∂ V / ∂ nA)p,T, nBe Vm,B= (∂ V/∂ nB)p,T, nA(Equação 4) Por fim, relaciona-se os volumes parciais molares com o volume total da solução por meio da Equação 5: V = nAx Vm,A+ nBx Vm,B(Equação 5) Observando-se as derivadas parciais nota-se a colaboração de um mol de uma substância de uma dada solução, mantendo-se as frações molares constantes, a partir de valores de temperatura e pressão conhecidos. Sendo os volumes parciais molares o tema deste estudo, o volume parcial molar do componente A (ou B) equivalente à mudança de volume da solução, para uma temperatura e pressão constantes, desencadeada pela adição de um mol de A (ou de B)a uma quantidade infinitamente grande de solução, de tal forma que a adição desta não altere a sua composição. Sendo volume ideal Vid dos componentes não misturados e o volume da solução V, a diferença entre V e Vid é resultado das diferenças entre as forças intermoleculares na solução e nos componentes puros e das diferenças entre o empacotamento das moléculas na solução e nos componentes puros, já que as moléculas das substâncias misturadas possuem tamanhos e formas diferentes. Objetivo O objetivo do presente experimento foi calcular os volumes reais, dos valores medidos, os volumes molares médios das misturas de etanol e água, e os volumes parciais molares de ambos os componentes para composições citadas, para isto o experimento foi realizado em temperatura e pressão constante. Investigou-se a validade dos volumes parciais molares da água e do etanol comparando o volume calculado para a mistura com o volume medido. Procedimento experimental Os materiais utilizados no presente experimento foram: álcool etílico absoluto PA; água destilada; 2 pipetas graduadas de 10 mL; 2 béqueres de 250 mL; 9 frascos de vidro com tampa cap. 100 mL; 01 picnômetro de 10 mL; pêra de borracha; papel higiênico; 01 termômetro de vidro escala -10/110 °C; termostato. Inicialmente calibrou-se o picnômetro instrumento da Imagem 1, no experimento foi utilizado um picnômetro com volume de 25 mL, o cálculo do volume real foi realizado através da pesagem da massa desse volume de uma substância cuja a densidade era conhecida, neste caso utilizou-se a água, a precisão exigida pelo experimento foi de 0,001g. Em seguida preparou-se a mistura de etanol e água, onde com uma pipeta foi feito a adição de gota a gota em um frasco com tampa e tarado da primeira substância neste caso a água até que fosse atingido a massa esperada, anotou-se esta massa, zerou-se a balança novamente (tarou) e adicionou a segunda substância (etanol) de maneira semelhante a adição da água e anotou-se a massa desse segundo componente também. Após esta etapa foi preenchido o picnômetro com cada uma das mistura conhecida. Pesou-se os picnômetros com cuidado, verificando o volume dos mesmos e fazendo a secagem do seu exterior. Imagem 1: Picnômetro. Resultados e discussão Para o cálculo do volume real do picnômetro temos que: 𝜌 = mpicnômetro/ Vreal Vreal = 26,843g / 0,996232 g/mL Vreal = 26,994mL A partir das massas iniciais dos componentes de cada mistura, obtemos a Tabela 1. Tabela 1: Massas dos componentes e suas respectivas misturas. Frasco Massa da água (g) Massa de Etanol (g) Massa da mistura 1 1,379 30,445 31,824 2 2,888 29,326 32,214 3 4,807 27,902 32,709 4 7,061 26,19 33,251 5 9,457 24,59 34,047 6 12,685 21,603 34,288 7 16,775 18,357 35,132 8 22,087 14,171 36,258 9 29,415 8,357 37,772 Contendo os dados da massa molar da água e do etanol (18,02 e 46,08), a partir da Tabela 1 obtém-se a Tabela 2, que indica os números de mols em cada frasco. Tabela 2: número de mols dos componentes e das misturas. Frasco N° de mols da água N° de mols do etanol N° de mols total 1 0,0765 0,6607 0,7372 2 0,1603 0,6364 0,7967 3 0,2668 0,6055 0,8723 4 0,3918 0,5684 0,9602 5 0,5248 0,5336 1,0584 6 0,7039 0,4688 1,1728 7 0,9309 0,3984 1,3293 8 1,2257 0,3075 1,5332 9 1,6324 0,1814 1,8137 Com o número de mols de cada substância e número de mols total, pode-se obter as frações molares de cada componente da mistura, indicadas na Tabela 3. Tabela 3: Frações molares do Etanol e da Água. Frasco Fração molar da água Fração molar de etanol 1 0,1038 0,8962 2 0,2012 0,7988 3 0,3058 0,6942 4 0,4081 0,5919 5 0,4958 0,5042 6 0,6002 0,3998 7 0,7003 0,2997 8 0,7994 0,2006 9 0,9000 0,1000 Com as massas das soluções e sabendo-se o volume real do picnômetro, é possível calcular a densidade de cada solução, e a partir das densidades, frações molares e massa das soluções, encontramos o Volume molar da solução, indicado na Tabela 4. Tabela 4: Massas das soluções colocadas no interior do picnômetro e suas respectivas densidades e volumes reais Frasco Massa da mistura (g) Densidade da solução (g.mL-1) Massa da solução (g) Volume molar real da solução (mL) 1 31,824 0,7952 21,426 40,02 2 32,214 0,8057 21,708 39,984 3 32,709 0,8222 22,154 39,7811 4 33,251 0,8371 22,555 39,721 5 34,047 0,8536 23 39,885 6 34,288 0,8744 23,56 39,213 7 35,132 0,8961 24,145 39,205 8 36,258 0,9277 24,995 39,085 9 37,772 0,9574 25,795 14,856 Tabela 5: dados de volume real médio,volume molar ideal e variação do volume molar. Frascos Volume molar real da mistura Volume molar ideal da mistura Volume molar médio da mistura 1 54,284 54,1037 0,1808 2 50,188 50,1893 0,001 3 45,6064 45,9818 -0,3754 4 41,368 41,87 -0,503 5 37,683 38,3427 0,66 6 33,437 34,1448 -0,708 7 29,493 30,1217 -0,629 8 25,492 26,137 -0,645 9 21,75322,0931 -0,34 A partir dos dados obtidos, é possível expressar um gráfico (Gráfico 1) do volume molar médio da mistura em função da fração molar de etanol na mistura, uma função do tipo f(x) = ax2 + bx + c. Gráfico 1: Volume molar da mistura em função da fração molar de etanol. Derivando a equação polinomial teremos 7,157x - 2,7742, inserindo essa função nas equações + e +𝑉𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 = Δ 𝑀 𝑉 − 𝑑(Δ 𝑀 𝑉 𝑚 ) 𝑑𝑋 𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 ⎡⎢⎢⎣ ⎤⎥⎥⎦ 𝑋 á𝑔𝑢𝑎 𝑉 𝑚,𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 𝑉á𝑔𝑢𝑎 = Δ 𝑀 𝑉 − 𝑑(Δ 𝑀 𝑉 𝑚 ) 𝑑𝑋 𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 ⎡⎢⎢⎣ ⎤⎥⎥⎦ 𝑋 𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 teremos então os valores dos volumes molares parciais da água e do etanol (Tabela𝑉 𝑚,𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙 6) Tabela 6: Referente aos dados dos volumes parciais molares da água, do etanol, e o volume molar real da mistura, chamado de teórico e o volume molar da mistura, chamado de experimental. Frasco VA VB Volume molar real da mistura (experimental) (Vr) Volume molar da mistura (tabela 5) 1 14,939 45,883 42,671 54,2845 2 15,668 45,487 39,488 50,1883 3 16,1216 45,0336 36,1916 45,6064 4 16,652 44,981 33,42 41,3677 5 16,94 45,007 31,09 37,6830 6 17,2771 45,3197 28,4873 33,4366 7 17,58 45,892 26,065 29,4931 8 17,644 46,505 23,433 25,4921 9 17,886 47,593 20,857 21,7535 A partir desses valores dos volumes parciais molares da água e do etanol, é possível construir dois gráficos, dos respectivos volumes em função da fração molar do etanol (Gráficos 2 e 3). Gráfico 2: Volume parcial da água em função da fração molar de EtOH. Gráfico 3: Volume molar parcial do EtOH em função de sua fração molar. Com os valores dos Volumes parciais molares, é possível encontrar o volume molar real da mistura, e o erro é encontrado pela equação: x 100𝐸𝑟𝑟𝑜 (%) = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐸𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜 Tabela 7:Tabela referente aos erros associados a cada uma das medidas realizadas. Frascos Vm,real /mL mol-1 Volume molar real da mistura Erro relativo 1 42,671 54,2845 21,394% 2 39,488 50,1883 21,3195% 3 36,192 45,6064 20,6433% 4 33,42 41,3677 19,2121% 5 31,09 37,6830 17,4952% 6 28,487 33,4366 14,8021% 7 26,065 29,4931 11,624% 8 23,433 25,4921 8,079% 9 20,857 21,7535 4,1226% Com os resultados obtidos notou-se que a mistura de etanol e água não seguem um padrão linear de adição volumétrica, devido às interações intermoleculares observou-se um volume final da solução menor que o valor esperado. O volume experimental divergiu-se do volume real(teórico), o fato pode ter ocorrido devido a alguns erros experimentais como aferição de menisco, calibração de instrumentos de medidas volumétricas. O controle de temperatura e pressão exigida pelo experimento pode ter ocasionado erros uma vez que tais parâmetros são mais complexos e delicados de serem assegurados. Conclusão Conclui-se portanto que a adição volumétrica de duas substâncias diferentes nem sempre segue um padrão linear, como é o caso da mistura entre água e etanol. Por vezes, alterando a fração molar das substâncias na mistura, é possível obter volumes variados e que existe uma proporção onde esse volume é o menor possível. Referências ATKINS, P.; PAULA, J. Atkins: Físico Química. v.1. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. p. 8. ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. Vol. único. 3ª ed. São Paulo: Bookman, 2007. p.239
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