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CAPÍTULO 2 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender o que é a avaliação somativa. Compreender o que é a avaliação diagnóstica. Compreender o que é a avaliação formativa. Diferenciar e comparar os tipos de avaliação da aprendizagem. 28 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 28 29 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 29 Capítulo 2 CONTEXTUALIZAÇÃO Como pudemos constatar no primeiro capítulo, o conceito, o signifi cado e as funções da avaliação dependem das concepções pedagógicas vivenciadas em cada contexto histórico. Vimos, também, que, na história da educação, a avaliação sempre teve uma conotação de quantifi car, classifi car ou medir os indivíduos e que, aos poucos, esse entendimento foi dando espaço a um conceito mais amplo do ato de avaliar. Com as concepções pedagógicas hoje em curso, a avaliação está sendo entendida como um processo de comunicação, de interação entre as partes envolvidas, a saber, o aluno, o professor e os conteúdos didáticos. A avaliação, nas bibliografi as mais recentes, é analisada numa perspectiva construtivista ou cognitivista da aprendizagem, sendo que o sujeito que aprende se torna o centro do processo ensino-aprendizagem. O aluno adquire um papel ativo, ou seja, nenhuma intervenção externa do professor terá resultado se não houver uma atuação, percepção, interpretação e assimilação do aluno. Porém, há, ainda, um grande abismo entre essas teorias recentes e as práticas educativas aplicadas nas escolas e universidades brasileiras. Não será fácil apoiar, transformar e desenvolver práticas de avaliação sem uma teoria que as possa enquadrar nos pontos de vista epistemológico, ontológico e metodológico. Mudar e melhorar práticas de avaliação implica que o seu signifi cado seja claro para os diferentes intervenientes e, muito particularmente, para os professores e investigadores. (FERNANDES, 2006). A avaliação é um elemento integrante e regulador da prática educativa. É essencial, mas não pode ser o foco do processo ensino-aprendizagem; deve ser percebido como um processo paralelo às aprendizagens. Avaliar deve ser entendido como um ato intencional que direciona e redireciona as práticas educativas em que o aluno deve ser sujeito pró-ativo e ter um papel de colaborador. Neste capítulo, analisaremos os diferentes tipos da avaliação – diagnóstica, somativa e formativa – e estabeleceremos relações entre eles. Não se trata de estabelecer uma polarização rigorosa entre uma e outra, pois cada modalidade tem sua razão de ser e age na realidade social carregada de signifi cados contrários. Embora contrários, esses signifi cados se complementam. Portanto, nosso papel é entender os limites e possibilidades de cada modalidade avaliativa, seja na EAD ou na modalidade presencial. 30 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 30 OS DIFERENTES TIPOS DE AVALIAÇÃO Nesta seção, você conhecerá os principais tipos de avaliação da aprendizagem descritos e estudados na literatura científi ca – a avaliação formativa, a diagnóstica e a somativa – e refl etirá sobre eles. Antes de darmos continuidade a esta seção, cujo objetivo é diferenciar e comparar os tipos de avaliação citados, solicitamos que você pense nos conceitos prévios e pré-elaborados que você tem sobre cada um deles. A seguir, anote-os e, à medida que avançar na leitura de cada um deles, retorne ao que você escreveu e compare os conceitos que você anotou e os que apresentamos para ver se existem divergências, relações ou contradições entre eles. Essa é uma primeira atividade para você perceber o quanto o tema avaliação da aprendizagem e seus diferentes tipos são complexos e cheios de nuances sociais e culturais. Atividade de estudos: a) O que é, para você, avaliação DIAGNÓSTICA? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ b) O que é, para você, avaliação SOMATIVA? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ c) O que é, para você, avaliação FORMATIVA? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Agora que você já refl etiu sobre o que signifi ca cada um dos tipos de avaliação da aprendizagem que mencionamos, sistematizou e escreveu o que pensa, chegou o momento de conhecer como os estudiosos do assunto discutem, entendem e tratam cada um dos tipos e de realizar uma análise. Siga em frente! 31 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 31 Capítulo 2 AS DIMENSÕES AVALIATIVAS As ações avaliativas assumem duas dimensões: a dimensão formativa e a dimensão técnica. A dimensão formativa ou continuada é processual, descritiva e qualitativa e têm duas funções: o diagnóstico (avaliação diagnóstica) e o monitoramento. Essa dimensão indica os níveis já consolidados pelo aluno, suas difi culdades ao longo do processo e as estratégias de intervenção necessárias a seus avanços. Alguns autores não fazem separação entre a avaliação diagnóstica e a formativa, uma vez que desempenham funções semelhantes. A avaliação formativa ou diagnóstica é o processo de coletar, analisar e interpretar evidências relativas à efi cácia e efi ciência de programas educacionais. Determina critérios conforme os níveis de aproveitamento e diagnostica os resultados, corrigindo as falhas do processo ensino- aprendizagem. A segunda dimensão, a técnica, é de ordem burocrática. Tem a função de regular os tempos escolares (em ciclos, séries, anos) e apresenta um caráter classifi catório, somativo, controlador, com o objetivo de certifi cação ou de atendimento ao registro formal exigido pela instituição e pelo sistema. Envolve sistemas fechados, dominantes em nossa tradição pedagógica, traduzidos em resultados quantitativos que determinam a promoção dos alunos. Conforme já exposto no primeiro capítulo, somente a partir de 1960 surgiuo termo avaliação formativa na literatura educacional, cunhado por Michael Scriven. A avaliação voltou-se à reorientação das aprendizagens em processo e ao desenvolvimento individual do educando, buscando compreendê-lo e ajudá-lo em suas necessidades específi cas. Em 1967, Scriven aplicou o termo ao contexto da avaliação de currículo. A avaliação formativa remetese ao processo didático, e não sobre os resultados. Sua utilização voltada à avaliação da aprendizagem teve sua ampliação na década de 1970, por Linda Allal e Jean Cardinet.(TAVARES, 2009, p. 944). Talvez a maior crítica ao aprofundamento técnico realizado nesse período tenha sido que, por mais que levasse em conta aspectos cognitivos e emocionais do aprendente, desconsiderava por completo os fundamentos pedagógicos e políticos da avaliação e a transformou em uma prática inefi caz ao aperfeiçoamento do processo de ensino numa perspectiva crítica e libertadora, facilitando a reprodução, a submissão e o controle do sistema social. (LEITE, 2007). Essa tendência manifesta os princípios da pedagogia tecnicista, oriundos da teoria geral da administração científi ca. A dimensão formativa ou continuada é processual, descritivae qualitativa e têm duas funções: o diagnóstico (avaliação diagnóstica) e o monitoramento. Essa dimensão indica os níveis já consolidados pelo aluno, suas difi culdades ao longo do processo e as estratégias de intervenção necessárias a seus avanços. Alguns autores não fazem separação entre a avaliação diagnóstica e a formativa, uma vez que desempenham funções semelhantes. 32 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 32 Na década de 1960 e início dos anos de 1970, a avaliação educacional assumiu uma teorização mais consistente. Esse período foi chamado de profi ssionalismo ou profi ssionalização da avaliação. A avaliação se transformou em objeto de estudo e surgiu uma vasta produção teórica, além de proliferarem seminários e congressos na área. Nesse momento, a ideia de que os objetivos são os organizadores da avaliação cedeu espaço à ideia de que a avaliação deveria se orientar pelo tipo de decisão ao qual se pretendia que ela servisse. Ao invés de apenas verifi car o resultado dos objetivos (que seria a dimensão somativa), foi introduzida a noção de verifi car informações para a tomada de decisões, realizada ao longo do processo (que seria a dimensão formativa). Essa nova perspectiva se voltou ao desenvolvimento individual do educando que, nessa fase, passou a ser considerado o centro do processo educativo. A avaliação foi orientada para a metacognição com a função de autorregulação e autocontrole. Seria um processo de autoavaliação em que o sujeito participa ativamente dos processos e dos resultados da aprendizagem. (TAVARES, 2009). A escola tradicional tinha, nas décadas de 1960 e de 1970, como enfoque básico, identifi car o conhecimento do aluno. O aluno seria aprovado ou reprovado de acordo com o aspecto cognitivo, o conhecimento que conseguia demonstrar ter adquirido. A infl uência de modelos de origem psicológica, juntamente com a infl uência do pensamento pedagógico brasileiro, trouxe ao educador a preocupação com os processos afetivo-emocionais que determinam a aprendizagem, modelos em que a autoavaliação também seria observada. (TAVARES, 2009). Para Tavares (2009, p. 945-946), no Brasil, a característica da avaliação formativa como elemento articulador e de auxílio à aprendizagem foi enriquecida pelo movimento crítico, a partir de 1980, que agregou à concepção de avaliação também o aspecto de transformação, não só individual como ambém social, tendo sido o livro Avaliação Emancipatória, de Ana Maria Saul, um divisor de águas nesse sentido. A partir dos anos de 1980, a avaliação passou a ser vista como um processo de construção da realidade numa atribuição de sentido às situações, sendo infl uenciada pelos elementos contextuais diversos e pelos valores dos vários intervenientes do processo social. (TAVARES, 2009, p. 945- 946). A avaliação voltou-se para a relação dialética indivíduo/sociedade/ realidade histórica e, na escola contemporânea, a avaliação educacional destaca a necessidade de ampliar a atividade de aprendizagem por meio da interpretação crítica. Busca, então, uma ampliação do campo da avaliação e a utilização de instrumentos mais adequados às complexidades sociais. (TAVARES, 2009). Essa nova perspectiva se voltou ao desenvolvimento individual do educando que, nessa fase, passou a ser considerado o centro do processo educativo. A avaliação foi orientada para a metacognição com a função de autorregulação e autocontrole. Seria um processo de autoavaliação em que o sujeito participa ativamente dos processos e dos resultados da aprendizagem. (TAVARES, 2009). 33 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 33 Capítulo 2 A avaliação se insere no âmbito político e social e incorpora as contradições e concepções de mundo. Portanto, assume sentido ético, devendo estar presentes, em todo processo educacional, as questões éticas e afetivas. A negociação passa a ser central no processo ensino-aprendizagem e, segundo Cappelletti (2004, p. 7): estar com os alunos numa relação de ajuda, proporcionar a aquisição de um bem precioso como é o conhecimento, deixar falar, saber ouvir, lidar com diferentes representações e interesses fazem parte da complexidade do ensinar, do aprender e do avaliar na referência dialético-crítica. O estudante pode exercer uma ação consciente, refl exiva e crítica que se destina à promoção do homem histórica e circunstancialmente situado, oferecendo-lhe condições de pensar, de se ver, de optar e de autorrealizar-se com perspectiva de transformação individual e coletiva. A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Diagnosticar signifi ca fazer uma descrição minuciosa ou ter uma compreensão ampla de algo pela observação dos sintomas. É ter conhecimento sobre a característica, a composição, o comportamento, a natureza etc. de algo, com base nos dados e/ou informações desse obtidos por meio de exame. Poderíamos, então, resumir, de modo simplista, que diagnosticar signifi ca analisar ou descrever analiticamente um ou mais elementos de algo em questão. Diagnóstico (diagnose) pode referir-se às diversas modalidades das áreas de conhecimento. Costumeiramente, ouvimos as pessoas falarem em diagnóstico, seja na área da administração, da saúde, da educação etc. Na própria metodologia científi ca, há um tipo de pesquisa chamada diagnóstica cujo objetivo é possibilitar ao pesquisador maior conhecimento e entendimento sobre a realidade pesquisada. Na educação, essa modalidade de avaliação é bastante utilizada, geralmente quando o professor deseja diagnosticar os pontos fracos e fortes do aluno na área de conhecimento em que se desenvolverá o processo de ensino-aprendizagem. Matui (1995) trata a avaliação em sua concepção formativa, utilizando a designação “avaliação dialógica”. O autor afi rma que o diálogo perpassa por uma proposta construtivista de ensino, garantindo um processo de intervenção efi caz e uma relação de afetividade que contribuem para a construção do conhecimento. Na perspectiva do autor, a “avaliação dialógica” será subsidiada pela diagnóstica, viabilizando a participação do aluno no processo ensino- aprendizagem. Na perspectiva do autor, a “avaliação dialógica” será subsidiada pela diagnóstica, viabilizando a participação do aluno no processo ensino- aprendizagem. 34 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 34 Swearingen (2009, p. 12) explica que a avaliação diagnóstica é utilizada para determinar a necessidade de reestudo e que, na prática, o propósito da avaliação diagnóstica é verifi car, antes do processo de ensino, cada defi ciência, competência, fraqueza, conhecimentos e habilidades. Possuindo tais dados, isto permitirá que o professor oriente seus alunos e ajuste o currículo para suprir cada necessidade individual. Segundo Haydt (2004), a avaliação diagnóstica é realizada no início do curso, período letivo ou unidade de ensino, com a intenção de constatar se os alunos apresentam ou não domínio dos pré-requisitos necessários (conhecimento e habilidades) para novas aprendizagens, a caracterização de eventuais problemas e suas possíveis causas. Para Luckesi (2009), qualquer prática avaliativa é diagnóstica, ocorra em que momento for da ação, no sentido de que toda prática avaliativa tem dois pontos básicos: • investigar sobre o desempenho de alguma coisa, projeto, instituição ou pessoa (o que está ocorrendo e as razões pelas quais o que está ocorrendo está ocorrendo), atribuindo-lhe uma qualidade; • proceder uma intervenção, tendo em vista o redirecionamento da ação, instituição ou pessoa (se necessário) e, consequentemente, a obtenção dos resultados colimados. O autor argumenta que a avaliação deve ser diagnóstica, voltada para a autocompreensãoe participação do aluno. Ainda para Luckesi (2003, p. 82), a avaliação diagnóstica acontece quando é compreendida e comprometida com uma concepção pedagógica, além de que é condição de sua existência a articulação com uma concepção pedagógica progressista. Deve estar comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que esta concepção está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias à sua realização como sujeito crítico dentro desta sociedade que se caracteriza pelo modo capitalista de produção. (LUCKESI, 2003, p. 82). Segundo Tarouco (2009), a avaliação diagnóstica pode ser utilizada para realizar encaminhamentos ou reforço escolar para que o aluno resolva seus problemas juntamente com especialistas, como psicólogos, orientadores educacionais, entre outros: ocorre em dois momentos diferentes: antes e durante o processo de instrução; no primeiro momento, tem por funções: verifi car se o aluno possui determinadas habilidades básicas, determinar que objetivos de um curso já foram dominados pelo aluno, agrupar alunos conforme suas características, encaminhar alunos a estratégias e 35 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 35 Capítulo 2 programas alternativos de ensino; no segundo momento, buscar a identifi cação das causas não pedagógicas dos repetidos fracassos de aprendizagem, promovendo, inclusive quando necessário, o encaminhamento do aluno a outros especialistas (psicólogos, orientadores educacionais, entre outros). Inuzuka (2009) afi rma que, quando a avaliação diagnóstica é aplicada no início de um curso, tem a função de detectar problemas e defi ciências, permitindo encaminhar o aluno para outro curso de reforço para fi ns de resolver problemas de aprendizado ou até para outros especialistas de outras áreas, como psicólogos ou médicos. Quando essa avaliação é aplicada durante o curso, pode ser utilizada participativamente para autocompreensão, por exemplo, em correções de “provas” juntamente com alunos. Segundo Rodrigues (2009), a avaliação diagnóstica tem como função básica: • Informar sobre o contexto em que o trabalho pedagógico se realizará, bem como sobre os sujeitos que participarão desse trabalho. Ela fornecerá subsídios para uma tomada de decisão mais ampla, ou seja, para que seja traçado um plano geral de trabalho. • Só após conhecer a realidade com a qual trabalharemos é que podemos defi nir nossos objetivos e, consequentemente, o caminho a ser percorrido para alcançá-los. Entre os recursos utilizados para obter os dados e as informações, temos: questionário; observação; entrevista; análise de resultados do período anterior; seminários. De acordo com Rabelo (2009): esse tipo de avaliação faz um prognóstico sobre as capacidades de um determinado aluno em relação a um novo conteúdo a ser abordado. Trata-se de identifi car algumas características de um aluno, objetivando escolher algumas sequências de trabalho mais bem adaptadas a tais características. Tenta-se identifi car um perfi l dos sujeitos antes de iniciar qualquer trabalho de ensino, sem o que, com certeza, estaria comprometido todo o trabalho futuro do professor. O diagnóstico é o momento de situar aptidões iniciais, necessidades, interesses de um indivíduo, de verifi car pré-requisitos. É, antes de tudo, momento de detectar difi culdades dos alunos para que o professor possa melhor conceber estratégias de ação para solucioná-las. De acordo com Bloom, Hastings e Madaus (1971), a avaliação diagnóstica é aquela que, ao se iniciar um curso ou um período letivo, dada a diversidade de saberes, o professor deve verifi car o conhecimento prévio dos alunos com a fi nalidade de constatar os pré-requisitos necessários de conhecimento ou habilidades imprescindíveis que os educandos possuem para o preparo de novas aprendizagens. O diagnóstico é o momento de situar aptidões iniciais, necessidades, interesses de um indivíduo, de verifi car pré-requisitos. É, antes de tudo, momento de detectar difi culdades dos alunos para que o professor possa melhor conceber estratégias de ação para solucioná-las. 36 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 36 Esse tipo de avaliação é utilizado objetivando determinar a forma pela qual o educador deverá encaminhar, por meio do planejamento, sua ação educativa. Estabelecerá os marcos para tornar o processo de aprendizagem mais exequível e efi caz. Pode ser considerado como o ponto de partida para todo trabalho a ser desenvolvido pelo educador, em função de ocorrer antes e durante o processo ensino-aprendizagem e de possuir diferentes fi nalidades. (CERQUEIRA, 2008). A avaliação diagnóstica pode acontecer antes do processo de ensino- aprendizagem, no início do curso ou ano letivo. Quando realizada antes do processo, objetiva sondar se o aluno apresenta os comportamentos necessários para que a aprendizagem possa ser iniciada. No entanto, a avaliação diagnóstica, independe do momento, pode acontecer a qualquer momento da prática educativa. Independe do momento, porque ela tem uma função de investigar o desempenho do aluno. É uma forma de monitoramento. Portanto, investiga para intervir e reorientar o ensino e resgatar o aluno. Em suma, a avaliação diagnóstica tem como objetivos: identifi car a realidade dos alunos que participarão do processo; verifi car se os alunos apresentam ou não habilidades e/ou pré-requisitos para o processo; identifi car as causas de difi culdades recorrentes na aprendizagem. Assim, o educando poderá rever sua ação educativa para sanar os problemas. (CERQUEIRA, 2009). O momento e a utilização da avaliação diagnóstica dependerão das respostas desejadas, se quisermos conhecer a realidade e o perfi l do aluno ou de toda a turma, seus desempenhos ao longo do processo, a identifi cação dos processos, suas difi culdades e descompassos em relação às metas esperadas. Poderíamos resumir que esse tipo de avaliação tem uma função preventiva, pois possibilita que a ação docente se oriente para resgatar a oportunidade de o aluno aprender. Atividades de estudos: 1 Você estudou sobre a avaliação diagnóstica. Refl ita e anote se esse tipo de avaliação dispensa instrumentos e formas de cobrança dos alunos e justifi que sua resposta fundamentando-a. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Poderíamos resumir que a avaliação diagnóstica tem uma função preventiva, pois possibilita que a ação docente se oriente para resgatar a oportunidade de o aluno aprender. 37 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 37 Capítulo 2 2 A avaliação diagnóstica exime o aluno da responsabilidade e de esforçar-se para aprender? Como ocorre esse processo na prática? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ A AVALIAÇÃO SOMATIVA A avaliação somativa é a dimensão técnica e burocrática da avaliação. Tem o propósito de oferecer subsídios para o registro das informações relativas ao desempenho do aluno e visa proporcionar uma medida que poderá ser expressa em uma nota ouconceito, ao fi nal de cada unidade de ensino ou ao fi nal de cada bimestre ou, ainda, no fi nal do ano letivo. Essa avaliação tem por função básica a classifi cação dos alunos. Realizada ao fi nal de um curso ou unidade de ensino, classifi ca os alunos de acordo com os níveis de aproveitamento previamente estabelecidos. Às vezes, pode ser realizada em um processo cumulativo, quando um balanço fi nal leva em consideração vários balanços parciais. Faz um inventário com o objetivo social de pôr à prova, verifi car. Portanto, além de informar, situa e classifi ca, sendo sua principal função dar certifi cado. A avaliação somativa contemplará, também, tudo o que foi visualizado na função diagnóstica e na formativa. Portanto, é preciso que fi que bem claro que provas, testes, trabalhos e pesquisas são instrumentos utilizados na avaliação para colher informações e estabelecer medidas, não podendo ser identifi cados como processo de avaliação. Teixeira (2009) aconselha, até, que o docente utilize, durante o processo de avaliação, nas suas diversas funções, instrumentos diferentes, porque existem alunos que apresentam maior difi culdade com este ou aquele instrumento. Para Zabala (1998), a utilização conjunta dos termos avaliação fi nal e avaliação somativa é ambígua. O autor utiliza o termo avaliação fi nal para se referir aos resultados obtidos e aos conhecimentos adquiridos e reserva o termo avaliação somativa ou integradora para o conhecimento e a avaliação de todo o percurso do aluno. Assim, a avaliação somativa ou integradora é entendida como um informe global do processo que, a partir do conhecimento inicial (avaliação inicial), manifesta a trajetória seguida pelo aluno, as medidas específi cas que foram tomadas, o resultado fi nal de todo o processo e, em especial, a partir desse conhecimento, as previsões sobre o que é necessário continuar fazendo ou o que é necessário fazer de novo. 38 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 38 Apesar de os sistemas de instituições de ensino exigirem como meta fi nal de todo o processo de ensino uma nota ou conceito, o professor deve ter em mente que o foco de seu trabalho é a aprendizagem de seu aluno. Fernandes (2006, p. 364) descreve que: o que interessa ao professor, em termos de avaliação somativa, em termos de balanço, não é o fato de um aluno não ter sabido algo num dado dia e, por isso, ser penalizado com uma informação negativa para efeitos desse mesmo balanço. O que verdadeiramente lhe interessa é saber: se o aluno aprendeu; como é que ultrapassou as difi culdades; as razões que poderão ter impedido que assim acontecesse; o que foi efetivamente feito pelo aluno e pelo professor para dissipar as difi culdades. Antes que as avaliações somativas ou burocráticas apareçam como sentença fatal de fracasso ou antes que levemos muito tempo para descobrir que não houve a aprendizagem suposta ou esperada, a avaliação diagnóstica assume papel de prevenção. No entanto, vemos, na prática, uma tendência elevada pela utilização de avaliações somativas em detrimento das avaliações diagnósticas e formativas. Deveríamos nos perguntar quais os motivos para esta preferência? Os estabelecimentos de ensino, sejam na rede pública ou privada ou em instituições de ensino superior, adotam essa postura. É um modelo que o próprio sistema exige. A maioria das escolas segue um modelo tradicional de ensino baseado em provas, pois é o modelo do vestibular, do ENEM e do ENADE, por exemplo. A avaliação somativa deve ser criteriosa, clara e transparente e servir, também, para que o sistema (escola e professor) se confronte, constantemente, com a medida da sua (in)efi cácia. A avaliação somativa complementa, assim, um ciclo de avaliação em que foram já utilizadas as avaliações diagnóstica e formativa, trazendo a todo o processo as seguintes contribuições: • revelar que foram já conseguidas aprendizagens que o aluno anteriormente não possuía e que não foram consumadas outras aparentemente adquiridas; • alertar para matérias mais difíceis de assimilar, para estratégias que não foram inteiramente efi cazes ou para um tempo de aprendizagem que se revelou insufi ciente, contribuindo desse modo para o aperfeiçoamento do ensino e o sucesso da aprendizagem. (CERQUEIRA, 2008). A avaliação, nesse sentido, constitui-se um instrumento valioso na tomada de decisões referentes a opções curriculares ou a inovações educativas. Em suma, a função da avaliação somativa é posicionar o aluno em relação ao cumprimento dos objetivos de aprendizagem estabelecidos. Por conseguinte, Antes que as avaliações somativas ou burocráticas apareçam como sentença fatal de fracasso ou antes que levemos muito tempo para descobrir que não houve a aprendizagem suposta ou esperada, a avaliação diagnóstica assume papel de prevenção. No entanto, vemos, na prática, uma tendência elevada pela utilização de avaliações somativas em detrimento das avaliações diagnósticas e formativas. 39 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 39 Capítulo 2 a fi nalidade desse tipo de avaliação é a tomada de decisões sobre apoios e complementos educativos e regime de progressão do aluno. Podemos concluir que tanto a dimensão técnica quanto as dimensões formativa e diagnóstica devem ser vinculadas ou conjugadas para garantir a efi ciência do sistema de avaliação e a excelência do processo ensino- aprendizagem. Atividades de estudos 1 Levando em consideração o que você já estudou até aqui sobre avaliação diagnóstica e somativa da aprendizagem, responda às perguntas a seguir de forma fundamentada. a) É possível avaliar sem medir? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ b) Avaliação é também um ato de medir? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2 Faça uma pesquisa, na internet, em instituições que promovem cursos a distância e analise o sistema de avaliação da aprendizagem de, pelo menos, uma instituição, quando disponível. Anote, a seguir, os resultados da sua pesquisa e identifi que, apenas com as informações fornecidas no site, se a instituição tem avaliações somativas ou diagnósticas. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 40 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 40 A AVALIAÇÃO FORMATIVA Enquanto a avaliação somativa tem como objetivo fi nal a certifi cação e medir resultados, a avaliação formativa é interna ao processo, analítica e mais centrada no estudante do que no produto acabado. Entre suas principais funções, estão as de inventariar, harmonizar, tranquilizar, apoiar, orientar,reforçar, corrigir etc. É uma avaliação incorporada no ato do ensino e integrada à ação de formação. É uma avaliação que contribui para melhorar a aprendizagem, pois informa o professor sobre o desenvolver da aprendizagem e o aluno sobre os seus sucessos e fracassos, o seu próprio caminhar. (RABELO, 2009). Alguns autores utilizam o termo avaliação formativa, outros utilizam o termo avaliação reguladora, mas ambas buscam verifi car como cada aluno aprende ao longo do processo de ensino-aprendizagem para se adaptar às novas necessidades que se colocam. A avaliação formativa ou reguladora adquire função semelhante à avaliação diagnóstica, tanto que alguns autores não as diferenciam. É um processo de regulação de responsabilidade do professor. É externa ao aluno. Essa modalidade de avaliação foi a que se confi gurou no capítulo da Educação Básica, da atual Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996), a qual estabelece que a verifi cação do rendimento escolar ocorrerá mediante avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas fi nais. Há, ainda, confusão entre avaliação formativa e avaliação contínua que, embora distintas, devem ser indissociáveis. Avaliação contínua é condição necessária na prática educativa, mas, além de ser contínua, deve ser formativa. Para entendermos melhor, utilizaremos um exemplo: um professor pode fazer avaliação contínua semanalmente, mas sem que isso interfi ra no redirecionamento de suas práticas para sanar as difi culdades dos alunos. Há que ser levada em conta a avaliação formativa, que tem como papel fundamental acompanhar as aprendizagens dos alunos, ajudando-os em seu percurso escolar. De Landsheere (1979, p. 254) faz a seguinte explanação: seja qual for, a avaliação formativa tem por único fi m reconhecer onde e em que o aluno sente difi culdade e procurar informá-lo. Essa avaliação não se traduz em nota, muito menos em “scores”. Trata-se de um “feedback para o aluno e para o professor”, de emitir um juízo de valor que sirva de base para ações futuras. Alguns autores utilizam o termo avaliação formativa, outros utilizam o termo avaliação reguladora, mas ambas buscam verifi car como cada aluno aprende ao longo do processo de ensino- aprendizagem para se adaptar às novas necessidades que se colocam. 41 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 41 Capítulo 2 A avaliação formativa pode ocorrer em momentos distintos: no início de uma atividade; ao longo do processo; e após uma sequência longa de aprendizagens. Deve ser realizada durante todo o decorrer do período letivo, com o intuito de verifi car se os alunos estão atingindo os objetivos previstos e de avaliar se dominam gradativa e hierarquicamente cada etapa da aprendizagem antes de prosseguirem para uma outra etapa subsequente. É por meio da avaliação formativa que o aluno toma conhecimento dos seus erros e acertos e encontra estímulo para um estudo sistemático. Essa modalidade de avaliação é orientadora, porque orienta o estudo do aluno e o trabalho do professor. É motivadora, porque evita as tensões causadas pelas avaliações. A respeito da contribuição da avaliação formativa para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, Esteban (2004, p. 19) descreve que: avaliar o aluno deixa de signifi car e fazer um julgamento sobre a sua aprendizagem, para servir como momento capaz de revelar o que o aluno já sabe, os caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento demonstrado, seu processo de construção do conhecimento, o que o aluno não sabe e o caminho que deve percorrer para vir, a saber, o que é potencialmente revelado em seu processo, suas possibilidades de avanço e suas necessidades para a superação, sempre transitória, do não saber. É uma modalidade de avaliação que, fundamentada no diálogo, possui como objetivo o reajuste constante do processo de ensino. Exige muito envolvimento do professor e uma disponibilidade de tempo que vai além do dispensado no momento das aulas, pois, entre suas atividades, passa a ser necessária a construção de um registro sobre cada aluno e a atualização desse registro sempre que novos dados surgirem. É fundamental planejar, diariamente, as atividades que serão desenvolvidas pelos alunos e elaborar estratégias individualizadas. Quando, na análise da avaliação, introduzimos a concepção construtivista do ensino e da aprendizagem como referencial psicopedagógico, o objeto da avaliação deixa de ser exclusivamente os resultados obtidos para se situar prioritariamente no processo de ensino-aprendizagem, tanto do grupo/classe quanto de cada um dos alunos. A avaliação, portanto, não se centra apenas no sujeito, mas também na equipe que intervém no processo. (ZABALA, 1998). Então, a primeira necessidade do educador é responder às seguintes perguntas: • Que sabem os alunos em relação ao que eu quero ensinar? • Que experiências tiveram? Quando, na análise da avaliação, introduzimos a concepção construtivista do ensino e da aprendizagem como referencial psicopedagógico, o objeto da avaliação deixa de ser exclusivamente os resultados obtidos para se situar prioritariamente no processo de ensino- aprendizagem, tanto do grupo/classe quanto de cada um dos alunos. A avaliação, portanto, não se centra apenas no sujeito, mas também na equipe que intervém no processo. (ZABALA, 1998). 42 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 42 • O que são capazes de aprender? • Quais são seus interesses? • Quais são seus estilos de aprendizagem? Nesse âmbito, a avaliação já não pode ser estática, baseada na análise de resultado, porque se torna um processo. E uma das primeiras fases do processo consiste em conhecer o que cada um dos alunos sabe, sabe fazer e o que pode chegar a saber, saber fazer ou ser e como aprendê-lo. (ZABALA, 1998). Recentemente, vários autores têm utilizado as designações “avaliação das aprendizagens” e “avaliação para as aprendizagens” com o mesmo signifi cado das designações “avaliação somativa” e “avaliação formativa”. (FERNANDES, 2006). No primeiro caso, os objetos de avaliação são resultados da aprendizagem dos alunos e, por isso mesmo, a avaliação somativa, ou a avaliação das aprendizagens, ocorre após o desenvolvimento de uma ou mais unidades curriculares. No segundo caso, os objetos preferenciais são os processos de aprendizagem e, por consequência, a avaliação formativa, ou avaliação para as aprendizagens, ocorre durante o desenvolvimento do currículo. Assim, a avaliação formativa tem como fi nalidade principal melhorar as aprendizagens dos alunos por meio de uma criteriosa utilização da informação recolhida para que seja possível perspectivar e planejar os passos seguintes. Por seu lado, a avaliação somativa faz uma súmula do que os alunos sabem e são capazes de fazer num dado momento. Em alguns casos, pode ter uma utilização formativa, contribuindo para regular as aprendizagens e o ensino, mas, em geral, é utilizada para atribuir classifi cações. (FERNANDES, 2006). A avaliação formativa é aquela que procura acompanhar o desempenho do aluno no decorrer do processo de aprender. Esse tipo de avaliação acontece de maneira contínua, ao longo da etapa de aprendizagem do aluno. Podemos utilizar diferentes instrumentos de avaliação e desenvolver diferentes habilidades, pois estamos diante de alunos com características diferentes, que aprendem também de maneira específi cas. Diversifi car a avaliação ajudará no desenvolvimento de habilidades e inteligências. (GUSSO, 2009, p.10). Perrenoud (1999) explora três modalidades da avaliação formativa,sob a perspectiva das regulações: • A regulação retroativa acontece como uma “remediação”, na qual o professor realiza intervenções, em busca de processos de aprendizagens anteriores aos que estão em realização e das reais defasagens. A avaliação formativa é aquela que procura acompanhar o desempenho do aluno no decorrer do processo de aprender. Esse tipo de avaliação acontece de maneira contínua, ao longo da etapa de aprendizagem do aluno. Podemos utilizar diferentes instrumentos de avaliação e desenvolver diferentes habilidades, pois estamos diante de alunos com características diferentes, que aprendem também de maneira específi cas. Diversifi car a avaliação ajudará no desenvolvimento de habilidades e inteligências. (GUSSO, 2009, p.10). 43 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 43 Capítulo 2 • A regulação pró-ativa acontece como elemento que antecede os procedimentos que estimularão a aprendizagem. É um período de investigação sobre o contexto dos alunos, sobre as aprendizagens já solidifi cadas, sobre os interesses do grupo de discentes, sobre os recursos disponíveis e as possíveis difi culdades. • A regulação interativa é aquela que permite ao professor compreender como os processos de aprendizagens estão ocorrendo e perceber as aquisições e difi culdades dos alunos; quanto ao aluno, essa regulação o levará a se conscientizar de seu processo de aprendizagem. Para Perrenoud (1999), essas modalidades de avaliação aparecem associadas, combinadas, interligadas e partem da comunicação contínua entre professores e alunos. Para isso, o professor deve planejar muito bem suas aulas e selecionar ações que proporcionarão aprendizagens. Deverá investir tempo e motivação na preparação e condução das situações de aprendizagens, fazendo assim as regulações interativas. A avaliação formativa não tem como objetivo classifi car ou selecionar. Fundamenta-se nos processos de aprendizagem, em seus aspectos cognitivo, afetivo e relacional; fundamenta-se em aprendizagens signifi cativas e funcionais que se aplicam em diversos contextos e se atualizam o quanto for preciso para que se continue a aprender. (ZACHARIAS, 2005). Quando a formação integral é a fi nalidade principal do ensino – e, portanto, seu objetivo é o desenvolvimento de todas as capacidades da pessoa, e não apenas as cognitivas –, muitos dos pressupostos da avaliação mudam. Em primeiro lugar, e isto é muito importante, os conteúdos de aprendizagem a serem avaliados não serão unicamente conteúdos associados às necessidades do caminho para a universidade. Será necessário, também, levar em consideração os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais que promovam as capacidades motoras, de equilíbrio e de autonomia pessoal, de relação interpessoal e de inserção social. (ZABALA, 1998). O ensino deve estar centrado não em selecionar os mais aptos e excluir os ditos não aptos, mas sim em oferecer a cada um dos alunos a oportunidade de desenvolver, no maior grau possível, todas as suas capacidades. PROBLEMAS NO PROCESSO AVALIATIVO Muitos professores possuem uma concepção distorcida sobre a avaliação. Distinguem avaliação formativa e avaliação somativa por meio dos instrumentos utilizados, imaginam que toda avaliação desenvolvida na sala de aula é formativa e ainda diferenciam a avaliação formativa como sendo subjetiva e a avaliação somativa como objetiva. 44 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 44 Muitas práticas de avaliação desenvolvidas pelos professores são relativamente pobres, apresentando uma diversidade de insufi ciências e de problemas. Fernandes (2006) descreve que a literatura tem permitido identifi car várias questões, tais como: a) muitos professores têm a convicção de que, por meio dos testes, estão avaliando aprendizagens profundas, com compreensão, mas o que realmente estão testando, de modo geral, são mais procedimentos rotineiros e algorítmicos e menos competências no domínio da resolução de problemas; b) a correção e a classifi cação de testes e de quaisquer outras tarefas avaliativas dão, em geral, pouca ou nenhuma orientação aos alunos para melhorar, reforçando as suas baixas expectativas e o baixo nível das aprendizagens; c) os professores tendem a pensar que a avaliação desenvolvida nas salas de aula é de natureza essencialmente formativa, apesar de a análise da realidade ter demonstrado que poucas vezes será efetivamente assim; d) a avaliação formativa é por muitos considerada irrealista nos contextos das escolas e das salas de aula e as diferenças entre esse tipo de avaliação e a avaliação somativa e a certifi cativa são cada vez mais tênues; e) a avaliação formativa se confunde com a avaliação certifi cativa ou somativa, o que permite indiciar que existe pouca prática de avaliação genuinamente formativa; f) a função certifi cativa e classifi cativa da avaliação, a atribuição de notas, está claramente sobrevalorizada em detrimento da função destinada a analisar o trabalho dos alunos para identifi car necessidades e para melhorar as aprendizagens; g) há uma tendência de solicitar aos alunos uma quantidade exagerada de trabalhos, descuidando da sua qualidade e da sua relação com o desenvolvimento dos processos mais complexos de pensamento dos alunos; h) há a tendência de comparar os alunos uns com os outros, levando-os a crer que um dos propósitos principais da aprendizagem é a competição em vez do crescimento pessoal. As avaliações realizadas nas escolas decorrem de concepções diversas de cujos fundamentos nem sempre os professores têm clareza. O sistema educacional apoia-se na avaliação classifi catória com a pretensão de verifi car aprendizagem ou competências por meio de medidas, de quantifi cações. Esse tipo de avaliação pressupõe que as pessoas aprendem do mesmo modo e nos mesmos momentos e tenta evidenciar competências isoladas: alguns alunos, que, por diversas razões, têm maiores condições de aprender, aprendem mais e melhor; outros, com outras características, que não respondem tão bem ao conjunto de disciplinas, aprendem cada vez menos e são, muitas vezes, excluídos do processo de escolarização. 45 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 45 Capítulo 2 Quando falamos em avaliação, devemos trazer à discussão questões sobre inclusão e exclusão, privilégios e direitos, direitos e obrigações, instrução e formação. Todo aluno tem direito à educação de qualidade; portanto, direito a aprender. Quando a avaliação se baseia na classifi cação, há uma hierarquização dos indivíduos e, consequentemente, exclusão dos que fracassam. O aluno não consegue se ver aprendendo, não consegue ter seus saberes reconhecidos na instituição de ensino. O que propomos é uma reestruturação interna nas instituições de ensino quanto à sua forma de avaliação. Há necessidade, sobretudo, de uma avaliação contínua, formativa, na perspectiva do desenvolvimento integral do aluno. O importante é estabelecer um diagnóstico correto para cada aluno e identifi car as possíveis causas de seus fracassos e/ou difi culdades, visando a uma maior qualifi cação, e não somente a uma quantifi cação da aprendizagem. Atividade de estudos A nota, muitas vezes, é usada como chantagem para controle de conduta. Na prática, a avaliação como mediação comunicativa não colocaria o aluno como corresponsável pelo processo de avaliação? O aluno não se sentiria mais responsável pelos seus atos? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ O que propomos é uma reestruturação interna nas instituições de ensino quanto à sua forma de avaliação. Há necessidade, sobretudo, de uma avaliação contínua, formativa, na perspectiva do desenvolvimento integral do aluno. O importante é estabelecer um diagnóstico correto para cada aluno e identifi car as possíveis causas de seus fracassos e/ou difi culdades, visando a uma maior qualifi cação, e não somente a uma quantifi cação da aprendizagem. 46 Educação a Distância e Métodos de Avaliação 46 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Este capítulo buscou evidenciar a complexidade de ações e estratégias relacionadas à avaliação. Procuramos deixar claro que é necessário avaliar não só as aprendizagens dos alunos, mas todo o processo de ensino, a realização de metas de planejamento, os programas e projetos estabelecidos pela escola ou instituição e pelo sistema. Estudamos a importância da avaliação diagnóstica e da avaliação formativa para detectar problemas, procurando identifi car causas e apontar soluções. Antes que as avaliações somativas ou burocráticas apareçam como sentença fatal de fracasso ou antes que levemos muito tempo para descobrir que não houve a aprendizagem suposta ou esperada, a avaliação diagnóstica e a formativa assumem papel de prevenção. Esse processo deve ser realizado antes e durante todo o processo de ensino-aprendizagem; não no fi nal, quando já não há mais tempo hábil para que sejam aplicadas as devidas correções. Vimos que, apesar do considerável volume de propostas inovadoras no campo da avaliação, as avaliações das aprendizagens dos alunos continuam representando fonte de muitas dúvidas, confl itos e contradições em relação às expectativas do sistema, da escola ou instituição e dos educadores. Na prática diária, a avaliação dos educadores ainda está impregnada de conceitos tradicionais, sendo que esperam dos alunos um resultado fi nal concretizado num trabalho escrito ou provas habituais. É priorizada a aplicação de avaliações somativas, porque demandam menos tempo e exigem menos dos professores. A avaliação diagnóstica ou formativa gera um esforço maior do professor, o qual precisa conhecer a defi ciência específi ca de cada aluno, de forma individualizada, autocompreensiva e participativa. As bibliografi as sobre avaliação estão de acordo com a ideia de que o aluno é parte integrante do processo avaliativo; de que, independentemente da modalidade, a avaliação deve estar voltada para a sua autocompreensão e participação; e de que a avaliação do seu desempenho deve ser complementada pela avaliação do trabalho desenvolvido pela instituição. O monitoramento das ações pelo sistema de ensino deve estar aliado a propostas voltadas para as condições de trabalho do profi ssional da educação, para a ampliação do tempo de planejamento, de avaliação do trabalho realizado e para a garantia de sua formação continuada. Os educadores de hoje são fruto de uma geração em que estava muito presente o conceito de avaliação como produto fi nal e medição, e não mediação. Consequentemente, muitos conservam essa prática em seu trabalho diário. A avaliação é um processo regulado por valores que marcarão as concepções sobre o processo de ensino-aprendizagem. Esses valores mudam 47 OS TIPOS E FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 47 Capítulo 2 em função das formas de organização escolar, dos projetos pedagógicos e das concepções e convicções de cada professor. Por isso mesmo, é um processo complexo, com muitas possibilidades e limitações. No próximo capítulo, compreenderemos as diferenças entre questões abertas e fechadas, bem como sobre a aplicação do portfólio e da autoavaliação como instrumentos avaliativos na educação presencial e a distância. REFERÊNCIAS BLOOM, B. S.; HASTINGS, J. T.; MADAUS, G. Handbook on formative and summative evaluation of student learning. New York: McGraw Hill Co. 1971. 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