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MANUAL DE PRIMEIROS SOCORROS PARA CÃES Bárbara Gomiero contato@meucaovelhinho.com.br Copyright © 2016 Meu Cão Velhinho Todos os direitos reservados mailto:contato@meucaovelhinho.com.br Ao meu marido Diego, pelo apoio incondicional e suporte técnico. À minha filha Alana, por me motivar a ser todos os dias uma pessoa melhor. Aos meus cães Paxá e Cookie, e à minha estrelinha Shana, por alimentarem a minha eterna paixão pelos animais. Aos meus pais e irmãos, por todo o seu apoio. “Não importa se os animais são capazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer. ” (Jeremy Bentham) PREFÁCIO Amar um cão, em toda a sua essência, é uma experiência inigualável. Os cachorros hoje fazem parte das nossas vidas de forma mais intensa do que jamais antes na história da humanidade. "Possuir um cão" já se tornou um conceito ultrapassado. Os cães não são mais "coisas" a serem possuídas. São membros da família, seres vivos titulares de direitos, e que merecem respeito. Não somos mais donos dos nossos cães, mas seus tutores: pessoas incumbidas de ampará- los, protegê-los, e educá-los, já que não somos seus pais biológicos - o que não nos impede de nos considerarmos os seus "pais adotivos". Este novo relacionamento entre humanos e cães gera a necessidade de novos cuidados, tanto por parte dos tutores, quanto dos profissionais que trabalham com eles. Ao receberem um animal para ser cuidado, os profissionais - sejam eles tosadores, banhistas, adestradores, pet sitters, dog wakers, veterinários ou seus assistentes, entre outros - recebem também um voto de confiança. Diante de tamanha responsabilidade, os profissionais da área pet devem ser capazes de prever o imprevisto, trabalhar sob condições adversas, e, acima de tudo, saber agir quando confrontados com situações de emergência. Salvar vidas caninas não é um privilégio apenas dos médicos veterinários, mas o resultado de um trabalho conjunto e coordenado, em que todos fazem a coisa certa, e na hora certa. Este manual de primeiros socorros para cães foi elaborado com o objetivo de preparar profissionais da área pet, tutores e protetores de animais, para que saibam prevenir e lidar com situações de emergência da melhor maneira possível. O seu texto foi adaptado a partir do Curso Completo de Primeiros Socorros Para Cães, oferecido pelo Meu Cão Velhinho® e ministrado pela Dra. Bárbara Nickel de Haro Gomiero, médica veterinária especialista em Clínica Médica de Pequenos Animais. Os primeiros socorros são os primeiros cuidados prestados em uma situação de emergência, e que têm como objetivo a preservação da vida, a prevenção de sequelas, e a minimização do sofrimento do paciente. Apesar de não substituírem o atendimento pelo médico veterinário ou pelo médico, quando prestados adequadamente, os primeiros socorros podem fazer toda a diferença entre a vida e a morte de um animal ou humano. Faça parte do seleto grupo de profissionais, protetores de animais, e tutores dedicados que estão preparados para socorrer os nossos amigos de quatro patas nas mais diversas situações. Sumário CAPÍTULO 1. PREVENÇÃO DE ACIDENTES CAPÍTULO 2. KIT DE PRIMEIROS SOCORROS CAPÍTULO 3. COMO DAR MEDICAMENTOS CAPÍTULO 4. TÉCNICAS DE CONTENÇÃO E SEGURANÇA CAPÍTULO 5. AVALIANDO SINAIS VITAIS E RECONHECENDO EMERGÊNCIAS CAPÍTULO 6. TÉCNICAS DE SALVAMENTO CAPÍTULO 7. DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS CAPÍTULO 8. OUTROS PROBLEMAS INTERNOS CAPÍTULO 9. FERIMENTOS, HEMORRAGIAS E FRATURAS CAPÍTULO 10. ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS CAPÍTULO 11. QUEIMADURAS, CHOQUES, INTERMAÇÃO E HIPOTERMIA CAPÍTULO 12. INTOXICAÇÕES, ENVENENAMENTOS E PICADAS DE INSETOS CAPÍTULO 13. EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS E NA CABEÇA PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO EM PRIMEIROS SOCORROS MEU CÃO VELHINHO® APÊNDICES Capítulo 1. Prevenção de Acidentes Quando falamos em Primeiros Socorros, normalmente pensamos em grandes emergências e acidentes graves. Mas, antes de se aprender a agir diante das emergências, precisamos aprender a evitar que elas ocorram. Neste primeiro capítulo, vamos abordar erros comuns cometidos por tutores, e em alguns casos, até mesmo por profissionais que trabalham com animais de companhia, e que podem colocar as vidas dos cães em risco. Passeios e Exercícios Um dos principais equívocos cometidos por tutores é acreditar que cachorros pequenos não precisam sair de casa. Os cachorros são animais nômades, é da natureza deles - independentemente do tamanho - caminhar e se exercitar. Assim como para a gente, os exercícios físicos são fundamentais para uma boa saúde e bem-estar. Psicologicamente falando, o passeio é o ponto alto do dia de todo cachorro. É quando eles podem explorar o mundo fora de casa, sentir cheiros diferentes, e às vezes até interagir com outros cães. Tem um ditado que diz: “um cachorro cansado é um cachorro feliz”. Um cachorro que tiver se exercitado bem, principalmente filhote, não vai ficar destruindo a sua casa, roendo as suas coisas, ou ficar latindo em excesso, porque ele vai estar tranquilo. Além de isso ser bom para você, que não vai precisar repor as coisas que o cachorro destruiu, diminui também a probabilidade de que ele acabe comendo alguma coisa perigosa, que possa fazer mal para ele. Enquanto cães jovens expressam a sua frustração primariamente destruindo objetos, os adultos e idosos podem adotar comportamentos mais autodestrutivos: eles podem passar a se lamber obsessivamente, ou até mesmo a se morder, formando feridas de difícil cicatrização. A princípio, todo cachorro precisa de alguma dose de exercício, mas precisamos ter bom senso para respeitar os limites de cada um. Por exemplo, um cachorro com artrose pode ir passear? Não só pode, como deve. O movimento das articulações estimula a regeneração, e, com isso, ajuda a aliviar a dor e o desconforto que ele sente. Com certeza, um cachorro com artrose vai ganhar muito se for exercitado diariamente. Mas, é claro, este cão não vai conseguir correr. É preciso respeitar o ritmo em que ele consegue caminhar, e o tempo também. Pode ser que o seu cachorro antes fosse um atleta, e até mesmo praticasse agility, mas agora ele está velhinho e não aguenta mais do que uma volta na quadra. Tudo bem. Leve para dar uma volta na quadra, então. E um cachorro com problemas cardíacos? Bem, a não ser que o problema seja muito grave, ou que ele fique muito excitado durante os passeios, ele pode passear, sim. Mas também, com moderação. Tem que ser uma caminhada mais curta, num ritmo mais lento, sem grandes desafios. E, se durante o passeio, você perceber que ele está ficando para trás, que está tendo dificuldade, não force - é melhor voltar para casa e deixar ele descansar. E, em relação aos cachorros ditos “normais”, que, a princípio não têm problemas de saúde, o exercício está liberado? Pois bem, precisamos ter um pouco de cautela aí também. O que vamos falar a seguir é fundamental para os dog walkers, e também para tutores que gostam de sair com os seus cães para correr, andar de bicicleta, e fazer outros tipos de atividade de alta intensidade: Existe um problema chamado “intermação”. Vamos abordar este tema mais profundamente no Capítulo 12, mas, por hora, vamos focar em evitar que ele aconteça. A intermação acontece quando o cachorro fica superaquecido, não consegue perder calor direito, e entra em colapso. Isso é extremamente perigoso! Ela pode acontecer se um cachorro for levado para passear num dia que esteja quente demais, principalmente se o exercício for muito intenso ou muito prolongado. É exatamente isso o que acontece também quando alguém esquece um cachorro ou uma criança dentrode um carro fechado. Então, não se deve deixar um cachorro (ou uma criança) sozinho no carro, nem “só um pouquinho” enquanto se vai ao supermercado, ao médico, ou qualquer outro lugar. Se você for a algum lugar onde cães não possam entrar, é melhor deixar o seu cachorro em casa. Mas, voltando então aos passeios: tome cuidado, sempre, de escolher um horário mais fresco para passear com o seu cachorro - de preferência, de manhã cedo, ou no final da tarde. Pode ser a noite também, mas os cães são animais diurnos, e vão preferir sair durante o dia. Surge, então, a questão: “quer dizer que não posso levar o meu cachorro para passear no intervalo do almoço? ” Se você morar em uma cidade fria, onde as temperaturas raramente sobem demais, pode. Mas se você morar em um local quente e estiver fazendo 32ºC, é melhor não. Principalmente se o seu cachorro tiver focinho curto: os cães braquicefálicos (de focinho curto), como o boxer, o pug, o buldogue, o shi tzu, etc., são especialmente sensíveis à intermação. Aos dog walkers, fica a recomendação: quaisquer clientes que tenham cães braquicefálicos devem ter os seus passeios agendados sempre para os horários mais cedo ou mais tarde do dia, evitando-se os momentos de maior calor. Se estiver muito quente - e, em determinadas épocas, há dias que não refrescam nem durante a noite, então é importante moderar um pouco os exercícios. Mesmo um cachorro saudável e de focinho longo pode entrar em intermação se fizer muito exercício num dia quente. Além da intermação, passeios em dias muito quentes oferecem ainda um outro risco: as queimaduras em coxins (“almofadinhas” das patas). Os cães não usam sapatos (a maioria, pelo menos), e, ainda que os seus coxins tenham a função de proteger as patas, eles podem sim sofrer queimaduras se o asfalto ou a calçada estiver quente demais. Num dia quente, experimente pisar com os pés descalços no asfalto. Se estiver quente demais para você, considere que também está quente demais para o cão. Para prevenir queimaduras em coxins, tal como no caso da intermação, o ideal é evitar passeios nos horários mais quentes do dia. Se isso não for possível, o passeio deverá ser preferencialmente num local onde haja terra ou grama para o cão pisar – e os exercícios, moderados. Sapatos para cães também podem ajudar a proteger as patas em dias assim, embora muitos animais não se adaptem muito bem a eles. Os sapatos para cães são indicados principalmente para proteger as patas quando estão feridas, e também para caminhar sobre a neve. E, por fim, uma providência essencial: ao sair com o seu cachorro num dia quente, ou para um passeio mais prolongado, não esqueça de levar água para ele beber. Atualmente existem garrafinhas com potes embutidos para o cachorro beber água, potes dobráveis, e tem também cachorros que conseguem beber água diretamente de uma garrafa, se você virá-la com cuidado na frente dele. Uma garrafinha com água para os cachorros é um acessório fundamental que dog walker nenhum pode viver sem. Uso de Coleiras e Guias Agora que já falamos sobre a importância de se levar os cachorros para passear, e sobre os cuidados que a gente precisa tomar para que eles não passem mal durante o passeio, vamos para um outro assunto fundamental. Talvez até o mais importante no que se refere à prevenção de acidentes com cães: o uso da coleira e da guia. Existe uma infinidade de modelos de coleiras e de guias. Tem coleiras simples, tem os colares, peitorais, tem cabresto, e diversos outros tipos. As guias podem ser de nylon, de metal, de tecido, e de muitos outros materiais. Como o foco deste livro não é o adestramento em si, não entraremos em detalhes aqui em relação a cada tipo de coleira ou de guia, que é um assunto muito extenso. Mas o que posso dizer é o seguinte: escolha uma coleira ou peitoral para o seu cão que seja confortável e segura. Uma coleira que esteja frouxa, ou certos tipos de peitoral, podem simplesmente escapar do cachorro durante um passeio, o que é muito perigoso. E também tem cachorros que são especialistas em se livrar de coleiras e peitorais, então você pode precisar testar vários modelos com o seu cão até achar um que fique bem preso a ele, sem causar desconforto. Sobre as guias, o importante é que sejam fortes o suficiente para suportar um eventual tranco, ou puxão do cachorro. Então, elas têm que ser proporcionais ao tamanho dele. Algumas guias de nylon são muito fininhas, e servem só para cachorros pequenos, que não têm muita força. Já para um cachorro grande como um Rottweiller ou Dogue Alemão, você vai precisar de uma guia mais grossa, ou uma corrente. Diante disso, muitas pessoas podem pensar: “mas o meu cachorro é suuuuper educado, nem precisa dessas coisas! Anda direitinho ao meu lado! E também, ele é tão pequenininho que fico com dó de colocar.”. E se você me disser isso, só o que eu posso dizer é: pare JÁ com isso. Imediatamente, não faça isso NUNCA MAIS! E você que está lendo, talvez esteja pensando. “Nossa, mas que exagero! Eu vou continuar deixando o meu cachorro sem coleira, nunca aconteceu nada.”. Pois bem. Se não aconteceu nada, é porque não aconteceu nada ATÉ AGORA. Não significa que não vá acontecer. Eu me lembro de um caso de uma cliente cujo Cocker frequentava a minha pet shop em Curitiba semanalmente, para tomar banho. Por morar perto da loja, a tutora costumava levá-lo caminhando, e sempre sem coleira, apesar dos nossos avisos (meus e do meu marido, meu sócio na pet shop). Aquele cachorro era um amor, muito educado! Mas um dia, quando saiu para passear com ele, a tutora parou para conversar com uma amiga na rua e se distraiu. O cachorro também se distraiu, e continuou andando. Até que uma menina viu o bichinho andando sozinho, achou que ele estava perdido, e o levou embora. Não demorou para a tutora aparecer lá na loja desesperada, dizendo que tinha perdido o cachorro. Nós dissemos que iríamos fazer o possível para ajudá- la, e ela foi embora. A sorte foi que isso tudo aconteceu perto da nossa loja, e a menina que levou o cão passou por ali e anotou o nosso número. Então, pouco depois que a tutora dele foi embora, a menina nos ligou dizendo que tinha encontrado um cão exatamente como aquele que procurávamos. O meu marido, então, pegou o carro, foi até a casa da garota para buscá-lo, e devolveu para a tutora. Ela ficou extremamente agradecida! Foi sorte também que a moça que o encontrou se preocupou em devolvê-lo, muitas pessoas teriam simplesmente roubado um cachorro assim. Mas a história não acabou aí. Depois do susto, ela comprou um colar de identificação para ele - o que é ótimo - mas continuou andando com ele sem coleira, porque ele era tão educado. O que aconteceu naquele dia havia sido apenas uma pequena distração, um “ponto fora da curva”. E, quer saber o que aconteceu na continuação? Menos de um mês depois deste episódio, esse mesmo cão morreu atropelado. Ele já tinha 8 anos, e nada tinha acontecido até aquele momento. Mas, depois, aconteceu. Acontece. Quer mais um exemplo de como uma coleira com guia pode salvar o seu cachorro? Esse aconteceu comigo mesmo. Alguns anos atrás, eu tinha uma Poodle, a Shana. Um dia, eu saí para passear com ela, junto com a minha mãe. Ela também era muito educada, mas eu sempre tomei o cuidado de mantê-la usando uma peitoral com guia. Pois bem, naquele dia estávamos caminhando numa rua bem tranquila, quando alguma coisa - até hoje, não sei dizer exatamente o que foi - me fez olhar para trás. Talvez fosse o som da respiração do outro cachorro, talvez fosse um anjinho da guarda, não sei. Mas eu olhei. E lá estava um Pastor Alemão, em posição de ataque, com os olhos fixos na minha cadelinha. Não tive tempopara pensar, foi muito rápido. No momento em que vi aquele cachorro naquela posição, não tive dúvida: puxei a minha cadela pela guia mesmo, para o meu colo. Se eu fosse me abaixar para pegá-la, ainda que ela não fugisse pensando que era brincadeira, não daria tempo. Eu a levantei bem a tempo de evitar o ataque do Pastor Alemão, que veio com tudo. Alguns botes depois, todos direcionados especificamente para a minha cadela, ele finalmente parou. E apareceu o (ir)responsável pelo cão, que o recolheu. Duas lições aí: primeiro, se você tem um cachorro - e, principalmente se ele for grande e agressivo -, cuide para que ele não consiga escapar da sua casa. Era possível ver que a casa onde aquele Pastor Alemão morava até tinha uma área grande ao fundo, separada por um portão que podia ser fechado. Mas ele estava aberto, e o portão da frente da casa era bem baixo - o suficiente para o cachorro pular por cima e sair avançando nos outros. Faltou eles terem cuidado com isso. E a segunda lição é que, se a minha cadela estivesse sem guia, eu não teria conseguido evitar o ataque, e ela com certeza teria morrido ali mesmo. Aquele cachorro estava em modo de caça, ele estava determinado a pegá-la. Dava para ver que o foco dele estava todo nela, provavelmente teria sido mais difícil evitar o ataque se ele tivesse focado em mim ou na minha mãe. Deu para entender porque é tão importante manter o seu cachorro com guia e sob controle? Estou batendo nessa tecla porque este tema é MUITO importante, e porque é um erro muito comum, que a gente vê na rua o tempo todo, mesmo com gente que gosta muito dos seus cães. Aliás, principalmente com gente que gosta muito dos seus cães, a ponto de esquecer que eles são cachorros e que podem agir como tal a qualquer momento. Então, só para fechar este assunto, vou dar um último exemplo bem rápido. Este, na verdade, não é nem uma situação específica, mas várias situações que já aconteceram comigo repetidas vezes, que é: saio para passear com o meu cachorro, que é um Pit Bull, quando, de repente, surge um Pinscher muito valente querendo avançar nele. Estou falando de Pinscher, mas já aconteceu com Poodle, com Schnauzer, com tudo quanto é cachorro pequeno. Geralmente, são os pequenos que andam soltos “porque são tão bonitinhos”. E daí a ferinha vem, avançar num Pit Bull. Resultado? Bom, nesse caso, não acontece nada, porque o Paxá é extremamente paciente, e levanta a cabeça e conta até 10. O máximo que acontece é o tutor dele, que a essa altura já está branco de susto, desmaiar um pouquinho. Mas você não deve contar que todos os cachorros sejam iguais ao Paxá, alguns podem não gostar de levar desaforo para casa. “Aaaaah, mas se o cachorro é agressivo, ele deveria usar focinheira”. Provavelmente, mas vamos combinar que a gente sabe que a maioria não usa. E que é mais fácil evitar uma briga de cães se cada tutor mantiver o seu cachorro sob controle. Além do mais, se defender não é ser agressivo. E os parques de cães? Bem, os parques de cães são legais, mas sim, podem ser perigosos também. Geralmente, tem uma área gramada grande, às vezes tem uma cerca, e o risco de atropelamento, por exemplo, tende a ser baixo. Mas as brigas de cães acontecem, isso é fato. A pet shop que mencionei que eu tinha ficava bem pertinho do Museu Oscar Niemeyer. E quem é de Curitiba, com certeza sabe que logo atrás deste museu fica o Parcão – o parque de cães mais popular da cidade. É lindo de ver, todos aqueles cachorros brincando juntos. Mas não é raro dar briga ali. Alguns cães saem gravemente feridos, e até morrem! O problema é que nem todos os cães são bem socializados o suficiente para frequentarem este tipo de lugar, e acaba faltando um pouco de bom senso dos seus tutores. Se o seu cão tem algum tipo de agressividade, ou se você tem dificuldade para mantê-lo sob controle, não o leve a um lugar desses. Estou dizendo que ninguém nunca deve levar o seu cachorro a um parque de cães? Não. Mas, se for levar, primeiro certifique-se de que o seu cão seja realmente sociável e que você consegue controlá-lo mesmo se ele estiver num nível alto de excitação. Caso contrário, uma opção melhor pode ser uma creche para cães. As creches para cães têm o detalhe de serem pagas, mas são mais seguras também, por dois motivos: Primeiro, porque geralmente se exige que todos os animais sejam vacinados, desverminados e “despulgados”, o que é fundamental para diminuir a chance de propagação de doenças; e, segundo, porque os cães são separados conforme a sua capacidade de socialização, e são supervisionados por profissionais. Alguns lugares separam também por tamanho. Então, pode ser uma forma de você deixar o seu cão brincar com os amiguinhos de forma mais segura. Para finalizar, um último detalhe sobre coleiras e guias: coleira e guia servem para levar o cachorro para PASSEAR. Não serve para prender o cachorro em casa. Se você tem o hábito de deixar o seu cão preso na coleira em casa, construa uma cerca, um muro, ou um canil, mas não o deixe preso na coleira. Ficar preso assim é extremamente estressante para o cão. E, além do estresse imposto ao animal, existe um risco grande de ele se enroscar, e até se enforcar com a coleira! Estes enforcamentos acontecem principalmente quando o cachorro está muito assustado, por exemplo, por causa de fogos de artifício ou de trovões; mas, mesmo sem estes sons, o enforcamento é um risco que está sempre presente. Treinamento Já sabemos então a importância da coleira e da guia. Mas, se o seu cachorro vai andar sempre de coleira, é preciso adestrá-lo? A princípio, um adestramento formal não é obrigatório. Pode ser muito útil, mas, salvo alguns casos que vou mencionar em breve, você não precisa adestrar o seu cachorro se não quiser. Mas precisa, sim, treiná-lo para algumas situações. Como caminhar corretamente com a coleira, por exemplo. Um cachorro que puxa a guia durante o passeio está com problemas de comportamento, e isso pode ter consequências sérias. Além de afetar a sua posição como líder da matilha, aumenta bastante o risco de você eventualmente perder o controle, e o seu cão sofrer um acidente. Como o adestramento não é o foco deste livro, não entrarei em detalhes em relação às técnicas que podem ser usadas para corrigir este problema. Caso esteja passando por isso com o seu cão, você pode comprar livros, ou assistir a vídeos na internet que ensinam meios de fazer este treinamento. Se tiver dificuldade para pôr em prática, pode ser o caso de chamar um adestrador para te ajudar. Principalmente se o seu cachorro for grande, você precisa ter em mente que você não é um trenó: o cachorro precisa andar ao seu lado, e não te puxando. Nunca. Um outro treinamento que eu diria que é essencial, e que, a princípio, você não precisa de adestrador para fazer, é ensinar o seu cão a permitir que você mexa na comida dele, e que ele não pode pegar o que está na sua mão sem permissão. Este treinamento é bem mais fácil de fazer quando o cachorro é filhote, e também é mais seguro para você, especialmente se o seu cachorro for grande. E por que isso é importante? Porque, imaginemos, por exemplo, que alguém jogou um pedaço de carne no seu quintal. Ou em algum lugar por onde você esteja passando com o seu cão. E essa carne está envenenada. Se o seu cachorro for possessivo com comida, você não conseguirá impedir que ele coma o veneno. Isso independe do tamanho do cão, já que todos eles são muito mais rápidos do que nós, humanos. Então, ele precisa entender que, quando você disser para nãopegar a comida, não é para pegar a comida. E, se pegar? Se pegar, ele vai ter que largar sob comando. Em última instância, você deve ser capaz de colocar a mão dentro da boca do seu cão e tirar a comida lá de dentro sem ser mordido. Mas, antes que você faça isso em casa, é preciso deixar bem claro: eu só faço isso com os MEUS cachorros. Não se deve tentar tirar comida da boca de cães desconhecidos, caso se pretenda continuar com todos os dedos nas mãos. Idealmente, os cães devem ser treinados desde filhotes para aceitarem isso. Se o seu cachorro já for adulto, e fica agressivo quando alguém se aproxima da comida dele, você precisa trabalhar nisso. Não é bonitinho, nem para cães pequenos. Isso faz mal para o cachorro, podendo deixa-lo neurótico. A hora da refeição, ao invés de ser relaxante para ele, se torna um momento de estresse e tensão. Se ele for um cachorro grande, existe ainda o risco de que ele coma tudo muito rapidamente e sofra uma torção gástrica (falaremos mais sobre o tema no Capítulo 7). Além disso, ele pode morder alguém, ou ingerir um veneno que você já sabia que era veneno, mas não conseguiu impedi-lo porque ele tentou te morder. Caso esteja passando por este problema com o seu cão, você pode procurar a solução em livros sobre adestramento, ou chamar um adestrador. Por uma questão de segurança, um adestrador ou um especialista em comportamento canino podem ser mais indicados para corrigir o problema em cães adultos. Para filhotes, é bem mais simples. Por fim, existe um tipo de adestramento que pode ser fundamental em algumas situações: é o treinamento anti-envenenamento. E, para esse, você vai definitivamente precisar de um profissional. Não recomendo, em hipótese alguma, que uma pessoa leiga tente fazer isso sozinha. Este tipo de adestramento é muito sério, e deve ser muito bem feito. O que é o treinamento anti-envenenamento? É, obviamente, um treinamento que é feito para evitar que o cachorro seja envenenado. Basicamente, o cão precisa aprender a recusar todo tipo de comida que seja oferecida a ele, que não seja o “alimento certo”, e servido da forma correta. Exatamente qual será o “alimento certo” ou o jeito certo de servir, pode variar de um caso para o outro. O cachorro pode aprender, por exemplo, a só comer a comida que esteja no seu pote. E em nenhum outro lugar. Talvez ele só possa aceitar ração. Existem variações. Mas todo cachorro precisa disso? É claro que não. Você vai precisar treinar o seu cachorro para isso, por exemplo, se você sabe que existe um risco maior de alguém querer envenená-lo. Por exemplo, por causa de brigas entre vizinhos. Cães de guarda também precisam desse tipo de treinamento, para não serem enganados por ladrões. E também, os cachorros de algumas raças. Os Pit Bulls, por exemplo, têm uma fama muito ruim, e acabam sendo vítimas frequentes de envenenamento. No meu consultório, de longe, os Pit Bulls são campeões em envenenamentos. Já mencionei que um dos meus cães, o Paxá, é um Pit Bull. Então, talvez você queira me perguntar: “o Paxá tem treinamento anti-envenenamento? ” Não. Já pensei em fazer, mas não fiz. No caso do Paxá, que não é um cão de guarda, eu tomo o cuidado de não deixá-lo muito visível para as pessoas que passam na rua. Você pode fazer isso se tiver uma área fechada nos fundos da sua casa, ou colocando um muro. Se você conseguir manter o seu Pit Bull longe da vista de quem está andando na rua, com certeza vai conseguir diminuir muito as chances de que ele seja envenenado. Estou falando sobre Pit Bulls porque são a “raça da moda”, mas preste atenção, pois qualquer vira-lata que tenha cabeça grande passa facilmente por Pit Bull para quem não entende de cachorro - então, se o seu cão puder de alguma forma ser confundido com um Pit, é bom tomar cuidado. Outras raças grandes, ou ditas “agressivas” (não que necessariamente sejam, mas leve em conta a visão geral das pessoas), também precisam de um cuidado extra. Seja com o treinamento, seja com um muro que os deixem menos visíveis. Alimentação Independentemente de você fazer ou não o treino anti-envenenamento no seu cachorro, há também alguns cuidados que você deve tomar com a alimentação do seu cão. A primeira, e mais óbvia delas, é dar um alimento de qualidade. E o que é um alimento de qualidade? Pode ser uma boa ração, ou uma dieta caseira feita sob a orientação do seu veterinário. Existem inúmeras marcas de ração, e não é o nosso foco discutir aqui cada uma delas. As rações chamadas “Premium” e “Super Premium” são as melhores – e este tipo de ração você só vai encontrar para vender em pet shops e em boas casas de produtos agropecuários, não tem em supermercados. Elas têm alto nível de proteínas de qualidade, deixam a pelagem mais bonita, as fezes mais firmes e com menos odor, e mantêm o cão com boa saúde de forma geral. Mas, se você não tiver dinheiro para comprar uma ração dessas, pode comprar as de supermercado também - a maioria delas tem uma qualidade razoável. Mas, por favor, não compre “alimento para cães e gatos” vendido a granel, como já encontrei certa vez numa agropecuária. Aliás: não compre ração vendida a granel. Isso é, na melhor das hipóteses, um chamariz de baratas e ratos. Além disso, qualquer vitamina que a ração possa ter, acaba estragando só pelo contato com o ar. E, como se não bastasse, ao entrar em contato com a umidade normal do ambiente, a ração pode fermentar. Seja como for, a ração vendida a granel tem um risco alto de contaminação, e, portanto, de deixar o seu cão doente. O que pode ser considerado aceitável nesse sentido são aqueles estabelecimentos que fracionam a ração - com a devida higiene, é claro - em pacotes menores para serem vendidos. O problema disso é que, se você não conhecer bem a ração que está comprando, pode acabar levando gato por lebre. Mas se for uma loja de confiança, que você saiba que fraciona as rações com todos os cuidados de higiene, pode ser uma forma de comprar ração um pouco mais barata. O ideal é sempre comprar o pacote fechado, mas, como isso pode ficar um pouco caro para algumas pessoas, a ração fracionada é uma alternativa razoável. Mas, mesmo comprando o pacote fechado, existem riscos, que são os mesmos da ração comprada a granel. Como assim? Bom, você vai comprar o pacote fechado, mas eventualmente irá abri-lo para poder alimentar o seu cachorro, certo? Então, você precisa cuidar para que o pacote de ração aberto na sua casa não vire também um chamariz de ratos e baratas. E o primeiro passo para isso é comprar um pacote de tamanho compatível com o do seu cachorro. Sim, o pacote de 15Kg é proporcionalmente mais barato do que o de 1Kg ou o de 3Kg, mas calcule quanto tempo o seu cachorro vai levar para comer aquilo tudo. Comprar um pacote de 15Kg de ração para um Pinscher é pedir para a ração estragar antes de o cachorro conseguir comer tudo. Uma duração boa é de mais ou menos um mês. Um cão de grande porte (em torno de 30 Kg) consome em média 15Kg de ração por mês, se ela for de qualidade. Para a ração não estragar e não ficar exposta à contaminação nesse tempo, você precisa acondicioná-la do jeito certo - ou seja, num recipiente bem fechado e protegido, sem tomar sol ou umidade. A melhor coisa são aquelas caixas do tipo Tupperware, que ficam bem fechadas e protegem bem. Para cães de grande porte, você pode usar caixas organizadoras de 50 litros; para cachorros menores logicamente você pode usar caixas ou potes menores. Ocasionalmente, alguns fabricantes de ração dão essas caixas como brinde - e geralmente elas são muito boas e bonitas. O que você nãopode fazer é deixar a ração no pacote aberto. Nem fechado com grampo de roupa. Usar lata de lixo também não é legal porque não veda bem, e baratas e camundongos conseguem passar pelas frestas. Alguns leitores talvez estejam pensando – “Ok, ratos e baratas são meio nojentos mesmo, mas se isso acontecer, vai ter algum problema para o meu cachorro? “ Vai, sim. Ele pode pegar todo tipo de infecção intestinal, e o pior: leptospirose. Vale lembrar que leptospirose não é doença só de cachorro, passa para a gente também, e pode matar. Tenha em mente que, se tiver rato comendo a ração do seu cachorro, ele também deve estar bebendo a água dele, e fazendo ninho na sua despensa. É risco para a família inteira. Já esclarecemos então que a ração deve ficar guardada dentro de uma caixa bem fechada. Mas, e a ração que for servida para o cachorro? Não atrai ratos também? Se ficar ali disponível o tempo todo, atrai mesmo. E é por isso que você precisa aprender a calcular exatamente quanta ração o seu cachorro come, e definir horários para as refeições dele. Quando digo “calcular a ração”, não estou dizendo que você precisa saber exatamente quantos gramas ele come, mas tenha uma forma de medir - você pode usar um copo de requeijão como parâmetro, por exemplo. Quanto ele come cada vez? Meio copo? Um copo? Dois copos? Coloque sempre aquela quantidade, sempre nos mesmos horários, e, se sobrar ração depois de uns dez minutos, tire o resto e jogue fora. “Como assim, jogar ração assim no lixo? Mesmo se o cachorro não comeu? ” Sim, porque essa ração já ficou exposta à contaminação e está fermentando. Se ele for comer mais tarde, pode ter dor de barriga. E, se o seu cachorro estiver saudável, não se preocupe se ele acabar pulando uma refeição ou outra por conta disso, principalmente se ele não estiver acostumado a ter horários para se alimentar. Ele aprenderá rapidamente a nova rotina, e com certeza na refeição seguinte, ele vai comer. O ideal é que nunca sobre ração no prato. Se você não sabe ainda quanta ração dar, coloque a quantidade que está acostumado a pôr, ou a indicada na embalagem, e fique observando. Se sobrou ração, na próxima refeição, coloque menos. Se ele comeu tudo e continuou cheirando o pote, procurando por mais, coloque um pouco mais. Se ele comeu tudo e saiu tranquilo, então você deve ter acertado a dose. Continue dando essa quantidade. Esse cuidado simples com a ração ajuda a prevenir a obesidade, evita que o cachorro tenha infecções intestinais, mantém os ratos e baratas longe, e ainda regula o trânsito intestinal do seu cão. A dieta caseira também é uma opção muito boa. Mas é fundamental que essa dieta caseira tenha sido prescrita pelo veterinário que atende o seu cão, ou por um nutricionista veterinário. Isso porque dar uma dieta caseira para um cachorro não é sinônimo de dar restos de comida, muito pelo contrário: se você quiser dar comida “de verdade” para o seu cão, terá que cozinhar para ele. As necessidades nutricionais dos cachorros são muito diferentes das nossas, e, por isso, mesmo que a sua família tenha uma alimentação saudável, isso não significa que a comida que vocês comem irá nutrir bem o seu cachorro. Fora isso, alguns cachorros não podem comer determinados alimentos por conta de eventuais doenças que eles possam ter. Nestes casos, a dieta vai ter que ser adaptada. Além do fato que a dieta do seu cachorro deve ser prescrita por um profissional, os cuidados de higiene devem ser os mesmos que você tem com a sua comida, ou seja: use sempre alimentos frescos, limpos, e lave as mãos antes de começar a preparar. Quando o alimento estiver pronto, você deve guardar na geladeira ou no congelador. Uma ideia boa para poupar tempo é preparar uma quantidade grande de alimento e separar a em porções individuais, congelando tudo. Basta então aquecer na hora de servir. Para quem é adepto da Alimentação Natural, que é baseada em alimentos crus, os cuidados com a escolha dos ingredientes e com a higiene devem ser redobrados. Não compre carnes de fontes duvidosas, e que não tenham o selo de inspeção federal, estadual ou municipal. Uma carne sem inspeção tem um alto risco de transmissão de doenças, tanto para você quanto para o seu cachorro - por isso, não compre. E quais são os melhores horários para alimentar o seu cachorro? Os melhores horários serão aqueles que ficarem bons para você, que se encaixem na sua rotina sem que seja necessário ficar adiando ou adiantando com muita frequência. E, pelo menos, duas vezes ao dia. Para filhotes, pelo menos 3 vezes. Alimentar o cão uma vez ao dia dificulta a digestão do cachorro; e, se ele for um cão de “tórax profundo”, como o Fila, o Labrador, e outros cães de grande porte, isso pode custar a vida dele. Quem já assistiu ao filme “Marley & Eu” certamente se recorda do momento em que o Marley morre. Ele morreu por conta de um problema bem comum entre cachorros grandes, que é a torção gástrica. Ao comer muito rapidamente, o cachorro engole também muito ar, o estômago se dilata, e pode girar ao redor de si mesmo. É uma condição extremamente dolorosa, e que leva à morte rapidamente. Alguns casos podem ser resolvidos com cirurgia, como fizeram com o próprio Marley, quando ele teve o problema pela primeira vez. Mas, muitas vezes, o cão pode falecer antes mesmo de chegar ao veterinário. Ou, como aconteceu com o labrador do filme, a torção gástrica pode debilitar tanto o cão que, mesmo que ele chegue vivo ao consultório veterinário, pode não haver mais nada a ser feito. Comer uma vez ao dia não é a única causa possível para o problema, não tenho a informação de que tenha sido este o caso do Marley. Mas o fato é que esta é uma das causas mais comuns. O cão chega ao alimento tão faminto que come rápido demais - e o resultado é devastador. Agora, se você já alimenta o seu cachorro duas ou três vezes ao dia, e ele mesmo assim é muito afoito, existem alguns comedouros especiais, que têm obstáculos ou bolinhas dentro, e que irão obrigá-lo a comer mais devagar. Pode ser bem útil nesses casos. Outra dica é evitar exercitar muito o cachorro uma hora antes ou depois da refeição, para diminuir a chance de torção gástrica. Por fim, um pequeno adendo: algumas doenças podem fazer com que o cão sinta muito mais fome do que o normal. Se você acredita que o seu cachorro é muito “comilão”, e está sempre desesperado para se alimentar, fale sobre isso com o seu veterinário. Alimentos Tóxicos Dando continuidade ao tema da alimentação, a gente sabe que a maioria das pessoas costuma dar ração para os seus cachorros. Mas a maioria das pessoas também gosta de fazer um “agradinho” de vez em quando, dar um petisquinho, certo? Bom, não é proibido dar alguma coisinha ou outra para o cachorro de vez em quando, mas você precisa tomar o cuidado de não dar nada que seja tóxico para ele. Combinado? Para facilitar a sua “triagem” de alimentos e petiscos, preparei a lista a seguir com alguns dos principais alimentos proibidos para cachorros. Esta lista não é exaustiva, existem outros alimentos além destes que também pode fazer mal aos cães. Se estiver na dúvida se pode dar algo para o seu cachorro comer ou não, pergunte ao seu veterinário. • Alho (é seguro em pequenas quantidades) • Balas e chicletes dietéticos que contenham xilitol (adoçante) • Bebidas alcoólicas • Café • Carambola • Caroço de damasco, caqui ou de pêssego • Cebola (risco de anemia hemolítica) • Chá preto • Chocolate (risco de convulsões e arritmias cardíacas) • Folhas de ruibarbo e de tomate • Gorduras das carnes, como sobras de churrasco,por exemplo (risco de pancreatite) • Lúpulo • Macadâmia • Massa crua de pão ou bolo • Ossos de aves cozidos (risco de lesões e hemorragias intestinais) • Sementes de maçã e pêra • Uvas e passas (risco de insuficiência renal aguda) Plantas tóxicas Além de certos alimentos, existem também algumas plantas que podem fazer muito mal ao seu cachorro. A maioria delas são plantas ornamentais. Algumas são tóxicas por inteiro, e outras têm apenas algumas partes que são tóxicas. O copo de leite é um exemplo bem comum de planta ornamental que pode ser tóxica para cães. Veja abaixo a seguir uma lista de plantas tóxicas bem comuns, e verifique se tem alguma delas na sua casa. Se tiver, você pode tomar o cuidado de mantê-la num vaso longe do alcance do seu cão, pode colocar uma cerca ao redor da planta, se for no quintal, ou pode simplesmente retirar a planta. • Arnica (Arnica montana) • Arruda (Ruta graveolens) • Azaléia (Rhododendron simsii) • Babosa (Aloe vera) • Beladona (Atropa belladona) • Buxinho (Buxus sempervires) • Copo de leite (Zantedeschia aethiopica Spreng) • Coroa de Cristo (Euphorbia milii) • Espada de São Jorge (Sansevieria trifasciata) • Espirradeira ou Oleandro (Nerium oleander) • Hera (Hedera macrophylla) • Hibisco (Hibiscus spp.) • Hortênsia (Hydrangea macrophylla) • Ficus (Ficus spp.) • Jasmin manga (Plumeria rubra) • Lírio (Lirium spp.) • Maconha (Cannabis sativa) • Mamona (Ricinus communis) • Narcisos (Narcissus spp.) • Palmeira sagu (Cycas revoluta) • Samambaias (todas as espécies) Objetos Cortantes, Pontiagudos, e Corpo Estranho Linear Mas será que os únicos riscos na nossa casa são as plantas tóxicas e alguns tipos de alimentos? Na verdade, não. Principalmente para os filhotes e aqueles cachorros mais “enérgicos”, é preciso tomar ainda mais cuidado com as coisas que temos. Que coisas? Todas elas. Um cachorro, principalmente filhote, vai colocar virtualmente tudo na boca. A maioria dos adultos - com algumas exceções -, perde essa mania, mas, com filhotes, esse risco é constante. Eles comem tênis, brinquedos, meias, e qualquer outra coisa que esteja ao seu alcance. Isso pode incluir também fios elétricos, agulhas, enfeites, inseticidas, produtos de limpeza, e outras coisas bem perigosas. O cuidado que você precisa tomar é de manter os seus pertences longe do alcance do cão. E dar algo que ele possa mastigar, como brinquedos próprios para cães, e ossos. Exercitar o cão também diminui bastante este comportamento, pois ele fica cansado e não precisa descontar a frustração e energia acumulada nos seus sapatos. Procure esconder os fios elétricos e deixá- los fora do alcance do seu cão, usar calhas, ou qualquer outra forma de impedir o seu acesso. Se isso não for possível em certas partes da casa, então restrinja o acesso do cão a esses lugares pelo menos quando você estiver fora e não puder supervisioná-lo. Para fazer isso, você pode usar portõezinhos de segurança, ou, simplesmente, fechar a porta. É como ter uma criança: se algum lugar da casa oferecer um risco maior, então não podemos deixar que ela vá lá desacompanhada. E, tal como devemos fazer também com crianças, tome cuidado com panelas e objetos quentes na cozinha. Se houver uma panela quente em cima do fogão, certifique-se de que o cabo esteja virado para dentro. Assim, o cão não conseguirá derrubá-la se pular ou tentar alcançar com o focinho. Em relação às lixeiras, fique atento principalmente quando for jogar fora restos de frango. Os cachorros sentem uma atração fatal por frango, é quase irresistível para eles. E, dada a oportunidade, eles irão mexer lá para recuperar essa preciosidade que você descartou. A não ser que já esteja podre, o frango em si até não é um grande problema, mas os ossinhos, sim. Ossos de frango assados ou cozidos são extremamente perigosos! Quando estes ossos se quebram, eles o fazem em forma de bisel - ou seja, de agulha. E, uma vez engolidos, passam literalmente rasgando o intestino do animal. O sinal de que algo deu errado é quando encontramos o cão pálido e debilitado, e uma trilha de sangue pela casa. Hora de correr para o veterinário! O lixo pode conter ainda outras ameaças, tais como alimentos estragados ou contaminados, restos de produtos de limpeza, vestígios de inseticidas, e objetos que podem causar engasgos ou ferimentos. Procure manter a sua lixeira sempre fechada e fora do alcance do seu cão, para que a busca dele por “iguarias” não acabe se transformando em uma tragédia. Mesmo aqueles objetos mais comuns que os cachorros comem quando são filhotes podem também causar grandes estragos. As meias são os principais exemplos disso. Na verdade, meias, tecidos, fios, e outros objetos mais alongados, podem se transformar no chamado “corpo estranho linear”. O corpo estranho linear é alguma coisa - linear, ou alongada, como o nome já diz -, que se aloja no intestino do cachorro, acompanhando parte do seu trajeto. O grande problema é que ele faz então com que o intestino comece a se enrugar, assim como acontece com bolsas que são fechadas com cordões. Além de impedir o trânsito intestinal, dependendo da forma como ele ficou, ele pode impedir inclusive a circulação sanguínea. Isso pode acontecer tanto no meio do trato digestivo, como na hora em que o cão for defecar. Por conta disso, se você perceber que o seu cão está tentando defecar, mas há um pedaço de tecido ou um cordão que está com dificuldade de sair, não puxe. Se puxar, corre o risco de lesar seriamente o intestino dele. No capítulo sobre problemas digestivos, voltaremos a este tópico para que você saiba o que fazer numa situação dessas. Cuidados no Banho e Tosa e Consultório Veterinário Um outro ponto crucial na prevenção de acidentes com cães é na hora do banho. E isso vale especialmente para o banho e tosa! As dicas a seguir são fundamentais para tosadores e banhistas, assim como para aqueles tutores que levam os seus cães a pet shops para tomar banho. Em primeiro lugar, as gaiolas. A maioria das pet shops com banho e tosa usa gaiolas para colocar os cachorros. Tudo bem, nem sempre tem como evitar. Só que é importante que as gaiolas estejam limpas e desinfetadas, tenham tamanhos apropriados para cada tipo de cachorro, e, principalmente, que as grades tenham um espaçamento compatível com o seu tamanho. E que estejam inteiras, para não perfurar ou cortar nenhum bicho. Os cachorros pequenos podem prender, e até quebrar as patas, se o espaço entre as grades for inadequado para eles. E, se o espaçamento for grande demais, podem até escapar! Então, antes de colocar um cachorro, principalmente pequeno, dentro de uma gaiola, verifique se por acaso não tem perigo de ele prender uma patinha ali. Se tiver, forre com jornais, com um cobertor, ou tire a grade e deixe o cachorro diretamente em cima da bandeja, se ela for forte o suficiente para suportar o peso dele. Isso evita estresse para o animal, e uma conversa constrangedora entre o tosador ou o banhista e o tutor, na hora de devolver um cão que foi ferido pela gaiola. Por falar em tamanho de grades, um item que não pode faltar em qualquer pet shop com banho e tosa é um portãozinho de segurança para evitar fugas. Tem cães que pulam da mesa, que fogem da gaiola, que ficam estressados demais em gaiolas, enfim. que atire a primeira pedra o tosador que nunca teve um cachorro circulando na sua área de banho e tosa. Então, um o portãozinho de segurança é um investimento barato, necessário, e que poupa a todos de vários estresses e constrangimentos. Como mencionei, existem cães que sãomuito pequenos mesmo, a ponto de conseguirem escapar de gaiolas. Se for o caso, tenha pelo menos uma gaiola com tela na sua pet shop, para evitar que eles fujam. Para um cãozinho que conseguiu passar pelas grades da gaiola, passar pelo portão de segurança vai ser moleza. Na hora do banho, cuidado com a temperatura. Procure usar uma água morna, que seria agradável para um banho “de humanos”. Não corra o risco de queimar o seu cachorro, ou o do seu cliente, com água muito quente, ou pior: causar uma hipotermia porque a água estava gelada! Além do risco de realmente causar danos à integridade física do cão, se a água estiver muito fria ou muito quente, pode ter certeza de que ele irá passar o banho todo se debatendo. Você pode levar uma mordida, e o cachorro pode ficar com trauma de banho. Principalmente se você perder a paciência com ele. Paciência é um pré-requisito fundamental para quem quer trabalhar com cães. Pessoas que se irritam com facilidade com cães que ficam muito agitados ou que tentam escapar do banho, não deveriam trabalhar com banho e tosa. É como trabalhar com crianças pequenas: elas podem, e ocasionalmente irão, te tirar do sério. E é preciso ter paciência, toda a paciência do mundo. Se uma professora de pré-escola bate em uma criança, logo essa pessoa não deveria estar trabalhando com crianças. Da mesma forma, quem trabalha com cães e decide agredi-los fisicamente para descontar a sua frustração, deve definitivamente repensar a sua profissão. Cães no banho e tosa irão “testar” os seus tosadores e banhistas. Alguns cachorros gostam de banho, mas outros, não. E bater num cão que não gosta de banho não vai fazer com que ele passe a gostar, posso te prometer. Muito pelo contrário: se ele apanhar uma vez, na próxima - se é que ele vai voltar -, ele estará muito mais nervoso, e muito mais propenso a querer lutar, ou até mesmo, morder. À exceção de alguns “profissionais” que batem em cães, a pior coisa que pode acontecer no banho e tosa é a chamada “estufa”. Os tosadores e banhistas certamente já conhecem o termo. Para quem não conhece, vou explicar resumidamente. Como secar os cachorros pode ser algo muito demorado, e a rotina nas pet shops às vezes é bem corrida, alguns tosadores – felizmente, cada vez menos - colocam os cães dentro de um ambiente fechado e sem ventilação, como uma gaiola toda coberta com toalhas. E em seguida, ligam um secador lá dentro, para automatizar o processo de secagem. Geralmente, fazem isso mais com animais de pelo curto, que não precisam ser escovados ou desembolados. Isso é praticamente uma máquina de matar cachorros. Se algum tosador ou banhista já usou a técnica e não matou nenhum ainda, foi por sorte. Mas esta prática precisa ser banida. Já falamos sobre a intermação durante os passeios, ou dentro de carros fechados em dias quentes. Pois esta estufa é uma das melhores formas de se causar intermação num cachorro. Alguns tosadores/banhistas chegam a argumentar que, a cada X minutos, “dão uma olhadinha” para ver se está tudo bem. A verdade é que eles “dão uma olhadinha” para ver se o cachorro está seco. Sem dúvida, o cão estará ofegante, já que fica muito quente dentro da “estufa”. Para que ele entre em intermação, bastam mais alguns minutos. Caso seja preciso perder mais tempo para secar um cachorro ou outro, então perca mais tempo. Certamente os clientes preferem esperar um pouquinho a mais para poderem pegar de volta os seus cachorros vivos. Devo ressaltar que estou falando sobre as estufas improvisadas, que muitos tosadores e banhistas usam. As máquinas de secar cachorro são diferentes, e a maioria delas são seguras. As máquinas de secar usam vento com pressão para secar o animal, e este vento pode ou não ser aquecido. O melhor é que não seja aquecido, principalmente em lugares quentes; mas, se for, é importante ter um termostato. A gaiola deve ficar num lugar ventilado, nunca fechada com toalhas, e o uso deve ser supervisionado o tempo todo. Pode eventualmente ser uma opção para os cachorros que não permitem muita manipulação e para gatos. Por outro lado, se a secadora usar aquecimento, ela deve ser evitada para cães braquicefálicos (de focinho curto) ou aqueles que tenham uma tendência maior à intermação, por conta de doenças. Uma forma segura de secar os cães, mas que é um pouco mais demorada, é a secagem tradicional – com o uso do secador e do assoprador, mantendo o animal em cima da mesa de tosa. Enquanto o assoprador pode ser aproximado da pele sem maiores problemas, o secador deve ser mantido a uma distância segura e movimentado frequentemente, para que o calor não se concentre em uma única área. Para evitar queimaduras, mantenha a sua mão sempre no foco do secador, de modo que possa sentir a temperatura. Se estiver quente demais para a sua mão, afaste o secador e movimente-o para outra parte do corpo. Enquanto o cão é mantido sobre a mesa de tosa para a secagem/ escovação, ele não deve ser deixado sozinho ou sem supervisão em momento algum. Ele pode decidir pular da mesa ou cair dela, se estiver distraído. Ao cair, ele pode fraturar membros e até mesmo sofrer hemorragias internas. A guia da mesa de tosa não deve ser usada como forma de contenção para manter o cão sobre a mesa, mas apenas como auxílio no momento de posicioná-lo para a tosa. Se a guia for usada sem supervisão, uma possível queda fica ainda mais grave, pois há risco de estrangulamento. Use a guia com cautela, e mantenha-se o tempo todo próximo da mesa quando houver um cão sobre ela. Para não precisar se afastar da mesa, use uma mesa auxiliar ao seu lado para deixar todos os instrumentos necessários ao seu alcance. Algumas mesas de tosa já vêm com gaveteiros e/ou bandejas com essa finalidade. A higiene do banho e tosa é mais um quesito importante para manter a segurança e o bem-estar de humanos e cães. Um ambiente com alta concentração de animais e constante circulação é extremamente propício à disseminação de doenças e parasitas, especialmente se não forem tomados os devidos cuidados de limpeza e desinfecção. Todas as gaiolas, banheiras, mesas e superfícies devem ser limpas e desinfetadas após cada uso. As toalhas devem ser lavadas sempre com agentes desinfetantes (como água sanitária), sendo que deve haver no mínimo uma toalha limpa disponível para cada animal (não raro, um cão acaba usando mais de uma toalha). Os instrumentos também devem ser higienizados entre um uso e outro, para que não haja transmissão de parasitas e infecções entre os cães. Por fim, é preciso haver um cuidado especial também ao permitir a entrada de alguns animais em estabelecimentos de banho e tosa. Filhotes não vacinados, a princípio, não devem frequentar estes locais. É uma medida prudente apenas permitir no banho e tosa aqueles filhotes que já tenham tomado todas as vacinas básicas, para que eles não adoeçam. Devido à grande quantidade de cães circulando nestes ambientes, existe uma boa chance de que um filhote possa ser contaminado com alguma doença durante a sua estadia. No outro extremo, cães doentes ou recém-resgatados podem transmitir as suas doenças e parasitas aos demais. Se inevitável for, tanto filhotes não vacinados quanto cães doentes ou recém-resgatados apenas devem ser admitidos em estabelecimentos de banho e tosa se os seus tutores ou protetores puderem aguardar o banho para poderem levá-los para casa assim que ficarem prontos. Todos os equipamentos, instrumentos, e superfícies que entrarem em contato com um animal doente devem ser higienizados e desinfetados imediatamente. Estas são medidas que visam à preservação da saúde de todos os cães que frequentam o local.Vacinação e check-ups regulares Pensando na saúde dos animais, é recomendável que todo cachorro adulto, normal e saudável, seja levado ao consultório veterinário pelo menos uma vez ao ano. Isso considerando que ele não fique doente, é claro. Nessa consulta de rotina, o veterinário vai examinar o cão, pesar, e verificar se ele está realmente saudável. Normalmente, é também nessa consulta anual que são feitas as vacinas. Um cachorro idoso, idealmente, deve fazer um check-up semestral, porque os velhinhos podem ter doenças crônicas que devem ser detectadas bem no princípio para poderem ser tratadas com mais sucesso. As vacinas, no caso dos idosos, normalmente continuam sendo anuais. Poucas vacinas são semestrais. A da leptospirose, por exemplo, é uma delas. Mas você só deve vacinar o seu cão semestralmente contra a leptospirose se houver um alto risco de que ele pegue essa doença, justificando assim a vacinação. Se você morar no 15º andar, provavelmente não será necessário. Alguns leitores podem dizer: “não é necessário, mas é bom, né? ” Bom, há controvérsias. As vacinas são muito importantes, e você sem dúvida deve manter os seus animais vacinados. Mas vacinação em excesso também não é boa. Vacina também tem feito adverso. Inclusive, a vacina da leptospirose é uma das que mais causa reações adversas - e até por isso a vacinação semestral contra a leptospirose só deve ser feita para cães que vivem em áreas de risco. E mesmo a vacinação anual para a maioria das doenças já vem sendo questionada. Hoje em dia muito se fala sobre o fenômeno da supervacinação, que tem sido relacionada a diversos problemas autoimunes, alérgicos, e até mesmo à falência renal. Este assunto é muito extenso para discutirmos em um livro sobre primeiros socorros, cujo foco não é especificamente a vacinação. No meu livro “Meu Cão Velhinho – Um Guia Para Tutores e Amigos”, que deverá ser publicado em breve (verifique se já foi lançado no momento em que você está lendo esse livro), este tema é discutido com um pouco mais de profundidade. Por ser algo tão polêmico, fiz questão de incluir um capítulo inteiro com tudo o que os tutores precisam saber sobre vacinação para tomarem decisões bem informadas, seja na hora de vacinar filhotes, seja na hora de vacinar cães adultos ou idosos. Mas, para mantermos o foco atual, que é aprender a prevenir e também a abordar emergências que possam acontecer com os nossos cães, o que posso dizer por hora, é: vacine. Mas também questione. Sempre pergunte ao seu veterinário porque está dando esta ou aquela vacina, e procure realmente compreender, ao invés de simplesmente dar ao seu cão toda nova vacina que aparecer no mercado. Já existem exames de sangue que podem ser feitos para saber se o cachorro ainda tem imunidade para algumas doenças ou não. Conforme o resultado deste exame - se o seu cão ainda for imune, no caso -, pode ser totalmente plausível adiar uma dose de vacina com muita segurança. Não é uma medida para economizar dinheiro, já que os preços da vacina e do exame de sangue são bem parecidos. É uma medida para evitar a vacinação excessiva. Agora, já que estamos falando sobre vacinar ou não, e sobre a supervacinação, eu preciso fazer um alerta. Já ouvi muitas pessoas dizendo que “a raiva já foi erradicada do Brasil”, mas não foi. E não está nem perto de ser erradicada. A maioria dos casos de raiva é transmitida por morcegos, mas existem casos recentes de cães e gatos com raiva. Não muito tempo atrás, um menino faleceu no Nordeste por causa de raiva transmitida por cachorro. A raiva não tem cura, é uma doença grave e fatal tanto para humanos quanto para os animais, e está disseminada no país inteiro. Não é só em determinadas regiões, ou em áreas rurais, que existem morcegos: eles também estão nas grandes cidades, inclusive do Sul e do Sudeste. O que acontece é que a maioria das pessoas não os vê, mas eles estão lá. É importante saber também que não são só os morcegos hematófagos - aqueles que chupam sangue - que transmitem raiva. Qualquer tipo de morcego pode transmitir. Poucos anos atrás, houve um caso de um gato que morava num apartamento em São Paulo - capital -, e que foi contaminado por um morcego frugívoro (que se alimenta primariamente de frutas)! Se um morcego invade uma casa ou apartamento, tanto cães quanto gatos podem decidir caçá-lo. Ocorre uma briga entre os animais, e o resultado acaba sendo a contaminação de um animal de companhia pelo vírus da raiva. Então, independentemente de você viver na cidade ou no campo, em casa ou em apartamento: mantenha as vacinas antirrábicas do seu cachorro sempre em dia. Para finalizar o capítulo de prevenção de acidentes, não podemos deixar de mencionar a castração. Mas castrar um cachorro pode ajudar a prevenir acidentes e emergências? Sim. A castração dos machos diminui a agressividade ligada ao sexo e a dominância. Isso não quer dizer que um cachorro agressivo vai se tornar dócil só porque foi castrado, mas que ele vai deixar de disputar fêmeas com outros machos, inclusive os humanos. E isso vai diminuir brigas com outros cachorros, dentro ou fora de casa, principalmente nas ocasiões em que houver uma fêmea no cio por perto. Diminui também casos de abandono: Os comportamentos de cães que se agarram às pernas das pessoas fazendo atos libidinosos, ou que pulam no colo das tutoras sem deixar que outros (humanos ou cães) se aproximem dela causam incômodo e irritação em muita gente. Em alguns casos, o suficiente para que a pessoa decida abandonar o seu animal. Na realidade, estes comportamentos são dominantes, e servem para mostrar que quem manda é o cão. Não é que o cachorro que está se agarrando às pernas das pessoas seja tarado: ele é dominante. O que ele precisa, na verdade, é de um líder. Mas a castração ajuda a melhorar, porque diminui a dominância. Com isso, pode ficar um pouco mais fácil de corrigir esses problemas de agressividade ligada ao sexo e de se agarrar às pernas das pessoas. No caso das fêmeas, a castração previne tumores de mama, principalmente quando feita na cadela ainda jovem, e a piometra. Piometra é a infecção do útero, algo extremamente perigoso. A única forma realmente eficaz de se tratar uma piometra é com uma cirurgia de emergência, feita no momento em que for constatada. É uma cirurgia de alto risco e de alto custo, e a cadela pode morrer por causa da infecção ou por complicações tardias da piometra, como a insuficiência renal. Por ser um problema razoavelmente comum, entendo que é melhor castrar uma cadela enquanto ela é jovem e está apta a ser operada com segurança, do que esperar até o momento em que ela esteja completamente debilitada, e com uma infecção grave, para fazer uma cirurgia às pressas. Então, vem a pergunta: “mas não é bom tirar pelo menos uma ninhadinha?” Não. Isso não traz qualquer benefício à cadela. E nem para ninguém. Já existem cães abandonados o suficiente pelo mundo, sem que precisemos gerar ainda mais filhotes. Muita gente quer uma cria do seu cachorro porque gosta muito dele, e tem a impressão de que, desta forma, irá prolongar a sua existência. Como se um cão e o seu filhote fossem o mesmo indivíduo. Mas é preciso entender que o filhote do seu cachorro não vai ser o mesmo cachorro que você já tem; assim como você não é igual ao seu pai, mãe, ou irmãos. Nem mesmo um clone do seu cachorro seria exatamente o seu cachorro, tal como gêmeos idênticos são indivíduos diferentes. Mesmo com genética idêntica, gêmeos idênticos não são pessoas idênticas. Um filhote do seu cachorro será, portanto, um outro cachorro.Sendo assim, para quem quer ampliar a família canina, o melhor a se fazer é adotar. Se você fizer questão de acrescentar à sua família um novo cachorro da mesma raça que já tem em casa, então procure um para adotar, ou compre. Mas, se for comprar, por favor, seja criterioso ao escolher a origem do seu novo cão. Não compre de “cachorreiros”, ou de criações de fundo de quintal. Existem alguns poucos criadores idôneos, e estes criadores se preocupam com o bem- estar dos seus cães, com a alimentação deles, com a seleção genética, e também em oferecer um atendimento veterinário adequado para os seus animais. E isso tudo custa caro. Não necessariamente um filhote caro vem de um bom criador; mas, se for barato demais, desconfie. E, independente do preço, faça questão de ir pessoalmente conhecer o lugar onde os animais ficam, conheça a mãe do filhote que você pretende adquirir, e todos os cachorros do criador, para saber se você está realmente de acordo com a forma como aqueles animais são mantidos. O mundo é cheio de verdadeiras fábricas de filhotes! Se, para você, for muito caro comprar um filhote de um criador idôneo, então não compre. O que não podemos fazer é financiar o crime e toda uma indústria baseada nos maus tratos aos animais – ainda mais sob o pretexto de “amar os cães”, ou amar determinada raça! Uma conclusão importante que precisamos tirar é que é bom olharmos um pouquinho para o resto do mundo. O nosso tema é a prevenção e abordagem de emergências com cães, e é lógico que a maioria das pessoas que está lendo este livro tem os seus próprios animais em mente. Mas também podemos evitar que outros cachorros, além dos nossos, sofram. E não estou mais falando apenas sobre as fábricas de filhotes, estou falando também sobre as “ninhadas caseiras”, por assim dizer. Alguém que decida “tirar uma ninhada” do seu amado cachorro ou cadela, deve se lembrar de que a reprodução de cães envolve custos: desde os exames de acompanhamento da gestação até a alimentação, vacinação, e desverminação de todos os filhotes. Isso pressupondo que a cadela não tenha complicações na gestação ou no parto. E que ela sobreviva. Imagine que, a cada ninhada, serão em torno de 10 filhotes a mais no mundo procurando por um lar. Não é nada fácil doar uma ninhada inteira, mesmo que o seu cachorro seja de raça - porque, na hora em que os filhotes ficam prontos “para entrega”, boa parte das pessoas que disseram que ficariam com um durante a gestação da cadela, acaba mudando de ideia. Isso é fato. Vender é ainda mais desafiador, e pouco lucrativo se você não for um criador profissional. Mas, vamos supor que você consiga doar ou vender todos os 10 filhotes do seu cachorro, que não precisava ter tido cria por qualquer motivo em particular. Enquanto isso, outros 10 cachorros estão na rua, passando frio e fome, e esperando que alguém os adote. Se doar cães lhe parece um desafio interessante, talvez recolher os que estão na rua para doá-los possa ser melhor do que gerá-los. Capítulo 2. Kit de Primeiros Socorros Existem situações em que nem mesmo o melhor médico do mundo vai conseguir salvar uma vida se não tiver certos materiais em mãos. Este não é um livro de cirurgia, mas mesmo pequenos procedimentos podem exigir certos materiais para que consigamos prestar socorro adequadamente. Neste capítulo, você aprenderá a montar o seu próprio kit de primeiros socorros para que esteja realmente preparado para agir em situações de emergência. Alguns itens estão listados como opcionais, porque é possível sobreviver sem eles, mas, se tiver a possibilidade de adquiri-los, vale a pena. Se o problema for o custo do kit, deixe para comprar os itens opcionais em outro momento, aos poucos, conforme o seu orçamento permitir. A maioria dos itens não é cara, e vale o investimento! Nos apêndices deste livro, há um checklist com os itens necessários para a montagem do seu kit. Imprima-o para facilitar a compra dos materiais e a organização da sua caixa. Itens obrigatórios Pasta com documentos/ anotações. Na sua caixa de primeiros socorros, você precisa ter uma pasta com os documentos do seu cachorro (como carteira de vacinação e certificados), e todas as anotações de que você pode precisar numa situação de emergência. Isso vai incluir telefones de contato, doses dos medicamentos que ele toma ou pode precisar tomar, e um guia de primeiros socorros. Mas por que papel, se hoje em dia a gente tem tudo no celular? Porque estamos falando sobre situações de emergências e imprevistos. Pode ser que, no momento da emergência, o seu celular esteja sem bateria, perdido ou quebrado; pode ser que a internet esteja fora do ar, e pode ser inclusive que você nem esteja em casa. Talvez você esteja viajando, e quem vai precisar lidar com a situação seja a sua Pet Sitter, ou outra pessoa que ficou responsável pelo cão, e que não tenha essas informações no celular dela. Então, é bom ter tudo impresso e num local de fácil acesso, junto com as outras coisas do seu cachorro. Nos apêndices deste livro você encontrará folhas de contatos e de informações importantes sobre o cão para que você possa imprimir e colocar no seu kit. Termômetro O termômetro, logicamente, serve para medir a temperatura. Pode ser um termômetro simples mesmo, sem quaisquer sofisticações. Os mais práticos são os digitais, porque são mais fáceis de ler e são mais rápidos também. Mas você pode usar os de vidro se preferir. Você pode inclusive ter os dois tipos, para o caso de acabar a pilha do termômetro digital. Mas a bateria dura bastante, basta que você se lembre de checar de tempos em tempos. Tenha um termômetro só para o(s) cachorro(s), não misture com os seus. Coleira e guia extra Sim, você leu direito! É preciso ter uma coleira e guia a mais. A guia pode arrebentar, a coleira pode estragar, e você pode precisar repor imediatamente. Os Dog Walkers, em especial, devem sempre levar pelo menos um kit de coleira e guia consigo em todos os seus passeios. Uma boa ideia é comprar uma guia unificada, que é coleira e guia ao mesmo tempo. Ela é uma opção prática, barata, e que pode ser ajustada a diferentes tamanhos de cães. Certifique-se de que a sua guia sobressalente seja forte o suficiente para conter o mais forte dos seus cães; ou tenha uma para cada um, se forem de tamanhos muito diferentes. Focinheira A focinheira é um item essencial, mesmo para quem tem apenas cachorros mansos. Isso porque, em momentos de estresse, quando o cão está sentindo dor, ele pode reagir de forma mais agressiva e acabar mordendo. Para fazer curativos e outros pequenos procedimentos, uma das melhores focinheiras é a de plástico. É a que melhor dá segurança para quem estiver trabalhando, porque mantém a boca do cachorro toda protegida. No caso de cães de focinho muito curto, como os Shi-Tzu e Pugs, estas focinheiras não vão funcionar. Para este tipo de cachorro, compre uma focinheira de gato, que na verdade se parece com uma máscara. As focinheiras de gato geralmente são de nylon, e cobrem toda a cara do animal, mas tem um buraco na frente para ele conseguir respirar. Se o seu cachorro usa focinheira para passear, eu recomendo que você tenha uma focinheira para o passeio e outra para esse tipo de procedimento. Num passeio, que é algo que vai demorar mais tempo, e que demanda uma maior capacidade respiratória, a focinheira de plástico pode ser um pouco sufocante. Neste caso, prefira uma focinheira do tipo “gaiola” ou de nylon. A focinheira do tipo gaiola é interessante para passeios, porque não atrapalha em nada a respiração do cachorro; mas você deve prestar atenção ao formato da armação dela e ao ajuste na cabeça do seu cão, que deve ser perfeito para não machucar ou incomodar.Pinça A pinça poderá ser usada para retirar algum espinho, farpa, caco de vidro, ou talvez até mesmo um carrapato do seu cachorro. Existem pinças específicas para a remoção de carrapatos, sobre a qual entraremos em maiores detalhes adiante; mas, se não tiver uma específica, a comum pode quebrar um galho. A ideia é usar a pinça só para a remoção de pequenos objetos: se for algo muito grande, é melhor deixar para o veterinário. Tesoura de ponta romba A tesoura serve para cortar curativos, e eventualmente também para aparar os pelos do cachorro. É importante que seja de ponta romba, como as tesourinhas escolares, para não correr o risco de ferir o cão. Luvas de procedimentos As luvas de procedimentos são aquelas luvas de látex comuns, não estéreis. Elas servem para evitar que as suas mãos contaminem a ferida, ao mesmo tempo em que as protegem do contato com o sangue, urina, e secreções do paciente, prevenindo a transmissão de doenças. Você deve ter pelo menos dois pares de luvas de procedimentos no seu kit, mas, se preferir, é possível comprar caixas com dezenas delas a preços bem razoáveis em lojas de produtos hospitalares. Mas não esqueça: o uso de luvas de látex não dispensa o socorrista de lavar as suas mãos antes e depois do procedimento! Solução salina estéril Solução salina é o soro fisiológico. Ela se mantém estéril até que seja aberta. As suas principais finalidades serão lavar ferimentos e, eventualmente, os olhos também. Água oxigenada A água oxigenada pode ter duas funções - uma é a limpeza de ferimentos; e a outra, sobre a qual falaremos mais detalhadamente em outro momento, é para induzir vômito em casos de envenenamento. A indução do vômito requer critério e técnica adequada: não induza o vômito em cachorro nenhum sem antes ler o capítulo de Intoxicações e Envenenamentos! P.V.P.I. ou Antisséptico Tópico O P.V.P.I. é um antisséptico muito bom e barato para curativos. Pode ser encontrado em qualquer farmácia, e é muito útil para tratar ferimentos em humanos também. Caso prefira, pode usar outro tipo de antisséptico tópico – alguns são mais sofisticados, e vêm até mesmo com anestésicos locais, mas não é preciso comprar um produto muito caro. O PVPI funciona muito bem. Antisséptico ou Álcool em Gel para as Mãos Nada substitui a lavagem das mãos, por isso o ideal é usar o antisséptico em gel ou o álcool em gel, sempre depois de lavar as mãos. Mas supondo que você esteja acampando, ou na rua, e não haja uma torneira por perto, o gel pode ajudar. Lembre-se, é importante higienizar as mãos antes e depois de lidar com ferimentos, mesmo que você use luvas. Seringas Tenha dois tamanhos de seringa no seu kit: duas de 20mL, e duas de 5mL. Conforme o que for fazer, fica mais fácil com a seringa maior ou a menor. As seringas podem ser usadas para lavar as feridas, e também para dar medicamentos diretamente na boca do cão. Sem agulha, é claro. Curativos não aderentes Os curativos não aderentes podem ser encontrados em farmácias ou em lojas de produtos hospitalares. São úteis porque não grudam nas feridas, especialmente nas queimaduras. Tenha pelo menos 3 no seu kit. Rolo de algodão O algodão serve para limpar pequenos ferimentos, e também o termômetro. No caso de fraturas, pode ser usado para imobilizar os membros. Ataduras As ataduras serão usadas para fazer curativos. Na falta de uma focinheira, eventualmente também vocês podem improvisar uma usando ataduras: explicarei a técnica em mais detalhes no capítulo sobre contenção e segurança. Esparadrapo Para segurar os curativos no lugar. Vaselina A vaselina pode ser usada para lubrificar o termômetro. Em alguns casos também, ela pode ser usada para proteger ferimentos. Pó hemostático Encontrado em pet shops, ajuda a parar pequenos sangramentos - por exemplo, se sangrar na hora de cortar as unhas, ou se o cachorro tiver um corte superficial. Não consegue conter hemorragias severas, mas ajuda bastante nos ferimentos menores. Medicamentos de uso contínuo Quais medicamentos especificamente você precisará ter, vai depender de cada caso. Se o seu cachorro não usa nenhum medicamento continuamente, não precisa ter, é claro. Mas, se ele usa, tenha sempre uma reserva ali para pelo menos uma semana. Assim, se algum dia você se esquecer de comprar mais, se não encontrar na farmácia, ou qualquer outro problema, você garante que não irá faltar. Preste atenção ao prazo de validade. Antialérgicos, Analgésicos, e Outros Medicamentos Prescritos Caso o seu veterinário já tenha lhe prescrito alguma medicação que o seu cão possa precisar usar esporadicamente, faça uma pequena reserva deste remédio também. Novamente, fique atento ao prazo de validade. Mel ou Karo ® Este item é específico para cães diabéticos. Se o seu cão não tem diabetes, então não há qualquer necessidade; mas, se ele for diabético, então o mel ou o Karo ® são definitivamente itens obrigatórios no seu kit de primeiros socorros. Uma boa ideia pode ser comprar alguns daqueles sachezinhos de mel, que serão suficientes caso ele sofra uma crise de hipoglicemia. Itens Opcionais Colar elisabetano É o famoso “abajur”. Ele é útil para evitar que o seu cão arranque curativos, coce feridas, e assim atrapalhe a cicatrização. Em algumas situações, o colar elisabetano também funciona como uma ferramenta de contenção que substitui a focinheira. Se o curativo não for na cabeça por exemplo, basta que alguém segure o cão pelo colar, mantendo a sua cabeça no lugar, e assim ninguém será mordido. É claro que, para isso, o colar tem que estar bem preso. O ideal é usar uma coleira para prender o colar no lugar, mas, se não tiver, pode usar um fitilho também. Coloquei este item como opcional porque, tendo uma focinheira, você conseguirá fazer a abordagem inicial com tranquilidade. Depois, para a manutenção do curativo, você terá tempo de ir a uma pet shop e comprar o colar, se precisar. A minha principal recomendação em relação ao colar é: se precisar de um colar elisabetano, compre, não improvise. É barato e vale a pena. Já vi “colares” improvisados com cano de PVC. Isso fica extremamente desconfortável para o cão, e pode causar problemas de pele pelo atrito constante do cano com a pelagem. Lágrima artificial Novamente, temos um item que pode ser substituído em casos de emergência. Claro, se o seu cão tiver olho seco, você deve ter sempre um frasquinho reserva; mas se não for o caso, supondo que você precise lavar os olhos do seu cão porque caiu alguma coisa dentro deles, pode-se usar o soro fisiológico, ou até água. A lágrima artificial é mais indicada, por isso coloquei como opcional, mas não vai fazer mal algum lavar os olhos com soro fisiológico numa situação de emergência. Bandagem adesiva A bandagem adesiva (Vetrap ®) é muito legal porque protege o curativo, ao mesmo tempo em que diminui bastante a chance de o cão conseguir destruí- lo. Ela é elástica, bonita e dá um ótimo acabamento. Mas ela também é um pouco mais cara (em torno de R$9,00 por rolo), então, apesar de ser “bom” ter, não é essencial. Se não tiver, você pode usar esparadrapo mesmo para fixar a atadura. Micropore O micropore é parecido com o esparadrapo, porém mais fino e menos agressivo com a pele, então é mais fácil de tirar sem machucar. Só que ele também gruda menos, então não é possível usá-lo para fixar uma bandagem. O micropore é útil para pequenos curativos, para proteger cortes cirúrgicos, ou até para improvisar um band-aid. Ele também é um pouquinho mais caro do que o esparadrapo, e, como dá para sobreviver sem ele, coloquei também como opcional. Removedor de carrapatos Este é mais um item que você consegue substituir por outros, mas
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