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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Escola Politécnica Cursos de Engenharia Civil Departamento de Construção Civil – DCC ESTUDO DO PLANO LOGÍSTICO DO CANTEIRO DE OBRAS PARA ATENDIMENTO DOS RECURSOS BÁSICOS NAS FRENTES DE TRABALHO João Carlos Pinto Neto Rio de Janeiro / RJ 2013 i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Escola Politécnica Cursos de Engenharia Civil Departamento de Construção Civil – DCC ESTUDO DO PLANO LOGÍSTICO PARA ATENDIMENTO DOS RECURSOS BÁSICOS NAS FRENTES DE TRABALHO João Carlos Pinto Neto Monografia de graduação apresentada ao Departamento de construção civil de Escola Politécnica da UFRJ, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Profº. Drº. Luis Otávio Cocito de Araújo Rio de Janeiro / RJ 2013 ii ESTUDO DO PLANO LOGÍSTICO DO CANTEIRO DE OBRAS PARA ATENDIMENTO DOS RECURSOS BÁSICOS NAS FRENTES DE TRABALHO João Carlos Pinto Neto MONOGRAFIA SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃODO TÍTULO DE ENGENHEIRO CIVIL. Aprovado por: ___________________________________________________ Prof. Drº. Luis Otávio Cocito de Araújo ___________________________________________________ Profº.Drº Eduardo Linhares Qualharini ____________________________________________________ Profº. Vânia Maria Britto Cunha Lopes Ducap Rio de Janeiro / RJ 2013 iii Pinto Neto, João Carlos Estudo do Plano Logístico do Canteiro de Obras para Atendimento dos Recursos Básicos nas Frentes de Trabalho / João Carlos Pinto Neto – Rio de Janeiro; UFRJ / Escola Politécnica, 2013. XII, 66p.: il.; 29,7 cm. Orientação: Luis Otávio Cocito de Araújo Monografia (graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, 2013. 1.Introdução. 2. Planejamento na Construção Civil sob a visão do Gerenciamento das Frentes de Trabalho 3. Estudo da Logística no Canteiro de Obras para o Atendimento dos Recursos Básicos nas Frentes de Trabalho 4. Trabalho Prático. 5. Considerações Finais I. ARAÚJO, Luis Otávio Cocito de (orientador) II. ESCOLA POLITÉCNICA / UFRJ, Engenharia Civil III. Estudo do Plano Logístico do Canteiro de Obras para Atendimento dos Recursos Básicos nas Frentes de Trabalho. iv Aos meus Pais, Família e Amigos, v AGRADECIMENTOS Sempre estiveram ali quando precisei, me apoiaram quando era para apoiar, me deram amor e carinho quando era para dar, mas acima de tudo me ensinaram a obter um caráter e um censo de sempre fazer o certo, e para isso não me envergonha falar que quando precisei de umas palmadas eles sempre estiveram ali para conversar. Esses são meus pais, Seu João e Dona Goretti. Amo vocês mais que tudo. Ela sempre esteve ao meu lado desde o seu nascimento, mesmo eu sendo o mais velho, ela sempre gostou de pensar que fosse o contrário, e as vezes queria ter sido a minha mãe só para poder me dar bronca. Te amo, Julianna, você é a minha irmã preferida. Gostaria de agradecer a todos os meus familiares, que sempre torceram por mim, e sei que estão orgulhosos neste momento. Essa pessoa maravilhosa que com tão pouco tempo na minha vida, já conseguiu de forma tão única seu espaço no meu coração. Obrigado Amanda, minha namorada, pelo seu jeito brilhante de me apoiar e me ajudar nessa conquista, que sem você tudo teria sido mais difícil. Sinta-se dona dessa monografia, assim como do meu coração. Agora agradeço a família que foi escolhida por mim ao longo da vida, a todos os meus amigos da época de colégio, em especial aqueles do PH, que estarão em meu coração para sempre. Outra família, e essa já não fui eu que escolhi, pois é Deus que escolhe quem vai se dar bem, formada pelos meus queridos futuros engenheiros civis, e que escolheram a vi mesma caminhada, seguindo a mesma direção, pensando juntos nós vamos além. Obrigado por tudo Família Bloco D. Nada vai nos separar, a amizade é tudo! Quero agradecer ao Professor Luis Otávio, por permitir essa aproximação e disponibilizar sua atenção e orientação, mesmo em momentos que estava em casa se recuperando de uma pequena cirurgia, para a elaboração dessa monografia. E aos membros e colaboradores do Corpo Docente de Engenharia Civil da Escola Politécnica que fazem possível nossa vida acadêmica, com toda a qualidade de um ensino de primeiro mundo. vii NETO, J. C. P. Estudo do Plano Logístico do Canteiro de Obras para Atendimento dos Recursos Básicos nas Frentes de Trabalho. Orientador: Luis Otávio Cocito de Araújo. Rio de Janeiro, 2013. Monografia de Graduação em Engenharia Civil – Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. RESUMO O setor da construção civil vem apresentando grande crescimento no Brasil nos últimos anos. Gerando também um aumento da complexidade do canteiro de obras, que cada vez emprega mão-de-obra terceirizada. Escolha feita em geral pela vantagem de obtenção de maior especialização dos serviços executados, e a capacidade de simultaneidade de diversas frentes de trabalho. Com isso este trabalho estuda o planejamento necessário para gerir essa moderna forma de contratação de mão-de-obra. Visando diagnosticar a concepção dos gestores de obras com relação a logística de provimento dos recursos básicos dentro do canteiro. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica pertinente ao entendimento da logística de distribuição dos recursos de água e energia elétrica nas frentes de trabalho. Após a apresentação teórica do assunto, apresentou-se um trabalho prático de visita a obras de edificações na cidade do Rio de Janeiro, para perceber a aderência do plano logístico concebido pelo gestor da obra em relação a sua aplicabilidade no campo. Palavras-chave: Frentes de Trabalho, Logística, Recursos Básicos. viii NETO, J. C. P. Estudy oh the Logistical Plan oh the Construction Site for Meeting the Basics Features of Work Fronts. Advisor: Luis Otávio Cocito de Araújo. Rio de Janeiro, 2013. Monograph (Graduation in Civil Engineering – Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013. ABSTRACT During the past few years, the Brazilian construction has presented a Strong growth. Also generating increased complexity of the construction site, which increasingly employs labor-outsourced work. Choice made by the general advantage of obtaining greater specialization of the services performed, and the ability of concurrency of various work fronts. Therefore this paper studies the planning necessary to manage this modern form of hiring of manpower. Aiming to diagnose the design of works managers regarding the logistics of providing basic resources in plots. Therefore, we carried out a literature review relevant to the understanding of the logistics distribution of water resources and electric power at the work. After the theoretical presentation of the subject, presented a practical visits to construction of buildings in the city of Rio de Janeiro, adherence to realize the logistics plan designed by the manager of the work in relation to its applicability in the field. Keywords: Fronts Work, Logistics, Basic Resources. ix SUMÁRIO 1. Introdução 1 1.1. Contextualização 1 1.2. Justificativa 5 1.3. Objetivo 7 1.3.1. Objetivo Principal 7 1.3.2. Objetivo Complementar 7 1.4. Metodologia8 1.5. Estruturação do Trabalho 9 2. Planejamento na Construção Civil sob a Visão do gerenciamento das Frentes de Trabalho 11 2.1. Terceirização das Frentes de Trabalho 11 2.2. Interferências entre os Processos Produtivos 13 2.3. Aplicação dos Conceitos Básicos de Planejamento em Projetos de Construção Civil 16 2.3.1. Levantamento Prévio das Informações 17 2.3.2. Elaboração do Cronograma Físico de Obra 18 2.3.3. Alinhamento com as Necessidades do Cliente 21 3. Estudo da Logística no Canteiro de Obras para o Atendimento dos Recursos Básicos nas Frentes de Trabalho 22 3.1.1. Conceituação da Logística 22 3.1.2. Diferença entre uma planta Fabril e um Canteiro de Obras 24 3.1.3. Tipos de Canteiros de Obra 26 3.2. Plano Logístico do Canteiro 27 3.2.1. Arranjo Físico do Canteiro 28 3.2.2. Detalhamento das Instalações Provisórias 29 a) Fornecimento de Água 30 b) Fornecimento de Energia Elétrica 34 x 4. Trabalho Prático 37 4.1. Lista de Verificação 39 4.2. Layout do Canteiro 40 4.3. Relatório Fotográfico 41 4.4. Visitas as Obras de Edificações Estudadas 42 4.4.1. Diagnóstico e análise da Obra A 42 4.4.2. Diagnóstico e análise da Obra B 48 4.4.3. Diagnóstico e análise da Obra C 54 4.5. Quadro de Resumo do Diagnóstico dos Canteiros 56 5. Considerações Finais 57 6. Referências Bibliográficas 60 Anexo A 63 xi ÍNDICES DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Figura 1 – Variação PIB Nacional – Fonte: IBGE, 2013. 2 Figura 2 – Índice da Indústria da Construção Civil – Fonte: CNI, 2013 3 Figura 3 – Índices da Construção Civil por setor – Fonte: CNI, 2013 4 Figura 4 – Exemplo de Stakeholders na Construção Civil 22 Figura 5 – O processo produtivo de uma obra – Fonte: SOUZA, 2006. 25 Figura 6 – Sistema Indireto de distribuição d’água – Fonte: REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004 31 Figura 7 – Sistema Direto de distribuição d’água – Fonte: REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004 32 Figura 8 – Abastecimento pelo uso de poços – Fonte: REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004 33 Figura 9 – Sistema de captação de águas pluviais – Fonte: Desconhecida 34 Figura 10 – Quadro Principal de Distribuição – Fonte: FUNDACENTRO, 2008 35 Figura 11 – Quadro Terminal de Distribuição Fixo e Móvel – Fonte: FUNDACENTRO, 2008. 36 Figura 12 – Distribuição de Instalações Elétricas Aéreas – Fonte: FUNDACENTRO, 2008. 37 Figura13 – Parte da Lista de Verificação de Recursos do Canteiro 39 Figura 14 – Embasamento e subsolo OBRA A. 43 Figura 15 – Layout do Canteiro OBRA A. 44 Figura 16 – Quadro de Distribuição Intermediária OBRA A. 45 Figura 17 – Quadro de Distribuição Terminal Fixo 46 Figura 18 – Caixas d’água, como reservatório inicial da OBRA A. 47 Figura 19 – Banheiro Químico para operários. 48 xii Figura 20 – Layout do canteiro OBRA B. 50 Figura 21 – Quadro de Distribuição Geral OBRAB. 51 Figura 22 – Quadro de distribuição terminal móvel (“robozinhos”) OBRA B. 51 Figura 23 – Caixas d’água para alimentação das dependências de canteiro OBRAB. 52 Figura 24 – Conjunto de reservatórios para alimentação das atividades de campo OBRA B. 52 Figura 25 – Layout do Canteiro da Obra C. 55 Figura 26 – Caixas d’água de abastecimento geral OBRA C. 55 TABELAS Tabela 1 – Vantagens e desvantagens da prática de terceirização – Fonte: VIEIRA, 2006. 12 Tabela 2 – Tipos de Canteiros - FONTE: ILLINGWORTH, 1993. 26 Tabela 3 – Resumo dos Diagnósticos dos Canteiros Visitados 56 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização Nos últimos anos, muito tem se falado a respeito dos países considerados emergentes na economia mundial, e o Brasil figura entre eles. Devido à crise de 2009 nos países europeus, EUA e Japão, abriu-se espaço para países emergentes atraírem novos investimentos e possibilidades de diversificar sua economia. Junto com esta nova perspectiva o Brasil ganhou grande renome mundial, espalhando sua cultura e recebendo algumas honrarias, como sediar o Encontro Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, em menos de 3 anos. Por essa visão entende-se que está sendo gerada uma grande oferta de novos empreendimentos a serem realizados no Brasil e mais especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Os investimento feitos em infraestrutura, como as obras do COMPERJ, Angra 3, implantações do Porto de Itaguaí, Porto de Açu e o Arco Metropolitano impulsionam ainda mais a economia fluminense, e ajudam a produzir um forte impacto favorável ao mercado imobiliário. Conforme dito popular, “quando a construção avança, tudo vai bem”; isso quer dizer, em outro linguajar, que a construção civil é um ponto multiplicador da economia de um país. E sob vários aspectos, tanto econômicos como sociais, 2013 apresenta-se como um ano promissor para o crédito imobiliário e para a construção civil, com a perspectiva de avanços em relação a 2012. Do ponto de vista do financiamento habitacional, segundo reportagem da Revista CONSTRUÇÃO MERCADO (2013), o balanço de 2012 foi favorável. O 2 volume de empréstimos de R$ 82,1 bilhões, em 12 meses, até novembro, superou o dos 12 meses anteriores. Comparando a produção do mês de novembro de 2011 com a do mês de novembro de 2012, o crescimento foi de 15%. Já na comparação entre os primeiros 11 meses de 2011 e o mesmo período de 2012, a alta foi de 6%. As atividades da construção civil e do crédito imobiliário não podem ser olhadas sem se voltar o olhar para o ritmo de aceleração do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB cresceu em torno de 1%, em 2012, com uma melhora aparecendo no último trimestre, quando o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) já mostrava um aumento de 0,36%, entre setembro e outubro, indicando serem boas as expectativas para 2013. Pela pesquisa Focus de 7 de dezembro, a projeção de crescimento do PIB em 2013 era de 3,5%. Essa expectativa de aumento do PIB em 2013, decorre das medidas governamentais de redução de custos que só farão efeito esse ano. Figura 1 – Variação PIB Nacional – Fonte: IBGE, 2013. 3 Já por sua vez, os resultados da pesquisa Sondagem Indústria da Construção divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que tem como objetivo identificar a tendência passada e futura de indústria da construção civil, para o primeiro mês de 2013, apresentaram queda de rendimento, o que indica atividade desaquecida, como ilustra a Figura 2. Figura 2 – Índice da Indústria da Construção Civil – Fonte: CNI, 2013 Separando a indústria da construção civil em setores tem-se: o setor de serviços especializados se mantendo estável no período, quando marcou 42,9 pontos, mesmo resultado obtido em dezembro. A Figura 3 indica o setor de obras de infraestrutura, por sua vez, apresenta uma ligeira queda, passando de 46,7 pontos em dezembro para 45,2 pontos em janeiro. Enquanto isso, o setor de construção de edifícios foi de 45,7 pontos para 48,2 pontos e, mesmo com o aumento, seguiu desaquecido em relação aos últimos meses de 2012. 4 Figura 3 – Índices da Construção Civil por setor – Fonte: CNI, 2013 Apesar dos dados acima, entende-se, que o ano de 2013, é rodeado de diversas expectativas de crescimento econômico, atrelado ao desenvolvimento do setor da construção civil, porém sabe-se que a inconstância também é uma frequente no panorama brasileiro, pela variação de altas e baixas de indicadores de atividade da indústria da construção, para isso deve-se sempre se precaver antes de mostrar diagnósticos otimistas para o futuro do mercado. Os investimentos fixos em transporte público, saneamento e energia, bem como na infraestruturaurbana em geral, são importantes para a expansão da atividade imobiliária. No estado do Rio de Janeiro, e em grande parte do sudeste, tem-se essa mentalidade empregada nas frentes de governo, ainda mais por que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, devido aos eventos esportivos que estão por serem sediados no país. Esses investimentos permitirão tanto o adensamento nas metrópoles, quanto a criação de novas áreas de desenvolvimento, que dependem da oferta de serviços públicos básicos. 5 As demandas da população são cada vez maiores e mais complexas. A ascensão social que incorporou milhões de brasileiros à classe média tem como contrapartida a exigência de serviços de melhor qualidade e condições propícias à moradia. São desafios para os agentes econômicos e os poderes públicos. Além de atendimentos de necessidades de entrega de apartamentos prontos, tanto que hoje em dia, está em discussão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado o projeto de lei do Senado Federal (PLS) que prevê a compensação por atraso na entrega de imóveis. Segundo o texto, que altera o artigo 43 da Lei nº 4.591/64, caso a demora seja superior a 180 dias, a incorporadora deve pagar aos compradores multa equivalente a 2% sobre o valor pago e a 0,5% ao mês sobre o montante, enquanto o imóvel não for entregue. 6 1.2. Justificativa A construção civil, em pensamentos superficiais, se baseia em três pilares principais para a sua estruturação: atendimento as necessidades do cliente, aos custos e aos prazos. Esses três dogmas norteiam as principais empresas de qualquer ramo, não ficando de fora o ramo da construção civil. Quando a oportunidade surge para a criação de algum empreendimento, a tendência é se perguntar: “mas como faremos isso?”, e a partir deste momento, se inicia o ato de planejar. Tal ato demanda tempo e algumas técnicas para chegar em um parecer mais apurado. Muitas vezes gestores de obras motivados a apresentar alguma evolução no avança físico da obra, diminuem o tempo para se trabalhar o planejamento do canteiro. Não se deve pular a etapa de planejamento Não é difícil entender que uma obra sem um planejamento bem elaborado e estruturado na sua fase inicial, corre um maior risco de atraso nas demais etapas subsequentes da construção, do que um outro onde se tenha gasto mais tempo e investimento na fase da premeditação. Pensando nesse fator de mão de obra, que pode chegar a 50% do custo total dependendo do tipo de obra e do grau de industrialização, um canteiro que possibilite fatores de conteúdo e contexto favoráveis ao tipo de construção, e que atenda as necessidades das diversas fases da obra, se torna um ambiente de trabalho mais dinâmico e homogêneo, viabilizando assim os fatores necessários ao atendimento de uma alta produtividade da mão de obra. Visando assim estudar a forma como o mercado atual realiza suas contratações de mão-de-obra e a forma como ela é disposta nas frentes de trabalho. Verificando quais 7 seriam as principais interferências causadas por esse paralelismo de serviços, dito especialistas, no canteiro de obras. Para isso, no planejamento global da obra, o canteiro deve deixar de ser simplesmente uma instalação provisória, e passar a ser visto como a etapa fundamental da edificação. Devendo-se junto com esse levantamento prévio de informações, planejar o andamento físico da construção, para que o canteiro se modifique e consiga atender em cada etapa do ciclo de uma obra as suas necessidades básicas, para que se cumpram metas e prazos estipulados. Há tempos o canteiro de obra vem se modificando e se moldando de acordo com a magnitude de suas construções. Há cerca de 30 anos atrás um canteiro tinha dimensões limitadas e precárias, apenas uma ou duas torres no seu projeto. Nas obras atuais um canteiro de obras possui uma magnitude e uma complexidade muito maior do que há alguns anos atrás, e afeta ainda mais fortemente as transações e tarefas de execução de uma obra. Sendo justificado avaliar como são feitas as disponibilidades de recursos básicos, nessa nova concepção dos canteiros modernos. Avaliando se essa distribuição de recursos, projetada pelos gestores da obra, está sendo executado no campo, e ainda se está sendo satisfatório para o pleno atendimento das necessidades das equipes de trabalho. . 8 1.3. Objetivos 1.3.1. Objetivo Principal Este trabalho tem por objetivo fazer um diagnóstico da aderência entre a concepção da logística de canteiro pelo gestor de obra e sua efetividade, neste caso, entendida como o satisfatório provimento de recursos relacionados ao abastecimento de água e energia elétrica as frentes de trabalho. 1.3.2. Objetivo Complementar Para entendimento do objetivo principal, serão traçados dois objetivos complementares, e um deles é mostrar que as frentes de trabalho especializado em uma obra, por ocuparem um espaço físico comum e serem realizadas de forma simultânea no canteiro, acabam disputando os mesmos recursos de trabalho. E que essa competição gera interferências nos processos internos de um canteiro. O segundo ponto que será abordado é a padronização de tarefas, fruto de um bom planejamento, nas rotinas de uma obra gerem um processo produtivo sistêmico, que atenda de forma equilibrada todas as equipes de execução de trabalho. Para isso serão levantados os conceitos básicos para as tomadas de decisão e melhoria da gestão dessa produção no dia-a-dia do canteiro. 9 1.4. Metodologia O presente trabalho foi escolhido devido ao atual cenário econômico brasileiro, com uma crescente evolução das suas obras, levando ao aumento da complexidade dos canteiros. Em primeiro momento o autor se baseou em estudar e abordar pontos relativos a concepção da contratação e posteriormente gerenciamento da mão-de-obra em empreendimento de edificações no Rio de Janeiro, lendo bibliografias relativas a esses assuntos. Continuando a revisão bibliográfica, o estudo voltou-se para conceitos de planejamento e logística de uma canteiro de obras, para que em seguida, já com uma bagagem de conhecimento atribuída ao tema escolhido, passa-se ao trabalho prático. Para tal foi escolhida a visita de obra como estudo prático dos assuntos abordados na revisão bibliográfica. Seguindo a padronização das reuniões com os gestores da obra e percursos no campo, através de uma lista de verificação pré- elaborada, e acompanhada de relatório fotográfico. Enfim, com o conhecimento teórico adquirido com a revisão bibliográfica e o diagnóstico da realidade que estão se empregando no mercado atual, feito pelo trabalho prático, o autor expõem sua análise crítica e considerações sobre o assunto abordado. 10 1.5. Estruturação do trabalho O trabalho está dividido em 4 partes principais: Introdução, Revisão Bibliográfica, Visita a Obras e Considerações Finais. O conteúdo de cada uma dessas partes está mostrado a seguir. Introdução: Nessa parte é apresentada a proposição do tema e especificado o objetivo que o trabalho tem por definir. Inclui-se também uma análise da importância desse estudo, para o atendimento das necessidades do mercado da construção civil. Revisão Bibliográfica: Nessa parte há uma revisão dos conceitos utilizados para a perfeita abordagem do tema discutido, no contexto atual vivido por diversas empresas do setor no Estado do Rio de Janeiro. Ela se estrutura em dois grandes capítulos: o gestão das frentes de trabalho; e a logística necessária para atendimento dos requisitos básico nas frentes de trabalho. Trabalho Prático: Mostra todo o trabalho de visita e pesquisa realizado nos canteiros de obras de diferentes empresas. Começa com a metodologia utilizada, apresenta as características de cada canteiro de obra estudado. Formaliza as informaçõesencontradas e conversas com os profissionais atuantes em cada empreendimento. E no final, analisa de forma a levar em conta os aspectos logísticos dos canteiros que possam a sofrer ações de melhorias para alcançar um rendimento maior na produtividade de serviços específicos. Nunca deixando também de mostrar as experiências positivas que podem ser implementadas em outras obras. Considerações Finais: mostra a observação crítica do autor, com os resultados e experiências encontradas, tanto na revisão bibliográfica quanto no decorrer da pesquisa em campo. 11 2. Planejamento na Construção Civil sob a visão do Gerenciamento das Frentes de Trabalho 2.1. Terceirização das Frentes de Trabalho Neste capítulo, será abordada a forma como a gestão das frentes de trabalho está acontecendo nos dias atuais, e como um planejamento dos processos logísticos do canteiro de obras podem ajudar a mitigar as interferências entre a execução simultânea de diversos serviços. Para isso deve-se primeiro entender como atualmente funciona a contratação de mão-de-obra das empresas estudadas. Desde o início dos anos 90, com o aumento da competitividade do mercado e as empresas construtoras, buscando novas maneiras de atender os prazos apertados de empreendimentos em lançamentos, junto também com as necessidades dos consumidores, a solução encontrada por muitas delas foi a terceirização das atividades dos processos de construção. No Brasil ela começou com a introdução das fábricas multinacionais de produção de automóveis, em meados da década de 50, e depois se estendendo a outros segmentos industriais, chegando finalmente na construção civil. A terceirização se baseia na contratação de uma empresa para realizar uma atividade dentro de uma outra atividade realizada por outra empresa. Essa atividade é chamada de atividade-fim, e faz parte de uma atividade meio. Em geral ela ocorre, pois a empresa contratante terceiriza a mão-de-obra em um determinado serviço para se concentrar em outros serviços. 12 Mesmo que a palavra terceirização, tenha um significado muito parecido com o termo subcontratação, existe uma diferença entre elas. Acontece que a subcontratação existe quando uma empresa contratante faz um acordo com outra empresa para a execução de um determinado serviço que seja incorporado ao produto final e que a sua garantia e riscos sejam de responsabilidade da empresa contratante. E no caso da terceirização essa responsabilidade fica a cargo das empresas contratadas. Por isso estudaremos a prática da terceirização, que nada mais é do que contratar mão-de-obra especialista para execução de determinados serviços, sendo eles parte não integrante do plantel da empresa construtora. Assim a empresa que contratou passa a gerenciar apenas o serviço, enquanto as empresas contratadas se encarregam das atribuições legais e burocráticas da mão-de-obra. No âmbito do planejamento, essa estratégia parece muito rentável, pois com isso se reduzem gastos com contratações de profissionais especializados, e gastos com treinamentos que esses profissionais teriam que possuir. Além do fator tempo que seria perdido com a passagem do treinamento para os profissionais que desenvolveriam as atividades especializadas. A prática de “outsourcing” então apresenta como todo mecanismo uma série de vantagens e desvantagens, segundo VIEIRA (2006), elas são representadas na Tabela1. Tabela 1 – Vantagens e desvantagens da prática de terceirização Vantagens Desvantagens Possibilita melhora na qualidade dos serviços especializados, e assim do produto final; Aumenta a produtividade nos serviços especializados; Reduz custos fixos das empresas; Ganho tecnológico sem custos extras; Aumento da dependência de outras empresas; Aumento de riscos relativos a fornecedores não-qualificados; Dificuldade de obtenção de parceiro ideal e de formulação de contrato com o mesmo. 13 Facilita controle de custos; Concentra o foco em atividades mais estratégicas para a empresa; Diminui custos com manutenção e avarias em equipamentos; Possibilita o crescimento sem grandes investimentos; Fonte: VIEIRA, 2006 Segundo VIEIRA (2006), em geral construtoras ao fazerem quadro de orçamento enxutos, ficam com uma pequena margem de negociação nas concorrências para contratação desses serviços especializados e acabam optando pelo menor preço obtido, correndo o risco de não estarem contratando uma empresa organizada e que vá atender à qualidade e ao prazo de execução de tal serviço conforme acordado contratualmente. Já em termos logísticos no canteiro, na contratação de mão-de-obra de terceiros, a contratante não pode esperar que essas empresas especialistas venham com o plano logístico de serviço. Até porque o plano logístico das atividades a serem executadas deve vir da empresa que formulou o canteiro, ou seja, a construtora, que foi quem planejou todas as etapas da obra e planejou o canteiro, ou pelo menos, quem o deveria ter feito. Por isso o entendimento do plano logístico do canteiro não deve ficar restrito apenas a equipe de engenharia da empresa gerenciadora, deve-se difundi-lo para todas as empresas participantes da obra, de modo que seja aceito e seguido por todos, principalmente as equipes das frentes de trabalho. Contudo, acontece que muitas vezes isso não é feito, e cada empresa terceirizada se vê na situação de elaborar a sua própria forma de recebimento de material, sua forma 14 de transportar verticalmente os insumos para seus serviços, o local e o jeito que esse material será estocado. Com isso, em uma obra onde os prazos são apertados, o paralelismo entre atividades pode interferir negativamente nessa competição pelos recursos disponíveis no ambiente de trabalho, gerando assim diversas formas de interferências entre as frentes de trabalho. No próximo item, serão abordados os pontos que mais se encontram interferências entre serviços nas obras atuais do ramo da construção civil. 2.2. Interferências entre os processos produtivos As interferências no canteiro de obra começam quando o campo de trabalho de uma equipe realizando uma atividade esbarra em outra equipe, e uma das duas tem que mudar seu plano, acarretando algum tipo de consequência. Essa prática de realizar atividades de construção simultaneamente em regiões de trabalho próximas na edificação vem acontecendo devido aos prazos de obras serem mais exíguos e difíceis de serem alcançados se for seguida uma sequencia construtiva mais tradicional. Mas com o advento de novas tecnologias tornou-se viável, por exemplo, a execução da estrutura com o fechamento de fachadas, algo difícil de ser feito há cerca de 20 anos atrás. Por isso nesse capítulo o foco da discussão será como diminuir as interferências entre as diferentes equipes de campo, relacionadas com a ingerência dos recursos necessários para realização de um trabalho. Não serão abordadas as interferências relacionadas às incompatibilidades de projetos encontrada no momento da execução do serviço. 15 Como se sabe na construção civil o produto é fixo e as atividades de manufatura percorrem esse produto, diferente de uma fábrica de produtos sequenciais, onde o produto percorre uma linha de produção que faz com que o processo de manufatura ocorra de forma gradual e sem interferências, o mesmo acontece com os recursos necessários para essas atividades. Sabe-se que cada atividade requer um material, ou uma preparação diferenciada de outras atividades, e como o local de aplicação desses insumos está em constante mudança ao redor do canteiro, as suas logísticas e planos de transporte desse material também se encontram em constante mudança, e é nesse ponto onde ocorrem as principais interferências entre serviços dentro do canteiro de obra. Um exemplo, comumentevisto em diversas obras, em relação às interferências de serviços são os transportes verticais de materiais. Acontece que nos serviços dito especialistas de uma obra, as construtoras em geral optam pela terceirização da mão-de- obra, e nem sempre essas empresas especialistas são colocadas a par do plano logístico existente dentro do canteiro. Muitas vezes os materiais básicos para executar os serviços em andamento na obra chegam ao canteiro, mas as interferências são tantas que na frente de trabalho esse material não está chegando e ocasionando uma paralisação do serviço devido a falta de matéria-prima. Entenda-se falta de matéria-prima como o não atendimento de qualquer um dos requisitos físicos para a perfeita execução de cada atividade, como por exemplo a projeção de argamassa pronta em uma parede, é necessário de fato os sacos de argamassa previamente traçada e misturada, mas também é necessário os recursos de água limpa e energia elétrica para a máquina de projeção conseguir operar . 16 Nessa esfera do gerenciamento das diversas frentes de trabalho, e visando a redução das interferências entre elas, se dará a discussão dos conceitos para elaboração de planejamento de um projeto. Com a definição de um sequenciamento das entradas das atividades no campo de trabalho, pode-se avistar melhor as interferências que os processos de execução de uma edificação. Para isso será discutido os itens necessários para confecção dessa projeção dos acontecimentos futuros em uma obra. 2.3. Aplicação dos Conceitos Básicos de Planejamento em Projetos da Construção Civil O planejamento é de fundamental importância, pois executar um projeto implica em realizar algo que nunca foi feito antes. Para tal, serão remetidos pontos de interesse para a elaboração de um correto planejamento das atividades de uma obra. Em qualquer tipo de empreendimento, tanto na etapa da concorrência quanto no início e duração do período de obra, deve-se ter como base em premissas assumidas, que deverão ser fixas e claras para que se baseie a estrutura de um bom estudo de planejamento e assim todas as atividades decorrentes dele, como o estudo de viabilidade, o cronograma de atividades de obra e o cronograma de desembolso financeiro. A introdução de novos conceitos, técnicas, procedimentos e processos na construção civil de edificações, gera a necessidade de serem efetuadas mudanças na forma de pensar o planejamento estratégico e na visão sistêmica do setor, para que proporcionem um ambiente mais integrado e produtivo. 17 Para VIEIRA (2006) é necessária a transformação de culturas equivocadas enraizadas dentro do setor, por uma forma de pensar mais atual, que leve em conta aspectos ambientais , que não atendam apenas aos anseios do mercado consumidor, como algumas citadas a seguir: i. maior aplicação de novas tecnologias de informação ii. investir mais na qualificação dos recursos humanos empregados iii. incentivar parcerias com agentes externos iv. implementar uma cultura da qualidade v. foco no cliente Com base nesse ultimo item da lista supracitada, sabe-se que o papel do engenheiro civil, não é apenas esperar que as necessidades do cliente apareçam. O profissional de engenharia deve junto com o interessado mostrar de forma técnica quais são os empecilhos e talvez facilidade que podem fazer com que a vida da obra transcorra mais serenamente. E no final dessas conversas ter metas fixas e palpáveis que atendam ambas as partes, para dar continuidade nos estudos do planejamento. Segundo FERREIRA (2009), nessas conversas devem ser apontados fatores como datas de início e término dos serviços, a disponibilidade de recursos financeiros, os incentivos públicos na região que podem afetar o ritmo dos trabalhos, para que no final sejam discutidos os anseios do cliente. Por isso o planejamento de a ser realizado, deve seguir um procedimento sistematizado pela empresa, que contenha uma análise preliminar de dados, sendo fundamental para a logística do canteiro e também agilizará as demais etapas construtivas. As principais informações a serem coletas são descritas nos itens a seguir. 18 2.3.1. Levantamento prévio das informações Segundo SOUZA;FRANCO (1997) quanto melhor e mais bem apuradas as informações relativas ao produto que se pretende executar, maior é a chance de se planejar um bom canteiro. O bom trabalho então começa com a coleta de informações, e para isso tem que olhar para duas frentes: o projeto e o terreno. O terreno é de grande importância para elaboração do canteiro, com sua geometria e sua metragem já se tem a cara de como será o layout do canteiro. Porém para o estudo da logística do canteiro o seu entorno ganha mais importância que o seu interior. Os acessos de entrada e saída devem ser bem claros, os pontos de ligações de serviços públicos, como água, esgoto e luz, devem ser feitos de forma planejada. Já as definições técnicas do projeto da obra, devem estar bem definidas, como as principais tecnologias construtivas adotadas, a fim de que se possa ter claro quais serão os espaços necessários para a circulação, estocagem de materiais e áreas de produção. Em geral, a disponibilidade dos projetos executivos e mesmo dos projetos para a produção seriam a condição ideal. No entanto, é comum que tais projetos demorem muito a ficar prontos, havendo a necessidade de se iniciar a obra sem a conclusão de alguns deles. 2.3.2. Elaboração do Cronograma Físico de Obra A partir do projeto a ser executado deve-se elaborar um cronograma físico para a obra, mesmo que se tenha uma idéia geral sobre os serviços da obra, em termos de quais são, em qual quantidade, qual a duração e as precedências (SOUZA; FRANCO ,1997). Isso acontece porque para algumas atividades de maior esforço como execução de confecção de armaduras, concretagem, elevação de alvenarias, execução de revestimentos argamassados, o detalhamento semanal é recomendado; já para outros como as instalações hidráulicas, instalações elétricas, revestimentos azulejados e pisos 19 cerâmicos, apenas a indicação do início e do final do serviço são importantes em termos da definição do canteiro. Conforme dito SOUZA;FRANCO (1997), isso acontece ao primeiro grupo, pois nele pertencem os insumos de maior relevância quanto ao planejamento de transporte e de espaço para estocagem. O concreto, o aço, a argamassa e os tijolos em geral representam mais de 80% da massa total de um edifício. No segundo grupo pertencem insumos onde normalmente se faz uma previsão de áreas necessárias sem se passar por quantificação de consumos; neste caso, inclusive, pode-se pensar em agrupar diversos serviços de natureza semelhante dentro de uma mesma classificação. É importante também estimar o número de operários no canteiro para as distintas fases do layout do canteiro, ou seja, para a etapa inicial da obra, a etapa de pico máximo de pessoal e a etapa final ou de desmobilização do canteiro (SAURIN; FORMOSO, 2006). Por exemplo, o espaço do refeitório dos operários deve estar de acordo com as exigências mínimas da NR-18, para que todos nos seus respectivos turnos tenham como fazer as refeições, assim como em relação as instalações sanitárias, que devem estar dimensionadas paras as diferentes etapas da obra. Para tal existem ferramentas que possibilitam essa estruturação dos serviços a serem executados, com a quantificação das necessidades dos insumos vinculados. Segundo CORRÊA (2005), os projetos são planejados e executados seguindo um processo sistemático. Ele ainda complementa que um projeto pode ser entendido como um conjunto único de atividades inter-relacionadas, estudadas a fim de se produzir um resultado definido (especificação de qualidade), dentro de um prazo (especificação de tempo) utilizando uma alocação específica de recursos (especificação de custo).20 De acordo com PMBOOK (2008), para gerenciar o tempo de um projeto existem diferentes processos necessários, que serão listados a seguir: i. Definir as atividades: são todas as tarefas que compõem o projeto. Sendo as unidades mínimas que podem executar o projeto, sendo elaboradas de forma específicas de acordo com a necessidade. ii. Sequenciar as atividades: são estabelecidas as precedências de atividades pré- definidas iii. Estimar os recursos da atividade: neste processo serão estimados os tipo e quantidades de material, pessoas, equipamentos ou suprimentos que serão necessários para realizar cada atividade. iv. Estimar as durações da atividade: estima o número de períodos de trabalho que serão necessários para terminar as atividades específicas com os recursos estimados. v. Desenvolver o cronograma: analisa a sequencia das atividades, suas durações, recursos necessários e restrições do cronograma. vi. Controlar o cronograma: monitoramento do projeto para atualização do progresso do cronograma, e gerenciando as mudanças necessárias. Já em termos de relações de precedência das atividades de um projeto pode-se ter os seguintes tipos: - Término/ início: uma atividade sucessora só inicia quando sua predecessora acabar; - Término/ término: o término do trabalho da atividade sucessora depende do término do trabalho da predecessora; - Início/ início: o início da sucessora depende do início da predecessora; 21 - Início/ término: o fim da atividade sucessora depende do início da predecessora. Os processos de gerenciamento do tempo do projeto e suas técnicas são ferramentas para elaboração do plano de gerenciamento do cronograma. No desenvolvimento do cronograma usam-se as definições das atividades, o sequenciamento, a estimativa dos recursos e as durações das mesmas em combinação com ferramentas de elaboração de cronogramas, as quais costumam ser feitas através de redes. Como exemplos dessas redes, temos o diagrama de precedência (PDM Precedence Diagramming Method) e o diagrama de flecha/ arco (ADM- Arrow Diagramming Method). No PDM as atividades são representadas no nó e as relações de precedência nas setas. Já no ADM, as atividades são representadas nos arcos e só admitem a precedências do tipo término/início. Em termos de programação das atividades de um projeto, geralmente utilizam-se os modelos gráfico de Gantt e as redes CPM e PERT. O gráfico de Gantt trata-se de um instrumento utilizado para mostrar as etapas de um projeto, incluindo seu início, duração e fim. As tarefas de cada membro da equipe são indicadas por uma barra sobre o eixo horizontal do gráfico. Já a rede CPM (Critical Path Method): trata-se do método do caminho crítico. Por esse método, todas as atividades do processo são representadas por redes, com suas relações de precedência e duração. O objetivo com isso é calcular o caminho mais longo da rede, considerado o caminho crítico. Utiliza-se nesse método uma estimativa para a duração das atividades. A rede PERT, é bastante semelhante a rede CPM. 2.3.3. Alinhamento com as necessidades do cliente O levantamento das informações e as expectativas de cronograma físico da obra e do canteiro devem estar alinhados com as necessidades do cliente. As diretrizes de um 22 planejamento devem tentar alcançar um horizontes de metas estipuladas em conversas com o cliente. Isso inclui a consulta ao orçamento disponível de recursos financeiros para atender os padrões e as etapas da obra. Um dos focos principais de um planejamento é atender as necessidades de um cliente. Necessidades essas que ás vezes nem os mesmo sabem expressar com pareceres técnicos, por isso a consultoria com algum especialista no assunto se torna relevante, para que os mesmos possam acompanhar essas necessidades e transformá-las em diretrizes técnicas para viabilizar o projeto. Quando se expressa “necessidades do cliente”, não se está falando apenas da corporação que liga com os gastos financeiros. No mundo do canteiro de obras, clientes são todos aqueles que usam e disfrutam do projeto logístico do canteiro. Assim sendo, todas as parte envolvidas precisam ser conhecidas e suas necessidades quanto a logística do canteiro precisam ser atendidas na elaboração do projeto. Em inglês se usa o termo stakeholders, para denominar toda pessoa ou organização que é afetada por um projeto. Na Figura 4, tem-se um exemplo de stakeholders, comum em projetos de construção civil. Figura 4 – Exemplo de Stakeholders na Construção Civil – Fonte: Autor. CANTEIRO DE OBRAS CONSTRUTOR INSTALADOR FORNECEDOR FINANCIADOR PROJETISTA CONCESSIONÁRIA PÚBLICA 23 3. Estudo da Logística no Canteiro de Obras para o Atendimento dos Recursos Básicos nas Frentes de Trabalho 3.1.1. Conceituação de Logística A logística sempre existiu, desde os tempos mais antigos, quando iniciavam as atividades comercias onde o homem começou a produzir mais do que poderia consumir, surgindo assim os sistemas de transporte e comunicação entre cidades vizinhas (ULZE, 1974). Deve-se entender que a logística sempre existiu, o que ocorre é que com a evolução tecnológica nos sistemas produtivos, ela se tornou um condicionante estratégico e até um diferencial na competição. (VIEIRA, 2006). Pode se dizer que a evolução da logística foi alavancada pelas guerras, pois fazia parte de um setor estratégico das retaguardas de exércitos. Sua finalidade era fazer o planejamento militar, que consistia no estudo do adversário, a movimentação e deslocamentos das frentes de batalha, junto com os seus equipamentos. E foi na 2º Guerra Mundial que ela foi amplamente empregada, de forma a ajudar as tropas a terem suprimentos e equipamentos bélicos em locais estratégicos para surpreender o adversário. O emprego da logística voltada para projetos empresariais, começou em relação as redes de distribuição de matérias entre diversas localidades, isto é, em fornecer matéria prima para a confecção de algum produto. Com o passar dos anos, e maiores estudos sendo realizados, a logística passou a ser relacionada ao conjunto de atividades dentro da administração de matérias, e começou a agregar valor nas linhas de produção, enfocando assim todas a s etapas da cadeia (VIEIRA, 2006). 24 Junto com as conquistas tecnológicas, veio a competição global, e com ela a necessidade de aprimoramento das funções operacionais, adquirindo cada vez mais competência para oferecer a cliente serviços inovadores e diferenciados, e com qualidade, surgiram sistemas sincronizados de produção em fluxo sem estoques, mais conhecido pela sigla JIT (Just-in-time). Para os dias de hoje, o termo logística já sofreu alterações com relação a sua denominação, pois a palavra logística, vem do francês logistique, que quer dizer planejamento militar, transporte e suprimentos das tropas em operação, quase uma arte de calcular, ou aritmética aplicada, que por várias vezes utiliza símbolos matemáticos em vez da linguagem gramatical. Sua definição hoje, constitui uma ferramenta operacional que ultrapassou muitas barreiras, alcançando amplas áreas de atuação. Conforme definiu DASKIM (1985), a logística não se resume aos aspectos físicos do sistema em estudo, mas fundamentalmente aos aspectos informacionais e gerenciais. 3.1.2. Diferenciação entre uma Planta Fabril e um Canteiro de Obras O canteiro de obras definido pela NR-18, FUNDACENTRO (1996), corresponde a área de trabalho fixa e temporária onde se desenvolvem as operações de apoio e de execução de uma obra. A Norma Regulamentadora foi desenvolvida num grupo de trabalho que envolvia construtoras, trabalhadores e governo, para estabelecer diretrizes e exigências quanto a segurança e a atendimentos básicos para a qualidade de vida dentro do canteiro. 25 Recursos Físicos ProdutosEsforços da Sociedade R$ - M.D.O. -Materiais -Equipamentos Construção de uma Obra Obras e suas partes R$ Bem-estar da Sociedade Processo Físico Figura 5 – O processo produtivo de uma obra – Fonte: SOUZA, 2006. Para a construção civil, o canteiro de obras abraça a edificação, pois ele é a interface que todas as unidades envolvidas estão compreendidas, e nela tem –se diversos nichos de diversos tipos de serviços que estão evoluindo e acontecendo num mesmo espaço físico e de tempo. E como por mais que se queira que um canteiro de obras se compare a uma fábrica, ele nunca conseguirá ser. Em uma fábrica tem-se uma linha de produção bem definida, com todos os aspectos de logística e de produtividade estudados, de forma que o produto circule por um caminho pré-estabelecido e que ele vá se manufaturando conforme a sequencia de atividades for evoluindo. Já em um canteiro de obra, não se tem como empregar essa ideia da mesma forma, pois o produto final que se quer chegar é fixo, e a linha de produção que são as atividades de construção que entram nos espaços e vão dando forma ao produto. Então essa é a principal diferença entre um canteiro e uma fábrica. Como representa a Figura 5. Mas também não se quer dizer que se possa observar alguns conceitos a serem desenvolvidos e empregados na construção civil, que vieram de um processo fabril. Como por exemplo, o ato de se criar um sequenciamento de atividade bem detalhadas e definidas com suas precedências e durações, para que se forma uma rede, chamada de CPM, como foi visto no item 2.1, iluminado assim as atividades mais críticas e 26 demoradas que necessitam de maior atenção e cuidado na hora de executar, formando o Caminho Crítico de uma obra. Essa perceptível mudança do canteiro de obras, que está cada vez mais se tornando uma indústria seriada, com tecnologias que empregam matérias pré-fabricadas e prontas para instalar, trás uma outra mudança para o ambiente da construção, o trabalhador antes sem necessidade de qualificação, que era conhecido como “peão” passa a ser um montador industrial. 3.1.3. Tipos de Canteiro de Obras Nenhum canteiro de obra é igual a outro. Mas contudo, pode-se agrupá-los de forma que os que tenham características próximas, possam ser analisados num olhar mais específico. E de acordo com ILLINGWORTH (1993), os canteiros de obra podem ser enquadrados dentro de um dos três seguintes tipos: restritos, amplos, e longos e estreitos. Na tabela 2, encontra-se essa subdivisão: Tabela 2 – Tipos de Canteiros TIPOS DESCRIÇÃO RESTRITOS A área construída ocupa uma parcela muito grande do espeço do canteiro terreno todo, possui acessos difíceis. AMPLOS A área construída ocupa uma pequena parcela do espaço do canteiro, possui disponibilidade de acessos fáceis, áreas para armazenamento de materiais e alojamentos de pessoal. LONGOS E ESTREITOS São restritos em apenas uma direção, em geral possui disponibilidade de acessos na menor dimensão do terreno. FONTE: ILLINGWORTH, 1993. 27 Desses três tipos vistos na tabela 2, o que necessita de maior cuidado no planejamento é o restrito, e que em geral é o mais frequente nas áreas urbanas e centrais das cidades, onde devido aos altos custos dos terrenos nessas regiões, as edificações tem a tendência de ocupar uma alta porcentagem do terreno na busca de maximizar sua rentabilidade. ILLINGWORTH(1993), ressalta ainda estratégias fundamentais para sempre serem seguidas no planejamento de canteiros do tipo restritos: i. Atacar primeiro o limite do terreno mais complicado, pois ao fazer isso logo no início evita-se que se tenha de fazer serviços nessa fronteira do terreno nas fases mais avançadas da construção onde pode ser difícil o acesso e a circulação de máquinas e equipamentos. ii. Criar espaços utilizáveis no nível térreo da edificação o mais cedo possível, já que a existência de um layout permanente só acontecerá quando tiver a conclusão dessa etapa da edificação e assim utilizar esse nível do térreo para a locação das instalações provisórias e de armazenamento, facilitando os acessos de veículos e pessoas, além de proporcionar um caráter mais definitivo das instalações. 28 3.2. Plano Logístico do Canteiro Sabe-se que ainda na construção brasileira a preocupação com a elaboração de um plano logístico não atingiu um nível de importância esperado. Isso acontece porque a priori, para se chegar a ter um plano logístico deve-se despender de tempo e algum tipo de recurso que muitas vezes é preferido ser cortado, pois é dito como gasto extra. Segundo VIEIRA (2006), o projeto do canteiro deve ser desenvolvido circunstanciado em fatores importantes que servirão para direcionar e encaminhar a elaboração do mesmo, esses fatores são: i. Definição clara das diversas fases do desenvolvimento da obra; ii. Definição dos elementos que devem estar presentes no canteiro e suas características; iii. Priorização dos elementos previstos; iv. Análise do relacionamento entre esses elementos pré-definidos; v. Estudo dos fluxos dos processos previstos; vi. Análise da alocação dos elementos no canteiro; vii. Elaboração do arranjo físico do canteiro; viii. Avaliação do arranjo físico para cada uma das fases definidas. Isso mostra a importância do planejamento detalhado dos serviços de uma obra, principalmente aqueles serviços que fazem parte do Caminho Crítico. Então para isso as atividade do planejamento inicial da obra devem ser bastante precisas e verdadeiras. Na verdade, um bom planejamento de canteiro constitui um fator fundamental para obtenção de um desempenho produtivo adequado, através da eficiência das operações, cumprimento de prazos, custos e qualidade da construção. 29 3.2.1. Arranjo Físico do Canteiro Nesta etapa ocorre o estabelecimento do local em que cada área do canteiro irá situar-se, devendo ser estudado o posicionamento relativo entre as diversas áreas. SAURIN; FORMOSO (2006) contemplam dois focos no arranjo físico geral, um denominado macro-layout onde, por exemplo, define-se a forma aproximada, a localização das áreas de vivência, áreas de apoio e área do posto de produção de argamassa. E o outro foco seria a definição do micro-layout, na qual é estabelecida a localização de cada equipamento propriamente dito dentro do canteiro, como a disposição dos vestiários, refeitórios, dentro das áreas de vivências, contemplando os acessos e saídas dessas áreas, bem como a disposição das janelas. Segundo SOUZA; FRANCO (1997), aspectos como segurança e custos deverão ser simultaneamente considerados, e eles ainda lembram que não existe uma solução única, e sim diferentes possibilidades que podem ser melhores ou piores em função do contexto em que se inserem. 3.2.2. Detalhamento das Instalações Provisórias Definido o arranjo físico do canteiro, agora se planeja a infraestrutura necessária ao funcionamento adequado do layout estabelecido. Nesta etapa do planejamento do canteiro deve-se também dimensionar as necessidades da construção, como por exemplo as técnicas construtivas empregadas, as formas de armazenamento de cada material, para que se possa criar instalações provisórias dentro do ambiente de trabalho que proporcionem o bom rendimento dos serviços. Em quesitos básicos, como fornecimento de água ou luz, por exemplo, o plano logístico de canteiro deve tratar de forma clara e simples as prioridades de atendimento 30 das necessidades do dia-a-dia da obra. Nos próximos itens deste trabalho será discutida a importância desses recursos básicos para vida na obra. a) Fornecimento de Água No canteiro de obras, a água é um elemento importante, sendo essencial para o consumo humano e indispensável na execução de alguns serviços. A utilização da água para as necessidadeshumanas está relacionada, basicamente, às demandas essenciais dos funcionários do canteiro e estas são preservadas de acordo com a legislação trabalhista. Estima-se que o consumo diário por operário não alojado chega a 45 litros por dia, não estando inclusa a refeição. No caso da refeição ser preparada na obra, este número passa para 65 litros por dia. Já nos serviços de construção civil, embora a água não seja vista e nem tratada como material de construção, o consumo é bastante elevado, por exemplo, para a confecção de um metro cúbico de concreto, se gasta em média de 160 a 200 litros e, na compactação de um metro cúbico de aterro, podem ser consumidos até 300 litros de água, segundo REVISTA SUNTENTABILIDADE, 2008. Em geral no ciclo de uma construção de um edifício, pode-se notar a variação do consumo de água nas diferentes etapas. Essa variação se não estudada pode levar a falta de água em dias que o consumo extrapolar a quantidade de água que a rede externa pode fornecer para a obra. O dimensionamento das instalações hidráulicas e sanitárias devem serem feitos para a demanda necessária de água da obra, quando ela estiver em seu pico, pois será na mesma época que o consumo aumentará desse recurso. Além de garantir o recebimento de água no canteiro de obra, o plano logístico deve contemplar um planejamento de pontos de distribuição provisória de água em diversas localidades que tenham proximidades das frentes de trabalho. Porém o termo provisório é constantemente confundido com precário, e as instalações provisórias são 31 frequentemente executadas sem nenhum critério e por mão-de-obra desqualificada tecnicamente, o que aumenta o risco de surgimento de manifestações patológicas, tais como: falhas de abastecimento, consumo excessivo de água e energia, desperdício, ociosidade, vazamentos. Segundo BIRBOJM (2001), a forma de abastecimento de água numa obra pode ocorrer de duas maneiras: direta ou indiretamente. A primeira forma de abastecimento é a mais usual no município do Rio de Janeiro, devido a falta de confiança nos serviços da concessionária que cuida deste serviço. Neste caso, empregam-se reservatórios de água em conjunto a um sistema de bombas de recalque. Como mostra a Figura 6, a existência de reservatórios inferiores e/ou reservatórios superiores, assim o sistema fica mais precavido da anormalidade da falta de pressão no fornecimento da água, ou até mesmo na falta deste recurso. Figura 6 – Sistema Indireto de distribuição d’água – Fonte: REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004 32 Na forma indireta de abastecimento de água, o sistema se utiliza da pressão vinda das tubulações da concessionária para elevar e distribuir este recurso dentro do canteiro, tanto horizontal como verticalmente. Caso ilustrado na Figura 7. Figura 7 – Sistema Direto de distribuição d’água – Fonte: REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004 Em casos onde não há a possibilidade de atendimento pela concessionária publica de abastecimento de água, as alternativas mais viáveis seriam a execução de poços subterrâneos, que podem ser: artesianos ou freáticos. A diferença entre os dois tipos está basicamente na profundidade alcançada, pois em geral os poços de lençol freático, são mais fáceis de alcançar e requerem uma menos profundidade no terreno. Na Figura 8 está representado um sistema de abastecimento indireto pela execução de um poço freático. 33 Figura 8 – Abastecimento pelo uso de poços - Fonte: REIS; SOUZA; OLIVEIRA, 2004. Um bom projeto de dimensionamento de abastecimento de água nos canteiros modernos, também tem seu caráter social, pois deve conceber iniciativas para reduzir o desperdício desses recursos. REIS;SOUZA;OLIVEIRA (2004), definem ações que incentivam essa redução: as sociais e as tecnológicas. Com caráter preventivo as ações sociais são baseadas na conversa e conscientização dos usuários das instalações provisórias, a importância da identificação de vazamentos e possíveis falhas nessas instalações e as vantagens da utilização correta dos procedimentos de racionalização em atividades que consomem água. As ações tecnológicas visam a substituição de sistemas e componentes convencionais por dispositivos com tecnologia que permita um menor consumo de água, como vasos de caixa acoplada e chuveiros com válvula temporizada. 34 Um modo de abastecer de forma sustentável um canteiro de obra com recurso hidráulico são os sistemas de captação de águas pluviais. Em geral encontram resistência por empecilhos como um investimento inicial de capital, mas em compensação, em médio prazo trazem retorno financeiro para o orçamento. As águas captadas podem ser empregadas em testes de estanqueidade de estruturas, como lajes e cisterna impermeabilizadas e também como água para válvulas de descarga ou limpeza de caminhões. A Figura 9 ilustra um sistema que contempla a captação de água da chuva em telhados das dependências e escritórios. Figura 9 – Sistema de captação de águas pluviais – Fonte: Desconhecida. b) Fornecimento de Energia Elétrica As instalações elétricas provisórias são de extrema importância para segurança dos trabalhadores da obra. Elas são uma das maiores causas de acidentes em obra, por isso precisam ser feitas e mantidas por profissionais habilitados, conforme descreve a NR-18. A distribuição de energia elétrica nos canteiros de obras da indústria da construção deve ser feita através dos quadros elétricos de distribuição. Estes quadros 35 devem ser construídos de forma a garantir a proteção dos componentes elétricos contra impactos mecânicos, umidade e agentes corrosivos (FUNDACENTRO, 2007). Serão instalados em locais visíveis, sinalizados e de fácil acesso, mas por exemplo, não é aconselhado localizá-los em pontos de passagem de pessoas, materiais e equipamentos. Conforme suas características as quadros de distribuição, podem ser: i. Quadro principal de distribuição, destinado a receber energia elétrica alimentada pela Rede Pública da concessionária (Figura 10). ii. Quadro intermediário de distribuição iii. Quadro terminal de distribuição fixo e/ou móvel, são aqueles destinados a alimentar exclusivamente circuitos terminais, isto é, diretamente máquinas e equipamentos (Figura 11). Figura 10 – Quadro Principal de Distribuição – Fonte: FUNDACENTRO, 2008. 36 Figura 11 – Quadro Terminal de Distribuição Fixo e Móvel – Fonte: FUNDACENTRO, 2008. Todos os quadros provisórios presentes na obra deverão ser dimensionados para a capacidade de carga que irão receber, e os de distribuição terminal, que receberão os plugs e tomadas dos equipamentos e ferramentas usados no interior da obra deverão além de serem dimensionados para atender a capacidade de carga, deverão também atender ao número de usuários que estarão trabalhando na região. As instalações elétricas provisórias podem ser dispostas entre distribuição aérea ou subterrânea. No caso do emprego de postes a fiação não deve ter altura inferior a cinco metros, para não prejudicar a movimentação de caminhões e equipamentos, como visto na Figura 12. 37 Figura 12 – Distribuição de Instalações Elétricas Aéreas – Fonte: FUNDACENTRO, 2008. Quanto a distribuição de energia elétrica por pavimentos ela deve ser feita através de uma prumada verticais de eletroduto, para garantir o perfeito isolamento. Com chaves blindadas para garantir a segurança do operário e atender a NR-18. É importante lembrar o fato da iluminação provisória de ambientes internos, nunca deve ser ligada diretamente na rede de distribuição, ela só deve ser ligada aos quadros terminais. Segundo as recomendações de FUNDACENTRO (2007),a iluminação deve ser sempre aérea, e ligada a um circuito próprio para essa necessidade. As instalações elétricas, segundo FUNDACENTRO (2007), é a maior causa de acidentes em obras civis no mundo. Fato ocasionado muitas vezes pela falta de instrução dos operários, que mesmo não tendo conhecimento técnico acabam fazendo a ligação elétrica de equipamentos no campo. Isso pode ser corrigido com palestras de segurança e avisos para não mexerem nas instalações. 38 4. Trabalho Prático O propósito desta etapa do trabalho é realizar o diagnóstico dos quatro canteiros de obras estudados em relação a existência de um plano logístico no planejamento global de uma obra. A metodologia utilizada foi a visita técnica, iniciando sempre com a realização de um questionário de perguntas para cada gestor do empreendimento ainda na parte dos escritórios, visando manter uma padronização no olhar dos aspectos logísticos que serão estudados mais profundamente. Após essa conversa inicial, que serviu para averiguar as diretrizes de como se dá a logística do canteiro da obra, parte-se para as avaliações mais focadas no dimensionamento e distribuição odos recursos: água e energia. Finalmente inicia-se a segunda fase, a qual consiste em realizar um percurso pelo canteiro de obras, anotando em uma lista de verificação pré-elaborada de itens relacionados a forma de como o plano logístico possam interferir no desenvolvimento das atividades que necessitam dos insumos de água e eletricidade. O método do diagnóstico proposto, além das ferramentas acima já citadas, ainda consistiu na elaboração de um croqui do layout do canteiro e um registro fotográfico dos elementos e equipamentos necessários. Abaixo serão abordadas mais profundamente as três ferramentas, e a forma como foram aplicadas no diagnóstico dos canteiros estudados, e na sequência os resultados e pareceres obtidos de cada visita as obras estudadas. 39 4.1. Lista de Verificação A lista de verificação é a mais abrangente dentre as ferramentas, permitindo uma ampla análise qualitativa do canteiro, no âmbito da logística e do layout, segundo os seus três principais aspectos: instalações provisórias, segurança no trabalho e sistema de movimentação e armazenamento de materiais. Cada um desses três grupos envolve diversos elementos do canteiro. Um elemento do canteiro é definido como qualquer aspecto da logística no âmbito dos três grupos que mereça atenção no planejamento, tais como, por exemplo, refeitório, elevador de carga ou armazenamento de cimento. Todos os elementos devem satisfazer certos requisitos ou padrões mínimos de qualidade para o desempenho satisfatório de suas funções. Os itens contidos na lista foram definidos da forma mais objetiva possível, tentando possibilitar a verificação visual da sua existência ou não, dispensando medições, consultas a outras pessoas ou a projetos da obra. A lista de verificação elaborada para este trabalho prático encontra-se em sua totalidade e com os resultados das respectivas obras no anexo A. A Figura 13 mostra apenas parte desta lista de verificação de elementos de logística do canteiro. 2) INSTALAÇÕES ELETRICAS SIM NÃO NA 2.1) Quadro Principal de Distribuição 2.2) Quadro Intermediário de Distribuição 2.3) Quadro Terminal de Distribuição Fixo 2.4) Quadro Terminal de Distribuição Móvel 2.5) Chaves Elétricas 2.6) Instalações Elétricas Aéreas Figura13 – Parte da Lista de Verificação de Recursos do Canteiro. 40 4.2. Layout do Canteiro A análise da planta de layout é útil para a visualização de problemas relacionados ao arranjo físico da obra, permitindo observar, por exemplo, a localização equivocada de alguma instalação ou o excesso de cruzamentos de fluxo de transporte de materiais em determinadas regiões do canteiro. Nas plantas de layout, é primordial constar os seguintes itens: (a) Definição aproximada da área e do perímetro do terreno, (b) Definição da área a ser construída com a planta do térreo da edificação, diferenciando áreas fechadas e abertas; (c) Localização de pilares e outras estruturas que interfiram na circulação de materiais ou pessoas; (d) Portões de entrada no canteiro (pessoas e veículos); (e) Localização de árvores que interfiram na circulação de materiais; (f) Localização das instalações provisórias, como vestiários, banheiros, escritório, almoxarifado, refeitório. (g) Todos os locais de armazenamento de materiais, inclusive depósito de entulho; (h) Localização dos equipamento de transporte vertical, como grua, guincho e cremalheira; (i) Localização do elevador de passageiros; (j) Localização das centrais de carpintaria e aço; (l) Localização da área de carga e descarga de equipamentos; (m) Localização de vias de transporte horizontal de materiais; 41 4.3. Relatório Fotográfico Em geral na apresentação dos resultados do diagnóstico é interessante mostrar registros visuais da situação encontrada, para que qualquer profissional, mesmo não tendo conhecimento da obra em estudo, possa entender o raciocínio da discussão. Para ter uma visão mais padronizada dos canteiros em discussão, foi elaborada uma listagem dos principais pontos do canteiro que devem ser fotografados, escolhidos com base na sua importância logística e pelo fato de serem comuns focos de problemas, onde serão avaliados neste diagnóstico. A listagem é composta pelos itens abaixo: (a) armazenamento de areia; (b) armazenamento de blocos cerâmico/concreto; (c) armazenamento de argamassas; (d) entulho (em depósito ou não); (e) condições do terreno por onde circulam os caminhões de entregas; (f) refeitório, vestiários e banheiros com as respectivas instalações; (g) detalhamento do sistema construtivo das instalações provisórias; (h) pontos de distribuição das instalações hidráulicas; (i) pontos de distribuição das instalações elétricas; 42 4.4. Visitas as Obras de Edificações em Estudo O trabalho prático foi desenvolvido em 4 canteiros de diferentes obras, situados no Estado do Rio de Janeiro e próximas a região Oeste da cidade, onde em decorrência do plano diretor do município é a região de maior crescimento da cidade. Este estudo foi realizado no ano de 2013, e com o consentimento de todas as empresas e profissionais abordados. Foram agendadas visitas com os responsáveis para conhecer os locais. Nos itens a seguir será feito o diagnóstico, em relação a cada obra, se a concepção da logística dos recursos de abastecimento de água e energia elétrica nas frentes de trabalho, conversada primeiramente com os engenheiros, está sendo empregada no campo e posteriormente está sendo eficaz para o desenvolvimento dos serviços, segundo a visão de pessoas que trabalham diretamente com essas frentes de trabalho. 4.4.1. Diagnóstico e Análise da Obra A O empreendimento, chamado de OBRA A, em estudo se localiza na zona oeste do Rio de Janeiro, em uma das avenidas mais movimentadas da região. Seu canteiro contempla 5 edificações todas com 5 pavimentos, sendo um deles o subsolo. Dos 5 prédios, tem-se: 2 como residenciais, com 87 apartamentos no total; 3 comerciais, com 402 salas; e um mall que compreende toda a área do térreo e do subsolo, com 155 lojas. A obra é comanda por uma equipe técnica de 3 engenheiros, 8 estagiários, 3 mestres e 6 encarregados. 43 O diagnóstico se olhará o embasamento do canteiro como um todo, mas ao passar para as edificações, apenas os interiores dos prédios residenciais serão estudados, onde suas atividades são chefiadas por: um engenheiro, 2 estagiários, um mestre e 2 encarregados. Em relação ao terreno, possui uma área de aproximadamente 30.000 m², com uma testada de 50 m, sendo considerado um terreno estreito e longo, conforme ILLINGWORTH (1993), e com dois acessos nessa sua menor dimensão.Por ter um embasamento e um subsolo que receberam um mal, a área construída compreende quase todo o terreno, como mostra Figura 14. Figura 14 – Embasamento e subsolo OBRA A. O planejamento de obra feito, não contempla um plano logístico formal para o canteiro de obra, informação levantada em conversa com um dos engenheiros que gerencia as atividades das duas edificações residenciais, porém estratégias foram 44 lançadas para se cumprirem o sequenciamento adequado da obra e atenderem as necessidades de recursos nas frentes de trabalho. A primeira foi de, por se trabalhar em um terreno de extensões muito grandes, dividi-lo em áreas menores, classificadas da A até Q. E junto com essa divisão montou- se um plano de trabalhos de escavações e fundações, que iniciou-se dos prédios mais ao fundo do terreno para os mais a frente, onde seriam mais difíceis as execuções destes serviços. Por se tratar de um terreno estreito e longo, contratou-se uma empresa de instalação elétrica para elaborar um plano para alimentação provisória de luz e energia no canteiro. Conforme mostra Figura 15, que representa a planta de layout de canteiro, tem-se as cinco edificações e no muro externo tem os cinco Quadros de Distribuição de Energia no canteiro, um para cada prédio (Figura 16). Figura 15 – Layout do Canteiro OBRA A. 45 Figura 16 – Quadro de Distribuição Intermediária OBRA A. A empresa contratada dimensionou todos os ramais elétricos dentro do canteiro de obras e as cargas necessárias em cada ponto da obra. Também criou a idéia de locar 5 quadros de distribuição intermediária na periferia do canteiro para melhor atender as diferentes áreas de trabalho. Cada quadro de distribuição intermediária vindo de uma Sub-Estação Blindada, foi dimensionado para atender um bloco. Nos dois blocos visitados, os quais foram os dois residenciais, o quadro alimentava uma grua, duas pranchas , 5 bombas de rebaixamento de lençol freático, 4 quadros de distribuição terminal fixo, que no caso deste último tinha-se um por andar, conforme mostra Figura 17. 46 Figura 17 – Quadro de Distribuição Terminal Fixo da OBRA A. Este quadro de distribuição terminal, por sua vez alimenta o circuito de iluminação provisória do pavimento e todos os equipamentos e ferramentas manuais das empresas terceirizadas. Está localizado no corredor principal, de forma clara e fácil visualização. Quanto a distribuição de água no canteiro de obra, ela o corre de forma indireta, conforme visto no item 2.5.2.1 deste trabalho, onde entra no empreendimento e é reservada em três Caixas d’água fibra, com capacidade de 10.000 litros cada uma, servindo a obra como um todo (Figura 18). E posteriormente cada bloco, possui uma caixa provisória de cisterna localizada no subsolo e outra de reservatório superior no último pavimento, cada uma com 5.000 litros. Do reservatório superior desce uma prumada, que alimenta com um único registro cada pavimento. 47 Figura 18 – Caixas d’água, como reservatório inicial da OBRA A. Em conversa, no campo com dois encarregados de turma que ficam incumbidos de apoiar os trabalhos nos dois blocos residenciais, notou-se que em relação a parte elétrica e hidráulica não havia nenhuma falta prejudicial aos serviços, salve no início da obra na parte de elevação de estrutura, onde o atendimento de água era precário, e precisou-se constantemente de caminhões-pipas para suprir a demanda, contudo nos dias de hoje seu fornecimento estava atendendo. Uma alternativa empregada nesta obra, que vale ser ressaltada e explicada por dois motivos: as grandes distancias dentro do canteiro e falta de água nas fases iniciais de implantação do canteiro. Foi o emprego de banheiros químicos, em locais espalhados no terreno (Figura 19). 48 Figura 19 – Banheiro Químico para operários da OBRA A. Com todas as informações levantadas e apuradas, ao analisar o plano construído para atendar as necessidades de pontos de força e energia e os pontos de abastecimento de água nos pavimentos dos prédios estudados, observa-se que estão adequados para o momento que se encontra a obra. Com relação a segurança das instalações provisórias, foi considerado satisfatório nível de proteção para os operários. Os quadros intermediários de distribuição estavam isolados e com avisos de risco a choques elétricos, os de distribuição terminal se encontravam em bom estado e com os fios condutores de energia bem fixados nos mesmos. Além de avisos constantes nas fiações energizadas para que caso precise algum reparo avisar ao profissional adequado. Contudo a obra poderia empregar outras formas de captação de água para diminuir o seu consumo, como por exemplo a captação de água pluvial para ser usada 49 como teste de impermeabilização, serviço este que demanda um grande consumo e será feito em grandes áreas da obra. 4.4.2. Diagnóstico e Análise da Obra B Este empreendimento localizado na zona oeste, caracterizado neste trabalho como OBRA B, faz parte da expansão de uma Escola Tradicional do Rio de Janeiro, nele compreende uma edificação de 5 pavimentos, em formato oval, pois em seu interior abriga uma quadra poliesportiva. Possui diversos tipos de salas de aula, desde informática até marcenaria. A edificação tem uma área construída de mais de 15.000 m², com um terreno amplo, com duas grandes entradas. Está localizado em uma área de poucos vizinhos e pequena movimentação de tráfego. Pela denominação de ILLINGWORTH (1993), é um canteiro amplo, onde a área a ser construída de fato corresponde a uma pequena parcela do total, o restante será área de estacionamento, um campo de softball e duas quadras poliesportivas. Em conversa com o Gerente da OBRA B, não foi elaborado nenhum plano de estudo para ataque do canteiro, a concepção feita pelo mesmo foi de agrupar os escritórios e dependências como vestiários e refeitórios em um local do terreno que será o último a receber e urbanização e paisagismo, além de ser de fácil acesso para a desmobilização. Outro ponto abordado foi a sequencia construtiva da edificação, que foi separada por trechos de 1 a 4, e sua execução feita sempre a seguir por essa ordem, como mostra a Figura 20, que também serve para visualizar o amplo terreno com a disposição dos elementos logísticos do canteiro. 50 Figura 20 – Layout do canteiro OBRA B. Nos cinco meses iniciais de obra, o atendimento de energia elétrica era feito por um conjunto de 2 geradores a diesel, um para os escritórios e as dependências do canteiro e outro para a obra que ainda se encontrava na parte de fundações e estruturas. Posteriormente a entrada de energia provisória da concessionária local, foi feita em um dos cantos do terreno próximo a edificação, a distribuição de energia é do tipo subterrânea. Na Figura 21, mostra o quadro de distribuição geral da obra. Desse quadro geral, distribui-se a alimentação para uma grua, 2 pranchas , 2 bombas de rebaixamento de lençol freático, e 6 a 8 quadros de distribuição terminal móveis (“robozinhos”) . Além dos escritórios, que não entram no estudo. A Figura 22 mostra um dos robozinhos, que são distribuídos dentro da edificação de forma a haver 2 por pavimento. 51 Figura 21 – Quadro de Distribuição Geral OBRAB. Figura 22 – Quadro de distribuição terminal móvel (“robozinhos”) OBRA B. Em termos de abastecimento de água, empregou-se a forma indireta, que alimentava 4 caixas d’água de fibra de 5.000 litros cada ,exclusivamente para os 52 escritórios, vestiários, banheiros e refeitório, e um conjunto de reservatórios inferior e superior de 5.000 litros cada um para abastecimento das atividades de campo. Como mostram as Figuras 23
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