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Tipos e Gêneros Textuais na Pedagogia

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PEDAGOGIA • UNIVALI 
São objetivos desta unidade:
• interpretar o texto como instrumento de comunicação e perceber suas 
intenções comunicativas;
• distinguir as características dos tipos e dos gêneros textuais;
• aplicar as diferentes formas de estruturação dos parágrafos;
• distinguir textos literários e textos não literários. 
A Leitura de todos bons livros é como uma conversa com os melhores 
espíritos dos séculos passados, que foram seus autores, e é uma conversa 
estudada, na qual eles nos revelam seus melhores pensamentos. 
(RENÉ DESCARTES, 1596 – 1650). 
 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INICIANDO O TEMA
2 UNIDADE 2Tipologias textuais egêneros textuais
Profa. Maria Cristina Kumm Pontes
PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
2
Na unidade anterior, trabalhamos com os conceitos de Leitura e de texto, e também 
discutimos que, para que ela seja realizada com sucesso, há necessidade de o leitor ter 
desenvolvido um acervo de informações em sua memória e de ter elaborado estratégias.
Agora, chegou o momento de analisarmos o interior dos textos, revendo as estruturas 
textuais que aparecem com mais frequência em nosso cotidiano. Além disso, focaremos 
nossa atenção na estrutura discursiva do texto, naquilo que ele quer comunicar e em 
como se estrutura para fazer isso!
E, para continuarmos nossa viagem, vamos conhecer um pouco melhor a estrutura 
interna dos textos.
2.1 Os textos e suas intenções comunicativas
Os textos estão a nossa volta em todos os lugares – na rua, no mercado, nas praças, 
no ônibus, nos panfletos e anúncios publicitário, na TV. São textos de todos os gêneros, 
tipos, formatos e com funções comunicativas distintas.
A intenção para se elaborar um texto é basicamente simples: quem o elabora quer 
comunicar algo a alguém. Mas o formato do texto, o seu tipo e o seu gênero dependerão 
da intenção comunicativa que se tem. Há textos que nos relatam algo que acabou de 
acontecer ou um fato ocorrido há muito tempo. Há outros que apresentam os detalhes de 
uma paisagem, ou as características psicológicas de uma personagem. E há ainda aquele 
texto que expressa uma opinião ou que tenta nos convencer de algo. Há os textos orais, 
os escritos e os que não usam palavras. Há os literários, que trabalham a beleza e a magia 
das palavras; e outros mais objetivos, técnicos e impessoais. 
Mas não podemos esquecer, ainda, que há textos para serem simplesmente lidos, 
como esse:
O ensino da técnica narrativa cai com facilidade nas fórmulas prontas e em 
análises superficiais de obras consagradas. Da teoria descontextualizada 
à pura receita (não raro com tons de autoajuda), poucos nesse segmento 
são capazes de fundir essas duas instâncias no ensino da arte de escrever, 
e ainda assim manter com dignidade um papel renovado para a tradição 
crítica da melhor estirpe. [...] (MURANO, 2011, p. 28).
 
3PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
E há textos para serem lidos com expressão, em voz alta, para si ou para outro 
ouvinte, como um poema.
[...] Sou um caboco rocêro
Sem letra e sem instrução;
O meu verso tem o chêro
Da poêra do sertão;
Vivo nesta solidade
Bem destante da cidade
Onde a ciença governa.
Tudo meu é naturá,
Não sou capaz de gosta
Da poesia moderna. [...] 
(ASSARÉ, 2011, p. 66).
Mas ainda há textos para serem cuidadosamente vistos, observados, admirados.
Figura 1: O livro árvore, de Salvador Dali.
Fonte: <http://washingtonallifer.wordpress.com/2010/09/22/
obras-de-salvador-dali/>.
PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
4
São diferentes textos, com diferentes estruturas e diferentes objetivos. 
Entretanto, mesmo havendo um número incontável de textos, existe algo em comum 
entre eles que está na base de sua organização interna.
Para compreendermos ainda melhor, precisamos seguir uma ordem em nossa análise. 
E, para isso, é necessário ter em mente que existe uma diferença significante entre a 
expressão escrita e a expressão oral, e que para a produção escrita, o escritor deve estar 
atento às variadas técnicas de redação, dependendo dos objetivos que ele traçou para 
seu texto.
E, para iniciarmos nossa análise, precisamos entender certos conceitos, como os de textos 
literários e os de textos não-literários.
Os primeiros, por serem considerados textos artísticos, não visam apenas à transmissão de 
pensamentos. Esses textos objetivam, segundo Santos (2002, p. 33), a recriação e a interpretação 
da realidade do artista. 
São exemplos de textos literários as obras de Shakespeare, de Drummond, de Cecília 
Meireles e de Joaquim Manuel de Macedo, entre outros. E é um trecho de uma das mais célebres 
obras de Macedo, A Moreninha, publicada em 1844, que você lerá a seguir:
[...]
Era uma gruta pouco espaçosa e cavada na base de um rochedo que dominava o 
mar. Entrava-se por uma abertura alta e larga, como qualquer porta ordinária. 
Ao lado direito havia um banco de relva, em que poderiam sentar-se a gosto três 
pessoas; no fundo via-se uma pequena bacia de pedra, onde caía, gota a gota, 
límpida e fresca água que do alto do rochedo se destilava; preso por uma corrente 
à bacia de pedra estava um copo de prata, para servir a quem quisesse provar da 
boa água do rochedo.
Foi este lugar escolhido por Augusto para fazer suas revelações à digna hóspeda. 
O estudante, depois de certificar-se de que toda a companhia estava longe, veio 
sentar-se junto da Sra. D. Ana, no banco de relva, e começou a história dos seus 
amores.
[...] (MACEDO, 1994, p. 51).
É muito importante que você saiba que podemos 
classificar os textos de diferentes formas, seja pelo 
objetivo do escritor, pela organização discursiva que 
recebeu, pela função comunicativa que exerce, pelo 
formato, pela linguagem, e por uma série de outras 
categorias. 
ATENÇÃO
 
5PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
Os textos não-literários, por sua vez, estão preocupados com a exatidão, com o 
“comunicar corretamente dados corretos” (SANTOS, 2002, p. 33), como acontece com as 
dissertações de mestrado, com as teses de doutorado e com os artigos científicos, que 
comunicam os resultados de pesquisas realizadas, e, ainda, com as bulas de remédio, os 
dicionários e manuais de instrução.
Agora, talvez você esteja se perguntando: e onde entram aquelas outras formas de 
textos – narração, descrição e dissertação – que aprendemos na educação básica? 
Para facilitar nosso entendimento geral sobre a classificação dos textos, vamos 
chamá-los aqui de organizações discursivas, pois elas são, na verdade, a forma como 
o nosso discurso é organizado para transmitir determinada informação com objetivos 
específicos. 
Essas organizações não são exclusivas de textos 
literários – elas podem aparecer em diferentes gêneros 
textuais como, por exemplo, em tratados médicos, 
em regulamentos, e em outros textos de caráter mais 
técnico e científico; e também em textos de caráter 
pessoal, como as cartas e os diários.
Vamos conhecer mais detalhadamente as 
características básicas de cada uma dessas formas de 
organização discursiva?
 
ATENÇÃO
O termo Discurso possui várias acepções. Discurso 
aqui é entendido em um sentido mais amplo 
que aquele comumente utilizado de se falar em 
público. Ele está relacionado ao texto falado ou 
escrito em que o emissor, por meio de palavras 
e sequência de frases, comunica algo a seu 
interlocutor. Ou seja, significa um evento de 
comunicação, um sistema social de pensamento e 
ideias.
É importante que 
você esteja com 
seus conhecimentos 
sintonizados no 
conteúdo. Por isso, 
quero convidá-lo a 
assistir ao vídeo 4.
VÍDEO
PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
6
2.1.1 A narração
A narração é a organização discursiva que dá ao texto a estrutura para relatar 
eventos, fatos ocorridos ou apenas previstos, sejam eles reais ou fictícios. 
Um bom exemplo de texto narrativo é a fábula, como a que você lerá a seguir e cuja 
autoriaé atribuída a Esopo, fabulista grego que viveu em 620 a.C. 
A Águia e a Gralha
Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, 
num fulminante voo rasante e certeiro, capturou uma 
ovelha e a levou presa às suas fortes e afiadas garras.
Uma Gralha, que a tudo testemunhara, tomada de 
inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa. 
Ela então voou para alto e tomou impulso. Então, com 
grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha com a 
intenção de também carregá-la presa às suas garras. 
Ocorre que suas garras, pequenas e fracas, acabaram por 
ficar embaraçadas no espesso manto de lã do animal, e 
isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse 
com todas as suas forças.
O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, 
capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que 
não pudesse mais voar. 
À noite a levou para casa e entregou como brinquedo 
para seus filhos.
“Que pássaro engraçado é esse?”, perguntou um deles.
“Ele é uma Gralha, meus filhos. Mas se vocês lhe 
perguntarem, ela dirá que é uma Águia.”
Moral da História:
Não devemos permitir que a ambição nos conduza 
para além dos nossos limites. (ESOPO, 2017). 
O texto que você acabou de ler relata um evento que aconteceu durante o encontro 
das personagens na história, e é marcado pelas ações que eles executaram (voar, capturar, 
agarrar, cortar, levar,...) em um dado período de tempo e em um determinado local, 
características pelas quais podemos classificar esse texto como uma narração.
Figura 2: Águia e Gralha.
Fonte: <http://www.correiodeuberlandia.com.
br/colunas/esta-escrito/a-aguia-e-a-gralha-2/>.
 
7PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
Embora as características típicas dos textos narrativos sejam a presença de 
enunciados que determinam o estado e a ação dos personagens e a existência, mesmo 
que não claramente expressa, de local e tempo, elas não dão conta de expressar tudo o 
que há em uma narrativa. 
Segundo Savioli e Fiorin (2007, p. 56), a evolução de uma narrativa se dá por meio 
de seus enunciados, que podem ser agrupados em quatro fases distintas. Elas são:
a. Manipulação: considerada a parte da narrativa em que um dos personagens 
induz o outro a executar alguma ação que queira ou deva fazer. No exemplo da 
fábula de Esopo, a manipulação estava presente no momento em que a Gralha, 
imbuída de inveja da Águia, sentiu-se provocada e quis fazer o mesmo que sua 
antagonista. 
b. Competência: momento da narrativa em que a personagem demonstra que sabe 
e que consegue fazer o que lhe é de desejo ou proposto. No caso a Gralha, ela 
alçou voo em direção à ovelha para capturá-la com as garras, como fazia com 
animais menores.
c. Performance (desempenho): momento em que a ação realmente é colocada em 
prática, em que a personagem realiza aquilo que havia se proposto a fazer, mas 
também é o momento em que a ação pode, por algum motivo, fracassar e dar 
outro rumo à história. No caso de nossa fábula, a personagem fracassou, pois 
não considerou que a ovelha era maior que ela e, por isso, sua performance 
não teve os resultados positivos que esperava. Sanção: considerada a última 
fase da narrativa, é o momento em que a personagem recebe sua premiação ou 
seu castigo. Geralmente está colocada no final dos textos, mas pode servir de 
abertura para que se desencadeie a narrativa por meio de um retorno psicológico. 
No texto em análise, a personagem recebeu, por sanção, o castigo de ter as asas 
cortadas e de servir de brinquedo para os filhos do fazendeiro.
Os gêneros literários podem ser classificados em três 
grupos: épico, lírico e dramático. Para conhecer 
mais sobre a estrutura narrativa e todas as suas 
peculiaridades, sugiro que você consulte o livro Como 
Analisar Narrativas, de Cândida Vilares Gancho. O livro 
faz parte da Série Princípios da editora Ática. 
SAIBA MAIS
PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
8
Há textos narrativos que fazem uso abundante de palavras, como os contos, músicas, 
poemas e notícias, e aqueles que usam poucas ou nenhuma palavra expressa, como os 
filmes mudos, as charges ou histórias em quadrinhos. Nestas, por exemplo, as ações, o 
espaço e a progressão temporal são representados claramente pelas imagens. 
Figura 3: Imagem de história em quadrinho sem falas.
Fonte: <http://alfabetizandocommonicaeturma.blogspot.com/>.
Independentemente do gênero textual, a narrativa possui alguns elementos 
essenciais, que são:
Narrador: aquele que conta a história e que pode ou não ter participação nela. É 
essa posição como ator ou observador que define se a narração será feita em primeira 
ou terceira pessoa. Para Amaral (et al, 2005), a classificação do narrador pode ser 
estabelecida como: 
• narrador-personagem – é aquele que participa dos eventos e, portanto, conta os 
fatos na primeira pessoa. Apresenta características subjetivas em suas colocações 
e seu ponto de vista fica em evidência.
 
9PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
• narrador-observador – a narrativa é feita na terceira pessoa, já que o narrador 
não participa dos eventos (apenas os observa). Não tem conhecimento pleno dos 
personagens nem dos fatos, por isso, narra-os com certa imparcialidade. 
• narrador-onisciente – é o narrador que conhece o íntimo dos personagens e 
dos fatos e, por isso, conhece seus pensamentos e sentimentos e sabe o que 
acontece simultaneamente em lugares distintos. A narração é geralmente feita 
em terceira pessoa, mas pode aparecer também em primeira. 
Personagens: são os seres que realizam as ações no decorrer da narrativa e que 
podem ser humanos ou humanizados. Dependendo de seu papel na trama, a personagem 
pode ser classificada como principal ou protagonista, e ajudante ou antagonista. 
Diálogo: é a fala das personagens ao longo do texto. Eles podem aparecer de forma 
direta, que é apresentação literal da fala da personagem; indireta, quando o narrador 
reproduz com suas próprias palavras o discurso feito pela personagem; e indireta livre, 
que é a representação da “fala” interior do personagem, acompanhada pelo fluxo de 
consciência, que estará incluída na linguagem usada pelo narrador.
Tempo: é o período em que a história se desenrola. Pode ser classificado em 
cronológico, que respeita a ordem natural dos fatos, seguindo a ordem clássica do 
início para o final do enredo, e pode ser medido pelas unidades de tempo (horas, meses, 
séculos); e psicológico, que é determinado pela vontade, pela memória do narrador ou 
da personagem e, por isso, é não-linear, estando fora de sua ordem natural. Em algumas 
narrativas, é comum o uso do flashback. Este é em recurso usado quando o narrador 
deseja voltar no tempo para elucidar algum fato ou acrescentar alguma informação ao 
fato narrado.
Espaço: é o local geográfico, físico ou social (CEREJA; MAGALHÃES, 1999), onde 
todas as ações acontecem. O espaço pode influenciar nas atitudes e comportamentos das 
personagens. O espaço físico procura respeitar a movimentação das personagens e é, em 
geral, constituído por descrições; o social está relacionado às condições psicológicas 
e culturais das personagens e à sua situação socioeconômica, projetando a época e os 
conflitos.
Enredo: é como chamamos a sequência das ações que são narradas. Os enredos 
podem ser, segundo Carneiro (2001), de três tipos: realista, que tem como base a 
realidade; verossímil, que se assemelha à realidade e é o modelo comum às produções 
literárias; e o não-verossímil, que trata da realidade no âmbito mental, das vivências 
fantasiosas.
PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
10
2.1.2 A descrição
A Escrava Isaura
Achava-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As 
linhas do perfil desenham-se distintamente entre o ébano da caixa do piano, e as 
bastas madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas 
que fascinam os olhos, enlevam a mente, e paralisam toda análise.A tez é como o 
marfim do teclado, alva que não deslumbra, embaçada por uma nuança delicada, 
que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. 
(GUIMARÃES, 1993, p. 13-14).
Enquanto você lia o texto de Bernardo Guimarães, você conseguiu recriar em sua 
memória a imagem da moça ao piano, não é mesmo? Isso foi possível porque esse é um 
texto descritivo.
Descrever é procurar recriar, na imaginação do leitor, a imagem apresentada pelo 
escritor, que pode ser uma paisagem, um objeto 
ou uma pessoa. 
Por não ter como foco as transformações de 
estado do elemento observado, a descrição tende 
a ser caracterizada pela ausência de progressão 
temporal, que pode ser percebida pela escolha 
do tempo verbal (em geral, presente do 
indicativo) e pela ausência de elementos que 
indiquem transformações de estado sofridas pelos 
elementos observados.
Segundo Savioli e Fiorin (2007), os fatos de 
uma descrição são produzidos simultaneamente, 
eliminando-se, assim, os efeitos de anterioridade 
e posterioridade, que são comuns em narrações. 
Dessa forma, se as posições dos enunciados 
sofrerem inversão (troca de posição no texto), a 
coerência do texto será mantida.
Para que a descrição atinja seu objetivo, o 
escritor deve usar palavras que permitam uma detalhada enumeração de características. 
Conhecer a Língua 
Portuguesa é essencial para 
se estabelecer uma boa 
comunicação. Então, saiba 
mais sobre os modos e os 
tempos verbais consultando 
uma boa gramática. Dentre os 
gramáticos mais renomados 
estão Evanildo Bechara, 
Ernani Terra, Domingos 
Paschoal Cegalla, Celso Luft e 
Luiz Antônio Sacconi.
SAIBA MAIS
 
11PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
São duas as formas básicas de descrição:
• Objetiva: que se caracteriza pela apresentação de informações pontuais, 
tentando uma reprodução fiel das características do objeto, como sua altura, 
peso, cor, forma, volume. Os elementos descritos são apresentados de forma 
bastante concreta, típicos de textos não-literários. Veja o exemplo:
Esta é Emília. Uma boneca de pano feita por Tia Anastácia para 
presentear a menina Narizinho.
Feita de retalhos das roupas velhas de Tia Anastácia, tem olhos 
de botões, e cabelo de trapos de pano.
Seu vestido colorido em vermelho e amarelo é curto e mostra 
sua bombacha branca. Nos pés, meias de malha verde se 
destacam por tamanhos assimétricos com a composição que 
faz com as cores dos sapatos coloridos.
• Subjetiva: que apresenta o predomínio das impressões do observador, que o 
descreve usando toda sua sensibilidade e sentimento. Esse tipo de descrição é 
comumente utilizado em textos literários. 
Esta é Emília. Uma boneca linda, sapeca e tagarela que fala 
o que pensa e não tem limites. Apesar disso, é uma criatura 
encantadora, doce e delicada, e muito engraçada.
Emília tem olhos de jabuticaba, profundos e sentimentais, 
e um sorriso contagiante e verdadeiro. Sua gargalhada são 
notas musicais, ora graves, ora agudas, mas sempre doces que 
inebriam os que a ouvem. Mas quando se zanga... franze sua 
sobrancelha de lã e mexe seu delicado nariz de conta vermelha, 
como o mais belo rubi. 
Nada em Emília surpreende mais que sua criatividade. É a 
boneca dos sonhos de toda menina!
Segundo Carneiro (2001), a descrição apresenta alguns elementos fundamentais, 
que são:
• Observador: tem como função realizar a seleção de dados que serão apresentados 
ao leitor, e podem ainda indicar seu nível de conhecimento sobre o objeto 
observado. 
PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
12
• Tema-núcleo: pode variar entre um objeto, um processo ou um ser animado ou 
inanimado. A observação dependerá do nível de conhecimento do observador 
em relação ao tema-núcleo, e também de suas limitações psicológicas, de 
posicionamento e do referente. 
• Dados referentes a esse tema-núcleo: são os dados coletados pelo observador, 
através de seus sentidos físicos – audição, visão, tato, paladar, olfato –, que 
servem de base para os elementos concretos. O observador poderá fazer uso 
de suas capacidades intelectuais, quando os elementos não fizerem parte do 
universo dos elementos concretos. Para descrever seres humanos ou humanizados, 
o observador poderá fazer uso dos aspectos psicológicos e sociológicos, além dos 
físicos. 
Apesar de serem organizações discursivas distintas, a narração e a descrição são 
essenciais uma à outra – em alguns casos, indissociáveis. O motivo é simples: na narração, 
tanto o cenário como as personagens precisam ser descritos para darem ao leitor as 
características específicas que os diferenciam de outros cenários e personagens. Da 
mesma forma, há, na descrição, alguns eventos que carecem de narração. Este recurso 
tem funções decorativas e explicativas. 
2.1.3 A dissertação 
 Quando ainda na educação básica fomos apresentados a um tipo de texto a que 
chamamos de dissertação. Na verdade, esta é uma forma simplificada de apresentar 
os textos argumentativos, de opinião e injuntivos em uma única classificação, pois 
eles têm algo em comum: tais textos têm por base a exposição, através de palavras, 
dos argumentos, das opiniões e das reflexões de um argumentador a respeito de um 
determinado assunto, objeto ou fato da realidade, na tentativa de esclarecer ou de 
convencer o leitor. Para isso, ele nos apresenta elementos que comprovem sua tese 
diante de análises e discussões interpretativas.
A narração está interessada no enredo, na 
progressão temporal, na evolução da história, nas 
transformações de estado, enquanto a descrição 
está centrada na contemplação, na caracterização, 
nos elementos que compõem a cena.
ATENÇÃO
 
13PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
O termo dissertação também é empregado para designar o gênero textual relativo 
às produções acadêmico-científicas resultantes das produções de pesquisa do mestrado.
Os textos argumentativos, os de opinião e os injuntivos têm funções específicas que 
são expressas em suas organizações discursivas. E é isso que vamos ver a partir de agora 
em detalhes.
Nos textos de opinião o autor expõe seu posicionamento diante de algum tema 
atual e de interesse de muitas pessoas. Algumas vezes, o tema é polêmico. 
Para compreender o que é um texto de opinião (ou artigo de opinião), vamos começar 
com a Leitura de um trecho selecionado.
Gravidez na Adolescência
A gravidez da mulher jovem não é um problema exclusivo de nossos 
dias. Nossas avós casavam-se aos 15 ou 16 anos e começavam a procriar, 
nunca ocorrendo a ninguém daquela época que isso pudesse ser um 
problema, pois essas gestações eram desejadas. O que se tem constituído 
em preocupação, nos dias atuais, é o crescente número de gestações 
indesejáveis e indesejadas na adolescência. Surgem como um “efeito 
colateral” do exercício da sexualidade entre jovens – às vezes muito jovens 
– que, pela própria imaturidade, nem sempre são capazes de avaliar e de 
assumir os riscos e as consequências dessa vida sexual.
O problema da gestação indesejada entre adolescentes passou a se tornar 
importante a partir da década de 60. A revolução de costumes, a onda de 
contestação juvenil, o advento de anticoncepção eficaz e a afirmação dos 
direitos da mulher marcaram a época, resultando em maior liberalização 
do exercício da sexualidade, iniciação sexual mais precoce e aumento dos 
índices de doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez indesejada. 
[...] (VITIELLO, 1999, p. 43).
Como você pôde perceber durante a leitura dessa parte do texto de Vitiello, o autor 
não nos relata ações ou movimentos, nem apresenta as características físicas de algo ou 
alguém, tampouco as psicológicas. 
Isso acontece porque o texto está expondo os pensamentos que o autor tem sobre 
um determinado tema e deseja desenvolvê-lo, caracterizando assim um texto de opinião.
O texto argumentativo, por sua vez, tem por característica a tentativa de 
convencimento. É claro que a opinião do autor também está presente,mas, com as 
escolhas de argumentos consistentes e, preferencialmente, fundamentados, ele tenta 
convencer o leitor a concordar com seu pensamento, motivo pelo qual utiliza, além da 
exposição de suas ideias, as falas de outros autores que discutem o mesmo assunto. 
PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
14
Todo texto tem, por trás de si, um produtor que procura persuadir o seu 
leitor (ou leitores), usando para tanto vários recursos de natureza lógica e 
linguística.
Chamamos procedimentos argumentativos a todos os recursos acionados 
pelo produtor do texto com vistas a levar o leitor a crer naquilo que o texto 
diz e a fazer aquilo que ele propõe.
[...]
Um texto ganha mais peso quando, direta ou indiretamente, apóia-se em 
outros textos que trataram do mesmo tema.
Costuma-se chamar argumento de autoridade a esse recurso à citação. 
(SAVIOLI; FIORIN, 2007, p. 173-174).
A apropriação dos discursos de outros autores tem como objetivo o fortalecimento 
dos argumentos apresentados.
Os textos injuntivos são textos que têm por característica propor a execução de 
uma ação, aconselhar ou recomendar algo, como é o caso dos manuais de instrução e as 
receitas culinárias, além dos textos publicitários que orientam o leitor a determinado 
comportamento.
Figura 4: Exemplo de texto injuntivo: instruções 
para montagem de Origami.
Fonte: <http://thingsotk.blogspot.com/2011_08_01_
archive.html>.
 
15PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
Como vimos, nos textos de caráter dissertativo, o argumentador é a pessoa essencial 
na elaboração do texto. Na exposição de suas ideias, ele pode colocar suas próprias 
opiniões sobre o assunto, ou ainda apresentar as ideias de outros autores, ou aquelas 
que são opiniões gerais, de senso comum, que já fazem parte do discurso cotidiano da 
população. 
Uma estratégia eficiente para os argumentadores é trazer para seu texto diferentes 
opiniões, confrontando as ideias dos vários autores para que se chegue a uma conclusão 
consistente, o que também pode tornar o texto mais polêmico ou mais informativo.
Independentemente do fato de ser um texto argumentativo, de opinião ou injuntivo, 
os textos dissertativos constituem-se classicamente de três partes.
Introdução: é a parte inicial do texto. Sua função é apresentar ao leitor o 
posicionamento do autor diante do assunto que será discutido. 
Desenvolvimento: é a parte central do texto, também chamada de “corpo do texto”. 
Ela é fundamental à dissertação, pois é nessa parte que são apresentados os argumentos 
originais ou alheios, as instruções para a execução da ação, e ainda as opiniões do 
argumentador (CARDOSO, 2001). Para o desenvolvimento do texto, o autor pode dividi-lo 
em parágrafos, conforme forem sendo apresentadas as ideias que fundamentam a tese. 
Conclusão: é a parte final do texto. É o momento em que o autor “amarra a sua 
reflexão” na tentativa de garantir a adesão do leitor para sua tese, ou ainda de demonstrar, 
de forma concisa, os resultados obtidos. Há diferentes formas de elaborar a conclusão, 
mas as mais adequadas são em forma de resumo ou de sugestão. No resumo, o autor 
retoma as ideias já desenvolvidas e as confirma; na sugestão, ele lança as propostas para 
que os problemas sejam solucionados.
Agora que você já conhece os três modos de organização discursiva, veja o quadro 
elaborado por Carneiro (2001, p. 29) e que apresenta, de forma comparativa, as 
características que estudamos há pouco:
MODO DESCRITIVO NARRATIVO DISSERTATIVO
Agente Observador Narrador Argumentador
Conteúdo 
Seres, objetos, cenas, 
processos
Ações, acontecimentos Opiniões, argumentos
Tempo Momento único Sucessão Ausência
Objetivo 
Identificar, localizar e 
qualificar
Relatar Discutir, informar, expor
Classes de palavras Substantivos e adjetivos
Verbos, advérbios e 
conjunções (temporais) 
Conectores 
Tempos verbais mais 
comuns nos textos
Presente ou pretérito 
imperfeito do indicativo 
Presente ou pretérito Presente do indicativo
Fonte: Carneiro (2001, p. 29).
Quadro 1: Diferenças fundamentais entre as organizações discursivas.
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A classificação dada aos textos e que está relacionada à função sóciocomunicativa, 
ou seja, ao fim a que se destina, é denomina por Marcuschi (2002) como gênero textual. 
Os textos, quanto a esta classificação, variam segundo a época, a cultura e as finalidades 
sociais, e dela fazem parte um número ilimitado de textos. Alguns exemplos de gêneros 
textuais são: o resumo, o bilhete, a carta, as crônicas, leis, notícias, o e-mail, os textos 
publicitários em seus diversos formatos, o sermão, o requerimento, a piada e a receita 
culinária, o horóscopo e muitos outros, incluindo todos os literários, os comerciais e 
oficiais, e os científicos.
Quanto à organização interna, cada um dos textos possui características próprias, 
segundo a função comunicativa que eles exercem. Tomemos como exemplo uma receita – 
as partes básicas desse texto são: o nome, a lista dos ingredientes e a explicação do modo 
de fazer, certo? Nós não encontraremos, em uma receita culinária, os mesmos elementos 
que encontramos em uma bula de remédios, visto que cada um dos textos exerce uma 
função comunicativa distinta. 
Por haver uma infinidade de gêneros textuais que servem a atividades didático-
pedagógicas, precisamos fazer opções, já que seria impossível contemplar todos aqui. 
Por isso, trabalharemos com a estrutura mais clássica e mais didática dos textos. Ela 
servirá para sua orientação na Produção textual e, também, para as orientações que você 
dará aos alunos quando eles estiverem produzindo. 
Entretanto, é importante apresentar aos alunos o maior número de gêneros textuais 
para que eles compreendam as funções comunicativas que cada um deles tem.
 
2.2 Estrutura dos textos
Você sabe que podemos organizar os textos de diferentes formas, não é mesmo? Há 
aqueles textos, como os poemas, que são organizados em forma de versos, e aqueles em 
forma de prosa, que são os organizados em parágrafos. Estes últimos é que nos interessam, 
pois possibilitam o desenvolvimento dos temas propostos com maior qualidade e, também, 
quantidade adequada de informações, além de facilitar ao leitor a compreensão e a 
interpretação durante a Leitura.
A estrutura básica que os textos em prosa seguem 
em sua organização compreendem três partes – 
introdução, desenvolvimento e conclusão (ou começo, 
meio e fim), e cada uma delas possui extensão variável, 
de acordo com o tema e as ideias que o escritor se 
propõe a desenvolver.
Que tal conhecer mais 
sobre textos em Prosa 
e em Verso? Então 
assista ao vídeo 5.
VÍDEO
 
17PEDAGOGIA • UNIVALI 
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Veja o exemplo que é apresentado a seguir e a indicação das partes de que ele é 
composto. 
Analisando o texto apresentado, você pôde perceber que a introdução e a conclusão 
são as menores partes do texto, enquanto o desenvolvimento é extenso. Isso acontece pela 
própria função de cada uma das partes do texto – enquanto na introdução é apresentado 
o tema a ser desenvolvido e na conclusão o autor faz o fechamento do texto, é no 
desenvolvimento que todo o conteúdo se desenvolve e, por isso, as ideias devem ser mais 
trabalhadas. 
Entretanto, deve-se tomar cuidado para que as articulações entre um pensamento 
e outro não se percam, mantendo-se, assim, a coerência ao longo de todo o texto. Além 
disso, outros cuidados são necessários como com os aspectos gramaticais, com as fontes 
de pesquisa, com o raciocínio lógico, com necessidade de se estabelecer relações com o 
Cantar a capela
A origem popular da expressão que indica a 
interpretação musical entoativa e sem 
instrumentos
Márcio Cotrim, 2011
Expressão de o rigem italiana ( a cappella) -"cantar a capela"- 
designa u ma i nterpretação m usical s em qualquer 
acompanhamento instrumental. Nessas interpretações s ó se 
escuta, porc onseguinte, a v oz d o cantor o u cantores.
Vem da prática do canto gregoriano - instituído pelo papa São 
Gregório M agno no final do século 6º. Era executado apenas 
por vozes de monges que, muitas vezes, se dispunham a cantar 
numa capela lateral da i greja, daí o berço d a expressão.
A propósito, a voz humana é c onsiderada o m ais perfeito 
instrumento musical c onhecido. Basta e xperimentar, por 
exemplo, a s ensação d e escutar a Ave Maria de G ounod na 
sublime interpretação do tenor Beniamino Gigli no i nterior de 
uma igreja vazia .
Sem f alar n o fenômeno v ocal d a peruana Y ma Sumac, cuja 
extensão v ocal c onseguia emitir notas agudíssimas, que 
soavam c omo o canto dos pássaros, e g raves que chegavam 
abaixo da tessitura de um barítono, em verdadeiras acrobacias 
vocais - inimaginável coloratura jamais atingida por alguém na 
história da música.
 
Entre nós, certas audições d e A Capela, com M aria L úcia 
Godoy, deixam inesquecível recordação. Haja sensibilidade...
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
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tema e a proposta, com o projeto do texto. Deve-se ainda evitar as fórmulas prontas e 
promover o desenvolvimento de um estilo próprio. Para isso, a ampliação do repertório 
por meio de leituras variadas e anotações sobre as informações coletadas ajudam na 
seleção das ideias a serem desenvolvidas em cada um dos parágrafos.
Mas você sabe como desenvolver os parágrafos de um texto?
Então, que tal darmos uma paradinha para conhecermos a estrutura e os modelos 
básicos de parágrafos?
2.2.3 O Parágrafo: estrutura e modelos
Você saberia definir parágrafo? 
Pois Garcia (1978, p. 203) o define como uma unidade de composição constituída 
por um ou mais períodos, e no qual é feito o desenvolvimento de uma ideia central ou 
nuclear, que é chamada de tópico frasal. 
É essa ideia central – o tópico frasal –, que rege o desenvolvimento do parágrafo. 
Ela pode ser uma afirmação, uma negação ou uma argumentação que permita ao escritor 
o desenvolvimento de seu pensamento. 
Analise o exemplo a seguir retirado do texto de Sírio Possenti, publicado na Revista 
Língua Portuguesa, em julho de 2011. 
As melhores aulas de português (especialmente no ensino fundamental) 
que alguém pode conceber partem de textos reais. A aula que começa com 
dado solto (para falar de qualquer questão gramatical: grafia, classificação 
de palavras, tipos de oração, etc., ou mesmo para comparar a escrita 
correta e a escrita errada) é uma aula que começa mal. A tese também vale 
para outras áreas: botânica deve começar com plantas (folhas e flores), 
não com desenhos. (POSSENTI, 2011, p. 44).
 E, então? Qual é o tópico frasal do parágrafo?
Se você respondeu que é a primeira oração, acertou. Isso mesmo. É ela que apresenta 
a ideia que será desenvolvida ao longo da estrutura. E é comum que ideias secundárias 
sejam agregadas ao tópico frasal para facilitar o desenvolvimento do parágrafo. Assim, 
o parágrafo poderá ter a mesma estrutura interna básica de um texto, com introdução, 
desenvolvimento e conclusão. 
 
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Voltando ao parágrafo que temos como exemplo, veja como fica a análise de sua 
estrutura:
a. Introdução é o enunciado núcleo do parágrafo, pois é nele que será apresentado 
o tópico frasal. 
“As melhores aulas de português (especialmente no ensino 
fundamental) que alguém pode conceber partem de textos reais”.
b. Desenvolvimento é o enunciado, ou conjunto de enunciados que permite a 
exposição das ideias relacionadas ao tópico frasal e que poderá seguir diferentes 
estruturas, conforme veremos mais adiante. 
“A aula que começa com dado solto (para falar de qualquer questão 
gramatical: grafia, classificação de palavras, tipos de oração, etc., 
ou mesmo para comparar a escrita correta e a escrita errada) é uma 
aula que começa mal”.
c. Conclusão é a parte em que se faz o fechamento da ideia central do parágrafo. 
“A tese também vale para outras áreas: botânica deve começar com 
plantas (folhas e flores), não com desenhos”.
Para desenvolver o parágrafo, o autor poderá 
fazer uso de diferentes recursos que contribuirão 
para fortalecer o tópico frasal, como os que Serafini 
(1997, p. 55) aponta: 
a. Desenvolvimento por exemplificação – esse modelo consiste em esclarecer o 
tópico frasal por meio de exemplos específicos. Veja:
Entre as ações encontradas, algumas são de tipo reivindicatório, por 
exemplo, no contexto associativo ou sindical. Em certos casos, trata-se de 
ações de caráter prático dentro de uma atividade coletiva, por exemplo, o 
lançamento de um jornal popular ou de outros meios de difusão no contexto 
da animação cultural. Num contexto organizacional, a ação considerada 
visa frequentemente resolver problemas de ordem aparentemente mais 
técnica, por exemplo, introduzir uma nova tecnologia ou desbloquear 
a circulação de informação dentro da organização. De fato, por trás de 
problemas desta natureza há sempre uma série de condicionantes sociais 
a serem evidenciados pela investigação. (THIOLLENT, 2011, p. 44).
Os exemplos que foram 
colocados para ilustrar 
cada um dos recursos com 
os quais se pode montar os 
parágrafos foram selecionados 
cuidadosamente, pois são 
conteúdos relacionados a 
nossa disciplina. Então, não 
deixe de analisá-los com 
atenção redobrada!
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20
b. Desenvolvimento por comparação e contraste – nesse caso, também conhecido 
como desenvolvimento por confronto, o parágrafo é estruturado com base no 
contraste das diferenças ou na aproximação das semelhanças. Veja esse exemplo 
retirado do livro Verbal e Não Verbal, de Aguiar (2004, p. 22).
A diferença entre a manifestação de homens e máquinas está na capacidade 
de criar mensagens. Enquanto as pessoas formulam códigos e mensagens, 
decodificam-nos e respondem criativamente, as máquinas são planejadas. 
Elas só funcionam como emissoras e receptoras segundo as ordens que 
os técnicos preveem para elas. Nada é culpa do “sistema” (como muitas 
vezes nos dizem os burocratas), porém das pessoas que programaram o 
sistema.
c. Desenvolvimento por questionamento (interrogativo) – esse tipo de parágrafo 
lança ao leitor uma questão, uma pergunta sobre o tema proposto para que, no 
parágrafo seguinte, o tema seja desenvolvido. Veja:
Qual o objetivo da telenovela? O que está por trás dos reality shows, 
dos games shows ou de outros programas de televisão dirigidos a públicos 
específicos? Estamos virando zumbis, qual a razão disso? (VITOR, 2015, p. 
5).
d. Desenvolvimento por enquadramentos – essa estrutura consiste na clareza 
apresentada desde o início do parágrafo e que possibilita ao leitor ser guiado 
ao longo do texto. Geralmente, faz-se uso de expressões como: inicialmente, 
primeiramente, por fim, concluindo, a seguir, etc. Aqui está o exemplo:
Em segundo lugar, a elaboração de uma gramática normativa não deveria 
ficar a cargo de meros professores de português, como é hoje a maioria dos 
gramáticos, mas de cientistas da linguagem (que são também professores). 
Afinal, um professor puro e simples, por experiente que seja, é reprodutor, 
não produtor de conhecimento. Para tanto, uma possível solução seria 
criar, por meio de lei, uma comissão formada de pesquisadores com 
titulação mínima de doutor e produção acadêmica relevante, a serem 
eleitos por seus pares – para evitarem gerência política - encarregados de 
elaborar uma nova gramática normativa, que contemple a realidade na 
nossa língua culta atual. (BIZZOCCHI, 2011, p. 64).
Há ainda outros modelos apresentados por Köcke (et al, 2006), como:
e. Desenvolvimento por definição – em que o autor apresenta o conceito (definição) 
do assunto a ser tratado, como em:
Espaço é, por definição, o lugar onde se passa a ação numa narrativa. 
Se a ação for concentrada, isto é, se houver poucos fatos na história, ou 
se o enredo forpsicológico, haverá menos variedade de espaços; pelo 
contrário, se a narrativa for cheia de peripécias (acontecimentos), haverá 
maior afluência de espaços. (GANCHO, 2006, p. 23).
 
21PEDAGOGIA • UNIVALI 
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f. Desenvolvimento por fundamentação da proposição – consiste na apresentação 
de dados, teorias e declarações que sustentem o pensamento do autor. O exemplo 
abaixo, Aníbal Bragança, em seu texto A Política Editoria de Francisco Alves e a 
Profissionalização do Escritor no Brasil, utilizou afirmações de Lajolo e Zilberman 
(1996),
As autoras de A Formação da leitura no Brasil afirmam: “Só na primeira 
década do século XX vem de um então desconhecido Monteiro Lobato o 
testemunho do que pode ser considerado, no contexto brasileiro, uma 
precoce percepção da anatureza da relação que o mundo moderno impõe 
ao escritor”, antes só “indícios, esgarçados na maioria das vezes”, que 
atestam, segundo elas, as frágeis manifestações de profissionalismo do 
escritor” e concluem enfáticas, “com Monteiro Lobato estamos no século 
XX”. (LAJOLO e ZILBERMAN, 1996, apud BRAGANÇA, 2002, p. 456).
g. Desenvolvimento por enumeração – similar ao desenvolvimento por 
enquadramentos. Nesse caso, pode ser dada uma listagem de informações. 
A pesquisa em comunicação abrange uma multiplicidade de aspectos: 
meios de comunicação de massa, audiência, grupos de influência, 
impressa, jornalismo, efeitos sobre o público, recepção crítica, contexto 
político, política governamental, opinião pública, cinema, artes, novas 
tecnologias, práticas religiosas, práticas militares, etc. Os enfoques 
podem ser mais diversos: econômico, jurídicos, sociológico, psicológico, 
semiológico, tecnológico, político, etc. (THIOLLENT, 2011, p. 37).
Por fim, devem ser consideradas as qualidades 
apresentadas por Andrade e Henriques (1992). Eles 
afirmam que a unidade, a coerência e a concisão, e a 
clareza devem ser apresentadas nos parágrafos. Tais 
qualidades darão ao texto um vocabulário adequado, 
que possibilitará a leitura inteligível, a prevalência 
de uma única ideia nuclear e que, se unidas a outras, 
possibilitarão o desenvolvimento lógico e sem 
redundância. 
Como você pôde perceber, para estruturar 
um texto básico, é aconselhável que você siga a 
estrutura da dissertação, ou seja, com introdução, 
desenvolvimento e conclusão, elaborando 
parágrafos bem estruturados, os quais poderão ser 
por enumerações, definições e enquadramentos, por 
exemplo. 
Para compreender os 
elementos que auxiliam 
na manutenção das 
unidades de um texto, 
em sua coerência e 
concisão, o melhor 
recurso é consultar 
gramáticas e alguns livros 
específicos, como o de 
Savioli e Fiorin, que está 
na referência de nosso 
material.
SAIBA MAIS
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 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
 
22
Para escrever um texto com qualidade, há necessidade de alguns cuidados, como 
a leitura, o planejamento do texto, a busca de informações, habilidades para realizar 
a paráfrase de alguns textos e também a necessidade de se elaborar um rascunho, 
principalmente para textos com características de produção de conhecimento, como é 
o caso dos textos acadêmicos de comunicação científica, como Relatórios, Fichamentos, 
Resumos, inclusive os Portfólios. 
E é sobre esse assunto que trataremos em nossa próxima unidade.
 
23PEDAGOGIA • UNIVALI 
 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL • UNIDADE 2
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