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APX2 Literatura Brasileira III

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
Disciplina: Literatura Brasileira III 
Coordenadora: Profª Flávia Amparo 
AP2 – 2020.1 
 	 
 
Aluno(a): Elaine Couto Neto
 
Polo: Nova Friburgo				Matrícula: 17213120207
Nota: _______________ 
 
 Leia com atenção os textos e as questões da prova. Lembre-se do que estudou nas Unidades, de 5 a 9. Escreva as respostas de maneira dissertativa e fique atento à coerência, à coesão e à correção gramatical da sua escrita. 
 
 Questão 1: (3,0): Leia a matéria abaixo que trata um pouco sobre o trânsito de culturas na literatura contemporânea: 
 
Literaturas brasileira e moçambicana se encontram em coletânea 
(Fonte: Carta Capital, via https://biblioo.cartacapital.com.br/) - editado 
 
Publicada no Brasil e em Moçambique, a coletânea reúne contos de escritores e de escritoras brasileiros e moçambicanos e é fruto de uma parceria da Editora Malê com a Editorial Fundza, de Moçambique. O propósito do livro é servir de veículo para a ampliação do conhecimento sobre a literatura produzida pelos autores elencados, fazendo com que os contos brasileiros (...) sejam mais conhecidos em Moçambique, e da mesma forma, que os contos moçambicanos (...) encontrem mais leitores no Brasil. 
É uma obra que estreita laços culturais em um território fértil como a literatura e promove um inovador intercâmbio cultural literário entre os dois países. 
 
Sobre o livro 
 
Embora as literaturas contemporâneas brasileira e moçambicana não sejam tão conhecidas entre os dois países, em dado momento histórico, entre as décadas de 1950 e 1970, as conexões literárias entre Brasil e Moçambique contribuíram para a formulação do sistema literário moçambicano, com destaque, neste trânsito, para a literatura do escritor Jorge Amado. 
O escritor Mia Couto, presente nesta coletânea, já afirmou em textos e palestras sobre a importância de Jorge Amado para a literatura de Moçambique. Segundo Couto, os escritores moçambicanos careciam de um português sem Portugal, de um idioma que, sendo do Outro, ajudasse os escritores moçambicanos a encontrarem uma identidade própria. Para Mia Couto, Jorge Amado e outros escritores brasileiros devolveram aos moçambicanos a fala num outro português, mais açucarado, mais dançável, mais do jeito de ser moçambicano. 
No mesmo período em que a obra de Jorge Amado chegava a Moçambique, também chegavam os textos de Manuel Bandeira, Raquel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, João Guimarães Rosa, entre outros, influenciando a literatura e a cultura moçambicanas. 
Percebe-se que o entendimento sobre a literatura brasileira contemporânea e dos textos apresentados nesta coletânea também passa pela emergência das novas vozes sociais que disputam espaços para participar do campo literário. Para Dalcastagnè pensar a literatura brasileira contemporânea depende de movimentar um conjunto de problemas. Isso porque todo espaço é um espaço em disputa, seja ele inscrito no mapa social, ou constituído numa narrativa. 
Daí o estabelecimento das hierarquias, às vezes tão mais violentas quanto mais discretas consigam parecer: quem pode passar por esta rua, quem entra neste shopping, quem escreve literatura, quem deve se contentar em fazer testemunho. Dalcastagnè alerta que a não concordância com as regras implica avançar sobre o campo alheio, o que gera tensão e conflito. 
Por isso a necessidade de se refletir sobre como a literatura brasileira contemporânea, e os estudos literários, se situam dentro desse jogo de forças, observando o modo como se elabora (ou não se elabora, contribuindo para o disfarce) a tensão resultante do embate entre os que não estão dispostos a ficar em seu “devido lugar” e aqueles que querem manter seu espaço descontaminado. 
De que modo, na atualidade, esse trânsito de culturas torna-se parte essencial da construção da ficção contemporânea e, em que medida, o local e o universal se confrontam no espaço literário? Use trechos do texto para justificar a sua argumentação. 
 Embora com desenvolvimento da literatura individual hoje e não em manifesto ela sofre influência diversos fragmentos o que são movimentos sociais ligados a raça, imigração, sexualidade e gênero o que são valores articulados com as transformações sociais produzindo uma literatura que procura se distanciar de gerações de escritores anteriores. Onde cada um busca um espaço onde as propostas narrativas são muito divergentes entre si. 
Hoje não temos mais manifestos e as “escolas” literárias tornaram-se mais uma individualização de projetos literários. Como trecho descrito por Dalcastagnè “pensar a literatura brasileira contemporânea depende de movimentar um conjunto de problemas. Isso porque todo espaço é um espaço em disputa, seja ele inscrito no mapa social, ou constituído numa narrativa.”
 
Questão 2: (3,5) 
O Manifesto Antropófago (1928), baseado nos manifestos das vanguardas artísticas europeias, repensa o modo como a literatura brasileira mobilizaria as formas de fixação, projeção e diálogo da nossa cultura com as culturas estrangeiras. Apesar das influências estrangeiras, Oswald de Andrade propõe um protagonismo da cultura brasileira a partir de um processo de apropriação cultural: “Só me interessa o que não é meu”. Como essa apropriação e o conflito entre nacionalismo e cosmopolitismo surge no Modernismo brasileiro? Tome como base para discutir o tema da apropriação e do conflito cultural o poema “Erro de português”, de Oswald de Andrade, e o trecho do Manifesto Antropófago transcritos abaixo: 
 
MANIFESTO ANTROPÓFAGO 
Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. 
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. 
Tupi, or not tupi that is the question. 
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. 
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. 
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa. 
O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará. 
Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande. 
Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil. 
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa. 
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar. 
Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem. 
A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls. (...) Caminhamos. 
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. 
Ou em Belém do Pará. Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós. 
 
Erro de Português – Oswald de Andrade 
Quando o português chegou 
Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! 
Fosse uma manhã de Sol O índio tinha despido O português. 
(ANDRADE, Oswald. Poesias completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.) 
 O movimento antropofágico foi uma espécie de manifestação cultural e artística que ocorreu durante a primeira fase do Modernismo no Brasil. Por conta disso, ele é considerado uma das vanguardas desse período. O movimento surgiu a partir do manifesto Antropofágico diante das observaçõesfeitas por Oswald Andrade que trouxe para a literatura brasileira uma visão diferente do autor onde ele via a necessidade da influência estrangeira na literatura brasileira, porém mantendo suas características e dando ênfase cultura brasileira. Daí o termo antropofágico de comer a própria carne ou seja se apropriar do que era próprio, próprio da nossa cultura nossa carne. Promovendo uma cultura com a cara do nosso pais.
 	Como no poema, ele descreve que o português chegou no dia de chuva e vestiu o índio trazendo seus costumes, sua cultura no entanto poderia ter sido de uma forma diferente se “em dias de sol” se o momento fosse outro o índio poderia impor sua cultura diante dos portugueses. Nisso Oswald de Andrade mostra como ele vem pensando que é necessário o diálogo da cultura estrangeira com a nossa cultura que é importante a partir como essa aprimoração e o conflito entre o nacionalismo e entre o cosmopolitismo, aí sim que surgiu o movimento o modernismo brasileiro, que foi o movimento onde as pessoas passaram a falar mais sobre a cultura brasileira mesmo que usando as influências externas para falar mais sobre a cultura do seu país mantendo a essência do mesmo e o espírito de nacionalismo.
Questão 3: (3,5): 
Guimarães Rosa, ao compor sua obra, mesmo elegendo o sertão como espaço privilegiado, já tão comum em nossa literatura, consegue inovar em muitos aspectos. Especialmente, a respeito do que chamamos de “regionalismo”, uma vez que o sertão de Rosa é muito mais universalizante do que propriamente um espaço estritamente geográfico. Veja como o autor tratou alguns aspectos da sua biografia em uma entrevista concedida a seu tradutor Günter Lorenz em janeiro de 1965: 
 
GUIMARÃES ROSA: Creio que minha biografia não é muito rica em acontecimentos. Uma vida completamente normal. 
LORENZ: Acho que não é bem assim. Em sua vida você passou por uma série de etapas muito interessantes, até mesmo instrutivas. Estudou medicina e foi médico, participou de uma guerra civil, chegou a ser oficial, depois diplomata. Deve haver ainda outros fatos, pois estou apenas citando de memória. João Guimarães Rosa, na viagem ao Sertão Mineiro, em 1952. 
GUIMARÃES ROSA: Chegamos novamente ao ponto que indica o momento em que o homem e sua biografia resultam em algo completamente novo. Sim, fui médico, rebelde, soldado. Foram etapas importantes de minha vida, e, a rigor, esta sucessão constitui um paradoxo. Como médico conheci o valor místico do sofrimento; como rebelde, o valor da consciência; como soldado, o valor da proximidade da morte… 
LORENZ: Deve-se considerar isto como uma escala de valores? 
GUIMARÃES ROSA: Exato, é uma escala de valores. 
LORENZ: E estes conhecimentos não constituíram, no fundo, a espinha dorsal de seu romance Grande sertão? 
GUIMARÃES ROSA: E são; mas devemos acrescentar alguns outros sobre os quais ainda temos de falar. Mas estas três experiências formaram até agora meu mundo interior; e, para que isto não pareça demasiadamente simples, queria acrescentar que também configuram meu mundo a diplomacia, o trato com cavalos, vacas, religiões e idiomas. 
LORENZ: Parece uma sucessão e uma combinação um tanto curiosa de motivos. GUIMARÃES ROSA: Bem, tudo isto é curioso, mas o que não é curioso na vida? (...) 
 
Há questões importantes destacadas por Rosa na entrevista, especialmente ao tratar de cada papel ou profissão que desempenhou na vida como se fosse, na verdade, uma etapa de formação do ser, relacionada a valores que transcendem o próprio homem. Considerando essa questão especificamente tratada na entrevista, aponte as principais inovações do sertão rosiano, discutindo sobre as constantes mudanças de papel/profissão do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”. Em que medida Matraga também mobiliza suas funções locais (passando de senhor de terras para serviçal e, finalmente, justiceiro) e as transforma em lições que transcendem os valores meramente locais? 
 
Apesar de ser um homem poderoso fazendeiro, bem sucedido, poderoso e dono de terras Matraga era cruel, violento, de vida boêmia, que maltratava a esposa, a filha e todo mundo que estava sua volta. 
Alguns fatos aconteceram na sua vida como traição e fuga da família, e ele ter sido açoitado, quase morto éter sobrevivido por verdadeiro milagre depois de ser acolhido e cuidado por pessoas humildes um casal de negros propriamente dito, e amparado por eles, Nhô Augusto com a orientação do padre transformou-se em um homem penitente que buscava redenção reavaliando todo cada fato ruim ocasionado na vida dele, o que o levou a se tornar alguém diferente que rezava e fazia o bem deixando a violência e que lhe era característico para ser uma nova pessoa, alguém melhor. Tornou-se de um homem dono de posses a servo.
Assim como no conto a vida de Guimarães Rosa cada fato ocorrido em sua vida valeu de experiência e passou a valorizar as coisas o sofrimento o valor da consciência e valorização da proximidade da morte
Apesar de ambos terem uma vida aos olhos dos outros pomposa, apesar dessa vida valer-lhes de experiência para formação do ser interior, foi na simplicidade de vida, na simplicidade do homem do sertão e do próprio sertão que encontraram o verdadeiro significado pra vida deles. Eles se encontraram verdadeiramente como seres na simplicidade.
 
BOA PROVA!

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