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Ortopedia 2 Temos 3 curvas na coluna vertebralDEFORMIDADES DA COLUNA VERTEBRAL · Cifose (normal = 20-40°) · Lordose (normal = 40-80°) · Escoliose A cifose e a lordose são curvas fisiológicas da coluna vertebral, desde que até certo grau. Já a escoliose é sempre anormal, não tendo um grau aceitável, apesar de algumas literaturas considerarem normal quando o desvio é até 10°. A escoliose é uma deformidade tridimensional, visto que atinge os planos frontal, sagital e rotacional, e pode ser dividida em: · Funcional causada por alterações em que a coluna sofre uma inclinação lateral, mas não há rotação dos corpos vertebrais, de modo que é uma escoliose de momento. Um paciente com cálculo renal, por exemplo, para aliviar a dor, pode adotar uma posição antálgica. · Estrutural necessário que existam vértebras com rotação. A etiologia da escoliose estrutural pode ainda ser idiopática (hereditária), neuromuscular, congênita, traumática, neurofibromatose, distúrbios mesenquimais. A idiopática corresponde a 80% dos casos, enquanto dos outros 20%, 10% são só de casos congênitos. Escoliose idiopática É a mais comum e é classificada de acordo com a idade do indivíduo no momento do diagnóstico. · EI infantil – até 2 anos · EI juvenil – de 3 até 9 anos · EI adolescente – 10 anos até a maturidade esquelética · Escoliose do adulto – amadurecimento ósseo do esqueleto O importante da escoliose não é olhar para a radiografia e apenas identificar uma deformidade/curvatura anormal, mas saber se o paciente tem dor, qual a queixa principal do indivíduo. A maioria dos pacientes não sente dor por causa da escoliose e a literatura afirma que – para que isso seja possível – o grau da curva deve ser acima de 35/40°. A idade do aparecimento da doença é muito importante, porque quanto mais cedo o paciente desenvolve a doença/tem o diagnóstico, mais reservado é o seu prognóstico, de modo que, se o paciente chega pra você com 15 anos, mas já passou por outros médicos e foi diagnosticado anteriormente com escoliose, por exemplo, aos 8 anos, essa escoliose é juvenil e não da adolescência. Existem alguns pontos importantes de serem perguntados na anamnese, são eles: · História médica familiar se há pessoas na família com escoliose e qual o grau de deformidade. · Revisão de órgãos e sistemas principalmente cardiorrespiratório, porque a escoliose pode causar compressão a nível do tórax, pulmão e coração, causando repercussões nesse sistema. · Atividades sociais deformidades muito acentuadas, além de afetar a autoestima, podem ser responsáveis pelo isolamento e solidão do indivíduo, havendo toda uma questão psicológica por trás disso. · Velocidade de crescimento a escoliose aumenta enquanto o paciente tem condições de crescer, depois que ele para de crescer, se houver progressão do quadro, estaremos diante de escolioses malignas. · Sinais de puberdade sugerem que está próximo do fim do crescimento e assim o seu amadurecimento ósseo será responsável pelo fim da progressão da escoliose. · Menarca nas meninas após 6 meses da menarca, a menina geralmente não cresce mais, de modo que assim a escoliose também não terá oportunidade de crescer. *Escoliose maligna – progride independente de qualquer tratamento, a não ser o cirúrgico EXAME FÍSICO · Inspeção · Palpação · Percussão · Ausculta (do sistema cardiorrespiratório, por exemplo, para avaliar se há comprometimento) EXAME NEUROLÓGICO é importante, mas em 99% dos casos a escoliose não causa quadro neurológico associado, porém o indivíduo pode ter, além da escoliose, outro quadro que causa esse distúrbio. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA por meio da radiografia, podemos identificar se é idiopática, congênita, neuromuscular ou se tem outra alteração de gênese. TC e RM só se o paciente for passar por algum procedimento cirúrgico ou tiver alterações neurológicas Como já vimos, é importante avaliar os sinais de puberdade e podemos fazer isso por meio do Índice de Risser e dos sinais de tanner.Classificação de Tanner O índice de Risser é de extrema importância, porque influenciará no tratamento, no uso ou não de órteses (coletes). Diz respeito à linha que vai da espinha ilíaca anterossuperior até a espinha ilíaca posterossuperior e é reflexo do amadurecimento ósseo. 0 – não aparece nada 1 – 25% 2 – 50% 3 – 75% 4 – 100% 5 – ossificação completa AVALIAÇÃO DA RADIOGRAFIA É por meio da avaliação radiográfica da coluna vertebral que conseguiremos determinar o grau da curvatura causado pela escoliose, que é chamado de ângulo de Cobb. Esse ângulo será encontrado da seguinte maneira: 1. Pegaremos a base da vértebra inferior mais curvada e traçaremos uma perpendicular a ela; 2. Em seguida, faremos o mesmo só com que o ápice da vértebra superior mais curvada, traçando também sua perpendicular; 3. O encontro dessas duas perpendiculares será o ângulo de Cobb. A vértebra do ápice da curva inferior é a mesma da base da curva superior. ÁPICE ÂNGULO DE COBB BASE TRATAMENTO Conservador: está indicado nos casos em que o grau é menor que 40° Observação (exercícios físicos para fortalecimento) – escolioses até 20 graus Até 20° a gente não usa nenhum tipo de órteses, de modo que o tratamento se resume a fisioterapia, musculação, exercícios físicos com alongamento e reforço muscular, visto que quem sustenta a estrutura óssea é o sistema muscular e não o contrário. Órtese – curva entre 20 e 40 graus em um esqueleto imaturo na escoliose idiopática (de 6 até 12m de crescimento esquelético remanescente). Só utilizamos órteses nas escolioses idiopáticas e, eventualmente, nas neuromusculares (no pós operatório). Não utilizamos órteses nas escolioses congênitas. NUNCA utilizamos gesso. Cirúrgico – lembrar que, apesar da indicação, quem decide acerca da cirurgia são os pais/responsáveis da criança, mesmo que o grau de escoliose esteja acima de 40° O tratamento cirúrgico não está indicado em casos de escoliose idiopática abaixo de 40°, desde que não seja progressiva na idade adulta, ou seja, se ela for < 40°, mas continuar crescendo, mesmo na idade adulta, poderemos indicar a cirurgia. ÓRTESES Temos 2 tipos de órtese: OCTLS (cervico-toraco-lombossacral ou milwaukee) e OTLS (toracolombossacral ou boston).Boston Milwaukee A utilização de órteses depende de 2 fatores: · Escolioses entre 20 e 40 graus · Índice de Risser ≤ 3 Podemos utilizá-las em escolioses maiores que 40 graus quando, por exemplo, a cirurgia não é permitida pelos pais. O COLETE NÃO CORRIGE ESCOLIOSE, ele tenta evitar a progressão dessa escoliose. NÃO existe nenhum tratamento clínico que reverta o quadro de escoliose. LEMBRAR DE SEMPRE associar a exercícios físicos, para dar toda a sustentação necessária para essa coluna. Quando usar OCTLS e OTLS · Quando o ápice da curva da escoliose estiver em T7 ou acima dela: utilizamos milwaukee. Só tira a órtese para tomar banho (20-23 horas/dia, inclusive o paciente dorme com o colete). · Quando o ápice estiver abaixo de T7: utilizamos boston. *Não existe aquela história de “Ah, tenho escoliose, não posso fazer atividade física!”, muito pelo contrário, esse paciente precisa de exercícios, para fortalecer a musculatura, que sustenta a coluna vertebral, ajudando também na não progressão do quadro. Portanto, não existe contraindicação a exercícios físicos, desde que sejam feitos com moderação. (Evitar ginástica olímpica profissional) *NÃO ESQUECER de sempre buscar a dor em casos de escoliose, porque muito provavelmente ela não será proveniente da escoliose. CONTRAINDICAÇÕES · Curvas > 45 graus ou Índice de Risser >3. · Retificação da coluna torácica: quando a curva da coluna torácica é menor que 20°, visto que temos uma cifose fisiológica nessa região (absoluta) · Paciente maduro esqueleticamente (absoluta). TRATAMENTO CIRÚRGICO – Escolioses idiopáticas · Geralmente, a partir dos 10 anos de idade. · Dor lombar que não passa e a causa é a escoliose Não decidir operar apenas pelo grau da curva de escoliose, considerar o diâmetro AP do tórax, retificação da coluna torácica e riscos cardiorrespiratórios.CLASSIFICAÇÃO DE KING E MOE · Não é importante para o médico generalista, apenas para o ortopedista, que irá tratar a escoliose. · Indicação de quanto devemos abordar cirurgicamente a coluna. · Vai do nível I ao V CIFOSE Normal entre 20 e 40 graus (do ápice da T3 até a base da T12 – vista de perfil) · < 20 graus – retificação da coluna torácica · > 40 graus – hipercifose HIPERCIFOSE · Dorsocurvoflexível: se fizer atividade física, a tendência é recuperar, voltar a cifose fisiológica; · Doença de Scheuermann: alteração que ocorre na vértebra, no alinhamento dela, de modo que temos mais de 2 vértebras acunhadas (a parte posterior é mais alta). Geralmente atinge acima de T7. * Acunhamento da vértebra é quando a vértebra perde altura na parte anterior e continua crescendo na parte posterior. Tratamento · Entre 40 e 60° de cifose + índice de risser até 3 = Colete de milwaukee (observamos de 3 em 3 meses, até o amadurecimento ósseo). · Até 60 ° e índice de Risser 4 e 5 – não usamos o colete, fazemos exercício. · >60° - Tratamento cirúrgico. O colete tenta estabilizar a cifose.
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