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HTLV e artigos

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Luana Mascarenhas Couto 18.2 - EBMSP
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SEMANA UM – HTLV E ARTIGOS
Aproximadamente 15% dos cânceres que acometem os seres humanos foram associados a etiologia viral, no entanto, é importante esclarecer que somente a infecção viral não é suficiente para induzir a malignidade. A infecção viral é um dos muitos fatores envolvidos no processo de oncogênese.
Vírus oncogênicos
Vírus oncogênicos são vírus que participam do processo de transformação celular. Esses vírus estabelecem uma associação com a célula infectada que, em vez de destruí-la, cria condições para manter seu ciclo replicativo.
Vírus linfotrópicos para células T de humanos
Quatro tipos distintos de vírus linfotrópicos para células T de humanos (HTLV) já foram descritos até o momento.
- HTLV1 causa paraparesia espásticas tropical ou mieolopatia associada ao HTLV 1.
- HTLV 2 leucemia nas células pilosas.
- HTLV 3 e 4 associação a doenças ainda é desconhecida.
Classificação e características:
Os HTLV são classificados na família retroviridae, gênero Deltaretrovirus e subfamília Orthoretroviridae.
- O HTLV 1 e 2 tem três subtipos principais.
O HTLV é um vírus envelopado, com um core central denso. A morfologia da partícula viral é semelhante àquela observada nos retrovírus tipo C de mamíferos.
- O core denso constitui o nucleocapsídeo que contém no seu interior 2 cópias de RNA de fita simples, com polaridade positiva, associadas a uma molécula de RNA transportador que serve como iniciador da síntese de DNA. Além disso, o core contém também as enzimas transcriptase reversa, integrase e protease. 
A partícula viral possui um envelope de natureza lipoproteíca oriundo da célula infectada, onde estão inseridas espículas, que são heterodímeros formados pelas glicoproteínas gp46 (superfície) e gp21 (transmembrana). 
Biossíntese viral:
Estudos têm sugerido que 2 proteinas presentes na superfície da célula hospedeira podem ser receptores para o HTLV: NRP1 (neuropilina 1) e GLUT 1 (transportador de glicose 1). 
A adsorção ocorre por interação da proteína da superfície celular (gp46) à NRP1. Essa interação induz uma mudança conformacional da glicoproteína )gp), facilitando a interação com GLUT1. A formação do complexo gp-NRP1-GLUT1 induz uma mudança conformacional, levando à fusão do envelope viral com a membrana celular intermediada pela proteína transmembrana (gp21).
Após a liberação do genoma viral no interior da célula, o RNA é transcrito em DNA de fita dupla pela enzima transcriptase reversa. Essa enzima possui atividade de DNA polimerase RNA dependente, transcrevendo uma fita de DNA, usando o RNA como molde, ribonuclease H que digere a fita de RNA do híbrido RNA-DNA e DNA polimerase DNA dependente, responsável pela síntese da fita complementar de DNA. 
Após a síntese da fita dupla de DNA, esta é transportada para o núcleo e inserida no DNA celula pela integrase viral. 
A região gap, depois de transcrita, é traduzida em uma poliproteína percursora e, subsequentemente, é clivada por uma protease viral, dando origem à proteína matriz, à proteína do capsídeo e a proteína associada ao nucleocapsídeo.
Patogênese:
- HTLV1: a transmissão ocorre principalmente de mãe para filho, via leite materno, mas também pode ocorrer por transfusão sanguínea e contato sexual. O HTLV 1 infecta, principalmente, células TCD4, mas células TCD8 também pode ser infectadas. A disseminação desse vírus ocorre por contato celular e não pode meio de partículas virais livres. 
· A incorporação do HTLV1 no genoma de células TCD4 pode resultar em uma infecção silenciosa. Nesse caso, se o genoma viral não é inserido em genes críticos, as células infectadas são funcionalmente indistinguíveis da célula normal. A grande maioria das infecções pelo HTLV 1 é assintomática e uma pequena porcentagem de indivíduos pode desenvolver leucemia/linfoma de célula T do adulto, paraparesia espática tropical/mieolopatia associada ao HTLV1, uveíte e dermatite infecciosa. 
OBS: A proteína Tax bloqueia a atividade de reparo do DNA, além de ser responsável pela transativação da transcrição viral. Além disso, a proteína tax desempenha papel desencadeante da leucemogênese, expandindo o pool de células TCD4. Desse modo, criam-se condições para que eventos genéticos subsequentes ocorram, levando à malignidade dessas células. 
OBS1: Além disso, as linhagens de células T infectadas pelo HTLV 1 são resistentes à inibição do crescimento induzido por TGF-beta, sendo a proteína tax responsável por essa resistência. 
· As citocinas que são liberadas por células infectadas e linfócitos reagindo com antígenos virais infiltrados em vários tecidos caracterizam as doenças promovidas pelo HTLV1.
· Ciclo viral: via mitótica (primeiro o vírus se conecta ao receptor de uma célula TCD4, gerando integração do gene viral ao DNA da célula, posteriormente há uma transcrição juntamente com o gene viral e isso gera mitose das células TCD4) e via infecciosa (ocorre apresentação de antígenos virais ao TCD8, que gera lise da célula através das perforinas e granzinas, além de produzir citocinas inflamatórias, como TNF alfa e INF-Y):
- HTLV 2: ao contrário do HTLV 1, o HTLV2 estimula a proliferação de linfócitos T CD8. 
Manifestações clínicas:
- HTLV1: 
· Leucemia/linfoma de células T do adulto (LLCTA): representa uma leucemia de células T, sendo mais frequente nos homens. Os sintomas podem se manifestar como mal-estar, febre, linfoadenopatia, hipercalcemia, hepatoesplenomegalia, icterícia, perda de peso, envolvimento cutâneo e da medula óssea e infiltrado pulmonar. Existem 4 formas clínicas: forma indolente (caracterizada pela presença de 5% ou mais de linfócitos anormais no sangue periférico, ausência de linfocitose e de hipercalcemia, ausência de linfoadenopatia); forma crônica (presença de linfocitose, ausência de hipercalcemia, pode apresentar envolvimento dos linfonodos); forma linfomatosa (apresenta linfoadenomegalia, sem linfocitose); forma aguda (a mais agressiva, com linfoadenomegalia, hepatoesplenomegalia, lesões cutâneas, gastrointestinais e do SNC, numerosos linfócitos atípicos no sangue e hipercalcemia).
· Paraparesia espástica tropical ou mieolopatia associado ao HTLV1: é uma doença desmielinizante progressiva crônica que causa danos no cordão torácico-espinhal. Os sintomas iniciais são fraqueza e rigidez dos membros inferiores, podendo ter dor lombar, incontinência fecal e urinária. No líquor dos pacientes encontra-se grande número de citocinas pró-inflamatória, incluindo IFN-Y, TNF ALFA, IL1 e IL6, além de grande quantidade de linfócitos ativados. Destacam-se duas fases no processo fisiopatológico dessa doença: a primeira inflamatória e a segunda degenerativa. Inicialmente o vírus infecta as células responsáveis pela formação da barreira hematoencefálica, onde a expressão das proteinas de junção é alterada, ocorrendo a perda funcional dessa barreira, permitindo um aumento da passagem de linfócitos infectados pela barreira, com consequente perda da homeostase do SNC. 
OBS: Existem 3 hipóteses quando o mecanismo fisiopatológico envolvido na infecção pelo HTLV 1na paraparesia espática tropical.
- Na teoria da toxicidade direta: as células gliais infectadas pelo HTLV1 expressariam antígenos virais de superfície e as células TCD8 citotóxicas específicas cruzariam a barreira e destruiriam as células gliais infectadas, através da atividade citotóxica direta ou por liberação de citocinas. 
- Na teoria da autoimunidade, um antígeno do hospedeiro seria confundido com algum antígeno do HTLV1 acarretando um processo inflamatório autoimune com lesão neural. Onde foi identificada a proteína neuronal hnRNP-A1 que apresenta reação cruzada com a proteína viral Tax, configurando um processo de mimetismo molecular. 
- Na terceira hipótese, a do dano circunstante, envolve linfócitos TCD4 infectados e linfócitos TCD8 citotóxicos específicos anti-tax que migrariam para o interior do SNC, onde a interação promoveria a produção de citocinas, inflamação e destruição tecidual. Essa é a hipótese mais aceita. 
· Uveíte: é um processoinflamatório que afeta os tecidos intraoculares. 
· Dermatite infecciosa: é caracterizada por uma dermatite exsudativa grave, com crostas no couro cabeludo, pescoço, orelhas, axilas e virilha.
- HTLV2: várias evidências mostram a associação do HTLV2 à leucemia atípica de células T pilosas. Nessa doença, o DNA proviral é encontrado predominantemente em células TCD8. 
Diagnóstico:
- O diagnóstico laboratorial para HTLV1 E 2 geralmente é realizado pela pesquisa de anticorpos no soro do individuo por ensaio imunoenzimático (EIA) ou ensaios de aglutinação de partículas de látex ou gelatina. Porém, métodos moleculares como PCR também pode ser empregados para detecção do DNA proviral em células do sangue periférico.
- Isolamento viral: devido à dificuldade de propagar o vírus libre em cultura de células de laboratório, o isolamento viral é realizado por cocultivo de células infectadas do paciente com células mononucleares do sangue periférico, não infectadas e estimuladas com mitógenos e fatores de crescimento. 
- Sorologia para pesquisa de anticorpos: é realizada utilizando incialmente EIA para triagem sorológica em que é utilizado lisado viral. O resultado positivo por esse teste deve ser confirmado empregando-se o teste de WB (Western blotting), que além de ser confirmatório, serve para diferenciar a infecção causada pelos tipos 1 e 2. O critério para a confirmação por esse teste requer a presença de anticorpos para p24, gp46 ou gp61. 
- Detecção de antígenos virais: pelo fato de a antigenemia pelo HTLV ser muito baixa, testes para detecção de antígenos é empregados somente após o cocultivo de células infectadas de pacientes com células não infectadas. 
- Detecção do ácido nucleico: embora os HTLV apresentem genoma constituído de RNA, o diagnostico laboratorial é baseado na pesquisa do DNA proviral integrado ao DNA de linfócitos dos indivíduos infectados. Isso porque, os vírions não são facilmente detectados no sangue circulante.
- Resumindo: 1º teste de triagem, caso dê reagente se faz um 2º teste de triagem e se der reagente ainda se faz o teste confirmatório WB/PCR.
Prevenção, controle e tratamento:
Apesar da variabilidade genética relativamente baixa encontrada nos isolados desses vírus e das vacinas experimentais terem impedido a infecção de macacos e coelhos, não existe ainda uma vacina disponível para os seres humanos. 
A prevenção e o controle têm sido feitos pela utilização de preservativos, agulhas e seringas esterilizadas, triagem sorológica de doares de sangue e órgãos e campanhas de esclarecimento quanto ao perigo da transmissão pelo leite materno. 
ARTIGOS
HTLV 1- Resposta imune e autoimunidade
O vírus HTLV1 infecta linfócitos T CD4 e pode modificar seu comportamento, podendo desencadear reações inflamatórias, as quais quebram a tolerância do sistema imune, levando a autoimunidade. 
Estudos demonstraram que existe um aumento na expressão de FOXP3 em pacientes com linfomas de células T do adulto. O FOXP3 é um fator de transcrição essencial para diferenciação, função e homeostase da regulação das células T reguladoras. 
Em pacientes com paraparesia espática tropical, ocorre uma proliferação espontânea de linfócitos TCD4 infectados pelo HTLV, um aumento na migração de leucócitos circulantes e um aumento da produção de citocinas inflamatórias, particularmente IFN-Y e TNF alfa. Há ainda predominância de citocinas TH1 (INF-Y) e redução na TH2 (IL4 e IL10).

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