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EFEITOS DA SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL

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EFEITOS DA SUCESSÃO NA UNIÃO ESTÁVEL
SUCCESSION EFFECTS IN THE STABLE UNION
RMG[footnoteRef:1] [1: Aluna do 9º Período de Direito, Faculdades Londrina. ] 
RESUMO: Objetivamos com o presente estudo apontar os efeitos do Direito de Sucessão dentro da união estável. Eis um embate jurídico. O marco da união estável como entidade familiar foi a Constituição Federal de 1988. Após, na ânsia de dar plena eficiência ao exercício de direitos, o legislador editou a Lei nº 8.971/94 e a Lei nº 9.278/96. Foi tempo de paz. Os juízos das varas de família davam a proteção legal para os companheiros observando a razoabilidade, conforme os direitos já garantidos aos cônjuges. Porém, o Código Civil de 2002 mudou o tempo, desafinou com a Constituição e as leis, trouxe retrocesso a quem vive em união estável. Seu único artigo sobre o direito sucessório do companheiro (1.790) feriu os princípios constitucionais da dignidade e da igualdade de quem é figura relevante para entidade familiar brasileira atual. A discussão assume então maiores desdobramentos no que se refere ao direito sucessório.
PALAVRAS CHAVES: SUCESSÃO; UNIÃO ESTÁVEL; FAMÍLIA; COMPANHEIRO; IGUALDADE
ABSTRACT: We aim with this study point out the effects of Succession Law in the stable union. Here is a legal clash. The landmark of the stable union as a family was the Federal Constitution of 1988. After, eager to give full efficiency to the exercise of rights, the legislature enacted Law No. 8,971 / 94 and Law No. 9,278 / 96. It was peacetime. The judgments of the family courts give legal protection to the comrades watching the reasonableness, as the rights already granted to spouses. However, the Civil Code of 2002 changed the time of tune with the Constitution and laws, brought throwback to those who live in a stable relationship. His only article on the law of succession fellow (1.790) injured the constitutional principles of dignity and equality of who is relevant figure for current Brazilian family entity. The discussion assumes then further consequences as regards the succession law.
KEYWORDS: SUCCESSION; STABLE UNION; FAMILY; LIFE PARTNER; EQUALITY
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A união estável constitui-se a partir de uma situação de fato, ao passo que o casamento é ato solene, válido após a celebração legalmente prevista. Ela se prova pelos meios ordinários postos à disposição, enquanto o matrimônio, com a simples certidão do registro civil. Enquanto o casamento é negócio jurídico, a união estável é uma relação de fato onde as pessoas optam por relacionamento alheio à tradição, sendo, para a Constituição da República e o Direito de Família, espécie do gênero entidade familiar.
O Código Civil de 2002 atualizou a terminologia utilizada na legislação anterior. Distinguiu os conceitos de concubinato com a de união estável. Concubinato, nas palavras de Washington de Barros Monteiro, é relação que não possui proteção legal por ser adulterina, ou seja, entre homem e mulher impossibilitados de contrair matrimônio por já serem casados e que desde que não separados.[footnoteRef:2] [2: MONTEIRO, Washington de Barros. Op. Cit., p. 30.] 
Já união estável, define o autor, é uma relação lícita, ou seja, sob a guarda e proteção legal, entre homem e mulher, em constituição de família. Era o antigo concubinato chamado puro.
Ruggiero define a união estável como a ligação entre o homem e a mulher, sem casamento. [footnoteRef:3] [3: MONTEIRO, Washington de Barros, op. Cit., “apud”, Ruggiero, Instituições de Direito Civil, trad. De Ari dos Santos, p. 30.] 
Álvaro Villaça Azevedo, apresenta o conceito de união estável diante das leis promulgadas em nosso país. A lei 8971/1994, que regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão, estabeleceu elementos conceituais da união estável. O autor assim os elenca: “a) a convivência entre homem e mulher, não impedidos de casar ou separados judicialmente; b) por mais de cinco anos; c) ou tendo filho; d) enquanto não constituírem nova união”.[footnoteRef:4] [4: AZEVEDO, Álvaro Villaça. Comentários ao Código Civil, volume 19, 2003, Saraiva, 1ª edição, São Paulo.] 
O parágrafo 3º do artigo 226 da Constituição Federal, reconhece como união estável a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e de uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família.[footnoteRef:5] [5: Regulado pela lei 9278/1996.] 
2. UNIÃO ESTÁVEL E FAMILÍA
O Direito Brasileiro traz possui normas reguladoras organizadoras e protetoras da sociedade. Está sedimentada a concepção de que o Direito é a racionalização dos anseios sociais, para, consequentemente, ampará-los da melhor maneira possível, pois o Estado visa o bem-estar comum. Depreende-se que não é mais somente pelo matrimônio que se forma a entidade familiar. Adiciona-se também como tal a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, a dita Família Monoparental e, para efeito de proteção do Estado, ainda, a União Estável entre homem e mulher, devendo à lei facilitar sua conversão em Casamento. Em qualquer desses casos, os direitos e deveres concernentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher, conforme art. 5º, inc. I, da Constituição Federal de 1988.
Analisando-se as Constituições Brasileiras anteriores a de 1988, percebe-se que foi somente na atual que, pela primeira vez, na história brasileira, houve a inclusão da espécie de União Estável como norma constitucional. Importante salientar que o Supremo Tribunal Federal decidiu em 2011 equiparar as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres. Assim, a união homoafetiva foi reconhecida como um núcleo familiar como qualquer outro. O reconhecimento de direitos de casais gays foi unânime.[footnoteRef:6] [6: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.277 DISTRITO FEDERAL] 
A União Estável foi reconhecida como instituto formador e mantenedor da família, sendo espécie do gênero, à qual também faz parte a comunidade de um dos genitores com seus filhos, ou seja, a família monoparental, citada acima.
O artigo 226, § 3º, da Constituição Federal limitava a possibilidade do reconhecimento jurídico somente às uniões entre pessoas de sexos opostos, esquecendo-se das uniões homoafetivas, as quais, de fato já existiam na década de 80 no Brasil e em todo o mundo. Desde a Constituição de 1988 a sociedade evoluiu e, no que tange as relações familiares, leciona Maria Berenice Dias:
“As relações familiares são as mais sujeitas a mutações, pois regidas por costumes que se alteram cada vez em maior velocidade. O gradual afastamento da sociedade da moral judaico-cristã rompeu o modelo conservador da família, que dispunha de um perfil patriarcal, hierarquizado, patrimonial, matrimonializado e heterossexual. A revolução feminista, bem como o surgimento dos métodos contraceptivos e de reprodução assistida, produziu profundas alterações na estrutura familiar. O desafio foi abandonar o tradicional conceito de família, identificado exclusivamente com o casamento, e encontrar novos referenciais, para albergar as organizações que se formaram fora do laço da oficialidade. O comprometimento mútuo decorrente de um elo de afetividade levou a doutrina a chamar de família a multiplicidade de vínculos que se identificam pelo afeto”.[footnoteRef:7] [7: DIAS, Maria Berenice. Homoafetividade – o que diz a Justiça: as pioneiras decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que reconhecem direitos às uniões homossexuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 12-13.] 
Assim, as uniões homoafetivas começaram a ser levadas à apreciação do Judiciário. Afinal, estavam em jogo direitos sucessórios, previdenciários, direitos relativos à adoção por parceiros homossexuais.
3. LEI 8971/1994 E LEI 9278/1996
Lei 8971/1994:
I – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto de quarta parte dos bens do de cujus, se houver filhos deste ou comuns;
II – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, aousufruto de metade dos bens do de cujus, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes;
III – na falta de descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito à totalidade da herança.
Os incisos I e II asseguram ao companheiro direito ao usufruto dos bens pertencentes ao casal, com proporções variáveis conforme a existência ou não de filhos, fossem eles do casal ou apenas do autor da herança. Já o Código Civil de 2002, em seu artigo 1790 assegura aos companheiros direito à propriedade plena, nas seguintes proporções:
A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a 1/3 (um terço) da herança;
IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
Assim, que os incisos I e II do artigo 2º da Lei 8971/94 foram revogados pelo Código Civil de 2002, sob pena de, numa possível conjugação dos direitos garantidos pelas duas Leis, oferecer-se uma proteção excessiva e descabida ao companheiro em detrimento dos demais herdeiros, já que caberia àquele, além da propriedade plena sobre parte da herança, também o usufruto sobre porção da parte que restasse, obstaculizando quase que totalmente o direito dos filhos herdeiros.
Da mesma forma, o inciso III da Lei 8971/94 apresenta-se totalmente revogado, pelo fato de regular de forma absolutamente contrária aos incisos III e IV do Código Civil de 2002.
Quanto ao artigo 3º da Lei 8971/94, que reserva metade dos bens deixados pelo autor da herança ao companheiro, desde que ele tenha contribuído para a aquisição dos mesmos, pode-se dizer que foi, de certa forma, repetido pelo artigo 1725 do Código Civil de 2002, que prevê o regime da comunhão parcial de bens como o regente da união estável, salvo a existência de contrato escrito entre os companheiros. Nesse mesmo sentido é o artigo 5º da Lei 9278/1996:
Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são consideradas fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito. 
§ 1º - Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos anteriormente ao início da união. § 2º - Administração do patrimônio comum dos conviventes compete a ambos, salvo estipulação contrária em contrato escrito.
A Lei 9278/1996 apresenta, no entanto, aquela que é a mais polêmica das discussões no que se refere à revogação ou não, pelo Código Civil de 2002, das leis anteriores que tratavam da matéria sucessória relativa ao companheiro.
O artigo 7º, em seu parágrafo único, determina que o companheiro sobrevivente terá direito real de habitação sobre o imóvel destinado à residência da família, desde que não constitua nova união ou casamento. Para se chegar a uma conclusão, é importante saber se o Código Civil, em seu artigo 1790, regulou inteiramente a sucessão entre companheiros - e concluir, portanto, que não houve omissão quanto ao aludido direito real de habitação, mas silêncio eloquente do legislador - ou, do contrário, constatar que esse benefício não é incompatível com qualquer dispositivo do novo Código Civil e, por isso, ainda vigora. 
4. ARTIGO 1.790 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002
Art. 1.790 - A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
O direito sucessório dos companheiros, ao menos num primeiro momento, diz respeito apenas aos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável. Assim, se o falecido deixar apenas bens particulares, o companheiro nada recebe. Injusto. Além disso, o companheiro concorre não só com descendentes e ascendentes do autor da herança, mas também com os colaterais (situação que não se verifica com o cônjuge). Se dentre os parentes sucessíveis restar, por exemplo, apenas um primo ou um sobrinho-neto do morto, o companheiro concorrerá com estes, tendo para si reservado um terço da herança. Um terço somente dos bens adquiridos onerosamente. Injusto.
O companheiro somente receberá a totalidade da herança se não houver nenhum outro parente sucessível do falecido. Ainda assim, persiste a polêmica se tal direito se daria apenas com relação aos bens adquiridos onerosamente (já que o inciso IV do artigo 1790 está ligado ao caput), e nesse caso os bens particulares formariam herança jacente, conforme sustentam alguns, ou à totalidade da herança, por força do que dispõe o art. 1844 (a herança somente se tornaria jacente na ausência de cônjuge, companheiro, etc.). A primeira interpretação, apesar de tecnicamente mais adequada, é injusta. Se por um lado é verdade que tais defeitos do desastrado art. 1790 podem, ao menos em parte, ser corrigidos por testamento, por outro lado, não menos verdadeira é a constatação de que muitos deixam de fazer disposição de última vontade por não se acharem vizinhos da morte.
Ainda que o objetivo do legislador tenha sido o de, deliberadamente, desprestigiar a união estável em comparação ao casamento, também quanto a esse propósito foi incongruente. Também Luciana de Paula Assis Ferriani observa que o companheiro pode ter mais direito que o cônjuge (casado sob o regime legal, da comunhão parcial de bens), se todos os bens forem adquiridos pelo casal na constância da união ou casamento. Enquanto o companheiro teria a meação e herança, o cônjuge teria direito apenas à meação.[footnoteRef:8] [8: Em Sucessão do Companheiro, Editora Saraiva, pg. 76/77.] 
Apesar de a ordem de vocação hereditária, prevista no art. 1829 (além do art. 1790), representar a presunção legal daquilo que o autor da herança faria com seus bens em caso de óbito, podendo ser alterada na integralidade não havendo herdeiros necessários e em parte (50%) se eles estiverem presentes, o Código Civil, para dizer o mínimo, excedeu-se na diferenciação em algumas situações e em outras foi contraditório e desarmônico.
Como se existissem famílias mais famílias do que outras. Família de primeira classe e família de segunda classe. Não pode ser assim. Por essas razões, eventuais comemorações pela equiparação das uniões homoafetivas às uniões estáveis devem ser feitas com parcimônia. Os direitos sucessórios conferidos aos companheiros por lei são capengas e, em certo sentido, o art. 1790 representou uma involução em relação àquilo que previam as leis 8.971/94 e 9.278/96.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Objetivamos com tais reflexões uma análise da evolução na União Estável no Direito Sucessório, sendo este repleto de falhas técnicas e materiais dispensadas no Código Civil de 2002. A regulamentação legislativa que foi elaborada a partir da Constituição Federal de 1988 representa um marco histórico na evolução do Direito da Família no Brasil, uma vez que reconhece a União Estável como entidade familiar, deixando o casamento de ser o único Instituto formador e legitimador da família.
Ainda, outras duas leis surgiram para regular os direitos concernentes aos companheiros de uma união estável, a Lei n° 8.971-96 e a Lei n° 9.278/96. Ambas com o propósito de esclarecer os pontos mais duvidosos e obscuros deste tipo de relacionamento, procurando estabelecer aos seus integrantes direitos comoalimentos, habitação e sucessão. As leis supracitadas, a par de suas importâncias no estabelecimento de efeitos jurídicos em relação aos companheiros, não foram norteadoras no sentido de regulamentar de forma límpida e sistemática o Instituto de União Estável. Sem adentrar na análise de outros temas, salienta-se que a questão patrimonial durante a União Estável desperta uma série de indagações e dúvidas. 
Com o advento do Código Civil de 2002, em especial às matérias necessárias, dispostas no artigo 1.790, restringe a incidência do direito de suceder do companheiro apenas àquelas parcelas de bens adquiridos na constância da União Estável, excluindo os amealhados antes da convivência. Isso coloca os companheiros em inferior patamar com relação ao que ostenta o cônjuge, sendo este dispositivo, no tocante ao assunto, falho.
REFERENCIAS
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Comentários ao Código Civil, volume 19, 2003, Saraiva, 1ª edição, São Paulo.
DIAS, Maria Berenice. Homoafetividade – o que diz a Justiça: as pioneiras decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que reconhecem direitos às uniões homossexuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. p. 12-13.
DINIZ, Maria Helena – Curso de direito civil brasileiro, Direito de família, v. 5 - São Paulo - Saraiva, 2001.
DUTRA NETO, João Gomes. A união estável e os direitos sucessórios. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n. 4054, 7 ago. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/29206>. Acesso em: 27 jun. 2016.
FERRIANE, Adriano. A frágil situação do companheiro na união estável quanto aos direitos sucessórios. Migalhas, 27 jun. 2016.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito das Sucessões / Carlos Roberto Gonçalves, 10 ed. – São Paulo - Saraiva, 2008 (Coleção sinopses jurídicas, v. 4) 
MONTEIRO, Washington de Barros, op. Cit., “apud”, Ruggiero, Instituições de Direito Civil, trad. De Ari dos Santos, p. 30.
PAES GONÇALVES, Maria Isabel. O Direito Sucessório do(a) Companheiro(a) no Novo Código Civil. Disponível em: http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/13/volumeII/10anoscodigocivil_volII_27.pdf. Acesso em junho de 2016.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil – Direito das Sucessões, v. 6 - Rio de Janeiro - Forense, 2004. Atualizado por Carlos Roberto Barbosa Moreira.
         
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