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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE NUTRIÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA NO SOBREPESO/OBESIDADE EM INDIVÍDUOS COMO SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CAROLINA MIRANDA TREPTOW PELOTAS, 2019 CAROLINA MIRANDA TREPTOW¹ A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA NO SOBREPESO/OBESIDADE EM INDIVÍDUOS COMO SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Carriconde Marques² Coorientador: Rafael Pederzoli Treixeira³ Pelotas, junho de 2019. ¹Graduanda do curso de Nutrição da Universidade Federal de Pelotas. ²Doutor em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008). ³Graduado em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas; Graduando em Bacharelado em Educação Física pela Universidade Leonardo da Vinci; Graduando em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de Pelotas BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Alexandre Carriconde Marques (Orientador) Escola Superior de Educação Física/ UFPEL Profa. Dra. Alessandra Doumid Borges Pretto Faculdade de Nutrição/UFPel Profa. Dra. Letícia Marcarenhas Pereira Barbosa Faculdade de Nutrição/ UFPEL RESUMO Introdução: O estilo de vida, segundo Nahas (2000), pode ser abordado através de indicadores da saúde individual, como nível de stress, características nutricionais, atividade física, além do comportamento preventivo e relacionamentos humanos. Neste trabalho abordado a alimentação e atividade física em indivíduos com síndrome de Down, como indicadores do estilo de vida associando os maus hábitos com o sobrepeso e obesidade. Objetivo: Analisar e abranger o vínculo entre as atividades do cotidiano de indivíduos com síndrome de Down e a condição de sobrepeso e obesidade nos mesmos, buscando identificar se há relação entre os hábitos alimentares e a atividade física no sobrepeso e obesidade destes indivíduos. Materiais e métodos: Produzido através de revisão bibliográfica de bases de dados, como periódicos capes, Scielo e Google Acadêmico, sendo selecionados artigos pela associação das palavras-chave. Resultados: A obesidade é bem prevalente nos indivíduos com síndrome de Down, sendo associada a diversos fatores, como superproteção dos pais, as próprias limitações geradas pela síndrome, a inatividade física, a alimentação inadequada, entre outros. Foi observado que a alimentação e/ou a atividade física podem auxiliar na diminuição da gordura corporal, além de auxiliar na melhora de algumas patologias desses indivíduos. Considerações Finais: Foi explanado que hábitos de alimentares saudável e pratica de atividade física, auxiliam na redução do peso nesses indivíduos aumento da assa magra, além da melhora das patologias advindas da própria síndrome. ABSTRACT Introduction: Lifestyle, according to Nahas (2000), can be approached through individual health indicators, such as stress level, nutritional characteristics, physical activity, as well as preventive behavior and human relationships. In this paper we approached eating and physical activity in individuals with Down syndrome as lifestyle indicators associating bad habits with overweight and obesity. Objective: To analyze and encompass the link between the daily activities of individuals with Down syndrome and their condition of overweight and obesity, seeking to identify whether there is a relationship between eating habits and physical activity in overweight and obesity of these individuals. Materials and methods: Produced through bibliographic review of databases, such as capes journals, Scielo and Google Scholar, and articles were selected by the association of keywords. Results: Obesity is very prevalent in individuals with Down syndrome, and is associated with several factors, such as parental overprotection, the syndrome's own limitations, physical inactivity, and poor diet, among others. It has been observed that diet and / or physical activity may help in the reduction of body fat, besides helping to improve some pathologies of these individuals. Final Considerations: It was explained that healthy eating habits and physical activity practice, help in reducing weight in these individuals increase in the lean mass, in addition to the improvement of pathologies arising from the syndrome itself. Sumário Projeto 1. Introdução...............................................................................................07 2. Justificativa.............................................................................................09 3. Objetivos.................................................................................................10 3.1 Objetivo Geral..................................................................................10 3.2 Objetivo Específico..........................................................................10 4. Hipóteses................................................................................................11 5. Revisão Bibliográfica..............................................................................12 5.1 Síndrome de Down...........................................................................12 5.2 Estilo de Vida....................................................................................14 5.3 Hábitos Alimentares e Nutricionais...................................................15 5.4 Atividade Física.................................................................................17 6. Metodologia............................................................................................19 7. Cronograma............................................................................................20 8. Orçamento..............................................................................................21 Referências Bibliográficas..........................................................................22 Artigo 1. Introdução..............................................................................................27 2. Materiais e Métodos...............................................................................28 3. Desenvolvimento....................................................................................29 4. Resultados e Discussão.........................................................................36 5. Considerações Finais............................................................................39 Referências Bibliográficas..........................................................................40 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE NUTRIÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA NO SOBREPESO/OBESIDADE EM INDIVÍDUOS COMO SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA CAROLINA MIRANDA TREPTOW PELOTAS, 2019 1. INTRODUÇÃO O estilo de vida pode ser compreendido como um conjunto de ações habituais que retratam os valores e atitudes de um indivíduo, podendo ser adotado de forma saudável, com práticas regulares de atividade física, alimentação adequada e equilibrada, bons relacionamentos – tanto familiares quanto de amigos – entre outros hábitos, trazendo assim, benefícios a saúde; todavia, há a possibilidade de tornar o estilo de vida prejudicial, adotando comportamentos destrutivos, aderindo ao tabagismo, consumo excessivo de álcool, fazer uso de drogas, além de optar por uma alimentação inadequada, o sedentarismo, entre outros, trazendo consequências negativasa saúde. (Nahas et al., 2000; Rondanelli e Rondanelli, 2014) Ainda, Nahas et al. (2000), afirma que o estilo de vida, pode ser determinado através de indicadores da saúde individual, como nível de stress, características nutricionais, atividade física habitual, além do comportamento preventivo e relacionamentos humanos, o que o mesmo denomina de pentáculo do bem-estar. A prática regular de atividade física tem benefícios comprovados em relação a aumento da força corporal, aumento de massa magra, equilíbrio, coordenação, além de aumentar a resposta neuromotora, obtendo-se também, a longo prazo, diminuição do risco de diabetes tipo II. (Morales; et. al., 2013) Mas com a evolução tecnológica mais presente nas sociedades atuais, a movimentação está cada vez mais escassa, resultando em um baixíssimo nível de atividade física dos indivíduos, seja no trabalho como por lazer, tornando-os cada vez mais sedentários (Pitanga; Lessa, 2005). A alimentação vai muito além do que ingestão de alimentos, trazendo também, fatores sociais, culturais e/ou religiosos. A associação desses fatores, faz do ato alimentar algo de extrema importância e complexidade. Além disso, alguns alimentos podem trazer lembranças – boas ou ruins – de determinada época da história do indivíduo podendo se tornar algo prazeroso, ou não, ao mesmo. As pessoas com deficiência mental, sobretudo os indivíduos com síndrome de Down, compõem um grupo onde percebe-se predomínio de sobrepeso e obesidade superiores àquelas constatadas em populações adultas sem a síndrome. (Fernhall, 1997 apud Silva; Santos; Martins, 2006) Este trabalho tem como ideia principal, analisar e abranger o vínculo entre as atividades do cotidiano de indivíduos com síndrome de Down e a condição de sobrepeso e obesidade nos mesmos. 2. JUSTIFICATIVA O interesse para a realização desse trabalho resultou de uma breve introdução sobre a síndrome de Down ministrada durante as aulas da faculdade de nutrição, onde notei que havia uma quantidade limitada de informações. Como já tinha conhecimento que a população com síndrome de Down é bem vasta, devido ao fato de ter um irmão com deficiência – retardo mental e déficit de atenção e memória – e sempre estar interagindo dentro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) acredito que com este trabalho possa ajudar a essa população, além de seus familiares, a esclarecer possíveis duvidas e motivar a pratica de atividade física, uma alimentação saudável e uma maior socialização, constituindo assim um estilo de vida mais saudável, melhorando a qualidade de vida de seus praticantes. 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo geral Verificar se há influência do estilo de vida no sobrepeso/obesidade em indivíduos com Síndrome de Down. 3.2. Objetivos específicos Relacionar os hábitos alimentares com o sobrepeso/obesidade de indivíduos com síndrome de Down; Relatar a interferência da atividade física no sobrepeso/obesidade de indivíduos com síndrome de Down; 4. HIPÓTESES Indivíduos com Síndrome de Down com hábitos alimentares não saudáveis tem maior incidência de sobrepeso/obesidade; Indivíduos sedentários tem maior probabilidade de sobrepeso/obesidade Indivíduos com SD com estilo de vida adequado tem menor chance de desenvolver sobrepeso/obesidade 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1. Síndrome de Down Registros, como gravações, esculturas e desenhos de pessoas com traços muito semelhantes aos de indivíduos com síndrome de Down podem ser encontradas desde a cultura dos Olmecas, tribo que habitou a região que hoje é conhecida como o Golfo do México, entre os anos de 1500AC até 300DC. Outro exemplo da existência de pessoas com Down foi no século XVI onde Santo Agostinho conseguiu que vários monastérios cuidassem de crianças deficientes, sendo encontrado – durante uma escavação – em um desses monastérios, situado na Inglaterra, a presença de um crânio que pertencia, pelas suas características. a uma criança de nove anos com a síndrome de Down. (Brothwell,1960 apud Schwartzman, 1999) Apesar de ter sido vista em algumas pinturas de meados do século XV e início do século XVI, a síndrome de Down foi descrita pela primeira vez pelo médico pediatra britânico John Langdon Down – do hospital John Hopkins em Londres – no século XIX, mais precisamente em 1866. O mesmo foi o primeiro a perceber e associar as nítidas semelhanças físicas entre alguns indivíduos com deficiência intelectual onde relatou as características clínicas através de conhecimentos da época associando, erroneamente, a características étnicas. (Coelho, 2016; Down, 1866; Mata e Pignata, S/D; Moreira, El-Hani e Gusmão, 2000; Silva e Dessen, 2002; Larrousse Cultural p. 1976) Os primeiros indícios de que a síndrome de Down teria alguma associação com uma anomalia cromossômica foram feitos em 1930 por Waaderberg e Bleyer, tendo sua confirmação cerca de três décadas mais tarde. No ano de 1959, através de estudos distintos, mas simultâneos, Jérome Lejeune na França e Patrícia Jacobs na Escócia, descobriram um cromossomo extra nas células de pessoas com Down, onde indivíduos possuem 47 cromossomos por célula ao invés de 46, sendo constatada como a síndrome genética mais comum da época. (Barbosa et al, 2000; Cavalcante; Pires; Scarel-Caminaga, 2009; Guimarães, 2002; Meneghetti et al., 2008) Corroborando com a citação acima, Tregold e Soddy (1974, p.223) e Holmes, et. al. (1972, p. 150) afirmam, em seus livros, que pesquisadores notaram uma trissomia no cromossomo 21-22, no entanto não conseguiram chegar ao resultado exato devido à dificuldade de distinção entre estes, e que por costume é chamada de trissomia 21. Ainda Tregold e Soddy (1974, p.223) exaltaram que em 1960 ocorreu a investigação de um caso de síndrome de Down por translocação cromossômica 15- 21, posteriormente, em 1961, foi relatado um caso de mosaicismo por Clarke, Edwards e Smallpiece. Tipos de síndrome de Down que serão explanados no decorrer do trabalho. Assim, foi descoberto que a síndrome de Down pode se dar de três formas, sendo a trissomia do 21 a mais comum abrangendo cerca de 95% da população com Down, seguido pela translocação do 14-21 que culmina em torno de 2% a 3% e a forma mais incomum de trissomia que se dá através do mosaicismo que ocorre em apenas 1% a 2% dessa população. (Moreira; Gusmão, 2002; Silva; Dessen, 2002; Catão; Rocha; Costa, 2014; Saenz, 1999) As células germinativas são as únicas do corpo humano que normalmente possuem 23 cromossomos – formadas através de um processo chamado meiose onde uma célula de 46 cromossomos divide-se em duas de 23 – e durante o processo de fecundação unem-se formando uma única célula com 46 cromossomos ou 23 pares, chamada de zigoto. A partir da formação desse zigoto começasse a duplicação celular, onde todas as estruturas são replicadas identicamente. (Kosma, 2007; Araújo et al., 2007) Na trissomia do cromossomo 21, durante o processo da meiose materna ou paterna, ocorre um erro na divisão celular onde uma das células geradas fica com dois cromossomos 21 e a outra parte fica sem nenhum tornando-se, esta última, incompatível com a vida. A união de uma célula com 24 cromossomos e uma de 23 origina uma célula de 47 cromossomos, com 22 pares e a trissomia do 21. (Silva; Silva; Rocha, 2013) Na translocação uma fração de um cromossomo é realocado a outro. Isso ocorre geralmente entre os cromossomos do grupo D/G, sendo dentre eles o mais comum entre o 14-21. (Holmes et. al., 1972, p. 152, Berthold et al. 2004; Borges- Osório; Robinson, 2013, p. 112) No mosaicismo, diferente do que ocorre na trissomia do 21, onde algumas células, após a fertilização,dividem-se de maneira errada, gerando assim células com 46 cromossomos e células com 47, sendo nesse último a presença da trissomia do 21, tendo por consequência um indivíduo com dois tipos celulares. (Berthold et al. 2004; Borges-Osório; Robinson, 2013, p. 115-116) Como decorrência dessa síndrome os indivíduos possuem características físicas semelhantes entre eles, mas distintas do resto da sociedade. Tendo como mais comuns: olhos pequenos, oblíquos, com pregas epicânticas e íris com manchas brancas (manchas de Brushfield); os ouvidos tem canais estreitos e as orelhas são pequenas, com hélix angular sobreposta e lóbulo pequeno; o nariz é pequeno e possui ponte nasal baixa; a boca apresenta palato alto e hipodontia, com a língua protusa e fissurada; possui o crânio braquicéfalo, pescoço curto e largo com excesso de pele; as mãos possuem uma única prega palmar, podendo também ocorrer clinodactilia no quinto dedo; nos pés pode ocorrer um maior afastamento entre o primeiro e segundo dedo; além disso, em geral, pessoas com síndrome de Down tendem a ter estatura mais baixa. (Schwartzman, et al. 1999, p. 26-27; Garcias; Roth, 2004, p. 16; Holmes et al, 1972, p. 150; Mahan; Escott-Estump; Raymond, 2012, p. 1027-1028; Silvia; Dessen, 2002; Tregold; Toddy, 1974, p. 224-225) Além das características físicas os indivíduos com Down também possuem patologias causadas por alterações fisiológicas da própria desordem genética, por exemplo, problemas de visão, como estrabismo e miopia, de audição, baixa propriocepção, problemas de equilíbrio, frouxidão ligamentar, hipotonia e problemas respiratórios e circulatórios. (Greguol; Costa, 2013; p.122-123) 5.2. Estilo de Vida A população brasileira, nos últimos anos, está passando por uma transição nutricional, acarretando em uma diminuição dos índices de baixo peso e desnutrição, trazendo novas preocupações a sociedade, o sobrepeso e obesidade. (Popkin, 2001) Essa transformação gera a mudança do perfil epidemiológico, onde antigamente se tinha um alto índice de mortalidade por doenças infectocontagiosas que, atualmente, deram lugar às doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes mellitus, doenças respiratórias crônicas, entre outras. (Triches; Giugliani, 2005) Essas alterações são desencadeadas pelas mudanças do estilo de vida que vem ocorrendo nos últimos anos, onde a sociedade encontra-se em uma rotina mais atribulada, seja devido ao trabalho, estudos, afazeres domésticos, cuidados com filhos, ou mesmo a soma de diversos fatores. Ainda, associado a estas situações existem muitas tecnologias e facilidades que vão desde alimentos prontos para consumo ou congelados com grandes períodos de validade, utilização dos aparelhos com controles remotos *evitando* a locomoção, até usufruto da internet para um convívio em redes socias, podendo levar ao isolamento, resultando em uma alimentação inadequada, sedentarismo, altos níveis de estresse e poucas horas de sono. (Hawkes, 2006) Em outros séculos as cidades estavam em formação, não existiam água encanada, esgoto e nem supermercados, sendo assim os indivíduos tinham que plantar, recolher água, entre outros, tendo um trabalho braçal quase que constante, além de possuírem uma alimentação extremamente natural. Já no século XXI, com a industrialização e a globalização, tudo se tornou mais prático, fácil e acessível. Nos dias atuais, os hábitos ditos como ruins, são introduzidos desde cedo, algumas vezes inclusive imediatamente após o nascimento. A introdução alimentar precoce e com alimentos altamente industrializados, inicia um vício no paladar para alimentos mais doces ou ricos em sódio, além de possuírem vários aditivos. O brincar também foi modificado ao decorrer dos anos, tendo a tecnologia entrado no lugar das brincadeiras na rua, onde se via crianças brincando e correndo deu-se lugar a crianças sentadas mexendo em tablets ou smartphones. Esses fatos associados vêm trazendo malefícios como a obesidade além de poder desencadear diabetes e hipertensão desde a infância e consolidando-se esses hábitos na vida adulta. 5.3. Hábitos Alimentares e Nutricionais O corpo humano necessita de uma fonte energética para poder realizar sua manutenção do metabolismo, assim como as atividades realizadas pelo indivíduo. Essa energia é obtida através de carboidratos, proteínas, lipídeos e álcoois que estão presentes em determinados alimentos, que através de reações químicas, como catabolismo – quebra de macromoléculas em partículas menores – e anabolismo – síntese de moléculas – chegam ao seu objetivo final (Mahan; Escott-Stump; Raymond, 2012, p. 19; Cozzolino; Cominetti, 2013 p. ). Para estabelecer melhor esse equilíbrio energético, foi estipulado tipos de taxas metabólicas, sendo a basal o mínimo que o organismo precisa para manter suas atividades vitais, onde é aferida com individuo em jejum, em repouso físico, em ambiente tranquilo, controlado e sem ruído (Bursztein et al., 1989; Garrow, 1974; Harris & Benedict, 1919, apud Wahrlich; Anjos, 2001). A taxa metabólica de repouso consiste na quantidade de energia necessária para o organismo para manter a homeostase e as funções mínimas quando em repouso, sendo composta por 60% a 75% da quantidade energética total, esta, por sua vez, pode ser influenciada pela idade, composição corporal, tamanho corporal, clima, estado hormonal, temperatura, entre outros. (Mahan; Escott-Stump; Raymond, 2012; Bonganha, et.al., 2009) Além das taxas calóricas principais, existe também o efeito térmico dos alimentos, que é o necessário para a digestão e absorção de alimentos, acarretando em cerca de 10% da taxa, tendo também a termogênese por atividade física pela liberação de calor por exercício ou por movimento. (Mahan; Escott-Stump; Raymond, 2012) Cada indivíduo possui uma taxa metabólica diferente, necessitando assim de quantidades energéticas variáveis de acordo com sua estrutura corporal e suas atividades diárias, por exemplo a taxa energética de um atleta de alta performance é muito mais elevada que um indivíduo sedentário. O equilíbrio energético se dá através do balanço adequado do consumo e gasto de energia. Quando o gasto energético se torna maior que o consumo calórico pode se ter como resultado a desnutrição e o inverso tem como resultado o sobrepeso e a obesidade. Atualmente, tem-se como realidade um aumento abrupto da incidência de sobrepeso e obesidade, onde a ingesta calórica é maior do que o gasto energético. Com o pouco tempo para preparar as refeições, as facilidades de consumo de alimentos processados e ultraprocessados tornam-se uma opção muito viável, mas também perigosa para os indivíduos. Alimentos industrializados, pré-prontos ou congelados tem altas cargas de conservantes, açúcares e sódio, além de ter muitas calorias. Alimentos ditos como processados e ultraprocessados, são aqueles que sofrem inúmeras técnicas industriais antes de chegarem as prateleiras do supermercado. Esses processos podem ser desde o realce do sabor, aumento da vida de prateleira, até a formação de um produto inteiro apenas de componentes modificados pela indústria. Geralmente em sua composição possuem altas taxas de carboidratos, principalmente carboidratos simples, e gorduras saturadas, insaturadas e principalmente a trans. (Escoda, 2002; Louzada, et. al., 2015;) Com uma alimentação balanceada, composta por alimentos ditos como in natura ou minimamente processados é possível se ter balanço energético adequado, além de se obter o aporte de nutrientes adequados para o organismo. 5.4. Atividade física Segundo Caspersen, et al. (1985, p.126), “A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que resultam em gasto de energia maior do que em repouso”. Embora seja muito utilizado o termo exercíciofísico, o fato é que, o mesmo não é sinônimo de atividade física. Ambos possuem elementos em comum, como por exemplo envolver movimentos corporais, gasto energético em forma de quilocalorias, sendo também intimamente ligados com a aptidão física. Todavia, o exercício físico é uma subcategoria da atividade física, o qual é planejado, organizado e repetitivo, que busca um objetivo, seja uma melhor aptidão, habilidade motora, qualidade de vida e/ou tentativa de reabilitação. (Caspersen et al, 1985, p. 126-128; Guedes; Guedes, 1995, p. 20-21; Nahas, 2003, p. 39) “A atividade física de lazer pode ser subdividida em categorias como esportes, exercícios de condicionamento, tarefas domésticas (por exemplo, jardinagem, limpeza e reparo em casa) e outras atividades”. (Folsom, et al., s/d apud Caspersen et al., 1985, pag. 127) Segundo Berger e Macianman, (1993) apud Samulski e Noce, (2000), a atividade física regular pode trazer inúmeros benefícios a saúde do praticante, como por exemplo, melhor disposição física e mental, bem-estar psicológico, redução dos níveis de estresse, ansiedade e depressão, entre outros. No entanto, quando se trata de obesidade, “a falta de exercício físico é tão importante quanto a hiperfagia [...] As pessoas tem engordado na proporção em que se tornam sedentárias e não seguem uma dieta saudável.” (Nahas, 1999, p.28) 6. METODOLOGIA O presente trabalho se caracteriza como um estudo de caráter exploratório – que tem como objetivo principal proporcionar maior esclarecimento ou modificar conceitos, tornando-os mais precisos – através de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir de materiais já existentes, como artigos científicos e livros. (GIL, 2008 p. 27, 50-51) Para conceituar e contextualizar este trabalho, foram utilizadas plataformas de pesquisa, como periódicos CAPES, SciELO, google acadêmico e pubmed, com as palavras-chave: síndrome de Down, estilo de vida, alimentação saudável, maus hábitos alimentares, obesidade, exercício físico, atividade física, sedentarismo, além da correlação entre os mesmos. Foram consideradas as mesmas palavras-chave para língua inglesa e espanhola, sem um limite específico de data estipulado. 7. CRONOGRAMA 2018 S E T O U T N O V D E Z Escolha do tema X Pesquisa sobre o tema X X X X Definição dos instrumentos X Elaboração do projeto X X X Entrega do projeto X Revisão de literatura X Entrega do trabalho final X 8. ORÇAMENTO Para a elaboração da respectiva pesquisa bibliográfica, foram adquiridos, até o presente momento, dois livros, com valor aproximado de cem reais em sua totalidade. Não foram utilizados equipamentos, testes e transporte, que acarretassem em custo ao pesquisador. 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(NAHAS et al., 2000; RONDANELLI E RONDANELLI, 2014) Ainda, Nahas et al. (2000), afirma que o estilo de vida, pode ser determinado através de indicadores da saúde individual, como nível de stress, características nutricionais, atividade física habitual, além do comportamento preventivo e relacionamentos humanos, o que o mesmo denomina de pentáculo do bem-estar. A prática regular de atividade física tem benefícios comprovados em relação a aumento da força corporal, aumento de massa magra, equilíbrio, coordenação, além de aumentar a resposta neuromotora, obtendo-se também, a longo prazo, diminuição do risco de diabetes tipo II. (Morales; et al., 2013) Mas com a evolução tecnológica mais presente nas sociedades atuais, a movimentação está cada vez mais escassa, resultando em um baixíssimo nível de atividade física dos indivíduos, seja no trabalho como por lazer, tornando-os cada vez mais sedentários (PITANGA; LESSA, 2005). A alimentação vai muito além do que ingestão de alimentos, trazendo também, fatores sociais, culturais e/ou religiosos. A associação desses fatores, faz do ato alimentar algo de extrema importância e complexidade. Além disso, alguns alimentos podem trazer lembranças – boas ou ruins – de determinada época da história do indivíduo podendo se tornar algo prazeroso, ou não, ao mesmo. As pessoas com deficiência mental, sobretudo os indivíduos com síndrome de Down, compõem um grupo onde percebe-se predomínio de sobrepeso e obesidade superiores àquelas constatadas em populações adultas sem a síndrome. (FERNHALL, 1997 apud SILVA; SANTOS; MARTINS, 2006) Com este trabalho pretende-se, analisar e abranger o vínculo entre as atividades do cotidiano de indivíduos com síndrome de Down e a condição de sobrepeso e obesidade nos mesmos, buscando identificar se há relação entre os hábitos alimentares e a atividade física no sobrepeso e obesidade destes indivíduos. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho se caracteriza como um estudo de caráter exploratório – que tem como objetivo principal proporcionar maior esclarecimento ou modificar conceitos, tornando-os mais precisos – através de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir de materiais já existentes, como artigos científicos e livros. (GIL, 2008 p. 27, 50-51) Para conceituar e contextualizar este trabalho, foram utilizadas plataformas de pesquisa, como periódicos CAPES, SciELO, google acadêmico e pubmed, com as palavras-chave: síndrome de Down, estilo de vida, nutrição, alimentação saudável, hábitos alimentares, obesidade, exercício físico, atividade física, sedentarismo, além da correlação entre os mesmos. Foram consideradas as mesmas palavras-chave para língua inglesa e espanhola, limitando-se a estudos realizados nos últimos 50 anos, mais exatamente entre 1970 a 2019, com exceção do texto escrito por Jonh Langdon Down, datado de 1866 que relata como a Síndrome de Down teve suas primeiras descobertas. Foram encontrados, em sua totalidade, 8911 artigos correlacionando as palavras-chave supracitadas com o termo Síndrome de Down, sendo 48,5% referentes com estilo de vida, 29,2% com nutrição e 22,3% com atividade física. Após a leitura dos títulos foram selecionados 91, 259 e 171 artigos, respectivamente. Dando sequência a seleção de artigos, foi realizada a leitura dos resumos referentes aos 521 títulos aprovados. Com isso, foram excluídos 362 artigos, restando 159 obras para seleção. Posteriormente foi realizado a leitura na íntegra dos artigos, sendo utilizados para elaboração deste estudo 20 artigos. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1. Síndrome de Down Registros, como gravações, esculturas e desenhos de pessoas com traços muito semelhantes aos de indivíduos com síndrome de Down podem ser encontradas desde a cultura dos Olmecas, entre os anos de 1500AC até 300DC. Outro exemplo da existência de pessoas com Down foi no século XVI onde Santo Agostinho conseguiu que vários monastérios cuidassem de crianças deficientes, sendo encontrado – durante uma escavação – em um desses monastérios, situado na Inglaterra, a presença de um crânio que pertencia, pelas suas características a uma criança de nove anos com a síndrome de Down. (BROTHWELL,1960 apud SCHWARTZMAN, 1999) Apesar de ter sido vista em algumas pinturas de meados do século XV e início do século XVI, a síndrome de Down foi descrita pela primeira vez pelo médico pediatra britânico John Langdon Down – do hospital John Hopkins em Londres – no século XIX, mais precisamente em 1866. O mesmo foi o primeiro a perceber e associar as nítidas semelhanças físicas entre alguns indivíduos com deficiência intelectual onde relatou as características clínicas através de conhecimentos da época associando, erroneamente, a características étnicas. (COELHO, 2016; DOWN, 1866; MATA E PIGNATA, S/D; MOREIRA, EL-HANI E GUSMÃO, 2000; SILVA E DESSEN, 2002; LARROUSSE CULTURAL p. 1976) Os primeiros indícios de que a síndrome de Down teria alguma associação com uma anomalia cromossômica foram feitos em 1930 por Waaderberg e Bleyer, tendo sua confirmação cerca de três décadas mais tarde. No ano de 1959, através de estudos distintos, mas simultâneos, Jérome Lejeune na França e Patrícia Jacobs na Escócia, descobriram um cromossomo extra nas células de pessoas com Down, onde indivíduos possuem 47 cromossomos por célula ao invés de 46, sendo constatada como a síndrome genética mais comum da época. (BARBOSA et al, 2000; CAVALCANTE; PIRES; SCAREL-CAMINAGA, 2009; GUIMARÃES, 2002; MENEGHETTI et al., 2008) Corroborando com a citação acima, Tregold e Soddy (1974, p. 223) e Holmes, et al. (1972, p. 150) afirmam, em seus livros, que pesquisadores notaram uma trissomia no cromossomo 21-22, no entanto não conseguiram chegar ao resultado exato devido à dificuldade de distinção entre estes, e que por costume é chamada de trissomia 21. Ainda Tregold e Soddy (1974, p. 223) exaltaram que em 1960 ocorreu a investigação de um caso de síndrome de Down por translocaçãocromossômica 15- 21, posteriormente, em 1961, foi relatado um caso de mosaicismo por Clarke, Edwards e Smallpiece. Tipos de síndrome de Down que serão explanados no decorrer do trabalho. Assim, foi descoberto que a síndrome de Down pode se dar de três formas, sendo a trissomia do 21 a mais comum abrangendo cerca de 95% da população com Down, seguido pela translocação do 14-21 que culmina em torno de 2% a 3% e a forma mais incomum de trissomia que se dá através do mosaicismo que ocorre em apenas 1% a 2% dessa população. (MOREIRA; GUSMÃO, 2002; SILVA; DESSEN, 2002; CATÃO; ROCHA; COSTA, 2014; SAENZ, 1999) Na trissomia do cromossomo 21, durante o processo da meiose materna ou paterna, ocorre um erro na divisão celular onde uma das células geradas fica com dois cromossomos 21 e a outra parte fica sem nenhum tornando-se, esta última, incompatível com a vida. A união de uma célula com 24 cromossomos e uma de 23 origina uma célula de 47 cromossomos, com 22 pares e a trissomia do 21. (SILVA; SILVA; ROCHA, 2013) Na translocação uma fração de um cromossomo é realocado a outro. Isso ocorre geralmente entre os cromossomos do grupo D/G, sendo dentre eles o mais comum entre o 14-21. (HOLMES et al., 1972, p. 152, BERTHOLD et al. 2004; BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013, p. 112) No mosaicismo, diferente do que ocorre na trissomia do 21, onde algumas células, após a fertilização, dividem-se de maneira errada, gerando assim células com 46 cromossomos e células com 47, sendo neste último a presença da trissomia do 21, tendo por consequência um indivíduo com dois tipos celulares. (BERTHOLD et al. 2004; BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013, p. 115-116) Como decorrência dessa síndrome os indivíduos possuem características físicas semelhantes entre eles. Tendo como mais comuns: olhos pequenos, oblíquos, com pregas epicânticas e íris com manchas brancas (manchas de Brushfield); os ouvidos tem canais estreitos e as orelhas são pequenas, com hélix angular sobreposta e lóbulo pequeno; o nariz é pequeno e possui ponte nasal baixa; a boca apresenta palato alto e hipodontia, com a língua protusa e fissurada; possui o crânio braquicéfalo, pescoço curto e largo com excesso de pele; as mãos possuem uma única prega palmar, podendo também ocorrer clinodactilia no quinto dedo; nos pés pode ocorrer um maior afastamento entre o primeiro e segundo dedo; além disso, em geral, pessoas com síndrome de Down tendem a ter estatura mais baixa. (SCHWARTZMAN, et al. 1999, p. 26-27; GARCIAS; ROTH, 2004, p. 16; HOLMES et al, 1972, p. 150; MAHAN; ESCOTT-ESTUMP; RAYMOND, 2012, p. 1027-1028; SILVIA; DESSEN, 2002; TREDGOLD; SODDY, 1974, p. 224-225) Além das características físicas os indivíduos com Down também possuem patologias causadas por alterações fisiológicas da própria desordem genética, por exemplo, problemas de visão, como estrabismo e miopia, de audição, baixa propriocepção, problemas de equilíbrio, frouxidão ligamentar, hipotonia e problemas respiratórios e circulatórios. (GREGUOL; COSTA, 2013; p. 122-123) Em sua maioria, há a falta de massa muscular já no nascimento, acarretando em gasto energético menor, assim como uma baixa taxa metabólica basal, o que acarreta a um maior acúmulo de gordura. (RIBEIRO; TOLEDO, 2014) 3.2. Estilo de Vida A população brasileira, nos últimos anos, está passando por uma transição nutricional, acarretando em uma diminuição dos índices de baixo peso e desnutrição, trazendo novas preocupações a sociedade, o sobrepeso e obesidade. (Popkin, 2001) Essa transformação gera a mudança do perfil epidemiológico, onde antigamente se tinha um alto índice de mortalidade por doenças infectocontagiosas que, atualmente, deram lugar às doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes mellitus, doenças respiratórias crônicas, entre outras. (TRICHES; GIUGLIANI, 2005) Essas alterações são desencadeadas pelas mudanças do estilo de vida que vem ocorrendo nos últimos anos, onde a sociedade encontra-se em uma rotina mais atribulada, seja devido ao trabalho, estudos, afazeres domésticos, cuidados com filhos, ou mesmo a soma de diversos fatores. Ainda, associado a estas situações existem muitas tecnologias e facilidades que vão desde alimentos prontos para consumo ou congelados com grandes períodos de validade, utilização dos aparelhos com controles remotos tornando desnecessária a locomoção, até usufruto da internet para um convívio em redes sociais, podendo levar ao isolamento, resultando em uma alimentação inadequada, sedentarismo, altos níveis de estresse e poucas horas de sono. (HAWKES, 2006) Em outros séculos as cidades estavam em formação, não existia água encanada, esgoto e nem supermercados, sendo assim os indivíduos tinham que plantar, recolher água, entre outros, tendo um trabalho braçal quase que constante, além de possuírem uma alimentação extremamente natural. Já no século XXI, com a industrialização e a globalização, tudo se tornou mais prático, fácil e acessível. Nos dias atuais, os hábitos considerados ruins, são introduzidos desde cedo, algumas vezes inclusive imediatamente após o nascimento. A introdução alimentar precoce e com alimentos altamente industrializados, inicia um vício no paladar para alimentos mais doces ou ricos em sódio, além de possuírem vários aditivos. O brincar também foi modificado ao decorrer dos anos, tendo a tecnologia entrado no lugar das brincadeiras na rua, onde se via crianças brincando e correndo deu-se lugar a crianças sentadas mexendo em tablets ou smartphones. Esses fatos associados vêm trazendo malefícios como a obesidade além de poder desencadear diabetes e hipertensão desde a infância e consolidando-se esses hábitos na vida adulta. Segundo Almeida, et al., (2015): “Como as pessoas com SD tem uma pré-disposição em desenvolver a obesidade, os riscos nutricionais decorrentes comprometem o seu estilo de vida provocando alterações no sistema imunológico, implicando uma maior suscetibilidade a doenças autoimunes e infecções recorrentes, além de características metabólicas, tornando-os mais vulneráveis às doenças relacionadas ao estado nutricional”. Nos últimos anos, é possível perceber a preocupação em modificar comportamentos e gerar oportunidades para encorajar hábitos saudáveis para indivíduos com síndrome de Down, como alimentação adequada, autonomia para realizar as tarefas diárias e atividade física regular. (RIMMER, 1999 apud MARQUES; NAHAS, 2003) 3.3. Hábitos Alimentares e Nutricionais O corpo humano necessita de uma fonte energética para poder realizar sua manutenção do metabolismo, assim como as atividades realizadas pelo indivíduo. Essa energia é obtida através de carboidratos, proteínas, lipídeos e álcoois que estão presentes em determinados alimentos, que através de reações químicas, como catabolismo – quebra de macromoléculas em partículas menores – e anabolismo – síntese de moléculas – chegam ao seu objetivo final (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012, p. 19; COZZOLINO; COMINETTI, 2013). Para estabelecer melhor esse equilíbrio energético, foi estipulado tipos de taxas metabólicas, sendo a basal o mínimo que o organismo precisa para manter suas atividades vitais, onde é aferida com indivíduo em jejum, em repouso físico, em ambiente tranquilo, controlado e sem ruído (Bursztein et al., 1989; Garrow, 1974; Harris & Benedict, 1919, apud Wahrlich; Anjos, 2001). A taxa metabólica de repouso consiste na quantidade de energia necessária para o organismo para manter a homeostase e as funções mínimas quando em repouso, sendo composta por 60% a 75% da quantidade energética total, esta, por sua vez, pode ser influenciada pela idade, composição corporal, tamanho corporal, clima, estado hormonal, temperatura, entre outros. (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012; BONGANHA, et al., 2009) Além das taxas calóricas principais,existe também o efeito térmico dos alimentos, que é o necessário para a digestão e absorção de alimentos, acarretando em cerca de 10% da taxa, tendo também a termogênese por atividade física pela liberação de calor por exercício ou por movimento. (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012) Cada indivíduo possui uma taxa metabólica diferente, necessitando assim de quantidades energéticas variáveis de acordo com sua estrutura corporal e suas atividades diárias, por exemplo a taxa energética de um atleta de alta performance é muito mais elevada que um indivíduo sedentário. O equilíbrio energético se dá através do balanço adequado do consumo e gasto de energia. Quando o gasto energético se torna maior que o consumo calórico pode se ter como resultado a desnutrição e o inverso tem como resultado o sobrepeso e a obesidade. A obesidade teve origem em países desenvolvidos, mas nos dias atuais alcança todos os níveis socioeconômicos, tendo como base a atuação de fatores ambientais – alimentação, atividade física e estado psicológico – e a predisposição genética do indivíduo a mesma. (POPKIN; DOAK, et al. 1998, apud BERNARDI; CICHELERO; VITOLO, 2005) Atualmente, tem-se como realidade um aumento abrupto da incidência de sobrepeso e obesidade, onde a ingesta calórica é maior do que o gasto energético. Com o pouco tempo para preparar as refeições, as facilidades de consumo de alimentos processados e ultraprocessados tornam-se uma opção muito viável, mas também perigosa para os indivíduos. Alimentos industrializados, pré-prontos ou congelados têm altas cargas de conservantes, açúcares e sódio, além de muitas calorias. Alimentos ditos como processados e ultraprocessados, são aqueles que sofrem inúmeras técnicas industriais antes de chegarem as prateleiras do supermercado. Esses processos podem ser desde o realce do sabor, aumento da vida de prateleira, até a formação de um produto inteiro apenas de componentes modificados pela indústria. Geralmente em sua composição possuem altas taxas de carboidratos, principalmente carboidratos simples, e gorduras saturadas, insaturadas e principalmente a trans. (ESCODA, 2002; LOUZADA, et al., 2015) Com uma alimentação balanceada, composta por alimentos ditos como in natura ou minimamente processados é possível se ter balanço energético adequado, além de se obter o aporte de nutrientes adequados para o organismo. 3.4. Atividade física Segundo Caspersen, et al. (1985, p. 126), “A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que resultam em gasto de energia maior do que em repouso”. Embora seja muito utilizado o termo exercício físico, o fato é que, o mesmo não é sinônimo de atividade física. Ambos possuem elementos em comum, como por exemplo envolver movimentos corporais, gasto energético em forma de quilocalorias, sendo também intimamente ligados com a aptidão física. Todavia, o exercício físico é uma subcategoria da atividade física, o qual é planejado, organizado e repetitivo, que busca um objetivo, seja uma melhor aptidão, habilidade motora, qualidade de vida e/ou tentativa de reabilitação. (CASPERSEN et al, 1985, p. 126-128; GUEDES; GUEDES, 1995, p. 20-21; NAHAS, 2003, p. 39) “A atividade física de lazer pode ser subdividida em categorias como esportes, exercícios de condicionamento, tarefas domésticas (por exemplo, jardinagem, limpeza e reparo em casa) e outras atividades”. (FOLSOM, et al., s/d apud CASPERSEN et al., 1985, p. 127) Segundo Berger e Macianman (1993, apud Samulski e Noce, 2000), a atividade física regular pode trazer inúmeros benefícios à saúde do praticante, como por exemplo, melhor disposição física e mental, bem-estar psicológico, redução dos níveis de estresse, ansiedade e depressão, entre outros. No entanto, quando se trata de obesidade, “a falta de exercício físico é tão importante quanto a hiperfagia [...] As pessoas têm engordado na proporção em que se tornam sedentárias e não seguem uma dieta saudável. ” (NAHAS, 1999, p. 28) A atividade física está intimamente relacionada a resposta na saúde, sendo assim, pessoas que querem reduzir risco de enfermidades e/ou incapacidades, impedir o aumento do peso ou aumentar sua aptidão física, podem exceder as quantidades mínimas estipuladas de atividade física. (HASKELL, et al. 2007) Segundo Carmeli, et al. 2002; Coleman; Ayoub, 1976; Croce; Horvat,1992, indivíduos com síndrome de Down, por sua vez, apresentam hipotonia muscular, que pode afetar a capacidade de realizar atividades cotidianas como caminhar, levantar de uma cadeira e manter o equilíbrio ao estar de pé. Além disso a diminuição da força nesses indivíduos pode prejudicar o desenvolvimento social e vocacional. (apud SHIELDS; TAYLOR; DODD, 2008) A baixa aptidão física auxilia na redução do nível de autonomia desses indivíduos, limitando sua interação na sociedade e um existir satisfatório. (MARQUES; NAHAS, 2003) 4. Resultados e Discussão Indivíduos com síndrome de Down têm baixa velocidade de crescimento de estatura, baixa estatura quando chegam na fase adulta e predisposição a obesidade. (Bravo-Valenzuella, 2011, apud Bezerra, 2018). Ainda, são fisicamente inativos, apresentam baixo metabolismo basal, podem possuir complicações como hipotireoidismo e doença celíaca em maior escala, quando comparados a população em geral. (HENDERSON, et al. 2007) Adultos com síndrome de Down, quando deixam de crescer, requerem menos calorias do que quando crianças, tendo então que adequar os hábitos alimentares e a atividade física, à essa redução da taxa metabólica. (MEDLEN, 1999) Foram comparados estudos que associam a taxa metabólica de repouso em crianças com e sem síndrome de Down, tendo como resultado que os indivíduos com a síndrome possuem taxa metabólica reduzida desde a infância, favorecendo a obesidade desde a juventude. Contudo, pelos poucos estudos na área, ainda não foi possível verificar o mecanismo exato para essa baixa taxa metabólica. Além disso, associa-se a este grupo um consumo menor de oxigênio, fazendo com que o substrato predominante durante o repouso seja o carboidrato – diferente de seus pares, onde predomina o lipídio – ocasionando o depósito de gordura. (LUKE, et al. 1994; SILVA, et al., 2007, apud SANTOS, et al., 2010) Tem-se também, a superproteção por parte da maioria dos pais, que por medo de algum inconveniente ocorrer – como um engasgo ou a rejeição da criança perante ao alimento em pedaços – conservam a consistência da comida inapropriada para a idade. (MINGRONI, 1997) No estudo de de Souza; Rodrigues; Ferreira (2013), foi encontrado que a maioria pessoas com síndrome de Down - que eram obesas ou estavam acima do peso - tendem a consumir alimentos ricos em açúcar e/ou gordura, dando a entender que estes sejam ofertados com frequência. Ademais foi recorrente o caso de pais que ofereceram maiores quantidades de comida do que o indivíduo necessita. Segundo Grammatikopoulou, et al. (2008), uma dieta saudável deve conceder a energia, micronutrientes e níveis de proteínas adequados, além disso, uma alimentação com um bom aporte de fibras pode ser encaixada na dieta, pois propicia uma sensação de saciedade, ajudando a limitar o consumo de alimentos. Visto que, indivíduos com síndrome de Down apresentam hipotonia inclusive no trato digestivo, dificultando a sensação de saciedade nos mesmos, o que os leva a comer sem saber quando parar. (FSDOWN, 2009, apud MOURA, et al., 2009) A nutricionista tem o papel essencial na educação nutricional de indivíduos com Down, auxiliando a compreensão do significado de comer, auxiliando para uma vida mais autônoma. (GIARETTA, 2007) Em um estudo realizado por Rubin, et al. (1998), em torno de 56% dos indivíduos do sexo feminino e 45% do sexo masculino com síndrome de Down estavam acima do peso. Segundo Luke, et al. (1994) diminuira prevalência de obesidade durante a infância pode reduzir essa prevalência na fase adulta, assim como as enfermidades ocasionadas por ela. O desequilíbrio energético – maior ingestão calórica e menor gasto energético – tem como resultante a obesidade, ou seja, o alto consumo de alimentos e a falta de atividade física são os principais motivos para o ganho de peso. (HAUSER, et al., 2004) A atividade física promove uma adequação do balanço energético, visto que a energia utilizada durante o período de atividade é relevante para que aconteça um efeito positivo em relação a taxa metabólica de repouso. (HAUSER, et al., 2004) Os autores relatam que é possível induzir uma adaptação da força muscular e considerável perda de peso corpóreo, associando dieta com atividade física. Para Chaves, Campos e Navarro (2012), indivíduos com síndrome de Down devem ser incentivados à prática de atividade física, visto que ela propicia uma redução da gordura corporal, possibilitando o ganho de massa magra e manutenção da taxa metabólica. As pessoas com síndrome de Down que melhoram a resistência muscular, a resistência cardiorrespiratória e a musculatura têm, em razão disso, um fortalecimento osteomuscular, diminuindo a hipotonia. (ZUCHETTO, 1999 apud NETO; FILHO; PONTES, 2009) Segundo Neto, Filho e Pontes (2009), A hipotonia muscular pode interferir no desenvolvimento motor do sujeito portador da síndrome, tornando seus movimentos mais lentos comparados a pessoas que não possuem a síndrome de Down. Dada a importância da prática corporal para esses indivíduos, faz se necessário a inserção de atividades físicas que ajudem a reverter o grau de hipotonia muscular e consequentemente melhore a qualidade de vida. Marques e Nahas (2003), em seu estudo, buscaram a relação entre qualidade de vida e o estilo de vida em indivíduos com síndrome de Down. Foi constatado que as atividades de lazer são majoritariamente passivas, como ver televisão, escutar música, passar o tempo sozinho ou conversar com amigos e familiares. A inatividade física consiste em uma importante causa para a diminuição do nível de liberdade nas atividades de vida diária. Em um outro estudo, Nam, et al. (2003), constatou que indivíduos com síndrome de Down, após serem submetidos a 12 semanas de atividade física, obtiveram uma perda significativa em vários determinantes, como peso, percentual de gordura corporal, massa gorda e por consequência índice de massa corporal. Também foi observado um aumento da distribuição de água corporal e da massa magra, resultando em uma diminuição discreta do peso total. 5. Considerações Finais Com esta revisão foi possível perceber que uma alimentação adequada e a prática de atividade física, faz-se de suma importância à indivíduos com síndrome de Down, não somente pelos hábitos de vida saudável, mas também pelos inúmeros benefícios sobre as patologias advindas da própria desordem genética. Foi constatado que a prática de determinadas atividades físicas produz hipertrofia, pelo desenvolvimento da força, melhorando as respostas coordenativas, impulsos nervosos e aumentando a tonicidade, com isso há um aumento da taxa metabólica basal, do gasto calórico e por consequência a redução da gordura corporal. (LEIGHTON, 1987; SANTARÉM, 1995 apud NETO; FILHO; PONTES, 2009) Aliado a isso, uma dieta balanceada e um acompanhamento nutricional adequado, pode diminuir a gordura corporal destes indivíduos, aumentar seus tônus muscular, lhe proporcionando uma melhor qualidade de vida e prevenindo enfermidades decorrentes da obesidade. REFERÊNCIAS ALMEIDA, et. al. EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E QUALIDADE DE VIDA PARA PORTADORES DE SINDROME DE DOWN (SD) FIEP BULLETIN - Volume 85 - Special Edition - ARTICLE I - 2015 BARBOSA, G. et al. Endocrinopatias na síndrome de Down. Rev. Bras. Neurologia; 3(36): 67-69, maio/jun. 2000. BERNARDI, F.; CICHELERO, C.; VITOLO, M. R. 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