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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 50º VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – ESTADO DO PARANÁ. Autos n° ...... REDE DE TELEVISÃO OSMOSE E SANDRA DOS SANTOS, já qualificada nos autos, por meio de seu advogado que ao final subscreve, vem nos autos da Ação de Indenização movida por Joana da Silva, inconformada com a sentença de fls. ..., interpor RECURSO DE APELAÇÃO, o que faz com fulcro no artigo 1.009 do CPC, demais legislação aplicável à espécie e pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. Requer seja determinada a intimação da parte contrária para, no prazo legal, apresentar contrarrazões ao recurso, nos termos do artigo 1.010, § 1º, do CPC. Termos que, Pede Deferimento. Curitiba, ... de junho de 2020. ADVOGADO OAB/Estado EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ. RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO. Pelos Apelantes: REDE DE TELEVISÃO OSMOSE E SANDRA DOS SANTOS. Apelada: Joana da Silva. Eméritos Julgadores! I-PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. a) Cabimento. O presente recurso é cabível, ante sentença prolatada pelo juízo de 1º grau, nos termos do art. 1009, do CPC. b) Tempestividade. É tempestivo o respectivo recurso, pois interposto dentro do prazo de 15 dias previsto no artigo 1.003, § 5º, do CPC, sendo que a intimação da sentença ocorreu no dia 14 de maio de 2.020. c) Preparo. As apelantes, segundo as disposições do art. 1007 do CPC, juntam neste ato as guias de pagamento referentes ao preparo do recurso, conforme comprovantes em anexo. II- A EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO. Inicialmente, a apelada ajuizou ação de indenização em face dos apelantes, alegando, em síntese, que a primeira apelante teria veiculado notícia divulgada pela segunda apelante, em rede nacional, notícia que deturpava a imagem da apelada e que teria gerado danos morais na sua pessoa. Pleiteou a condenação das apelantes, solidariamente, ao pagamento de indenização em danos morais. As apelantes contestaram a ação, alegando que não houve dano moral, mas que a segunda apelante apenas teria exercido o seu direito de liberdade de expressão e manifestação de pensamento. Alegaram que a reportagem teria apenas a finalidade de informar, e não de denegrir a imagem da apelada. Impugnaram todos os fatos alegados na petição inicial. Após, a apelada impugnou a contestação apresentada. Ocorre que, o juízo da 50ª Vara Cível de Curitiba-PR, julgou procedente o pedido, reconhecendo o dano moral praticado pelas apelantes, condenando-as, solidariamente, a efetuarem o pagamento de indenização no valor de R$ 50.000,00. Condenou ainda as apelantes ao pagamento das custas e despesas processuais, e honorários advocatícios, no percentual de 15% sobre o valor da condenação. Com o devido respeito, a sentença está equivocada e deve ser reformada, como abaixo passa a expor. III- AS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA. a) DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DAS APELANTES. Com o devido respeito, a sentença proferida pelo juízo “a quo” está equivocada e deve ser reformada, pois ausente a responsabilidade civil das apelantes. Com a finalidade de informar, as apelantes exerciam seus direitos de liberdade de expressão e manifestação de pensamento, sem qualquer intenção de denegriar a imagem da apelada, conforme documentos probatórios juntados aos autos, que trazem a matéria objeto desta demanda, assim como outras reportagens similares, mas sem repercussão judiciária. Ainda, encontram-se juntadas aos autos provas orais e demais peças que comprovam a real finalidade das apelantes, assim como declarações de compromisso com a verdade e idoneidade das partes apelantes. Cabe reafirmar, é indiscutível que a Constituição Federal garante o direito de livre expressão à atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, nos termos dos artigos 5º, inciso IX, e 220, §1º e 2º. Assim sendo, requerem seja dado provimento ao presente recurso para reformar a sentença proferida, afastando o dever de indenizar. b) DO ELEVADO VALOR DA CONDENAÇÃO. Como demonstrado acima, ausente o dever de indenizar, pois não há que se falar em responsabilidade civil no presente caso. Ocorre que, para configuração do dano de natureza moral faz-se necessário a existência de seus pressupostos. Conquanto, nesse viés, cinge-se em verificar se, inobstante a decisão judicial, houve ou não mácula na honra objetiva da recorrente ao ponto de configurar hipótese de ação indenizatória por danos morais, sujeita, por sua natureza, ao regime da responsabilidade subjetiva, fazendo-se necessário, portanto, para que daí decorra o dever de indenizar, a coexistência dos seus requisitos, quais sejam, o ato praticados pelo agente, o dano, o nexo de causalidade entre ambos, além do dolo ou culpa do seu causador. Sendo assim, há que se submeter o caso concreto à verificação de existência de tais requisitos, a partir, evidentemente, do acervo probatório que deverão compor os autos. No que tange à responsabilidade extrapatrimonial, constantemente nominada de dano moral, cumpre, inicialmente, conceituar o instituto nas palavras da renomada civilista Maria Helena Diniz, como sendo “lesão a um interesse qye visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos de personalidade (...) ou nos atributos da pessoa” (Curso de Direito Civil, 17ª edição, v. VII). Por sua vez, para que se possa admitir a existência do dano moral, é preciso a comprovação inequívoca da existência da ofensa ou vexação sofrida. Nos termos do artigo 944 do Código Civil: “Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.” Complementa, a supramencionada doutrinadora, essa questão, posicionando-se da seguinte forma: “O dano moral, no sentido jurídico não é a dor, a angústia, ou qualquer outro sentimento negativo experimentado por uma pessoa, mas sim uma lesão que legitima a vítima e os interessados a reclamarem uma indenização pecuniária, no sentido de atenuar, em parte, as consequências da lesão jurídica por eles sofrido”. Noutro pórtico, convém registrar que, para se configurar o dano moral, não é suficiente a mera irritação ou simplesmente um aborrecimento que faz parte do dia a dia do homem médio. Pois, caso fosse possível, estaria se criando um desequilíbrio nas relações sociais, onde qualquer situação contrária à vontade do cidadão ensejaria a referida indenização, banalizando-se o próprio significado do conceito de dano moral e fomentando a indústria da indenização por dano moral. Contudo, caso não seja este o entendimento do juízo, constata-se que o valor arbitrado a título de indenização por danos morais se mostra excessivo. Isto porque arbitrado em valor desproporcional e incompatível com os fatos e provas produzidas nos autos. Assim sendo, alternativamente, requer seja dado provimento ao presente recurso para reformar a sentença proferida, para reduzir o valor arbitrado a título de danos morais. IV- DO REQUERIMENTO. Pelo exposto e mais pelo que será suprido pelo notável saber jurídico de Vossas Excelências, requer seja conhecido o presente recurso, e dado provimento para reformar a sentença, para o fim de afastar a condenação das apelantes ao pagamento de indenização, com a inversão do ônus de sucumbência. Quando não, requer seja dado provimento ao presente recurso, para o fim de reduzir o valor da condenação, tendo em vista que se mostra elevado se consideradas as peculiaridadesdo caso concreto. Requer a condenação da apelada ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos do artigo 85, § 1º e § 11º do CPC. Termos que, P. Deferimento. Curitiba, ... de maio de 2020. ADVOGADO OAB/ESTADO
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