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Manual de Primeiros Socorros para Cães - Gomiero, Barbara

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Prévia do material em texto

MANUAL	DE	PRIMEIROS	SOCORROS	PARA	CÃES
Bárbara	Gomiero
contato@meucaovelhinho.com.br
	
Copyright	©	2016	Meu	Cão	Velhinho
Todos	os	direitos	reservados
mailto:contato@meucaovelhinho.com.br
Ao	meu	marido	Diego,	pelo	apoio	incondicional	e	suporte	técnico.
À	minha	filha	Alana,	por	me	motivar	a	ser	todos	os	dias	uma	pessoa	melhor.
Aos	meus	cães	Paxá	e	Cookie,	e	à	minha	estrelinha	Shana,	por	alimentarem	a
minha	eterna	paixão	pelos	animais.
Aos	meus	pais	e	irmãos,	por	todo	o	seu	apoio.
	
	
“Não	importa	se	os	animais	são	capazes	ou	não	de	pensar.	O	que	importa	é	que
são	capazes	de	sofrer.	”
(Jeremy	Bentham)
	
PREFÁCIO
Amar	um	cão,	em	toda	a	sua	essência,	é	uma	experiência	inigualável.	Os
cachorros	hoje	fazem	parte	das	nossas	vidas	de	forma	mais	intensa	do	que	jamais
antes	 na	 história	 da	 humanidade.	 "Possuir	 um	 cão"	 já	 se	 tornou	 um	 conceito
ultrapassado.	Os	cães	não	são	mais	"coisas"	a	serem	possuídas.	São	membros	da
família,	 seres	 vivos	 titulares	 de	 direitos,	 e	 que	 merecem	 respeito.	 Não	 somos
mais	donos	dos	nossos	cães,	mas	seus	 tutores:	pessoas	 incumbidas	de	ampará-
los,	protegê-los,	e	educá-los,	já	que	não	somos	seus	pais	biológicos	-	o	que	não
nos	impede	de	nos	considerarmos	os	seus	"pais	adotivos".
Este	 novo	 relacionamento	 entre	 humanos	 e	 cães	 gera	 a	 necessidade	 de
novos	 cuidados,	 tanto	 por	 parte	 dos	 tutores,	 quanto	 dos	 profissionais	 que
trabalham	com	eles.	Ao	receberem	um	animal	para	ser	cuidado,	os	profissionais
-	 sejam	 eles	 tosadores,	 banhistas,	 adestradores,	 pet	 sitters,	 dog	 wakers,
veterinários	 ou	 seus	 assistentes,	 entre	 outros	 -	 recebem	 também	 um	 voto	 de
confiança.
Diante	de	tamanha	responsabilidade,	os	profissionais	da	área	pet	devem	ser
capazes	 de	 prever	 o	 imprevisto,	 trabalhar	 sob	 condições	 adversas,	 e,	 acima	de
tudo,	saber	agir	quando	confrontados	com	situações	de	emergência.	Salvar	vidas
caninas	não	é	um	privilégio	apenas	dos	médicos	veterinários,	mas	o	resultado	de
um	trabalho	conjunto	e	coordenado,	em	que	todos	fazem	a	coisa	certa,	e	na	hora
certa.
Este	manual	de	primeiros	socorros	para	cães	foi	elaborado	com	o	objetivo
de	preparar	profissionais	da	área	pet,	 tutores	 e	protetores	de	animais,	para	que
saibam	 prevenir	 e	 lidar	 com	 situações	 de	 emergência	 da	 melhor	 maneira
possível.	 O	 seu	 texto	 foi	 adaptado	 a	 partir	 do	 Curso	 Completo	 de	 Primeiros
Socorros	Para	Cães,	oferecido	pelo	Meu	Cão	Velhinho®	e	ministrado	pela	Dra.
Bárbara	 Nickel	 de	 Haro	 Gomiero,	 médica	 veterinária	 especialista	 em	 Clínica
Médica	de	Pequenos	Animais.
Os	 primeiros	 socorros	 são	 os	 primeiros	 cuidados	 prestados	 em	 uma
situação	 de	 emergência,	 e	 que	 têm	 como	 objetivo	 a	 preservação	 da	 vida,	 a
prevenção	de	 sequelas,	 e	 a	minimização	do	 sofrimento	do	paciente.	Apesar	de
não	substituírem	o	atendimento	pelo	médico	veterinário	ou	pelo	médico,	quando
prestados	 adequadamente,	 os	 primeiros	 socorros	 podem	 fazer	 toda	 a	 diferença
entre	a	vida	e	a	morte	de	um	animal	ou	humano.
Faça	parte	do	seleto	grupo	de	profissionais,	protetores	de	animais,	e	tutores
dedicados	que	estão	preparados	para	socorrer	os	nossos	amigos	de	quatro	patas
nas	mais	diversas	situações.
Sumário
CAPÍTULO	1.	PREVENÇÃO	DE	ACIDENTES
CAPÍTULO	2.	KIT	DE	PRIMEIROS	SOCORROS
CAPÍTULO	3.	COMO	DAR	MEDICAMENTOS
CAPÍTULO	4.	TÉCNICAS	DE	CONTENÇÃO	E	SEGURANÇA
CAPÍTULO	5.	AVALIANDO	SINAIS	VITAIS	E	RECONHECENDO
EMERGÊNCIAS
CAPÍTULO	6.	TÉCNICAS	DE	SALVAMENTO
CAPÍTULO	7.	DISTÚRBIOS	GASTRINTESTINAIS
CAPÍTULO	8.	OUTROS	PROBLEMAS	INTERNOS
CAPÍTULO	9.	FERIMENTOS,	HEMORRAGIAS	E	FRATURAS
CAPÍTULO	10.	ACIDENTES	AUTOMOBILÍSTICOS
CAPÍTULO	11.	QUEIMADURAS,	CHOQUES,	INTERMAÇÃO	E
HIPOTERMIA
CAPÍTULO	12.	INTOXICAÇÕES,	ENVENENAMENTOS	E
PICADAS	DE	INSETOS
CAPÍTULO	13.	EMERGÊNCIAS	NEUROLÓGICAS	E	NA	CABEÇA
PROCESSO	DE	CERTIFICAÇÃO	EM	PRIMEIROS	SOCORROS
MEU	CÃO	VELHINHO®
APÊNDICES
Capítulo	1.	Prevenção	de	Acidentes
Quando	 falamos	 em	 Primeiros	 Socorros,	 normalmente	 pensamos	 em
grandes	emergências	e	acidentes	graves.	Mas,	antes	de	se	aprender	a	agir	diante
das	emergências,	precisamos	aprender	a	evitar	que	elas	ocorram.	Neste	primeiro
capítulo,	vamos	abordar	erros	comuns	cometidos	por	tutores,	e	em	alguns	casos,
até	mesmo	 por	 profissionais	 que	 trabalham	 com	 animais	 de	 companhia,	 e	 que
podem	colocar	as	vidas	dos	cães	em	risco.
Passeios	e	Exercícios
Um	 dos	 principais	 equívocos	 cometidos	 por	 tutores	 é	 acreditar	 que
cachorros	 pequenos	 não	 precisam	 sair	 de	 casa.	 Os	 cachorros	 são	 animais
nômades,	é	da	natureza	deles	-	independentemente	do	tamanho	-	caminhar	e	se
exercitar.	Assim	como	para	a	gente,	os	exercícios	físicos	são	fundamentais	para
uma	boa	saúde	e	bem-estar.	Psicologicamente	falando,	o	passeio	é	o	ponto	alto
do	dia	de	 todo	cachorro.	É	quando	eles	podem	explorar	o	mundo	fora	de	casa,
sentir	cheiros	diferentes,	e	às	vezes	até	interagir	com	outros	cães.	Tem	um	ditado
que	diz:	“um	cachorro	cansado	é	um	cachorro	feliz”.	Um	cachorro	que	tiver	se
exercitado	 bem,	 principalmente	 filhote,	 não	 vai	 ficar	 destruindo	 a	 sua	 casa,
roendo	as	suas	coisas,	ou	ficar	latindo	em	excesso,	porque	ele	vai	estar	tranquilo.
Além	 de	 isso	 ser	 bom	 para	 você,	 que	 não	 vai	 precisar	 repor	 as	 coisas	 que	 o
cachorro	destruiu,	 diminui	 também	a	probabilidade	de	que	 ele	 acabe	 comendo
alguma	 coisa	 perigosa,	 que	 possa	 fazer	 mal	 para	 ele.	 Enquanto	 cães	 jovens
expressam	a	sua	frustração	primariamente	destruindo	objetos,	os	adultos	e	idosos
podem	 adotar	 comportamentos	 mais	 autodestrutivos:	 eles	 podem	 passar	 a	 se
lamber	obsessivamente,	ou	até	mesmo	a	se	morder,	 formando	feridas	de	difícil
cicatrização.
A	 princípio,	 todo	 cachorro	 precisa	 de	 alguma	 dose	 de	 exercício,	 mas
precisamos	ter	bom	senso	para	respeitar	os	limites	de	cada	um.	Por	exemplo,	um
cachorro	com	artrose	pode	 ir	passear?	Não	só	pode,	como	deve.	O	movimento
das	 articulações	 estimula	 a	 regeneração,	 e,	 com	 isso,	 ajuda	 a	 aliviar	 a	 dor	 e	 o
desconforto	 que	 ele	 sente.	 Com	 certeza,	 um	 cachorro	 com	 artrose	 vai	 ganhar
muito	 se	 for	 exercitado	 diariamente.	Mas,	 é	 claro,	 este	 cão	 não	 vai	 conseguir
correr.	 É	 preciso	 respeitar	 o	 ritmo	 em	 que	 ele	 consegue	 caminhar,	 e	 o	 tempo
também.	 Pode	 ser	 que	 o	 seu	 cachorro	 antes	 fosse	 um	 atleta,	 e	 até	 mesmo
praticasse	agility,	mas	agora	ele	está	velhinho	e	não	aguenta	mais	do	que	uma
volta	 na	 quadra.	 Tudo	 bem.	 Leve	 para	 dar	 uma	 volta	 na	 quadra,	 então.	 E	 um
cachorro	com	problemas	cardíacos?	Bem,	a	não	ser	que	o	problema	seja	muito
grave,	 ou	 que	 ele	 fique	muito	 excitado	 durante	 os	 passeios,	 ele	 pode	 passear,
sim.	Mas	 também,	 com	moderação.	 Tem	 que	 ser	 uma	 caminhada	 mais	 curta,
num	 ritmo	 mais	 lento,	 sem	 grandes	 desafios.	 E,	 se	 durante	 o	 passeio,	 você
perceber	que	ele	está	ficando	para	trás,	que	está	tendo	dificuldade,	não	force	-	é
melhor	voltar	para	casa	e	deixar	ele	descansar.
E,	 em	 relação	 aos	 cachorros	 ditos	 “normais”,	 que,	 a	 princípio	 não	 têm
problemas	 de	 saúde,	 o	 exercício	 está	 liberado?	 Pois	 bem,	 precisamos	 ter	 um
pouco	de	cautela	aí	também.	O	que	vamos	falar	a	seguir	é	fundamental	para	os
dog	walkers,	 e	 também	para	 tutores	que	gostam	de	sair	com	os	seus	cães	para
correr,	 andar	de	bicicleta,	 e	 fazer	outros	 tipos	de	atividade	de	alta	 intensidade:
Existe	 um	 problema	 chamado	 “intermação”.	 Vamos	 abordar	 este	 tema	 mais
profundamente	no	Capítulo	 12,	mas,	 por	 hora,	 vamos	 focar	 em	 evitar	 que	 ele
aconteça.	 A	 intermação	 acontece	 quando	 o	 cachorro	 fica	 superaquecido,	 não
consegue	perder	calor	direito,	e	entra	em	colapso.	Isso	é	extremamente	perigoso!
Ela	pode	acontecer	se	um	cachorro	for	 levado	para	passear	num	dia	que	esteja
quente	 demais,	 principalmente	 se	 o	 exercício	 for	 muito	 intenso	 ou	 muito
prolongado.	É	exatamente	isso	o	que	acontece	também	quando	alguém	esquece
um	 cachorro	 ou	 uma	 criança	 dentrode	 um	 carro	 fechado.	 Então,	 não	 se	 deve
deixar	um	cachorro	(ou	uma	criança)	sozinho	no	carro,	nem	“só	um	pouquinho”
enquanto	se	vai	ao	supermercado,	ao	médico,	ou	qualquer	outro	lugar.	Se	você
for	a	algum	lugar	onde	cães	não	possam	entrar,	é	melhor	deixar	o	seu	cachorro
em	casa.
Mas,	voltando	então	aos	passeios:	 tome	cuidado,	sempre,	de	escolher	um
horário	mais	fresco	para	passear	com	o	seu	cachorro	-	de	preferência,	de	manhã
cedo,	 ou	no	 final	 da	 tarde.	Pode	 ser	 a	 noite	 também,	mas	os	 cães	 são	 animais
diurnos,	e	vão	preferir	sair	durante	o	dia.	Surge,	então,	a	questão:	“quer	dizer	que
não	posso	levar	o	meu	cachorro	para	passear	no	intervalo	do	almoço?	”	Se	você
morar	em	uma	cidade	fria,	onde	as	temperaturas	raramente	sobem	demais,	pode.
Mas	se	você	morar	em	um	 local	quente	e	estiver	 fazendo	32ºC,	é	melhor	não.
Principalmente	se	o	seu	cachorro	tiver	focinho	curto:	os	cães	braquicefálicos	(de
focinho	 curto),	 como	 o	 boxer,	 o	 pug,	 o	 buldogue,	 o	 shi	 tzu,	 etc.,	 são
especialmente	 sensíveis	 à	 intermação.	Aos	 dog	walkers,	 fica	 a	 recomendação:
quaisquer	clientes	que	 tenham	cães	braquicefálicos	devem	 ter	os	 seus	passeios
agendados	sempre	para	os	horários	mais	cedo	ou	mais	tarde	do	dia,	evitando-se
os	momentos	de	maior	calor.
Se	 estiver	 muito	 quente	 -	 e,	 em	 determinadas	 épocas,	 há	 dias	 que	 não
refrescam	 nem	 durante	 a	 noite,	 então	 é	 importante	 moderar	 um	 pouco	 os
exercícios.	Mesmo	 um	 cachorro	 saudável	 e	 de	 focinho	 longo	 pode	 entrar	 em
intermação	se	fizer	muito	exercício	num	dia	quente.
Além	da	 intermação,	passeios	em	dias	muito	quentes	oferecem	ainda	um
outro	risco:	as	queimaduras	em	coxins	(“almofadinhas”	das	patas).	Os	cães	não
usam	 sapatos	 (a	 maioria,	 pelo	 menos),	 e,	 ainda	 que	 os	 seus	 coxins	 tenham	 a
função	de	proteger	as	patas,	eles	podem	sim	sofrer	queimaduras	se	o	asfalto	ou	a
calçada	 estiver	 quente	demais.	Num	dia	quente,	 experimente	pisar	 com	os	pés
descalços	no	asfalto.	Se	estiver	quente	demais	para	você,	considere	que	também
está	quente	demais	para	o	cão.
Para	prevenir	queimaduras	em	coxins,	 tal	como	no	caso	da	intermação,	o
ideal	é	evitar	passeios	nos	horários	mais	quentes	do	dia.	Se	isso	não	for	possível,
o	passeio	deverá	ser	preferencialmente	num	local	onde	haja	terra	ou	grama	para
o	 cão	 pisar	 –	 e	 os	 exercícios,	 moderados.	 Sapatos	 para	 cães	 também	 podem
ajudar	a	proteger	as	patas	em	dias	assim,	embora	muitos	animais	não	se	adaptem
muito	 bem	 a	 eles.	 Os	 sapatos	 para	 cães	 são	 indicados	 principalmente	 para
proteger	as	patas	quando	estão	feridas,	e	também	para	caminhar	sobre	a	neve.
E,	por	fim,	uma	providência	essencial:	ao	sair	com	o	seu	cachorro	num	dia
quente,	ou	para	um	passeio	mais	prolongado,	não	esqueça	de	levar	água	para	ele
beber.	 Atualmente	 existem	 garrafinhas	 com	 potes	 embutidos	 para	 o	 cachorro
beber	água,	potes	dobráveis,	e	tem	também	cachorros	que	conseguem	beber	água
diretamente	 de	 uma	 garrafa,	 se	 você	 virá-la	 com	 cuidado	 na	 frente	 dele.	Uma
garrafinha	 com	 água	 para	 os	 cachorros	 é	 um	 acessório	 fundamental	 que	 dog
walker	nenhum	pode	viver	sem.
Uso	de	Coleiras	e	Guias
Agora	 que	 já	 falamos	 sobre	 a	 importância	 de	 se	 levar	 os	 cachorros	 para
passear,	e	sobre	os	cuidados	que	a	gente	precisa	tomar	para	que	eles	não	passem
mal	durante	o	passeio,	vamos	para	um	outro	assunto	fundamental.	Talvez	até	o
mais	 importante	no	que	se	 refere	à	prevenção	de	acidentes	com	cães:	o	uso	da
coleira	e	da	guia.	Existe	uma	infinidade	de	modelos	de	coleiras	e	de	guias.	Tem
coleiras	simples,	tem	os	colares,	peitorais,	tem	cabresto,	e	diversos	outros	tipos.
As	guias	podem	ser	de	nylon,	de	metal,	de	tecido,	e	de	muitos	outros	materiais.
Como	o	foco	deste	livro	não	é	o	adestramento	em	si,	não	entraremos	em	detalhes
aqui	 em	 relação	 a	 cada	 tipo	 de	 coleira	 ou	 de	 guia,	 que	 é	 um	 assunto	 muito
extenso.	Mas	 o	 que	 posso	 dizer	 é	 o	 seguinte:	 escolha	 uma	 coleira	 ou	 peitoral
para	o	seu	cão	que	seja	confortável	e	segura.	Uma	coleira	que	esteja	frouxa,	ou
certos	 tipos	 de	 peitoral,	 podem	 simplesmente	 escapar	 do	 cachorro	 durante	 um
passeio,	o	que	é	muito	perigoso.	E	também	tem	cachorros	que	são	especialistas
em	 se	 livrar	 de	 coleiras	 e	 peitorais,	 então	 você	 pode	 precisar	 testar	 vários
modelos	 com	 o	 seu	 cão	 até	 achar	 um	 que	 fique	 bem	 preso	 a	 ele,	 sem	 causar
desconforto.
Sobre	as	guias,	o	importante	é	que	sejam	fortes	o	suficiente	para	suportar
um	eventual	tranco,	ou	puxão	do	cachorro.	Então,	elas	têm	que	ser	proporcionais
ao	tamanho	dele.	Algumas	guias	de	nylon	são	muito	fininhas,	e	servem	só	para
cachorros	pequenos,	que	não	têm	muita	força.	Já	para	um	cachorro	grande	como
um	Rottweiller	ou	Dogue	Alemão,	você	vai	precisar	de	uma	guia	mais	grossa,	ou
uma	corrente.
Diante	 disso,	 muitas	 pessoas	 podem	 pensar:	 “mas	 o	 meu	 cachorro	 é
suuuuper	educado,	nem	precisa	dessas	coisas!	Anda	direitinho	ao	meu	 lado!	E
também,	 ele	 é	 tão	 pequenininho	 que	 fico	 com	 dó	 de	 colocar.”.	 E	 se	 você	me
disser	isso,	só	o	que	eu	posso	dizer	é:	pare	JÁ	com	isso.	Imediatamente,	não	faça
isso	NUNCA	MAIS!
E	você	que	está	 lendo,	 talvez	esteja	pensando.	“Nossa,	mas	que	exagero!
Eu	vou	continuar	deixando	o	meu	cachorro	sem	coleira,	nunca	aconteceu	nada.”.
Pois	bem.	Se	não	aconteceu	nada,	é	porque	não	aconteceu	nada	ATÉ	AGORA.
Não	significa	que	não	vá	acontecer.	Eu	me	 lembro	de	um	caso	de	uma	cliente
cujo	 Cocker	 frequentava	 a	 minha	 pet	 shop	 em	 Curitiba	 semanalmente,	 para
tomar	banho.	Por	morar	perto	da	loja,	a	tutora	costumava	levá-lo	caminhando,	e
sempre	sem	coleira,	apesar	dos	nossos	avisos	(meus	e	do	meu	marido,	meu	sócio
na	pet	shop).	Aquele	cachorro	era	um	amor,	muito	educado!	Mas	um	dia,	quando
saiu	para	passear	com	ele,	a	tutora	parou	para	conversar	com	uma	amiga	na	rua	e
se	distraiu.	O	cachorro	 também	se	distraiu,	e	continuou	andando.	Até	que	uma
menina	viu	o	bichinho	andando	sozinho,	achou	que	ele	estava	perdido,	e	o	levou
embora.	Não	demorou	para	a	tutora	aparecer	lá	na	loja	desesperada,	dizendo	que
tinha	perdido	o	cachorro.	Nós	dissemos	que	iríamos	fazer	o	possível	para	ajudá-
la,	e	ela	foi	embora.	A	sorte	foi	que	isso	tudo	aconteceu	perto	da	nossa	loja,	e	a
menina	que	levou	o	cão	passou	por	ali	e	anotou	o	nosso	número.	Então,	pouco
depois	 que	 a	 tutora	 dele	 foi	 embora,	 a	 menina	 nos	 ligou	 dizendo	 que	 tinha
encontrado	um	cão	exatamente	como	aquele	que	procurávamos.	O	meu	marido,
então,	pegou	o	carro,	 foi	até	a	casa	da	garota	para	buscá-lo,	e	devolveu	para	a
tutora.	Ela	ficou	extremamente	agradecida!	Foi	sorte	também	que	a	moça	que	o
encontrou	 se	 preocupou	 em	 devolvê-lo,	 muitas	 pessoas	 teriam	 simplesmente
roubado	um	cachorro	assim.	Mas	a	história	não	acabou	aí.	Depois	do	susto,	ela
comprou	 um	 colar	 de	 identificação	 para	 ele	 -	 o	 que	 é	 ótimo	 -	mas	 continuou
andando	 com	 ele	 sem	 coleira,	 porque	 ele	 era	 tão	 educado.	 O	 que	 aconteceu
naquele	dia	havia	sido	apenas	uma	pequena	distração,	um	“ponto	fora	da	curva”.
E,	quer	saber	o	que	aconteceu	na	continuação?	Menos	de	um	mês	depois	deste
episódio,	esse	mesmo	cão	morreu	atropelado.	Ele	 já	 tinha	8	anos,	e	nada	 tinha
acontecido	até	aquele	momento.	Mas,	depois,	aconteceu.	Acontece.
Quer	mais	um	exemplo	de	como	uma	coleira	com	guia	pode	salvar	o	seu
cachorro?	 Esse	 aconteceu	 comigo	 mesmo.	 Alguns	 anos	 atrás,	 eu	 tinha	 uma
Poodle,	a	Shana.	Um	dia,	eu	saí	para	passear	com	ela,	junto	com	a	minha	mãe.
Ela	 também	 era	 muito	 educada,	 mas	 eu	 sempre	 tomei	 o	 cuidado	 de	 mantê-la
usando	 uma	 peitoral	 com	 guia.	 Pois	 bem,	 naquele	 dia	 estávamos	 caminhando
numa	 rua	 bem	 tranquila,	 quando	 alguma	 coisa	 -	 até	 hoje,	 não	 sei	 dizer
exatamente	o	que	foi	-	me	fez	olhar	para	trás.	Talvez	fosse	o	som	da	respiração
do	outro	cachorro,	talvez	fosse	um	anjinho	da	guarda,	não	sei.	Mas	eu	olhei.	E	lá
estava	um	Pastor	Alemão,	em	posição	de	ataque,	com	os	olhos	fixos	na	minha
cadelinha.	Não	tive	tempopara	pensar,	foi	muito	rápido.	No	momento	em	que	vi
aquele	 cachorro	 naquela	 posição,	 não	 tive	 dúvida:	 puxei	 a	 minha	 cadela	 pela
guia	mesmo,	para	o	meu	colo.	Se	eu	fosse	me	abaixar	para	pegá-la,	ainda	que	ela
não	fugisse	pensando	que	era	brincadeira,	não	daria	tempo.	Eu	a	levantei	bem	a
tempo	de	 evitar	 o	 ataque	do	Pastor	Alemão,	 que	veio	 com	 tudo.	Alguns	botes
depois,	todos	direcionados	especificamente	para	a	minha	cadela,	ele	finalmente
parou.	E	apareceu	o	(ir)responsável	pelo	cão,	que	o	recolheu.
Duas	 lições	aí:	primeiro,	se	você	 tem	um	cachorro	-	e,	principalmente	se
ele	for	grande	e	agressivo	-,	cuide	para	que	ele	não	consiga	escapar	da	sua	casa.
Era	possível	 ver	 que	 a	 casa	onde	 aquele	Pastor	Alemão	morava	 até	 tinha	uma
área	grande	ao	 fundo,	 separada	por	um	portão	que	podia	 ser	 fechado.	Mas	ele
estava	aberto,	e	o	portão	da	 frente	da	casa	era	bem	baixo	 -	o	suficiente	para	o
cachorro	pular	por	cima	e	sair	avançando	nos	outros.	Faltou	eles	terem	cuidado
com	isso.	E	a	segunda	lição	é	que,	se	a	minha	cadela	estivesse	sem	guia,	eu	não
teria	 conseguido	 evitar	 o	 ataque,	 e	 ela	 com	 certeza	 teria	 morrido	 ali	 mesmo.
Aquele	 cachorro	 estava	 em	 modo	 de	 caça,	 ele	 estava	 determinado	 a	 pegá-la.
Dava	para	ver	que	o	foco	dele	estava	 todo	nela,	provavelmente	 teria	sido	mais
difícil	evitar	o	ataque	se	ele	tivesse	focado	em	mim	ou	na	minha	mãe.
Deu	 para	 entender	 porque	 é	 tão	 importante	 manter	 o	 seu	 cachorro	 com
guia	 e	 sob	 controle?	 Estou	 batendo	 nessa	 tecla	 porque	 este	 tema	 é	 MUITO
importante,	 e	porque	é	um	erro	muito	 comum,	que	 a	gente	vê	na	 rua	o	 tempo
todo,	mesmo	 com	 gente	 que	 gosta	muito	 dos	 seus	 cães.	Aliás,	 principalmente
com	 gente	 que	 gosta	 muito	 dos	 seus	 cães,	 a	 ponto	 de	 esquecer	 que	 eles	 são
cachorros	e	que	podem	agir	como	tal	a	qualquer	momento.	Então,	só	para	fechar
este	 assunto,	 vou	dar	 um	último	exemplo	bem	 rápido.	Este,	 na	verdade,	 não	 é
nem	uma	situação	específica,	mas	várias	 situações	que	 já	 aconteceram	comigo
repetidas	vezes,	que	é:	saio	para	passear	com	o	meu	cachorro,	que	é	um	Pit	Bull,
quando,	 de	 repente,	 surge	 um	 Pinscher	 muito	 valente	 querendo	 avançar	 nele.
Estou	falando	de	Pinscher,	mas	já	aconteceu	com	Poodle,	com	Schnauzer,	com
tudo	quanto	é	cachorro	pequeno.	Geralmente,	são	os	pequenos	que	andam	soltos
“porque	 são	 tão	 bonitinhos”.	 E	 daí	 a	 ferinha	 vem,	 avançar	 num	 Pit	 Bull.
Resultado?	Bom,	nesse	caso,	não	acontece	nada,	porque	o	Paxá	é	extremamente
paciente,	 e	 levanta	 a	 cabeça	 e	 conta	 até	10.	O	máximo	que	 acontece	 é	 o	 tutor
dele,	 que	 a	 essa	 altura	 já	 está	 branco	 de	 susto,	 desmaiar	 um	 pouquinho.	Mas
você	 não	 deve	 contar	 que	 todos	 os	 cachorros	 sejam	 iguais	 ao	 Paxá,	 alguns
podem	 não	 gostar	 de	 levar	 desaforo	 para	 casa.	 “Aaaaah,	mas	 se	 o	 cachorro	 é
agressivo,	ele	deveria	usar	focinheira”.	Provavelmente,	mas	vamos	combinar	que
a	gente	sabe	que	a	maioria	não	usa.	E	que	é	mais	fácil	evitar	uma	briga	de	cães
se	cada	tutor	mantiver	o	seu	cachorro	sob	controle.	Além	do	mais,	se	defender
não	é	ser	agressivo.
E	os	parques	de	cães?	Bem,	os	parques	de	cães	são	legais,	mas	sim,	podem
ser	perigosos	também.	Geralmente,	tem	uma	área	gramada	grande,	às	vezes	tem
uma	cerca,	e	o	risco	de	atropelamento,	por	exemplo,	 tende	a	ser	baixo.	Mas	as
brigas	 de	 cães	 acontecem,	 isso	 é	 fato.	A	pet	 shop	que	mencionei	 que	 eu	 tinha
ficava	 bem	 pertinho	 do	 Museu	 Oscar	 Niemeyer.	 E	 quem	 é	 de	 Curitiba,	 com
certeza	sabe	que	logo	atrás	deste	museu	fica	o	Parcão	–	o	parque	de	cães	mais
popular	da	cidade.	É	lindo	de	ver,	todos	aqueles	cachorros	brincando	juntos.	Mas
não	é	raro	dar	briga	ali.	Alguns	cães	saem	gravemente	feridos,	e	até	morrem!	O
problema	 é	 que	 nem	 todos	 os	 cães	 são	 bem	 socializados	 o	 suficiente	 para
frequentarem	este	 tipo	de	 lugar,	 e	 acaba	 faltando	um	pouco	de	bom	senso	dos
seus	 tutores.	 Se	 o	 seu	 cão	 tem	 algum	 tipo	 de	 agressividade,	 ou	 se	 você	 tem
dificuldade	 para	 mantê-lo	 sob	 controle,	 não	 o	 leve	 a	 um	 lugar	 desses.	 Estou
dizendo	 que	 ninguém	 nunca	 deve	 levar	 o	 seu	 cachorro	 a	 um	 parque	 de	 cães?
Não.	Mas,	se	 for	 levar,	primeiro	certifique-se	de	que	o	seu	cão	seja	realmente
sociável	e	que	você	consegue	controlá-lo	mesmo	se	ele	estiver	num	nível	alto	de
excitação.	Caso	contrário,	uma	opção	melhor	pode	ser	uma	creche	para	cães.	As
creches	para	cães	têm	o	detalhe	de	serem	pagas,	mas	são	mais	seguras	também,
por	 dois	motivos:	 Primeiro,	 porque	 geralmente	 se	 exige	 que	 todos	 os	 animais
sejam	 vacinados,	 desverminados	 e	 “despulgados”,	 o	 que	 é	 fundamental	 para
diminuir	 a	 chance	 de	 propagação	 de	 doenças;	 e,	 segundo,	 porque	 os	 cães	 são
separados	conforme	a	sua	capacidade	de	socialização,	e	são	supervisionados	por
profissionais.	 Alguns	 lugares	 separam	 também	 por	 tamanho.	 Então,	 pode	 ser
uma	forma	de	você	deixar	o	seu	cão	brincar	com	os	amiguinhos	de	forma	mais
segura.
Para	 finalizar,	 um	 último	 detalhe	 sobre	 coleiras	 e	 guias:	 coleira	 e	 guia
servem	para	levar	o	cachorro	para	PASSEAR.	Não	serve	para	prender	o	cachorro
em	 casa.	 Se	 você	 tem	 o	 hábito	 de	 deixar	 o	 seu	 cão	 preso	 na	 coleira	 em	 casa,
construa	uma	cerca,	um	muro,	ou	um	canil,	mas	não	o	deixe	preso	na	coleira.
Ficar	 preso	 assim	 é	 extremamente	 estressante	 para	 o	 cão.	 E,	 além	 do	 estresse
imposto	ao	animal,	existe	um	risco	grande	de	ele	se	enroscar,	e	até	se	enforcar
com	 a	 coleira!	 Estes	 enforcamentos	 acontecem	 principalmente	 quando	 o
cachorro	está	muito	assustado,	por	exemplo,	por	causa	de	fogos	de	artifício	ou
de	 trovões;	mas,	 mesmo	 sem	 estes	 sons,	 o	 enforcamento	 é	 um	 risco	 que	 está
sempre	presente.
Treinamento
Já	 sabemos	 então	 a	 importância	 da	 coleira	 e	 da	 guia.	 Mas,	 se	 o	 seu
cachorro	vai	andar	sempre	de	coleira,	é	preciso	adestrá-lo?
A	 princípio,	 um	 adestramento	 formal	 não	 é	 obrigatório.	 Pode	 ser	 muito
útil,	 mas,	 salvo	 alguns	 casos	 que	 vou	 mencionar	 em	 breve,	 você	 não	 precisa
adestrar	o	seu	cachorro	se	não	quiser.	Mas	precisa,	sim,	 treiná-lo	para	algumas
situações.	 Como	 caminhar	 corretamente	 com	 a	 coleira,	 por	 exemplo.	 Um
cachorro	 que	 puxa	 a	 guia	 durante	 o	 passeio	 está	 com	 problemas	 de
comportamento,	 e	 isso	 pode	 ter	 consequências	 sérias.	 Além	 de	 afetar	 a	 sua
posição	como	líder	da	matilha,	aumenta	bastante	o	risco	de	você	eventualmente
perder	o	controle,	e	o	seu	cão	sofrer	um	acidente.	Como	o	adestramento	não	é	o
foco	deste	livro,	não	entrarei	em	detalhes	em	relação	às	técnicas	que	podem	ser
usadas	para	corrigir	este	problema.	Caso	esteja	passando	por	isso	com	o	seu	cão,
você	pode	comprar	livros,	ou	assistir	a	vídeos	na	internet	que	ensinam	meios	de
fazer	este	treinamento.	Se	tiver	dificuldade	para	pôr	em	prática,	pode	ser	o	caso
de	 chamar	 um	 adestrador	 para	 te	 ajudar.	 Principalmente	 se	 o	 seu	 cachorro	 for
grande,	você	precisa	ter	em	mente	que	você	não	é	um	trenó:	o	cachorro	precisa
andar	ao	seu	lado,	e	não	te	puxando.	Nunca.
Um	outro	treinamento	que	eu	diria	que	é	essencial,	e	que,	a	princípio,	você
não	 precisa	 de	 adestrador	 para	 fazer,	 é	 ensinar	 o	 seu	 cão	 a	 permitir	 que	 você
mexa	 na	 comida	 dele,	 e	 que	 ele	 não	 pode	 pegar	 o	 que	 está	 na	 sua	 mão	 sem
permissão.	 Este	 treinamento	 é	 bem	 mais	 fácil	 de	 fazer	 quando	 o	 cachorro	 é
filhote,	e	também	é	mais	seguro	para	você,	especialmente	se	o	seu	cachorro	for
grande.	 E	 por	 que	 isso	 é	 importante?	 Porque,	 imaginemos,	 por	 exemplo,	 que
alguém	jogou	um	pedaço	de	carne	no	seu	quintal.	Ou	em	algum	lugar	por	onde
você	 esteja	 passando	 com	 o	 seu	 cão.	 E	 essa	 carne	 está	 envenenada.	 Se	 o	 seu
cachorro	for	possessivo	com	comida,	você	não	conseguirá	impedir	que	ele	coma
o	veneno.	Isso	independe	do	tamanho	do	cão,	já	que	todos	eles	são	muito	mais
rápidos	 do	 que	 nós,	 humanos.	 Então,	 ele	 precisa	 entender	 que,	 quando	 você
disser	 para	 nãopegar	 a	 comida,	 não	 é	 para	 pegar	 a	 comida.	 E,	 se	 pegar?	 Se
pegar,	 ele	 vai	 ter	 que	 largar	 sob	 comando.	Em	última	 instância,	 você	deve	 ser
capaz	de	colocar	a	mão	dentro	da	boca	do	seu	cão	e	tirar	a	comida	lá	de	dentro
sem	ser	mordido.	Mas,	antes	que	você	faça	isso	em	casa,	é	preciso	deixar	bem
claro:	eu	só	faço	isso	com	os	MEUS	cachorros.	Não	se	deve	tentar	tirar	comida
da	boca	de	cães	desconhecidos,	caso	se	pretenda	continuar	com	todos	os	dedos
nas	mãos.	Idealmente,	os	cães	devem	ser	treinados	desde	filhotes	para	aceitarem
isso.
Se	 o	 seu	 cachorro	 já	 for	 adulto,	 e	 fica	 agressivo	 quando	 alguém	 se
aproxima	 da	 comida	 dele,	 você	 precisa	 trabalhar	 nisso.	Não	 é	 bonitinho,	 nem
para	cães	pequenos.	Isso	faz	mal	para	o	cachorro,	podendo	deixa-lo	neurótico.	A
hora	 da	 refeição,	 ao	 invés	 de	 ser	 relaxante	 para	 ele,	 se	 torna	 um	momento	 de
estresse	e	tensão.	Se	ele	for	um	cachorro	grande,	existe	ainda	o	risco	de	que	ele
coma	tudo	muito	rapidamente	e	sofra	uma	torção	gástrica	(falaremos	mais	sobre
o	 tema	 no	 Capítulo	 7).	 Além	 disso,	 ele	 pode	 morder	 alguém,	 ou	 ingerir	 um
veneno	que	você	já	sabia	que	era	veneno,	mas	não	conseguiu	impedi-lo	porque
ele	 tentou	 te	morder.	 Caso	 esteja	 passando	 por	 este	 problema	 com	 o	 seu	 cão,
você	 pode	 procurar	 a	 solução	 em	 livros	 sobre	 adestramento,	 ou	 chamar	 um
adestrador.	Por	uma	questão	de	segurança,	um	adestrador	ou	um	especialista	em
comportamento	 canino	podem	ser	mais	 indicados	para	 corrigir	 o	problema	em
cães	adultos.	Para	filhotes,	é	bem	mais	simples.
Por	 fim,	 existe	 um	 tipo	 de	 adestramento	 que	 pode	 ser	 fundamental	 em
algumas	situações:	é	o	 treinamento	anti-envenenamento.	E,	para	esse,	você	vai
definitivamente	 precisar	 de	 um	 profissional.	 Não	 recomendo,	 em	 hipótese
alguma,	que	uma	pessoa	leiga	tente	fazer	isso	sozinha.	Este	tipo	de	adestramento
é	muito	sério,	e	deve	ser	muito	bem	feito.
O	 que	 é	 o	 treinamento	 anti-envenenamento?	 É,	 obviamente,	 um
treinamento	 que	 é	 feito	 para	 evitar	 que	 o	 cachorro	 seja	 envenenado.
Basicamente,	 o	 cão	 precisa	 aprender	 a	 recusar	 todo	 tipo	 de	 comida	 que	 seja
oferecida	 a	 ele,	 que	 não	 seja	 o	 “alimento	 certo”,	 e	 servido	 da	 forma	 correta.
Exatamente	qual	será	o	“alimento	certo”	ou	o	jeito	certo	de	servir,	pode	variar	de
um	 caso	 para	 o	 outro.	 O	 cachorro	 pode	 aprender,	 por	 exemplo,	 a	 só	 comer	 a
comida	que	esteja	no	 seu	pote.	E	em	nenhum	outro	 lugar.	Talvez	ele	 só	possa
aceitar	ração.	Existem	variações.	Mas	todo	cachorro	precisa	disso?	É	claro	que
não.	Você	 vai	 precisar	 treinar	 o	 seu	 cachorro	 para	 isso,	 por	 exemplo,	 se	 você
sabe	que	existe	um	risco	maior	de	alguém	querer	envenená-lo.	Por	exemplo,	por
causa	de	brigas	entre	vizinhos.	Cães	de	guarda	 também	precisam	desse	 tipo	de
treinamento,	para	não	serem	enganados	por	ladrões.	E	também,	os	cachorros	de
algumas	raças.	Os	Pit	Bulls,	por	exemplo,	têm	uma	fama	muito	ruim,	e	acabam
sendo	vítimas	 frequentes	de	envenenamento.	No	meu	consultório,	de	 longe,	os
Pit	 Bulls	 são	 campeões	 em	 envenenamentos.	 Já	 mencionei	 que	 um	 dos	 meus
cães,	o	Paxá,	é	um	Pit	Bull.	Então,	talvez	você	queira	me	perguntar:	“o	Paxá	tem
treinamento	 anti-envenenamento?	 ”	Não.	 Já	 pensei	 em	 fazer,	mas	 não	 fiz.	No
caso	do	Paxá,	que	não	é	um	cão	de	guarda,	eu	tomo	o	cuidado	de	não	deixá-lo
muito	visível	para	as	pessoas	que	passam	na	rua.	Você	pode	fazer	 isso	se	 tiver
uma	 área	 fechada	 nos	 fundos	 da	 sua	 casa,	 ou	 colocando	 um	 muro.	 Se	 você
conseguir	manter	o	seu	Pit	Bull	longe	da	vista	de	quem	está	andando	na	rua,	com
certeza	 vai	 conseguir	 diminuir	 muito	 as	 chances	 de	 que	 ele	 seja	 envenenado.
Estou	falando	sobre	Pit	Bulls	porque	são	a	“raça	da	moda”,	mas	preste	atenção,
pois	 qualquer	 vira-lata	 que	 tenha	 cabeça	 grande	 passa	 facilmente	 por	 Pit	 Bull
para	quem	não	entende	de	cachorro	-	então,	se	o	seu	cão	puder	de	alguma	forma
ser	confundido	com	um	Pit,	é	bom	tomar	cuidado.	Outras	raças	grandes,	ou	ditas
“agressivas”	 (não	que	necessariamente	sejam,	mas	 leve	em	conta	a	visão	geral
das	pessoas),	 também	precisam	de	um	cuidado	 extra.	Seja	 com	o	 treinamento,
seja	com	um	muro	que	os	deixem	menos	visíveis.
Alimentação
Independentemente	de	você	fazer	ou	não	o	 treino	anti-envenenamento	no
seu	 cachorro,	 há	 também	 alguns	 cuidados	 que	 você	 deve	 tomar	 com	 a
alimentação	do	 seu	cão.	A	primeira,	 e	mais	óbvia	delas,	 é	dar	um	alimento	de
qualidade.	E	o	que	é	um	alimento	de	qualidade?	Pode	ser	uma	boa	ração,	ou	uma
dieta	caseira	feita	sob	a	orientação	do	seu	veterinário.
Existem	inúmeras	marcas	de	ração,	e	não	é	o	nosso	foco	discutir	aqui	cada
uma	delas.	As	rações	chamadas	“Premium”	e	“Super	Premium”	são	as	melhores
–	e	este	tipo	de	ração	você	só	vai	encontrar	para	vender	em	pet	shops	e	em	boas
casas	de	produtos	agropecuários,	não	tem	em	supermercados.	Elas	têm	alto	nível
de	proteínas	de	qualidade,	deixam	a	pelagem	mais	bonita,	as	fezes	mais	firmes	e
com	menos	odor,	e	mantêm	o	cão	com	boa	saúde	de	forma	geral.	Mas,	se	você
não	 tiver	 dinheiro	 para	 comprar	 uma	 ração	 dessas,	 pode	 comprar	 as	 de
supermercado	também	-	a	maioria	delas	tem	uma	qualidade	razoável.	Mas,	por
favor,	 não	 compre	 “alimento	 para	 cães	 e	 gatos”	 vendido	 a	 granel,	 como	 já
encontrei	 certa	 vez	 numa	 agropecuária.	 Aliás:	 não	 compre	 ração	 vendida	 a
granel.	 Isso	é,	na	melhor	das	hipóteses,	um	chamariz	de	baratas	 e	 ratos.	Além
disso,	qualquer	vitamina	que	a	ração	possa	ter,	acaba	estragando	só	pelo	contato
com	o	ar.	E,	como	se	não	bastasse,	ao	entrar	em	contato	com	a	umidade	normal
do	 ambiente,	 a	 ração	pode	 fermentar.	 Seja	 como	 for,	 a	 ração	vendida	 a	 granel
tem	um	risco	alto	de	contaminação,	e,	portanto,	de	deixar	o	seu	cão	doente.	O
que	pode	 ser	 considerado	 aceitável	 nesse	 sentido	 são	 aqueles	 estabelecimentos
que	fracionam	a	ração	-	com	a	devida	higiene,	é	claro	-	em	pacotes	menores	para
serem	vendidos.	O	problema	disso	é	que,	se	você	não	conhecer	bem	a	ração	que
está	 comprando,	 pode	 acabar	 levando	 gato	 por	 lebre.	Mas	 se	 for	 uma	 loja	 de
confiança,	 que	 você	 saiba	 que	 fraciona	 as	 rações	 com	 todos	 os	 cuidados	 de
higiene,	pode	ser	uma	forma	de	comprar	ração	um	pouco	mais	barata.	O	ideal	é
sempre	 comprar	 o	 pacote	 fechado,	mas,	 como	 isso	 pode	 ficar	 um	 pouco	 caro
para	algumas	pessoas,	a	ração	fracionada	é	uma	alternativa	razoável.
Mas,	 mesmo	 comprando	 o	 pacote	 fechado,	 existem	 riscos,	 que	 são	 os
mesmos	 da	 ração	 comprada	 a	 granel.	Como	 assim?	Bom,	 você	 vai	 comprar	 o
pacote	 fechado,	 mas	 eventualmente	 irá	 abri-lo	 para	 poder	 alimentar	 o	 seu
cachorro,	certo?	Então,	você	precisa	cuidar	para	que	o	pacote	de	ração	aberto	na
sua	casa	não	vire	 também	um	chamariz	de	 ratos	e	baratas.	E	o	primeiro	passo
para	isso	é	comprar	um	pacote	de	tamanho	compatível	com	o	do	seu	cachorro.
Sim,	o	pacote	de	15Kg	é	proporcionalmente	mais	barato	do	que	o	de	1Kg	ou	o
de	3Kg,	mas	calcule	quanto	 tempo	o	seu	cachorro	vai	 levar	para	comer	aquilo
tudo.	 Comprar	 um	 pacote	 de	 15Kg	 de	 ração	 para	 um	 Pinscher	 é	 pedir	 para	 a
ração	estragar	antes	de	o	cachorro	conseguir	comer	tudo.	Uma	duração	boa	é	de
mais	ou	menos	um	mês.	Um	cão	de	grande	porte	(em	torno	de	30	Kg)	consome
em	média	 15Kg	 de	 ração	 por	mês,	 se	 ela	 for	 de	 qualidade.	 Para	 a	 ração	 não
estragar	 e	 não	 ficar	 exposta	 à	 contaminação	 nesse	 tempo,	 você	 precisa
acondicioná-la	do	jeito	certo	-	ou	seja,	num	recipiente	bem	fechado	e	protegido,
sem	 tomar	 sol	 ou	 umidade.	 A	 melhor	 coisa	 são	 aquelas	 caixas	 do	 tipo
Tupperware,	 que	 ficam	 bem	 fechadas	 e	 protegem	 bem.	 Para	 cães	 de	 grande
porte,	você	pode	usar	caixas	organizadoras	de	50	litros;	para	cachorros	menores
logicamente	 você	 pode	 usar	 caixas	 ou	 potes	menores.	Ocasionalmente,	 alguns
fabricantes	de	ração	dão	essas	caixas	como	brinde	-	e	geralmente	elas	são	muito
boas	 e	 bonitas.	O	que	 você	 nãopode	 fazer	 é	 deixar	 a	 ração	 no	 pacote	 aberto.
Nem	 fechado	 com	 grampo	 de	 roupa.	 Usar	 lata	 de	 lixo	 também	 não	 é	 legal
porque	não	veda	bem,	e	baratas	e	camundongos	conseguem	passar	pelas	frestas.
Alguns	 leitores	 talvez	 estejam	pensando	–	 “Ok,	 ratos	 e	 baratas	 são	meio
nojentos	 mesmo,	 mas	 se	 isso	 acontecer,	 vai	 ter	 algum	 problema	 para	 o	 meu
cachorro?	“	Vai,	sim.	Ele	pode	pegar	 todo	 tipo	de	 infecção	 intestinal,	e	o	pior:
leptospirose.	Vale	lembrar	que	leptospirose	não	é	doença	só	de	cachorro,	passa
para	a	gente	também,	e	pode	matar.	Tenha	em	mente	que,	se	tiver	rato	comendo
a	ração	do	seu	cachorro,	ele	também	deve	estar	bebendo	a	água	dele,	e	fazendo
ninho	na	sua	despensa.	É	risco	para	a	família	inteira.
Já	esclarecemos	então	que	a	ração	deve	ficar	guardada	dentro	de	uma	caixa
bem	 fechada.	Mas,	 e	 a	 ração	 que	 for	 servida	 para	 o	 cachorro?	Não	 atrai	 ratos
também?	Se	 ficar	 ali	 disponível	 o	 tempo	 todo,	 atrai	mesmo.	 E	 é	 por	 isso	 que
você	precisa	aprender	a	calcular	exatamente	quanta	ração	o	seu	cachorro	come,	e
definir	horários	para	as	refeições	dele.	Quando	digo	“calcular	a	ração”,	não	estou
dizendo	que	você	precisa	saber	exatamente	quantos	gramas	ele	come,	mas	tenha
uma	forma	de	medir	-	você	pode	usar	um	copo	de	requeijão	como	parâmetro,	por
exemplo.	 Quanto	 ele	 come	 cada	 vez?	 Meio	 copo?	 Um	 copo?	 Dois	 copos?
Coloque	 sempre	 aquela	 quantidade,	 sempre	 nos	mesmos	 horários,	 e,	 se	 sobrar
ração	depois	de	uns	dez	minutos,	 tire	o	resto	e	jogue	fora.	“Como	assim,	jogar
ração	assim	no	lixo?	Mesmo	se	o	cachorro	não	comeu?	”	Sim,	porque	essa	ração
já	 ficou	 exposta	 à	 contaminação	 e	 está	 fermentando.	 	 Se	 ele	 for	 comer	 mais
tarde,	 pode	 ter	 dor	 de	 barriga.	 E,	 se	 o	 seu	 cachorro	 estiver	 saudável,	 não	 se
preocupe	 se	 ele	 acabar	 pulando	 uma	 refeição	 ou	 outra	 por	 conta	 disso,
principalmente	 se	 ele	 não	 estiver	 acostumado	 a	 ter	 horários	 para	 se	 alimentar.
Ele	aprenderá	rapidamente	a	nova	rotina,	e	com	certeza	na	refeição	seguinte,	ele
vai	 comer.	O	 ideal	 é	 que	 nunca	 sobre	 ração	 no	 prato.	 Se	 você	 não	 sabe	 ainda
quanta	ração	dar,	coloque	a	quantidade	que	está	acostumado	a	pôr,	ou	a	indicada
na	 embalagem,	 e	 fique	 observando.	 Se	 sobrou	 ração,	 na	 próxima	 refeição,
coloque	menos.	Se	ele	comeu	tudo	e	continuou	cheirando	o	pote,	procurando	por
mais,	 coloque	um	pouco	mais.	Se	ele	 comeu	 tudo	e	 saiu	 tranquilo,	 então	você
deve	ter	acertado	a	dose.	Continue	dando	essa	quantidade.	Esse	cuidado	simples
com	a	ração	ajuda	a	prevenir	a	obesidade,	evita	que	o	cachorro	tenha	infecções
intestinais,	mantém	os	ratos	e	baratas	 longe,	e	ainda	regula	o	trânsito	 intestinal
do	seu	cão.
	
	
A	dieta	caseira	 também	é	uma	opção	muito	boa.	Mas	é	 fundamental	que
essa	dieta	caseira	tenha	sido	prescrita	pelo	veterinário	que	atende	o	seu	cão,	ou
por	 um	 nutricionista	 veterinário.	 Isso	 porque	 dar	 uma	 dieta	 caseira	 para	 um
cachorro	não	é	sinônimo	de	dar	restos	de	comida,	muito	pelo	contrário:	se	você
quiser	dar	comida	“de	verdade”	para	o	seu	cão,	 terá	que	cozinhar	para	ele.	As
necessidades	nutricionais	dos	cachorros	são	muito	diferentes	das	nossas,	e,	por
isso,	 mesmo	 que	 a	 sua	 família	 tenha	 uma	 alimentação	 saudável,	 isso	 não
significa	 que	 a	 comida	 que	 vocês	 comem	 irá	 nutrir	 bem	 o	 seu	 cachorro.	 Fora
isso,	 alguns	 cachorros	 não	 podem	comer	 determinados	 alimentos	 por	 conta	 de
eventuais	 doenças	 que	 eles	 possam	 ter.	 Nestes	 casos,	 a	 dieta	 vai	 ter	 que	 ser
adaptada.	Além	do	 fato	que	a	dieta	do	 seu	cachorro	deve	 ser	prescrita	por	um
profissional,	os	cuidados	de	higiene	devem	ser	os	mesmos	que	você	tem	com	a
sua	comida,	ou	seja:	use	sempre	alimentos	frescos,	limpos,	e	lave	as	mãos	antes
de	começar	a	preparar.	Quando	o	alimento	estiver	pronto,	você	deve	guardar	na
geladeira	ou	no	congelador.	Uma	 ideia	boa	para	poupar	 tempo	é	preparar	uma
quantidade	grande	de	alimento	e	separar	a	em	porções	 individuais,	congelando
tudo.	Basta	então	aquecer	na	hora	de	servir.	Para	quem	é	adepto	da	Alimentação
Natural,	 que	 é	 baseada	 em	 alimentos	 crus,	 os	 cuidados	 com	 a	 escolha	 dos
ingredientes	 e	 com	 a	 higiene	 devem	 ser	 redobrados.	 Não	 compre	 carnes	 de
fontes	 duvidosas,	 e	 que	 não	 tenham	 o	 selo	 de	 inspeção	 federal,	 estadual	 ou
municipal.	 Uma	 carne	 sem	 inspeção	 tem	 um	 alto	 risco	 de	 transmissão	 de
doenças,	tanto	para	você	quanto	para	o	seu	cachorro	-	por	isso,	não	compre.
E	 quais	 são	 os	 melhores	 horários	 para	 alimentar	 o	 seu	 cachorro?	 Os
melhores	horários	serão	aqueles	que	ficarem	bons	para	você,	que	se	encaixem	na
sua	 rotina	 sem	 que	 seja	 necessário	 ficar	 adiando	 ou	 adiantando	 com	 muita
frequência.	E,	pelo	menos,	duas	vezes	ao	dia.	Para	filhotes,	pelo	menos	3	vezes.
Alimentar	o	cão	uma	vez	ao	dia	dificulta	a	digestão	do	cachorro;	e,	se	ele	for	um
cão	de	“tórax	profundo”,	como	o	Fila,	o	Labrador,	e	outros	cães	de	grande	porte,
isso	 pode	 custar	 a	 vida	 dele.	 Quem	 já	 assistiu	 ao	 filme	 “Marley	 &	 Eu”
certamente	 se	 recorda	 do	 momento	 em	 que	 o	 Marley	 morre.	 Ele	 morreu	 por
conta	 de	 um	 problema	 bem	 comum	 entre	 cachorros	 grandes,	 que	 é	 a	 torção
gástrica.	Ao	 comer	muito	 rapidamente,	 o	 cachorro	 engole	 também	muito	 ar,	 o
estômago	 se	 dilata,	 e	 pode	 girar	 ao	 redor	 de	 si	 mesmo.	 É	 uma	 condição
extremamente	 dolorosa,	 e	 que	 leva	 à	morte	 rapidamente.	Alguns	 casos	 podem
ser	 resolvidos	 com	 cirurgia,	 como	 fizeram	 com	 o	 próprio	Marley,	 quando	 ele
teve	o	problema	pela	primeira	vez.	Mas,	muitas	vezes,	o	cão	pode	falecer	antes
mesmo	de	chegar	ao	veterinário.	Ou,	como	aconteceu	com	o	labrador	do	filme,	a
torção	 gástrica	 pode	 debilitar	 tanto	 o	 cão	 que,	mesmo	que	 ele	 chegue	 vivo	 ao
consultório	veterinário,	pode	não	haver	mais	nada	a	ser	feito.	Comer	uma	vez	ao
dia	não	é	a	única	causa	possível	para	o	problema,	não	tenho	a	informação	de	que
tenha	sido	este	o	caso	do	Marley.	Mas	o	fato	é	que	esta	é	uma	das	causas	mais
comuns.	O	 cão	 chega	 ao	 alimento	 tão	 faminto	 que	 come	 rápido	 demais	 -	 e	 o
resultado	é	devastador.
Agora,	se	você	já	alimenta	o	seu	cachorro	duas	ou	três	vezes	ao	dia,	e	ele
mesmo	 assim	 é	 muito	 afoito,	 existem	 alguns	 comedouros	 especiais,	 que	 têm
obstáculos	ou	bolinhas	dentro,	e	que	irão	obrigá-lo	a	comer	mais	devagar.	Pode
ser	 bem	 útil	 nesses	 casos.	Outra	 dica	 é	 evitar	 exercitar	muito	 o	 cachorro	 uma
hora	antes	ou	depois	da	refeição,	para	diminuir	a	chance	de	torção	gástrica.	Por
fim,	 um	 pequeno	 adendo:	 algumas	 doenças	 podem	 fazer	 com	 que	 o	 cão	 sinta
muito	mais	fome	do	que	o	normal.	Se	você	acredita	que	o	seu	cachorro	é	muito
“comilão”,	 e	está	 sempre	desesperado	para	 se	alimentar,	 fale	 sobre	 isso	com	o
seu	veterinário.
Alimentos	Tóxicos
Dando	continuidade	ao	 tema	da	alimentação,	 a	gente	 sabe	que	a	maioria
das	pessoas	costuma	dar	ração	para	os	seus	cachorros.	Mas	a	maioria	das	pessoas
também	gosta	de	fazer	um	“agradinho”	de	vez	em	quando,	dar	um	petisquinho,
certo?	Bom,	não	é	proibido	dar	alguma	coisinha	ou	outra	para	o	cachorro	de	vez
em	quando,	mas	você	precisa	tomar	o	cuidado	de	não	dar	nada	que	seja	tóxico
para	ele.	Combinado?
Para	 facilitar	 a	 sua	 “triagem”	 de	 alimentos	 e	 petiscos,	 preparei	 a	 lista	 a
seguir	com	alguns	dos	principais	alimentos	proibidos	para	cachorros.	Esta	 lista
não	 é	 exaustiva,	 existem	outros	 alimentos	 além	destes	que	 também	pode	 fazer
mal	aos	cães.	Se	estiver	na	dúvida	se	pode	dar	algo	para	o	seu	cachorro	comer	ou
não,	pergunte	ao	seu	veterinário.
•		Alho	(é	seguro	em	pequenas	quantidades)
•		Balas	e	chicletes	dietéticos	que	contenham	xilitol	(adoçante)
•		Bebidas	alcoólicas
•		Café
•		Carambola
•		Caroço	de	damasco,	caqui	ou	de	pêssego
•		Cebola	(risco	de	anemia	hemolítica)
•		Chá	preto
•		Chocolate	(risco	de	convulsões	e	arritmias	cardíacas)
•		Folhas	de	ruibarbo	e	de	tomate
•	 	Gorduras	das	carnes,	como	sobras	de	churrasco,por	exemplo	(risco	de
pancreatite)
•		Lúpulo
•		Macadâmia
•		Massa	crua	de	pão	ou	bolo
•		Ossos	de	aves	cozidos	(risco	de	lesões	e	hemorragias	intestinais)
•		Sementes	de	maçã	e	pêra
•		Uvas	e	passas	(risco	de	insuficiência	renal	aguda)
Plantas	tóxicas
Além	 de	 certos	 alimentos,	 existem	 também	 algumas	 plantas	 que	 podem
fazer	 muito	 mal	 ao	 seu	 cachorro.	 A	 maioria	 delas	 são	 plantas	 ornamentais.
Algumas	 são	 tóxicas	 por	 inteiro,	 e	 outras	 têm	 apenas	 algumas	 partes	 que	 são
tóxicas.	O	 copo	de	 leite	 é	 um	exemplo	bem	comum	de	planta	ornamental	 que
pode	ser	tóxica	para	cães.	Veja	abaixo	a	seguir	uma	lista	de	plantas	tóxicas	bem
comuns,	e	verifique	se	tem	alguma	delas	na	sua	casa.	Se	tiver,	você	pode	tomar	o
cuidado	de	mantê-la	num	vaso	longe	do	alcance	do	seu	cão,	pode	colocar	uma
cerca	ao	redor	da	planta,	se	for	no	quintal,	ou	pode	simplesmente	retirar	a	planta.
•		Arnica	(Arnica	montana)
•		Arruda	(Ruta	graveolens)
•		Azaléia	(Rhododendron	simsii)
•		Babosa	(Aloe	vera)
•		Beladona	(Atropa	belladona)
•		Buxinho	(Buxus	sempervires)
•		Copo	de	leite	(Zantedeschia	aethiopica	Spreng)
•		Coroa	de	Cristo	(Euphorbia	milii)
•		Espada	de	São	Jorge	(Sansevieria	trifasciata)
•		Espirradeira	ou	Oleandro	(Nerium	oleander)
•		Hera	(Hedera	macrophylla)
•		Hibisco	(Hibiscus	spp.)
•		Hortênsia	(Hydrangea	macrophylla)
•		Ficus	(Ficus	spp.)
•		Jasmin	manga	(Plumeria	rubra)
•		Lírio	(Lirium	spp.)
•		Maconha	(Cannabis	sativa)
•		Mamona	(Ricinus	communis)
•		Narcisos	(Narcissus	spp.)
•		Palmeira	sagu	(Cycas	revoluta)
•		Samambaias	(todas	as	espécies)
Objetos	Cortantes,	Pontiagudos,	e	Corpo	Estranho	Linear
Mas	será	que	os	únicos	riscos	na	nossa	casa	são	as	plantas	tóxicas	e	alguns
tipos	de	alimentos?	Na	verdade,	não.	Principalmente	para	os	 filhotes	e	aqueles
cachorros	mais	“enérgicos”,	é	preciso	 tomar	ainda	mais	cuidado	com	as	coisas
que	 temos.	 Que	 coisas?	 Todas	 elas.	 Um	 cachorro,	 principalmente	 filhote,	 vai
colocar	 virtualmente	 tudo	 na	 boca.	 A	 maioria	 dos	 adultos	 -	 com	 algumas
exceções	 -,	 perde	 essa	 mania,	 mas,	 com	 filhotes,	 esse	 risco	 é	 constante.	 Eles
comem	 tênis,	 brinquedos,	 meias,	 e	 qualquer	 outra	 coisa	 que	 esteja	 ao	 seu
alcance.	 Isso	 pode	 incluir	 também	 fios	 elétricos,	 agulhas,	 enfeites,	 inseticidas,
produtos	de	limpeza,	e	outras	coisas	bem	perigosas.
O	cuidado	que	você	precisa	tomar	é	de	manter	os	seus	pertences	longe	do
alcance	 do	 cão.	 E	 dar	 algo	 que	 ele	 possa	mastigar,	 como	 brinquedos	 próprios
para	 cães,	 e	 ossos.	 Exercitar	 o	 cão	 também	 diminui	 bastante	 este
comportamento,	 pois	 ele	 fica	 cansado	 e	 não	 precisa	 descontar	 a	 frustração	 e
energia	acumulada	nos	seus	sapatos.	Procure	esconder	os	fios	elétricos	e	deixá-
los	fora	do	alcance	do	seu	cão,	usar	calhas,	ou	qualquer	outra	forma	de	impedir	o
seu	acesso.	Se	 isso	não	 for	possível	em	certas	partes	da	casa,	 então	 restrinja	o
acesso	do	cão	a	esses	lugares	pelo	menos	quando	você	estiver	fora	e	não	puder
supervisioná-lo.	Para	fazer	 isso,	você	pode	usar	portõezinhos	de	segurança,	ou,
simplesmente,	 fechar	a	porta.	É	como	 ter	uma	criança:	 se	algum	 lugar	da	casa
oferecer	 um	 risco	 maior,	 então	 não	 podemos	 deixar	 que	 ela	 vá	 lá
desacompanhada.	 E,	 tal	 como	 devemos	 fazer	 também	 com	 crianças,	 tome
cuidado	com	panelas	e	objetos	quentes	na	cozinha.	Se	houver	uma	panela	quente
em	cima	do	fogão,	certifique-se	de	que	o	cabo	esteja	virado	para	dentro.	Assim,
o	cão	não	conseguirá	derrubá-la	se	pular	ou	tentar	alcançar	com	o	focinho.
Em	relação	às	 lixeiras,	 fique	atento	principalmente	quando	for	 jogar	 fora
restos	 de	 frango.	 Os	 cachorros	 sentem	 uma	 atração	 fatal	 por	 frango,	 é	 quase
irresistível	para	eles.	E,	dada	a	oportunidade,	eles	 irão	mexer	 lá	para	 recuperar
essa	preciosidade	que	você	descartou.	A	não	ser	que	já	esteja	podre,	o	frango	em
si	até	não	é	um	grande	problema,	mas	os	ossinhos,	sim.	Ossos	de	frango	assados
ou	cozidos	são	extremamente	perigosos!	Quando	estes	ossos	se	quebram,	eles	o
fazem	 em	 forma	 de	 bisel	 -	 ou	 seja,	 de	 agulha.	 E,	 uma	 vez	 engolidos,	 passam
literalmente	 rasgando	 o	 intestino	 do	 animal.	O	 sinal	 de	 que	 algo	 deu	 errado	 é
quando	encontramos	o	cão	pálido	e	debilitado,	e	uma	trilha	de	sangue	pela	casa.
Hora	de	correr	para	o	veterinário!
O	lixo	pode	conter	ainda	outras	ameaças,	 tais	como	alimentos	estragados
ou	 contaminados,	 restos	 de	 produtos	 de	 limpeza,	 vestígios	 de	 inseticidas,	 e
objetos	que	podem	causar	engasgos	ou	ferimentos.	Procure	manter	a	sua	lixeira
sempre	 fechada	 e	 fora	 do	 alcance	 do	 seu	 cão,	 para	 que	 a	 busca	 dele	 por
“iguarias”	não	acabe	se	transformando	em	uma	tragédia.
Mesmo	aqueles	objetos	mais	comuns	que	os	cachorros	comem	quando	são
filhotes	 podem	 também	 causar	 grandes	 estragos.	 As	 meias	 são	 os	 principais
exemplos	 disso.	 Na	 verdade,	 meias,	 tecidos,	 fios,	 e	 outros	 objetos	 mais
alongados,	podem	se	transformar	no	chamado	“corpo	estranho	linear”.	O	corpo
estranho	linear	é	alguma	coisa	-	linear,	ou	alongada,	como	o	nome	já	diz	-,	que
se	aloja	no	intestino	do	cachorro,	acompanhando	parte	do	seu	trajeto.	O	grande
problema	 é	 que	 ele	 faz	 então	 com	que	o	 intestino	 comece	 a	 se	 enrugar,	 assim
como	acontece	com	bolsas	que	 são	 fechadas	com	cordões.	Além	de	 impedir	o
trânsito	 intestinal,	 dependendo	 da	 forma	 como	 ele	 ficou,	 ele	 pode	 impedir
inclusive	 a	 circulação	 sanguínea.	 Isso	 pode	 acontecer	 tanto	 no	 meio	 do	 trato
digestivo,	 como	 na	 hora	 em	 que	 o	 cão	 for	 defecar.	 Por	 conta	 disso,	 se	 você
perceber	que	o	seu	cão	está	tentando	defecar,	mas	há	um	pedaço	de	tecido	ou	um
cordão	 que	 está	 com	dificuldade	 de	 sair,	 não	 puxe.	 Se	 puxar,	 corre	 o	 risco	 de
lesar	 seriamente	 o	 intestino	 dele.	 No	 capítulo	 sobre	 problemas	 digestivos,
voltaremos	a	este	tópico	para	que	você	saiba	o	que	fazer	numa	situação	dessas.
Cuidados	no	Banho	e	Tosa	e	Consultório	Veterinário
Um	outro	ponto	crucial	na	prevenção	de	acidentes	com	cães	é	na	hora	do
banho.	 E	 isso	 vale	 especialmente	 para	 o	 banho	 e	 tosa!	 As	 dicas	 a	 seguir	 são
fundamentais	 para	 tosadores	 e	 banhistas,	 assim	 como	para	 aqueles	 tutores	 que
levam	os	seus	cães	a	pet	shops	para	tomar	banho.
Em	primeiro	lugar,	as	gaiolas.	A	maioria	das	pet	shops	com	banho	e	tosa
usa	gaiolas	para	colocar	os	cachorros.	Tudo	bem,	nem	sempre	tem	como	evitar.
Só	 que	 é	 importante	 que	 as	 gaiolas	 estejam	 limpas	 e	 desinfetadas,	 tenham
tamanhos	 apropriados	 para	 cada	 tipo	 de	 cachorro,	 e,	 principalmente,	 que	 as
grades	tenham	um	espaçamento	compatível	com	o	seu	tamanho.	E	que	estejam
inteiras,	 para	 não	 perfurar	 ou	 cortar	 nenhum	 bicho.	 Os	 cachorros	 pequenos
podem	 prender,	 e	 até	 quebrar	 as	 patas,	 se	 o	 espaço	 entre	 as	 grades	 for
inadequado	 para	 eles.	 E,	 se	 o	 espaçamento	 for	 grande	 demais,	 podem	 até
escapar!	Então,	 antes	 de	 colocar	 um	cachorro,	 principalmente	 pequeno,	 dentro
de	uma	gaiola,	verifique	se	por	acaso	não	tem	perigo	de	ele	prender	uma	patinha
ali.	 Se	 tiver,	 forre	 com	 jornais,	 com	 um	 cobertor,	 ou	 tire	 a	 grade	 e	 deixe	 o
cachorro	 diretamente	 em	 cima	 da	 bandeja,	 se	 ela	 for	 forte	 o	 suficiente	 para
suportar	 o	 peso	 dele.	 Isso	 evita	 estresse	 para	 o	 animal,	 e	 uma	 conversa
constrangedora	entre	o	tosador	ou	o	banhista	e	o	tutor,	na	hora	de	devolver	um
cão	que	foi	ferido	pela	gaiola.
Por	falar	em	tamanho	de	grades,	um	item	que	não	pode	faltar	em	qualquer
pet	shop	com	banho	e	tosa	é	um	portãozinho	de	segurança	para	evitar	fugas.	Tem
cães	que	pulam	da	mesa,	que	fogem	da	gaiola,	que	ficam	estressados	demais	em
gaiolas,	enfim.	que	atire	a	primeira	pedra	o	tosador	que	nunca	teve	um	cachorro
circulando	na	sua	área	de	banho	e	tosa.	Então,	um	o	portãozinho	de	segurança	é
um	 investimento	 barato,	 necessário,	 e	 que	 poupa	 a	 todos	 de	 vários	 estresses	 e
constrangimentos.	 Como	 mencionei,	 existem	 cães	 que	 sãomuito	 pequenos
mesmo,	 a	 ponto	 de	 conseguirem	 escapar	 de	 gaiolas.	 Se	 for	 o	 caso,	 tenha	 pelo
menos	uma	gaiola	com	tela	na	sua	pet	shop,	para	evitar	que	eles	fujam.	Para	um
cãozinho	 que	 conseguiu	 passar	 pelas	 grades	 da	 gaiola,	 passar	 pelo	 portão	 de
segurança	vai	ser	moleza.
Na	 hora	 do	 banho,	 cuidado	 com	 a	 temperatura.	 Procure	 usar	 uma	 água
morna,	que	seria	agradável	para	um	banho	“de	humanos”.	Não	corra	o	risco	de
queimar	o	 seu	cachorro,	ou	o	do	 seu	cliente,	 com	água	muito	quente,	ou	pior:
causar	uma	hipotermia	porque	a	água	estava	gelada!	Além	do	risco	de	realmente
causar	danos	à	 integridade	 física	do	cão,	 se	a	água	estiver	muito	 fria	ou	muito
quente,	pode	ter	certeza	de	que	ele	 irá	passar	o	banho	todo	se	debatendo.	Você
pode	 levar	 uma	 mordida,	 e	 o	 cachorro	 pode	 ficar	 com	 trauma	 de	 banho.
Principalmente	se	você	perder	a	paciência	com	ele.
Paciência	 é	 um	 pré-requisito	 fundamental	 para	 quem	quer	 trabalhar	 com
cães.	Pessoas	que	se	irritam	com	facilidade	com	cães	que	ficam	muito	agitados
ou	que	 tentam	escapar	 do	banho,	 não	deveriam	 trabalhar	 com	banho	 e	 tosa.	É
como	 trabalhar	 com	 crianças	 pequenas:	 elas	 podem,	 e	 ocasionalmente	 irão,	 te
tirar	 do	 sério.	 E	 é	 preciso	 ter	 paciência,	 toda	 a	 paciência	 do	 mundo.	 Se	 uma
professora	de	pré-escola	bate	em	uma	criança,	logo	essa	pessoa	não	deveria	estar
trabalhando	com	crianças.	Da	mesma	 forma,	quem	 trabalha	com	cães	e	decide
agredi-los	 fisicamente	 para	 descontar	 a	 sua	 frustração,	 deve	 definitivamente
repensar	a	sua	profissão.	Cães	no	banho	e	tosa	irão	“testar”	os	seus	tosadores	e
banhistas.	Alguns	cachorros	gostam	de	banho,	mas	outros,	não.	E	bater	num	cão
que	 não	 gosta	 de	 banho	 não	 vai	 fazer	 com	 que	 ele	 passe	 a	 gostar,	 posso	 te
prometer.	Muito	pelo	contrário:	se	ele	apanhar	uma	vez,	na	próxima	-	se	é	que
ele	vai	voltar	-,	ele	estará	muito	mais	nervoso,	e	muito	mais	propenso	a	querer
lutar,	ou	até	mesmo,	morder.
À	exceção	de	alguns	“profissionais”	que	batem	em	cães,	a	pior	coisa	que
pode	acontecer	no	banho	e	tosa	é	a	chamada	“estufa”.	Os	tosadores	e	banhistas
certamente	 já	 conhecem	 o	 termo.	 Para	 quem	 não	 conhece,	 vou	 explicar
resumidamente.	 Como	 secar	 os	 cachorros	 pode	 ser	 algo	muito	 demorado,	 e	 a
rotina	nas	pet	shops	às	vezes	é	bem	corrida,	alguns	tosadores	–	felizmente,	cada
vez	menos	-	colocam	os	cães	dentro	de	um	ambiente	fechado	e	sem	ventilação,
como	uma	gaiola	toda	coberta	com	toalhas.	E	em	seguida,	ligam	um	secador	lá
dentro,	 para	 automatizar	 o	 processo	 de	 secagem.	Geralmente,	 fazem	 isso	mais
com	animais	de	pelo	curto,	que	não	precisam	ser	escovados	ou	desembolados.
Isso	é	praticamente	uma	máquina	de	matar	cachorros.	Se	algum	tosador	ou
banhista	 já	 usou	 a	 técnica	 e	 não	matou	 nenhum	ainda,	 foi	 por	 sorte.	Mas	 esta
prática	precisa	ser	banida.	Já	falamos	sobre	a	intermação	durante	os	passeios,	ou
dentro	de	carros	fechados	em	dias	quentes.	Pois	esta	estufa	é	uma	das	melhores
formas	 de	 se	 causar	 intermação	 num	 cachorro.	 Alguns	 tosadores/banhistas
chegam	a	argumentar	que,	a	cada	X	minutos,	“dão	uma	olhadinha”	para	ver	se
está	tudo	bem.	A	verdade	é	que	eles	“dão	uma	olhadinha”	para	ver	se	o	cachorro
está	seco.	Sem	dúvida,	o	cão	estará	ofegante,	já	que	fica	muito	quente	dentro	da
“estufa”.	Para	que	ele	entre	em	intermação,	bastam	mais	alguns	minutos.	Caso
seja	 preciso	 perder	mais	 tempo	 para	 secar	 um	 cachorro	 ou	 outro,	 então	 perca
mais	tempo.	Certamente	os	clientes	preferem	esperar	um	pouquinho	a	mais	para
poderem	pegar	de	volta	os	seus	cachorros	vivos.
Devo	ressaltar	que	estou	falando	sobre	as	estufas	improvisadas,	que	muitos
tosadores	e	banhistas	usam.	As	máquinas	de	 secar	cachorro	 são	diferentes,	 e	a
maioria	delas	são	seguras.	As	máquinas	de	secar	usam	vento	com	pressão	para
secar	o	animal,	e	este	vento	pode	ou	não	ser	aquecido.	O	melhor	é	que	não	seja
aquecido,	principalmente	em	 lugares	quentes;	mas,	 se	 for,	 é	 importante	 ter	um
termostato.	A	gaiola	deve	ficar	num	lugar	ventilado,	nunca	fechada	com	toalhas,
e	 o	 uso	 deve	 ser	 supervisionado	 o	 tempo	 todo.	 Pode	 eventualmente	 ser	 uma
opção	para	os	cachorros	que	não	permitem	muita	manipulação	e	para	gatos.	Por
outro	 lado,	 se	 a	 secadora	 usar	 aquecimento,	 ela	 deve	 ser	 evitada	 para	 cães
braquicefálicos	(de	focinho	curto)	ou	aqueles	que	tenham	uma	tendência	maior	à
intermação,	por	conta	de	doenças.
Uma	forma	segura	de	secar	os	cães,	mas	que	é	um	pouco	mais	demorada,	é
a	 secagem	 tradicional	 –	 com	 o	 uso	 do	 secador	 e	 do	 assoprador,	 mantendo	 o
animal	em	cima	da	mesa	de	tosa.	Enquanto	o	assoprador	pode	ser	aproximado	da
pele	sem	maiores	problemas,	o	secador	deve	ser	mantido	a	uma	distância	segura
e	movimentado	frequentemente,	para	que	o	calor	não	se	concentre	em	uma	única
área.	Para	evitar	queimaduras,	mantenha	a	sua	mão	sempre	no	foco	do	secador,
de	modo	 que	 possa	 sentir	 a	 temperatura.	 Se	 estiver	 quente	 demais	 para	 a	 sua
mão,	afaste	o	secador	e	movimente-o	para	outra	parte	do	corpo.
Enquanto	 o	 cão	 é	 mantido	 sobre	 a	 mesa	 de	 tosa	 para	 a	 secagem/
escovação,	 ele	 não	 deve	 ser	 deixado	 sozinho	 ou	 sem	 supervisão	 em	momento
algum.	Ele	pode	decidir	pular	da	mesa	ou	cair	dela,	se	estiver	distraído.	Ao	cair,
ele	pode	fraturar	membros	e	até	mesmo	sofrer	hemorragias	 internas.	A	guia	da
mesa	de	 tosa	não	deve	 ser	usada	como	 forma	de	contenção	para	manter	o	cão
sobre	a	mesa,	mas	apenas	como	auxílio	no	momento	de	posicioná-lo	para	a	tosa.
Se	a	guia	for	usada	sem	supervisão,	uma	possível	queda	fica	ainda	mais	grave,
pois	 há	 risco	 de	 estrangulamento.	 Use	 a	 guia	 com	 cautela,	 e	 mantenha-se	 o
tempo	todo	próximo	da	mesa	quando	houver	um	cão	sobre	ela.	Para	não	precisar
se	 afastar	 da	 mesa,	 use	 uma	 mesa	 auxiliar	 ao	 seu	 lado	 para	 deixar	 todos	 os
instrumentos	 necessários	 ao	 seu	 alcance.	 Algumas	mesas	 de	 tosa	 já	 vêm	 com
gaveteiros	e/ou	bandejas	com	essa	finalidade.
A	 higiene	 do	 banho	 e	 tosa	 é	mais	 um	 quesito	 importante	 para	manter	 a
segurança	e	o	bem-estar	de	humanos	e	cães.	Um	ambiente	com	alta	concentração
de	 animais	 e	 constante	 circulação	 é	 extremamente	 propício	 à	 disseminação	 de
doenças	e	parasitas,	especialmente	se	não	forem	tomados	os	devidos	cuidados	de
limpeza	e	desinfecção.	Todas	as	gaiolas,	banheiras,	mesas	e	 superfícies	devem
ser	 limpas	e	desinfetadas	após	cada	uso.	As	 toalhas	devem	ser	 lavadas	sempre
com	 agentes	 desinfetantes	 (como	 água	 sanitária),	 sendo	 que	 deve	 haver	 no
mínimo	uma	toalha	limpa	disponível	para	cada	animal	(não	raro,	um	cão	acaba
usando	mais	de	uma	 toalha).	Os	 instrumentos	 também	devem	ser	higienizados
entre	 um	 uso	 e	 outro,	 para	 que	 não	 haja	 transmissão	 de	 parasitas	 e	 infecções
entre	os	cães.
Por	fim,	é	preciso	haver	um	cuidado	especial	também	ao	permitir	a	entrada
de	alguns	animais	em	estabelecimentos	de	banho	e	tosa.	Filhotes	não	vacinados,
a	princípio,	não	devem	frequentar	estes	 locais.	É	uma	medida	prudente	apenas
permitir	no	banho	e	tosa	aqueles	filhotes	que	já	tenham	tomado	todas	as	vacinas
básicas,	 para	 que	 eles	 não	 adoeçam.	 Devido	 à	 grande	 quantidade	 de	 cães
circulando	nestes	ambientes,	existe	uma	boa	chance	de	que	um	filhote	possa	ser
contaminado	com	alguma	doença	durante	a	sua	estadia.
No	outro	extremo,	cães	doentes	ou	recém-resgatados	podem	transmitir	as
suas	 doenças	 e	 parasitas	 aos	 demais.	 Se	 inevitável	 for,	 tanto	 filhotes	 não
vacinados	quanto	cães	doentes	ou	recém-resgatados	apenas	devem	ser	admitidos
em	estabelecimentos	de	banho	e	 tosa	 se	os	 seus	 tutores	ou	protetores	puderem
aguardar	 o	 banho	 para	 poderem	 levá-los	 para	 casa	 assim	que	 ficarem	prontos.
Todos	 os	 equipamentos,	 instrumentos,	 e	 superfícies	 que	 entrarem	 em	 contato
com	 um	 animal	 doente	 devem	 ser	 higienizados	 e	 desinfetados	 imediatamente.
Estas	 são	 medidas	 que	 visam	 à	 preservação	 da	 saúde	 de	 todos	 os	 cães	 que
frequentam	o	local.Vacinação	e	check-ups	regulares
Pensando	na	saúde	dos	animais,	é	recomendável	que	todo	cachorro	adulto,
normal	e	saudável,	seja	levado	ao	consultório	veterinário	pelo	menos	uma	vez	ao
ano.	 Isso	 considerando	 que	 ele	 não	 fique	 doente,	 é	 claro.	 Nessa	 consulta	 de
rotina,	o	veterinário	vai	examinar	o	cão,	pesar,	e	verificar	se	ele	está	realmente
saudável.	 Normalmente,	 é	 também	 nessa	 consulta	 anual	 que	 são	 feitas	 as
vacinas.	 Um	 cachorro	 idoso,	 idealmente,	 deve	 fazer	 um	 check-up	 semestral,
porque	os	velhinhos	podem	ter	doenças	crônicas	que	devem	ser	detectadas	bem
no	princípio	para	poderem	ser	 tratadas	com	mais	 sucesso.	As	vacinas,	no	caso
dos	 idosos,	 normalmente	 continuam	 sendo	 anuais.	 Poucas	 vacinas	 são
semestrais.	 A	 da	 leptospirose,	 por	 exemplo,	 é	 uma	 delas.	 Mas	 você	 só	 deve
vacinar	o	seu	cão	semestralmente	contra	a	leptospirose	se	houver	um	alto	risco
de	que	ele	pegue	essa	doença,	justificando	assim	a	vacinação.	Se	você	morar	no
15º	andar,	provavelmente	não	será	necessário.
Alguns	leitores	podem	dizer:	“não	é	necessário,	mas	é	bom,	né?	”	Bom,	há
controvérsias.	As	vacinas	são	muito	importantes,	e	você	sem	dúvida	deve	manter
os	 seus	 animais	 vacinados.	 Mas	 vacinação	 em	 excesso	 também	 não	 é	 boa.
Vacina	também	tem	feito	adverso.	Inclusive,	a	vacina	da	leptospirose	é	uma	das
que	mais	causa	reações	adversas	-	e	até	por	isso	a	vacinação	semestral	contra	a
leptospirose	só	deve	ser	feita	para	cães	que	vivem	em	áreas	de	risco.	E	mesmo	a
vacinação	anual	para	a	maioria	das	doenças	já	vem	sendo	questionada.	Hoje	em
dia	muito	se	fala	sobre	o	fenômeno	da	supervacinação,	que	tem	sido	relacionada
a	diversos	problemas	autoimunes,	alérgicos,	e	até	mesmo	à	falência	renal.	Este
assunto	é	muito	extenso	para	discutirmos	em	um	livro	sobre	primeiros	socorros,
cujo	foco	não	é	especificamente	a	vacinação.	No	meu	livro	“Meu	Cão	Velhinho
–	 Um	 Guia	 Para	 Tutores	 e	 Amigos”,	 que	 deverá	 ser	 publicado	 em	 breve
(verifique	se	já	foi	lançado	no	momento	em	que	você	está	lendo	esse	livro),	este
tema	 é	 discutido	 com	 um	 pouco	 mais	 de	 profundidade.	 Por	 ser	 algo	 tão
polêmico,	 fiz	questão	de	 incluir	um	capítulo	 inteiro	com	 tudo	o	que	os	 tutores
precisam	saber	sobre	vacinação	para	tomarem	decisões	bem	informadas,	seja	na
hora	 de	 vacinar	 filhotes,	 seja	 na	 hora	 de	 vacinar	 cães	 adultos	 ou	 idosos.	Mas,
para	 mantermos	 o	 foco	 atual,	 que	 é	 aprender	 a	 prevenir	 e	 também	 a	 abordar
emergências	que	possam	acontecer	 com	os	nossos	 cães,	 o	que	posso	dizer	por
hora,	 é:	 vacine.	 Mas	 também	 questione.	 Sempre	 pergunte	 ao	 seu	 veterinário
porque	está	dando	esta	ou	aquela	vacina,	e	procure	realmente	compreender,	ao
invés	 de	 simplesmente	 dar	 ao	 seu	 cão	 toda	 nova	 vacina	 que	 aparecer	 no
mercado.	 Já	 existem	 exames	 de	 sangue	 que	 podem	 ser	 feitos	 para	 saber	 se	 o
cachorro	 ainda	 tem	 imunidade	 para	 algumas	 doenças	 ou	 não.	 Conforme	 o
resultado	 deste	 exame	 -	 se	 o	 seu	 cão	 ainda	 for	 imune,	 no	 caso	 -,	 pode	 ser
totalmente	plausível	adiar	uma	dose	de	vacina	com	muita	segurança.	Não	é	uma
medida	 para	 economizar	 dinheiro,	 já	 que	 os	 preços	 da	 vacina	 e	 do	 exame	 de
sangue	são	bem	parecidos.	É	uma	medida	para	evitar	a	vacinação	excessiva.
Agora,	 já	 que	 estamos	 falando	 sobre	 vacinar	 ou	 não,	 e	 sobre	 a
supervacinação,	eu	preciso	fazer	um	alerta.	Já	ouvi	muitas	pessoas	dizendo	que
“a	raiva	 já	 foi	erradicada	do	Brasil”,	mas	não	foi.	E	não	está	nem	perto	de	ser
erradicada.	 A	 maioria	 dos	 casos	 de	 raiva	 é	 transmitida	 por	 morcegos,	 mas
existem	casos	 recentes	de	 cães	 e	 gatos	 com	 raiva.	Não	muito	 tempo	atrás,	 um
menino	faleceu	no	Nordeste	por	causa	de	raiva	transmitida	por	cachorro.	A	raiva
não	 tem	 cura,	 é	 uma	 doença	 grave	 e	 fatal	 tanto	 para	 humanos	 quanto	 para	 os
animais,	e	está	disseminada	no	país	inteiro.	Não	é	só	em	determinadas	regiões,
ou	 em	 áreas	 rurais,	 que	 existem	 morcegos:	 eles	 também	 estão	 nas	 grandes
cidades,	 inclusive	 do	 Sul	 e	 do	 Sudeste.	 O	 que	 acontece	 é	 que	 a	 maioria	 das
pessoas	não	os	vê,	mas	eles	estão	lá.	É	importante	saber	também	que	não	são	só
os	morcegos	hematófagos	-	aqueles	que	chupam	sangue	-	que	transmitem	raiva.
Qualquer	tipo	de	morcego	pode	transmitir.	Poucos	anos	atrás,	houve	um	caso	de
um	 gato	 que	 morava	 num	 apartamento	 em	 São	 Paulo	 -	 capital	 -,	 e	 que	 foi
contaminado	 por	 um	 morcego	 frugívoro	 (que	 se	 alimenta	 primariamente	 de
frutas)!	 Se	 um	 morcego	 invade	 uma	 casa	 ou	 apartamento,	 tanto	 cães	 quanto
gatos	podem	decidir	 caçá-lo.	Ocorre	uma	briga	entre	os	animais,	 e	o	 resultado
acaba	 sendo	 a	 contaminação	 de	 um	 animal	 de	 companhia	 pelo	 vírus	 da	 raiva.
Então,	independentemente	de	você	viver	na	cidade	ou	no	campo,	em	casa	ou	em
apartamento:	mantenha	as	vacinas	antirrábicas	do	seu	cachorro	sempre	em	dia.
Para	finalizar	o	capítulo	de	prevenção	de	acidentes,	não	podemos	deixar	de
mencionar	a	castração.	Mas	castrar	um	cachorro	pode	ajudar	a	prevenir	acidentes
e	emergências?	Sim.
A	 castração	 dos	 machos	 diminui	 a	 agressividade	 ligada	 ao	 sexo	 e	 a
dominância.	Isso	não	quer	dizer	que	um	cachorro	agressivo	vai	se	tornar	dócil	só
porque	 foi	 castrado,	 mas	 que	 ele	 vai	 deixar	 de	 disputar	 fêmeas	 com	 outros
machos,	inclusive	os	humanos.	E	isso	vai	diminuir	brigas	com	outros	cachorros,
dentro	ou	fora	de	casa,	principalmente	nas	ocasiões	em	que	houver	uma	fêmea
no	 cio	por	perto.	Diminui	 também	casos	de	 abandono:	Os	 comportamentos	de
cães	 que	 se	 agarram	 às	 pernas	 das	 pessoas	 fazendo	 atos	 libidinosos,	 ou	 que
pulam	 no	 colo	 das	 tutoras	 sem	 deixar	 que	 outros	 (humanos	 ou	 cães)	 se
aproximem	dela	causam	incômodo	e	irritação	em	muita	gente.	Em	alguns	casos,
o	 suficiente	 para	 que	 a	 pessoa	 decida	 abandonar	 o	 seu	 animal.	 Na	 realidade,
estes	comportamentos	são	dominantes,	e	servem	para	mostrar	que	quem	manda	é
o	 cão.	Não	 é	que	o	 cachorro	que	 está	 se	 agarrando	 às	pernas	das	pessoas	 seja
tarado:	 ele	 é	 dominante.	O	 que	 ele	 precisa,	 na	 verdade,	 é	 de	 um	 líder.	Mas	 a
castração	ajuda	a	melhorar,	porque	diminui	a	dominância.	Com	isso,	pode	ficar
um	pouco	mais	fácil	de	corrigir	esses	problemas	de	agressividade	ligada	ao	sexo
e	de	se	agarrar	às	pernas	das	pessoas.
No	caso	das	fêmeas,	a	castração	previne	tumores	de	mama,	principalmente
quando	 feita	 na	 cadela	 ainda	 jovem,	 e	 a	 piometra.	 Piometra	 é	 a	 infecção	 do
útero,	algo	extremamente	perigoso.	A	única	forma	realmente	eficaz	de	se	tratar
uma	piometra	é	com	uma	cirurgia	de	emergência,	feita	no	momento	em	que	for
constatada.	É	uma	cirurgia	de	alto	risco	e	de	alto	custo,	e	a	cadela	pode	morrer
por	 causa	 da	 infecção	 ou	 por	 complicações	 tardias	 da	 piometra,	 como	 a
insuficiência	renal.	Por	ser	um	problema	razoavelmente	comum,	entendo	que	é
melhor	castrar	uma	cadela	enquanto	ela	é	 jovem	e	está	apta	a	ser	operada	com
segurança,	 do	 que	 esperar	 até	 o	 momento	 em	 que	 ela	 esteja	 completamente
debilitada,	e	com	uma	infecção	grave,	para	fazer	uma	cirurgia	às	pressas.
Então,	 vem	 a	 pergunta:	 “mas	 não	 é	 bom	 tirar	 pelo	 menos	 uma
ninhadinha?”	 Não.	 Isso	 não	 traz	 qualquer	 benefício	 à	 cadela.	 E	 nem	 para
ninguém.	 Já	 existem	 cães	 abandonados	 o	 suficiente	 pelo	 mundo,	 sem	 que
precisemos	gerar	ainda	mais	filhotes.	Muita	gente	quer	uma	cria	do	seu	cachorro
porque	gosta	muito	dele,	e	tem	a	impressão	de	que,	desta	forma,	irá	prolongar	a
sua	existência.	Como	se	um	cão	e	o	seu	filhote	fossem	o	mesmo	indivíduo.	Mas
é	preciso	entender	que	o	filhote	do	seu	cachorro	não	vai	ser	o	mesmo	cachorro
que	você	já	tem;	assim	como	você	não	é	igual	ao	seu	pai,	mãe,	ou	irmãos.	Nem
mesmo	 um	 clone	 do	 seu	 cachorro	 seria	 exatamente	 o	 seu	 cachorro,	 tal	 como
gêmeos	 idênticos	 são	 indivíduos	 diferentes.	 Mesmo	 com	 genética	 idêntica,
gêmeos	idênticos	não	são	pessoas	idênticas.	Um	filhote	do	seu	cachorro	será,
portanto,	 um	 outro	 cachorro.Sendo	 assim,	 para	 quem	 quer	 ampliar	 a	 família
canina,	o	melhor	a	se	fazer	é	adotar.
Se	 você	 fizer	 questão	 de	 acrescentar	 à	 sua	 família	 um	novo	 cachorro	 da
mesma	raça	que	já	tem	em	casa,	então	procure	um	para	adotar,	ou	compre.	Mas,
se	for	comprar,	por	favor,	seja	criterioso	ao	escolher	a	origem	do	seu	novo	cão.
Não	 compre	 de	 “cachorreiros”,	 ou	 de	 criações	 de	 fundo	 de	 quintal.	 Existem
alguns	 poucos	 criadores	 idôneos,	 e	 estes	 criadores	 se	 preocupam	 com	 o	 bem-
estar	dos	seus	cães,	com	a	alimentação	deles,	com	a	seleção	genética,	e	também
em	oferecer	um	atendimento	veterinário	adequado	para	os	seus	animais.	E	isso
tudo	custa	caro.	Não	necessariamente	um	filhote	caro	vem	de	um	bom	criador;
mas,	se	for	barato	demais,	desconfie.	E,	independente	do	preço,	faça	questão	de
ir	 pessoalmente	 conhecer	 o	 lugar	 onde	 os	 animais	 ficam,	 conheça	 a	 mãe	 do
filhote	que	você	pretende	adquirir,	e	todos	os	cachorros	do	criador,	para	saber	se
você	está	realmente	de	acordo	com	a	forma	como	aqueles	animais	são	mantidos.
O	mundo	é	cheio	de	verdadeiras	 fábricas	de	 filhotes!	Se,	para	você,	 for	muito
caro	 comprar	 um	 filhote	 de	 um	 criador	 idôneo,	 então	 não	 compre.	O	 que	 não
podemos	fazer	é	financiar	o	crime	e	toda	uma	indústria	baseada	nos	maus	tratos
aos	animais	–	ainda	mais	sob	o	pretexto	de	“amar	os	cães”,	ou	amar	determinada
raça!
Uma	conclusão	importante	que	precisamos	tirar	é	que	é	bom	olharmos	um
pouquinho	para	o	resto	do	mundo.	O	nosso	tema	é	a	prevenção	e	abordagem	de
emergências	com	cães,	e	é	lógico	que	a	maioria	das	pessoas	que	está	lendo	este
livro	tem	os	seus	próprios	animais	em	mente.	Mas	também	podemos	evitar	que
outros	 cachorros,	 além	 dos	 nossos,	 sofram.	 E	 não	 estou	 mais	 falando	 apenas
sobre	as	fábricas	de	filhotes,	estou	falando	também	sobre	as	“ninhadas	caseiras”,
por	assim	dizer.	Alguém	que	decida	“tirar	uma	ninhada”	do	seu	amado	cachorro
ou	cadela,	deve	se	lembrar	de	que	a	reprodução	de	cães	envolve	custos:	desde	os
exames	 de	 acompanhamento	 da	 gestação	 até	 a	 alimentação,	 vacinação,	 e
desverminação	 de	 todos	 os	 filhotes.	 Isso	 pressupondo	 que	 a	 cadela	 não	 tenha
complicações	na	gestação	ou	no	parto.	E	que	ela	sobreviva.	Imagine	que,	a	cada
ninhada,	serão	em	torno	de	10	filhotes	a	mais	no	mundo	procurando	por	um	lar.
Não	é	nada	 fácil	doar	uma	ninhada	 inteira,	mesmo	que	o	 seu	cachorro	 seja	de
raça	-	porque,	na	hora	em	que	os	filhotes	ficam	prontos	“para	entrega”,	boa	parte
das	 pessoas	 que	 disseram	 que	 ficariam	 com	 um	 durante	 a	 gestação	 da	 cadela,
acaba	mudando	de	 ideia.	 Isso	 é	 fato.	Vender	 é	 ainda	mais	 desafiador,	 e	 pouco
lucrativo	 se	você	não	 for	um	criador	profissional.	Mas,	vamos	 supor	que	você
consiga	doar	ou	vender	todos	os	10	filhotes	do	seu	cachorro,	que	não	precisava
ter	 tido	 cria	 por	 qualquer	 motivo	 em	 particular.	 Enquanto	 isso,	 outros	 10
cachorros	estão	na	rua,	passando	frio	e	fome,	e	esperando	que	alguém	os	adote.
Se	doar	cães	lhe	parece	um	desafio	interessante,	talvez	recolher	os	que	estão	na
rua	para	doá-los	possa	ser	melhor	do	que	gerá-los.
Capítulo	2.	Kit	de	Primeiros	Socorros
Existem	 situações	 em	 que	 nem	mesmo	 o	 melhor	 médico	 do	 mundo	 vai
conseguir	salvar	uma	vida	se	não	tiver	certos	materiais	em	mãos.	Este	não	é	um
livro	 de	 cirurgia,	 mas	 mesmo	 pequenos	 procedimentos	 podem	 exigir	 certos
materiais	para	que	consigamos	prestar	socorro	adequadamente.
Neste	 capítulo,	 você	 aprenderá	 a	 montar	 o	 seu	 próprio	 kit	 de	 primeiros
socorros	 para	 que	 esteja	 realmente	 preparado	 para	 agir	 em	 situações	 de
emergência.	 Alguns	 itens	 estão	 listados	 como	 opcionais,	 porque	 é	 possível
sobreviver	sem	eles,	mas,	se	tiver	a	possibilidade	de	adquiri-los,	vale	a	pena.	Se
o	problema	for	o	custo	do	kit,	deixe	para	comprar	os	 itens	opcionais	em	outro
momento,	aos	poucos,	conforme	o	seu	orçamento	permitir.	A	maioria	dos	itens
não	é	cara,	e	vale	o	investimento!
Nos	apêndices	deste	livro,	há	um	checklist	com	os	itens	necessários	para	a
montagem	 do	 seu	 kit.	 Imprima-o	 para	 facilitar	 a	 compra	 dos	 materiais	 e	 a
organização	da	sua	caixa.
Itens	obrigatórios
Pasta	com	documentos/	anotações.
Na	 sua	 caixa	 de	 primeiros	 socorros,	 você	 precisa	 ter	 uma	 pasta	 com	 os
documentos	do	seu	cachorro	(como	carteira	de	vacinação	e	certificados),	e	todas
as	anotações	de	que	você	pode	precisar	numa	situação	de	emergência.	 Isso	vai
incluir	 telefones	 de	 contato,	 doses	 dos	 medicamentos	 que	 ele	 toma	 ou	 pode
precisar	tomar,	e	um	guia	de	primeiros	socorros.	Mas	por	que	papel,	se	hoje	em
dia	 a	 gente	 tem	 tudo	 no	 celular?	 Porque	 estamos	 falando	 sobre	 situações	 de
emergências	 e	 imprevistos.	 Pode	 ser	 que,	 no	 momento	 da	 emergência,	 o	 seu
celular	 esteja	 sem	bateria,	 perdido	 ou	 quebrado;	 pode	 ser	 que	 a	 internet	 esteja
fora	do	ar,	e	pode	ser	inclusive	que	você	nem	esteja	em	casa.	Talvez	você	esteja
viajando,	e	quem	vai	precisar	lidar	com	a	situação	seja	a	sua	Pet	Sitter,	ou	outra
pessoa	 que	 ficou	 responsável	 pelo	 cão,	 e	 que	 não	 tenha	 essas	 informações	 no
celular	dela.	Então,	é	bom	ter	 tudo	impresso	e	num	local	de	fácil	acesso,	 junto
com	as	outras	coisas	do	seu	cachorro.	Nos	apêndices	deste	livro	você	encontrará
folhas	de	contatos	e	de	informações	importantes	sobre	o	cão	para	que	você	possa
imprimir	e	colocar	no	seu	kit.
Termômetro
O	termômetro,	logicamente,	serve	para	medir	a	temperatura.	Pode	ser	um
termômetro	 simples	mesmo,	 sem	quaisquer	 sofisticações.	Os	mais	práticos	 são
os	digitais,	porque	são	mais	fáceis	de	ler	e	são	mais	rápidos	também.	Mas	você
pode	usar	os	de	vidro	se	preferir.	Você	pode	 inclusive	 ter	os	dois	 tipos,	para	o
caso	de	acabar	a	pilha	do	termômetro	digital.	Mas	a	bateria	dura	bastante,	basta
que	você	se	 lembre	de	checar	de	 tempos	em	tempos.	Tenha	um	termômetro	só
para	o(s)	cachorro(s),	não	misture	com	os	seus.
Coleira	e	guia	extra
Sim,	você	leu	direito!	É	preciso	ter	uma	coleira	e	guia	a	mais.	A	guia	pode
arrebentar,	a	coleira	pode	estragar,	e	você	pode	precisar	repor	imediatamente.	Os
Dog	Walkers,	em	especial,	devem	sempre	levar	pelo	menos	um	kit	de	coleira	e
guia	 consigo	 em	 todos	 os	 seus	 passeios.	 Uma	 boa	 ideia	 é	 comprar	 uma	 guia
unificada,	que	é	coleira	e	guia	ao	mesmo	tempo.	Ela	é	uma	opção	prática,	barata,
e	que	pode	ser	ajustada	a	diferentes	tamanhos	de	cães.	Certifique-se	de	que	a	sua
guia	sobressalente	seja	forte	o	suficiente	para	conter	o	mais	forte	dos	seus	cães;
ou	tenha	uma	para	cada	um,	se	forem	de	tamanhos	muito	diferentes.
Focinheira
A	focinheira	é	um	item	essencial,	mesmo	para	quem	tem	apenas	cachorros
mansos.	Isso	porque,	em	momentos	de	estresse,	quando	o	cão	está	sentindo	dor,
ele	pode	reagir	de	forma	mais	agressiva	e	acabar	mordendo.	Para	fazer	curativos
e	outros	pequenos	procedimentos,	uma	das	melhores	focinheiras	é	a	de	plástico.
É	a	que	melhor	dá	segurança	para	quem	estiver	 trabalhando,	porque	mantém	a
boca	do	cachorro	toda	protegida.	No	caso	de	cães	de	focinho	muito	curto,	como
os	 Shi-Tzu	 e	 Pugs,	 estas	 focinheiras	 não	 vão	 funcionar.	 Para	 este	 tipo	 de
cachorro,	 compre	 uma	 focinheira	 de	 gato,	 que	 na	 verdade	 se	 parece	 com	uma
máscara.	As	focinheiras	de	gato	geralmente	são	de	nylon,	e	cobrem	toda	a	cara
do	 animal,	mas	 tem	um	buraco	na	 frente	 para	 ele	 conseguir	 respirar.	Se	o	 seu
cachorro	 usa	 focinheira	 para	 passear,	 eu	 recomendo	 que	 você	 tenha	 uma
focinheira	para	o	passeio	e	outra	para	esse	tipo	de	procedimento.	Num	passeio,
que	é	algo	que	vai	demorar	mais	tempo,	e	que	demanda	uma	maior	capacidade
respiratória,	a	 focinheira	de	plástico	pode	ser	um	pouco	sufocante.	Neste	caso,
prefira	uma	focinheira	do	tipo	“gaiola”	ou	de	nylon.	A	focinheira	do	tipo	gaiola	é
interessante	 para	 passeios,	 porque	 não	 atrapalha	 em	 nada	 a	 respiração	 do
cachorro;	mas	você	deve	prestar	atenção	ao	formato	da	armação	dela	e	ao	ajuste
na	cabeça	do	seu	cão,	que	deve	ser	perfeito	para	não	machucar	ou	incomodar.Pinça
A	pinça	poderá	ser	usada	para	retirar	algum	espinho,	farpa,	caco	de	vidro,
ou	talvez	até	mesmo	um	carrapato	do	seu	cachorro.	Existem	pinças	específicas
para	 a	 remoção	 de	 carrapatos,	 sobre	 a	 qual	 entraremos	 em	 maiores	 detalhes
adiante;	mas,	se	não	tiver	uma	específica,	a	comum	pode	quebrar	um	galho.	A
ideia	é	usar	a	pinça	só	para	a	 remoção	de	pequenos	objetos:	 se	 for	algo	muito
grande,	é	melhor	deixar	para	o	veterinário.
Tesoura	de	ponta	romba
A	tesoura	serve	para	cortar	curativos,	e	eventualmente	também	para	aparar
os	 pelos	 do	 cachorro.	 É	 importante	 que	 seja	 de	 ponta	 romba,	 como	 as
tesourinhas	escolares,	para	não	correr	o	risco	de	ferir	o	cão.
Luvas	de	procedimentos
As	 luvas	 de	 procedimentos	 são	 aquelas	 luvas	 de	 látex	 comuns,	 não
estéreis.	 Elas	 servem	 para	 evitar	 que	 as	 suas	 mãos	 contaminem	 a	 ferida,	 ao
mesmo	tempo	em	que	as	protegem	do	contato	com	o	sangue,	urina,	e	secreções
do	 paciente,	 prevenindo	 a	 transmissão	 de	 doenças.	 Você	 deve	 ter	 pelo	menos
dois	 pares	 de	 luvas	 de	 procedimentos	 no	 seu	 kit,	 mas,	 se	 preferir,	 é	 possível
comprar	caixas	com	dezenas	delas	a	preços	bem	razoáveis	em	lojas	de	produtos
hospitalares.	Mas	não	esqueça:	o	uso	de	luvas	de	látex	não	dispensa	o	socorrista
de	lavar	as	suas	mãos	antes	e	depois	do	procedimento!
Solução	salina	estéril
Solução	 salina	 é	 o	 soro	 fisiológico.	 Ela	 se	 mantém	 estéril	 até	 que	 seja
aberta.	As	suas	principais	finalidades	serão	lavar	ferimentos	e,	eventualmente,	os
olhos	também.
Água	oxigenada
A	água	oxigenada	pode	ter	duas	funções	-	uma	é	a	limpeza	de	ferimentos;
e	a	outra,	sobre	a	qual	falaremos	mais	detalhadamente	em	outro	momento,	é	para
induzir	vômito	em	casos	de	envenenamento.	A	indução	do	vômito	requer	critério
e	 técnica	adequada:	não	 induza	o	vômito	em	cachorro	nenhum	sem	antes	 ler	o
capítulo	de	Intoxicações	e	Envenenamentos!
P.V.P.I.	ou	Antisséptico	Tópico
O	P.V.P.I.	 é	um	antisséptico	muito	bom	e	barato	para	curativos.	Pode	ser
encontrado	 em	 qualquer	 farmácia,	 e	 é	 muito	 útil	 para	 tratar	 ferimentos	 em
humanos	 também.	 Caso	 prefira,	 pode	 usar	 outro	 tipo	 de	 antisséptico	 tópico	 –
alguns	são	mais	sofisticados,	e	vêm	até	mesmo	com	anestésicos	locais,	mas	não
é	preciso	comprar	um	produto	muito	caro.	O	PVPI	funciona	muito	bem.
Antisséptico	ou	Álcool	em	Gel	para	as	Mãos
Nada	substitui	a	 lavagem	das	mãos,	por	 isso	o	 ideal	é	usar	o	antisséptico
em	gel	ou	o	álcool	em	gel,	sempre	depois	de	 lavar	as	mãos.	Mas	supondo	que
você	esteja	acampando,	ou	na	rua,	e	não	haja	uma	torneira	por	perto,	o	gel	pode
ajudar.	Lembre-se,	é	importante	higienizar	as	mãos	antes	e	depois	de	lidar	com
ferimentos,	mesmo	que	você	use	luvas.
Seringas
Tenha	dois	tamanhos	de	seringa	no	seu	kit:	duas	de	20mL,	e	duas	de	5mL.
Conforme	o	que	for	 fazer,	 fica	mais	 fácil	com	a	seringa	maior	ou	a	menor.	As
seringas	 podem	 ser	 usadas	 para	 lavar	 as	 feridas,	 e	 também	 para	 dar
medicamentos	diretamente	na	boca	do	cão.	Sem	agulha,	é	claro.
Curativos	não	aderentes
Os	 curativos	 não	 aderentes	 podem	 ser	 encontrados	 em	 farmácias	 ou	 em
lojas	 de	 produtos	 hospitalares.	 São	 úteis	 porque	 não	 grudam	 nas	 feridas,
especialmente	nas	queimaduras.	Tenha	pelo	menos	3	no	seu	kit.
Rolo	de	algodão
O	 algodão	 serve	 para	 limpar	 pequenos	 ferimentos,	 e	 também	 o
termômetro.	No	caso	de	fraturas,	pode	ser	usado	para	imobilizar	os	membros.
Ataduras
As	ataduras	serão	usadas	para	fazer	curativos.	Na	falta	de	uma	focinheira,
eventualmente	também	vocês	podem	improvisar	uma	usando	ataduras:	explicarei
a	técnica	em	mais	detalhes	no	capítulo	sobre	contenção	e	segurança.
Esparadrapo
Para	segurar	os	curativos	no	lugar.
Vaselina
A	vaselina	pode	ser	usada	para	 lubrificar	o	 termômetro.	Em	alguns	casos
também,	ela	pode	ser	usada	para	proteger	ferimentos.
Pó	hemostático
Encontrado	 em	 pet	 shops,	 ajuda	 a	 parar	 pequenos	 sangramentos	 -	 por
exemplo,	se	sangrar	na	hora	de	cortar	as	unhas,	ou	se	o	cachorro	tiver	um	corte
superficial.	Não	 consegue	 conter	 hemorragias	 severas,	mas	 ajuda	 bastante	 nos
ferimentos	menores.
Medicamentos	de	uso	contínuo
Quais	medicamentos	 especificamente	você	precisará	 ter,	 vai	 depender	 de
cada	caso.	Se	o	seu	cachorro	não	usa	nenhum	medicamento	continuamente,	não
precisa	 ter,	 é	 claro.	 Mas,	 se	 ele	 usa,	 tenha	 sempre	 uma	 reserva	 ali	 para	 pelo
menos	uma	semana.	Assim,	se	algum	dia	você	se	esquecer	de	comprar	mais,	se
não	encontrar	na	farmácia,	ou	qualquer	outro	problema,	você	garante	que	não	irá
faltar.	Preste	atenção	ao	prazo	de	validade.
Antialérgicos,	Analgésicos,	e	Outros	Medicamentos	Prescritos
Caso	o	seu	veterinário	já	tenha	lhe	prescrito	alguma	medicação	que	o	seu
cão	 possa	 precisar	 usar	 esporadicamente,	 faça	 uma	 pequena	 reserva	 deste
remédio	também.	Novamente,	fique	atento	ao	prazo	de	validade.
Mel	ou	Karo	®
Este	item	é	específico	para	cães	diabéticos.	Se	o	seu	cão	não	tem	diabetes,
então	não	há	qualquer	necessidade;	mas,	se	ele	for	diabético,	então	o	mel	ou	o
Karo	®	são	definitivamente	itens	obrigatórios	no	seu	kit	de	primeiros	socorros.
Uma	boa	ideia	pode	ser	comprar	alguns	daqueles	sachezinhos	de	mel,	que	serão
suficientes	caso	ele	sofra	uma	crise	de	hipoglicemia.
Itens	Opcionais
Colar	elisabetano
É	 o	 famoso	 “abajur”.	 Ele	 é	 útil	 para	 evitar	 que	 o	 seu	 cão	 arranque
curativos,	coce	feridas,	e	assim	atrapalhe	a	cicatrização.	Em	algumas	situações,	o
colar	 elisabetano	 também	 funciona	 como	 uma	 ferramenta	 de	 contenção	 que
substitui	 a	 focinheira.	Se	o	curativo	não	 for	na	cabeça	por	 exemplo,	basta	que
alguém	 segure	 o	 cão	 pelo	 colar,	 mantendo	 a	 sua	 cabeça	 no	 lugar,	 e	 assim
ninguém	será	mordido.	É	claro	que,	para	isso,	o	colar	tem	que	estar	bem	preso.
O	ideal	é	usar	uma	coleira	para	prender	o	colar	no	lugar,	mas,	se	não	tiver,	pode
usar	um	 fitilho	 também.	Coloquei	 este	 item	como	opcional	porque,	 tendo	uma
focinheira,	você	conseguirá	fazer	a	abordagem	inicial	com	tranquilidade.	Depois,
para	a	manutenção	do	curativo,	você	terá	tempo	de	ir	a	uma	pet	shop	e	comprar
o	colar,	se	precisar.	A	minha	principal	 recomendação	em	relação	ao	colar	é:	se
precisar	de	um	colar	elisabetano,	compre,	não	improvise.	É	barato	e	vale	a	pena.
Já	 vi	 “colares”	 improvisados	 com	 cano	 de	 PVC.	 Isso	 fica	 extremamente
desconfortável	para	o	cão,	e	pode	causar	problemas	de	pele	pelo	atrito	constante
do	cano	com	a	pelagem.
Lágrima	artificial
Novamente,	 temos	 um	 item	 que	 pode	 ser	 substituído	 em	 casos	 de
emergência.	 Claro,	 se	 o	 seu	 cão	 tiver	 olho	 seco,	 você	 deve	 ter	 sempre	 um
frasquinho	 reserva;	mas	 se	 não	 for	 o	 caso,	 supondo	 que	 você	 precise	 lavar	 os
olhos	 do	 seu	 cão	 porque	 caiu	 alguma	 coisa	 dentro	 deles,	 pode-se	 usar	 o	 soro
fisiológico,	ou	até	água.	A	 lágrima	artificial	é	mais	 indicada,	por	 isso	coloquei
como	opcional,	mas	não	vai	fazer	mal	algum	lavar	os	olhos	com	soro	fisiológico
numa	situação	de	emergência.
Bandagem	adesiva
A	bandagem	adesiva	(Vetrap	®)	é	muito	 legal	porque	protege	o	curativo,
ao	mesmo	tempo	em	que	diminui	bastante	a	chance	de	o	cão	conseguir	destruí-
lo.	 Ela	 é	 elástica,	 bonita	 e	 dá	 um	 ótimo	 acabamento.	 Mas	 ela	 também	 é	 um
pouco	mais	cara	(em	torno	de	R$9,00	por	rolo),	então,	apesar	de	ser	“bom”	ter,
não	 é	 essencial.	 Se	 não	 tiver,	 você	 pode	 usar	 esparadrapo	mesmo	para	 fixar	 a
atadura.
Micropore
O	 micropore	 é	 parecido	 com	 o	 esparadrapo,	 porém	 mais	 fino	 e	 menos
agressivo	 com	 a	 pele,	 então	 é	 mais	 fácil	 de	 tirar	 sem	 machucar.	 Só	 que	 ele
também	gruda	menos,	então	não	é	possível	usá-lo	para	fixar	uma	bandagem.	O
micropore	é	útil	para	pequenos	curativos,	para	proteger	cortes	cirúrgicos,	ou	até
para	improvisar	um	band-aid.	Ele	também	é	um	pouquinho	mais	caro	do	que	o
esparadrapo,	 e,	 como	 dá	 para	 sobreviver	 sem	 ele,	 coloquei	 também	 como
opcional.
Removedor	de	carrapatos
Este	é	mais	um	item	que	você	consegue	substituir	por	outros,	mas

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