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Defesa Tributária - IPTU

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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO - CEUNSP
NOME: Natália Aquino Olmos de Castro RGM: 23422-564
Direito Tributário II - 9º B - Direito noturno.
PROFº: George Alexandre Abduch
SALTO/SÃO PAULO
2024
ANÁLISE JURIDICO DE CASO - IPTU
Para a defesa da consulente, Maria, na execução fiscal que cobra valores de IPTU referentes aos anos de 2017 a 2022 sobre o imóvel na Avenida da Passagem, s/n, é possível utilizar os seguintes fundamentos jurídicos:
Princípios Tributários Constitucionais
1. Princípio da Legalidade (Art. 150, I, da CF/88):
· Fundamentação: Nenhum tributo pode ser exigido ou aumentado sem lei que o estabeleça. Maria não pode ser cobrada por IPTU de um imóvel que não é de sua propriedade, domínio útil ou posse conforme definido por lei.
· Aplicação ao Caso: A cobrança de IPTU sobre a área maior, que não é de propriedade de Maria, não possui base legal, uma vez que a obrigação tributária deve recair sobre o efetivo proprietário do bem.
2. Princípio da Capacidade Contributiva (Art. 145, § 1º, da CF/88):
· Fundamentação: Os tributos devem ser graduados conforme a capacidade econômica do contribuinte, assegurando que a tributação seja justa.
· Aplicação ao Caso: Cobrar IPTU de Maria sobre um imóvel que ela não possui desconsidera sua real capacidade contributiva, pois ela está sendo onerada por uma área que não lhe gera riqueza ou utilidade.
3. Princípio da Isonomia (Art. 150, II, da CF/88):
· Fundamentação: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
· Aplicação ao Caso: Maria está sendo tratada de forma desigual ao ser cobrada por IPTU de um imóvel que não lhe pertence, ao contrário de outros proprietários que possuem frações do terreno e não estão sofrendo a mesma cobrança indevida.
4. Princípio da Segurança Jurídica:
· Fundamentação: Os atos administrativos devem ser estáveis e previsíveis, garantindo segurança às relações jurídicas.
· Aplicação ao Caso: A sentença transitada em julgado que reconhece Maria como proprietária de apenas uma fração específica deve ser respeitada, garantindo estabilidade e previsibilidade nas relações tributárias.
Fato Gerador da Obrigação Tributária
1. Fato Gerador do IPTU (Art. 32 do CTN):
· Fundamentação: O fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem imóvel localizado na zona urbana do município.
· Aplicação ao Caso: Maria é proprietária apenas do imóvel na Rua Belém, nº 320, conforme sentença de usucapião. O fato gerador do IPTU deve recair apenas sobre esse imóvel, e não sobre a área maior que ela não possui.
Conceituação/Definição do Sujeito Passivo Tributário
1. Sujeito Passivo Tributário (Art. 121 do CTN):
· Fundamentação: Sujeito passivo é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo, seja na condição de contribuinte ou responsável.
· Aplicação ao Caso: Maria não pode ser considerada sujeito passivo do IPTU da área maior, pois a legislação tributária exige que a obrigação recaia sobre o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor do imóvel. Documentação apresentada comprova que ela é proprietária apenas de uma fração específica.
Jurisprudência e Casos Análogos
1. Precedentes Favoráveis:
· Fundamentação: Citações de casos similares em que o Poder Judiciário reconheceu a ilegitimidade de cobranças tributárias sobre imóveis não pertencentes ao contribuinte fortalecem a defesa.
· Aplicação ao Caso: Procurar jurisprudência em que cobranças indevidas de IPTU foram anuladas quando o imóvel não era de propriedade do contribuinte. Isso pode incluir decisões de tribunais estaduais ou superiores.
Atos Administrativos e Procedimentos Irregulares
1. Recusa de Correção Cadastral:
· Fundamentação: A administração pública deve agir conforme os princípios da legalidade, eficiência e moralidade, corrigindo erros administrativos que prejudicam os contribuintes.
· Aplicação ao Caso: A recusa da prefeitura em corrigir o cadastro imobiliário, mesmo após decisão judicial e ofícios da Defensoria Pública, configura desrespeito a esses princípios. Maria tem direito à correção do cadastro para refletir a propriedade correta.
2. Inércia da Administração Pública:
· Fundamentação: A inércia e a omissão da administração pública em responder aos ofícios e regularizar o cadastro imobiliário configuram falhas administrativas que não podem prejudicar o contribuinte.
· Aplicação ao Caso: Maria tentou regularizar a situação em 2015 e 2016, sem sucesso devido à inércia da prefeitura. Isso não pode justificar a continuidade de uma cobrança indevida.
Pedido de Extinção da Execução Fiscal
1. Inexigibilidade do Crédito Tributário (Art. 156, IV, do CTN):
· Fundamentação: O crédito tributário pode ser extinto por decisão administrativa ou judicial definitiva que o declare inexigível.
· Aplicação ao Caso: Solicitar a extinção da execução fiscal com base na inexistência de responsabilidade tributária de Maria pela área maior. A decisão judicial já existente, que reconheceu que Maria não é devedora do IPTU da área maior, deve ser utilizada para fundamentar o pedido.
Conclusão
Para construir uma defesa sólida, é essencial argumentar que Maria não é responsável pelos débitos de IPTU sobre a área maior com base nos princípios constitucionais tributários, na correta identificação do fato gerador do IPTU, na definição do sujeito passivo, nas falhas administrativas da prefeitura, e na existência de uma decisão judicial transitada em julgado que já definiu a propriedade do imóvel de Maria. Utilizando esses fundamentos, pode-se demonstrar a ilegalidade da cobrança e pleitear a extinção da execução fiscal.
Análise Jurisprudencial e Fundamentos Jurídicos para a Defesa de Maria:
A situação apresentada por Maria, envolvendo a cobrança de IPTU sobre um imóvel no qual ela não é efetivamente proprietária, levanta questões fundamentais em termos de princípios tributários constitucionais, o fato gerador da obrigação tributária e a definição do sujeito passivo.
Em primeiro lugar, é crucial considerar os Princípios Tributários Constitucionais, especialmente a vedação à instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros entre os entes federativos, conforme estabelecido no artigo 150, inciso VI, alínea a da Constituição Federal. Tal vedação reflete o princípio da legalidade e da capacidade contributiva, os quais asseguram que os tributos sejam instituídos de acordo com a lei e que respeitem a capacidade econômica do contribuinte. No caso em questão, a cobrança de IPTU sobre o imóvel na Avenida da Passagem, s/n, onde Maria não possui propriedade legítima, contraria diretamente esse princípio, uma vez que ela não pode ser considerada sujeito passivo da obrigação tributária relativa a esse imóvel.
Em relação ao Fato Gerador da Obrigação Tributária, é essencial compreender que o IPTU incide sobre a propriedade, posse ou domínio útil de imóvel urbano, conforme estipulado no artigo 32 do Código Tributário Nacional (CTN). Portanto, somente quem detém efetivamente a propriedade ou posse do imóvel pode ser considerado sujeito passivo da obrigação tributária referente ao IPTU. Na presente situação, Maria é proprietária apenas do imóvel localizado na Rua Belém, nº 320, conforme comprovado pela sentença proferida na ação de usucapião. Portanto, ela não pode ser legalmente responsabilizada pelo pagamento do IPTU relacionado ao imóvel na Avenida da Passagem, s/n.
Quanto à Conceituação/Definição do Sujeito Passivo Tributário, o Código Tributário Nacional, em seu artigo 121, define o sujeito passivo como aquele obrigado ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária. Nesse contexto, Maria não se enquadra nessa definição em relação ao IPTU do imóvel na Avenida da Passagem, s/n, uma vez que não possui a propriedade desse imóvel. Portanto, ela não pode ser considerada sujeito passivo da obrigação tributária relativa a esse imóvel.
Em conclusão, os argumentos jurídicos apresentados demonstram claramente que Maria não é a proprietária do imóvel sujeito à cobrança de IPTU, e portanto, não pode ser considerada sujeitopassivo da obrigação tributária relativa a esse imóvel. Assim, a cobrança contra ela é indevida e deve ser contestada com base nos princípios tributários constitucionais, no fato gerador da obrigação tributária e na definição do sujeito passivo tributário.
O Recurso Extraordinário (RE) nº 601.720/RJ, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e relatado pelo Ministro Ricardo Lewandowski, aborda a questão da imunidade tributária recíproca em relação a empresas privadas que são cessionárias de imóveis públicos.
A imunidade tributária recíproca está prevista no artigo 150, inciso VI, alínea "a", da Constituição Federal do Brasil. Essa imunidade estabelece que União, Estados, Municípios e Distrito Federal não podem cobrar impostos uns dos outros, incluindo o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
No caso do RE 601.720/RJ, discute-se se a imunidade tributária recíproca também se estende a empresas privadas que, embora sejam cessionárias de imóveis públicos, exercem atividades econômicas com fins lucrativos nesses imóveis. Em outras palavras, a questão central é se a imunidade tributária recíproca se aplica quando o imóvel público é cedido a particulares para exploração comercial.
Essa decisão do STF é relevante para o caso de Maria porque traz reflexões sobre a aplicação dos princípios constitucionais relacionados à tributação sobre imóveis públicos cedidos a particulares. Portanto, ao argumentar em sua defesa, Maria poderia citar esse precedente para sustentar que, mesmo que o imóvel em questão seja público, sua condição de cessionária não a torna sujeita ao pagamento do IPTU, em conformidade com a imunidade tributária recíproca estabelecida na Constituição.
[Localidade], [dia] de [mês] de [ano].
[Nome do Advogado] – OAB/UF nº xxx.xxx
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