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TEXTO COMPLEMENTAR INTRODUÇÃO À PESQUISA

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INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA
1-O QUE É PESQUISA? 
A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos. 
A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.
Ela sempre parte de uma dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução. Os três elementos são imprescindíveis, uma vez que uma solução poderá ocorrer somente quando algum problema levantado tenha sido trabalhado com instrumentos científicos e procedimentos adequados.
A pesquisa, porém, não é a única forma de obtenção de conhecimentos e descobertas. Outros meios de acesso ao saber que dispensam o uso de processos científicos, embora válidos, não podem ser enquadrados como tarefas de pesquisa. Um desses meios, aliás muito recomendável, é a consulta bibliográfica que se caracteriza por dirimir pequenas dúvidas, recorrendo a documentos.
Esta busca de esclarecimentos não é pesquisa porque envolve problemas e soluções menos significativos e dispensa o emprego de processos rigorosos. Além disso, o registro dos dados levantados não é exigido e, quando isso ocorre, se reduz à mera cópia.
O relatório dos resultados, de outra parte, é indispensável na pesquisa.
Conceito de pesquisa original: entende-se por trabalho científico original aquela pesquisa, de caráter inédito, que vise ampliar a fronteira do conhecimento, que busque estabelecer novas relações de causalidade para fatos e fenômenos conhecidos ou que apresente novas conquistas para o respectivo campo de conhecimento.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa sobre um determinado assunto, levada a efeito, em parte ou em conjunto, pela primeira vez. São trabalhos desta natureza que, preferencialmente, concorrem para o progresso das ciências com novas descobertas.
A memória científica ou trabalho científico original será redigida de tal maneira que, a partir das indicações no texto, um pesquisador qualificado possa:
1. Reproduzir as experiências e obter os resultados descritos no trabalho com igual ou menor número de erros;
2. Repetir as observações e formar opinião sobre as conclusões do autor;
3. Verificar a exatidão das análises, induções e deduções, nas quais estão baseadas as descobertas do autor, usando como fonte as informações dadas no trabalho 
2-QUALIDADES DO PESQUISADOR
-Preocupação séria com a busca de fatos novos em algum setor do conhecimento
-Ter método de trabalho; esforço organizado: cronograma; anotações; programa de trabalho 
-Saber aonde estão as fontes de informações e o assunto
-Conhecimento de língua estrangeira
-Ser humilde e honesto
-Ética: não plagiar; sempre citar as fontes de informações 
-Modéstia e espítrito crítico
-Capacidade inovadora; não depender de autoridades e formas consrvadoras; 
-Ser contra aquilo que não for suficientemente provado
-Escolher temas dentro de suas possibilidades, capacidade e meios à disposição
-Responsabilidade social
3-DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
No passado: grande liberdade, poucas restrições; inclinações pessoais; meios à disposição; atividade extravagante
No presente: o desenvolvimento científico passou a orientar o trabalho. Passou a ser profissão; atividade programada
Pesquisa de temas em moda
Temas ligados a áreas de prestígio: são aqueles dos quais se esperam mais resultados; os que obtêm os melhores “grants”. 
Contribuição do pesquisador: particular aspecto, pequenas contribuições, como a descrição de uma nova técnica; de um novo método de exame; etc;
4-SUGESTÕES PARA A PESQUISA: DE ONDE SE OBTÊM?
-Diálogo com colegas 
-Leitura crítica de trabalhos de outras áreas
-Reuniões, seminários, congressos
-Trabalhos de revisão científica ultimamente publicados
-Perguntar e registrar informações
5-INSPIRAÇÕES PARA A PESQUISA
Temas quentes em cada setor: pode-se buscar na internet
Leitura de revistas e jornais de engenharia; ou mesmo de atualidades (Veja, Época, etc); Revistas de pesquisa (Fapesp)
Focar naquilo que se quer ou se gosta em engenharia: estruturas de concreto, madeira e metálicas, hidráulica, meio ambiente, tratamento de água e esgotos; geologia e geotecnia; fundações
Em algumas áreas ou temas, é necessário recursos para se fazer um bom trabalho
Pode ser um tema e problemática relativo ao seu trabalho atual 
6- POR QUE SE FAZ PESQUISA
A pesquisa, conforme a qualificação do investigador terá objetivos e resultados diferentes.
O estudante universitário que se inicia na pesquisa e o pesquisador profissional já amadurecido e integrado em uma equipe de investigação terão objetivos distintos, de acordo com a habilitação de cada um.
A pesquisa científica objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhecimento humano em todos os setores, da ciência pura, ou aplicada; da matemática ou da agricultura, da tecnologia ou da literatura. Ora, tais pesquisas são sistematicamente planejadas e levadas a efeito segundo critérios rigorosos de processamento de informações. Será chamada de pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência.
A pesquisa é feita por razões de ordem intelectual ou de ordem prática. As primeiras decorrem do desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer. As últimas decorrem do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz. É um engano classificar as pesquisas em teóricas e aplicadas porque uma pesquisa pura pode fornecer conhecimentos passíveis de aplicação prática imediata e uma pesquisa sobre problemas práticos pode conduzir à descoberta de princípios científicos.
O objetivo dos iniciantes é a aprendizagem e o treino nas técnicas de investigação, refazendo os caminhos percorridos pelos pesquisadores. O resumo de assunto de uns segue a trilha dos trabalhos científicos originais dos outros.
Os trabalhos de graduação e pós-graduação, para serem considerados pesquisas científicas, devem produzir ciência, ou dela derivar, ou acompanhar seu modelo de tratamento. Melhor seria denominar os trabalhos de graduação de trabalhos de iniciação à ciência, passo necessário para se alcançar o estágio da pesquisa científica. 
A pesquisa não é algo elevado, sublime, difícil, e não deve ficar restrita às universidades (nem mesmo às pós-graduações) mas é uma prática cotidiana: uma forma de se relacionar com o conhecimento. 
8-INTERESSE E CONHECIMENTO
A base para o funcionamento da pesquisa é o interesse das pessoas que participam do processo. Quando as pessoas participam sem saber exatamente o que estão fazendo ali, a serventia do que aprendem é nula.
Na experiência da pesquisa deve-se partir do princípio de que cada um pode expressar quais são seus interesses, e esses interesses não serão desprezados: não existe um interesse válido e outro que não vale. O interesse por doenças não é mais legítimo do que o interesse por pagode.
A pesquisa se inicia, portanto, através de um levantamento sobre o quê os alunos gostariam de saber, de estudar, sobre que problemáticas gostariam de atacar, que mistérios gostariam de desvendar. Começamos recortando as problemáticas que vão conduzir os trabalhos por um determinado período de tempo, criando, nas discussões em pequenos grupos e em grande grupo, o objeto da pesquisa.
9-A UNIDADE DE TRABALHO É A PROBLEMÁTICA
A pesquisa se alicerça sobre os interesses das pessoas e tem como unidade de trabalho a problemática e não, como muitas vezes se acredita o tema, ou o assunto. A grande armadilha da "pesquizinha" escolar (o que normalmente é chamado de pesquisa tradicionalmente na escola), que é outro nome para cópia, é achar que a pesquisa é feita sobre o tema. “Vamos pesquisar a formiga, ou o Brasil, ou vamos pesquisar Florianópolis”. Não é possível pesquisar temas, mas somente problemáticas: preciso ter perguntas para serem respondidas. Fazer pesquisa é responder a perguntas cujasrespostas não tenho de antemão. Só que fazer perguntas não é tão fácil quanto parece. Fazer perguntas não é banal. Muita gente não sabe fazer perguntas, desenvolver as perguntas, associar conjuntos de perguntas de modo a formar problemáticas. Muitas pessoas têm dificuldades em entender determinadas questões porque não conseguem formular as perguntas adequadas sobre elas.
Desenvolver as problemáticas significa saber o quê nós queremos saber e perceber isso não se dá de imediato, já que o objeto é construído. O que nós queremos saber precisa ser construído da mesma forma que as respostas que queremos ou podemos dar a essas perguntas. Por isso, para determinar quais as problemáticas que vão ser pesquisadas durante um certo período, precisamos de tempo - algumas semanas, às vezes - de discussão e de construção do objeto de pesquisa que vai ser desenvolvido naquele período.
O que conduz a pesquisa então não é o tema, não é o assunto. Enquanto acreditarmos que pesquisamos um tema, não faremos pesquisa. Por quê? Porque nós precisamos primeiro desenvolver as perguntas que queremos responder. Se não temos perguntas não temos como procurar respostas.
10- A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO PRECISA DE CENTROS FOCAIS
As práticas escolares, em nossa escola tradicional, se caracterizam por serem fragmentárias, por não terem centro. O professor de matemática está fazendo uma coisa, o professor de português outra, as seqüências de matemática se sucedem sem que se veja um elo que ligue essas partes, elas não conduzem para um centro, não há um centro que aglutine o conhecimento transmitido ou apropriado na escola. A pesquisa fornece um centro ao redor do qual se organiza o conhecimento: é o ponto que aglutina o conhecimento, seu ponto focal. Sem um foco desse tipo, o que temos é uma imensa dispersão do campo, sem que seja possível nem ao aluno e nem ao professor compreender porque aqueles conteúdos aparecem naquela ordem, para que eles servem, como relacioná-los. 
Falar em centro ou em foco implica na possibilidade de estabelecer relações. Não há processo de amadurecimento ou crescimento intelectual sem o estabelecimento de relações e é aí que a pesquisa se torna fundamental: uma vez estabelecido um percurso a ser realizado, suas necessidades internas dão sentido e lugar às novas informações ou conhecimentos adquiridos. Isso significa dizer que a pesquisa produz um centro provisório. Cada pesquisa em realização ou realizada estabelece um centro, centro diferente do de outra pesquisa, porém um centro. Naquele momento em que a pesquisa está acontecendo existe um ponto focal para o qual o conhecimento faz sentido. Quando passamos de uma pesquisa a outra, mudamos o centro, esse centro se desloca para outro lugar.
Ao contrário de uma forma curricular baseada em grade de disciplinas, que mapeia regiões de conhecimento sem centro, a pesquisa fornece sempre, provisoriamente, centros de organização do conhecimento.
11-O PRINCÍPIO EDUCATIVO DA PESQUISA É UNIVERSAL E UNIVERSALIZÁVEL.
A pesquisa - como meio de adquirir conhecimento e atuar no mundo, processo próprio do ser humano - não tem limitações técnicas: não tem limitações de idade dos participantes ou de grau de conhecimento prévio, mas é um processo universal e portanto universalizável enquanto prática educativa.. O sistema de trabalho baseado na pesquisa não pressupõe pré-requisitos, não trabalha com a perspectiva de que há seqüências únicas para se chegar ao conhecimento. 
Não precisamos começar por aqui para chegar lá, mas podemos começar por muitos lugares diferentes, conforme o grupo de interesses das pessoas com quem trabalhamos. Pesquisar é possível a todos, em todas as idades, em todos os níveis de conhecimento por que é próprio dos seres humanos se fazer perguntas sobre o mundo e buscar respostas para essas perguntas.
12-PESQUISA É INTERCÂMBIO
Para que a pesquisa funcione como princípio educativo precisamos de uma antropologia própria, quer dizer, de uma visão particular do homem. Qual visão? A visão de que os alunos pesquisadores estão em busca de alguma coisa, em busca de conhecimento, do prazer e da potência que o conhecimento proporciona, em busca das chaves de compreensão do mundo que o conhecimento proporciona, em busca de poder agir, em busca de reconhecimento pessoal, emotivo, afetivo, eles estão ali em busca de sua própria humanização. 
A participação continuada nos processos de pesquisa altera muito profundamente as relações entre professores e alunos e a visão que cada um deles tem do outro. Em primeiro lugar, tira a absoluta centralidade da figura do professor. O processo é descentralizado: não é o professor (o único) que transmite conhecimento, mas a responsabilidade pela produção do conhecimento é de todos. Se aluno recebe responsabilidades, o que é absolutamente necessário para o funcionamento da pesquisa, ele também recebe a possibilidade de tomar decisões. O que se constrói no processo de pesquisa é um coletivo de trabalho, professor e alunos são um coletivo construindo uma pesquisa. Além disso, eles não estão sozinhos, mas vão procurar seus parceiros, vão procurar pessoas, instituições, apoios que podem enriquecer, que podem desdobrar, que podem aprofundar as questões que eles têm levantado. 
13-QUAL O CONTEÚDO DA PESQUISA? 
A pesquisa não se fixa em conteúdos pré-determinados, porque se a base para o trabalho é o interesse dos alunos e esse interesse deve ser perseguido para que o processo realmente mobilize esses alunos, liberando assim as forças necessárias para o processo de aprendizado, então o objeto da pesquisa vai variar de grupo para grupo. 
Na pesquisa não há possibilidade de se repetir, já que estão envolvidas pessoas diferentes, com interesses diferentes e que, por serem responsáveis pela construção do seu conhecimento, tomam decisões diferentes sobre como proceder em cada um dos momentos da construção desse conhecimento. A pesquisa realizada por um grupo não pode ser repetida por outro grupo sem, irremediavelmente, deixar de ser pesquisa. Cada processo, nesse sentido, é único.
14-PESQUISA E DISCIPLINARIDADE
A pesquisa não é disciplinar, mas transcende as fronteiras do que seriam as chamadas “disciplinas” - matemática, português, biologia, geografia. Essas áreas são formas cristalizadas da nossa tradição escolar (e da nossa tradição ocidental), mas não aprendemos ou atuamos com nosso conhecimento separando rigidamente os limites simples que as disciplinas procuram nos impor. Quando localizamos um conjunto de problemáticas e perseguimos honestamente a solução das questões envolvidas, o conhecimento gerado ou aprendido vai aparecendo em ordens diversas, em percursos e combinações próprias, sem as amarras das fronteiras das disciplinas tradicionais. 
As disciplinas são uma forma específica de organização do conhecimento que tem uma função didática em muitos casos, mas que não deve ser a chave organizadora dos percursos de construção do conhecimento na pesquisa, sob o risco de justamente desrespeitar os interesses dos participantes – que não se expressam nessa forma de organização dos conhecimentos - e de fragmentar os percursos em vários “pedaços” que não se comunicam entre si. 
15-A PESQUISA NA GRADUAÇÃO 
Ao final da graduação muitos cursos exigem uma monografia, que neste caso é a revisão bibliográfica, ou revisão da literatura específica do curso. 
É mais um trabalho de assimilação de conteúdos, de confecção de fichamentos e, sobretudo, de reflexão. 
Inicia-se um trabalho de pesquisa monográfica após a elaboração de um projeto de pesquisa e este serve para definir e delinear o que será realizado na monografia.
Fazer uma monografia pode ser útil em muitos sentidos:
1. Aprender a pôr ordem nas próprias idéias e ordenar dados;
2. Elaborar um trabalho é como exercitar a memória, resgatando conceitos e experiências apreendidos ao longo do curso;
3. É uma experiência de trabalho metódico; construir um objeto que, como princípio, possa também servir aos outros. (VICTORIANO e GARCIA, 1996, p.14)
Na monografia, não é obrigatório que o temaseja original...
Mas é necessário que o estudante saiba trabalhar de maneira aprofundada a bibliografia e os recursos metodológicos existentes com rigor científico.
Em muitas vezes, a monografia de final de curso apresentada pelo alunos, acaba se transformando em um projeto para ingressar no mestrado ou em um caminho para despertar a vontade de seguir uma carreira acadêmica como pesquisador ou professor universitário. Em todos estes casos, é importante que se realize um bom trabalho de pesquisa, pois ele poderá servir como referência a outros pesquisadores.
Intenção: dar suporte técnico e metodológico para aqueles que estão vivendo a fase de produção de uma monografia.
16- PESQUISA NA PÓS GRADUAÇÃO
Os cursos de pós-graduação lato sensu destinam-se à especialização e qualificação técnico-profissional, bem como a atualização ou aprofundamento de temas científicos e acadêmicos. 
Os cursos de pós graduação strictu-sensu centra sua ação na pesquisa e na produção acadêmica. 
O título obtido para os cursos de lato sensu é o de especialista.
O programa de pós-graduação stricto sensu oferece a titulação de mestre e doutor.
Na monografia para a obtenção do grau de mestre (ou dissertação de mestrado), além da revisão da literatura, é preciso dominar o conhecimento do método de pesquisa e informar a metodologia utilizada na pesquisa. É um trabalho de confecção de fichamentos e reflexão; embora não haja preocupação em apresentar novidades quanto às descobertas, o pesquisador expõe novas formas de ver uma realidade já conhecida. A apresentação de um ponto de vista pessoal é de rigor. Deve o trabalho revelar capacidade metodológico e de sistematização das informações, bem como domínio das técnicas de pesquisa.
O conceito de monografia para outros autores;
“O termo monografia designa um tipo especial de trabalho científico cuja abordagem se reduz a um único assunto, a um único problema, com um tratamento especificado. O trabalho monográfico caracteriza-se mais pela unicidade e delimitação do tema e pela profundidade do tratamento que por sua eventual extensão, generalidade ou valor didático” (SEVERINO, 1993, p.100)
“Trata-se, (...) de um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina” (LAKATOS, 1992, p. 151)
Conclusão:
Podemos dizer que trata-se de um trabalho mais elaborado que deve observar e acumular observações; organizar essas informações e observações; procurar as relações e regularidades que podem haver entre elas; indagar sobre os seus porquês; utilizar de forma inteligente as leituras e experiências para comprovação; comunicar aos demais seus resultados.
Finalmente, na monografia para a obtenção do grau de doutor (ou tese), são elementos fundamentais: a revisão da literatura, a metodologia utilizada, o rigor da argumentação e apresentação de provas, a profundidade das idéias, o avanço dos estudos na área. 
17 - PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS - OUTROS GÊNEROS TEXTUAIS
Artigo científico: trata de problemas científicos, embora de extensão relativamente pequena. Apresenta o resultado de estudos e pesquisas. Em geral é publicado em revistas, jornais ou outro periódico especializado.
Eles permitem que as experiências sejam repetidas.
Estruturalmente, são compostos de: título do trabalho, autor, credenciais do autor, local das atividades; sinopse (resumo em português e em uma língua estrangeira, de preferência, em inglês); corpo do artigo (introdução, desenvolvimento e conclusão); parte referencial (referências bibliográficas, como notas de rodapé ou de final de capítulo, bibliografia, que é a lista dos livros consultados ou relativos ao assunto, apêndice, anexos, agradecimentos, data.)
Quanto ao conteúdo, os artigos científicos apresentam em geral abordagens atuais; às vezes, temas novos. Devem versar sobre um estudo pessoal, uma descoberta.
Seu conteúdo pode ser muito variado, como, por exemplo, discorrer sobre um estudo pessoal, oferecer soluções para posições controvertidas.
Sua redação leva em conta o público a que se destina. Deve ser claro, conciso e objetivo. A linguagem será gramaticalmente correta, precisa, coerente, simples e, preferentemente, em terceira pessoa. Evitar adjetivos inúteis, repetições, explicações desnecessárias e o título deve corresponder ao conteúdo.
São motivos para a elaboração de um artigo científico: existência de aspectos de uma assunto que não foram estudados suficientemente ou o foram superficialmente, necessidade de esclarecer uma questão antiga; inexistência de um livro sobre o assunto; aparecimento de um erro.
Comunicação científica: define-se como a informação que se apresenta em congressos, simpósios, reuniões, academias, sociedades científicas. Em tais encontros, são expostos os resultados realizados.
Um texto é considerado científico quando propaga informações científicas novas.
A comunicação científica em geral é limitada em sua extensão. As exposições em congressos são breves, ocupando tempo de 10 a 20 minutos. O tema será, sem dúvida, atual. E, antes que a profundidade da análise, busca-se a fundamentação da exposição. 
Em geral as comunicações não permitem a reprodução da experiência realizada e levam em consideração os seguintes elementos: finalidade, informações, estrutura, linguagem, abordagem.
A abordagem é a forma como o pesquisador interpreta uma situação, a forma como trata os problemas abordados, a posição que toma diante de determinada situação.
Os tipos de comunicação mais comuns são: estudos breves sobre aspectos da ciência; sugestões de solução de problemas; apreciação ou interpretação de obras; recensão (resenha) de um texto.
Estrutura: folha de rosto (nome do congresso, local da reunião, data, patrocinador, título do trabalho, nome do autor, credenciais), sinopse; introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia.
O autor deverá estar apto a responder às questões que serão formuladas. As apresentações das comunicações geralmente se revestem de certa formalidade, daí o aparato gráfico, o uso da modalidade formal da linguagem, a rigidez gramatical e o estilo impessoal.
Ensaio: exposição metódica dos estudos realizados e das conclusões originais a que se chegou após apurado exame de um assunto.
Há ensaios informais e formais. O informal é marcado pela liberdade criadora e pela emoção. O formal caracteriza-se pela seriedade dos objetivos e lógica do texto. É breve, deixa de lado a polêmica e o tom enfático, faz uso da primeira pessoa. Além disso, o ensaio é problematizador, antidogmático e nele devem sobressair o espírito crítico do autor e a originalidade.
Informe científico: relato escrito que divulga os resultados parciais ou totais de pesquisa. É o mais breve dos trabalhos científicos, pois se restringe à descrição dos resultados alcançados pela pesquisa. 
Deve ser escrito de forma que possa ser compreendido e as experiências repetidas, se for de interesse do investigador.
Paper: síntese de pensamentos aplicados a um tema específico. Esta síntese deverá ser original e reconhecer a fonte do material utilizado. Em português, a palavra corresponde a ensaio, mas este nome não encontrou acolhida entre os pesquisadores.
O termo, embora controvertido, é um documento que se baseia em pesquisa bibliográfica e em descobertas pessoais. Se o autor apenas compilou informações sem fazer avaliações ou interpretações sobre elas, o produto de seu trabalho será um relatório.
O paper difere de um relatório sobretudo porque se espera de quem o escreve uma avaliação ou interpretação de fatos ou das informações que foram recolhidas. Num paper, espera-se (lembre-se de que paper é um ensaio) o desenvolvimento de um ponto de vista acerca de um tema, uma tomada de posição definida e a expressão dos pensamentos de forma original. Deve reconhecer as fontes que foram utilizadas.
O paper não é (a) um resumo de um artigo ou livro, (b) idéias de outras pessoas, repetidas não criticamente,(c) uma série de citações, não importa se habilmente postas juntas; (d) opinião pessoal não evidenciada, não demonstrada; (e) cópia do trabalho de outra pessoa sem reconhece-la, quer o trabalho seja ou não publicado, profissional ou amador: isto é plágio.
Cinco passos para a realização de um paper: escolher um assunto, estabelecer limites precisos para ele, eleger uma perspectiva sob a qual você tratará o tema (sociológico, psicológico, químico, físico, matemático, filosófico, histórico, geográfico), apresentar o problema que estará resolvendo e construir uma hipótese de trabalho (antecipação de uma resposta para o problema). Diga o objetivo de seu paper e desenvolva suas idéias apoiando-se em fontes dignas de crédito. Após defender seu ponto de vista, demonstre-o apresentando provas e conclua. Siga a estrutura da comunicação científica.
No meio acadêmico, paper vem sendo empregado com um sentido genérico; pode referir-se não só a uma comunicação científica, mas também a texto de um simpósio, mesa-redonda e mesmo a um artigo científico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo : Atlas, 1993. 
OLIVEIRA, G. M. A pesquisa como princípio educativo: construção coletiva de um modelo de trabalho[S.I.] http://www.ipol.org.br/ler.php?cod=233
MEDEIROS, J.B. Redação científica.2ed. São Paulo : Atlas, 1996. 
CERVO, A.L. e BERVIAN, P.A. Metodologia Científica. 5a ed. São Paulo: Ed. Prentice Hall, 2002, pp. 63 – 64

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