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Tipos de Cisternas no Semiárido Brasileiro

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FACULDADE SANTO AGOSTINHO - FASA
ENGENHARIA CIVIL
CAIO FERREIRA ANDRADE
TIPOS DE CISTERNAS UTILIZADAS PARA ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
VITÓRIA DA CONQUISTA
2020
CAIO FERREIRA ANDRADE
TIPOS DE CISTERNAS UTILIZADAS PARA ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Trabalho apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II do curso de Engenharia Civil da Faculdade Santo Agostinho, como requisito de avaliação.
Orientador: Prof. Ednei de Souza Pires.
VITÓRIA DA CONQUISTA
2020
sumário
RESUMO	4
1	INTRODUÇÃO	5
2	MATERIAIS E MÉTODOS	6
3	RESULTADOS E DISCUSSÃO	7
4	Conclusão	16
REFERÊNCIAS	17
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo geral identificar os tipos de cisternas utilizadas mais comumente na região do semiárido brasileiro. Especificamente: identificar as características climáticas e socioeconômicas do semiárido brasileiro, identificar os métodos de captação e conservação da água; analisar a utilização da água reservada nas cisternas e suas condições. Esse estudo se justifica considerando, pois, a importância do tema, haja vista a preocupação com a população nordestina, mais precisamente, a que vive em regiões onde frequentemente o fornecimento de água potável sofre racionamento, vem crescendo gradativamente. No que tange à metodologia trata-se de uma revisão bibliográfica. Com os resultados obtidos pode-se concluir que as cisternas mais utilizadas na região do semiárido brasileiro são: polietileno, fibra de vidro, placa de cimento, tijolos e malha de aço e concreto com tela galvanizada. Insta salientar, ainda, que esses reservatórios representam hoje o principal exemplo de como é possível promover o acesso à água, contribuindo com um conjunto de atividades com impacto direto sobre o desenvolvimento local.
Palavras-chave: Água Potável; Cisternas; Semiárido.
ABSTRACT
The present study aims to identify the types of cisterns most commonly used in the Brazilian semiarid region. Specifically: to identify the climatic and socioeconomic characteristics of the Brazilian semiarid region, to identify the methods of capturing and conserving water; analyze the use of reserved water in cisterns and their conditions. This study is justified considering, therefore, the importance of the theme, given the concern with the Northeastern population, more precisely, the one who lives in regions where the supply of drinking water often suffers from rationing, has been growing gradually. Regarding the methodology, this is a bibliographic review. With the results obtained it can be concluded that the cisterns most used in the Brazilian semi-arid region are: polyethylene, fiberglass, cement board, bricks and steel and concrete mesh with galvanized mesh. It is also important to stress that these reservoirs today represent the main example of how it is possible to promote access to water, contributing to a set of activities with a direct impact on local development.
Keywords: Drinking Water; Cisterns; Semiarid.
1 INTRODUÇÃO
O consumo exagerado das reservas naturais de recursos por causa do alto crescimento populacional está sendo maior do que a natureza pode oferecer, e a poluição produzida pelo homem está contaminando e diminuindo cada vez mais essas reservas. Tendo em vista a relevância tanto do consumo quanto da geração de efluentes atualmente, alternativas são necessárias para melhorar a gestão dos recursos hídricos, principalmente em locais onde existe uma concentração muito grande de pessoas (MARENGO et al., 2015).
A conservação e aproveitamento estão atrelados ao desenvolvimento sustentável, de modo a garantir que as futuras gerações deleitem de uma qualidade de vida aceitável. Sendo assim, os pilares econômico, ambiental, social, territorial e cultural são objetivados, tendo em vista que cada vez mais, no contexto contemporâneo, há impactos ambientais ao meio ambiente, principalmente advindos de atividades envolvendo minérios, sendo uma fonte de grande contaminação ambiental, quando comparadas a outros tipos de atividades (PEREIRA JUNIOR et al., 2015).
Um fator relevante no contexto contemporâneo se trata sobre o significativo crescimento populacional atrelado com um consumo exagerado dos recursos naturais, de modo a influência relevantemente com o aumento da utilização da água nos últimos tempos. Consequentemente, esta situação gera uma pressão sobre as fontes naturais, considerando que os recursos naturais são finitos e esgotáveis, podendo até mesmo ser um mecanismo inviabilizado, quando se leva em consideração processos como a poluição industrial, urbano, por agrotóxicos, dentre outras (SILVA et al., 2015).
No Brasil, apesar de possuir grande quantidade de água, a concentração de água doce disponível para consumo é muito baixa se posta em relação com a quantidade habitacional que faz uso da mesma. Com objetivo de reduzir o consumo de água, foi dado início a diversos programas que incentivem o uso racional (HOGAN et al., 2016).
A questão da água no semiárido sempre foi tratada com muito cuidado, pois a região depende diretamente desse bem para o desenvolvimento de suas atividades e ele é tão escasso nessas regiões. As precipitações variam no tempo e no espaço, sendo que normalmente não chegam a abastecer a todos e, no período de estiagem, a necessidade de um reservatório para água potável se torna essencial a vida (SILVA et al., 2016).
Para tanto, surgem as cisternas de placas capazes de reservar água suficientes para o período de estiagem, ou pelo menos, para maior parte dela. Porém, o uso dessas cisternas e a água reservada devem ser objeto de estudo para sabermos sua qualidade e seus impactos na realidade da população (FISCHER et al., 2016).
Sendo assim, com base nos dados da literatura fica imprescindível o seguinte questionamento: Quais os tipos de cisternas mais utilizadas para o controle e acesso a água na região do semiárido brasileiro?
Destarte, o presente estudo tem como objetivo geral identificar os tipos de cisternas utilizadas mais comumente na região do semiárido brasileiro. Especificamente: identificar as características climáticas e sócioeconômicas do Semiárido brasileiro, identificar os métodos de captação e conservação da água; analisar a utilização da água reservada nas cisternas e suas condições.
Esse estudo se justifica considerando, pois, a importância do tema, haja vista que a preocupação com a população nordestina, mais precisamente, a que vive em regiões onde frequentemente o fornecimento de água potável sofre racionamento, vem crescendo a cada ano, pois grande parte da população vive de alguma atividade relacionada ao meio rural onde as condições climáticas interferem na produção, chegando, em casos mais extremos, a interferir também na própria sobrevivência dos produtores e de suas famílias.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Apresenta-se, neste subitem, a metodologia utilizada para a confecção da presente pesquisa. Vergara (2011) conceitua, sabiamente, que método é uma direção, uma forma, um caminho, uma lógica de pensamento. Quanto à natureza, trata-se de um trabalho completamente teórico, tendo em vista não se tratar de um estudo de caso particular, mas de uma análise sobre certo assunto, cujo objetivo é enriquecer o conhecimento acerca do tema abordado.
Conforme afirma Marconi e Lakatos (2014), o pesquisador pode ter como grande objetivo apenas desenvolver novas teorias, criar novos modelos teóricos ou estabelecer novas formas de trabalho nos mais diversos campos da formação humana, quer seja por indução, dedução ou mesmo analogia.
Concernente aos objetivos, trata-se de uma pesquisa exploratória e meramente descritiva. Segundo Gil (2012), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar uma familiaridade maior com o tema proposto, visando torná-lo explícito ou visando a criação de hipóteses. 
Gil (2012) também aborda as pesquisas descritivas, explicando que as mesmas têm como objetivo principal a descrição das características de determinado tema, ouentão o estabelecimento de variáveis. Tais pesquisas tem como fator central identificar o que determina ou o que contribui para a ocorrência dos fenômenos apresentados. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois explica os porquês das coisas.
A técnica utilizada para a coleta dos dados foi exclusivamente bibliográfica e documental, vez que o trabalho foi elaborado partindo de publicações existentes, constituído, principalmente de artigos, monografias, dentre outros materiais disponibilizados na base de dados Scielo pela procura dos seguintes descritores: água potável, cisternas e semiárido publicados entre o período de 2010 a 2019 
Considerando-se o método de raciocínio, foi utilizado o indutivo, que Gil (2012) afirma como sendo o permissivo, a partir de observações, a levantar determinados fatos, determinadas situações, inferindo condições e situações gerais já esperadas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1. SEMIÁRIDO
O semiárido é um tipo de clima que é também chamado como clima de estepe. Esta característica pode ser mais presente em locais em que a precipitação tem uma quantidade inferior à da evapotranspiração potencial, tendo ainda baixa umidade e voluma pluviométrico, contudo, não é tão significativa ao ponto de se tornar uma região desértica, evidenciando a ocorrência de chuvas numa média entre 200 mm e 500 mm anuais. Sendo assim, existem tipologias diferentes dentro deste clima, podendo ser colocado em voga aspectos primordiais de diferenciação, como a temperatura, que caracterizam os diferentes tipos de biomas (PEREIRA JÚNIOR et al., 2015).
Tendo em vista a investigação procedida por Santos et al. (2017), entende-se por um território semiárido, uma região rica de identidade territorial, embasada de uma formação produtiva única e restrita ao tipo de ambiente. Além disso, pode ser observado que são locais heterogêneo, compostos por diversas diferenciações inter-regionais. 
Conforme afirmado por Rodrigues et al. (2017), por mais que o ambiente do semiárido seja mais difícil de implantação de culturas, é preciso organizar um planejamento estratégico visando encontrar o ambiente e a cultura propícia para cada ambiente, embasando e contribuindo para a instituição de políticas públicas que viabilizam a tomada de decisão. 
Além disso, a região do semiárido abrange territórios de 9 Estados brasileiros: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, conforme pode ser observado por meio da figura abaixo:
 Figura 01: Região do Semiárido brasileiro
Fonte: SILVEIRA 2017.
3.2. CONTEXTO DE RECESSÃO HÍDRICA
Ambientalistas afirmam a existência de características de identificação de consequências provindas da escassez de água doce no mundo num período de aproximadamente duas décadas. Contudo, esta afirmação é periodicamente questionada, sendo ignoradas possíveis medidas de prevenção de impactos (TEIXEIRA et al., 2015).
Conforme Galvão e Bermann (2015), o impacto do crescimento acelerado da população e do maior uso da água, imposto pelos padrões de conforto e bem estar da vida moderna junto à degradação alarmante sobre as fontes, intensifica em especial a escassez de água em algumas partes do globo terrestre.
Nos últimos três anos, o Brasil conseguiu construir mais de 100 mil cisternas, capazes de armazenar cerca de 1,5 bilhões de litros de água, na região do semiárido brasileiro. A meta dos brasileiros envolvidos nesse projeto é construir um milhão de cisternas até o ano de 2022. Vendo esse cenário de crise hídrica iminente, mostra-se cada vez a maior necessidade do reaproveitamento de água. Temos algumas maneiras para pôr em pratica essa importante ação, a reutilização de água da chuva (PEREIRA JÚNIOR et al., 2015).
Segundo Buckeridge e Ribeiro (2018), pode ser observado que esta crise só começou a se proceder por volta do ano de 2014, principalmente na região sudeste e posteriormente se estendendo pra todo o território brasileiro. Sendo assim, as regiões que sofrem com maior intensidade este fenômeno estão propensas haver mais mobilização em relação a promoção de possíveis movimentações e situações em que este recurso seja mais eficientemente utilizado do que em comparação às outras regiões.
Consoante o estudo de Silva et al., (2015) pode ser observado que o recurso hídrico é o elemento natural mais indispensável do planeta, de modo a se fazer presente durante toda a história da humanidade e ser a base de sustentação do desenvolvimento da sociedade, tendo em vista a sua preciosidade e suas limitações, destacando que é um bem finito. Logo, como contempla-se por Jacobi, Cibim e Leão (2015), ressalta-se a água novamente como sendo um bem primordial a vida, sendo um empecilho para a evolução tecnológica e industrial da sociedade sem levar em conta este recurso.
Sendo assim, conforme afirma a investigação de Comparato (2018), é preciso tomar precauções no sentido de prevenir a possibilidade de falta deste recurso, principalmente pelas regiões mais afetadas pela escassez. Para tal, indicam-se as realizações de políticas de conscientização através de meios de comunicação, como TV, jornais ou revistas, objetivando mostrar à sociedade a situação de carência e tentando conscientizar a mesma do ocorrido e evitando um possível agravamento da situação.
Sendo assim, como se observa por meio da análise de Hogan et al., (2016), um fator que influi diretamente na crise hídrica das regiões é o crescimento abrupto e exponencial da população, de modo a estar associado ao desenvolvimento industrial e tecnológico, que comprometem a disponibilidade do recurso e colaboram para a tomada de medidas obrigatórias visando a conscientização da sociedade no uso da água, como acontece nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, por exemplo. 
Além disso, destaca-se ainda que a crescente demanda por água acarreta a necessidade de estudos mais aprofundados no sentido da criação de regulamentações que atendam às necessidade das diferentes regiões do país, por meio de especificidades e de diferentes características, como a biodiversidade, contemplando a interação entre os seres humanos e água e seus posteriores e consequentes impactos e consequências geradas também interferem nesta questão (FISCHER et al., 2016).
Levando em consideração o impacto ambiental da possibilidade da escassez da água, Jacobi, Cibim e Leão (2015) destacam que é vital verificar a eficiência do abastecimento público, visando o atendimento da demanda crescente, além também da consideração concernente a criação de regulamentações objetivando legitimar o uso deste recurso, como a Lei n.9.433/1997, que aborda em relação à Lei das águas, instituindo a Política Nacional de Recursos Hídricos no Brasil e disciplina este uso.
Desta forma, conforme é observado por Galvão e Bermann (2015), a recessão hídrica leva a um contexto em que deve-se buscar algum tipo de reaproveitamento deste recurso, de modo a haver um gerenciamento mais consciente, aliado a criação e implementação de políticas e medidas de cunho normativo e jurídico, contando ainda com a assistência da sociedade para aderir a proposta, revendo conceitos e costumes referentes ao uso da água no dia-a-dia.
É importante criar opções viáveis para racionamento ou economia de água potável, como por exemplo, é a reutilização de água provinda de precipitações. Sendo assim, é preciso a verificações de alguns parâmetros referentes a aspectos físico-químicas e bacteriológicas da água, sendo avaliada e constantemente monitoradas. Para isso, é vital a análise da viabilidade de implantação de alternativas viáveis de sistemas de captação e aproveitamento de água da chuva nos municípios, tendo em vista a atual escassez do recurso (HOGAN et al., 2016).
De acordo a pesquisa de Silva et al., (2016), grande quantidade da água é descartada nas residências, sem nenhum tipo de consciência e/ou reaproveitamento, logo, o processo de reutilização se torna viável, já que este recurso está cada vezmais escasso, principalmente em áreas em que já não se encontra facilmente, devido à baixa pluviosidade. Além disso, é preciso verificar se a pouca disponibilidade hídrica existente não ser piorada cada vez mais através de práticas inadequadas dos usuários e dificuldade de interação e autorização de procedimentos pelos órgãos ambientais, atrelando estas ações com possíveis riscos de contaminação e a saúde pública. 
3.3. ESTRATÉGIAS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO
Como pode ser observado por meio da pesquisa de Silva et al. (2016), a região do semiárido brasileiro é composto por diversas vulnerabilidades e aspectos relevantes a serem detalhadamente estudados, como a desigualdade social, concentração de terras, pobreza, baixos níveis de escolaridade, desmatamentos, perda da biodiversidade e da fertilidade do solo e processos de desertificação. Sendo assim, observa-se o fator climático da região como sendo um obstáculo relevante para o ambiente local. 
Desta forma, destaca-se uma possibilidade de mitigar estes problemas por meio da educação ambiental nas escolas da região, incentivando estrategicamente o desenvolvimento sustentável por meio da educação voltada a utilização mais consciente dos recursos hídricos e da importância destes para com a vida dos indivíduos (PEREIRA JÚNIOR et al., 2015).
Além disso, consoante Silva et al., (2018), ao passo que esta região apresente estas dificuldades já citadas, é preciso haver a exploração das potencialidades desta, de modo a haver pleno conhecimento das características de cada local, a fim de aproveitar dos subsídios e da tecnologia, para facilitar a vida da população. Sendo assim, uma utilização mais eficiente e barata se dá por meio do armazenamento de água por meio do uso de cisternas. Ademais, coloca-se ainda o uso de barragens, espécies vegetais como alimento forrageiro, coleta e armazenamento da forragem e diminuição dos rebanhos, como recursos utilizados pela população.
3.4 O PRINCÍPIO DE CAPTAÇÃO E MANEJO DE ÁGUA DA CHUVA
A definição do termo captação e manejo de água de chuva baseia-se no seguinte conceito: A água de chuva faz parte do ciclo hidrológico e é um bem a ser captado de telhados, do chão e do solo, armazenado e/ou infiltrado de forma segura, tratado conforme requerido pelo uso final, e utilizado seu pleno potencial, substituindo ou suplementando outras fontes atualmente usadas, antes de ser finalmente descartado (MARENGO et al., 2015).
De maneira geral, as tecnologias de captação e manejo de água de chuva são técnicas que permitam: interceptar e utilizar a água de chuva no local onde ela cai no chão; que facilite a água de chuva a se infiltrar no solo; ou que captam a água de escoamento de uma área específica (telhados, pátio, chão, ruas e estradas) para depois ser armazenada em um reservatório (cisterna ou solo) para uso futuro, seja doméstico, agrícola, dessedentação de animais ou ambiental, tanto em áreas rurais como urbanas (PEREIRA JÚNIOR et al., 2015).
A água de chuva até hoje é considerada uma fonte de água subutilizada, pois, muitas vezes, não é considerada como um insumo, mas como um problema, pois é considerada como esgoto. A água da chuva ao escoar pelos telhados e pisos ficam cheias de impurezas, são drenadas até rios ou riachos e de lá, seguem para estações de tratamento de água para, assim serem verdadeiramente aproveitadas (SILVEIRA, 2017).
Assim, são relacionadas como esgoto, pois são confundidas com água superficial, a mais problemática das águas do ponto de vista da qualidade. Porém, nos últimos anos, o conceito sobre a utilização da água da chuva vem mudando e deve adquirir mais importância com o Plano Nacional de Recursos Hídricos, que indica que a água da chuva é um bem que deve ser utilizado em todo o seu potencial (BUCKERIDGE; RIBEIRO, 2018).
Apesar dos problemas de distribuição irregular das chuvas e das altas taxas de evaporação, é sempre possível captar água quando chove e armazená-la garantindo assim, uma fonte segura de abastecimento no período de estiagem, não somente como água potável, mas para outros usos. Esse pensamento de manejo integrado das águas de chuva nos leva a uma nova abordagem de manejo em que cinco linhas de política de água são essenciais segundo as ideias de Santos et al., (2017, p. 31):
Água de beber para as famílias: a água potável para cada família deve ser fornecida por meio de cisternas ou eventualmente por meio de poços rasos próximos as residências;
Água para comunidade: a água utilizada pela comunidade dever ser proveniente de açudes, caçimbas, poços rasos e profundos, pois, para lavagem de roupa, banho, limpeza e dessedentação de animais, a água não necessita de um grau de qualidade elevado;
Água para agricultura: para períodos de estiagem, faz-se necessário o uso de tecnologias como cisternas de produção, barragens subterrâneas e captação em estradas, visando a irrigação e produção de alimentos;
Água para o futuro: assegurar água para o futuro com possíveis secas severas é uma estratégia fundamental;
Água para o meio ambiente: sabe-se que o ciclo hidrológico e o balanço hídrico fornecem água suficiente para as populações do meio ambiente, porém o uso desta água tem que ser dimensionado e mantido para uma completa harmonia entre o clima e o meio ambiente. 
Com essas políticas, surgiu uma nova concepção que tem por base a descentralização de ações para passarem a conviver do semiárido e não saírem dele. Para a população do semiárido, essas ações trouxeram uma identidade e uma autoestima que eles não tinham, pois passaram a produzir seus próprios projetos e não importá-los das regiões mais ao sul do Brasil.
Dessas novas concepções surgiram, junto com a sociedade civil em apoio do Governo, os programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2) (SILVA et al., 2015).
3.5 UTILIZAÇÃO DE CISTERNAS
É preciso executar uma investigação acerca da qualidade da água a ser consumida após o reaproveitamento, de modo a analisar as características desta, garantindo para que seja um processo eficiente e que não cause maiores danos à qualidade do recurso, inviabilizando o seu objetivo. Ademais, coloca-se ainda que devem ser tomados alguns cuidados em relação ao reservatório de armazenamento da água, tendo em vista que a água fica parada e devem ser evitadas condições favoráveis de proliferação de microrganismos (TEIXEIRA et al., 2015).
Contudo, requerem-se um contexto completo de dimensionamento de um sistema de reutilização hídrica, de maneira tal a prover um projeto em que contemple a demanda requerida, contando com quantidade e qualidade de água para abastecimento. Sendo assim, é fundamental obter informações primordiais, como a identificação do consumo médio mensal, do valor atribuído ao m³ (metro cúbico) do recurso na região em questão e a área coberta do local (HOGAN et al., 2016).
Conforme afirmado por Silva et al., (2016), sabendo-se que os cidadãos devem se atentar e antenar para com a situação atual da água, tendo em vista a sua disponibilidade descendente, devendo-se assim então, sua eficiência de uso ser inversamente proporcional, de maneira tal a garantir a quantidade e qualidade deste recurso para a humanidade. Sendo assim, destaca-se a utilização de cisternas para captação e reutilização da água como uma solução viável para a problemática da escassez do recurso, viabilizando o suporte as atividades rurais e urbanas.
Como pode ser retratado por Fischer et al., (2016), a metodologia da utilização da tecnologia da cisterna é de longa data, confirmada a sua necessidade devido a pesquisas realizadas, principalmente em regiões do semiárido brasileiro, em que a disponibilidade hídrica e os índices de pluviosidade são reduzidos, além de que as estruturas das residências também não se encontravam em estado ideal visando a coleta e captação da água no período de chuvas. Sendo assim, desenvolveram-se critérios de dimensionamento, armazenamento e manejo da água coletada da chuva para que este recurso esteja disponível por um longo período de tempo.
Consoante a investigaçãode Rodrigues et al., (2017), ao se residir em um ambiente em que se faz necessária a utilização de um sistema de cisterna, requerem-se uma disciplina relevante no que tange o conhecimento sobre seu funcionamento, provendo uma manutenção adequada, de modo a manter a eficiência do sistema sempre de maneira aceitável, garantindo que o objetivo seja cumprido e obtendo um recurso de qualidade, sendo preciso um investimento inicial único, não havendo custos de manutenção e sendo uma alternativa ecologicamente mais correta. 
Sendo assim, conforme as ideias prelecionadas por Silva et al., (2013), os tipos de cisterna mais utilizadas no semiárido, a saber são: cisterna de polietileno, fibra de vidro, placa de cimento, tijolos e malha de aço e concreto com tela galvanizada
Conforme é apresentado na figura 01 abaixo, as cisternas de polietileno constituem-se de material industrial a fim de permitir o isolamento total da água armazenada. Alguns autores, tais como Silva et al., (2016) defendem que esse tipo de reservatório contribui para a qualidade da água. Porém, Silveira (2017) argumenta que em se tratando do uso específico na zona rural, a mesma possui um valor superior considerada às demais cisternas convencionais e possuindo, consequentemente, uma concorrência para os moradores da região semiárida que sobrevivem da construção de cisternas.
Figura 01: Cisterna de poliestileno
Fonte: SEDINOR, 2016.
De forma análoga, Silva et al., (2016) discorrem que as cisternas de fibra de vidro são semelhantes as cisternas de polietileno. No entanto, apresentam um valor de mercado maior, tendo em vista que se trata de um material mais revestido que apresenta, por sua vez, uma maior qualidade. A figura 02 abaixo observa-se um reservatório construído em fibra de vidro, para o armazenamento da água da chuva.
Figura 02: Cisterna de fibra de vidro
Fonte: SEDINOR, 2016.
Segundo Silva et al., (2016), as cisternas de placas são bastante utilizadas na região do semiárido, principalmente pela questão custo-benefício e, por conseguinte, contribui para a economia da população que reside na zona rural, tendo em vista que os próprios moradores constroem seu próprio reservatório sem intervenções de mão de obra especializada. Abaixo, a figura 04 exemplifica um modelo de cisterna de placa:
 Figura 03: Cisterna de placa de cimento
Fonte: SILVEIRA, 2017.
No que diz respeito às cisternas de tijolos, conforme especificado na figura 03 abaixo, a parte estrutural é composta por aço e na sua circunferência são rodeadas de tijolos, o que permite uma maior confiabilidade do reservatório e isolamento da água (PEREIRA JUNIOR, et al., 2015).
 
Figura 04: Cisterna de tijolo
Fonte: SILVEIRA, 2017.
Já a cisterna malha de aço e concreto com tela galvanizada, segundo as ideias de Silva et al., (2013) é aquela desenvolvida especificamente, para fins individuais, sendo construída da seguinte forma: em cima de um fundo cimentado é realizado uma armação de arame de aço (diâmetro do arame até 5 mm), conforme demonstrada na figura 05 abaixo:
Figura 05: Cisterna de malha de aço e concreto com tela galvanizada
Fonte: SILVEIRA, 2017.
Além disso, pode ser ressaltado ainda o fato de que, como a recorrência da utilização deste tipo de sistema é mais relevante em áreas de semiárido, que apresentam pouca disponibilidade de água, atribuindo um caráter de obrigatoriedade de transformação das rotinas, hábitos e costumes em relação ao uso da água nestas regiões. Ademais, acrescenta-se ainda que deve ser observado que a participação de todos os componentes da família é fundamental, de modo a todos compreenderem a importância destes procedimentos para a manutenção do bem-estar e saúde de todos do recinto (HOGAN et al., 2016).
4 CONCLUSÃO
A preocupação com a utilização racional dos recursos naturais visando garantir o atendimento das necessidades das gerações futuras vem sendo adotada como critério na confecção de novos produtos e equipamentos. Porém, esta visão não deve ser entendida e atrelada apenas ao produto final, já desenvolvido, mas sim ao processo construtivo. É necessário aproveitar os recursos disponíveis ao máximo, sem desperdícios, com a geração de menos resíduos e reciclagem dos mesmos.
Por meio da elaboração do trabalho em questão, no que tange a investigação da viabilidade dos diferentes tipos de cisternas utilizadas para armazenamento de águas pluviais no semiárido, pode-se prover a análise de características do semiárido e da demanda necessária, sendo estudado sobre os diferentes tipos de cisternas utilizadas nestes casos e sendo possível e viável a avaliação do que se diz respeito a viabilidade das cisternas.
Com os resultados obtidos pode-se concluir que as cisternas mais utilizadas na região do semiárido brasileiro são: polietileno, fibra de vidro, placa de cimento, tijolos e malha de aço e concreto com tela galvanizada. Insta salientar, ainda, que esses reservatórios representam hoje o principal exemplo de como é possível promover o acesso à água, contribuindo com um conjunto de atividades com impacto direto sobre o desenvolvimento local.
REFERÊNCIAS
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